The Newsroom – The Greater Fool

Data/Hora 04/09/2012, 18:00. Autor
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Antes de entrar nos comentários do episódio, gostaria de esclarecer o óbvio. Esse, como toda review, é um texto extremamente parcial. Para não restar dúvidas decidi, inclusive, escrevê-la em primeira pessoa. Penso que esse esclarecimento é necessário uma vez que a minha opinião sobre a série é fortemente sugestionada pela minha experiência com as obras do criador da série, Aaron Sorkin. Antes da estreia escrevi um texto sobre o caminho do roteirista até The Newsroom e consequentemente o que esperar da série. Fato é, que diante de obras primas como The West Wing e A Rede Social, era mais que aceitável esperar uma obra nada menos que genial. Mas isso não aconteceu. Feitas as devidas considerações, vamos ao episódio final da temporada.

Sempre esperamos para o final de uma temporada a resolução das tramas desenvolvidas, bem como a introdução das tramas seguintes. E isso foi feito. Talvez de forma não tão satisfatória, mas foi feito. O pentágono amoroso Sloan-Don-Maggie-Jim-Lisa rodou, rodou, rodou e parou exatamente no mesmo lugar. Alguém me explica o que impede essas pessoas de ficarem com quem eles realmente querem? Quantas vezes o Jim percebeu que gostava mesmo era da Maggie, e depois resolveu ficar com a Lisa, mas na verdade ele gosta de verdade da Maggie, que se sente segura com o Don, mas no fundo gosta do Jim, que… É de deixar a “Quadrilha” de Drummond no chinelo. Alguém já viu, na vida real, um homem dispensar seu interesse amoroso porque o seu rival se mostra alguém que se faz de mau, mas na essência é uma boa pessoa? Eu peço, por gentileza, que releiam a última frase. Ainda descobrimos que a Sloan sempre teve um interesse secreto pelo Don. Eu não poderia me importar menos com isso. O mesmo vale para o Will e a Mackenzie. O motivo de não ficarem juntos não poderia ser menos convincente. Todos esses impasses amorosos serviriam muito bem se estivessem em uma série adolescente da CW.

A resolução do caso das escutas telefônicas não foi nem um pouco mais satisfatório. Aquele truque de entregar um envelope com uma receita para arrancar a confissão do Reese foi uma das coisas mais preguiçosas que eu já vi na TV. Sem contar que usar de chantagem, mesmo que com um argumento maquiavélico, não cai nada bem para quem prega o tempo todo a ética, a moral e os bons costumes. Menos convincente ainda foi a crise de consciência da jornalista de fofoca da TMI.

Novamente apenas a parte jornalistica funcionou. A crítica aos critérios de votação como forma de impedir que uma classe de pessoas menos privilegiada possa votar foi realmente muito séria. O problema é que fica complicado focar só nisso. Ouvi em algum lugar que as pessoas deveriam se preocupar menos se o Jim e a Maggie vão ficar juntos e mais com a parte crítica. Se não quisessem que nos importássemos com isso, não estaria ali. Até porque a parte romântica está longe de ser apenas pano de fundo. Ela toma boa parte do tempo de arte da produção. É impossível dizer que não é para que o telespectador não se importe com isso. Estranhamente a série vem alcançando números interessantes de audiência. Eu até incorporaria o Will Mcavoy e faria um discurso sobre como os americanos tem o pior gosto do mundo, mas fica pra uma próxima oportunidade (Não que eles não devessem estar assistindo a série. Eu estou assistindo a série. A culpa talvez seja por causa do ressentimento do cancelamento de Studio 60 por baixa audiência, série que é, na minha humilde opinião, muito melhor que The Newsroom). Já sabemos que houve uma grande mudança na mesa de roteiristas para a próxima temporada. Eu realmente espero que isso faça alguma diferença. Estamos em ano de eleição presidencial americana. Histórias pra contar com certeza não vai faltar.

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  1. biancavani - 05/09/2012

    Adorei a finale. O pentágono amoroso, repetindo a feliz expressão do Tiago, é bem aborrecido, mas me prendi aos temas políticos e jornalisticos. Em relação a Maggie (detesto essa personagem) e Jim resolverem sua questão amorosa, prefiro ignorar, pois é por demais irritante e irrelevante. Esse vai não vem, essas briguinhas que escondem outros sentimentos, são característicos nas obras de Sorkin. Alias (uma digressão), são características que predominam nas mulheres americanas – pelo menos as de filmes. Sempre briguentas, desafiadoras, pegando no pé, expressando sentimentos contraditórios, caindo no ridículo. As europeias, não. São mais sedutoras, caladas, indecifráveis. Fim da digressão.
    Mack e meu novo ator elevado à categoria dos Grandes. Mack, tirando o britsh accent, é o estereótipo das americanas (conforme defini em minha digressão acima) e das mulheres na obra sorkiana.Achei genial fechar a série com o começo, ou seja, aquela estudante que fez a pergunta que foi o aguilhão da mudança profissional de Will, aparecendo agora como estagiária. Muy bien pensado!Penso que os temas abordados (aliás, maximamente pertinentes) não são mesmo para serem resolvidos. No caso desse último (citado por Tiago), dos impedimentos aos mais pobres de votar, são questões em processo – não dá para resolver, dá apenas para fazê-los visíveis e colocá-los em debate.Amei a atmosfera melancólica do final. Nada resolvido. Tudo é devir.
    Agradeço imensamente ao Tiago pelas fantásticas resenhas. Espero encontrá-lo na segunda temporada e, sobretudo, que esta alcance a qualidade que ele confia que Sorkin tem para oferecer. Quanto a mim, isso já foi alcançado na primeira.

  2. Tiago Oliva - 06/09/2012

    Bianca, eu não conseguiria te dizer como eu fiquei feliz com o seu comentário. Muito obrigado de verdade! Com certeza comentaremos a segunda temporada juntos. Seus comentários são sempre bastante pertinentes, as vezes muito melhor que a própria review. Novamente, muito obrigado!

  3. biancavani - 07/09/2012

    Neste momento em que Teleséries está comemorando dez anos de existência, foi comentado a sua singularidade de manter-se com vigor e fresgor, neste oceano de sites assemelhados, os quais logo acabam se extinguindo.
    Pensando a respeito, concluí que a razão da sua longevidade deve-se justamente a vocês, comentadores, que, com críticas de alto nível, apontam aspectos não explícitos da história, iluminam pontos obscuros, enfim, “desentranham” o episódio, enriquecendo nossa leitura e fruição da série. Além, obviamente, da cobertura atual, seletiva (no melhor sentido deste termo) de tudo o que ocorre no universo das séries, e, do mesmo modo, a seriedade, profissionalismo, inteligência e simpatia do Boss-Fundador (sim, com maiúsculas) Paulo Antunes. E, por fim, dos frequentadores do site, que sentindo afinidade pela alta qualidade do site, o tornaram parte inseparável da sua vida de apreciadores de séries.
    Aliás, tornei-me frequentadora para sempre do Teleséries ao ler uma review de Rome. Eu achava que fosse uma série boba de romanos, bem déjà-vu; Laura (não me lembro o sobrenome), que fazia as resenhas, é doutora em Ciências Sociais, entre outros títulos, e nos mostrou, com sua grande inteligência e qualidades intelectuais, a imensa qualidade dessa série. Idem o Osório, resenhista de Californication, grande conhecedor de rock, que, entre outras muitas coisas, nos falou da relação das músicas com o enredo – o que jamais saberíamos se não fosse por ele. Agora, no caso de Sorkin, veio você, Tiago, um estudioso de sua obra. (Deixo de citar os outros comentadores porque esse post não é um livro, rs.)
    E este o “segredo” do sucesso do Teleséries.

  4. @ZePicelli - 13/09/2012

    Que comentário mais emocionante esse! É tão legal quando terminamos de ver aquele episódio que nos tirou o fôlego por algum determinado motivo e encontramos textos tão bacanas como esses. Quando leio e comento nesses textos, me sinto como se estivesse batendo um papo num bar com um amigo.

  5. Paulo Serpa Antunes - 09/09/2012

    Olha Tiago, eu tenho batido a cabeça com Newsroom há vários episódios e acho que nesta finale finalmente consegui aceitá-la pelo que ela é.

    De fato o discurso romântico do show é estranho. Apesar dos personagens terem reações típicas de jornalistas (quem trabalhou numa redação sabe como é e sabe que estas pessoas tem um lado brilhante mas também podem ser bem imaturas), eles são muito travados na vida sexual, o que é realmente estranho. Se fosse só um, mas todos travados? Então é por isto que gostei da finale, porque vi a Maggie surtar e se permitir ao menos um beijo. E isto é bom.

    Aprendi também a aceitar o lado cômico da série. Que às vezes é muito bobo (como na semana passada, o Will não conseguindo colocar as calças), mas é meio que o charme da série. Neste episódio, a piada com Sex and the City foi inegavelmente bacana.

    Eu não gosto da comparação com Studio 60, porque acho que Studio 60 era confusa. Mas sei que as pessoas tendem a gostar mais dela porque é impossível não gostar do Mathew Perry, do Bradley Whitford e da Sarah Paulson. Aqui é diferente, os personagens são mais tridimensionais e eles despertam paixão e ódio mesmo – minha mulher não suporta a Mackenzie, o pessoal aqui no site não suporta a Maggie…

    No fim acho que terminei gostando mais da série do que você. E acho que com o passar do ano vou gostar ainda mais: quando vermos que os shows que estrearem nesta fall season serão bem mais insatisfatórios.

  6. Tiago Oliva - 10/09/2012

    Sabe aquela história de se sentir mais à vontade das pessoas de casa por causa da intimidade? Acho que é isso que acontece entre mim e The Newsroom. Eu gosto da série. Gosto muito. Vou sentir muita falta.

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