TeleSéries
Série Virtual – Outsiders – What After The Storm
28/12/2011, 21:55. Redação TeleSéries
Ficção (séries virtuais)
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Série: Outsiders
Episódio: What After The Storm
Temporada: 1ª
Número do Episódio: 1×10
CENA 1 – EXT. RANCHO JONES – NOITE
Um carro de bombeiros levanta a poeira da estrada de chão e para bruscamente a frente da casa. Muitos homens saem do veículo e rapidamente começam a direcionar as mangueiras para a casa. Vemos que labaredas saem livremente pelo segundo andar e a parede frontal também está tomada pelas chamas. Dois homens tiram do caminhão um grande bastão de ferro e correm até a porta. Eles arrombam a casa e entram apressados.
CENA 2 – INT. RANCHO JONES – NOITE
Vemos EHLIOS desmaiado no chão e um barulho insistente do alarme de incêndio é ouvido. De repente um estrondo imenso assola o local e uma viga cai do teto entre EHLIOS e os bombeiros. Um dos homens escapa por pouco. Os dois olham para o teto que parece extremamente frágil. Eles pulam por cima do fogo e levantam EHLIOS, apoiando os braços do garoto e carregando-o para fora rapidamente.
CENA 3 – EXT. RANCHO JONES – NOITE
Os homens carregam EHLIOS pelos poucos degraus da varanda e uma maca aparece rapidamente em cena. Vemos agora que vários outros tentam controlar o fogo.
PARAMÉDICO 1: Ele está vivo?
BOMBEIRO 1: Por pouco. Intoxicação e uma queimadura na perna direita.
Os homens colocam EHLIOS sobre a maca e apressam-se novamente para dentro da casa.
Os paramédicos colocam uma máscara de oxigênio no rosto do garoto enquanto empurram a maca para a ambulância.
Os dois bombeiros chegam aos degraus quando um barulho enorme de algo se partindo é ouvido. Em uma explosão vemos poeira sair pela porta e os vidros da janela do primeiro andar estourarem quando o piso do segundo andar desmorona. Os homens cobrem os olhos.
CORTA PARA:
EHLIOS, em cima da maca, começa a tossir.
PARAMÉDICO 1: Você consegue respirar?
EHLIOS: [desnorteado] Hãn? O que houve com a casa? [ele aperta os olhos] Fogo.
EHLIOS tenta levantar mas acaba caindo de novo na maca, tonto.
PARAMÉDICO 2: Calma, garoto. Você está em choque. Nós o levaremos pro hospital e logo você vai melhorar.
EHLIOS parece alarmado com a situação e com dificuldade levanta da maca.
EHLIOS: [fraco] Não…
Ele tosse muito e solta um gemido de dor quando apóia o peso na perna ferida.
EHLIOS: Eu estou bem. Não preciso ir a hospital algum.
PARAMÉDICO 1: [surpreso] Calma, garoto. Você precisa fazer exames pra saber se sua intoxicação não foi séria.
PARAMÉDICO 2: Nós só queremos nos certificar de que você está bem.
EHLIOS: [irritado e fraco] Eu disse… nada de hospital!
Os dois paramédicos se entreolham. EHLIOS encara os dois, ofegante.
PARAMÉDICO 2: Okay, vamos então pelo menos até a ambulância para colocar um curativo nessa queimadura. Ela não parece ser tão grave.
Ele olha para a ferida e vemos que ela já está menor do que era quando ele saiu da casa. EHLIOS anda amparado até a ambulância onde ele se senta enquanto o paramédico cuida de sua perna. O garoto parece hipnotizado enquanto observa o fogo destruir a casa.
[MÚSICA TEMA – LATE GREAT PLANET EARTH, PLUMB]
CENA 4 – INT. MANSÃO LIEFIELD – NOITE
A câmera dá um giro pela a sala de estar da mansão e vemos que CATHLEEN está deitada de forma confortável assistindo a tv. A câmera se aproxima, dando um close do rosto da garota, vemos que ela esta com o semblante tenso.
JULIA: [off] Problemas no paraíso, Cathleen?
JULIA se aproxima e se senta no sofá, ao lado de CATHLEEN.
JULIA: Parece que tem algo te incomodando.
CATHLEEN: [revolvendo os cabelos] Se eu te disser que essa calça jeans está apertada me deixa em paz?
JULIA: Acho que seu problema é um pouquinho mais grave do que estar engordando.
CATHLEEN: Ok. O Olho de Thundera já entrou em ação e eu nem percebi. Julia, eu entendo que não foi nada inteligente ter te dado a obra completa de Irvine Welsh, mas essa sua visão trainspotting da adolescência está ultrapassando os limites. E sim. Eu tinha um problema e já resolvi.
JULIA: Você devia fazer teatro, sabia? [se levantando] Vou estar no meu quarto. Se você quiser conversar… Ou “ensaiar”, me procura.
Ela vai em direção às escadas, mas se vira.
JULIA: A propósito, diferente do que você está pensando, eu não entrei na sua mente.
Ela volta a subir as escadas.
CATHLEEN: [dando um tapa no sofá] Como ela me irrita.
CENA 5 – INT. QUARTO DE CATHLEEN – NOITE
JULIA tranca a porta de seu quarto. Após retirar a roupa, ela acende uma lâmpada sobre a escrivaninha. A câmera mostra a mulher colocando várias fotos de crianças e de ambientes, de forma desconectada, em cima da mesa. Close no rosto de JULIA. De repente os papéis começam a flutuar tomando várias direções e param no ar, foto por foto vão se encaixando paralelamente uma a outra. JULIA as observa e abre um sorriso de satisfação.
JULIA: Bingo.
CENA 6 – EXT. NARANDA HIGH – DIA
[MÚSICA DE FUNDO – SPACE, BY SOMETHING CORPORATE]
KENNEDY vem andando pelo campus do colégio.
CATHLEEN: [off] Lester!
Vemos CATHLEEN vestida de frente única e uma mini saia, um par de botas cano alto. A imagem parece entrar em tempo slow, alguns rapazes olham pra CATHLEEN, que tenta se exibir sexualmente apelativa. A câmera dá um close no rosto de CATHLEEN e vai descendo até chegar em ângulos moralmente duvidosos.
KENNEDY: Vai ter show da Beyoncé na cidade ou eu to perdendo alguma coisa, Cathleen? São oito da manhã e você já está maquiada pra guerra. Aliás, que marca é esse lápis de olhos que você tá usando?
CATHLEEN apenas sorri enquanto elas atravessam as portas duplas, entrando no colégio. Pelo corredor muitos garotos não tiram os olhos dela. Alguns assobiam e outros gritam. CATHLEEN dá uma voltinha antes de continuar a andar e os gritos se intensificam. Um deles sacode uma nota no ar.
KENNEDY: [indignada] Hey! [apontando] Isso é um colégio e não o Moulin Rouge.
Cathleen continua andando, ignorando Kennedy, que segura seu braço e a encara nos olhos.
CATHLEEN: Qual é o seu problema?
KENNEDY: [séria] Qual é o meu problema? Acho que muita Oprah e Cosmopolitan mexeram um pouco em seu comportamento. Você chorou. E eu nunca tinha visto isso antes, Cathleen. Não sei por que, mas tive a leve impressão que você não tava muito bem com o que aconteceu naquela lanchonete.
CATHLEEN: E você tem PhD em psicologia amorosa, né? Uma garota mimada que nem se sente segura o bastante pra revelar que está namorando um nerd. [irônica] Oh, veja que grande coincidência, este nerd por acaso mora com a Satine aqui. [apontando] E veja só se não é ele que se aproxima. [séria] Vê se cresce antes de querer dar lição de moral, ok?
Cathleen sai andando.
[Música fade out]
A câmera mostra JOEY se aproximando, distraído. Close no rosto de KENNEDY que parece apreensiva. A câmera dá uma volta em 180º no corredor. KENNEDY começa a se esbarrar com várias pessoas que transitavam pelo local. Ela vê uma porta entreaberta e, impulsivamente, passa por entre a mesma. Ao fechar os dizeres “Banheiro dos Professores” toma a tela.
CENA 7 – EXT. NARANDA HIGH – DIA
ZACK e EHLIOS estão no pátio, sentados em um banco.
EHLIOS: Mas, de qualquer forma poderíamos ficar na casa da árvore no quintal do Marius até que o Kenny resolva tudo no rancho com o pessoal da seguradora. Não dá nem pra tentar ficar lá em casa. Está completamente inabitável.
ZACK: Mas o que me intriga é como tudo isso aconteceu. Não foi simplesmente um fogo caseiro. [triste] O incêndio acabou com quase tudo.
EHLIOS: Primeiro os bombeiros disseram que pode ter começado [lançando um olhar para Zack] devido a Wafflemaker. Acho que deveríamos ter jogado aquela coisa fora há décadas atrás. A outra hipótese era que alguma fagulha provocada por um aumento de energia mais o ar seco nessa época do ano, também pode ter ocasionado o incêndio.
ZACK: Eu não sei. Pode dizer que tenho mania de perseguição, mas eu não acho que um aparelho daquele tamanho conseguiria destruir uma casa.
ZACK parece desconfortável por alguns segundos e EHLIOS percebe.
EHLIOS: [desconfiado] Você sabe de alguma coisa que eu não sei, Hayes?
ZACK: Provavelmente não é nada.
EHLIOS vira-se mais de frente para ZACK.
EHLIOS: [desconfiado] O quê não é nada?
ZACK: Foi só um comentário que o chefe dos bombeiros fez–
EHLIOS: O que foi?
ZACK: Olha, não vamos transformar isso tudo em uma grande coisa, tá?
EHLIOS: O que foi, Zack?!
ZACK encara EHLIOS por alguns momentos.
ZACK: Ele disse algo sobre como você tinha tido sorte porque não havia nenhum botijão de gás ligado ao fogão na hora do incêndio. Que se houvesse uma explosão todo o segundo andar teria desabado sobre você.
EHLIOS parece reflexivo por alguns segundos.
ZACK: Eu disse a ele que tinha tirado o botijão vazio essa manhã e que só levaria um novo quando chegasse do trabalho. A questão é que…
EHLIOS encara ZACK novamente.
ZACK: … eu não tirei o botijão de gás de lá. Você tirou?
EHLIOS engole a seco e balança a cabeça em negativa.
CENA 8 – INT. NARANDA HIGH – DIA
KENNEDY, em passos rápidos, se desloca sorrateira por entre os armários, olhando por todos os lados ao mesmo tempo, como se procurasse por algo.
JOEY: [off] Kennedy?
KENNEDY retorna o olhar e vê JOEY vindo em sua direção.
KENNEDY: [ríspida] O que você pensa que esta fazendo? Estamos em ambiente publico.
JOEY: [franzindo a testa] Que bicho que te mordeu?
KENNEDY: O bichinho da razão.
JOEY: [coçando a cabeça] Como?
KENNEDY: [seca] Eu disse, cai fora!
KENNEDY continua a caminhar rapidamente e JOEY só a encara. CATHLEEN aparece ao seu lado. Ela pega no ombro dele.
CATHLEEN: Joey, sabe aquela velha história, de que populares e perdedores nunca se misturam?
JOEY: O que tem?
CATHLEEN: Pense nisso.
CATHLEEN sai, deixando-o pensativo por alguns segundos. Logo seu semblante se torna triste.
CENA 9 – INT. QUARTO DESCONHECIDO – DIA
Um lugar pequeno, escuro e bagunçado, preenchido por um velho beliche e algumas caixas. A porta se abre, e DEVON entra, acompanhado de ZACK e EHLIOS. Os garotos não se mostram muito animados com a vista.
DEVON: Isso aqui costumava ser meu depósito. Da última vez que mudei sobraram muitas coisas. Acho que o beliche vai os ser bem útil.
Os garotos se olham, desconcertados.
DEVON: Bem, está a disposição. [tocando no ombro de Zack] Não esquenta, vocês vão ficar bem.
ZACK: Valeu mesmo.
DEVON sai do quarto. ZACK e EHLIOS andam pelo local, observando. Analisando tudo.
EHLIOS: A casa da árvore era mais arejada.
ZACK: Eu estou preocupado.
EHLIOS: Esquece a Hannover, temos problemas mais sérios.
ZACK: [girando os olhos] Com os documentos de Sarah sobre os outros que se perderam no incêndio. Eu também não achei os desenhos criptografados.
EHLIOS: Ela vai arrancar a nossa cabeça.
Zack empurra o colchão da cama de cima, testando a resistência.
ZACK: Bem, vai se ajeitando aqui. [Ehlios o olha entediado] Ou não. Tanto faz. Eu tenho que ir no correio, avisar pra entregar as correspondências aqui…
CENA 10 – INT. AGÊNCIA DOS CORREIOS – DIA
ZACK se dirige diretamente a um guichê próximo dali.
ZACK: Olá, Brown.
BROWN: Zack, eu sinto muito pelo que aconteceu, garoto.
ZACK: Ainda é… [olhando no relógio] 1:30. Por acaso existe alguém que ainda não saiba?
BROWN: Bem, todos sentimos muito. [pegando algo numa gaveta] Se tiver algo que eu possa fazer para ajudá-los…
ZACK: [sorri] Obrigado, Brown, mas nós estamos bem.
BROWN estende um pequeno envelope para ZACK.
BROWN: Isso chegou hoje para Sarah.
Ele o entrega um telegrama.
CENA 11 – EXT. LOCAL DESCONHECIDO – DIA
A câmera mostra ZACK tirando um cartão do bolso, close no cartão. Vemos números inseridos no mesmo. ZACK retira um celular de sua mochila e começa a discar os números do cartão.
Em cena ouve-se sonoras de um telefone chamando e de repente um sinal de linha liberada.
ZACK: Código de Acesso, área NN002.
HOMEM: [Voice over] Um momento.
Ruídos de uma conexão sendo estabelecida são ouvidos em cena.
HOMEM: [Voice over] Você poderia olhar para torre do relógio à sua esquerda, por favor?
ZACK, meio confuso, olha pra torre.
HOMEM: [Voice over] Oh, Zack, é você? Como conseguiu esse número de acesso?
ZACK: A Sarah deixou um cartão comigo em casos de emergência. [olhando em volta, desconfortável] Recebi seu telegrama. Você está aqui em Naranda, Kenny?
HOMEM: [Voice over] Não, menino do interior, meu trabalho é como um diretor de um reality show… só que real.
ZACK: Parece trabalhoso.
KENNY: [rindo] Mas, tem suas vantagens… [interrompendo] Meu Deus! O que houve com o Rancho?!
ZACK: Pegou fogo, Grande Irmão, e com eles alguns documentos de Sarah. Ainda não sabemos o que provocou o incêndio e estamos de mãos atadas com a ausência de Sarah.
KENNY: [Voice over] Meu Deus! [aterrorizado] A casa virou cinzas e escombros. [quase gritando] Vocês estão bem?!
ZACK: Sim. Ehlios teve algumas queimaduras nas pernas, mas você sabe que ele cura rápido.
KENNY: [Voice over] Okay, estou depositando em sua conta mil e qui–
ZACK: Nem pense nisso, Kenny. Esse dinheiro é doado por todos para a manutenção dos equipamentos de monitoramento. Ele não é nosso.
KENNY: [Voice over] Zack, você precisa pelo menos de dinheiro para um hotel.
ZACK: Ehlios e eu ficaremos em um quarto nos fundos da lanchonete até que Sarah volte. Eu tentei entrar em contato com ela, mas no hotel pra onde liguei disseram que ela já havia ido embora.
KENNY: [Voice over] Eu também estou tentando estabelecer contato há mais de uma semana. Pensei que ela já estivesse de volta ao país. Já é a terceira semana que não temos notícia da pequena Anna Montoya.
ZACK: [preocupado] Você ainda não achou os Montoya?
KENNY: [Voice over] Estou tentando, Zack, mas eles não reportaram, mudaram de casa e não deixaram rastros para trás.
Zack vira-se em direção da torre, um pouco irritado.
ZACK: Então ao trabalho, Kenny. Estamos falando de uma garotinha aqui!
A linha fica em silêncio por uns instantes.
KENNY: [Voice over] Eu temo já ter passado muito tempo para acharmos alguma coisa. [pausa] São três semanas, Zack.
ZACK passa a mão nos cabelos, preocupado.
ZACK: Continue tentando entrar em contato com Sarah. Diga que ela precisa voltar ao país com urgência, mas não mencione o Rancho. Não quero que ela chegue aqui enfartada. Assim que ela aparecer nós poderemos ir pessoalmente encontrar os Montoya.
KENNY: [Voice over] Entendido.
ZACK: Se precisar de qualquer outra coisa, ligue para esse celular.
ZACK fecha o aparelho e se afasta rua abaixo.
CENA 12 – EXT. RANCHO JONES – DIA
A câmera focaliza a fachada da casa. Vemos que a parte da frente está destruída, mas a parede do fundo da casa e do lado direito ainda estão de pé. Ela desce aos poucos, revelando JOEY e EHLIOS, parados em frente, olhando para a casa. Eles permanecem assim por vários segundos.
EHLIOS: [sem desviar o olhar] Que merda.
CENA 13 – INT. RANCHO JONES – DIA
EHLIOS e JOEY sobre os escombros da casa. Eles estão sérios, analisando os estragos do incêndio. Boa parte da casa está destruída.
EHLIOS: Cara, to me sentindo no 11 de Setembro.
JOEY: Lá foi muito pior, acredite. Aqui ainda tem alguma coisa em pé.
EHLIOS: Tadinha da minha casinha.
JOEY: Por que você não usou seus poderes pra sair logo da casa?
EHLIOS: Eu não consigo atravessar corpos com alta temperatura. Sarah disse que é algo relacionado com moléculas super excitadas.
JOEY ri brevemente e EHLIOS olha para o amigo, girando os olhos e logo solta uma risadinha forçada e irônica.
ZACK: [Off] Que estrago.
EHLIOS: Jura? Aonde?
ZACK: Ehlios, eu acho que temos problemas.
ZACK olha pra JOEY por uns instantes.
EHLIOS: O cara se ofereceu pra ajudar. Ele é aliado.
ZACK toma mais um momento, mas volta-se para Ehlios.
ZACK: Kenny disse que não consegue encontrar a Sarah e agora aparentemente temos um desaparecimento pra cuidar.
EHLIOS: Desaparecimento?
ZACK: Duas semanas atrás uma família não reportou na checagem mensal. Semana passada Sarah me disse ao telefone para tentar encontra-la, mas eu e Kenny não saímos da estaca zero. Estamos entrando na terceira semana e Kenny ainda não conseguiu localizar a família da pequena Anna.
JOEY se assusta ao ouvir o nome. Os garotos percebem.
EHLIOS: Tudo bem, cara?
JOEY balança a cabeça, afirmando, tentando se recompor rapidamente.
ZACK: Joey, não preciso dizer que isso aqui é assunto particular, certo?
JOEY: Claro, não se preocupa. Eu… Eu não vou me meter. Isso é coisa de vocês e… Eu entendo. Claro. Sem problemas.
ZACK concorda com a cabeça e olha em volta.
ZACK: Agora, vejamos, como podemos colocar esta casa no jeito?
EHLIOS: Hmmm, derrubando o resto e construindo outra?
CENA 14 – INT. THE ALLEY – DIA
[MÚSICA DE FUNDO – YOU MAKE ME FEEL, JEREMY TOBACK]
A câmera mostra ZACK servindo algumas mesas, ele observa que JULIA esta sentada numa das mesas folheando um jornal.
ZACK: [sério] Em que posso servi-la?
JULIA: [dando um meio riso] Olá, Zack. [olhando o cardápio]: O tempo anda meio quente por aqui, não?
ZACK: Depende pra quem tiver sentindo calor. Já escolheu?
JULIA: [pensativa] Acho que um capuccino seria ótimo. Quente e amargo como a vida. [encara o garoto] Você não acha?
ZACK: [anotando] Pelo visto você ouviu as notícias.
JULIA: Sim, fui informada do incêndio pelo Joey, mas parece que a Cathleen estava tentando fingir o dia todo que não estava preocupada com a noticia, o que me leva a perguntar se houve algo que eu precise saber?
ZACK: Você não sabe?
JULIA: [revolvendo os cabelos] Não pela sua mente. A Sarah soube colocar um perfeito bloqueio em você.
ZACK: Ninguém precisa bloquear nada em mim. Eu não tenho nada a esconder de você.
JULIA: O quê? Não me diga que você tem bloqueio natural?
ZACK apenas olha para ela.
JULIA: [balançando a cabeça positivamente] Impressionante. Bem raro achar um de vocês. Em toda a minha vida eu apenas conheci mais uma pessoa com bloqueio natural. Era um agente melhor eu devo admitir… Mas não terminou muito bem.
Eles dois se encaram por mais alguns momentos.
JULIA: Não que eu esteja desmerecendo o trabalho que a Sarah fez com vocês dois, acho brilhante esta estratégia de servir mesas e invadir bases em horários de folga.
ZACK: [sério] Você poderia ser mais direta?
JULIA: [respirando fundo] Tudo que estou dizendo que às vezes vocês precisam de uma certa ajuda. Eu conheço a Sarah há muitos anos, e não gostaria de ver nenhum dos dela passando por necessidade.
A câmera mostra a mulher tirando um envelope de sua bolsa e jogando o envelope em direção a ZACK.
JULIA: Isso é uma pequena ajuda, pra reparar os estragos que o incêndio fez no rancho. Quando a Sarah retornar de sua viagem eu acerto com ela.
ZACK: E o que te leva a crer que eu vou aceitar esse dinheiro?
JULIA: [séria] Pense bem garoto. Acho que você e seu amigo não têm para onde ir nessa cidade e nós dois sabemos que seria muito desconfortável se você estivesse como hóspede na mansão, então apenas aceite o dinheiro e vá para um hotel, antes que os ratos do balcão te comam durante a noite. Agora traga o meu café.
ZACK apenas a encara por alguns segundos pegando o envelope consigo e indo a direção ao balcão, enquanto em close a mostra JULIA sorrindo, sinceramente, e tapando a visão de seu rosto com o jornal.
CENA 15 – INT. MANSÃO LIEFIELD – NOITE
No quarto de CATHLEEN, JOEY anda de um lado para o outro, nervoso. CATHLEEN está na cama, observando entediada.
JOEY: Eu preciso saber. Eu preciso saber.
CATHLEEN: Por que você não pergunta pra eles? Não é mais fácil?
JOEY: Desculpa, mas eu ainda não cheguei a este limite da indiscrição.
CATHLEEN gira os olhos, ainda calada. JOEY olha pra ela, e senta na cama a seu lado.
JOEY: Cathy, você sabe que eu te adoro, né?
CATHLEEN: Eu não vou fazer isso.
JOEY: Mas é o único jeito! E vai ser fácil pra você. Por favor, você sabe como isso é importante.
CATHLEEN: Joey, você que resolve os seus próprios problemas. Eu já tenho os meus. É assim que a natureza funciona, se acostume.
A expressão do garoto endurece e ele encara CATHLEEN.
JOEY: [seco] Okay, Vamos falar sério agora.
CATHLEEN o encara, entediada.
JOEY: Você tem duas escolhas pra lidar com seu problema com o Zack: continuar dando uma de vaca insensível com quem quer te ajudar, ou deixar de ser covarde. Ou seja, se desentocar dessa casa, voltar a ser a antiga Cathy e conversar com ele.
Eles ficam se encarando por alguns segundos. CATHLEEN abre um sorriso malicioso.
CATHLEEN: E a verdadeira Cathleen não era uma vaca insensível?
JOEY pondera e abre lentamente um pequeno sorriso.
JOEY: Bem, eu sobrevivi até hoje.
CATHLEEN pega um travesseiro e joga em JOEY.
CENA 16 – INT. NARANDA HIGH – DIA
EHLIOS esta amarrando os cadarços de seus tênis surrados, e a câmera mostra CATHLEEN vindo em direção do garoto que ao se levantar se depara frente a frente com ela.
EHLIOS: [sem jeito com a proximidade] O que você quer?!
Num impulso, CATHLEEN o abraça.
CATHLEEN: Oh, meu Deus, por que a vida é tão horrível? [choramingando] Uma hora você está bem e na outra você está mal. E o pior é não saber o que está acontecendo consigo mesma, não saber o que fazer, e nem pra onde ir. [dando leves socos nas costas dele] É horrível, cara. Horrível.
EHLIOS continua calado, estarrecido. CATHLEEN o solta. Há lágrimas nos olhos, mas ela abre um sorriso amplo.
CATHLEEN: Valeu pela força.
Ela sai, normalmente, enquanto EHLIOS continua observando, totalmente confuso.
CENA 17 – INT. MANSÃO LIEFIELD – DIA
JOEY está sentando diante do computador do quarto de CATHLEEN. Em tela podemos ver escrito os dizeres “zona de busca” e “insira os dados que deseja obter”. A CAM mostra JOEY encarando CATHLEEN, que está deitada em sua cama lixando as unhas.
JOEY: [sério] Você tem certeza que esse é o nome?
CATHLEEN: [sem parar de lixar as unhas] Absoluta, honey. Ou você quer que eu durma com ele pra descobrir mais coisas?
JOEY: [torcendo os lábios em desconforto] Diminui na ironia, Cathy.
JOEY escreve o nome “Anna Montoya” na central de dados e rapidamente várias informações são mostradas em tela.
JOEY: Parece que o pai dela é um recém contratado da Hellertech. Foram transferidos de Los Angeles para o Novo México há pouco tempo. Eu preciso de uma foto.
JOEY puxa mais alguns informes no sistema e clica em cima de um arquivo relacionado a exames médicos da família. CATHLEEN levanta da cama e vai observar o monitor por cima do ombro dele.
JOEY: Parece que a garotinha sofre de sérios distúrbios sociais e eles frequentemente iam pra Vegas se consultar com o especialista.
JOEY clica e agora a foto da menina [Abigail Mavity] aparece na tela. Ele fica pálido e catatônico olhando a foto.
CATHLEEN: E? Joey? [sorrindo esperançosa] É ela?
JOEY: [sorrindo] Sim. É ela.
Eles encaram o monitor em silêncio por alguns segundos. CATHLEEN coloca a mão sobre o ombro do amigo.
CATHLEEN: E não parece com você…
JOEY lança um olhar afiado para CATHLEEN.
CENA 18 – INT. THE ALLEY – DIA
No apertado quarto de empregados, EHLIOS tenta virar o colchão de um dos beliches. Ele o faz e constata que o outro lado está manchado e rasgado. Ele respira fundo, entediado. E volta o colchão como estava antes. ZACK se aproxima.
ZACK: Tem jeito?
EHLIOS: Pelo menos não está reduzido á cinzas.
ZACK: [sério] Como é que você consegue fazer piada com esse tipo de coisa?
ZACK senta no beliche e passa a mão nos cabelos. EHLIOS o observa por alguns instantes, e se senta do lado dele.
EHLIOS: A Hannover é mesmo uma destruidora, né? Cara, eu acho que ela é meio doida…
ZACK: Você não tem nada melhor pra fazer, não?
EHLIOS: [triste] Ei, cara, não vai ficar assim. Ela não te merece.
ZACK não diz nada, só respira fundo, ainda cabisbaixo. EHLIOS o observa por um tempo e sai do quarto.
CENA 19 – INT. MANSÃO LIEFIELD – DIA
Vemos um amplo escritório, bem decorado. Ao longo de todas as paredes uma estante fechada rodeia o local, dando um ar claustrofóbico. Nas paredes vemos um material creme cobrindo-as, um isolamento acústico. Close na porta que se abre e vemos JULIA entrando. A mulher tem um semblante preocupado no rosto. Ela tranca a porta e passa uma tranca manual acima da fechadura.
JULIA atravessa o local, passando por uma cadeira e indo até uma câmera de vídeo posicionada em frente a ela. LIEFIELD aperta um botão no aparelho e se senta na cadeira.
Ela olha parar o chão e se mantém em silêncio por alguns momentos, mas logo encara a câmera com uma expressão decidida.
JULIA: [séria e sem vacilar] Dezembro de 2005. As coisas se complicaram mais do que o previsto. Cathleen parece estar se envolvendo cada vez mais com Hayes apesar dos meus esforços para impedir as conseqüências desse relacionamento. Nesse ponto eu não sei mais se há um caminho de volta ou se seria justo uma intervenção minha em algo que tenho ciência não possuir empecilhos que surtam efeito. Ontem à noite eu… [respira fundo] eu recuperei os desenhos restantes que estavam na posse de Sarah. Ela deve voltar de sua viagem à China nos próximos dias, mas não acredito que Alan consiga voltar com ela. Junto aos desenhos foram por mim encontrados alguns documentos sobre a movimentação dos seus protegidos. [ela engole seco e parece escolher as palavras] Joey… Joey vai achar– [ela recobra seu semblante centrado] Joey vai achar Anna e não há nada que eu possa fazer para impedi-lo. Prevejo que as coisas ficarão ruins, muito ruins depois desse encontro, mas não vejo formas de evita-lo sem levantar suspeitas. Você é Julia Liefield, mora em Naranda, Nevada, com Cathleen Hannover e Joseph Campiti.
JULIA encara a câmera por alguns segundos, incerta.
JULIA: [quase sussurrando] Tenta não estragar tudo dessa vez.
A mulher levanta-se e desliga a câmera. Ela retira a fita e coloca-a dentro de uma VHS. JULIA se dirige a um dos armários e o abre. Vemos que há dezenas de fitas dentro dele e todas elas estão rotuladas com datas. JULIA coloca a fita e tranca o armário.
CENA 20 – EXT. NARANDA HIGH – DIA
KENNEDY caminha apressadamente olhando os quatro cantos, quando avista JOEY vindo em sua direção.
JOEY: Kennedy espera.
KENNEDY acelera o passo o garoto começa a se apressar também. A garota então começa a correr em direção ao seu carro.
JOEY: Por que você ta correndo?
KENNEDY: Exercícios?
JOEY: Mas você tá de salto alto!
Eles chegam ao carro e JOEY vira a garota pelo braço, confuso.
JOEY: Por que você tá fugindo de mim, Lester?
KENNEDY: [ofegante e irritada] O que eu já te falei, Joey? Para de ficar perto de mim em publico! Eu já disse! Uma coisa é eu trocar uns beijinhos com você no beco do The Alley outra é eu sair de mãos dadas pelo corredor do colégio na frente das minhas amigas…
JOEY: Olha, eu não to com tempo pra ficar discutindo agora. Eu preciso de seu carro emprestado.
KENNEDY: [sem prestar atenção] Eu sei que nós temos um lance meio animalesco mas foi você quem concordou com os termos desde o… [balançando a cabeça] Como é que é?! Meu carro?! Nunca!
JOEY: [girando os olhos em tédio] Você tem duas opções: ou me empresta o carro ou eu conto pra todo mundo do nosso rolo.
KENNEDY: [pasma] O quê? Você está me chantageando?!
Ela começa a dar tapas sincronizados com as palavras no ombro de JOEY.
KENNEDY: Você… está… me… chantageando?!
JOEY: [esfregando o braço] Aiii!!
KENNEDY: [aponta, indignada] Você não faria isso! O que você ganha contando isso pra todo mundo?
JOEY: [contando nos dedos] Perco meu título – totalmente sem fundamento – de nerd, presencio com satisfação a cara de bunda do Ben Tyler, ganho respeito da ala masculina do colégio por ter pegado a maior “pegadora” de Naran–
KENNEDY: [irritada] Chega! E pra onde diabos você quer ir com o carro?
JOEY: [sorrindo] Vegas.
KENNEDY: [assustada] Vegas?
CENA 21 – EXT. RUA DESCONHECIDA – DIA
EHLIOS anda apressado, carregando ZACK pelo braço.
EHLIOS: Tô te dizendo, você precisa ver com os próprios olhos o que o Billy’s está fazendo com as rosquinhas.
ZACK: [confuso] E quem liga pra malditas rosquinhas?
EHLIOS: Zack, onde está sua destreza empresarial? Temos que ficar perto dos inimigos. Se foi o Marlon Brando que disse isso, então deve ser verdade.
CENA 22 – EXT. RODOVIA DESCONHECIDA – DIA
Vemos um carro se deslocar velozmente por uma rodovia recortada por um grande deserto.
CENA 23 – INT. CARRO EM MOVIMENTO – DIA
A câmera mostra JOEY no volante e KENNEDY no lugar do carona.
KENNEDY: [olhando pra Joey] Sabia que eu podia dar parte de você na policia? Isso em alguns estados é caracterizado como seqüestro.
JOEY: [sem tirar o olho da estrada, apenas sorri] E o que você diria pra polícia? Que você fugiu com uma cara que você tinha um lance meio animalesco?
KENNEDY: [irritada] Não use minhas palavras contra mim, Campiti. Minha eloqüência é uma das minhas principais características pessoais.
JOEY: [irônico] Tô percebendo. Você não calou a boca desde que saímos de Naranda, há umas 2 horas atrás.
KENNEDY: [sarcástica] Há-há-há! Você acha mesmo que eu ia ficar em Naranda e não saber o que você ia fazer em Vegas com meu precioso, luxuoso e altamente confortável carro? Alias, por que você não pegou um dos vários carros da sua mãezinha?
JOEY: [seco] Tô de castigo.
KENNEDY: E você ainda pergunta por que eu não quero ser vista com você em público.
CENA 24 – INT. BILLY’S – DIA
[MÚSICA DE FUNDO – NOTHING IS GOOD ENOUGH, AIMEE MANN]
Eles entram no local, e ZACK fica parado de repente. Na câmera subjetiva, ele vê CATHLEEN, sentada em uma mesa mais a frente, tomando um café, cabisbaixa.
ZACK olha sério para EHLIOS.
EHLIOS: Eu soube que ela esteve vindo aqui desde o barraco de vocês dois.
ZACK: Suas piadas andam perdendo a graça.
EHLIOS: Sei o que você tá pensando. Eu também não sei o que me deu, mas por mais que eu a odeie, eu prefiro ver a Cathleen feliz do que você infeliz.
ZACK: Você muda de idéia rápido, hein.
EHLIOS: Eu sei, fazer o quê. Nem sempre eu sou um sábio. E se você gosta dela, vai fundo, cara. Também não acho que ela seja indiferente à você. E se é assim, o resto de bom senso que me sobrou vai me manter longe de atrapalhar isso. [empurrando-o] Anda, vai!
ZACK se aproxima da mesa. CATHLEEN o vê, e desvia o olhar, desconfortável. ZACK se senta a sua frente, ela continua olhando para o lado.
CATHLEEN: Novo sistema de marketing, recolher clientes dentro do concorrente?
ZACK: Você não acha que a gente precisa conversar?
CATHLEEN balança a cabeça em negativa.
ZACK: Mas eu acho. Cathleen, não entendo direito como tudo isso chegou até aqui. Uma hora você tava quebrando copos e na outra eu estava contando os minutos pra ver você quebrando os copos…
CATHLEEN: Legal, vou anotar isso na minha lista de “métodos de conquista”.
ZACK pega na mão dela. O olhar duro dela vacila por um instante, mas logo volta a ser imparcial.
ZACK: Chega de ironia, ok? Eu não sei o que você sente, e não sei o que vai acontecer com a gente. Mas seja o que for, eu vou estar pronto.
Eles ficam se olhando, calados.
ZACK: Você acha que nós podemos dar certo um dia?
CATHLEEN desvia o olhar. Ela chama o garçom e pede a conta. Ela o paga e se levanta. ZACK só a observa.
CATHLEEN: [se levantando] A gente se vê por aí, ok?
Ela passa ao seu lado e ZACK segura a sua mão. Ela para. ZACK se levanta, e a encara nos olhos.
ZACK: Você não respondeu a minha pergunta.
CATHLEEN se aproxima, dá um beijo em seu rosto.
CATHLEEN: [sussurrando no seu ouvido] A gente se vê por aí.
Ela sai, enquanto ZACK permanece lá, parado.
CENA 25 – EXT. RUA DESCONHECIDA – DIA
O carro passa por uma rua de subúrbio, lentamente.
CENA 26 – INT. CARRO EM MOVIMENTO – DIA
[MÚSICA DE FUNDO – KISS ON ME, TYLER HILTON]
JOEY ainda dirige o carro enquanto KENNEDY mantém os braços cruzados e uma expressão de birra. Ele olha pra ela e depois pra estrada. Pouco depois olha pelo canto do olho e pra estrada novamente. KENNEDY continua emburrada. JOEY ri da namorada.
KENNEDY: Qual é a graça? Tem algum palhaço na estrada?
JOEY tira as duas mãos do volante em rendição e logo depois as coloca de novo.
KENNEDY: E então, vai me dizer alguma hora o que a gente ta fazendo aqui? Se for alguma namorada sua que quer esfregar na minha cara, eu juro que você vai sentir o quão confortável é viajar no porta-malas.
JOEY: [rindo] Na verdade eu prefiro o banco de trás.
Ela imita o garoto apenas mexendo a boca, com ironia.
JOEY: [rindo] Porque você com tanta raiva, afinal? Eu achei que uma viagem clandestina com um lindo namorado para Vegas fosse algo desejado por 90% das garotas.
KENNEDY: Pois me encaixe na minoria, querido. Eu só vou gostar de um seqüestro o dia que Kiefer Sutherland vier me resgatar. [brava] E pode começar a abrindo o bico. O que diabos estamos indo fazer em Vegas?
A expressão de JOEY fica séria, quase triste.
JOEY: [respira fundo] Você poderia simplesmente…
JOEY balança a cabeça, em confusão.
JOEY: Olha, eu precisava do seu carro, ok? E precisava que alguém viesse comigo. Eu prometo que você estará na sua cama quentinha o mais rápido possível. Sã e salva. Mas por agora você pode simplesmente confiar em mim?
KENNEDY: Eu estava tentada a te torturar pra você me dizer a verdade, mas você é realmente muito bom em chantagem emocional.
Eles ficam em silêncio por alguns segundos e KENNEDY parece desconfortável quando abre a boca para falar algo, mas a fecha novamente. A garota gira os olhos pra si mesma.
KENNEDY: Olha… [suavemente] eu já percebi o quanto é difícil pra você se abrir. Você, Cathleen e Julia, para uma não-família, são parecidos até demais, se quer saber minha opinião. Mas… [ela olha para Joey] Seja o que for… Quero que saiba que também pode confiar em mim.
JOEY: [magoado] Posso? Há algumas horas atrás você fugiu de mim na rua, Kennedy, e agora está aqui pedindo para confiar em você. [engole a seco com os olhos fixos na estrada] Às vezes você parece duas pessoas completamente diferentes.
KENNEDY fica em silêncio, cabisbaixa. JOEY olha pra ela de canto de olho.
KENNEDY: [irritada] Não se preocupe, eu não vou chorar.
JOEY esvazia os pulmões e olha para o alto como se estivesse com raiva de si mesmo.
JOEY: Eu não queria te magoar. Eu simplesmente… Eu só não te entendo as vezes. [ele finalmente olha para a garota] Mas de alguma forma estranha e contraditória eu precisava de você sentada nesse banco hoje.
Nem um dos dois fala nada por alguns segundos. KENNEDY franze o cenho.
KENNEDY: Isso não soou Cathy-Zack-drama-rama demais, não?
JOEY: [respirando aliviado] Com certeza! [sorrindo] Foi sem querer.
KENNEDY sorri e é retribuída pelo garoto. Ela coloca a mão sobre a perna dele e ele coloca a mão por cima da dela, entrelaçando os dedos.
KENNEDY: [sorrindo] Não vamos fazer isso de novo. Mas… Minha oferta ainda tá de pé. Você sabe… Aquela sobre confiar em mim.
JOEY a encara, indeciso por alguns segundos. A garota levanta as sobrancelhas e sorri. O garoto respira fundo.
CENA 27 – EXT. RUA DESCONHECIDA – DIA
[MÚSICA DE FUNDO – YUME NO NAKA, KARE KANO THEME]
JOEY encosta o carro e olha por alguns segundos para a casa. O garoto expira pesado e olha para o banco do passageiro. KENNEDY sorri para ele.
KENNEDY: Está na hora.
JOEY continua olhando para ela. JOEY respira sonoramente e seu maxilar está definido.
KENNEDY: É ela, Joey. [sorri] É ela.
JOEY: [passou a mão nos cabelos] Espero que você esteja certa. [quase implorando] Você vem?
KENNEDY sorri e toca a mão do namorado.
KENNEDY: Claro.
Os dois saem do carro e KENNEDY o acompanha enquanto ele avança lentamente pelo caminho que leva do portão à varanda de entrada da casa. Os dois param por um momento e KENNEDY entrelaça os dedos nos de JOEY.
JOEY: Aqui vamos nós.
O garoto fecha os olhos e aperta a campainha. Nervoso, JOEY começa a bater o pé no assoalho de madeira. Alguns passos abafados são ouvidos do lado interior da casa.
MULHER: [em off de dentro da casa] Eu já desci, querido.
A porta se abre revelando uma bela mulher [Kristin Davis]. Ela sorri para os dois.
MULHER: Posso ajudá-los?
JOEY: [voz trêmula] Sim…
JOEY olha para KENNEDY rapidamente e depois para a mulher, mexendo-se no mesmo lugar, desconfortavelmente. KENNEDY levanta as sobrancelhas, encorajando-o.
JOEY: [voz trêmula] Eu queria saber se… [ele tosse] É… Será que–
KENNEDY: –por acaso uma garotinha chamada Anna mora aqui?
O rosto da mulher se torna instantaneamente rígido. Ela fecha a porta contra o corpo deixando apenas sua cabeça e parte do corpo à vista.
MULHER: [seca] O que vocês querem com ela?
JOEY: Bem… É que eu… Eu queria vê-la pra saber se a sua Anna é minha Anna–
MULHER: [defensiva] Sua Anna? Eu posso te garantir que aqui não tem nenhuma Anna sua, garoto. E, afinal de contas, quem são vocês?
JOEY abre a boca, mas nada sai dela, então KENNEDY, mais uma vez, tenta ajudar.
KENNEDY: Bem, meu nome é Kennedy. [alguns passos são ouvidos vindo de dentro da casa] E se estivermos no lugar certo, eu acredito que ele seja–
Uma garotinha [Abigail Mavity] se revela por trás da mulher, abrindo totalmente a porta. Ela arregala os olhos e abre um enorme sorriso.
ANNA: –meu irmão!
O rosto de JOEY vai de nervoso a alegre quando ele também sorri amplamente para a garota.
PRODUÇÃO EXECUTIVA
Samir Zoqh
Luciana Rocha
ELENCO
Keira Knightley como Cathleen
Riley Smith como Joey
Paul Wasilewski como Zack
Ashly Lyn Cafagna como Kennedy
Bonnie Somerville como Julia
CONVIDADOS ESPECIAIS
Josh Duhamel como Devon
Abigail Mavity como Anna
Kristin Davis como Jennifer
ESCRITA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha
Marcos Damata
EDITADA POR
Luciana Rocha
REVISADA POR
Marcos Damata
CRIADA E DESENVOLVIDA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha
MÚSICA TEMA
Late Great Planet Earth, Plumb
TRILHA SONORA
Space, Something Corporate
You Make Me Feel, Jeremy Toback
Nothing Is Good Enough, Aimee Mann
Kiss On Me, Tyler Hilton
Yume No Naka, Kare Kano Theme
A HYBRID STUDIOS PRODUCTION
DISTRIBUTED BY TELEVISION SERIES NETWORK
©2005
Série Virtual – Outsiders – Disclosure
21/12/2011, 19:41. Redação TeleSéries
Ficção (séries virtuais)
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Série: Outsiders
Episódio: Disclosure
Temporada: 1ª
Número do Episódio: 1×09
CENA 1 – RANCHO JONES – DIA
ZACK está ao telefone. Ele tem uma expressão entediada no rosto. Do outro lado podemos ouvir a voz de SARAH.
SARAH: [Voice over] E por favor, cheque novamente os Montoya. Eles não reportaram de volta na checagem desse mês.
ZACK: [entediado] Ok, Sarah.
SARAH: [Voice over] E certifique-se que Ehlios não coma apenas batatas enquanto eu estiver fora.
ZACK: Ok…
SARAH: [Voice over] E não esqueça de desligar o gás–
ZACK: Sarah, pela última vez, nós estamos bem. Quatro braços, quatro pernas e nenhum piercing. Apenas concentre-se em achar a mulher. Nós nos viramos aqui.
Ouvimos um suspiro do outro lado do telefone.
SARAH: [Voice over] [preocupada] Só… só toma cuidado, ok? Estarei em casa o mais rápido possível. E ligue pro Kenny se precisar de alguma coisa. Qualquer coisa!
ZACK: [entediado] Ok, Sarah.
SARAH: [Voice over] Tá bom, tá bom. Agora vou parar de ser a avó chata e voltar para a tia Sarah legal. Então… já tomou alguma atitude com relação à Cathleen?
ZACK arregala os olhos assustado.
ZACK: O quê?! [gaguejando] Do que você… Como você–
Ouvimos Sarah rindo do outro lado da linha.
SARAH: [Voice over] Ehlios me contou algumas coisas. Ele tá bem frustrado com você ultimamente. Mas não se preocupe, eu não te torturarei. Pelo menos não agora que não posso ver se rosto de desespero.
A mulher ri um pouco mais e ZACK rola os olhos.
SARAH: [Voice over] Te vejo em no máximo uma semana. Te amo.
ZACK: Te amo também.
ZACK desliga o telefone.
[MÚSICA TEMA – LATE GREAT PLANET EARTH, PLUMB]
CENA 2 – SALA DESCONHECIDA – DIA
[MÚSICA DE FUNDO – SUSPENDED, MATT NATHANSON]
A câmera desliza por alguns instrumentos de sopro e percussão, numa ampla sala com pouca iluminação. Ela continua seu lento caminho para a direita até vermos JOEY e KENNEDY sentados no chão, em um dos cantos da sala. Eles se beijam por alguns momentos até que a garota se afasta um pouco com um sorriso.
KENNEDY: Ainda quer voltar pra aula?
JOEY sorri puxando a garota de volta e a beija brevemente.
JOEY: Faz só uma semana e você já tá me desviando pro mau caminho.
KENNEDY: Ah, tá, então nessa história eu sou a manipuladora e você é o coitadinho?
JOEY: [sorri] Mas é claro.
KENNEDy dá um tapa no braço do garoto. Ele ri e a puxa. KENNEDY se ajeita, sentando e reclinando-se no garoto. Ele passa os braços ao redor dela.
JOEY: E o quê você vai dizer aos seus pais no jantar de hoje quando te perguntarem o que aprendeu na escola?
KENNEDY: Direi que aprendi o caminho para a sala de ensaios da banda onde fiquei durante dois períodos dando uns amassos num garoto irritante que ainda me culpa por estar perdendo as aulas de química. [sorriso forçado] Eles ficarão tão orgulhosos.
JOEY: É uma ótima forma de acabar com todos os pratos da sua casa.
KENNEDY: [pouco caso] Nah, não é como se eles realmente fossem escutar o que eu estou dizendo. Na verdade eu acho que só sua suposição de que eles perguntarão alguma coisa já é pedir muito.
JOEY parece sem graça.
JOEY: Kennedy, eu–
A garota sorri.
KENNEDY: Hey, não seja tão sensível. Eu estou bem. [dá de ombros] Esse jantar é só uma formalidade. Uma forma de eles dizerem que entre as viagens ainda lembram que possuem uma filha. Eu finjo gratidão, dou os parabéns pelo grande negócio fechado e se Deus permitir tudo estará acabado antes que eu perceba.
JOEY: Sabe, você podia tentar conversar de verdade com eles pra variar. Talvez pudesse resultar em algo bom.
KENNEDY: As coisas já estão boas do jeito que estão. E quer saber? Tudo que fazemos é falar sobre mim. Tá na hora de você começar a aceitar os holofotes também, Campiti. Me diz algo sobre a sua vida.
JOEY se remexe, desconfortável e KENNEDY vira-se novamente para encará-lo.
JOEY: [limpa a garganta] Eu? Hum… minha vida não é tão interessante.
CENA 3 – INT. LOCAL DESCONHECIDO – NOITE
Um pulso vem na direção da câmera, encobrindo-a totalmente. Ouvimos o barulho de um soco e a câmera mostra um soldado caindo desmaiado. Corta para o agressor que está vestido de preto e possui um capuz também negro sobre o rosto. JOEY retira o capuz num puxão e enxuga um pouco do suor da testa. Ele olha em volta e vemos que está num pequeno espaço circular onde há um grande holofote. O garoto se aproxima do parapeito e a câmera subjetiva mostra uma base onde poucos guardas transitam da parte de baixo. JOEY olha para os lados até localizar alguém vestido de preto lutando com um dos soldados em um dos cantos escuros ao pé da torre em que estava. O garoto então vai até o holofote e o arrasta, focando-o no interior da base.
JOEY: Já tenho sua cobertura, Alfa 1.
Vemos pela visão de JOEY um soldado se aproximando perigosamente da penumbra onde CATHLEEN nocauteia um dos guardas. JOEY toma posse do holofote e foca o soldado que se aproxima. O homem para e leva as mãos aos olhos imediatamente, protegendo-os da luminosidade. A câmera mostra CATHLEEN agora arrastando o soldado com quem lutava para a escuridão total e JOEY tira o holofote do segundo soldado, passando a passear com ele calmamente. O local onde CATHLEEN está agora fica ainda mais escuro.
JOEY: [Voice over] Temos um se aproximando às sete horas.
CATHLEEN encosta-se contra a parede, escondendo-se, e ao fundo vemos o soldado passar, apertando os olhos. Quando ele distancia-se ela abaixa e vemos alguns soldados inconscientes empilhados no canto. CATHLEEN começa a revistá-los.
CATHLEEN: Peguei o cartão.
CATHLEEN guarda o cartão em um dos seus bolsos e começa a despir um dos soldados.
JOEY: [Voice over] Só falta esse último nessa área. Prepare-se para entrar.
CATHLEEN: Algum sinal de nossos amigos?
JOEY olha para todos os lados e vemos a cabeça de ZACK emergir sobre um dos muros externos. A CAM move-se rapidamente e vemos, embaixo do muro, o mesmo soldado aproximar-se do local onde ele começa infiltrar a base.
JOEY: Acabei de vê-los. Mova-se mais rápido!
JOEY limpa a garganta e grita.
JOEY: [voz grossa] Hey, soldado!
O guarda vira-se, olhando para o topo da torre. Nesse momento JOEY coloca novamente a jato de luz nos olhos dele. O homem cobre os olhos e tão rápido quanto o jato de luz veio, JOEY o tira de cima do guarda. Com a diferença súbita de luminosidade o soldado cambaleia, parecendo um pouco tonto. Pela visão de JOEY vemos ZACK, EHLIOS e SARAH agora entrando com segurança na base.
SOLDADO: [irritado] Qual diabos é o seu problema, soldado?!
Ele aperta os olhos e os abre novamente. Por uma fração de segundo vemos o vulto negro e embaçado de CATHLEEN na visão do homem. A tela fica negra novamente com o soco e o último soldado vai ao chão. CATHLEEN olha rapidamente para os três invasores que se afastam correndo e passa a arrastar o soldado.
CATHLEEN: Então agora vamos ajudá-los?
JOEY: [Voice over] Eu não sei o que passava na sua cabeça quando aceitou esse desafio idiota, mas não dá pra deixar eles serem pegos por um descuido.
CATHLEEN: [rola os olhos] Você é tão bonzinho que me irrita. [irônica] Talvez se você pedir por favor pros gentis militares que estão lá dentro eles nos dêem os desenhos sem esforço.
JOEY: [Voice over] Dá pra você se concentrar? Nós temos três desenhos pra recuperar.
A garota joga o soldado de qualquer jeito sobre os outros. Ela ajeita algumas roupas dos soldados que estão dobradas em um canto e coloca o cartão de acesso entre elas.
CATHLEEN: Joseph Campiti. Só trabalho, nada de diversão. Sabe, você deveria arranjar uma namorada. Rápido!
CENA 4 – INT. NARANDA HIGH – DIA
[MÚSICA DE FUNDO – SOONER OR LATER, MICHAEL TOLCHER]
A câmera mostra KENNEDY e vemos CATHLEEN ao lado dela. A garota fala mas KENNEDY não parece ouvi-la.
CATHLEEN: Kay? Kay!
KENNEDY sai do transe.
KENNEDY: [olhando pros lados] Humm…
CATHLEEN: Hello? Estamos falando do Joey aqui.
KENNEDY: [rapidamente] Joey– E-eu não gosto do Joey.
CATHLEEN franze o cenho.
CATHLEEN: [confusa] Ow-kay.
Sob o olhar confuso de CATHLEEN, KENNEDY abre seu armário e deixa boa parte de seu rosto lá dentro, evitando contato visual com a amiga. CATHLEEN balança a cabeça como se afastasse o assunto.
CATHLEEN: Então… eu tava pensando… talvez a gente possa fazer alguma coisa hoje a noite. Sei lá. Alugar uns filmes, pedir uma pizza. Ele fica quietinho como sempre e você nem vai perceber que ele tá lá.
KENNEDY nota JOEY passando atrás dela. O garoto abre um pequeno sorriso então ela vira o rosto rapidamente para seu armário e começa a ajeitar alguns livros. JOEY coça a cabeça rindo e se afasta.
CATHLEEN: As oito lá em casa tá bom?
KENNEDY fecha o armário.
KENNEDY: [hesitante] Na sua casa?
CATHLEEN: [enfática] Sim, na minha casa. Geez, onde você está com a cabeça? Você sabe que não posso sair durante a semana, mas Julia não vai ficar brava se você passar uma noite lá em casa.
KENNEDY: [arregala os olhos] Passar a noite?
CATHLEEN: [estranhando] Tem alguma coisa de extraordinária nisso?
KENNEDY: [nervosa] Não– não… é que… hum… essa noite não dá. Eu tenho que– Meus pais! Sim, meus pais estão chegando de Frankfurt e eu queria jantar com eles.
KENNEDY se afasta olhando pro chão, nervosa, enquanto CATHLEEN levanta uma das sobrancelhas. Ela corre até a amiga.
CATHLEEN: Espera, espera, espera.
KENNEDY aperta os olhos, respira fundo e vira novamente para encarar CATHLEEN.
CATHLEEN: Tem certeza de que estamos bem, Kay? Eu e você?
KENNEDY: Sim, Cathy. Pela última vez, está tudo bem entre nós. Aquilo foi um… lapso de sanidade. Um lapso que faz total sentido…
CATHLEEN a olha, sem graça.
KENNEDY: … mas estamos bem agora. Seja lá o que você tenha para esconder, só quero que saiba que pode confiar em mim.
CATHLEEN: Kennedy, eu–
KENNEDY: E por mais que eu adore ver você fazendo de tudo pra me agradar, nós já passamos dessa fase. É só que… [hesitante] eu tenho esse jantar hoje à noite. Não dá pra dormir na sua casa.
CATHLEEN: Há menos de uma semana atrás você estava reclamando que eu estava distante e agora você tá arranjando desculpa pra não ir lá em casa. [incrédula] Vamos, você tá dizendo que quer jantar com os seus pais. Você acha mesmo que eu vou acreditar nessa?
KENNEDY: Olha, eu já falei que essa noite não dá, tá bom?
E com isso ela se afasta deixando CATHLEEN com uma expressão confusa no rosto.
CENA 5 – EXT. BASE – NOITE
EHLIOS segura o soldado que estava deitado pelo colarinho. SARAH ajoelha-se do lado dos dois
SARAH: Ehlios, eu te disse pra não deixa-lo inconsciente. Fica mais difícil pra ler alguma coisa com ele desacordado.
A câmera mostra ZACK que parece se concentrava a área.
EHLIOS: O que você queria que eu fizesse? Pedisse com jeitinho para que ele deixasse a gente tirar algumas informações confidenciais do cérebro dele?
ZACK abre os olhos e vira-se para SARAH.
ZACK: Okay, tudo limpo.
SARAH se concentra e depois de alguns momentos ela abre os olhos.
SARAH: Eu disse. Os desenhos não estão mais no laboratório de criptografia. Eles o levaram pro cofre!
EHLIOS: Você tem o número?
SARAH: Não. Esse não sabe de mais nada.
ZACK: [off] Ah, droga.
SARAH e EHLIOS viram-se para ZACK. O garoto aponta para algo atrás dos dois. A câmera mostra uma pequena câmera de vigilância.
CENA 6 – INT. BASE – NOITE
Em um pequeno monitor em tons de azul vemos SARAH passando a mão algumas vezes na frente da câmera. A câmera se afasta e vemos CATHLEEN sentada na frente de vários monitores de vigilância. A garota tem uma caixa de donuts no seu colo e está com os pés estirados sobre a mesa de controles da sala. Atrás dela vemos dois soldados nocauteados. Ela sorri e morde um donut.
CATHLEEN: Tsc tsc tsc… tão amadores.
CENA 7 – EXT. BASE – NOITE
SARAH passa a mão na frente da câmera mais duas vezes e vira-se para os garotos.
SARAH: Bem, acho que já teríamos sido pegos há algum tempo se isso estivesse funcionando.
EHLIOS se aproxima da câmera e faz sua mão atravessar o aparelho. Algumas fagulhas saem dele e uma fumaça sobe.
EHLIOS: [dá de ombros] Só por via das dúvidas.
SARAH: Vamos logo.
Os três correm.
CENA 8 – SALA DE AULA – DIA
JOEY entra na sala de aula onde alguns alunos já tomam seus lugares. Ele olha em volta e vemos EHLIOS sentando em uma das cadeiras escolares. JOEY se aproxima e senta do lado do garoto.
JOEY: Hey, cara.
EHLIOS: Hey.
JOEY: [tom baixo] Posso falar com você por um instante?
EHLIOS: Se for sobre o que eu vi…
JOEY: Exatamente.
EHLIOS: Eu não vou falar nada.
JOEY: [sorri] Obrigado, cara.
JOEY vira-se para frente e os dois ficam em silêncio, dando a entender que a conversa terminou. EHLIOS sorri sarcasticamente e balança a cabeça em negativa.
EHLIOS: [tom baixo] Ela te disse pra vir aqui e perguntar, não?
JOEY olha para EHLIOS e vira-se para ele novamente.
JOEY: É que… nós vamos levar as coisas com calma. Por agora é melhor se ninguém souber.
EHLIOS sorri e balança a cabeça novamente.
JOEY: O quê?
EHLIOS: [dá de ombros] Nada. É só que quando eu pensei que você estava fazendo algo por você mesmo, agora te vejo preso não só à Cathleen como também à Kennedy. É irônico. Só isso.
JOEY parece indignado
JOEY: [tom baixo] Eu não estou preso a ninguém! Nós só… nós estamos começando, seja lá o que temos agora.
EHLIOS: E ela não quer ser vista com você por outras pessoas.
JOEY pondera por algum momento, mas logo discorda com a cabeça.
JOEY: Não é desse jeito.
EHLIOS rola os olhos e joga a cabeça pra trás.
EHLIOS: Santo Deus, todos os homens da nossa espécie estão ficando dementes. Eu quero um pouco desse vírus logo pra não ter que estar consciente na destruição de vocês.
JOEY: Você só diz isso porque não tem ninguém pra você.
EHLIOS fica em silêncio por um momento com as palavras de JOEY.
EHLIOS: Você simplesmente não entende. Quando se trata de pessoas como nós, é cada um por si.
CENA 9 – INT. BASE – NOITE
Shot de uma porta branca. Uma mão a abre e vemos os monitores de vigilância uma poltrona de costas para a câmera. A poltrona vira-se e vemos CATHLEEN com um grande sorriso e uma caixa de donuts na mão. A câmera mostra EHLIOS, ZACK e SARAH olhando para a garota.
CATHLEEN: [melódica] He-llo.
EHLIOS parece não acreditar no que vê.
EHLIOS: Então nós trabalhamos e você come?
CATHLEEN: Consigo fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Meu combo especial do momento e comer donuts, ajudar vocês a entrarem na base, ajudar vocês a andarem pela base e chutar seu traseiro. [sorri] Tudo ao mesmo tempo. Não é divertido?
EHLIOS sorri sarcasticamente de volta
EHLIOS: Oh, você não faz idéia.
EHLIOS começa a fechar a porta e CATHLEEN arregala os olhos. Ela joga a caixa de donuts de lado e corre pra porta, agarrando o braço de EHLIOS quando ele está para fecha-la. Uma visão aparece em sua mente.
SARAH abre os olhos.
SARAH: Eu disse. Os desenhos não estão mais no laboratório de criptografia. Eles o levaram pro cofre!
A visão termina. EHLIOS torna sua mão intangível e os dedos de CATHLEEN passam através dela. Ele fecha a porta rapidamente e sua mão fica vermelha sobre a fechadura.
EHLIOS: Agora sim a diversão vai começar.
SARAH: As coisas seriam tão mais fáceis se vocês levassem nossas missões a sério.
Os três passam a correr pelo corredor.
CENA 10 – INT. BASE – NOITE
CATHLEEN força a maçaneta do lado de dentro da sala, mas a porta não cede. Ela aperta o ponto na sua orelha.
CATHLEEN: Alpha 2, mudança de planos, os desenhos estão no cofre.
CORTA PARA:
JOEY dentro de um tubo de ventilação.
JOEY: O quê?! Isso é do outro lado da base!
CATHLEEN: [impaciente] Então é melhor você se apressar, não? Ah… e a propósito…
Volta a forçar a maçaneta descontroladamente.
CATHLEEN: Eu tô presa!
CENA 11 – INT. THE ALLEY – DIA
CATHLEEN e KENNEDY se sentam em uma das mesas da lanchonete.
KENNEDY: Você não deveria ir se arrumar ou algo do tipo?
CATHLEEN: Pra quê a pressa? Meu experiente só começa em 15 minutos.
ZACK passa por elas, mas apenas olha para CATHLEEN. A garota pega um canudo e começa a brincar com ele. KENNEDY se reclina sobre a mesa.
KENNEDY: [sussurra] O que aconteceu entre vocês dois?
CATHLEEN: Dois quem?
KENNEDY faz uma cara de tédio.
KENNEDY: Você e Jared Leto, porque vocês foram feitos um pro outro.
CATHLEEN: [sorriso forçado] Você também acha?
KENNEDY lança um olhar para CATHLEEN e a garota passa a mão nos cabelos. Ela pensa por alguns segundo até que sua expressão fica um pouco triste.
CATHLEEN: Não é pra acontecer.
KENNEDY: Bem, a princípio devo admitir que essa sua atitude Cordelia Chase me preocupou um pouco, mas depois de acostumar com a idéia…
CATHLEEN se encosta na poltrona.
CATHLEEN: Nem começa, Kay.
KENNEDY: O quê? Vocês dois formam um casal bonitinho.
CATHLEEN: Eu não sei aonde estava com a cabeça quando considerei alguma coisa com ele. E agora eu me sinto mal porque só tratando-o assim eu vou conseguir sair dessa situação. Eu nunca quis deixar ele mal nem nada, foi só que… eu só percebi depois. [respira fundo] Nós simplesmente… não combinamos.
KENNEDY: Você já tentou? Quero dizer… [sugestiva] às vezes você pode se surpreender com alguém que nunca achou que fosse possível.
CATHLEEN franze o cenho e analisa a amiga por alguns momentos.
CATHLEEN: O que isso quer dizer?
KENNEDY se mexe no mesmo lugar.
KENNEDY: Nada, só estou dizendo que às vezes vale a pena dar uma chance à alguém improvável.
CATHLEEN: [desconfiada] Como quem?
KENNEDY: Ninguém! Meu Deus, estamos falando de você aqui.
CATHLEEN: Tem certeza? Porque eu podia jurar que estávamos falando de você e do Sr. Improvável.
KENNEDY parece nervosa.
KENNEDY: [rapidamente] Bem, não estamos. [levanta] E eu… eu tenho que ir.
A garota vai se afastando e CATHLEEN ri.
CATHLEEN: Volta depois do expediente. Eu sei que você vai fugir desse jantar!
CENA 12 – INT. BASE – NOITE
SARAH, EHLIOS e ZACK correm pelos corredores da base. Eles param em frente à uma porta branca.
SARAH: Mais rápido, Ehlios!
EHLIOS pega a mão de SARAH e os dois atravessam a porta. Vemos dois soldados dobrarem um corredor há uns vinte metros. Ambos correm em direção á eles. Um deles saca uma arma e aponta. Ao primeiro disparo, ZACK se encosta na porta e os passos no corredor não são mais ouvidos. A câmera mostra novamente os soldados e vemos os dois paralisados. A mão de EHLIOS é colocada para fora e ZACK a pega, atravessando a porta.
Ainda do lado de fora vemos CATHLEEN e JOEY virem pelo mesmo caminho que os soldados. Eles passam correndo pelos homens paralisados.
CATHLEEN: Pelo menos estamos no caminho certo.
Mais passos são ouvidos e os garotos olham para trás. Vemos mais cinco soldados correndo atrás deles.
JOEY: Corre!
Três dos homens param para ajudar os soldados paralisados, enquanto os outros dois se atrasam com o tumulto do corredor. Os garotos chegam à porta e ZACK passa o cartão de acesso. Os dois entram na sala com pressa e JOEY começa a derreter a fechadura da porta.
EHLIOS, SARAH e ZACK que estão na frente da grande porta do cofre olham para os recém-chegados.
EHLIOS: [irônico] Oh, ótimo.
EHLIOS atravessa a porta do cofre acompanhado por SARAH e rapidamente estende a mão através da porta para ZACK, deixando JOEY e CATHLEEN sozinhos na pequena sala. Eles se aproximam do painel numérico do cofre.
JOEY: Julia vai nos matar se deixarmos esses desenhos escaparem.
CATHLEEN: Então vai!
JOEY tira do bolso um pequeno aparelho, e o coloca em cima do painel. Ele passa o cartão de acesso e logo após o teclado numérico emana alguns bipes e a luz vermelha do painel se torna verde. CATHLEEN gira a grande manivela e a porta começa a se abrir. Ao entrar vemos SARAH, ZACK e EHLIOS envoltos numa camada prateada. JOEY e CATHLEEN entram no cofre e no mesmo momento um alarme começa a soar.
JOEY: Oh, droga.
A porta do cofre se fecha e dos quatro cantos vemos um gás sair. CATHLEEN e JOEY começam a tossir.
EHLIOS: Vamos! Rápido!
ZACK tira os desenhos de uma redoma de vidro enquanto EHLIOS vai até JOEY e CATHLEEN ajudando-os a apressarem-se.
SARAH: [pra Zack] Coloque o campo neles!
ZACK se concentra por alguns segundos mais logo abre os olhos.
ZACK: Não posso! É gente demais!
SARAH: Vai, Ehlios!
A porta do cofre começa a emanar bipes e CATHLEEN cai no chão, tossindo.
EHLIOS: Me dá a sua mão!
CATHLEEN pega a mão de EHLIOS e a levanta. Ele tenta fazer sua mão atravessar a parede do cofre, mas ela não se torna intangível. Ele tenta novamente, mas continua sem sucesso. A porta do cofre começa a abrir-se.
EHLIOS: [frustrado] Não consigo! Deve ter algum tipo de fonte de calor do outro lado!
JOEY: É a tubulação do gás!
ZACK: Meu Deus, nós estamos presos!
SARAH: Estamos coisa nenhuma.
A mulher pega a mão de JOEY.
CENA 13 – INT. BASE – NOITE
Os soldados entram no cofre. Todos eles possuem máscaras de gás e o local está totalmente enevoado. Eles correm para dentro do cofre através do gás e ao chegar na parede do cofre vemos a visão se abrir quando o gás começa a sair por um enorme buraco aberto na parede. Os soldados também saem da base através do buraco e vemos um carro levantar poeira há algumas dezenas de metros e se afastar com velocidade. Eles abrem fogo, mas o carro some na noite.
CENA 14 – INT. THE ALLEY – NOITE
ALGUÉM: [off] Hey.
CATHLEEN se assusta com uma mão no seu ombro e vira-se para encontrar ZACK. O garoto parece sério. CATHLEEN faz uma cara de tédio.
CATHLEEN: Oh, oi.
ZACK: Podemos conversar?
CATHLEEN olha ao redor.
CATHLEEN: Em público?
ZACK toma um momento para observá-la, um pouco irritado.
ZACK: Sim, em público. Achei que nós já tivéssemos passado disso.
CATHLEEN: Nós? Desculpa, mas nós não passamos por nada. Eu passo, você passa, eles talvez passem, mas nós nunca passaremos. Se for algo referente ao trabalho tenho certeza que você pode esperar até o expediente, chefe.
CATHLEEN dá um tapinha no ombro de ZACK e passa por ele, em direção aos fundos da lanchonete e de frente para a câmera. Vemos que a expressão da garota agora parece apavorada. Ela engole a seco e respira fundo.
CENA 15 – EXT. RANCHO JONES – NOITE
CATHLEEN está parada com as mãos nos bolsos de seu sobretudo. ZACK se aproxima com alguns papéis nas mãos e fica frente a frente com a garota.
CATHLEEN: O quê? Agora eu tenho que lidar com o segundo em comando? Traga-me César.
ZACK: [sorri] Sinto muito, mas você terá que contentar-se com Magnus. César está um pouco ocupado agora.
Os dois olham para a varanda da casa onde EHLIOS está sentado em uma cadeira ouvindo SARAH, que anda de um lado para o outro e parece furiosa com o garoto.
CATHLEEN: Tanto faz. Só cumpre a parte do acordo e me entrega os dois desenhos.
ZACK: [confuso] Como assim? Você deveria nos dar o seu. Fomos nós que chegamos ao cofre.
CATHLEEN: E fomos nós que tiramos vocês de lá!
ZACK: Acho que estamos num impasse.
CATHLEEN: De forma alguma. Eu posso te deixar inconsciente com um toque. Eu vou levar esses desenhos pra casa.
ZACK: [ri] Pode nada. E mesmo se pudesse eu tenho uma tal proteção na mente que às vezes nem a Sarah consegue entrar. Se alguém pode fazer ameaças aqui sou eu.
CATHLEEN levanta as mãos.
CATHLEEN: Hey, hey, hey. Não tô a fim de brincar de hidrante outra vez.
CATHLEEN o observa por um momento.
CATHLEEN: Então me dá metade do bebê e estamos quites.
ZACK: [ri] O quê?!
CATHLEEN: Nós temos três desenhos. Um e meio pra cada lado.
ZACK: Eu não vou rasgar o desenho! Pode danificar o código.
CATHLEEN: Não seja tão covarde!
CATHLEEN toma rapidamente um dos desenhos da mão de ZACK. Quando ela está prestes a rasgá-lo um brilho prateado toma seu corpo e CATHLEEN é paralisada.
CATHLEEN: Dá..a… oê… osto… or… aor?
ZACK parece confuso e parte da névoa prateada sai do rosto de CATHLEEN.
ZACK: O quê?
CATHLEEN faz algumas caretas, testando os músculos do rosto.
CATHLEEN: Obrigado, agora eu posso rolar meus olhos para você.
CATHLEEN rola os olhos e ZACK sorri timidamente. O garoto aproxima-se dela e pega o desenho que ela tentava rasgar. Ele então se aproxima ainda mais abrindo, delicadamente, o casaco da garota. ZACK, há poucos centímetros do rosto de CATHLEEN, coloca a mão dentro do casaco dela.
CATHLEEN: [sussurra] Por que os homens sempre preferem com algemas? Eu quero brincar também.
Ele retira do sobretudo dela um desenho com uma noiva.
ZACK: Agora sim, você pode ir pra casa e brincar.
CATHLEEN: Isso é tão injusto. A gente não leva nada por ter ajudado vocês a entrar e a sair daquela base militar? Onde está a gratidão?
ZACK parece meio confuso, mas se mantém firme.
ZACK: Se você acha que vai conseguir algo de mim com essa chantagenzinha emocional…
CATHLEEN: Eu não estou te chantageando! Só estou dizendo que nós nos arriscamos naquele lugar por vocês e não vamos ter nada em troca. Logo você que eu julgava ser o racional.
ZACK analisa por alguns momentos a garota e CATHLEEN faz uma expressão de súplica e pisca várias vezes. ZACK suspira rendido e a garota cambaleia por um segundo até ficar de pé novamente.
ZACK: Não acredito que estou fazendo isso.
CATHLEEN: Sabia que tomaria a decisão certa, ó sábio Magnus.
ZACK pega o desenho do bebê e o rasga no meio, dando metade para a garota.
ZACK: Aqui está.
CATHLEEN pega sua parte e coloca dentro do sobretudo.
CATHLEEN: Muito obrigada.
ZACK: Sabe, nós formamos um time e tanto lá atrás.
CATHLEEN concorda com a cabeça num gesto carregado de sarcasmo.
CATHLEEN: Com certeza. Vamos não fazer isso de novo, em breve.
Ela dá dois tapinhas no rosto de ZACK e dá as costas, indo em direção à Cherokee onde JOEY espera no volante.
CATHLEEN: [sem parar de andar] Sei que sou excelente no que faço mas… encare, Hayes. Nós nunca daríamos certo.
A garota entra no carro deixando ZACK com um tímido sorriso no rosto.
CENA 16 – INT. THE ALLEY – NOITE
Na lanchonete vemos poucas luzes ligadas e cadeiras sobre algumas mesas, denunciando que o horário de funcionamento acabou. Vemos JOEY e KENNEDY em uma das mesas com livros e cadernos à frente deles, mas sorriem e parecem conversar. Enquanto isso CATHLEEN esfrega o balcão e ZACK termina de colocar as cadeiras sobre as mesas, olhando para CATHLEEN vez ou outra. EHLIOS entra e todos voltam o olhar para o garoto.
EHLIOS: Então… encontros duplos no The Alley?
KENNEDY gira os olhos e começa a recolher suas coisas.
KENNEDY: Acho melhor eu ir embora.
A garota levanta e JOEY passa a recolher suas coisas também.
EHLIOS: Acalme-se, Lester. Só vim pegar minha carona pra casa. Não estou aqui pra interromper nenhuma noite romântica. Afinal, eu entendo a necessidade de um primeiro encontro depois de um beijo daqueles.
CATHLEEN parece confusa por um momento, mas logo olha incrédula para KENNEDY e JOEY. O garoto abaixa a cabeça enquanto KENNEDY olha com raiva para EHLIOS.
CATHLEEN: [abismada] Oh, meu Deus, é o Joey!! O Sr. Improvável!!
KENNEDY: Não!
KENNEDY aperta os olhos e vira-se para a amiga.
KENNEDY: [vacilante] Quer dizer… não é como se a gente…
CATHLEEN: [abismada] Oh, meu Deus, você ficou com o Joey?!
KENNEDY se aproxima do balcão.
KENNEDY: Cathy, eu ia te–
CATHLEEN: [abismada] C-como você pode… é… é o Joey!
JOEY: [ofendido] Hey! Como assim “é o Joey”?
Vemos ZACK tirar um molho de chaves do bolso enquanto ouvimos ao fundo KENNEDY, CATHLEEN e JOEY discutindo. ZACK joga as chaves para EHLIOS, que as pega.
ZACK: Cara, vai pra casa. Depois eu pego um ônibus… ou sei lá.
EHLIOS: Espera, você vai ficar aqui com os Rockets? Vamos pra casa.
ZACK: Você vai primeiro. Eu vou tentar apagar seu incêndio aqui.
EHLIOS: Por que você se importa tanto com essas pessoas?
EHLIOS aponta para os três jovens discutindo. Um falando por cima do outro.
EHLIOS: Eles não poderiam se importar menos com você.
ZACK, com uma expressão um pouco irritada, pega a mão de EHLIOS e coloca a chave nela.
ZACK: Só vai.
ZACK dá as costas e começa a se aproximar da discussão dos três—
EHLIOS: [tom alto] É ela, não é?
ZACK interrompe seus passos e os outros param de falar quando tem sua atenção tomada por EHLIOS. ZACK vira-se lentamente para o garoto e respira fundo, como se tentasse se controlar.
ZACK: [calmo] Ehlios, nem pense em fazer isso agora. Você pode esperar pra conversarmos sobre isso em casa?
EHLIOS: Não, cara, porque estou vendo você entrando em algo que não te fará bem. [aponta pra Cathleen] Essa garota não gosta de você!
CATHLEEN abaixa a cabeça e KENNEDY e JOEY parecem desconfortáveis.
EHLIOS: Nenhum deles gosta! Mais quantos cortes serão necessários pra você entender isso? Pra eles você é só um garçom.
ZACK engole a seco e JOEY, percebendo a situação, dá um passo a frente.
JOEY: [calmo] Ehlios, acho que você está passando dos limites.
EHLIOS: Não, não estou, Joey. Estou cansado de ver sua irmãzinha pisando nele—
ZACK: [calmo] Ehlios, pela última vez. Nós não vamos conversar sobre isso agora.
EHLIOS: E conversaremos quando? Ah, sim, no dia que você já tiver caído—
ZACK parece ir ficando gradualmente irritado.
ZACK: [irritado] Por que você se incomoda tanto quando tudo que eu quero é fazer alguma coisa dar certo pra mim nessa droga de vida que levamos!
EHLIOS olha para ZACK completamente surpreso com o tom incomum do garoto.
EHLIOS: [mais ameno] Mas ela não é a resposta pra isso, Zack. Sinto muito mas você ta trazendo mais sujeira pras nossas vidas.
ZACK: [irritado] É a minha vida! Isso não é da sua conta, Ehlios. Só porque você se tranca na sua bolha e se isola do mundo não quer dizer que eu tenha que fazer o mesmo!
EHLIOS sorri ironicamente e balança a cabeça em negativa, mas levanta as mãos em rendição.
EHLIOS: Okay, faça o que quiser, mas ela fará com você o mesmo joguinho que faz com todos os outros e depois que conseguir transar contigo, ela vai te dar um fora. Do mesmo jeito que fez com Harrison.
A expressão de ZACK vai da surpresa à revolta muda enquanto CATHLEEN prende um suspiro ao ouvir as palavras e seus olhos se enchem de lágrimas. KENNEDY aperta a mão da amiga e JOEY avança no colarinho de EHLIOS.
JOEY: [irritado] Okay, já chega! Vaza daqui!
EHLIOS tira as mãos de JOEY da sua blusa.
JOEY: [grita] Some, Ehlios!!
EHLIOS olha para os quatro que o encaram com ódio. Ele parece confuso por alguns segundos. O garoto então aperta os olhos e sai da lanchonete em passos largos.
Um silêncio toma o local.
KENNEDY passa o braço pelos ombros da amiga que, ainda estática, parece abalada com a situação. De costas para as duas está ZACK, também perplexo, ainda observando o local por onde EHLIOS saiu. JOEY dá meia volta e estende a mão para a namorada.
JOEY: Kay, acho melhor nós irmos.
A garota olha para a amiga, preocupada.
KENNEDY: Você vai fica bem?
CATHLEEN se recompõe.
CATHLEEN: Sim, vou. Eu cuido disso.
KENNEDY: Okay.
KENNEDY tira uma mexa de cabelo do rosto da amiga e sorri. Logo após ela pega a mão de JOEY e os dois saem da lanchonete. O sino da porta toca por longos segundos até que o silêncio volta a assolar o local. CATHLEEN, ainda observando ZACK de costas, cruza os braços e se encolhe, como se estivesse com frio.
ZACK: [nojo] Você transou com ele?
A garota respira fundo num suspiro tremido.
CATHLEEN: [tom baixo] Sim.
ZACK vira-se para encarar CATHLEEN. Ele tem uma expressão magoada no rosto, mas sua voz continua firme.
ZACK: E quando foi isso?
CATHLEEN: Logo depois que eu cheguei a Naranda.
ZACK balança a cabeça positivamente algumas vezes, com um olhar ferido.
ZACK: E ele já estava com Samantha.
CATHLEEN parece encolher-se ainda mais. A garota pisca várias vezes e olha pro teto quando a primeira lágrima corre seu rosto.
CATHLEEN: [voz trêmula] Sim.
ZACK: Quem mais sabe disso? Quer dizer… t-todo mundo sabe? Eu sou o único que não–
CATHLEEN enxuga a lágrima com rapidez.
CATHLEEN: Somente Kay e Joey.
A garota faz um grande esforço pra não chorar.
CATHLEEN: [riso nervoso] E de alguma forma Ehlios, aparentemente.
[MÚSICA – BAD DAY, DANIEL POWTER]
ZACK: [tom um pouco mais alto] Então ele está certo? Ehlios estava certo o tempo todo! O que estamos fazendo aqui, Cathleen? O que eu estou fazendo aqui?
CATHLEEN: [quase grita] Eu não sei, Zack! E eu sinto muito.
CATHLEEN respira mais uma vez e agora consegue controlar as lágrimas.
CATHLEEN: [irritada] Eu sinto muito se por um segundo eu achei que podia ter algo diferente e te arrastei pra isso tudo. Eu não posso! E eu sei disso! De alguma forma aquilo que você me disse naquela cozinha me trouxe de volta a realidade. [riso nervoso] Olhe pra mim! Eu não lavo louças e sirvo hambúrgueres! E eu nunca ficaria num serviço até meia noite e meia só pra conversar com um garoto. Vazia, despreocupada, sem se envolver com ninguém, isso é quem eu sou!
ZACK balança a cabeça em negativa.
ZACK: Eu não acredito nisso–
CATHLEEN: [riso irônico] E num mundo irônico e bizarro Ehlios é o único que aceita isso! Ele não tenta me salvar porque eu não preciso de salvação. [enfática] Você não precisa tentar me salvar, Zack, porque eu gosto de quem sou.
ZACK: [irritado] Não!! Eu…
ZACK olha pros lados e passa a mão nos cabelos.
ZACK: [tom baixo] Eu gosto de você, Cathleen. Eu não sei quanto a você, mas isso não acontece comigo com muita freqüência. A pessoa que você está descrevendo… não é quem eu conheço.
CATHLEEN: [irritada] E é isso que estou tentando te dizer, Hayes! A pessoa que você gosta… [sorri] não existe.
ZACK: [irritado] Por que você está fazendo isso? Por que você está sempre afastando as pessoas quando elas tentam realmente chegar à você? Quer dizer… você afastou a Kennedy porque tem medo demais de deixá-la saber quem você é e agora você está fazendo o mesmo comigo!
CATHLEEN: [grita] Eu acabei de te dizer quem sou!!
ZACK: [grita] Mas eu não aceito isso!!
A garota começa a tirar o avental.
CATHLEEN: [dá de ombros] Aí o problema já não é mais meu.
CATHLEEN joga o avental no peito de ZACK.
CATHLEEN: [seca] Lide com isso.
Ela passa por ele e começa a sair da lanchonete.
CATHLEEN: Eu me demito.
ZACK vira-se.
ZACK: [tom baixo] Não faz isso.
CATHLEEN: [sem parar de andar] Encare, Hayes. Nós nunca daríamos certo.
ZACK fecha os olhos e ouve a porta bater. Shot da lanchonete vazia e ZACK sozinho no centro. O garoto solta os ombros e agora tudo que ouvimos são os sons dos sinos de entrada.
CENA 17 – EXT. THE ALLEY – NOITE
CATHLEEN sai da lanchonete encarando o chão e tremendo. Ela levanta a cabeça e lá está a Cherokee preta, estacionada a sua frente. Através da janela vemos JOEY no volante e a porta de trás se abre revelando KENNEDY. A garota estende a mão.
KENNEDY: Entra.
CATHLEEN começa a chorar e entra no carro, deitando no colo da amiga. A porta se fecha e o carro parte.
CENA 18 – EXT. RANCHO JONES – NOITE
O jipe canta pneu na entrada da casa. EHLIOS sai do carro, irritado. Ele sobe os degraus da varanda e atravessa a porta da casa, jogando as chaves do carro sobre a mesa. O garoto sobe as escadas.
CENA 19 – INT. QUARTO DE EHLIOS – NOITE
EHLIOS bate a porta do quarto com força e se joga na cama, aumentando o volume do som no controle.
[MÚSICA – PRESSURE, STAIND]
A câmera gira velozmente ao redor dele várias vezes depois sobe e vira-se, filmando-o de cima. O garoto aperta os olhos e a câmera desce com rapidez e pára subitamente no rosto dele. Nesse momento ouvimos o barulho de algo se quebrar. EHLIOS senta na cama assustado.
EHLIOS: Zack?!
Sem resposta, EHLIOS coloca os pés no chão e vemos ao fundo um pouco de fumaça entrar por debaixo da porta. Uma luz crepitante reflete no chão do quarto. Ele levanta-se assustado e olha para a porta. Ele coloca a mão na fechadura, mas logo a balança no ar, com uma expressão de dor. O garoto estende a mão e aproxima-a devagar da porta, mas não consegue atravessá-la. Ele tenta mais algumas vezes sem sucesso e dá um soco na porta.
EHLIOS respira fundo e dá um salto no ar. Ao cair, ele atravessa o piso do segundo andar e bate com força na mesa da cozinha.
O garoto abre os olhos e vemos seu rosto em pavor. A câmera mostra o pequeno lustre no teto da cozinha pegar fogo e balançar perigosamente. EHLIOS joga-se para o lado, caindo no chão, na mesma hora em que o lustre vem abaixo e a mesa começa a pegar fogo. EHLIOS geme de dor e tosse.
O garoto afasta-se sentado e encosta-se na parede. Vemos duas paredes já foram tomadas pelo fogo. Ele tosse com mais força e se esforça para levantar. Olhando para a porta tomada pelo fogo, EHLIOS cobre o nariz com a camiseta. O garoto vai até a porta e dá um rápido chute com a parte de baixo do pé. Sem sucesso o garoto tenta novamente o arrombamento e sua calça começa a pegar fogo. Ele grita e cai sentado no chão, tirando a camisa rapidamente. EHLIOS bate a blusa na perna até que o fogo se apaga e então protege o nariz com o tecido. Tossindo muito, vemos EHLIOS piscar cada vez mais lentamente, até que o garoto cai desmaiado no chão da cozinha.
CENA 20 – INT. SALA DESCONHECIDA – NOITE
Num escritório luxuoso um homem engravatado entra rapidamente. Vemos uma poltrona alta virada de costas para ele. O homem parece com medo.
HOMEM: Senhor Heller, sinto informar-lhe que nossa segurança foi incapaz de impedir o roubo dos desenhos criptografados. Os cinco intrusos acabaram de deixar nossa instalação com posse dos documentos.
ULISSES fica em silêncio e o homem engole a seco, parecendo ficar ainda mais nervoso.
ULISSES: Ligue para a Liefield imeditamente. Ela saberá o que fazer.
CENA 21 – INT. SALA DESCONHECIDA – NOITE
A sala está escura e uma fraca luz de abajur clareia uma gaveta aberta. Dentro dela é jogada uma foto de uma noiva e por cima vemos cair uma foto de um bebê vestido de urso polar. As duas metades da foto estão coladas por uma fita adesiva. Por último vemos uma foto de uma menina correndo num campo verde cair sobre as anteriores. A gaveta é fechada. A câmera sobe revelando JULIA com o rosto sujo de fuligem. Ela apaga a luz do abajur e tira a blusa preta ficando apenas com o sutiã e a calça, também preta. JULIA dirige-se até o banheiro, onde a luz acessa reflete sutilmente no quarto não iluminado. Ela entra no banheiro e fecha a porta, tornando o quarto totalmente escuro. Tela preta.
PRODUÇÃO EXECUTIVA
Samir Zoqh
Luciana Rocha
ELENCO
Keira Knightley como Cathleen
Riley Smith como Joey
Paul Wasilewski como Zack
Ashly Lyn Cafagna como Kennedy
Bonnie Somerville como Julia
ELENCO RECORRENTE
Neve Campbell como Sarah
ESCRITA E EDITADA POR
Luciana Rocha
REVISADA POR
Marcos Damata
CRIADA E DESENVOLVIDA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha
MÚSICA TEMA
Late Great Planet Earth, Plumb
TRILHA SONORA
Suspended, Matt Nathanson
Sooner Or Later, Michael Tolcher
Bad Day, Daniel Powter
Pressure, Staind
A HYBRID STUDIOS PRODUCTION
DISTRIBUTED BY TELEVISION SERIES NETWORK
©2005
Série Virtual – Outsiders – Breathe You In
14/12/2011, 21:48. Redação TeleSéries
Ficção (séries virtuais)
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Série: Outsiders
Episódio: Breathe You In
Temporada: 1ª
Número do Episódio: 1×08
CENA 1 – SALA DA MANSÃO LIEFIELD – NOITE
CATHLEEN e JOEY estão assistindo um programa na enorme TV plasma na sala. As luzes estão apagadas e JOEY segura uma tigela de pipoca, de onde CATHLEEN, eventualmente, se serve. A garota joga as mãos pro ar como se estivesse indignada.
CATHLEEN: Isso é totalmente inútil!
JOEY arqueia as sobrancelhas.
CATHLEEN: É a mesma coisa toda a semana!
JOEY: [dá de ombros] Bem, eu gosto. O cara tem coragem, é heróico e convenhamos… tem duas gatas atrás dele.
CATHLEEN: [irônica] Se eu conseguisse parar balas com minhas mãos nuas eu também seria muito heróica. Fora que ele tem duas garotas bonitas e inteligentes atrás dele e passa anos sem decidir!
JOEY: Ele já decidiu. Só que se ele ficar com ela, vai colocar a vida dela em risco.
CATHLEEN: [indignada] O quê? Eu já perdi a conta de quantas aberrações já tentaram matar essa garota. Depois de tudo que ela já viu é capaz de quando ele disser que não é da Terra ela falar “Ah, é só isso? Puff! Com esse mistério todo eu achei que você fosse gay.”
JOEY: [rindo] O quê?
CATHLEEN: [arregala os olhos] Vai ver ele é gay! Quero dizer, ninguém consegue resistir por muito tempo ao Michael Rosembaum. [bate os dentes] Ele é yummy!
JOEY: Você tá dizendo que o Superman, o herói americano que defende o povo de Metrópolis… é gay?
CATHLEEN: Completamente plausível.
JOEY: Eu quero é uma explicação para o porquê de você estar estragando minhas reprises de Smallville em pleno sábado à noite! Você não devia estar na rua com a Kennedy ou… qualquer coisa?
CATHLEEN: Bem… eu e a Kay estamos meio que brigadas.
JOEY: [incrédulo] Você brigou com a Lester?
CATHLEEN: [defensiva] Não é culpa minha!
JOEY fica meio surpreso com o tom.
JOEY: Eu não disse que era. Mas pelo visto você acha que é.
CATHLEEN não responde. JOEY abaixa o volume da TV e encara a garota mais de frente.
JOEY: O que tá acontecendo, Cathy?
CATHLEEN: Eu que vou saber? Ela tá toda estranha! Não sei se é porque eu tenho furado um pouco nossos compromissos ultimamente, mas isso é culpa da Julia! Não é culpa minha se toda vez que ela quer conversar ou sair eu tô ocupada invadindo uma instalação militar, tirando um agente do manicômio ou chutando o traseiro do Ehlios. [Joey sorri timidamente] E agora toda vez que a gente conversa ela fica falando essas frases ambíguas, sabe? Como se ela tivesse incomodada com alguma coisa, mas quer que eu me toque sozinha.
JOEY: Bem, vai ver ela tá sentindo sua falta. Meio que com ciúme ou alguma coisa assim. [ele pondera e logo arregala os olhos] Ou vai ver ela é gay.
CATHLEEN: [rindo] O quê?!
Ela ri, mas JOEY permanece sério.
CATHLEEN: [incerta] Não. Kay não é… Nããão…
JOEY não agüenta e começa a sorrir devagar. CATHLEEN faz uma cara de abismada e bate nele com a almofada.
CATHLEEN: Você tá tirando uma com a minha cara!
Joey gargalha descontroladamente.
JOEY: Tô nada! Kennedy Lester está apaixonaaada por você!
CATHLEEN: Cala a boca! Eu quero assistir!
JOEY: Ah! Agora você quer assistir?
CATHLEEN: Quieto! Ele tá conversando com ela.
JOEY tenta controlar a risada e os dois voltam a encarar a TV. Na tela vemos um close de Kristin Kreuk.
K. KREUK: Clark, se tem alguma coisa que você quer me contar… algum segredo… você pode me dizer. Você pode confiar em mim.
CATHLEEN joga os braços para o ar novamente.
CATHLEEN: [inconformada] Ah! Por favor! [grita com a TV] Ela tá implorando pra você beijá-la! [apontando] E você sabe disso! [para Joey] Ele é totalmente gay.
JOEY: [ainda controlando o riso] Mm-hum.
Ele explode em risadas novamente e CATHLEEN dá um tapa em sua nuca.
CATHLEEN: Cala a boca. [tomando a vasilha de pipocas] E me dá isso aqui.
JOEY: [rindo] Ela tá apaixonaaada. Apaixonaaada.
CATHLEEN enfia uma mão de pipocas na boca do garoto que cai pro lado rindo. Eles começam a brigar com as almofadas e a conversa vai tornado-se indistinta.
[MÚSICA TEMA – LATE GREAT PLANET EARTH, PLUMB]
CENA 2 – COZINHA DA MANSÃO LIEFIELD – NOITE
CATHLEEN está sentada ao balcão da cozinha catando restos de pipoca de uma tigela enquanto JOEY assiste o saco de pipoca girar dentro do microondas.
CATHLEEN: Tá explicado.
JOEY: O quê?
CATHLEEN: Você sabe que isso afeta seu cérebro, né?
JOEY olha um pouco assustado pro aparelho e vai sentar ao lado de CATHLEEN.
JOEY: [vacilante] Eu sabia disso.
JULIA entra e os garotos acompanham com o olhar seu caminho até a geladeira.
CATHLEEN: Oi, Julie. Você tá bem?
JULIA fecha a geladeira e olha pra eles.
JULIA: [sorri] Eu ganho um prêmio quando tiver falado “estou bem” pela centésima vez? Porque já estou começando a imaginar balões caindo do teto ou… câmeras entrando por todas as portas e Ashton Kutcher saindo de trás de um espelho em algum lugar.
Eles continuam calados.
JULIA: [enfática] Eu estou bem.
JOEY: Eu sei que a gente tá sendo meio chato ultimamente, mas só estamos–
JULIA: Preocupados, eu sei. E eu agradeço. Mas não há necessidade.
JULIA vira de uma vez o pouco de leite do copo e vai até a pia onde começa a lavá-lo de costas para os garotos.
CATHLEEN: Então… você achou alguma coisa sobre o que fez aquele massacre em White Pine?
JULIA: Ainda nada concreto. Está sendo realmente difícil descobrir qualquer informação confidencial sobre aquela base.
JOEY: E quanto ao Burke?
JULIA engole a seco, mas os garotos não vêem. Ela parece triste.
JULIA: Bem, eu sei que ele não está no apartamento que arranjei pra ele. Isso é tudo. Ele desapareceu.
CATHLEEN: Como esperado. Aquele bastardo!
JULIA força um sorriso e vira para os garotos.
JULIA: Já disse, Cathie, não se preocupe com isso. Eu resolverei esse problema e as coisas voltarão a ficar normais nessa casa.
O microondas apita.
CATHLEEN: [gira os olhos] Tão normais quanto as nossas vidas conseguem ser.
JOEY pega a pipoca e CATHLEEN, a vasilha. Os garotos saem da cozinha e então JULIA desmorona em um dos bancos do balcão. Ela parece exausta. A mulher apóia a cabeça nas mãos, mas na mesma hora levanta a cabeça novamente com uma expressão de dor. Ela passa a mão levemente em seu corte no supercílio.
CORTA PARA:
Shot do deserto. O céu clareia e o sol nasce e se põe rapidamente. Ele nasce mais uma vez.
CENA 3 – INT. NARANDA HIGH SCHOOL – DIA
[MÚSICA – MADE OF STEEL, OUR LADY PEACE]
CATHLEEN cruza as portas do colégio e vemos HARRISON e SAMANTHA vindo em sua direção. A garota sorri.
CATHLEEN: Oi, gente. Bom dia.
SAMANTHA: Pra você é boa sorte, amiga. Você vai precisar.
SAMANTHA aponta para trás de si com o dedão e se afasta com HARRISON. CATHLEEN olha para a direção indicada e vemos KENNEDY fechando um armário com raiva. A garota ajeita os livros e começa a vir na direção de CATHLEEN. Ao perceber sua presença, KENNEDY olha pra frente ignorando a amiga. CATHLEEN se aproxima, mas KENNEDY continua andando.
CATHLEEN: Oi.
KENNEDY: [seca] Oi.
CATHLEEN aperta o passo para acompanhar a amiga.
CATHLEEN: [gira os olhos] Até quando você vai continuar me tratando assim?
KENNEDY: [indiferente] Assim como, Cathleen?
CATHLEEN: Como seu eu fosse a pior coisa que aconteceu desde o divórcio da Aniston.
KENNEDY: Não coloca a minha família no meio disso.
CATHLEEN corre até a frente de KENNEDY e a para pelos ombros.
CATHLEEN: Disso o quê? Me diz qual é o problema!
KENNEDY: Não tem problema nenhum, Cathleen. Deveria haver algum problema?
CATHLEEN: [suplicante] Vamos, Kay, não me obriga a implorar. Você sabe o quanto eu odeio implorar.
KENNEDY lança um olhar para a garota e continua andando. CATHLEEN solta um suspiro de desistência e a câmera mostra ZACK e EHLIOS entrando pela porta da frente. ZACK dá um sorriso para CATHLEEN, mas a garota apenas vira de costas e segue na direção em que Kennedy partiu. ZACK olha para o chão e EHLIOS balança a cabeça em negativa. Eles voltam a andar.
EHLIOS: Isso tá começando a ficar patético.
ZACK: [confuso] O quê?
EHLIOS: [imitando Zack] “O quê”? Vocês podiam tentar ser um pouco menos explícitos. Algo tipo… transar com ela no meio do corredor escolar.
ZACK: [confuso] Do que você tá falando?
EHLIOS olha pra ele por um segundo, perplexo.
EHLIOS: Você me irrita!
ZACK: Espero que não muito, porque eu estou precisando de um favor.
EHLIOS: O que aconteceu com a época em que as pessoas te subornavam e bajulavam em troca de favores? Você tira totalmente a graça do momento.
ZACK olha para ele com uma expressão entediada.
EHLIOS: Tá. Fala.
ZACK: Tem com você me dar uma força essa tarde na lanchonete? O Devon teve que viajar e tem uma montanha de contas pra conferir.
EHLIOS abre um armário e ZACK encosta-se nos outros.
EHLIOS: Acho que não, cara. Hoje é dia de monitorar o Joey. Uma tarde inteira enfurnado na nossa cozinha tentando colocar biologia pela goela abaixo. E embora comparado a isso a oferta de servir jogadores burros e cheerleaders irritantes por toda a tarde pareça tentadora, se não aumentar a nota dele a Miller me mata.
EHLIOS fecha o armário.
ZACK: Droga. Cathleen, Mike e eu teremos que nos virar naquele lugar. E a propósito, a Sarah ficará o dia inteiro em casa hoje para a checagem do mês. É melhor vocês arranjarem outro lugar para estudar.
EHLIOS: [desanimado] Mais essa.
JOEY atravessa as portas do colégio.
EHLIOS: Ei, falo com você depois, okay?
ZACK concorda com a cabeça e se afasta. EHLIOS se aproxima de Joey.
EHLIOS: Ei, cara.
JOEY percebe EHLIOS e os dois caminham juntos.
JOEY: Ei.
EHLIOS passa o braço pelos ombros de JOEY.
EHLIOS: Então… você tem aquela TV plasma irada na sala, certo?
JOEY: Como você sabe disso?
EHLIOS: [disfarçando] Só um chute. Por vocês serem ricos e tal. [animado] Aposto que deve ter uns trezentos canais!
JOEY olha para o garoto, intrigado. A câmera os mostra distanciando-se.
CENA 4 – INT. MANSÃO LIEFIELD – DIA
Shot da porta. Ela se abre e JOEY e EHLIOS entram. Vemos JULIA descendo as escadas. Ela não percebe EHLIOS.
JULIA: Joey, que bom que chegou. Eu preciso que você cheque–
JULIA termina de descer os degraus e vê EHLIOS ao lado de Joey.
JULIA: Oh, oi. Boa tarde, Ehlios.
EHLIOS: Boa tarde, Srta. Liefield.
JULIA tenta disfarçar a sua desaprovação com a presença de EHLIOS.
JULIA: Não sabia que iria trazer… amigos para casa.
JOEY: Não dá pra gente estudar na casa dele e eu odeio a biblioteca da escola. Espero que não tenha problema.
JULIA: Não, claro que não. Posso falar com você um instante?
EHLIOS joga a mochila no sofá e senta, pegando o controle remoto. JOEY segue JULIA até a cozinha.
CENA 5 – COZINHA MANSÃO LIEFIELD – DIA
JULIA vira-se para JOEY.
JULIA: Quantas vezes terei que repetir que não quero vocês andando com esses garotos?
JOEY: [defensivo] Não é como se eu tivesse escolha! Sra. Miller nos obrigou a isso e pra falar a verdade eu realmente tô precisando aumentar minhas notas.
JULIA: Tenho certeza que você consegue fazer isso sozinho. Esses dois nessa casa não são uma opção.
JOEY: O quê? Você quer que eu vá lá e o expulse? [para por um segundo e sorri] Posso?
JULIA inclina a cabeça.
JULIA: Só vai lá e faz o que vocês tiverem que fazer por hoje. Mas depois disso acabou. Eu conversarei com a Miller.
JOEY parece um pouco contrariado.
JOEY: [dá de ombros] Okay.
O garoto começa a sair–
JULIA: Mas antes…
Ele vira-se novamente.
JULIA: …preciso que você cruze alguns dados de White Pine com uma das–
JOEY: Posso fazer isso mais tarde? Quer dizer, eu tenho toneladas de capítulos pra estudar e considerando que essa é minha última aula…
JULIA gira os olhos, irritada.
JULIA: Isso é importante.
CATHLEEN entra na cozinha, apressada.
CATHLEEN: O que é aquilo na nossa sala?
A garota pega uma maçã e dá uma mordida.
JULIA: Aparentemente o Joey está tendo um estranho impulso social, hoje.
CATHLEEN: Bem, dá próxima vez que seus impulsos sociais envolverem Ehlios, por favor, enfia a cabeça num travesseiro e grita até que eles passem.
JOEY: Deus, vocês falam como se tivesse trazido o Anticristo para essa casa.
CATHLEEN: Se você visse a maneira que a cabeça dele gira quando está assistindo esses desenhos, reconsideraria essa frase.
JOEY: Então deixa eu terminar logo essa maldita monitoria e acabar com o sofrimento de vocês.
JOEY vai para a sala de estar e CATHLEEN começa a sair da cozinha pela porta dos fundos.
JULIA: Cathleen, eu queria que você–
CATHLEEN: Não posso. Trabalho.
E com isso a garota deixa a casa. JULIA parece irritada.
CENA 6 – INT. MANSÃO LIEFIELD – DIA
JOEY entra na sala e encontra EHLIOS deitado no sofá assistindo TV. Nela, vemos cenas de algum anime japonês.
EHLIOS: [animado] Cara! Você tem TV Nihon! E em japonês!
JOEY: [desinteressado] É, bom pra mim.
EHLIOS: [passando os canais] Essa casa é tão maneira!
JOEY: [entediado] Dá pra gente ir?
EHLIOS, animado, levanta do sofá em um pulo.
EHLIOS: Eu quero um tour!
JOEY: Você quer um o quê?
EHLIOS: [animado] Um tour, cara!
JOEY: Eu não vou te dar um tour.
EHLIOS: Vamos, cara! [olhando em volta] Olha pra essa casa!
JOEY: [um pouco irritado] Eu estou com cara de Tamara Bailey pra você? [enfático] Não vou te dar um tour. Vamos subir e terminar logo com isso.
EHLIOS parece desanimado. JOEY vai em direção das escadas. EHLIOS aponta as mãos pra baixo.
EHLIOS: Okay, então essa é a sala de estar certo? [olha pra todos os lados, animado] E aquela é a cozinha.
Ele começa a seguir JOEY, apontando para as grandes portas corridas de vidro.
EHLIOS: E aquele é o jardim detrás, certo? [arregala os olhos] O gigantesco jardim.
JOEY revira os olhos enquanto eles chegam ao pé da escada e EHLIOS olha pra dentro da sala de treinamento.
EHLIOS: Cara! Vocês têm uma sala de combate!
JOEY: [irritado] Dá pra parar com isso?
EHLIOS faz umas caretas, imitando JOEY, mas para de falar. Eles sobem as escadas em silêncio. Quando estão quase chegando ao topo…
EHLIOS: Okay, então essa é a escada, certo?
CENA 7 – INT. THE ALLEY – DIA
[MÚSICA – HATE EVERY BEAUTIFUL DAY, OUR LADY PEACE]
A casa está cheia. Vemos um garoto servindo algumas mesas, mas ele não parece conseguir atender à demanda. ZACK está no balcão, rodeado de papéis. Ele digita alguns números na calculadora enquanto CATHLEEN, também atrás do balcão, mas sentada há alguns passos de distância, lixa suas unhas calmamente.
ZACK: [irônico] Sinta-se livre para começar a trabalhar a qualquer momento, okay?
CATHLEEN não responde e continua concentrada em sua tarefa.
ZACK: Porque eu realmente acho que o Mike poderia fazer bom uso de uma ajuda.
CATHLEEN continua impassível. ZACK suspira e vira-se pra garota.
ZACK: Por quanto tempo você vai ficar me ignorando? Tem como deixar isso em compasso de espera só enquanto eu estou afogando nessas contas?
Um homem de boa aparência [Brendan Routh] entra na lanchonete e senta-se ao balcão. CATHLEEN sorri com a presença dele e levanta da cadeira.
CATHLEEN: [seca] Claro, chefe.
A garota se aproxima do homem e inclina-se sobre o balcão, sorrindo abertamente.
CATHLEEN: Oi, bem vindo ao The Alley. O que posso fazer por você?
ZACK olha perplexo para a cena. O garoto recolhe a papelada de qualquer jeito e sai irritado, entrando na porta dos fundos da lanchonete. O homem parece intrigado com a atitude de ZACK. CATHLEEN observa a porta dos fundos oscilando pra frente e pra trás, com raiva.
HOMEM: Hey, na verdade eu estou querendo uma informação.
A garota endireita-se e agora fala com ele normalmente.
CATHLEEN: Claro…
HOMEM: [completando] Alan.
Ele estende a mão e CATHLEEN recebe o cumprimento.
CATHLEEN: Cathleen.
ALAN: É um prazer, Cathleen. Você sabe onde posso encontrar Sarah Jones?
CATHLEEN: Sarah? Claro. Ela mora em uma pequena propriedade do lado de fora da cidade. Não é muito longe.
ALAN: Você pode me explicar como chegar?
CATHLEEN, por sua visão periférica, olha para a pequena janela na porta dos fundos e vemos ZACK observando-a disfarçadamente.
CATHLEEN: Posso fazer melhor do que isso [ela tira o avental] Posso te levar lá.
CATHLEEN rodeia o balcão e sai puxando ALAN pela mão. ZACK adentra a área da lanchonete novamente e observa ALAN e CATHLEEN cruzarem a porta principal. Ele parece magoado.
CENA 8 – INT. RANCHO JONES – DIA
CATHLEEN e ALAN estão na varanda da casa. A garota bate na porta que logo se abre revelando SARAH.
SARAH: [surpresa] Cathleen?
CATHLEEN: Oi, Sarah. [mostra Alan] Esse é o Alan. Podemos entrar?
SARAH: Claro.
SARAH abre passagem e os dois entram. Todos se sentam à mesa da cozinha.
SARAH: O que posso fazer por vocês?
CATHLEEN: Alan acabou de chegar na cidade à sua procura.
SARAH levanta as sobrancelhas e ALAN estende a mão através da mesa.
ALAN: Me desculpe por chegar sem avisar. Eu sou Alan Howe.
SARAH aceita o cumprimento.
SARAH: Muito prazer, Alan. Do que se trata?
ALAN: Bem, Sra. Jones–
SARAH: Sarah, por favor.
ALAN: Sarah… eu vim até você por indicação de David Coven.
SARAH balança a cabeça afirmativamente denunciando que sabe de quem se trata.
ALAN: Ele me disse que talvez você pudesse me ajudar em minha busca.
SARAH: Que busca?
ALAN: Faz pouco mais de cinco meses que estou na estrada, atravessando vários estados em busca de Rebecca Bartell. Minha noiva. Quando passei por Ohio, David me abrigou em sua casa por uns dias. Depois que descrevi a ele o estranho comportamento de Rebecca ele me disse que com sorte você poderia me ajudar, mas não me disse por quê.
SARAH: Estranho comportamento?
ALAN: Durante todos os anos que passei com Becky, eu sempre soube que ela esconde algo.
SARAH e CATHLEEN se entreolham.
ALAN: Ela nunca se aprofunda ao falar dos pais e de tempos em tempos ela sumia deixando pra trás apenas um bilhete dizendo que estava bem e que voltaria logo. E ela sempre voltou em uma ou duas semanas, mas não dessa vez. [assustado] Então fiquei preocupado. Tenho seguido o rastro de Rebecca, mas para ser sincero ele sumiu há meses. Nesse ponto, eu estou simplesmente vagando e esperando para que qualquer pista apareça.
SARAH respira fundo.
SARAH: Olhe, Alan. O comportamento de Rebecca não me é estranho e sim, pode ser que eu saiba onde ela está, mas não posso te dar garantias. O grupo de pessoas que protejo é grande–
ALAN: [preocupado] Protege? Ela está em perigo?
SARAH levanta e vai até a geladeira.
SARAH: Eu não sei. É possível, mas eu não me lembro do nome de sua namorada entre as pessoas de quem cuido, então não quero alarmá-lo sem necessidade. [ela serve um copo de água] Só preciso fazer um telefonema e com sorte, sua noiva estará bem.
SARAH coloca o copo de água na frente de ALAN enquanto ele passa as mãos no rosto de forma preocupada. A mulher começa a sair da sala.
SARAH: Cathleen?
CATHLEEN levanta-se da mesa e segue SARAH. Elas se afastam de ALAN, indo até a sala de estar, onde SARAH pega o telefone e disca alguns números. A resposta do outro lado da linha vem com apenas um único toque.
SARAH: Kenny? Filtre a linha, por favor.
A mulher põe o telefone contra o ombro para falar com Cathleen.
CATHLEEN: Você acha que ela é um de nós?
SARAH: Eu não sei. É provável com todos os segredos e os sumiços sem explicação. Provavelmente fugia de algum caçador do governo. Mas agora eu preciso que você vá pra casa. Eu posso cuidar disso e acho que Julia não ficará nada feliz quando descobrir que você veio aqui.
KENNY: [Voice over] A linha está segura, Sarah.
A mulher coloca o fone no ouvido.
SARAH: Preciso que você pesquise o nome de Rebecca Bartell na lista de checagem. Dois “L”s.
SARAH volta a colocar o fone no ombro.
CATHLEEN: É, eu acho que você está certa.
SARAH tira uma chave do bolso.
SARAH: Aqui. Pegue meu carro. Zack ou Ehlios podem trazê-lo quando voltarem para casa.
CATHLEEN pega a chave.
CATHLEEN: [sorri] Obrigada. No caminho eu penso no que dizer quando a Julia ler em mim que estive por aqui. Se você precisar de alguma ajuda, por favor, me liga.
SARAH afirma com a cabeça e CATHLEEN começa a sair.
SARAH: Oh, e Cathleen… [a garota dá meia volta] Eu posso te ensinar a bloqueá-la.
CATHLEEN olha para SARAH com curiosidade, mas não diz nada. SARAH sorri enquanto a garota dá meia volta e sai da sala.
CENA 9 – INT. MANSÃO LIEFIELD – NOITE
JOEY e EHLIOS estão no quarto de JOEY. Eles estão sentados à mesa de estudos do garoto, rodeados de livros. JOEY parece entediado.
EHLIOS: Células responsáveis por gerar impulsos elétricos?
JOEY: Células marca-passo.
EHLIOS: Situadas no…
JOEY: [entediado] Nó sino-atrial e responsáveis pelos batimentos cardíacos.
EHLIOS: [um pouco irritado] Estou te entediando, Joey?
JOEY lança um olhar para EHLIOS, que então suspira e fecha o livro.
EHLIOS: O que eu tô perguntando? Estou entediando até a mim mesmo.
JOEY: Já chega dessa matéria, cara.
EHLIOS: Bem, sinto muito, mas se pretende passar em Biologia ainda temos mais três capítulos para nos deliciar.
EHLIOS deixa a cabeça cair sobre o livro fechado.
EHLIOS: [irônico] O que é algo que eu, obviamente, mal posso esperar pra fazer.
JOEY solta um ganido em agonia.
JOEY: Nesse momento até sua TV Nilon soa mais interessante que isso.
EHLIOS levanta a cabeça.
EHLIOS: É Nihon, poço de cultura. E quer saber de uma coisa? Dane-se. Você é rico. Pode comprar os professores ou algo do tipo.
JOEY: Por que você é tão obcecado com esse lance de eu ser rico? São só… coisas.
EHLIOS: Você diz isso porque as tem, Steve Sanders. Você e Cathleen tiveram sorte e agora só precisam encarar quem são quando estão entediados. [irônico] “Não tem Lost inédito hoje então que tal invadir uma base militar e pegar uma pizza depois?”
JOEY: [indignado] Você acha que tivemos sorte?!
EHLIOS: [irônico] Oh, me desculpa, você não tem o novo iPod? Eu retiro totalmente o que disse.
JOEY inclina-se para frente olhando nos olhos de EHLIOS com raiva.
JOEY: Você não sabe nada sobre nós! Então não se atreva a dizer que temos sorte quando não faz idéia do que já passamos!
EHLIOS: O quê? Você quer comparar cicatrizes agora? Porque eu te garanto que nesse joguinho eu ganho.
JOEY solta um rápido sorriso como se não acreditasse no que ouviu.
JOEY: Você é inacreditável.
EHLIOS: Não, cara, eu sou real. Minha vida teve problemas e eu lido com eles todos os dias.
JOEY: Lida como? Tentando transformar tudo no seu episódio favorito de Yu Yu Hakusho?
EHLIOS: Oh, me desculpa se não me envergonho de quem sou. Eu sei o que gosto e o faço. Tenho apenas 16 anos, mas já sofri o suficiente pra deixar uma inglesa mimada me podar.
JOEY engole a seco, mas não responde.
EHLIOS: Você também não deveria deixar.
JOEY: Ela não faz isso. Sei que é dessa forma que parece, mas eu não me importo.
Um silêncio desconfortável estaciona-se no local. JOEY remexe-se no mesmo lugar enquanto EHLIOs parece querer falar algo.
EHLIOS: [incerto] Então… o que é?
JOEY: O que é o quê?
EHLIOS: O que aconteceu com vocês dois pra você não reconhecer a sorte que teve de ter sido adotado por Julia?
JOEY parece ainda mais deslocado. Ele respira fundo.
JOEY: Eu e Cathleen fomos vítimas da Operação Retomada.
EHLIOS: E isso seria…?
JOEY: Quatro anos atrás o governo americano decidiu resolver o problema que nós somos para o mundo de uma forma mais… agressiva.
EHLIOS: O que você quer dizer?
JOEY: Eles armaram uma grande operação pelo mundo todo para a busca e extermínio de pessoas como nós. Julia disse que suas ordens eram para matar-nos, independente da forma que encontrassem para isso. [vacilante] Quando a minha casa e a de Cathleen viraram alvos, nossos pais foram mortos no fogo cruzado.
JOEY abaixa a cabeça e EHLIOS parece chocado com a revelação.
EHLIOS: Cara… eu… eu sinto muito.
JOEY: Está tudo bem.
JOEY parece muito triste. EHLIOS respira fundo.
EHLIOS: Meu pai me abandonou num hospital quando eu tinha quatro anos.
JOEY levanta a cabeça e olha para ele surpreso.
EHLIOS: O bilhete no meu bolso dizia que eu tinha nascido com “o sangue ruim da família”. Acho que ele não ficou muito feliz quando eu comecei a derreter os carrinhos de brinquedo com um toque.
JOEY: E quanto à sua mãe?
Passa a mão nos cabelos.
EHLIOS: Ela morreu no parto. Disso eu sei porque me lembro das noites que o filho da mãe enchia a cara e gritava que eu tinha a matado.
JOEY: [chocado] Cara… eu–
EHLIOS chega a cadeira pra frente e encara JOEY nos olhos.
EHLIOS: Mas isso não importa mais porque nós temos outra vida, cara. Me levou muito tempo mas Sarah me achou. E Julia achou vocês. O segredo é não deixar mais nada nos impedir de fazer o que gostamos, o que queremos. E pra você… agradeça por ter isso tudo aqui. [olha em volta] Porque é incrível.
JOEY olha para EHLIOS por um segundo enquanto pensa sobre o que o garoto diz. Logo depois ele abre um pequeno sorriso.
JOEY: Então. Você ainda quer aquele tour?
CENA 10 – INT. THE ALLEY – NOITE
[MÚSICA – HUMAN, FISHER]
KENNEDY entra na lanchonete cheia onde vemos ZACK tentando servir algumas mesas. Ele passa pela garota e dá um pequeno “Hey”, indo imediatamente para trás do balcão. KENNEDY senta num banco à frente dele enquanto o garoto começa a encher copos com refrigerante na máquina, apressadamente.
KENNEDY: Hey, onde está Cathy?
ZACK deixa um copo cair no chão e esvazia os pulmões, irritado.
ZACK: [irritado] Não está trabalhando, isso eu te garanto.
KENNEDY: Esse lugar está lotado. Você é louco o suficiente para dar folga pra ela num dia desses?
ZACK lança um olhar pra KENNEDY e depois joga um pano por cima do refrigerante derramado.
KENNEDY: Oh.
ZACK: Exatamente. [enchendo mais copos] Sua amiga me deixou na mão e saiu por aí com o primeiro cliente boa pinta que apareceu pela frente.
KENNEDY: [para si] Quer saber? Dane-se. Nem acredito que vim até aqui.
KENNEDY levanta e começa a ir embora.
ZACK: [confuso] Como é?
A garota vira-se para ele, irritada.
KENNEDY: Por um momento eu achei que você fosse o grande segredo da Cathleen e agora ela sai por aí com outro cara. Como eu fui estúpida.
ZACK para de servir os refrigerantes e encara a garota.
ZACK: E o que te faz pensar que eu poderia ser o segredo da Cathleen?
KENNEDY: [gira os olhos] Por favor? Você ao menos a conhece? Ela está lavando pratos por você! E você? [irônica] Tenho certeza que dá esse ataque de ciúmes por todas as suas outras não-existentes colegas de trabalho.
ZACK parece sem graça.
KENNEDY: Bem, eu acho que estava errada, certo? Você claramente não é o segredo dela, porque se for [ri rapidamente], bem, não é muito bem guardado. Ela está escondendo alguma outra coisa. Alguma coisa que eu claramente não sou confiável o suficiente para saber. E se esse é o caso… [dá de ombros] Eu cansei.
KENNEDY vira-se para sair novamente e ZACK rodeia o balcão, correndo atrás dela.
ZACK: Ei, espera, Kennedy. [ele a alcança] Espera.
KENNEDY olha pro garoto.
ZACK: Não faz isso.
KENNEDY: Eu não estou fazendo nada! Ela é quem está colocando limites na nossa amizade. Daqui pra frente eu vou simplesmente colocar os meus.
ZACK: Não, Kennedy, olhe.
Algumas pessoas chamam ZACK, mas ele sacode a cabeça afastando os chamados.
ZACK: Acredite em mim, quando pessoas têm grandes segredos elas ficam com medo. Você é a melhor amiga dela. Se ela não te disse algo é porque está provavelmente com medo de sua reação e não porque não confia em você.
KENNEDY olha pra ele, relutante.
ZACK: Não vá lá e faça algo que se arrependerá depois e que não poderá ser reparado. Nesse momento ela precisa saber que você está do lado dela incondicionalmente. Se você conseguir mostrá-la isso, ela se abrirá. Eu garanto.
KENNEDY passa a mão nos cabelos e sai com uma expressão confusa.
CENA 11 – INT. RANCHO JONES – NOITE
SARAH está falando no telefone da sala sob o olhar preocupado de ALAN, da cozinha. Após alguns momentos a mulher desliga o aparelho e se aproxima dele.
ALAN: [apreensivo] Você esteve ali pelas últimas duas horas. Por favor me diga que conseguiu algo.
SARAH respira fundo e senta na frente do garoto.
SARAH: Sim, consegui. Mas não tão boas como gostaria.
ALAN parece parar de respirar.
ALAN: Ela está bem?
SARAH sorri.
SARAH: Sim, até onde sei ela está.
ALAN respira aliviado.
ALAN: Graças a Deus.
SARAH: Rebecca Bartell não estava nos meus contatos, mas por sorte nós tínhamos um Gavin Bartell.
ALAN: O pai dela.
SARAH: Exatamente. Gavin me disse que Rebecca entrou em contato com ele há pouco mais de um mês para pedir que ele parasse de procurá-la e que… ela sairia do país.
ALAN parece se desesperar.
ALAN: Ela o quê?
SARAH: Foi um pouco difícil, mas conseguimos rastrear a ligação e achamos o hotel que ela estava hospedada em St. Paul, Minnesota.
SARAH parece tentar encontrar as palavras.
SARAH: Ela partiu num avião no último dia 27 para Shanghai.
ALAN está com os olhos cheios de lágrimas.
ALAN: Meu Deus.
Ele levanta e começa a andar de um lado pro outro, descontrolado.
ALAN: C-como isso é possível? Ela nem sabe a língua! [irritado] Quer dizer, se ela não queria casar comigo, tudo que precisava fazer era falar!
ALAN encosta-se na parede, derrotado e leva as duas mãos à cabeça, chorando. SARAH levanta-se e vai até ele.
SARAH: Se acalme, Alan. Eu não acredito que Rebecca tenha te deixado. Eu falei com Gavin, ele estava fora de si, querendo notícias da filha. Disse que Rebecca alegou ter achado alguém para protegê-la. Ele estava preocupado.
ALAN enxuga as lágrimas e encara a mulher.
SARAH: E além de mim, Alan, eu só consigo pensar em uma outra pessoa que pode alegar proteger Rebecca. [pausa] Sua noiva está envolvida com as pessoas erradas.
CENA 12 – INT. MANSÃO LIEFIELD – NOITE
JOEY abre a porta revelando KENNEDY do lado de fora. Os dois formam uma expressão de desapontamento.
KENNEDY: Ah, você.
JOEY: Esperava por quem? Príncipe William?
KENNEDY: [olhar pensativo] Não doeria.
Ela entra na casa e vai em direção à escada.
JOEY: Ela ainda não chegou da lanchonete.
KENNEDY dá meia volta e sai novamente da casa.
JOEY: Ei, espera. Você pode entrar e esperar por ela. Eu não mordo.
KENNEDY: Eu não duvido.
JOEY: [sorri] Entra logo. Acho que ainda tem algum suco–
KENNEDY: [riso nervoso] Não, não, não, senhor. Eu não caio nessa outra vez.
JOEY franze o cenho.
JOEY: Nessa o quê?
KENNEDY aponta pra ele, nervosa.
KENNEDY: Você!
JOEY: O que eu fiz?
KENNEDY: [irritada] Você não é humano!
JOEY parece surpreso por um segundo.
JOEY: [arregala os olhos] O quê?
KENNEDY: [irritada] Você tem essa coisa estranha em você que me faz querer conversar por horas e isso [gritando] não é normal! Antes que eu perceba estou te pedindo para me levar em casa ou te confessando meus problemas! Então pára!
JOEY: [confuso] Como você espera que eu controle algo desse tipo?!
KENNEDY: [irritada] Não me importa! Só estou dizendo para você parar!
JOEY: [inconformado] Deus, tudo que eu fiz foi abrir a maldita porta! Desculpa por não te deixar plantada aqui fora e te convidar para esperar no meu confortável sofá!
KENNEDY: [irritada] Bem, eu gostaria de lembrar do dia em que tocava a droga da campainha e não era você atrás dessa maldita porta! Meu mundo era perfeito naquela época!
[MÚSICA – BREATHE YOU IN, THOUSAND FOOT KRUTCH]
JOEY sorri por um momento.
JOEY: Sua visão de mundo perfeito me inclui como um não-porteiro?!
KENNEDY: [irritada] Minha visão de mundo perfeito não te inclui! Nela eu não penso o que ando pensando e muito menos sinto o que ando sentindo!
Um sorriso se abre lentamente no rosto de JOEY. KENNEDY cruza os braços.
KENNEDY: [grossa] O quê?
JOEY: [se aproxima] No que você anda pensando, Kennedy?
Eles se olham nos olhos e KENNEDY engole a seco.
KENNEDY: [vacilante] N-não importa.
O garoto aproxima-se ainda mais e desfaz o sorriso, olhando-a profundamente.
JOEY: No que anda pensando, Kennedy?
KENNEDY: [sussurra] Não faz isso.
JOEY levanta as sobrancelhas.
JOEY: [sussurra] O quê? Você acha que vou te beijar a força?
Eles se encaram e KENNEDY então fecha a distância entre eles, tocando os lábios de JOEY. Após um longo momento ela interrompe o beijo e o olha novamente. O garoto parece sem reação, então ela aperta os olhos e balança a cabeça, arrependida. Ela vira-se para ir embora, mas JOEY a puxa pelo braço e seus lábios se encontram novamente, dessa vez num profundo beijo. JOEY segura o rosto de KENNEDY em suas mãos e a garota passeia as mãos pelas costas dele. Após um longo beijo eles se separam e JOEY envolve a cintura da garota em seus braços. Eles sorriem.
KENNEDY: [sussurra] Você é patético.
JOEY: [sussurra] Você também.
[Música fade out]
Palmas são ouvidas e eles viram-se para encontrar EHLIOS no topo da escada. O garoto finge enxugar uma lágrima.
CENA 13 – INT. THE ALLEY – NOITE
[MÚSICA – SOMEWHERE OUT THERE, OUR LADY PEACE]
CATHLEEN entra na lanchonete usando sua chave. O local já está vazio e a maioria das luzes apagadas. Vemos ZACK sentado em uma das mesas fazendo algumas contas. Ela vai rapidamente até ele. Ele vê CATHLEEN entrando e começa a levantar-se.
CATHLEEN: [seca] Não se incomode.
Ela joga um molho de chaves na mesa e ZACK senta-se novamente, deslocado.
CATHLEEN: O carro da Sarah está lá fora.
Ela vira-se e começa a sair da lanchonete.
ZACK: [confuso] O que você estava fazendo com o carro dela?
CATHLEEN: [sem parar de andar] Não acredito te dever nenhuma satisfação, Zack.
ZACK observa CATHLEEN sair da lanchonete com a expressão de alguém que recebeu um soco.
CENA 14 – EXT. THE ALLEY – NOITE
Um carro para na frente de CATHLEEN quando ela ainda está na calçada da lanchonete. ALAN sai de dentro do carro.
CATHLEEN: [surpresa] Alan, oi.
ALAN: Oi. [ele encosta no carro] Eu vim te avisar que nós a encontramos.
CATHLEEN: [sorri] Isso é ótimo. Ela está bem?
ALAN: Sim, ela está na China.
CATHLEEN parece surpresa e não consegue segurar o riso. ALAN também ri brevemente com a garota.
ALAN: Eu sei, eu sei… mas ela está bem.
CATHLEEN: E o que você vai fazer agora?
ALAN: Eu e Sarah vamos atrás dela.
CATHLEEN: [surpresa] Nossa. Eu poderia imaginar todos os desfechos para essa sua busca, menos você indo parar na China.
ALAN: [convicto] Se é lá que ela está, é pra lá que eu vou.
CATHLEEN olha para ele com admiração.
CATHLEEN: Você deve realmente amá-la.
ALAN: Eu achei a certa para mim e não a deixarei fugir tão fácil. Você também não deveria deixar o seu.
ALAN faz um movimento da cabeça para a lanchonete e CATHLEEN olha para trás. Através do vidro vemos ZACK observando-os conversar. O garoto disfarça e começa a limpar uma mesa. CATHLEEN olha para baixo, pensativa.
ALAN: De qualquer forma… eu só vim agradecê-la por me ajudar.
CATHLEEN: Imagina, eu não fiz nada.
ALAN: Você me colocou no caminho certo para encontrá-la e isso já é um motivo suficiente para agradecer.
CATHLEEN sorri.
CATHLEEN: Bem… de nada.
ALAN: [incerto] Não tenho certeza se devia te dar uma carona pra casa.
ALAN menciona ZACK novamente com a cabeça e CATHLEEN sorri.
CATHLEEN: Obrigada, mas é melhor não. Não é longe. Posso andar.
ALAN balança a cabeça em compreensão e sorri.
ALAN: Bem, foi um prazer conhecê-la, Cathleen. Espero que nos encontremos novamente.
ALAN entra no carro e CATHLEEN observa o veículo se distanciar por um momento. A garota então aperta os ombros, se ajeitando em seu sobretudo quando um vento frio bate. A CAM sobe enquanto CATHLEEN atravessa a rua.
[Música fade out]
CENA 15 – EXT. RANCHO JONES – NOITE
Vemos uma câmera subjetiva se aproximar de JULIA e sua Cherokee em um barranco. JULIA está de costas para a câmera contemplando ao longe uma vista aérea de Naranda à noite. A câmera mostra SARAH se aproximando com cara de poucos amigos. Ela não encara JULIA e também passa a contemplar a vista da cidade de cima do barranco. Elas ficam em silêncio por uns momentos até que SARAH fala, um pouco irritada.
SARAH: Ouvi falar da sua visita à White Pine. Pelo seu histórico desastroso com eletrocinéticos você deveria saber melhor do que entrar em uma base altamente fortificada com um deles dentro.
JULIA continua apreciando a vista noturna da cidade.
JULIA: [respira fundo] É linda, não?
SARAH encara JULIA com uma expressão confusa.
SARAH: [irritada] É. É linda. Mas é a minha linda pequena cidade e o meu lindo pequeno barranco, e por mais infantil que isso possa soar ainda me dá o direito de saber o que você está fazendo neles.
JULIA dá um pequeno sorriso e chuta uma pedrinha barranco abaixo. Ela finalmente encara SARAH.
JULIA: [séria] Quero que você e seus garotos fiquem longe dos meus.
SARAH encara JULIA por um segundo e logo ri irônica.
SARAH: Sai da minha propriedade.
JULIA: Achei que tivéssemos um acordo.
SARAH: [irritada] E eu pretendo continuar cumprindo-o.
JULIA: Então mantenha seus garotos afastados. Cathleen e Joey estão prestes a passar por coisas importantes. Realmente não é o momento certo para vocês entrarem em nossas vidas.
SARAH vai ficando cada vez mais irritada.
SARAH: [indignada] Entrarmos na sua…? Eu vivo nessa cidade há sete anos, Julia! Eu construí uma vida aqui! Tenho um bom emprego no museu de arqueologia, tenho os garotos… tenho paz! E logo quando eu acho que vou te apagar da minha vida você aparece com sua “família”, entra na minha casa e quer me dar ordens?! [riso irônico] Não vou colocar uma coleira nos meus garotos por sua causa. Se quer Cathleen e Joey longe deles volte pra sua casa, tenha uma agradável conversa com sua família e tranque os dois no quarto à pão e água, que é a única forma de ensino que consigo imaginar vindo de você!
JULIA: [tranqüila] Não posso mudar o que aconteceu, Sarah. E nem foi por isso que vim. O que estou dizendo é que a presença de Zack e Ehlios está desconcentrando meus garotos do que deve ser feito. E eu não tolerarei isso.
SARAH toma mais um momento para encarar JULIA.
SARAH: Pode repetir isso? Porque eu tive a impressão de que soou como uma ameaça, mas quero ter certeza antes de arrastar seu traseiro pra fora da minha propriedade pelos cabelos!
JULIA não parece intimidada pela agressão verbal enquanto SARAH parece tomada pela revolta. JULIA coloca as mãos no bolso de seu sobretudo negro e caminha até o carro sem pressa. Ela abre a porta do veículo e abaixa a cabeça.
JULIA: Espero que vocês estejam bem, Sarah.
JULIA entra no carro sob o olhar afiado de SARAH. Ela manobra e vai embora. A câmera sobe, mostrando SARAH observando o carro se afastar.
PRODUÇÃO EXECUTIVA
Samir Zoqh
Luciana Rocha
ELENCO
Keira Knightley como Cathleen
Riley Smith como Joey
Paul Wasilewski como Zack
Ashly Lyn Cafagna como Kennedy
Bonnie Somerville como Julia
ELENCO RECORRENTE
Neve Campbell como Sarah
CONVIDADO ESPECIAL
Brendon Routh como Alan
ESCRITA E EDITADA POR
Luciana Rocha
REVISADA POR
Samir Zoqh
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Clara Lima
CRIADA E DESENVOLVIDA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha
MÚSICA TEMA
Late Great Planet Earth, Plumb
TRILHA SONORA
Made Of Steel, Our Lady Peace
Hate Every Beautiful Day, Sugarcult
Human, Fisher
Breathe You In, Thousand Foot Krutch
Somewhere Out There, Our Lady Peace
A HYBRID STUDIOS PRODUCTION
DISTRIBUTED BY TELEVISION SERIES NETWORK
©2005
Série Virtual – Outsiders – Unleash
24/11/2011, 12:15. Redação TeleSéries
Ficção (séries virtuais)
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Série: Outsiders
Episódio: Unleash
Temporada: 1ª
Número do Episódio: 1×07
CENA 01 – SALA DA MANSÃO LIEFIELD – NOITE
JULIA atravessa a sala onde JOEY está assistindo TV.
JULIA: Liga pra Cathleen. Temos trabalho essa noite. Eu vou pro campo.
JULIA sobe as escadas com pressa.
CENA 02 – THE ALLEY – NOITE
[MÚSICA DE FUNDO – DIRTY LITTLE SECRET, THE ALL-AMERICAN REJECTS]
CATHLEEN está servindo uma mesa com muitos garotos. Eles falam alto e nas mesas ao lado há mais garotos. A lanchonete está cheia. ZACK passa por ela, apressado, com uma bandeja em cada mão.
ZACK: Mesa 12 está sem ketchup.
CATHLEEN: Deixa comigo.
Ela anda rapidamente pela lanchonete. Ouvimos um bipe e ela tira o celular do bolso da calça. A câmera foca o aparelho onde se lê uma mensagem. “Trabalho novo. Essa noite. Esteja aqui o mais rápido possível”.
CATHLEEN: Você só pode tá brincando.
ZACK: [Voice over] Cathleen!
[Música fade out]
CENA 03 – SALA DE PESQUISA DA MANSÃO LIEFIELD – NOITE
JOEY está conectando alguns cabos a um dos três computadores sobre uma mesa. No resto da sala vemos mais duas mesas com três computadores sobre cada uma delas. Nas paredes há mapas, quadros brancos e uma tela grande plana. JOEY circula sua mesa e senta em frente aos monitores. Ele digita algumas coisas no teclado. Ouvimos o toque da campainha.
JOEY: Droga.
O garoto sai da sala que dá para a sala de treinamento. Ele atravessa o tatame, saindo da sala e chegando à sala de estar.
CENA 04 – SALA DA MANSÃO LIEFIELD – NOITE
JOEY abre a porta revelando KENNEDY muito bem arrumada.
KENNEDY: Hey. A Cathy tá ai?
JOEY: Ainda no trabalho.
KENNEDY: Droga.
JOEY olha para trás, visivelmente ocupado, mas KENNEDY apenas troca seu peso dos calcanhares para as pontas dos pés algumas vezes. Ele coça a cabeça e esvazia os pulmões.
JOEY: [contrariado] Você quer entrar e esperar?
KENNEDY sorri de orelha a orelha e entra.
KENNEDY: Que bom que ofereceu.
JOEY fecha a porta como se a ação requeresse muito esforço. Quando ele chega à sala KENNEDY já está no sofá.
JOEY: Você quer beber alguma coisa. Água, suco?
KENNEDY: Não, obrigada. Não posso demorar muito. [ela checa o celular] Nem a Cathy. Melhor ela chegar logo ou vamos perder a última sessão.
Ele senta no sofá ao lado dela, mas um pouco afastado.
JOEY: [franze o cenho] Vocês vão sair hoje?
KENNEDY: Sim. Tem essa inauguração de um cinema perto da faculdade.
JOEY: Ah…
KENNEDY: [sem graça] A gente te convidaria, mas—
JOEY: Vocês não querem.
KENNEDY: Não, é só que—
JOEY: [sorri] Vocês não querem.
KENNEDY fica sem graça.
JOEY: Não tem problema, Kennedy. Eu provavelmente não ia achar muito divertido ver vocês levando cantadas de universitários no escuro enquanto estou sendo obrigado a assistir um filme de garotas. E, a propósito, não sei se Cathleen vai poder ir.
KENNEDY forma uma expressão indignada e levanta do sofá.
KENNEDY: [irritada] Fala sério! Por que não?!
JOEY parece meio assustado com o tom da garota e se encolhe no sofá.
JOEY: [gaguejando] É só que… hum… a Julia… a gente meio que tinha que… organizar a sala de treinamento dela há algum tempo… hum… e o prazo acaba hoje à noite. Ela fica realmente irritada quando a gente não faz o que ela manda.
KENNEDY: [indignada] Você só pode tá brincando! Por que a maldita Hannover não me avisou isso?
JOEY: Na verdade eu acabei de falar com ela. Acho que ela não tinha lembrado.
KENNEDY encosta no sofá como se desmoronasse.
JOEY: Não é culpa dela. Vocês podem ir ao cinema amanhã.
KENNEDY: Não tem nada a ver com isso. Eu nem queria ir pra esse cinema idiota.
JOEY: Então por que você tá tão chateada?
KENNEDY: É só… Ultimamente ela tá tão… [suspira] Tá acontecendo alguma coisa com ela que eu não sei?
JOEY se faz de desentendido.
JOEY: Não. Claro que não.
KENNEDY: Porque ela me diria, certo?
JOEY: Com certeza!
KENNEDY: Sou a amiga mais próxima dela.
JOEY: Claro que é!
[MÚSICA DE FUNDO – STRAIGHTJACKET FEELING, THE ALL-AMERICAN REJECTS]
KENNEDY reflete por uns momentos e JOEY a olha intrigado.
KENNEDY: Mas alguma coisa… alguma coisa mudou e eu não to sabendo o que é. Eu só… queria que ela conversasse comigo. Ela nunca foi tão aberta assim sobre a vida dela, mas pelo menos a gente conversava sobre algumas coisas. Mas agora… ela tá tão distante. E eu… [triste] às vezes eu preciso de alguém pra conversar. Talvez eu… talvez eu tenha feito alguma coisa e—
JOEY: Hey, hey!
JOEY se aproxima dela.
KENNEDY: Não é sua culpa.
JOEY: Como você sabe?
KENNEDY: Eu só… eu simplesmente sei.
KENNEDY o olha nos olhos por uns instantes e de repente parece perceber que é JOEY quem está ali. Ela se recompõe e sorri, sem graça.
KENNEDY: Meu Deus, olha o papel de idiota que eu tô fazendo.
JOEY: Não tem problema.
KENNEDY: Não. Você é o Joey. Você é o Joey e eu não deveria ter esse tipo de conversa com você.
JOEY define o maxiliar e engole a seco, se afastando dela no sofá.
JOEY: É, acho que não. [levanta] Então, se você já tiver terminado… eu tenho trabalho a fazer.
Ela olha para ele meio espantada com o tom.
KENNEDY: Claro.
Kennedy pega rapidamente a bolsa e se dirige à porta ainda com semblante entristecido. Joey caminha para sala de treinamento com passos de elefante.
[Música fade out]
[MÚSICA TEMA – LATE GREAT PLANET EARTH, PLUMB]
CENA 05 – SALA DE PESQUISAS DA MANSÃO LIEFIELD – NOITE
CATHLEEN entra com pressa na sala. Ela ainda está com o uniforme do The Alley.
CATHLEEN: [ofegante] Já cheguei, já che–
JOEY levanta o dedo interrompendo a garota. Ele está em sua mesa cercado por computadores e tem um fone no ouvido e um microfone perto dos lábios.
JOEY: Continua nessa direção por mais duzentos metros. Você deve encontrar uma sala adjunta à parede interna norte.
CATHLEEN: [impressionada] Adjunta? Quem diria que o Ehlios poderia fazer milagres com seu vocabulário.
JOEY olha para CATHLEEN com uma expressão de tédio. Ele aperta um botão e o mantém pressionado.
JOEY: Já devia estar aqui há vinte minutos. Você não faz idéia de como ela tá irritada com você!
CATHLEEN caminha até sua mesa.
CATHLEEN: Lido com isso todos os dias. Tenho certeza que aguento, Joe.
A garota senta e coloca o fone anexado ao microfone nos ouvidos.
JOEY: A Lester teve aqui atrás de você.
CATHLEEN solta um suspiro cansado.
CATHLEEN: Maldição! Ela vai me matar por ter furado mais uma vez.
JOEY: Ela tava bem chateada. [fecha a expressão] Mas não quis falar muito sobre o assunto.
CATHLEEN: Essa vida vai me custar mais um grupo de amigos.
JOEY olha pra ela com pesar.
CATHLEEN: Hey, nós temos trabalho pra fazer. Deixo você sentir pena de mim depois que a gente tirar o traseiro da Julia de seja lá onde ela se meteu dessa vez. Você pode até fazer tranças no meu cabelo.
JOEY sorri e balança a cabeça em negativa.
JOEY: As plantas estão no WP3. E, acesse o satélite da Hellertech. Vamos ficar de olho na movimentação dos soldados.
CATHLEEN: [digitando] Então, qual é o plano?
JOEY: Julia acabou de roubar o uniforme de um soldado raso e está indo pro gerador.
CATHLEEN: O velho disfarçar e infiltrar? [risada irônica] Vocês são tão originais.
JOEY: Não é como se a gente tivesse muito tempo pra bolar o plano. Ela mal revisou as plantas da base.
CATHLEEN: Não se preocupa. É a Julia. Ela vai sair ilesa daquele lugar antes que a gente fale “Cluckty Cluck Cluck day”.
JOEY: [sussurra] Espero que sim.
CATHLEEN: Então vamos! Me intere dos fatos.
CENA 06 – EXT. BASE WHITE PINE – NOITE
JULIA está vestida com um uniforme camuflagem e anda apressada, mas sem levantar suspeitas, ao lado de um muro.
JOEY: [Voice over] Agora ela está indo para o gerador.
Ela chega ao vértice do prédio e vê, adjacente ao muro, um pequeno quarto. JULIA tira um cartão do bolso.
JOEY: [Voice over] Uma vez lá dentro [Julia entra na pequena sala] ela plantará o detonador.
Dois homens munidos de uma Colt cada um riem. O primeiro soldado é gordo e baixinho, enquanto o segundo é bem magro e aparenta ter passado dos 40 anos.
SOLDADO 1: “…e se você acha que eu vou aceitar ordens de mulher…”. Então McFlynn dá uma joelhada nas partes que ele tanto ama e o que dizem é que ele caiu quase desmaiado de tanta dor! [riem alto] Ela então abre as calças dele e tira uma faca do seu bolso. “Eu acho que vou ter que nos igualar então”.
Os dois riem alto.
SOLDADO 2: Estou te dizendo, Jeff, Jessica McFlynn foi a melhor coisa que aconteceu nessa base em muito tempo.
SOLDADO 2 coloca as mãos a frente do corpo fazendo menção a seios e os dois riem ainda mais alto, soltando um uníssono “Yeah”. JULIA se aproxima deles.
JULIA : Hey, caras.
Os dois olham pra ela e a câmera subjetiva mostra que no lugar de JULIA eles vêem um homem.
JEFF: O que está fazendo aqui, Danny? Não devia estar na torre nordeste?
A câmera mostra os três, e é JULIA quem continua falando com eles.
JULIA: É, mas um dos holofotes parou e o sargento me pediu pra vir dar uma olhada no gerador.
JEFF: Ah cara, você sabe que não posso deixar ninguém de patente inferior entrar ali [aponta para uma porta]. Você tem que trazer pelo menos um sargento. Porque não trouxe seu sargento?
JULIA: [sem graça] Eu não posso trazer o sargento porque a verdade é que… eu estive ali ontem à noite, Jeff.
Os homens se entreolham em surpresa.
JULIA: É, cara. Eu tava lá dentro com… Jessica [os dois arregalam os olhos] em ela meio que esqueceu sua… roupa íntima. Então eu preciso pegar de volta, cara, ou eu tô na rua. Já pensou se alguém acha?
Os dois se entreolham e de repente começam a rir.
JEFF: [irônico] Ok, Bill, eu dei um fora na Angelina Jolie ontem.
Eles continuam rindo.
JULIA: Vamos cara, quebra esse pra mim? Juro que fico te devendo. E outra, vocês nem precisam acreditar. A prova está lá dentro.
Eles parecem analisar a proposta.
JULIA: Eu mostro pra vocês.
JEFF suspira em rendição e começa a tirar o molho de chaves do bolso.
JEFF: [desapontado] Essas coisas nunca acontecem no nosso turno.
JULIA sorri.
CENA 07 – SALA DE PESQUISAS DA MANSÃO LIEFIELD – NOITE
CATHLEEN e JOEY continuam em suas mesas.
JOEY: A criatividade feminina me assusta.
CATHLEEN: A mente masculina me assusta.
JOEY sorri e CATHLEEN franze a testa, focando-se em seu monitor.
CATHLEEN: Agora, isso é estranho.
JOEY: O quê?
CATHLEEN: No mapa das linhas de força da base.
JOEY digita algumas coisas e, em seu monitor, linhas vermelhas tomam a planta da base.
CATHLEEN: Dá uma olhada em cima. Na parte direita.
JOEY: [parecendo entender] Sela 17.
CATHLEEN: Exatamente. Agora me diz, por que diabos, em uma base onde tudo é controlado por eletricidade, haveria uma sala – apenas uma – onde os cabos elétricos nem se aproximam?
JOEY, intrigado, afirma com a cabeça enquanto encara seu monitor.
JOEY: Saca só no satélite as leituras de calor. Ok, os pontos laranja são os soldados, mas tá vendo esse grande ponto vermelho onde a Julia está?
CATHLEEN: O gerador emanando calor.
JOEY: Exatamente. Agora na sela 17 tem um ponto do mesmo tamanho, mas totalmente frio…
CATHLEEN: [afirma com a cabeça] O gerador reserva inativo. Vai ver a sela não tem linhas de energia para prevenir um curto circuito, ou algo do tipo.
JOEY: É uma possibilidade. O gerador é subterrâneo e o único cabo saindo de lá também parece estar inativo. Leva energia até o centro de distribuição do outro lado. [franze a testa] E que diabos é isso?
CATHLEEN: O quê?
JOEY: Canal 9 do satélite. Esse troço faz tantas coisas que eu fico perdido. São umas linhas azuis estranhas oscilando em volta do gerador principal.
CATHLEEN vasculha alguns papéis.
CATHLEEN: Aqui. Freqüência 9: Sonar de campos elétricos.
JOEY: Qualquer dia Ulisses vai conseguir fazer esse satélite ler pensamentos.
CATHLEEN: [sorri] Não precisa. Nós temos a melhor pra isso.
CENA 08 – INT. BASE WHITE PINE – NOITE
Total escuridão e um barulho alto de motor. Uma porta se abre trazendo luz ao local. Jeff tateia a parede a as luzes se acendem. Julia olha em volta, impressionada. A câmera subjetiva mostra uma grande sala com maquinário pesado que chega quase ao teto. As máquinas formam um corredor no centro da sala e outros dois, rente às paredes.
Bill se treme ao entrar na sala.
BILL: Cara, eu odeio entrar aqui dentro. Me arrepio todo.
JULIA: Eu também. Que estranho.
JEFF: Nos disseram que esse trambolho cria um forte campo elétrico ao redor quando tá funcionando. Ar carregado. Se você der muita sorte dá pra ver até umas faíscas elétricas no ar de vez em quando.
BILL: Então… onde vocês ficaram?
JULIA: Acho que vocês vão ter que me ajudar a procurar na sala inteira.
BILL E JEFF: [juntos, rindo e afirmando com a cabeça] Yeah!
Os homens riem e dão tapas nas costas de Julia, jogando-a um pouco pra frente. Ela rola os olhos sem que percebam.
JULIA: [mexendo o ombro] Eu procuro do lado de lá.
Os três se separam e JULIA vai para um dos corredores rente à parede. As máquinas a encobrem da visão dos soldados. Ela tira um dispositivo do bolso, menor que a palma da sua mão.
JULIA: [sussurra] Acho que você vai precisar de uma ajuda pra acabar com isso tudo aqui.
JULIA começa a tatear o maquinário e olhar em volta procurando algo.
JEFF: [off] Hey, Danny! Que cor que é?
JULIA: [desinteressada] Hum… vermelha!
BILL E JEFF: [juntos em off] Yeah!
JULIA se permite uma gargalhada baixa e sorri. A câmera a mostra abrindo um painel e revelando uma tela sensível ao toque. Ela abaixa e tira uma tampa no pé de um dos maquinários. Vemos muitos fios. Ela escolhe um dos mais grossos e começa a desgastá-lo com uma faca. JULIA levanta e pressiona a tela em diferentes pontos. A câmera a mostra pressionar um local onde diz “Abastecimento de Emergência” e nesse momento o barulho do maquinário se intensifica pelo aumento da produção de energia.
CORTA PARA:
JEFF: [para Bill ao seu lado] O que é esse barulho?
BILL: Isso é um gerador, Jeff. O que você queria? Canções de ninar? Só continua procurando.
CORTA PARA:
JULIA volta a abaixar e vemos o cabo que ela havia desgastado faiscar perigosamente. Ela coloca um explosivo dentro da máquina e fecha a tampa.
JULIA caminha atravessando o corredor central e vemos BILL e JEFF de costas procurando em baixo de ferramentas. Ela vai até o outro maquinário e coloca mais um explosivo. O timer acende marcando cinco minutos e o display começa a regredir. JULIA circula o maquinário e instala rapidamente mais duas minas.
Ela olha em volta e pega uma flanela suja de graxa do chão. JULIA se aproxima dos dois soldados.
JULIA: Hey, caras. Achei.
Ela levanta a flanela imunda. CAM subjetiva mostra os soldados vendo uma calcinha vermelha de renda na mão de DANNY. Eles parecem hipnotizados. JEFF levanta a mão para pegá-la, mas JULIA a afasta.
JEFF: Vamos, cara. Eu só quero dar uma olhada.
JULIA finge ponderar por alguns instantes.
JULIA: Só lembrem depois o grande amigo que eu sou.
BILL: [desesperado] O melhor!
JULIA entrega a flanela e os dois começam a virá-la de todos os lados.
JEFF: [sem graça] Eu posso…?
Ele menciona seu nariz.
JULIA: [indignada] Não, cara! Eu não vou deixar você cheirar a calcinha da minha garota! Como que você ainda pede isso?
JEFF: [atrapalhado] Não, cara. Me desculpa… me… me desculpa, mesmo.
JULIA: A não ser que…
Os dois sorriem.
JULIA: Tem essa aposta rolando na muralha leste. Os caras não acreditaram que eu peguei a Jess. Eu tenho que ir lá mostrar isso antes da refeição da meia noite, só que meu sargento já deve ter notado minha ausência então…
BILL: [receoso] Ah, cara, a gente não pode sair daqui. E se alguém aparecer?
JULIA: Vamos, Bill. Vai ser só cinco minutinhos. Além disso, você sabe que ninguém nunca aparece aqui. Por que acha que a Jess escolheu esse lugar?
Eles se olham receosos.
JEFF: Bill, ele realmente é a primeira pessoa que vem aqui em semanas. A gente sempre fica sozinho a noite toda. Por que você acha que nos colocaram aqui? Porque é trabalho fácil. Quer dizer, olha pra gente.
JULIA olha apreensiva para o relógio. O cronômetro marca 3m12s.
JULIA: Vamos, Jeff, vocês não são tão ruins assim. E pensem bem, vocês vão ser os caras com a calcinha da Jess.
Bill finalmente abre um sorriso sacana.
BILL E JEFF: Yeah!
JULIA: [já irritada] Tá, tá, tá. [joga a flanela pra eles] Divirtam-se.
JEFF afunda o rosto na flanela suja. JULIA faz uma cara de nojo. JEFF levanta o rosto da flanela, revelando-o todo sujo de graxa. JULIA contém o riso enquanto BILL puxa a flanela da mão de JEFF e faz o mesmo. JULIA respira fundo e consegue fazer seu rosto tomar uma expressão séria.
JULIA: [puxando a flanela] Já tá bom. Não abusem.
JULIA toma um momento para olhar para os dois soldados com o rosto sujo de graxa.
JULIA: Agora cumpram sua parte do trato e levem essa belezinha [levanta a flanela e balança no ar] para o soldado Smith na muralha leste.
JEFF: Você é o melhor, Danny.
Os dois soldados com os rostos sujos pegam a flanela e saem da sala. JULIA olha para o relógio e sai com rapidez da sala de maquinário.
CENA 09 – INT. BASE WHITE PINE – NOITE
Julia espera os soldados saírem da sala e tranca a porta.
JOEY: [Voice over] Você tem menos de um minuto e meio pra chegar ao laboratório.
JULIA: [nervosa] Eu sei, eu sei. [se força a pensar] Aqueles tarados não estavam nos meus planos.
CORTA PARA
CATHLEEN digita velozmente no teclado. O computador mostra a planta da base com linhas de cores diferentes aparecendo a cada clique da garota. Ela para num mapa com linhas marrons.
CATHLEEN: Achei. Sistema de esgoto.
CORTA PARA
CATHLEEN: [Voice over] No canto esquerdo à porta.
JULIA vê uma bancada com um monitor de vigilância no local. Ela arrasta o móvel revelando um alçapão no chão de madeira. Ela o abre, entra, desce alguns degraus e o tranca por dentro. CAM subjetiva mostra um corredor úmido com muitos canos nas paredes. O local parece ser uma galeria de esgoto.
CATHLEEN: [Voice ver] Corre!
[MÚSICA DE FUNDO – CURSED, CHRISTOPHER BECK]
JULIA começa a correr velozmente.
CATHLEEN: [Voice over] Rastrea–
JULIA aperta um botão em um dispositivo em sua cintura.
CORTA PARA
Um ponto amarelo começa a brilhar e se mover na tela do computador.
CATHLEEN: Obrigada.
CORTA PARA
JULIA correndo.
JOEY: [Voice over] Um minuto.
JULIA se esforça e ganha velocidade.
CATHLEEN: [Voice over] Direita.
JULIA faz a curva perfeitamente sem diminuir velocidade. Ela corre por mais uns segundos.
CATHLEEN: [Voice over] Outra vez.
Ela faz outra curva fechada e escorrega em uma poça, mas recobra o equilíbrio e continua correndo.
CORTA PARA
CATHLEEN e JOEY acompanham o ponto amarelo se aproximar na planta do quadro que leva a legenda “Laboratório de Testes.”
CATHLEEN: Só mais um pouco. Até o duto de ventilação.
JULIA expressa no rosto o esforço.
[Música fade out]
CENA 10 – SUB. BASE WHITE PINE – NOITE
Em uma galeria subterrânea, dois soldados jogam cartas. Ao fundo vemos um maquinário semelhante ao gerador principal. Um dos soldados bate as cartas na pequena mesa.
SOLDADO 1: Full House, otário!
SOLDADO 2: Você tá trapaceando.
SOLDADO 1: Não, você que é ruim mesmo. [ri] Quer parar ou topa perder mais cinqüenta?
SOLDADO 1 ri ainda mais enquanto SOLDADO 2 tira o dinheiro do bolso e o bate na mesa.
SOLDADO 2: Ainda te pego escondendo cart–
Barulhos de passos rápidos. Eles olham para o único corredor de acesso à galeria e pegam suas armas, colocando-as em posição. Em total silêncio, eles cruzam o corredor com SOLDADO 1 guiando o caminho. Quando o corredor termina, SOLDADO 1 levanta o punho fechado e SOLDADO 2 para de andar, apontando a Colt para o teto e encostando-se na parede. SOLDADO 1 espia rapidamente o corredor e CAM subjetiva mostra alguém em trajes militares abrindo a báscula de um duto de ventilação que sobe, sumindo no teto do corredor.
SOLDADO 1, através de sinais, conta até três e ambos rapidamente apontam a arma para JULIA com um clique característico.
SOLDADO 1: É melhor que tenha uma ótima explicação para o que faz aqui em baixo soldado.
JULIA, ainda de costas, levanta os braços em rendição.
CENA 11 – SUB. BASE WHITE PINE – NOITE
JULIA se vira lentamente. SOLDADO 2 se aproxima enquanto SOLDADO 1 continua com mira firme em JULIA.
SOLDADO 2: Quem diabos é você e ordens de quem segue para estar aqui embaixo? SOLDADO 1: Fred, eu achava que McFlynn fosse a única mulher na base.
FRED olha ainda mais sério para JULIA.
FRED: E ela é.
FRED ajeita a mira da arma.
FRED: Quero ver identificação!
JULIA: Se acalma. Está no meu bolso de trás.
A câmera mostra as costas de JULIA que possui uma faca no cinto. Ela começa a abaixar a mão lentamente–
SOLDADO 2: Não, não, não! Mãos pra cima! [sorri, malicioso] Vai ser um prazer pegá-la.
Ele levanta a mão aproximando-a da cintura de JULIA, quando um estrondo muito alto de explosão é ouvido. Um bloco de concreto do teto cai sobre SOLDADO 1, que desmaia.
[MÚSICA DE FUNDO – FAITH’S END, CHRISTOPHER BECK]
Mais pedaços de concreto soterram o soldado abrindo um buraco no teto. FRED, assustado, vira para ver o amigo no chão. Rapidamente JULIA chuta a arma e saca a faca, batendo seu punhal na nuca de FRED. O homem vai ao chão, perdendo o alcance de sua metralhadora. Ele tenta levantar, mas JULIA, rapidamente, o pega pelo colarinho e com um soco o deixa inconsciente. Toda a ação dura poucos segundos. JULIA entra pelo duto, saca uma arma com um ponteiro e atira para o teto, liberando um cabo que se prende ao fim do duto. A vemos ser içada no ar.
CATHLEEN: [Voice over] Gerador reserva em… 14 segundos. Ah, e a propósito, eu já falei que esse plano é loucura?
CENA 12 – EXT. BASE WHITE PINE – NOITE
Na superfície da base vemos o caos. Soldados e carros correm para todos os lados, enquanto outros tentam apagar o fogo da sala do gerador. Tenentes gritam ordens de comando. A CAM mostra uma placa onde lemos “REFEITÓRIO” e vai descendo até a entrada, onde dezenas de soldados saem correndo do local.
CENA 13 – INT. BASE WHITE PINE – NOITE
Muitos soldados correm até uma porta onde vemos a placa “ARMAMENTO”. Um deles força a maçaneta, mas a porta não abre.
SOLDADO: É a energia! As portas estão travadas!
CENA 14 – INT. LABORATÓRIO – NOITE
Uma das básculas do duto de ventilação se solta e vemos JULIA com uma lanterna na boca. Firmando as mãos na borda da passagem, ela sai do duto com uma cambalhota. JULIA solta as mãos do duto e pousa no chão com o mínimo barulho.
CATHLEEN: [Voice over] Dez.
Ela olha ao redor e parece nervosa. CAM subjetiva mostra no foco da lanterna mesas onde vemos microscópios, tubos de ensaio e outros utensílios para experiências químicas.
JULIA: Não tem nada aqui!
CATHLEEN: [Voice over] O quê?! Sai daí, Solaris! Você tem 6 segundos!
JULIA pega a báscula do chão e olha para o duto por onde entrou.
CORTA PARA
JOEY se levanta nervoso de sua mesa e fica em pé ao lado de CATHEEN.
CENA 16 – INT. BASE WHITE PINE – NOITE
As luzes do corredor se acendem em seqüência, sendo acompanhadas pelo olhar de soldados no corredor. A câmera mostra que ao lado da maçaneta de uma porta, uma luz vermelha fica azul. Nesse momento um homem com um jaleco branco abre rapidamente a porta do laboratório sendo seguido por alguns soldados. A câmera mostra o laboratório vazio e no canto da tela vemos a báscula se ajeitando discretamente no duto de ventilação. Os soldados começam a vistoriar o laboratório.
[Música fade out]
CENA 17 – INT. BASE WHITE PINE – NOITE
JULIA esgueira-se pelo duto.
CATHLEEN: [Voice over] O quê você quer dizer com não ter nada lá?
JULIA: [irritada] Que eu vi gnomos fazendo presentes de Natal!
CATHLEEN: [Voice over] Duendes.
JULIA: [gira os olhos] Quis dizer exatamente o que disse. Não tem nada lá!
JULIA alcança o duto vertical e agarra o cabo que ainda estava preso ao teto. Ela começa a descer.
JULIA: O lugar é um laboratório químico. Provavelmente para criar armas químicas. Não tinha nada de receptor nenhum lá.
JOEY: [Voice over] Você acha que eles já transportaram o satélite?
JULIA: Não sei. Pra falar a verdade eu acho que nunca houve satélite nenhum nessa base. Os equipamentos de lá não pareciam exatamente novos e considerando que aquele é o único laboratório dessa base, eu diria que ele sempre foi o que é.
JULIA sai pela passagem do duto, estando agora novamente nas galerias de esgoto da base. FRED ainda está desmaiado no chão. Ela vai até ele e começa a amarrar suas mãos.
CORTA PARA
CATHLEEN: Espera, você tá dizendo que Robert armou isso tudo?
JULIA: [Voice over] É a única explicação que me vem à mente. A pergunta é: com que propósito?
A câmera desliza das costas dos garotos para o monitor de JOEY onde as linhas azuis agora oscilam como ondas em volta da sela 17.
CENA 18 – SUB. BASE WHITE PINE – NOITE
Na galeria do gerador reserva, a câmera circula o maquinário, onde um barulho ensurdecedor mostra que ele produz energia a todo vapor. A câmera vai movendo-se para cima para cima, passando através do teto e mostrando a sela acima do gerador, que contém apenas uma maca.
CENA 19 – INT. BASE WHITE PINE – NOITE
[MÚSICA DE FUNDO: DEVIL’S CHILD, CHRISTOPHER BECK]
A câmera foca de perto um braço em cima da maca. Todos os seus cabelos eriçam ao mesmo tempo e um barulho de desmoronamento é ouvido. Filmado de costas, o homem deitado na maca se senta rapidamente, mas não vemos sua identidade. A câmera acompanha seu lento movimento de mão e vemos um raio elétrico faiscar no ar por onde ela passou. O homem levanta e vai até a porta de sua sela. A câmera mostra a mão dele em concha. Raios elétricos dançam entre os dedos freneticamente. Ele passa a mão sobre a fechadura e um barulho característico condena que foi destravada. O homem começa a gargalhar alto.
[Música fade out]
CENA 20 – SUB. BASE WHITE PINE – NOITE
Julia dá um último puxão e o soldado altamente ferido e ainda desacordado sai debaixo da pilha de entulho. Ela o arrasta até seu companheiro de turno inconsciente. Limpando o suor da testa Julia encara a pilha de entulho que bloqueia o corredor.
JULIA: A passagem tá bloqueada. [olha para o buraco no teto] Vou ter que sair por cima.
CATHLEEN: [Voice over] De maneira alguma! Você não faz idéia do formigueiro de soldados que tá lá em cima agora. Você não conseguiria controlar a mente de todos!
JULIA: Não é como se eu tivesse o Joey aqui pra abrir uma passagem no meio desse entulho, mas se vocês tiverem outra saída, estou aberta a sugestões.
JULIA fica calada e os garotos nada respondem.
JULIA: Foi o que eu achei.
Ela começa a escalar a montanha de concreto visando alcançar a abertura no teto.
CORTA PARA:
CATHLEEN acompanha no monitor a movimentação de centenas de pontos laranja pela base.
CATHLEEN: Você vai sair no banheiro de uma das selas. Aí dentro não parece ter ninguém, mas lá fora a coisa não tá nada boa.
JOEY, em pé ao lado da garota, aperta um botão e o mantém pressionado.
CATHLEEN: Por que você cortou a comunicação?
O garoto aponta para alguns pontos azuis no monitor.
JOEY: [arregala os olhos] Têm corpos por todo o corredor.
JOEY e CATHLEEN se entreolham. A câmera foca o monitor, onde vários pontos laranja vão ficando verdes e depois azuis rapidamente.
CORTA PARA:
JULIA atravessa o buraco saindo dentro da área da ducha do banheiro. Ela abre com cuidado a porta e vemos a sela onde o homem fugiu. Um alarme insistente toca sem parar.
JULIA: Base? Base?
Silêncio. JULIA aperta o ponto no ouvido.
JULIA: Base?
CATHLEEN: [Voice over] Estamos aqui.
JULIA: Está seguro para sair?
JULIA se aproxima da porta. Do corredor, além no alarme, não vem nenhum barulho.
[MÚSICA DE FUNDO – ESCAPE, CHRISTOPHER BECK]
CATHLEEN: [Voice over] Acho que seguro não seria a palavra certa.
Julia sai da sela e parece chocada. A câmera subjetiva mostra cerca uma dúzia de soldados mortos no corredor. Vemos no chão algumas marcas da borracha dos coturnos queimados. JULIA olha pra cima e a câmera mostra todas as lâmpadas do corredor estouradas. O vermelho das poucas sirenes que restam cintilam no local.
JULIA: Quem fez isso?
JOEY: [Voice over] A gente descobre isso depois. Sai daí rápido antes que você seja a próxima!
[MÚSICA DE FUNDO – CURSED, CHRISTOPHER BECK]
JULIA corre pelos corredores onde tudo que se vê são corpos. Ela desvia e pula por alguns deles.
CATHLEEN: [Voice over] Esquerda no próximo corredor.
CORTA PARA
JOEY: [abismado] Você está a guiando através dos corpos?
CATHLEEN: [irritada] Você quer discutir ética agora, Joe? Nós temos que tirá-la de lá. Pelo menos dessa forma ela não vai ser pega.
JOEY nada responde. No monitor, mais pontos laranja vão ficando azuis com maior velocidade.
JOEY: Está no pátio.
CATHLEEN: [sussurra] Meu Deus, é um massacre.
CORTA PARA
JULIA tropeça em um cadáver e vai ao chão, dando de cara com um soldado morto de olhos arregalados. Ela se afasta rápido, pega uma das armas no chão e levanta. Ela engatilha a arma e continua correndo.
CATHLEEN: [Voice over] Estamos quase saindo.
JULIA atravessa a porta e ganha o pátio. Num cenário de terror vemos dezenas de corpos no gramado. O som da cena é abafado pela música. Do lado esquerdo, a sala do gerador emana altas labaredas de fogo, que alguns soldados tentam apagar sem sucesso. JULIA parece em choque com a quantidade de mortos e caminha lentamente através deles. A câmera mostra oficiais gritando ordens de comando. Um jipe corta caminho entre os mortos enquanto soldados empilham nele os corpos dos companheiros.
[Música fade out]
HOMEM: [voice over] Soldado!
JULIA parece sair do transe. Atrás dela vemos um tenente com a farda suja de sangue. JULIA fecha lentamente os olhos e vira para o tenente. A câmera subjetiva mostra DANNY novamente no lugar de Julia.
TENENTE: [irritado] A formação é do outro lado!
JULIA: Sim, senhor. Desculpe, senhor.
TENENTE: [irritado] Não quero suas desculpas, quero seu traseiro naquele pelotão, agora!
O homem vai até JULIA e empurra a arma contra seu peito.
TENENTE: [irritado] E segure a sua arma como um homem!
Ele passa por JULIA desviando dos corpos e ela o segue.
CORTA PÁRA
CATHLEEN: Solaris, você não pode ir por aí.
JOEY: Fala mais baixo ou vai quebrar a concentração dela.
CATHLEEN: [sussurra] Nessa direção há o que parece ser uma grande concentração de soldados.
CATHLEEN corta a comunicação com um toque no teclado e olha para JOEY.
CATHLEEN: Ela não vai conseguir enganar tantos soldados.
CORTA PARA
A câmera mostra JULIA de costas, seguindo o tenente. Ela leva à mão às suas costas onde vemos a faca. Ao firmar a mão no cabo, JULIA vê os dois soldados do jipe de recolhimento acompanhando sua movimentação. Ela solta a faca e continua andando.
O tenente vira num alojamento e quando JULIA faz o mesmo vemos um pelotão com mais de cem soldados em formação cerrada com oficiais à sua frente. A cada passo, mais soldados desviam o olhar para os recém chegados e JULIA vai ficando visivelmente tonta. A câmera gira em torno de JULIA e ela parece estar prestes a desmaiar. Um general olha para a os dois se aproximando.
GENERAL: Quem é ela?!
O tenente vira pra trás, surpreso. A câmera mostra que agora ele vê JULIA onde achava estar DANNY. O tenente saca uma pistola. A câmera mostra a visão de JULIA turvar quando quase todo o pelotão olha para ela. As vozes ficam graves e ela vai ao chão, mas não desmaia de imediato. Vemos pela visão dela os pés do TENENTE em primeiro plano, e atrás dele pares de pés correm para todos os lados e tiros são ouvidos. De repente os pés do tenente tremem com força e JULIA vê raios elétricos cobrirem-nos através de sua visão nebulosa. Ele vai ao chão e agora um par de pés descalços se aproxima de JULIA lentamente. JULIA pisca e a tela fica preta algumas vezes até que ela desmaia. Baque surdo.
CORTA PARA
A câmera mostra um aglomerado de pontos laranja se dissipar e boa parte deles se torna azul. CATHLEEN levanta da cadeira e encara o monitor com os olhos marejados.
CATHLEEN: [sussurra] Oh, Deus.
JOEY: [nervoso] Solaris, aqui é Base, responda! [silêncio] Solaris, pode me ouvir?! [irritado] Droga, Julia!
JOEY, com urgência, pega um laptop em cima da sua mesa. No monitor pontos ficam azuis como numa onda circular crescendo.
JOEY: Cathleen, pegue as chaves.
JOEY caminha até a porta, mas Cathleen continua encarando o monitor.
JOEY: [grita] Cathleen, as chaves!
A garota, saindo do transe vai até um armário e o abre. Vemos uma fileira de chaves. Ela pega qualquer uma e segue JOEY.
CENA 20 – EXT. MANSÃO LIEFIELD – NOITE
Um porshe cromado canta pneus na saída da garagem da mansão. Vemos CATHLEEN na direção e JOEY no carona com o laptop no colo.
CATHLEEN: Em quanto tempo chegamos lá?
JOEY digita freneticamente.
JOEY: Se corrermos, vinte minutos. [sussura] Não é o suficiente…
CATHLEEN aperta o volante.
CATHLEEN: Então chegaremos em quinze.
A câmera mostra o carro ganhando velocidade nas ruas de Naranda.
JOEY: É melhor irmos pela estrada antiga. Ser parado pela polícia não seria interessante agora.
CATHLEEN fura um sinal vermelho e um carro vira tudo para a direita. Ouvimos a buzina se distanciar.
JOEY: [põe o cinto] Não quero nem pensar como você dirigiria bêbada.
CATHLEEN não responde e se concentra na estrada.
JOEY: Direita aqui.
O carro canta pneu na curva. No final da rua CATHLEEN vira novamente e ganha a estrada de chão batido.
CENA 21 – INT. CARRO EM MOVIMENTO – NOITE
Uma chuva fina cai na estrada, e o barulho de teclas é o único som dentro carro. CATHLEEN parece hipnotizada pela estrada e Joey ainda tem os olhos grudados no laptop.
JOEY: Bem, o rastreador foi pro espaço.
CATHLEEN engole a seco, mas permanece calada. JOEY observa o monitor e agora os pontos laranja são raros. Ele define o maxilar e fecha o laptop, irritado.
CATHLEEN: [vacilante] Você ac– [respira] Você acha que ela está viva?
JOEY não tira os olhos da estrada.
JOEY: [sério] É claro que ela está viva.
CATHLEEN encara o amigo.
JOEY: É a Julia. E se tem alguma coisa que eu sei sobre ela é que ela sabe sair dessas situações.
CATHLEEN: Achei que tivesse dito que não a conhece.
JOEY: [respira fundo] Eu não sei quem ela foi, mas… eu sei quem ela é. E agora isso pra mim é suficiente.
CATHLEEN: [olha pra ele] Parece que a conversa surtiu efeito.
JOEY leva a mão aos cabelos.
JOEY: [negativa com a cabeça] Eu só… Eu não acredito que ele armou isso tudo!
CATHLEEn olha para JOEY nos olhos.
CATHLEEN: É por isso que não podemos confiar em mais ninguém além de nós.
JOEY olha pra frente e seu rosto é tomado pelo medo.
JOEY: [grita] Cuidado!!
CATHLEEN finca o pé no freio e as rodas travam, derrapando na estrada lamacenta. O carro patina por alguns metros até parar bruscamente. CATHLEEN e JOEY se encostam novamente no banco e olham para frente. Na luz do farol vemos alguém em trajes militares deitado no meio da estrada. Os garotos se entreolham e saem apressados indo até o desconhecido.
[Música de fundo: “A Hole In The World (acoustic)” by Thursday]
CATHLEEN o vira de frente e vemos JULIA, desacordada e com o rosto sujo de lama. Ela tem um corte no supercílio por onde sai muito sangue e seu rosto tem hematomas.
CATHLEEN: [sussurra] Meu Deus!
JOEY abaixa e pega JULIA no colo. Ela se mexe e geme quando ele a levanta.
JOEY: Sh, sh, sh. Somos nós. Nós vamos pra casa.
Os dois começam a andar até o carro.
JOEY: Está segura agora.
A música vai diminuindo de volume.
PRODUÇÃO EXECUTIVA
Samir Zoqh
Luciana Rocha
ELENCO
Keira Knightley como Cathleen
Riley Smith como Joey
Paul Wasilewski como Zack
Ashly Lyn Cafagna como Kennedy
Bonnie Somerville como Julia
ESCRITA E EDITADA POR
Luciana Rocha
REVISADA POR
Samir Zoqh
Rafael Schuindt
CRIADA E DESENCOLVIDA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha
MÚSICA TEMA
Late Great Planet Earth, Plumb
TRILHA SONORA
Dirty Little Secret, The All-American Rejects
Straightjacket Feeling, The All-American Rejects
Cursed, Christopher Beck
Faith’s End, Christopher Beck
Devil Child, Christopher Beck
Escape, Christopher Beck
A HYBRID STUDIOS PRODUCTION
DISTRIBUTED BY TELEVISION SERIES NETWORK
©2005
Série Virtual – Outsiders – Ways and Means
09/11/2011, 18:34. Redação TeleSéries
Ficção (séries virtuais)
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Série: Outsiders
Episódio: Ways and Means
Temporada: 1ª
Número do Episódio: 1×06
CENA 1 – COZINHA DA MANSÃO LIEFIELD – MANHÃ
JOEY está sentado ao balcão comendo cereal e lendo uma revista. CATHLEEN entra.
CATHLEEN: Bom dia.
JOEY: Bom dia.
CATHLEEN: [irônica] Nosso hóspede adorado não levantou ainda?
JOEY: Ele realmente tem sido meio folgado nos últimos dias. Não vejo a hora desse cara sumir.
JOEY fecha a revista enquanto CATHLEEN se serve de leite.
CATHLEEN: Meio folgado? O cara não se liga. E o que ele ainda tá fazendo aqui? Quer dizer, uma semana deveria ser suficiente pra Julia arrancar dele o que ela precisa.
JOEY: [irônico] É, o método de tortura dela de dar uma cama confortável, boa comida e água quente realmente vai fazer ele abrir o bico.
CATHLEEN: [arregala os olhos] Aposto que ela tá transando com ele.
JOEY faz uma cara de nojo e fala de boca cheia.
JOEY: Eu tô comendo aqui!
CATHLEEN: Só pode ser. No começo até que eu topava fazer um favor aqui e outro ali porque, convenhamos, ele é gato. [Joey revira os olhos] Mas eu não costumo preparar nenhum banho do qual eu não vá participar e como acho que apesar de muito tentador isso seria ilegal, ele que prepare o próprio banho!
JOEY: O cara claramente teve alguma coisa com a Julia. E o que você tá dizendo é errado em milhares de diferentes formas!
CATHLEEN: Você não precisa mais se preocupar com isso. Ele está totalmente fora do meu sistema. Chega de ficar pensando no seu rosto perfeito [Cathleen olha pra o nada] e olhos castanhos maravilhosos. Aqueles braços fortes naquele roupão–
JOEY larga a colher no balcão com um olhar entediado.
JOEY: [resmunga] Ótimo. Eu nem tava com fome.
CATHLEEN: [acordando do transe] É sério, Joey. Vou falar com a Julia. Hoje mesmo esse cara tá fora da nossa casa. Ele tá fora! Fora!
JOEY: Tem meu total apoio.
ROBERT entra ofegante na cozinha. A câmera mostra o ponto de vista de CATHLEEN revelando ROBERT de cima a baixo em slow motion. Ele veste uma calça de moletom e uma regata branca colada ao corpo pelo suor. CATHLEEN parece hipnotizada.
ROBERT: Bom dia, Geração X.
JOEY abre novamente a revista e responde sem levantar os olhos.
JOEY: Hmm.
ROBERT pega o copo de leite de CATHLEEN e vira de uma vez. A garota parece não perceber. JOEY levanta as sobrancelhas observando a cara de CATHLEEN.
ROBERT: Não há nada melhor do que começar o dia com um bom exercício. A sala de treinamento de vocês até que dá pro gasto. [irônico] Embora eu ache que a Julia precise de estantes mais altas pra manter os objetos cortantes longe do alcance de crianças.
ROBERT passa a mão no cabelo de JOEY como com uma criança e o garoto define o maxilar, claramente irritado. Ele levanta olhando ROBERT nos olhos.
JOEY: Vai ver você está certo. Você ficaria impressionado com o estrago que crianças conseguem fazer.
Os dois se encaram por uns instantes até ROBERT que abre um sorriso e começa a rir sacudindo o ombro de JOEY amistosamente, mas JOEY não parece achar graça.
ROBERT: Ha-ha! Bem, eu acho que vou tomar um banho.
Ele se aproxima de CATHLEEN.
ROBERT: Cathie, querida. Seria ótimo se você misturasse os sais daquele jeitinho que só você consegue.
Ele dá um beijo no rosto da garota e sai da cozinha. CATHLEEN solta um suspiro.
CATHLEEN: Bem, eu acho que não vai doer se ele ficar mais uns dias.
Ela deixa a cozinha na direção em que ROBERT saiu. JOEY balança a cabeça em negativa.
[MÚSICA TEMA – LATE GREAT PLANET EARTH, PLUMB]
CENA 2 – EXT. NARANDA HIGH – MANHÃ
A Cherokee de JULIA para em frente ao colégio. Ela desliga o motor.
JULIA: Ok, eu vejo vocês a noite. E tentem ficar longe daqueles garotos do rancho.
CATHLEEN: Um dia sem bater boca com Ehlios? Deus não é tão bom assim.
JULIA não ri.
CATHLEEN: Okay, okay. Ignorá-lo não tem funcionado muito bem até agora, mas a gente continua tentando e tentando e tent… [fade out]
CATHLEEN sai do carro deixando JOEY e JULIA a sós. A mulher olha pelo retrovisor para JOEY. Ele está de braços cruzados no banco de trás e cara de poucos amigos.
JULIA: Hey, Joe. Você tá bem?
JOEY olha nos olhos dela pelo retrovisor.
JOEY: Quando que ele sai?
JULIA: [respirando fundo] Em breve. Eu já tenho boa parte da informação que queria–
JOEY: Então, hoje à noite?
JULIA: Não sei. Talvez.
JOEY: Amanhã então?
Os dois se olham por um momento e então JOEY, insatisfeito, olha pros lados controlando sua raiva. JULIA vira para o banco de trás olhando-o cara a cara.
JULIA: Eu não tô.
JOEY: O quê?
JULIA: Fazendo o que você pensa que eu tô. Dormindo com ele. Não que seja da sua conta.
JOEY: Bem, não dá pra negar que é o único motivo aparente pra ele estar a uma semana sendo tratado como rei dentro daquela casa.[irônico] Tenho certeza que não foi o Ulisses que ordenou esse método tão agressivo de abordagem de prisioneiros.
JULIA: [séria] Não me lembro de você questionando meus métodos.
JOEY: Nunca foi necessário.
JULIA: [irritada] Nunca te pedi para fazer isso e não estou pedindo agora, Joey! Eu sei o que estou fazendo. Eu conheço esse homem e sei o que tenho que fazer pra conseguir o que quero dele.
JOEY: [ríspido] Ah, mas disso eu nunca duvidei. Acho que já passaram meus cinco minutos.
JOEY sai do carro e bate a porta. Julia esvazia os pulmões e passa a mão nos cabelos.
CENA 3 – CORREDOR DO NARANDA HIGH – MANHÃ
[MÚSICA DE FUNDO – ON THE WAY DOWN, RYAN CABRERA]
O corredor está cheio. CATHLEEN está passando alguns livros de seu armário para sua bolsa quando vê ZACK passando no corredor. Ele dá um sorriso discreto para ela enquanto passa e ela retribui. O armário se fecha de repente revelando KENNEDY encostada nele. CATHLEEN toma um susto.
KENNEDY: Olha só pra você toda amiguinha do Hayes!
CATHLEEN: [mão no peito] Sua louca. Você quase me matou de susto.
KENNEDY: Desculpa, amiga. Eu sei como é um baque voltar… das nuvens!
KENNEDY começa a mexer os braços como se voasse e a circular a amiga. CATHLEEN ri enquanto as duas começam a andar pelo corredor.
CATHLEEN: Do que você tá falando?
KENNEDY: De você e do Hayes. Nunca achei que você gostasse do tipo caladão.
CATHLEEN: Eu e o Zack? Você que tá viajando. Ele trabalha comigo. Eu tenho que pelo menos cumprimentá-lo.
KENNEDY: Yeah, certo. Joey mora com você e nem isso ele consegue. Admite que você tem uma queda pelo Hayes. Uma queda não, um precipício.
CATHLEEN: Cala a boca. Eu não tenho nada com o Zack. Na verdade, ele acabou virando um amigo melhor do que eu poderia imaginar. Ele é um bom ouvinte.
KENNEDY: Isso é porque ele não fala. Juro que já passei dias inteiros sem ouvir ele falar nada além de [voz mais grossa] “Posso anotar seu pedido?”.
CATHLEEN ri.
CATHLEEN: Depois que a gente passa a conhecê-lo ele não é tão tímido quanto parece.
KENNEDY: [maliciosa] Hmm, isso soa sacana.
CATHLEEN empurra o ombro da amiga de leve.
CATHLEEN: Cala a boca!
As duas riem e CATHLEEN entra numa sala enquanto KENNEDY dá um tchau e continua andando.
[Música fade out]
CENA 4 – CORREDOR DO NARANDA HIGH – MANHÃ
[MÚSICA DE FUNDO – AMAZING, JOSH KELLEY]
O sinal toca e KENNEDY caminha mais apressada quando alguém dobra um corredor ao lado e esbarra nela fazendo seus livros caírem.
KENNEDY: Ai!
KENNEDY abaixa sem nem olhar quem bateu nela.
KENNEDY: Não dá pra olhar por onde anda não?!
JOEY: Ah, droga.
KENNEDY olha pra cima, finalmente percebendo que é JOEY. O garoto abaixa para ajudá-la.
JOEY: Desculpa. Eu realmente não tava muito atento.
KENNEDY: Hum… não tem problema.
Eles recolhem tudo em silêncio. KENNEDY parece meio sem graça. Eles levantam e ficam se encarando por alguns segundos. JOEY coça a cabeça.
JOEY: Eu acho que—
[ao mesmo tempo]
KENNEDY: Eu queria te—
JOEY sorri.
JOEY: Você primeiro.
KENNEDY: [sem graça] É que… sobre aquela noite… bem… hum… eu queria me desculpar. Eu não sei o que me—
JOEY: Hey. Não tem problema, Kennedy. Todo mundo tem um dia ruim de vez em quando.
Com isso JOEY sai andando cabisbaixo e KENNEDY o observa ir com uma expressão interrogativa no rosto.
[Música fade out]
CENA 5 – BANHEIRO DA MANSÃO LIEFIELD – MANHÃ
JULIA entra no banheiro, séria. ROBERT está na banheira com uma máscara tampando seus olhos. JULIA bate a porta e ROBERT acorda assustado. Ele tira a máscara e sorri para ela.
ROBERT: Você tá precisando relaxar, hum? Se me permite uma sugestão esse banho tá maravilhoso. Te faria milagres.
Ele senta e aponta para que ela entre.
JULIA: Quero o nome da base, características e vulnerabilidades. Cansei de você dando voltas. Você já teve seus dias de descanso depois de alguns anos naquele lugar, mas agora tá na hora de começar a falar ou você volta pra lá em menos de 12 horas.
ROBERT: Meu Deus, Jules. Já disse, se acalma. Só não tenho pressa pois achei que a gente fosse… se divertir um pouco antes de eu ter que ir embora.
JULIA: Não vamos.
ROBERT a encara com uma expressão confusa e balança a cabeça em negativa.
ROBERT: O que diabos esses garotos fizeram com você? Você tá irreconhecível! No começo tava até bonitinho te ver toda Bree, mas agora é só irritante!
JULIA: As pessoas mudam.
ROBERT: [frustrado] Você não, Jules! Eu te vi fazer umas coisas bem barra pesada no passado. Deus, o que você fez comigo da última vez é algo que a maioria das pessoas não perdoaria e agora você quer me convencer que alguns anos brincando de casinha mudaram sua vida? Por favor!
ROBERT levanta da banheira e a câmera só mostra a parte de cima do seu corpo. JULIA não reage à ação. Ele sai naturalmente da banheira e começa a enxugar o corpo.
ROBERT: Nós dois sabemos que as pessoas não mudam. Elas só… se adaptam. Aprendem a se socializar de forma diferente por pura questão de sobrevivência. Interesse.
[MÚSICA DE FUNDO – BENT, MATT NATHANSON]
Ele joga a toalha longe e se aproxima falando bem próximo ao rosto dela de forma suave.
ROBERT: Quem você é tá aí dentro em algum lugar. Eu sei que sim. E ela tá morrendo de vontade de se liber–
JULIA: [séria] O tempo tá passando, Bob.
Ele esvazia os pulmões, olhando pra baixo com uma expressão de desistência, mas logo a olha nos olhos e coloca uma mexa de cabelo delicadamente atrás de sua orelha. Ele acaricia sua face.
ROBERT: Eu só… eu achei que chegaria a encontrá-la antes de ir. Diz pra ela que eu tô com saudades.
Eles se encaram a poucos centímetros de distância. ROBERT continua acariciando o cabelo dela. Ele começa a massagear sua nuca e Julia fecha os olhos. Ele toca os lábios no nariz dela e passeia delicadamente pelos olhos, testa, bochechas.
ROBERT: [sussurra] Eu só… queria que não estivéssemos tão distantes.
ROBERT toca os lábios de JULIA com seus dedos. A câmera foca a fechadura da porta e a chave a tranca sozinha. Rapidamente, ROBERT pressiona JULIA contra a porta e a beija com intensidade. O beijo é profundo e JULIA corresponde. As mãos dela acariciam o cabelo de ROBERT e ele começa a beijar seu pescoço. A câmera mostra a mão de ROBERT descendo pelas costas de JULIA e entrando dentro da camisa dela.
[Música subitamente cortada. Barulho de freios.]
De repente, ROBERT é empurrado para trás por uma força invisível e para há uns dois metros de distância de JULIA.
JULIA se recompõe arrumando os cabelos. ROBERT aponta pra ela.
ROBERT: Agora isso é golpe baixo!
Ele urra frustrado e dá um soco no ar.
JULIA: Um beijo. Era tudo que você queria antes de ir. Agora você já tem. Começa a falar.
ROBERT: [frustrado] Alguém já te disse que essa sua mania de ler o pensamento dos outros é extremamente irritante?!
JULIA: [sorri] Algumas pessoas.
ROBERT: Um sorriso? Será que eu finalmente atravessei esse escudo que você armou desde que cheguei?
JULIA: Na verdade… [desvia o olhar pro teto] eu acho que você precisa de um banho gelado.
JULIA começa a rir. ROBERT olha para baixo.
ROBERT: [sorri] Não é engraçado.
ROBERT começa a gargalhar.
ROBERT: Não tem graça nenhuma!
Os dois riem. ROBERT abre o box transparente e entra no chuveiro. Ele dá alguns pulos quando entra em contato com a água e vibra os lábios expressando frio. JULIA senta na bancada, ao lado da pia. Ela agora parece mais relaxada. Eles se vêem através do vidro transparente.
ROBERT: Achei que tinha te bloqueado melhor.
JULIA: Bem, eu tentei por uma semana e só consegui agora, com você praticamente gritando por isso. Estou até um pouco impressionada. Você realmente aprendeu algumas coisas sobre sua mente.
ROBERT: Eu te disse.
JULIA: Então…
ROBERT: Então. Hora de falar de negócios.
JULIA: Por favor.
ROBERT: Aos negócios então. Eu tenho certeza que não é por acaso que você escolheu Naranda pra morar. [esfrega o cabelo] O complexo.
JULIA: Nove bases militares externas e subterrâneas num raio de 800 milhas.
ROBERT: O governo tem uma obsessão estranha com essa parte do país.
JULIA: Nem me fala.
ROBERT: Só pra que você saiba, tem mais uma em construção no norte de Lander e outra na divisa com New México. Não esquece de dar uma olhada.
JULIA: Como você sabe disso depois de cinco anos preso?
ROBERT: Bem, eu descobri que seu acesso à internet é absurdamente seguro e um terço dos meus contatos ainda vivem. Só me dei um update antes de te passar as informações.
JULIA: [sorri] Eu darei uma olhada nas bases. Obrigada.
ROBERT: Lutando contra a vontade de mudar de assunto, já que acabei de ver o primeiro “obrigado” que sai da sua boca na minha vida…
JULIA sorri.
ROBERT: …o que você deve procurar é um receptor. Ele deve parecer com um HD com um painel complicado em cima. Células receptoras de ondas.
JULIA: Pra um satélite.
ROBERT: Exatamente. Aparentemente vocês são tão bem quistos pelos militares que agora vocês têm seu próprio satélite. Alguma coisa com obter informações de pesquisas em outros países, sei lá. Já era um projeto antigo na época em que fui preso, mas agora ele está prestes a ser lançado. Então é melhor você se apressar.
Ele sai da ducha e JULIA joga outra toalha para ele.
ROBERT: Suponho que já saiba sobre a China?
JULIA: Sim.
ROBERT: Você já tem todos os desenhos?
JULIA: Você sabe que não posso responder isso.
ROBERT: [revira os olhos] Quê que eu tô perguntando? É claro que já os tem.
Ele enrola a toalha na cintura e se aproxima.
ROBERT: O lance é que você não precisa ir à China. Ela virá a você. Todo pedaço de informação que os militares têm sobre vocês vai passar por esse satélite. Tudo. Tudo que eles descobrirem lá ou seja lá mais em que países que essas células vão chegar.
A expressão de JULIA fica levemente surpresa.
ROBERT: Isso mesmo. Eu te disse que era coisa grande.
JULIA: E onde eu pego essas células?
ROBERT: [coça a cabeça preocupado] Aí que tá a coisa. Você não pega.
JULIA: O que você quer dizer?
ROBERT: Elas estão na base de White Pine.
JULIA: Hum… então por isso que você descobriu tanto desse satélite.
ROBERT: Yeah, preferia não ter tido que descobrir nada.
JULIA: Okay, eu admito que entrar lá vai ser um pouco difícil–
ROBERT: [riso nervoso] Não, Jules. [se aproxima mais] Você não tá me entendendo. Você pode ser a melhor agente que eu já conheci, mas White Pine não tem falhas na segurança. Não tinha quando eles tavam montando essa coisa e agora que tá pronto vai ser quase impossível entrar.
JULIA: Qualquer lugar tem falhas na segurança. E considerando que você ficou lá por três semanas antes da instituição metal, eu tenho certeza que você sabe qual é.
ROBERT: Jules, não tenta entrar lá. Compra alguém, espera o transporte dessa coisa, mas–
JULIA: Não posso arriscar, Bob. Não essa chance. Pelo visto eu vou ter que achar essas falhas sozinha.
Ela começa a sair do banheiro. ROBERT corre até a frente dela e fecha a porta ficando entre ela e JULIA.
ROBERT: Tem uma coisa.
Ela sorri.
ROBERT: E depois dessa você realmente tá me devendo uma–
JULIA: Eu te tirei de Charenton, te arranjei um apartamento, uma mesada–
ROBERT: …depois dessa nós estamos realmente quites.
Eles sorriem.
ROBERT: O gerador. Se aquilo ainda é o que costumava ser, tudo lá dentro é comandado por eletricidade. O sistema de segurança, a tranca das selas e dos laboratórios, até as torneiras… tudo funciona na base da eletricidade. Mas o lugar é tão gigante que o gerador reserva precisa de algum tempo para se carregar quando o principal cai.
JULIA: Quanto tempo?
ROBERT: Assim que o gerador cair, você tem – escuta bem – vinte segundos pra entrar e sair. Vinte segundos de vulnerabilidade total até o gerador reserva carregar. Vinte! Jules… é impossível.
JULIA: Eu agradeço a preocupação, mas eu preciso tentar.
JULIA inclina-se e toca os lábios de ROBERT com os seus trocando um suave beijo por alguns instantes. Ela interrompe o beijo e ROBERT apóia sua testa na dela enquanto ela acaricia o rosto dele. Eles se olham nos olhos.
JULIA: É melhor você arrumar suas coisas. O avião parte as oito e quarenta e cinco.
Ela passa por ele e sai do banheiro. ROBERT passa a mão nos cabelos molhados.
CENA 6 – REFEITÓRIO – TARDE
[MÚSICA DE FUNDO – WORK, JIMMY EAT WORLD]
CATHLEEN e SAMANTHA estão sentadas em uma das mesas com outras garotas. KENNEDY chega à mesa com sua bandeja e senta. Uma das garotas se inclina na mesa para falar com KENNEDY.
GAROTA: [sussurra] Não olha agora, mas eu acho que a Amy tá dando mole pro Ben.
KENNEDY: [irritada] O quê?!
Ela começa a virar, mas SAMANTHA ao seu lado, a puxa para frente.
SAMANTHA: Não olha!
KENNEDY: [nervosa] O que ele tá fazendo, Cathy? O que ele tá fazendo?
CATHLEEN, que está sentada no lado oposto a KENNEDY e de frente para BEM, observa o garoto. A câmera focaliza BEN sentado sobre uma das mesas e AMY na frente dele, sorridente e mexendo nos cabelos. Também vemos HARRISON ao lado dos dois, comendo, e alguns outros garotos com jaquetas do time.
CATHLEEN: Que vadia!
AMY olha rapidamente para a mesa das garotas.
CATHLEEN: Ela tá usando ele descaradamente!
KENNEDY: [nervosa] E ele? E ele?
AMY dá um empurrão de leve no braço de BEN e ele se remexe desconfortável, colocando as mãos nos bolsos da jaqueta.
GAROTA: Ele não parece muito interessado.
CATHLEEN: Essa garota não tem nenhum amor próprio.
KENNEDY: Ela tá realmente partindo pra cima? Quero dizer, eles podem estar só conversando.
CATHLEEN: Por favor! Numa escala de 1 a 10 ela tá flertando com ele como se fosse Paris Hilton.
KENNEDY: [irritada] Eu vou acabar com ela!
SAMANTHA: Acho que não precisa se preocupar. Ele ainda tá totalmente na sua.
KENNEDY: Como você sabe?
SAMANTHA: O Harry me contou. Aparentemente ele ainda não ficou com ninguém desde que vocês terminaram. Ele tá arrasado.
KENNEDY: Droga. Não queria que ele ficasse sozinho. [irritada] Só não quero ele com essazinha!
SAMANTHA: Por que você terminou com o Ben mesmo?
KENNEDY: Sei lá… ele ligava o tempo todo. Mandava flores pelo menos uma vez por semana, presentes—
SAMANTHA: [abismada] E isso é errado porque…
KENNEDY: Não é errado. Só que era demais. Você nunca cansou de ter namorados atenciosos demais? Quero algo diferente. Pelo menos pra ver como é.
SAMANTHA: [sem entender] Amiga… você é louca.
CATHLEEN: Vai ver ele ainda tem esperanças.
KENNEDY: Mas pra mim não tem volta.
CATHLEEN: Você devia arranjar alguém. Pra mostrar pra ele que não tem mesmo volta. Só assim ele vai superar.
KENNEDY: Não sei se é uma boa idéia—
SAMANTHA: É uma ótima idéia! Hoje a noite tem a inauguração daquele cinema gigante lá perto da Faculdade. Tenho certeza que vai estar cheio de universitários pra você escolher.
CATHLEEN: Perfeito!
KENNEDY: Eu não sei gen–
CATHLEEN: Mas a gente sabe. Nós vamos.
KENNEDY: Você? A furona oficial do Naranda High.
CATHLEEN: Depois do trabalho. Passa lá em casa e de lá a gente vai pra casa da Sam.
SAMANTHA: Por mim tudo bem.
KENNEDY olha desconfiada para as amigas.
KENNEDY: Ok, ok. Eu vou!
As garotas comemoram.
KENNEDY: [pra Cathleen] Mas não fura!
CATHLEEN: Não vou. Prometo.
CATHLEEN dá uma última espiada em AMY anotando algo na mão de Ben.
CENA 7 – REFEITÓRIO – TARDE
MEG está almoçando sozinha enquanto lê um livro. EHLIOS aparece com sua bandeja.
EHLIOS: Posso sentar?
MEG: [sem levantar os olhos] Não.
EHLIOS: Eu só… eu queria agradecer. O vídeo… bem, a gente pegou terceiro lugar, sem orçamento nenhum ou roteiro decente. Então eu pensei “o que diabos eles viram no filme pra conseguirmos terceiro lugar?”. A resposta veio bem rápido—
MEG: [olha pra ele] Eu?
EHLIOS fica sem graça.
MEG: [balança a cabeça em negativa] Cantadas de caras são tão previsíveis. [volta a ler] Não se incomode. Você não vai conseguir nada aqui, Ehlios. Terminamos.
Ele fica paralisado.
MEG: Você já pode ir agora.
EHLIOS abaixa a cabeça e se distancia.
CENA 8 – LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA – TARDE
Todos os alunos estão em seus computadores individuais. JOEY continua com uma expressão aborrecida e brinca com uma borracha entre os dedos, parecendo não prestar atenção no professor à frente da turma. Um barulho rápido no computador o chama a atenção. A câmera mostra o monitor de JOEY. Uma janela de mensagem instantânea está aberta. JOEY clica em “desabilitar alarme” na caixa.
A câmera mostra o monitor de JOEY.
C DIZ: Q q vc tem hoje?
JOEY olha envolta para encontrar os olhos de CATHLEEN o encarando discretamente por cima de um dos monitores. Ele digita.
JOE DIZ: Achei que esse programa fosse bloqueado aqui.
Mais uma mensagem aparece.
C DIZ: E é. 😀
Ele digita.
JOE DIZ: Bom saber q você ainda não perdeu a manha.
Vemos CATHLEEN sorrir. A garota digita. A câmera foca o monitor dela.
A câmera mostra o monitor de CATHLEEN.
C DIZ: ñ c preocupa. vc ainda eh melhor q eu. em hacking, mas ñ em mentir. Q q houve?
Vemos JOEY suspirar. Ele digita. A câmera foca seu monitor.
JOE DIZ: Besteira minha. Não precisa se preocupar.
C DIZ: essa mania q vc tá pgando d ñ falar nd tá me irritando.
JOE DIZ: Bem… é a Julia.
C DIZ: Q q tem ela?
Vemos JOEY ficar com uma expressão irritada. Ele digita com rapidez e aperta a última tecla com força. A câmera ainda foca no monitor de JOEY.
JOE DIZ: Cansei desse lance da gente não saber absolutamente nada da vida dela. Tipo, ela é o que a gente tem mais próximo de uma família e tudo que a gente sabe é o nome e a idade dela!
C DIZ: sem qrer t deixar com mais raiva, ms pd somar mais 5 na idade dela… ms q q a gnt pd fazer? ela eh fechada. sempre evita falar do passado.
JOE DIZ: Bem, eu acho que nós temos o direito de saber. Nós vivemos há quatro anos juntos! Daí esse Robert que nunca ouvimos falar e que claramente participou de uma parte importante do passado dela aparece e a gente tem que simplesmente lidar com isso?! Ela tá pedindo DEMAIS.
C DIZ: ah, entaum eh DISSO q a gnt tah falando… robert… vc tah cum ciumes da mammy. 😀
JOE DIZ: Não é isso!! E quanto a Sarah? A gente vem evitando falar isso de uma forma tão descarada que me dá enjôo. Parece que ela simplesmente esqueceu que a gente sabe que ela conhece a Sarah. Conhece como? Da onde? Eles três são a mesma coisa que a gente é… Coincidência? Acho que não.
Ele respira fundo.
JOE DIZ: É só que… só me bateu agora que eu moro com alguém de quem eu não sei nada.
C DIZ: tem um jeito da gnt descobrir isso… o robert… a gnt pd tentar tirar alguma coisa dele.
JOE DIZ: Você podia ir lá e tocar nele.
C DIZ: acredite! eh td q eu qro fazer ha dias! 😀
JOEY encara a garota por cima dos monitores rolando os olhos enquanto ela sorri. Outra mensagem chega. A câmera mostra o monitor de CATHLEEN.
C DIZ: d qq forma eu tenho q trabalhar. tenta puxar papo com ele hoje. soh vai ter vcs lah msm.
JOE DIZ: De jeito nenhum eu vou ficar papeando com aquele cara! Não, não e não!
C DIZ: eh a forma mais rapida d conseguir respostas…
Ela arregala os olhos e digita rápido.
C DIZ: e vc sabe q ela vai saber o q a gnt fez assim q ela nos ver né?!!
JOE DIZ: Esse lance de vocês duas me tira do sério. Mas eu não me importo. Ela que saiba o que eu penso.
C DIZ: ow inteligencia. c ela descobrir antes da gnt conseguir respostas nunca vamos falar com ele… tem q ser hj… antes dela chegar em casa e olhar p nossa cara. faz isso… hj a tarde! ou eu vou ficar mais semanas sem o carro por nada!!
Ela parece apavorada.
C DIZ: O CARRO!! Ó julia, isso eh tudo ideia do joey! vc tah vendo! eu não fiz nada, JURO!!
JOEY balança a cabeça negativamente. Ele digita. O sinal bate. A câmera volta a mostrar o monitor de JOEY.
JOE DIZ: Eu falo com ele. Essa tarde.
C DIZ: e eu num tenho NADA a ver c isso!!
Ele digita.
JOE DIZ: Vamos. Não esquece de apagar o histórico.
C DIZ: naum vo eskcer eh d chutar seu traseiro por me chamar d amadora!!
JOE DIZ: Vamos que eu estou a fim de um shake. Te acompanho até o TA.
JOEY digita mais algumas coisas mas logo pega sua bolsa e levanta, quase ao mesmo tempo que CATHLEEN.
CENA 9 – THE ALLEY – TARDE
[MÚSICA DE FUNDO – MOTOR, NEVE]
CATHLEEN e JOEY adentram a lanchonete com o som característico do sino. ZACK, no balcão, os nota entrar e vai em direção à CATHLEEN enquanto JOEY senta em uma das poltronas do local.
ZACK: [pequeno sorriso] Hey. Que bom que veio.
CATHLEEN sorri.
ZACK: Não tem muito movimento agora mas—
CATHLEEN: Dia de treinamento do time.
ZACK: Exatamente.
CATHLEEN: Já estou mentalmente preparada pra distribuir 100 quilos de hambúrguer pra jogadores esfomeados.
ZACK: Vai em frente e faz o que quiser por agora.
CATHLEEN: Acho que vou tentar tirar aquela mancha horrorosa do balcão. Só vou me trocar. E…
Ela olha para JOEY sentado a uma das mesas.
CATHLEEN: Dá alguma coisa com altos níveis de glicose pro Joe. Ele não tá muito bem hoje.
ZACK: Deixa comigo.
CATHLEEN vai para os fundos na lanchonete enquanto ZACK se aproxima de JOEY.
ZACK: Ei, cara. O que vai ser hoje?
JOEY: Uma nova vida. Tem aí?
ZACK: Bem, eu tenho uma banana split com um litro de sorvete que pode te matar.
JOEY: Traz uma dupla.
ZACK: [anotando] Wow. [grita] Uma Double Giant Split pra mesa 7!
ALGUÉM: [distante] Saindo!
JOEY deixa a cabeça cair sobre os braços cruzados na mesa. CATHLEEN volta com o uniforme da lanchonete e vai para trás do balcão. O sino toca e EHLIOS entra com uma expressão devastada.
CATHLEEN: O Prozac de hoje já acabou, mas ainda tem algum cianureto lá nos fundos.
EHLIOS não responde e CATHLEEN lança um olhar surpreso para ZACK. EHLIOS senta ao lado de JOEY e também abaixa a cabeça na mesa.
ZACK: Eu acho que ele tá com um problema.
CATHLEEN: Isso aqui é uma lanchonete, pessoal. Não um divã!
EHLIOS: [levanta a cabeça] As mulheres são a criação mais maligna de Deus.
CATHLEEN: [esfregando o balcão] Por isso que temos que carregar o pior fardo que existe: homens.
EHLIOS: É… vai ver você tá certa.
CATHLEEN: [arregala os olhos] Ok, agora ele tá me assustando!
ZACK: O que aconteceu, cara?
EHLIOS: Minha vida é um saco.
JOEY: [voz abafada] Tire as mãos do título do meu filme.
CATHLEEN: Alguém lembra o número do Dr. Phil? Os níveis de depressão estão subindo nesse lugar!
EHLIOS: Acho que vou querer aquele cianureto que você ofereceu.
JOEY: Traz dois.
ZACK coloca uma travessa enorme de sorvete na mesa.
ZACK: Por que a gente não começa com isso aqui e depois você repensa o cianureto.
JOEY levanta a cabeça e começa a comer em colheradas fundas. O sino toca e ROBERT entra na lanchonete.
JOEY: [irônico] Ótimo.
CATHLEEN parece nervosa e joga o pano que estava na sua mão embaixo do balcão. ROBERT senta em um dos bancos na frente dela. Ela sorri e arruma o cabelo.
ZACK: [incomodado] Quem é o cara?
JOEY: [irônico] Esse é o nosso ilustre hóspede. Ele tá lá em casa há uma semana.
ZACK: E qual é a dele?
JOEY: [de boca cheia] Não pergunta pra mim. Eu sei tanto quanto você. E você acabou de conhecê-lo.
CATHLEEN ri. ZACK parece ainda mais incomodado.
ZACK: Cathleen parece bem íntima dele.
JOEY: Não sei se “íntima” é a palavra. Mas eu te digo uma coisa. Ele é o único cara que eu já vi que deixou essa garota sem palavras. Além de Orlando Bloom, pelo menos.
ZACK continua observando os dois.
EHLIOS: Eu disse cara. Mulheres são malign—
ZACK: Cathleen! Você poderia checar se temos hambúrgueres suficientes pra hoje?
CATHLEEN parece surpresa.
CATHLEEN: Mas você disse que eu podia fazer—
ZACK: É, mas eu acabei de lembrar que talvez não os tenha descongelado. Pode fazer isso?
CATHLEEN franze o cenho.
ZACK: Agora?
CATHLEEN: [irritada] Claro.
A garota vai para os fundos da lanchonete. A campainha toca. ZACK vai até a janela entre a lanchonete e a cozinha e pega um saco de papel. Ele o entrega para ROBERT.
ZACK: [seco] Aqui está seu pedido. Bom apetite e volte sempre.
ROBERT: [rindo] Se acalma, garoto. Não tô tentando pegar sua garota.
ROBERT ri e ZACK toma uma expressão irritada. ROBERT se aproxima da mesa de JOEY e EHLIOS.
ROBERT: Cathy disse que você precisava de uma carona pra casa.
JOEY esvazia os pulmões, não muito satisfeito.
JOEY: Ah, sim. [entre dentes] Claro.
JOEY levanta.
ZACK: Mas você nem terminou seu—
EHLIOS: Deixa comigo.
EHLIOS pega a colher e começa a comer como o rosto apoiado na mão. JOEY e ROBERT deixam a lanchonete.
CENA 10 – SALA DE TREINAMENTO – TARDE
JOEY entra na sala de treinamento seguido de ROBERT.
ROBERT: Você tem certeza que quer fazer isso?
JOEY começa a enfaixar as mãos.
ROBERT: Quero dizer, você não tem… lição de casa pra fazer, ou sei lá?
JOEY: Provavelmente.
ROBERT dá de ombros e abre o saco de papel tirando um hambúrguer. Ele começa a comer.
JOEY: Então… o que você achou de Naranda?
ROBERT: Se por Naranda você quer dizer as três ruas que eu tive que tomar pra chegar naquela lanchonete, então bem… Naranda é irritantemente quieta.
JOEY: Acredite, você não precisa conhecer a cidade inteira pra atestar isso. Eu não sabia que você podia sair de casa.
ROBERT: [boca cheia] Não posso.
JOEY: Oh…
Eles ficam em silêncio e JOEY parece um pouco incomodado, mas ROBERT apenas aprecia seu lanche.
JOEY: Então…
ROBERT: Por que você não simplesmente pergunta o que quer saber, garoto?
Joey fica surpreso.
JOEY: Eu não… eu—
ROBERT arqueia as sobrancelhas.
JOEY: [frustrado] Como você sabia?
ROBERT: Considerando que durante a ultima semana você tem deixado bem claro o quão bem vindo não sou nessa casa, se agora você quer que eu [gesto de aspas] te ensine alguns golpes, alguma coisa você quer.
JOEY: Eu só—
ROBERT: Quer saber sobre eu e Julia.
JOEY: [irritado] Dá pra parar? Já tenho a Cathy e a Julia pra isso.
ROBERT: Você é óbvio demais. O que você quer saber, garoto?
JOEY: [desconfiado] Você vai simplesmente me dizer o que eu quiser saber?
ROBERT senta sobre uma das mesas.
ROBERT: Ainda tô decidindo. Depende das suas perguntas. Seja direto. Odeio que me enrolem.
JOEY: Ok. Há quanto tempo vocês se conhecem?
ROBERT: [pensa um pouco] Oito… não, nove. Nove anos. Acho que é isso.
JOEY: Como vocês se conheceram?
ROBERT: HT. Ulisses estava recrutando agentes. Me achou.
JOEY: Não sabia que o Heller recrutava pessoas normais.
ROBERT: E ele não recruta.
JOEY: Então como—
ROBERT: Continue no campo das perguntas certas, garoto.
JOEY o analisa com curiosidade, mas logo balança a cabeça afastando o assunto.
JOEY: Sarah Jones. Você sabe algo sobre ela?
ROBERT pensa por um momento.
ROBERT: Não me lembro de nenhuma Sarah Jones. Não deve ser da minha época.
JOEY: E… você e Julia… vocês…
ROBERT: Direto, garoto.
JOEY: Vocês tiveram algo?
ROBERT: Sim.
JOEY: Ok… [respira fundo] E por que você concordou em me dizer tudo isso?
ROBERT observa JOEY por uns instantes como se não fosse responder.
JOEY: Acho que acabei de cruzar os campos.
ROBERT: Bem no limite, garoto. Gosto de você. Tem coragem. Sua resposta… às vezes é bom relembrar algumas coisas. Pessoas que você nunca voltará a ver.
JOEY franze a testa
ROBERT: A Julia de quem estamos falando não existe mais, garoto. Eu não sei o que vocês fizeram, mas vocês transformaram a Liefield em alguém que deixa as crianças na escola toda manhã…
Ele levanta e começa a sair da sala.
ROBERT: …e que vai chutar seu traseiro quando ler em você essa nossa conversinha.
JOEY: Você ainda gosta dela?
ROBERT para há poucos passos da saída, mas não vira.
ROBERT: E agora você acabou de cruzar o limite, garoto.
ROBERT sai da sala.
CENA 11 – COZINHA DO THE ALLEY – TARDE
[MÚSICA DE FUNDO – PLEASE DON’T TELL HER, JASON MRAZ]
ZACK está cortando alguns pães de costas para CATHLEEN enquanto ela varre o chão. Os dois estão em silêncio. ZACK, observa CATHLEEN pelo canto dos olhos, mas quando ela olha, ele rapidamente fixa-se nos pães. A garota levanta as sobrancelhas.
CATHLEEN: Você tá bem?
ZACK: Sim, eu tô ótimo.
Ela começa a colocar as cadeiras de cima das mesas, no chão.
CATHLEEN: Você tá quieto demais hoje. Até pra seus próprios padrões de silêncio.
ZACK se esforça para manter sua visão fixa aos pães.
CATHLEEN: Então você vê que isso pode ser um pouco preocupante.
ZACK: Eu tô bem, Cathleen.
A garota o observa por um segundo, mas dá de ombros e limpa a mesa. ZACK continua em silêncio e mais alguns momentos mudos passam. Ele se remexe desconfortável.
ZACK: [sem desviar o olhar] Então… [limpa a garganta] eu ouvi dizer que… vocês têm visita em casa.
CATHLEEN: É. Robert. Ele é meio espaçoso, mas acho que não vai ficar por muito mais tempo mesmo.
ZACK: Ah… sinto muito.
CATHLEEN: [franze o cenho] Pelo que?
ZACK: Bem, pelo que vi de vocês antes, tenho certeza que você vai sentir falta dele.
CATHLEEN aperta os olhos.
CATHLEEN: Não… Zack… [pára de limpar] Eu e Robert não somos desse jeit—
ZACK: Não precisa esconder de mim. Está tudo bem se—
Ela vai até ele e o encara.
CATHLEEN: Não, Zack! [passa a mão nos cabelos] Eu sei que fico meio… estranha quando ele chega, mas… sei lá… é mais uma coisa meio groupie. Sabe? Quando você encontra um ídolo maravilhoso e não consegue nem desengasgar pra pedir um autógrafo. Mas não é como se fosse acontecer algo entre a gente. Eu gosto da imagem dele, não dele. Tipo… Orlando Bloom.
Um sorriso se abre no rosto de ZACK.
ZACK: Eu entendo, Cathy.
CATHLEEN: Eu só quero que você entenda que—
ZACK volta seu olhar para os pães.
ZACK: Cathy, não é como se você me devesse satisfação.
CATHLEEN para e olha para ele com uma expressão de quase raiva.
CATHLEEN: Você tá certo. Não devo.
Eles se olham e ouvimos algumas vozes altas. A câmera mostra muitos garotos entrando na lanchonete, mas CATHLEEN e ZACK continuam se encarando.
CATHLEEN: [amarga] É melhor a gente trabalhar.
Ela sai. ZACK aperta os olhos e solta um suspiro frustrado.
[Música fade out]
CENA 12 – EXT. MANSÃO LIEFIELD – NOITE
[MÚSICA DE FUNDO – BENT, MATT NATHANSON]
ROBERT sai da casa arrastando uma mala. Atrás dele vêm JULIA e JOEY. Há um táxi parado. O taxista pega a mala e a leva para o carro.
ROBERT: [para o motorista] Estarei lá em um segundo.
Ele vira-se para JULIA e JOEY a sua frente.
ROBERT: Diga à Cathleen que eu disse “tchau”.
JOEY concorda com a cabeça e estende a mão para ROBERT.
JOEY: Faça uma boa viagem. Eu vou… [olha pros dois] hum… entrar… lição de casa.
JOEY dá as costas e entra na casa deixando JULIA e ROBERT a sós. Eles se encaram por uns momentos.
JULIA: Então… obrigada pela informação. Não estava certa de que me daria.
ROBERT: Era o mínimo que podia fazer. Foi bom te ver outra vez. Mesmo com todas as mudanças.
JULIA: É. Passou um bom tempo.
ROBERT: Mas se vale alguma coisa, essa nova Julia? Eu até que gostei.
Eles sorriem.
JULIA: É melhor você ir. Vai perder o vôo.
ROBERT: É. Acho que você tá certa.
Ele pega na mão dela. Ela entrelaça os dedos.
ROBERT: Adeus, Jules.
Ele dá um passo para trás e depois larga a mão dela.
ROBERT: Você sabe onde me encontrar.
ROBERT dá as costas e entra no táxi. JULIA observa o veículo se distanciar.
JULIA: Adeus, Bob.
Ela lentamente caminha para dentro da mansão.
[Música fade out]
PRODUÇÃO EXECUTIVA
Samir Zoqh
Luciana Rocha
ELENCO
Keira Knightley como Cathleen
Riley Smith como Joey
Paul Wasilewski como Zack
J. Mack Slaughter como Ehlios
Ashly Lyn Cafagna como Kennedy
Bonnie Somerville como Julia
ATOR CONVIDADO
Victor Webster como Robert
ESCRITA E EDITADA POR
Luciana Rocha
REVISADA POR
Samir Zoqh
Rafael Schuindt
CRIADA E DESENCOLVIDA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha
MÚSICA TEMA
Late Great Planet Earth, Plumb
TRILHA SONORA
On The Way Down, Ryan Cabrera
Amazing, Josh Kelley
Bent, Matt Nathanson
Work, Jimmy Eat World
Motor, Neve
Please Don’t Tell Her, Jason Mraz
A HYBRID STUDIOS PRODUCTION
DISTRIBUTED BY TELEVISION SERIES NETWORK
©2005
Outsiders – Just Realise it Already
04/11/2011, 21:42. Redação TeleSéries
Ficção (séries virtuais)
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Série: Outsiders
Episódio: Just Realise it Already
Temporada: 1ª
Número do Episódio: 1×05
CENA 1 – EXT. PROXIMIDADES DO CHARENTON – NOITE
A câmera dá um close no rosto de JULIA.
JULIA: [surpresa] Sarah?
O ponto de vista de JULIA se abre em tela, revelando SARAH e ZACK.
EHLIOS e CATHLEEN que estavam rodando no chão aos socos, param numa posição estranha e encaram o grupo a sua frente.
EHLIOS: [pasmo] Hey! Vocês se conhecem?
JULIA olha para CATHLEEN e EHLIOS atracados no chão.
JULIA: [revirando os olhos] O que você pensa que esta fazendo, Cathleen?
Os dois se encaram e se soltam rapidamente, levantando e ajeitando suas roupas.
JULIA: [olhando para Cathleen] E a propósito… foram esses os “profissionais” que pegaram o resto dos desenhos?
JULIA olha para EHLIOS. O garoto ainda tem o cabelo todo bagunçado.
SARAH: [cruza os braços resmungando] Era tudo que precisava, mais um round do seu jogo de ironias, Liefield.
EHLIOS: [incrédulo] Espera um pouco. Será que dá pra gente voltar rapidinho pra parte do “de onde diabos vocês se conhecem?” e hey! [apontando para Julia] É impressão minha ou ela esta nos desmerecendo!
ZACK se aproxima de CATHLEEN que tenta tirar a poeira de sua roupa.
ZACK: [fala apenas para ela] Você está bem, Cathleen?
EHLIOS: [arregala os olhos] Obrigado por perguntar Hayes! Estou ótimo!
CATHLEEN: [apontando o dedo no peito de Ehlios] Dá um tempo Kevin Arnold!
EHLIOS se aproxima de CATHLEEN ameaçadoramente.
EHLIOS: [irritado] Do que você me chamou?!
SARAH: [séria] Ehlios, chega de confusão!
EHLIOS olha diretamente nos olhos de CATHLEEN, mas não se aproxima mais.
EHLIOS: A gente ainda não acabou, garota CLAMP!
ZACK: Cara você passou da conta, hoje.
EHLIOS olha para ZACK e depois para SARAH com uma expressão de revolta no rosto.
EHLIOS: Nós estamos diante de totais estranhos aqui! [olhando para Julia] Ao menos para mim. Um pouco de apoio não faria mal nenhum!
EHLIOS encara novamente ZACK e SARAH, mas os dois não se pronunciam. A expressão de revolta é substituída por uma de desapontamento.
EHLIOS: [dá um sorriso decepcionado] Eu não conheço mais vocês dois!
E com isso EHLIOS se retira atormentado. SARAH e ZACK trocam olhares.
ZACK: Eu vou.
ZACK segue na direção em que EHLIOS se retirou. JULIA segura o braço de CATHLEEN e vai arrastando ela para o mato.
JULIA: [entre os dentes] Essa é a nossa deixa para ir embora.
Por cima do ombro de CATHLEEN, JULIA e SARAH se encaram por um momento antes das duas desaparecerem por entre as árvores. SARAH passa as mãos nos cabelos.
SARAH: [irônica] Isso vai ser interessante.
[Música Tema: “Late Great Planet Earth”, Plumb.]
CENA 2 – INT. MANSÃO – DIA
CATHLEEN: [sem graça] Oi, Julia. [mostrando a garrafa] Aceita?
A câmera abre a imagem com JULIA sentada no fundo da cozinha.
JULIA: [balançando a cabeça de forma negativa] Sempre cometendo erros.
CATHLEEN: [se fazendo de desentendida] Dá um tempo, Julie. É apenas uma bebidinha no gargalo, não é a invasão da Casa Branca.
JULIA a encara seriamente.
CATHLEEN: [irritada] E não me venha com esse olhar “Irvine Welsh de mundo” para cima de mim.
JULIA: E mais uma vez a sua falta de responsabilidade é totalmente ignorada e transformada em verborragia de referências pop.
CATHLEEN: [revirando os olhos] E lá vamos nós de novo…
JULIA: Você deveria seguir o exemplo de Joey, sempre disposto e atento.
CATHLEEN: [fazendo cara de tédio] Hellow! Acho que você errou o arquétipo destemida mentora, o Joey esta mais para Pícaro do que para herói.
JULIA se levanta e se dirige a porta.
JULIA: Que seja! Apenas preste atenção nele.
CATHLEEN: Muito obrigada, mas prefiro assistir o Discovery depois do meu banho.
JULIA: Tanto faz. Eu realmente não estou com disposição suficiente pra entrar numa discussão com você agora, então só não vá gastar toda a água quente. Não esqueça que temos visitas.
CATHLEEN: [maliciosa] E que visita…
Julia sai da cozinha e a câmera revela um leve sorriso no rosto da mulher.
CENA 3 – INT. SOTÃO DA MANSÃO – DIA
Robert está vestido com um roupão azul escuro, enquanto observa a cidade de Narando do alto, através de uma pequena janela que havia no sótão. Ele houve o barulho da escada elevadiça descendo. A câmera focaliza JULIA subindo as escadas lentamente e cruzando os braços, encarando o homem, que continua a observar a cidade.
ROBERT: Se eu soubesse que Ulisses trataria tão bem sua… [dá uma rápida risada e fala ironicamente] família… eu poderia ter considerado algumas escolhas diferentes no passado.
JULIA: Sou forçada a concordar… bem, pelo menos a parte final.
ROBERT: Vamos, Jules! [ele se vira para encará-la] Vai dizer que você não gosta dessa mordomia toda? [pondera] É… se bem que você sempre viveu nesse estilo, então…
JULIA rola os olhos, irritada.
ROBERT: [animado] Você tem uma hidromassagem? Por favor, me diz que você tem uma hidromassagem.
JULIA: [finge não ter entendido] Eu tiro você de um manicômio direto para um quarto de hóspedes luxuoso e – diga-se de passagem – bem caro e você continua reclamando.
ROBERT: [sorri maliciosamente] A hidromassagem não é a idéia principal que eu tinha em mente. Só o local.
JULIA ergue uma sobrancelha e seu rosto perde a expressão, tornando-se incrivelmente fria.
JULIA: Corta o papo furado, Bob.
ROBERT: [fingindo] Wow. Essa doeu.
JULIA: Eu preciso mesmo dessas informações e não gostaria de ter que obtê-las da maneira mais difícil.
ROBERT: [rindo] Wo-how! Agora essa é a verdadeira Liefield. [aproximando-se de Julia] Sabe, eu estava aqui me perguntando o que poderia ter acontecido nesse últimos anos e quem era aquela mulher tão diferente lá embaixo com aqueles garotos, mas pelo visto você ainda está aí dentro.
O sorriso malicioso volta ao rosto de ROBERT, mas a expressão de JULIA parece conseguir ficar ainda mais fria.
ROBERT: Yeah, ela ainda está aí.
ROBERT contempla JULIA por um momento e então suspira ainda mais animado.
ROBERT: [olha pros lados] Vamos, eu sei que tem uma hidro aqui em algum lugar.
JULIA: Você não está me dando muita opção, Robert.
ROBERT: Sabe que eu até senti falta dessa sua agressividade meio… peculiar? Mas, hey, você não sabe os milagres que anos de tortura podem fazer a uma pessoa em termos de autoconhecimento. Quero dizer… por mais irônico que possa parecer, eu nunca estive com maior controle da minha mente do que estou agora. Tirando a parte de sangrar, apanhar, ter o cérebro fritado e agüentar um maldito chinês reclamando da insensibilidade da sua namorada – tortura? Eu realmente recomendo.
CENA 4 – INT. COZINHA RANCHO JONES – DIA
SARAH e ZACK estão na cozinha, observando pela janela EHLIOS entrando no celeiro com vários materiais de limpeza em mão.
SARAH: Pronto! Hércules iniciou seu 11º trabalho. Pobres vaquinhas.
ZACK: Como um ser humano começa uma faxina de sábado às 4 da manhã? Alguém tem que drogá-lo!
SARAH: Eu bem que tentaria, mas estou morta de cansaço. E ele faz questão de cantar Day-O enquanto faxina.
ZACK: Isso é bem a cara dele. Ele tá de pirraça com o que aconteceu.
Sonoras de cacarejos e mugidos se ouvem em cena e podemos ver vários animais correndo do celeiro e EHLIOS vindo logo atrás deles.
ZACK: Você poderia tentar bate um papo com ele.
SARAH: Poder eu poderia, mas não sei se ele está muito inclinado a escutar.
CENA 5 – INT. MANSÃO – DIA
Tomada interna filmada de cima. Em cena ERICK esta arrumando algumas roupas numa mala, quando JOEY entra no quarto.
JOEY: Puxa! Parece que foi ontem que você chegou.
ERICK: Será que sou eu ou você está realmente, chateado com a minha partida?
JOEY: [sem graça] Claro que não.
ERICK: [disfarçando] Claro. Faz mais de meia hora que não como nada por causa dessa mala aqui. Devo estar lendo alguma coisa errada.
JOEY: É que é difícil não ter outra cara aqui na mesma “situação” para conversar. Sabe? Sobre coisas de caras.
ERICK: Sabe, Joey, se eu estivesse na sua situação morando com duas gatas, eu não me preocuparia muito com coisas de caras. A não ser que você me ache atraente. Você acha?
JOEY: Acho que a aura da Cathie e da Kennedy por muito tempo ao seu redor te deixou meio desequilibrado.
ERICK: Que é isso! A Kay foi ótima e o assalto melhor ainda.
JOEY: A Julia quase arrancou os cabelos ontem a noite quando soube. Se já não bastasse o fiasco da missão, também.
ERICK: [risos] Eu ouvi. E você acha que a Cathie é uma sacana que jogou tudo nas suas costas ontem na missão, não é?
JOEY: Pensando bem é melhor você ir embora. Morar com vocês três na minha cabeça ia me deixa louco! [Erick sorri] Mas não é a questão dela me sacanear e sim, que eu sempre me sinto em segundo plano na história.
ERICK: Sei o que é isso.
JOEY: Sabe?
ERICK: Você está passando por uma clássica “crise de coadjuvante”.
JOEY: E o que eu faço? Assassino a estrela principal?
ERICK: [irônico] Se essa pergunta estiver relacionada a Cathleen, eu monto até uma página na internet para sua empreitada.
JOEY ri.
ERICK: Mas, cara. Se serve de consolo, pelo menos não somos apenas monstros da semana e sim, coadjuvantes pelo resto da vida. Se isso é bom ou não? Depende da situação. O que nos resta no final das contas é saber quem a gente quer ser, Leopold Bloom ou Stephen Dedalus.
ERICK fecha a mala e a tela se escurece.
CENA 6 EXT. LOCAL DESCONHECIDO – DIA
ZACK e EHLIOS aproximam-se de uma casa.
ZACK: [entre risos] Então essa Meg já foi sua princesa Amídala?
EHLIOS: [irritado] Amidála! Que ignorância! Era tudo o que eu precisava! Um companheiro engraçadinho e desinformado para aliviar a tensão da minha via crucis.
ZACK: Por quê tanto drama? Vai dizer que você ainda tá irritado com aquele papo da Sarah com a Liefield?
EHLIOS: Essa garota tem uma habilidade incomum de me fazer agir de forma incomum. Como diretor de cinema do Naranda High, eu devo manter uma avaliação realista dos meus pontos fortes e fraquezas e a Meg nesse momento representa uma fraqueza minha. Com ela por perto não posso dizer: “Eu sou invencível!”.
ZACK: Deixa de ser exagerado. É só uma garota.
ZACK bate na porta da casa e uma garota os atende, a câmera mostra o ponto de vista da garota, enfocando EHLIOS. A garota bate a porta na cara dos dois. ZACK vira-se para EHLIOS.
ZACK: Educada.
A garota [Sarah Hagan] retorna a abrir a porta.
GAROTA: [para Zack] Me desculpe. Mas, eu não esperava esse ai tão cedo na minha frente.
EHLIOS: [sem graça] Oi, Meg.
MEG: O que você quer, Grynn?
EHLIOS: [irritado e olhando para Zack] Não vou perder meu tempo fazendo com que a morte dos meus inimigos pareça um acidente, não devo satisfações a ninguém [confuso] e você não acreditaria nisso, de qualquer forma. A questão é o seguinte eu preciso que você me ajude, Meg!
MEG: Eu não sei. Você me magoou muito na última filmagem e eu trabalho com você desde a sexta série! Mas, a verdade é que eu estou cansada de ser apenas um par de peitos em seus delírios cinematográficos. Hoje eu estou num nível espiritual maior, eu quero fazer algo bem alternativo…
EHLIOS e ZACK parecem entediados com o discurso.
MEG: ….eu quero ser uma contadora!
CENA 7 – INT. MANSÃO – DIA
JOEY entra na cozinha, ele abre a janela e pega uma garrafa de suco e começa a beber do gargalo.
CATHLEEN: [Voice Over] Belo exemplo, Joey!
JOEY, assustado com a situação, explode a garrafa de vidro em sua mão, que aparenta em cena uma coloração avermelhada.
JOEY: [nervoso] Que droga você pensa que tá fazendo, Cathie!
A câmera mostra a mão do garoto sangrando. CATHLEEN se aproxima, preocupada.
CATHLEEN: Seu burro, deixa eu ver isso.
JOEY: Eu não sou burro, sou necessário no show da vida.
CATHLEEN: [irônica] Ok, Grande Exemplo A Ser Seguido, vejamos se eu acerto quem colocou essas asneiras filosóficas nesse seu armazém da Buttman ambulante. Por acaso foi o glutão?
JOEY olha para ela sem entender.
CATHLEEN: [girando os olhos entediada] O Erick. Essas explanações sobre a vida são a cara dele.
CATHLEEN retira cuidadosamente os cacos da mão de JOEY.
JOEY: Que papo é esse sobre exemplo?
Ela coloca alguns lenços de papel na mão do garoto.
CATHLEEN: Corta essa, Joey! Você sempre foi o favorito da Julia e você sabe disso. Hoje foi só a bilionésima vez que ela me disse que deveria querer ser você quando crescer.
JOEY arregala seus olhos.
JOEY: Como?
CATHLEEN: [irônica] Favorito, predileto, preferido, precisa de mais sinônimos?
JOEY: Eu favorito da Julia? Sem chances.
CENA 8 – INT. RANCHO JONES – NOITE
SARAH, ZACK e EHLIOS estão numa mesa jantando. Silêncio em cena, apenas sonoras de talheres podem ser ouvidos. ZACK olha para SARAH, que olha para EHLIOS, que olha pro seu prato.
ZACK: Nossa! Esse purê de batata está tão… tuberculoso.
SARAH: Eu tenho quase certeza que nenhuma batata tossiu ao preparar o purê. Você realmente sabe iniciar uma conversação.
EHLIOS gira os olhos.
ZACK: [sonolento] A noite hoje foi maravilhosa, não acham?
SARAH: [sorrindo] Morpheus deve ter nos visitado com sua maleta de calmantes, ou quem sabe de batatas?
EHLIOS gira os olhos em sentido contrário. ZACK parece não entender.
ZACK: [sorri sem graça] As batatas é porque o Laurence Fishburne é careca?
EHLIOS tenta limpar a garganta com um tossido interrompendo a conversa.
EHLIOS: [desviando o olhar] Hoje eu vou passar a noite na casa do Marius. Vamos estudar.
SARAH: [desanimada] Mas hoje?! Eu tinha alugado algumas fitas para gente assistir.
EHLIOS: [irritado] Bem, eu tenho mais o que fazer do que ficar assistindo seus filmes estúpidos!
ZACK: [pasmo] Ehlios! Que é isso? [irritado] Você não vai falar com ela desse jeito.
SARAH: [triste] Desculpe, eu não sabia que você tinha planos.
EHLIOS: Vai ver eu tô querendo competir na categoria de “Revelação Mais Bombástica dos Últimos Tempos”. Mas fica tranquila que ainda tenho um longo caminho até conseguir ameaçar seu trono.
EHLIOS se retira da mesa e segue em direção de seu quarto. ZACK levanta-se também e segue o garoto.
ZACK: [irritado] Você acha que pode falar com ela desse jeito?!
EHLIOS: [irritado] Eu estou simplesmente agindo com a mesma consideração de tenho recebido ultimamente! Lide com isso.
EHLIOS começa a enfiar algumas roupas na mochila.
ZACK: Qualé, Ehlios?! Que história é essa agora? Você mesmo tinha me dito que o Marius tinha viajado.
EHLIOS: Não importa!
EHLIOS parece não dar muito atenção para ZACK. ZACK pega um saco de dormir que estava em cima da cama.
ZACK: Acho que isso importa, quando você leva o saco de dormir junto. Por acaso, a casa do Marius é no mato?
EHLIOS toma o saco da mão de ZACK.
EHLIOS: Não enche!
EHLIOS joga a sua mochila pela a janela e logo após vai descendo. A câmera fecha a cena focando ZACK observando EHLIOS se distanciar na escuridão das proximidades do rancho.
CENA 9 – RANCHO JONES – NOITE
[MÚSICA DE FUNDO – WISH WE NEVER MET, KATHLEEN WILHOITE]
SARAH sentada numa cadeira de balanço na varanda do rancho, ela se enrola numa coberta devido o vento que soprava e se dirige ao interior da casa.
CENA 10 – RUAS DE NARANDA – NOITE
JOEY caminha sozinho pelas ruas de Naranda.
JOEY: [para si mesmo] Dedalus ou Bloom? Vai saber do que ele tava falando.
CENA 11 – LOCAL DESCONHECIDO – NOITE]
A câmera mostra EHLIOS sentado na grama de um lugar aparentando ser um parque. O garoto bate o pé nervosamente e olha o tempo inteiro para sua mochila de roupas. Sua expressão então fica mais irritada ainda. EHLIOS pega suas coisas, respira fundo e começa a andar resignadamente.
CENA 12 – RANCHO JONES – NOITE
ZACK bate na porta de um quarto que está encostada.
ZACK: Sarah, licença. Eu tô indo pro The All–
Close em SARAH que estava segurando alguns envelopes empoeirados. Alguns envelopes caem no chão e ZACK abaixa-se para pegá-los. Uma foto de JULIA com SARAH cai de um dos envelopes e ZACK a olha. As duas estão mais novas e parecem felizes. Ele a entrega para SARAH.
SARAH: [deslocada] Eu acho que te devo uma explicação.
ZACK: [erguendo-se] Para mim você não deve nada. Não importa o que aconteceu no seu passado Sarah, a única coisa que eu sei é que eu faço parte da sua vida tanto quanto você faz da minha e por isso eu confio em você.
SARAH esboça um sorriso em meio a seu semblante triste.
SARAH: Mas, Ehlios…
ZACK: Fique tranqüila. O Ehlios tá passando por uma crise de atenção. O seu seja-lá-o-que-for com a Julia não é a única coisa que tá afetando ele.
SARAH: [triste] Eu espero, Zack. Eu espero.
CENA 13 – RUAS DE NARANDA – NOITE
A câmera foca o rosto de EHLIOS atravessando várias paredes. Ele tem um semblante de raiva no rosto enquanto segue seu trajeto. Uma tomada superior mostra que ele se desloca por alguns quintais de casa dando numa rua em frente a mansão Liefield.
EHLIOS: [pegando uma pedra no chão] Vocês pensam que podem brincar comigo. Vindo na minha cidade e tomando tudo que é meu.
EHLIOS mira numa das janelas da mansão, quando ele lança a pedra uma luz forte brilha sobre o garoto. EHLIOS protege os olhos e vira-se para o carro que parava ao lado dele. O vidro do carro se abaixa e podemos ver a Dra. Miller dentro do carro.
[MÚSICA FADE OUT]
DRA. MILLER: Pro carro agora!
EHLIOS: [rola os olhos] Esse dia continua melhorando…
CENA 14 – MANSÃO – NOITE
JULIA, que estava ao lado de ROBERT, o empurra ao pressentir algo vindo em direção à janela. Em frações de segundos um pedaço de pedra estilhaça a janela do sótão. JULIA corre até a janela, mas ela apenas vê um carro se afastando.
ROBERT: Pelo visto sua vizinhança é bastante receptiva.
JULIA: Tá com saudades do manicômio? Eu posso tomar as providências para sua volta para lá.
ROBERT: Desse jeito você não vai conseguir nada de mim.
JULIA: [com convicção] Eu consigo entrar aí.
ROBERT: [levanta as mãos, defensivamente] Eu realmente não duvido… mas [dá de ombros] pode levar algum tempo.
JULIA: [com um sorriso malicioso] Bem, você sabe que eu não gosto de fazer nada com pressa.
ROBERT: [aproximando-se ainda mais de Julia] Mas nós podemos fazer da forma convencional e sem pressa alguma.
JULIA: Eu lembro.
ROBERT move-se para mais perto ainda de JULIA e seus lábios começam a aproximar-se dela. Vemos JULIA sorrir, e um momento antes de seus lábios se tocarem o rosto de JULIA volta a ficar limpo de qualquer expressão. Ela abre a mão rapidamente e ROBERT é jogado com brutalidade em cima da cama que estava à suas costas sem que JULIA chegue a tocá-lo. O roupão de ROBERT se desamarra e ele está de braços abertos na cama, aparentemente sem poder se mover.
ROBERT: [sorrindo] Deja vú.
JULIA: [ainda incrivelmente séria] Comece a falar, Robert.
ROBERT: [ofegante] Ok, mas depois eu quero um agradecimento bem apropriado, porque a informação que eu tenho, querida, você não encontra todo dia.
JULIA apenas o encara do pé da cama, com os braços cruzados.
JULIA: Vejamos se o que você sabe vale algo.
ROBERT: E você acha que eles me prenderiam esse tempo todo em um manicômio apenas por que eu sei a localização de algumas bases? [ele ri] Isso não é o tipo de material inútil que o Ulisses te manda recuperar, Julia. Não é só uma dica embaçada ou que leva à um beco sem saída sobre a sua origem. Isso é grande. Eu estou falando de saber tudo, tudo que o governo sabe sobre o passado de vocês. Pesquisas, escavações, projetos de extermínio. [Julia hesita por um momento. Robert sente a liberdade voltar aos seus braços e se senta na cama olhando fixamente nos olhos dela] Tudo.
JULIA: [levanta uma sobrancelha e olha com suspeitas] E o que você quer em troca dessa informação tão valiosa?
ROBERT: Nova identidade. Passagem. Apartamento bem longe daqui no meu nome. Cinqüenta mil dólares todo mês em uma conta “maquiada” durante um ano. [sorrindo] Ah, e claro – hidro.
JULIA: [confusa] Só isso?
ROBERT: Só isso.
JULIA: Eu não nasci ontem, Bob. Qual é a armação?
ROBERT: Você me tira de uma vida de tortura direto para um quarto de hóspedes luxuoso e – diga-se de passagem – bem caro. É o mínimo que eu posso fazer para agradecer.
JULIA parece não acreditar. Ela encara ROBERT por um tempo.
ROBERT: Já disse que entrar aqui dentro vai levar um bom tempo, Julia. Acho que você vai ter que acreditar em mim nessa.
JULIA: [irônica] Não sei por que, mas tá meio difícil acreditar no seu coração puro. Principalmente depois do que eu fiz com você da última vez.
ROBERT: [um pouco irritado] O maldito governo tirou seis anos da minha vida, Jules! Seis anos! Isso não é nada comparado ao nosso passado. Agora que eu tô do lado certo do arame farpado eu só quero curtir um pouco. Já cansei da Heller e de toda a bagagem que vem com ela. Eu só… eu só quero começar de novo.
JULIA estuda o rosto de ROBERT por mais alguns segundos.
JULIA: Começa a falar.
ROBERT sorri.
CENA 15 – INT. VEÍCULO EM MOVIMENTO – NOITE
Dentro do carro podemos ver EHLIOS e a CONSELHEIRA MILLER. O veículo parece se aproximar do Rancho.
EHLIOS: [assustado] Por favor não conte nada pra Sarah.
Dra. MILLER: Você poderia me contar o que foi aquilo que eu presenciei na Mansão Liefield?
EHLIOS: Digamos que eu estava resolvendo algumas questões.
DRA. MILLER: [arqueando a sobrancelha] Apedrejamento de imóveis particulares é terapêutico?
EHLIOS: [defensivo] Você não entenderia o que eu estou passando. São muitas mudanças e, muito pouco tempo. [triste] Eu apenas queria que as coisas não se tornassem diferentes.
Dra. MILLER: As mudanças são inevitáveis, Ehlios. Apenas aceite. Quanto mais você insistir em salvar Wilson no oceano, mais ele vai se distanciar de você.
EHLIOS olha para ela por um momento e depois para a estrada passando pela janela. Ele parece pensativo.
CENA 16 – INT. THE ALLEY – NOITE
CAHTLEEN está servindo uma mesa. Ela olha para o lado e vê um de seus companheiros de trabalho servindo uma mesa onde estavam ERICK e JOEY. O garçom se afasta da mesa com um olhar intrigado. ERICK levanta-se e vai em direção ao banheiro, dando um sorriso para CATHLEEN no caminho. A garota responde com um breve aceno e dirige-se à mesa onde JOEY parece um pouco cabisbaixo. Ela retira o bloco de pedidos e, disfarçando, fala baixo com ele.
CATHLEEN: Hey! Tudo certo com você? Você tá com uma cara.
JOEY percebe alguns gritinhos vindos de uma das mesas perto da janela. A câmera mostra AMY e mais algumas garotas do colégio. Elas parecem fofocar sobre CATHLEEN, rindo a todo momento.
JOEY: Não tem problema, Cathie. Não precisa falar comigo se você não quiser. Pra falar a verdade não foi nada. Eu apenas…
CATHLEEN: Vai me contar o que houve ou vai continuar fazendo essa ceninha?
JOEY: Deixa pra lá… Não é nada.
CATHLEEN: Valeu pela confiança, Exemplo. Quando você se sentir melhor e quiser conversar comigo, vê se me encontra na esquina.
CATHLEEN se afasta da mesa passando por ERICK no caminho. Ela tromba no garoto, mas continua andando sem olhar pra trás. Ele parece surpreso e senta ao lado de JOEY.
ERICK: Deixa eu adivinhar? O coadjuvante aí teve uma crise de estrelismo?
JOEY: [dá um sorriso irônico] Como adivinhou?
ERICK: Fica calmo cara. A Cathy se importa mais com você do que você imagina. Você só precisa dar um tempo pra ela se entender primeiro. Ela só tá muito confusa ultimamente. Aliás, qual de vocês não tá confuso ultimamente? Com mais de dois no mesmo recinto ao mesmo tempo eu fico até tonto.
JOEY: Eu só– eu preciso andar um pouco.
JOEY levanta-se da mesa e sai da lanchonete. O garçom volta à mesa com quatro hamburgueres, dois refrigerantes e duas porções de batata. Os olhos de ERICK brilham.
ERICK: [gritando para Joey] Não se afasta muito cara! Eu já to indo aí te dar uma força!
A câmera mostra KENNEDY e SAM sentadas em outra mesa. As garotas observam a mesa onde estão AMY e outras garotas. Elas continuam olhando e rindo de CATHLEEN.
KENNEDY: Qual é o problema delas? Elas parecem garotinhas de 10 anos.
CATHLEEN se aproxima e joga o bloco de pedidos em cima da mesa das amigas, desabando pesadamente ao lado delas.
KENNEDY: Não é culpa delas. [olhando para Joey] Cada um age de acordo com sua idade mental.
SAMANTHA: Oi, amiga. Que cara é essa?
CATHLEEN: Nada. Só meu irmãozinho querido tentando levar um Oscar pela performance de “Coitadinho De Mim”.
ZACK se dirige para a mesa onde CATHLEEN, KENNEDY e SAMANTHA.
ZACK: Cathleen, eu já to indo embora. Poderia falar com você?
CATHLEEN dá uma breve olhada para a mesa de AMY. ZACK percebe.
ZACK: Se você quiser a gente conversa depois.
CATHLEEN: [arrependida] Não. Desculpa. [decidida] Senta aqui.
CATHLEEN dá dois tapinhas na poltrona ao lado dela. ZACK se senta. Algumas risadinhas histéricas mais altas são ouvidas.
KENNEDY: Sério. Qual é o problema dessa garota?
Os quatro olham para as garotas com olhares de pena. KENNEDY sacode levemente a cabeça e vira-se para SAMANTHA.
KENNEDY: Bem, já que tá tendo reunião dos funcionários do The Alley e eu, graças a Deus, não me encaixo mais nessa categoria, eu e a Sam vamos sair e vocês fingem que a gente deu uma desculpa qualquer pra justificar.
CATHLEEN e ZACK sorriem e as duas saem da lanchonete.
ZACK: [irônico] A gente tem que admitir. Ela tem tato.
CATHLEEN sorri e vira-se para ZACk.
CATHLEEN: Manda. O que foi?
ZACK: [triste] Olha, Cathleen. Eu tentei ao máximo convencer o Devon a não te mandar embora, mas–
CATHLEEN: Fala sério! Você acha que eu tô ligando de ser mandada embora, Zack? Sai dessa!
ZACK: Mas, eu pensei que…
CATHLEEN sorri para o garoto.
CATHLEEN: Esse é o seu problema, você pensa demais.
CATHLEEN sorri e toca a mão do garoto. Ela rapidamente percebe sua ação e recolhe a mão, um pouco desconfortável.
ZACK: [sem graça] Então… te vejo por aí?
CATHLEEN: Sim. Estamos em Naranda, não tem como evitar.
ZACK sorri e sai do estabelecimento. CATHLEEN fica com uma expressão pensativa no rosto.
CENA 17 – RANCHO JONES – NOITE
[MÚSICA DE FUNDO – ELSEWHERE, JANN ARDEN]
EHLIOS abre a porta principal. Na sala a TV está ligada e SARAH coberta de guloseimas está adormecida. EHLIOS se aproxima dela e a cobre com o cobertor. Ela desperta e encara o menino com um sorriso.
SARAH: Oi.
EHLIOS: Oi. Parece que o filme não foi tão legal assim.
SARAH: Pois é. O que houve? Houve algum problema como Marius? Você tá bem?
Os olhos de EHLIOS ficam marejados quase que instantaneamente.
EHLIOS: Realmente eu sinto muito. Por te acusar e por tudo o que eu fiz.
EHLIOS abraça Sarah.
SARAH: Não chore, meu garoto. Eu estou aqui.
SARAH beija a testa de EHLIOS, que se encosta mais nela.
(MÚSICA FADE OUT]
CENA 18 – RUAS DE NARANDA – NOITE
[MÚSICA DE FUNDO – BOULERVARD OF BROKEN DREAMS, GREEN DAY]
JOEY está caminhando entra as ruas desertas de Naranda, quando de repente, uma chuva começa a cair. Ele apressa o passo e entra debaixo de uma sacada, mas acaba trombando com alguém que já estava lá.
KENNEDY leva um susto e vira-se para ver quem é o intruso. Ela abre a boca, surpresa ao ver JOEY, e logo fica indignada.
KENNEDY: Não vê que já tem gente aqui?
JOEY: Tá chovendo! Deixa de ser egoísta e divide o espaço.
KENNEDY empurra o garoto para fora da sacada.
KENNEDY: Jura? Eu não vi que estava chovendo. Acha que estou aqui por quê?
JOEY: [irritado] Posso saber problema em ficar do seu lado só por alguns instantes, Rainha Lester? Qual é o problema em dividir o espaço?
KENNEDY: Primeiro que eu e você no mesmo espaço é igual à explosão do universo. Em mais de apenas uma maneira. E depois que se alguém nos pega aqui, juntos na chuva é o fim do meu reinado que já está em queda.
JOEY: Reinado de uma sacada?
KENNEDY: Isso mesmo. E eu declaro que você está fora.
A chuva para.
JOEY: Então continue sozinha em seu reino.
Kennedy olha para cima e abre um sorriso.
KENNEDY: Ei. [Corre atrás dele] Espera!
JOEY: [olhando para trás] O que foi? Vai me dizer que seus domínios se estendem por toda a rua também?
KENNEDY: [esnobando] Bem que você queria ficar lá, né?
Silêncio.
KENNEDY: Jo– Joey. [limpa a garganta] Está tarde. Você pode me levar para casa?
JOEY: O que aconteceu com a carruagem?
KENNEDY: [indignada] Olha, se você vai continuar querendo dar uma de legal com essas suas respostas de quinta, pode deixar que eu vou sozinha mesmo. Não me importo.
A garota começa a caminhar.
KENNEDY: Não me importo mesmo. Se um leão me comer ou uma anaconda, o que importa? Eu já vivi o suficiente mesmo.
JOEY olha para a garota se afastando com uma expressão curiosa. KENNEDY olha algumas vezes para trás disfarçadamente e depois pára, virando-se para ele.
KENNEDY: Você não vem?
JOEY sorri e balança a cabeça em negativa, mas alcança a garota e os dois começam a andar. KENNEDY olha para os lados, ainda um pouco constrangida.
JOEY: Perdeu a carona?
KENNEDY: A casa da Sam ficou há alguns quarteirões atrás.
JOEY: Só não entendo porque todo esse drama pra andar um pouco até sua casa.
KENNEDY: Não é da sua conta.
JOEY: O que aconteceu?
KENNEDY: Você tem algum problema? Já disse que não é da sua conta.
JOEY: Vai me contar o que houve ou vai continuar fazendo essa ceninha?
JOEY rola os olhos para o próprio comentário. KENNEDY para de andar.
KENNEDY: Acho que tô começando a preferir a anaconda.
JOEY: Tá bom, então.
JOEY dá meia volta e começa a se afastar.
KENNEDY: Não! Me espera. Eu não quero andar sozinha.
JOEY levanta as sobrancelhas.
KENNEDY: É noite e eu só– Eu não quero andar sozinha.
KENNEDY continua a andar e JOEY fica com uma expressão confusa no rosto. O garoto começa a andar ao lado dela e a câmera mostra os dois se afastando em silêncio.
[CORTA PARA]
Um shot do deserto. A velocidade da cena acelera. O vento balança os poucos arbustos. As estrelas somem e o céu fica mais claro. O sol sobe alto no céu.
CENA 19 – MANSÃO – DIA
JOEY se aproxima da cozinha e vê CATHLEEN esta sentada folheando o jornal.
JOEY: Acordando cedo numa manhã de sábado. Procurando emprego?
CATHLEEN mostra a primeira página do jornal onde ela e ERICK estão numa foto.
JOEY: A Julia ficou uma fera quando soube da “exposição excessiva”. Você não ouviu mais porque ela teve que partir com Erick antes que o prefeito mandasse fazer o busto dele na praça.
CATHLEEN: E de alguma forma, mesmo com toda a cidade glorificando o Erick, segundo ela eu ainda sou culpada por ter colocado a Kennedy em perigo.
CATHLEEN se levanta se coloca seu casaco.
JOEY: Para onde você vai a essa hora?
CATHLEEN: Resolver um assunto.
CENA 20 – RANCHO JONES – DIA
MEG, vestida de marinheira, está sentada recortando uma estrela em um papel metálico, enquanto EHLIOS e ZACK, bastante arranhados se aproximam segurando algo que não parava de se mexer dentro de um saco de pano.
MEG: Não era mais fácil vocês terem dopado esse gato?
O saco se agita mais um pouco e é possível ouvir alguns miados raivosos.
EHLIOS: Vejam só! Você está perfeita!
ZACK: [para si mesmo] Pervertido.
EHLIOS: Vamos começar a gravar então.
MEG: Eu já vou avisando que não vou colar essa estrela [mostrando o recorte] na testa desse gato.
Ouve-se mais um miado nervoso.
ZACK: Nem acredito que você conseguiu convencer a Meg.
EHLIOS: Questão de prática.
ZACK: Ainda bem que, por enquanto, você só pode se candidatar a presidência do grêmio.
EHLIOS: Ok. Vamos gravar com o que tivermos.
EHLIOS joga uma peruca prateada para ZACK. O garoto estuda a peruca por alguns instantes com uma expressão de súplica, mas acaba colocando-a. EHLIOS e MEG se seguram para não rir.
ZACK: Mas continuo achando que esse seu roteiro é mais um monstro da semana barato, se isso tudo for pra enrolar o seu professor, parabéns!
EHLIOS: Nunca subestime o poder de um bom trash. Vou ganhar esse concurso de vídeos e vamos ver se depois dessa o Fordman vai poder simplesmente me jogar pra baixo do tapete e fingir que eu não existo. Ano que vem o Grêmio é meu. Eles não vão poder me ignorar por muito tempo.
[MÚSICA DE FUNDO – FLY, MARK JOSEPH]
CATHLEEN: [Voice Over] Isso com certeza é uma pergunta que a humanidade nunca irá responder. Como te ignorar Ehlios? Você é praticamente o sol, pena que ninguém consegue enxergá-lo.
ZACK: [surpreso] Cathleen?
CATHLEEN olha para a peruca de ZACK com uma expressão intrigada.
CATHLEEN: Ótimo visual.
ZACK tira rapidamente a peruca da cabeça e a esconde atrás de si. CATHLEEN ri.
EHLIOS: Você aqui? Vou soltar os cachorros agora!
ZACK: A gente nem cachorro tem.
O saco se rasga e o gato consegue escapar.
ZACK: E pelo visto nem gato, também.
EHLIOS: Ah, droga!
EHLIOS e MEG começam a correr atrás do gato enquanto CATHLEEN e ZACK riem.
ZACK: Fiquei sabendo que o Devon resolveu que era melhor te promover como funcionária do mês ao invés de te demitir. Você teve sorte que ele nem apareceu na frente da lanchonete no dia do assalto e acha que foi você que ajudou o Erick e não a Kennedy.
CATHLEEN: É, eu vim te agradecer pelo depoimento. Por ter falado que era realmente eu. A Kay também mandou bem. Até impediu que tirassem uma foto dela com o Erick.
ZACK: Não foi nada. [sorri por alguns momentos] Mas eu pensei que mesmo assim você não queria ficar no The Alley. O que te fez mudar de idéia?
CATHLEEN olha para EHLIOS e MEG correndo atrás do gato.
CATHLEEN: [sorrindo] Digamos que o público que freqüenta o The Alley, compensa qualquer coisa.
Os dois continuam observar EHLIOS perseguir o gato e CATHLEEN apenas balança a peruca de ZACK. A música diminui e a tela escurece lentamente.
PRODUÇÃO EXECUTIVA
Samir Zoqh
Luciana Rocha
ELENCO
Keira Knightley como Cathleen
Riley Smith como Joey
Paul Wasilewski como Zack
J. Mack Slaughter como Ehlios
Ashly Lyn Cafagna como Kennedy
Bonnie Somerville como Julia
ELENCO RECORRENTE
Neve Campbell como Sarah
ATORES CONVIDADOS
Daniel Clark como Erick
Kathryn Joosten como Dra. Miller
Chyler Leigh como Samantha
Sarah Hagan como Meg
ESCRITA POR
Samir Zoqh
REVISADA POR
Luciana Rocha
CRIADA E DESENVOLVIDA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha
MÚSICA TEMA
Late Great Planet Earth, Plumb
TRILHA SONORA
Wish We Never Met, Kathleen Wilhoite
Elsewhere, Jann Arden
Boulervard Of Broken Dreams, Green Day
Fly, Mark Joseph
A HYBRID STUDIOS PRODUCTION
DISTRIBUTED BY TELEVISION SERIES NETWORK
©2005
Série Virtual – Outsiders – Realise This
26/10/2011, 11:58. Redação TeleSéries
Ficção (séries virtuais)
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Série: Outsiders
Episódio: Realise This
Temporada: 1ª
Número do Episódio: 1×04
CENA 1 – INT. MANSÃO – NOITE
A câmera mostra EHLIOS andando pela casa escura. Mostra-o olhando alguns quadros e objetos de decoração e fazendo cara de nojo.
EHLIOS: Eww… Arte clássica…
A CÂMERA gira e mostra o ponto de vista de EHLIOS, foco na mesa da cozinha. Vemos muitos papéis em cima dela e um tubo verde de batatas. A expressão de EHLIOS se ilumina.
EHLIOS: Pringles!
EHLIOS se senta numa das cadeiras e sem querer ele derruba alguns papéis no chão. A câmera dá um close no papel e vemos que é uma planta de um local. Mais um close no topo do papel onde está escrito: SANATÓRIO CHARETON.
EHLIOS: [irônico] Até que enfim eles resolveram dar um jeito na Cathleen.
EHLIOS dobra as plantas e papéis várias vezes e coloca de baixo do braço. Ele começa a sair da casa. Quando chega à sala ele pára de repente e olha em volta. Shot da sala onde vemos uma TV enorme, stéreo enorme, DVD, VHS, Home Theater e alguns outros eletrônicos que EHLIOS desconhece.
EHLIOS: [sorriso malicioso] Vamos ver como os riquinhos se viram sem TV…
EHLIOS passa sua mão intangível através da TV e vemos faíscas e fumaça começar a sair do aparelho.
EHLIOS: … sem DVD…
Ele faz o mesmo com o aparelho de DVD.
EHLIOS: … sem som…
Dessa vez vemos o stÉreo queimar sob o toque de EHLIOS. Ele olha para mais um aparelho.
EHLIOS: [curioso]… e sem essa coisa de rico que eu nunca vi na vida.
EHLIOS passa a mão através do aparelho e de repente o alarme da casa começa a tocar. As luzes da casa piscam incessantemente. O garoto flexiona os joelhos e olha para todos os lados, assustado.
EHLIOS: [nervoso] Eu não acredito que vou ser preso por causa de um maldito Pringles!
EHLIOS sai correndo e atravessa a porta da casa saindo. O garoto se esconde ainda mais sob seu boné e sua capa preta e sai correndo desesperado pela rua.
[MÚSICA TEMA – LATE GREAT PLANET EARTH, PLUM]
CENA 2 – VEÍCULO EM MOVIMENTO – NOITE
JULIA no volante percebe um alarme em seu bip. Ela faz um movimento no volante e o gira no asfalto parando perfeitamente no acostamento.
CATHLEEN: [pálida de medo] Você tá doida?
JULIA não responde.
JOEY: O que houve?
JULIA: A mansão.
CATHLEEN: O que?
JULIA: O alarme da mansão disparou.
CATHLEEN: [nervosa] Então temos que voltar!
JULIA: Eu tenho. Vocês têm uma missão para ser cumprida.
JOEY: Mas–
JULIA: Não! O homem que vocês irão resgatar será transferido amanhã. É agora ou nunca!
CATHLEEN: Ok, mas… como vamos resgatar alguém que a gente nunca viu antes?
JULIA puxa um envelope de uma bolsa negra e dentro dele pega uma foto e dá para CATHLEEN.
CATHLEEN: [maliciosa] Humm… Agora entendo toda sua motivação pra resgatá-lo.
JULIA: [rola os olhos] Okay, os dois pra fora.
CATHLEEN: Como é que é? Sair?
JOEY: Acho que foi isso mesmo.
JULIA: Eu tenho que voltar, e além do mais, não há nada com o que se preocuparem. É um manicômio, só tem doido lá. O que pode acontecer com vocês lá dentro?
JOEY: A Cathleen pode se enturmar?
CATHLEEN: Você anda passando muito tempo com o cretino do Ehlios.
JOEY lança um sorriso forçado para CATHLEEN.
JULIA: Vamos pessoal, agilizando, até onde sabemos há alguém na mansão nesse momento! Peguem o equipamento e continuem por essa estrada. Pouco mais de uma milha e vocês chegarão ao Charenton.
JOEY e CATHLEEN pegam o equipamento e descem do carro.
JOEY: [aproximando-se da janela] Mas Julia… e a comunicação constante…
O carro dispara cantando pneu e deixando JOEY e CATHLEEN cobertos pela poeira. Os dois se olham intrigados.
CENA 3 – EXT. THE ALLEY – NOITE
Erick para na frente do The Alley. Vemos muitos carros na entrada da lanchonete.
ERICK: Só pode ser aqui.
Erick entra no local.
CENA 4 – INT. THE ALLEY – NOITE
A lanchonete está lotada e vemos ZACK, KENNEDY e mais um garoto andando rapidamente de um lado para o outro, tentando atender aos pedidos. Erick olha para os lados procurando um lugar para sentar, mas parece não haver opções. Uma pessoa tromba nele por trás. Barulho de copos quebrando. Erick vira-se assustado e vemos Kennedy no chão catando cacos de dois copos.
KENNEDY: [nervosa] Droga!
ERICK: [abaixando para ajudá-la] Foi mal. Eu não te vi.
KENNEDY: Não tem problema. Eu tava distraída.
KENNEDY finalmente olha para o garoto.
KENNEDY: Hey, você não é o primo da Srta. Liefield?
ERICK: [confuso] Primo? [tentando disfarçar] Ah, claro. Sou primo da Julia.
KENNEDY: Achei que vocês estivessem no hospital. A Cathy falou que algum parente da Julia tava mal e depois de tanto açúcar eu achei que tinha sido você.
ERICK: [ri brevemente] Não. É um parente da Julia sim, mas… hum… é do outro lado da família. Parente só dela. Eles tiveram que sair apressados e achei melhor não atrapalhar. A Cathy falou que eu podia ficar aqui.
KENNEDY: Claro… sem problemas.
ZACK passa apressado pelos dois com uma bandeja lotada.
ZACK: Kennedy. Mexa-se!
KENNEDY: [contemplativa] Sabe, o Zack era tão gentil no começo da noite. Depois começou a aparecer tanta gente entre nós que ele simplesmente mudou.
ERICK sorri.
KENNEDY: Você vai comer alguma coi– Ok, pergunta errada. O que você quer que eu traga pra você comer?
ERICK: Acho que eu vou querer uns dois pedaços daquela torta de chocolate ali. Três bolas de sorvete com calda quente e… café.
KENNEDY: [indo para trás do balcão] Café? [irônica] Ótima combinação de escolhas.
KENNEDY joga os cacos fora e vira para um cara que estava sentado num banco do balcão.
KENNEDY: [abanando a mão] Sai, sai, sai.
O homem parece assustado, mas se levanta do banco. ERICK se aproxima para sentar, rindo.
ERICK: O que eu posso dizer? Já testei praticamente todas as combinações existentes de comida e acredite quando eu digo que sorvete e café… combinam mesmo.
KENNEDY entrega um prato com os dois pedaços de torta para ERICK e vai até a cafeteira.
KENNEDY: Ok, então… energizando superpoder Gilmore.
A garota aperta um botão na cafeteira e após alguns segundos ela franze o cenho.
Aperta o botão de novo.
KENNEDY: [irritada] O que aconteceu com essa coisa agora?
KENNEDY começa a apertar todos os botões da máquina de café soltando alguns grunhidos de irritação. ERICK olha para ela assustado.
KENNEDY: [gritando e apertando todos os botões] Ah, mas você vai funcionar sua lata velha! Eu já to cansada disso tudo e não preciso de mais um eletrônico empacado pra completar minha noite!
Algumas pessoas olham para KENNEDY atacando a cafeteira. A garota dá um último soco no aparelho e ouvimos um zumbido seguido de faíscas que saem da máquina. As luzes da lanchonete começam a oscilar até que tudo se apaga num baque surdo.
O The Alley todo entra em silêncio. E a tela está em total escuridão.
ERICK: Eu nem queria o café tanto assim mesmo.
CENA 5 – INT. THE ALLEY – NOITE
Zack está nos fundos da lanchonete mexendo em alguns armários. Ele retira algumas velas e começa ir pra frente do The Alley novamente, mas EHLIOS, vestido com um casaco negro, entra desesperado pela porta dos fundos. ZACK olha para ele, intrigado.
ZACK: Ehlios? Você e a Sociedade do Anel de Naranda foram assistir mais uma seção de Matrix?
EHLIOS: [olhando para trás] O quê? Não!
ZACK: O que você tá procurando?
EHLIOS: [nervoso] Nada! [olhando em volta] O que houve com a luz?
ZACK: A Kennedy aconteceu.
EHLIOS parece não prestar muita atenção, olhando a todo momento pelo pequeno vidro da porta.
ZACK: O que houve?
EHLIOS: A gente tem que ir pro manicômio urgentemente!
Zack franze a testa e olha para EHLIOS com uma cara de pena.
ZACK: O quê?
EHLIOS: A Equipe Rocket está a caminho do Chareton em Santa Cruz e eu quero saber o que tem lá!
ZACK: Bem, aparentemente vários de seus amigos.
EHLIOS encara Zack com um olhar de tédio.
ZACK: E quer saber? [levanta as velas] Eu tô ocupado e… [incerto] não me interessa o que a Cathy tá fazendo.
EHLIOS: [entre os dentes] Cathy?! [irritado] Desde quando Cathleen virou Cathy pra você?
ZACK olha para ele sem saber o que responder por alguns momentos.
ZACK: [rolando os olhos] Eu não sou o seu Frodo.
EHLIOS encara ZACK com um olhar cortante.
EHLIOS: [entre os dentes] Será que dá pra gente ir?
ZACK: Ehlios, olha essa situação, cara. Você chega no meio do meu turno de trabalho, de capa negra, me chamando para ir à um manicômio, por seja lá que razão. Eu seria idiota de concordar com algo do gênero.
EHLIOS: Eu duvido que você não tá interessado em saber o que eles estão aprontando?
ZACK: [incerto] Não…
EHLIOS: [com um sorriso diabólico] Eu duvido.
CENA 6 – INT. THE ALLEY – NOITE
A câmera focaliza KENNEDY e ERICK conversando à luz de velas. De repente um grito se ouve na escuridão.
VOZ MASCULINA: Tá pronto!
Ouve-se um estalo alto. E a luz retorna ao estabelecimento. A garota sorri para ERICK e vai até a cozinha.
KENNEDY: [grita] Zack! A energia voltou!
Silêncio.
KENNEDY: Zack?
CENA 7 – ESTRADA – NOITE
CATHLEEN e JOEY andam pelo asfalto quando vemos ao longe algumas luzes.
CATHLEEN: [olhando para as luzes do manicômio] Hora da festa. [pra Joey] Pronto?
JOEY: [respira fundo] Pronto.
CATHLEEN tira sua jaqueta de couro preta revelando uma blusa verde. A garota então coloca a mochila nas costas, parecendo assim mais casual. JOEY se esconde atrás de alguns arbustos na margem da estrada e CATHLEEN continua andando até chegar a uma guarita de vigilância ao lado da entrada do manicômio.
Vemos que dentro da guarita há apenas um segurança já de idade. CATHLEEN sacode os cabelos e sorri para o velho. Ele sorri de volta e aproxima-se da janela da guarita.
CATHLEEN: Boa noite. Eu estou com um pequeno probleminha. Tive uma briga com meu namorado e ele me deixou no meio da estrada. Tem como você me deixar usar seu telefone.
CATHLEEN sorri e pisca os olhos algumas vezes. O guarda estufa o peito e também sorri.
GUARDA: [voz grossa] Claro. Pode entrar, querida.
Ele abre a guarita e Cathleen entra.
CATHLEEN: [tocando o peito do segurança enquanto entra] Muito obrigada, Sr. … [olha no crachá] Riney. O senhor é um amor.
CATHLEEN aperta de leve a bochecha do homem e entra. RINEY arregala os olhos e sorri mais ainda.
RINEY: O telefone está bem aqui, senhorita.
O segurança pega o telefone e passa para CATHLEEN. A garota se encosta sobre a janela ocultando-a da visão do segurança. Vemos ao fundo da cena JOEY passando encurvado e todo vestido de preto pela guarita do manicômio. A garota digita alguns números. O homem senta-se na cadeira a frente de CATHLEEN de modo que não podia mais ver nada do lado de fora da guarita.
A câmera mostra a visão do guarda e passeia do rosto de CATHLEEN lentamente até seus pés.
CATHLEEN: [fingindo chorar] Meredith?? [pausa] Você não vai acreditar o que o Roger fez comigo! [pausa] Ele me expulsou do carro no meio da estrada! [chorando ainda mais] Eu sei, eu sei que devia ter escutado, mas eu gosto dele Mere!
O homem parece continuar encarando as pernas de CATHLEEN.
CATHLEEN: Ele disse que eu era uma vagabunda e que tinha ficado com o Scott. Como ele sabe disso??? Você por acaso– [pausa] Desculpa, desculpa! Eu sei que você nunca contaria nada pra ele. [pausa] Mere, eu não sei o que fazer! [em prantos] Eu tô no meio do nada chamado Nevada e não tenho como ir pra casa! [pausa longa] Porque, por sorte, eu achei uma gracinha de senhor aqui que me deixou usar o telefone dele.
CATHLEEN pisca para ele.
CATHLEEN: [enxugando as lágrimas] Não sei… tem como você vir me buscar?
Pausa longa. CATHLEEN olha incerta para o senhor que desvia rapidamente o olhar para os olhos da garota.
CATHLEEN: [fingindo sussurrar sem graça] Mere, eu não sei se eu posso passar a noite aqui…
O homem arregala os olhos.
CENA 8 – EXT. MANICÔMIO CHARETON – NOITE
JOEY esgueira-se e anda rente as paredes. Ele olha através de várias janelas e finalmente acha um quarto vago. O garoto coloca sua mão sobre a janela e uma coloração avermelhada vem seguida de um click. JOEY abre a janela e pula para dentro do quarto.
CENA 9 – GUARITA MANICÔMIO CHARETON – NOITE
Dentro da guarita o homem tem toda sua atenção voltada para CATHLEEN e não percebe logo atrás de si, JOEY aparecendo em pequenos monitores de vigilância interna.
CENA 10 – INT. MANICÔMIO CHARETON – NOITE
JOEY está num quarto que parecia ser uma pequena farmácia. Vemos várias prateleiras com remédios. O garoto abre a mochila e tira cinco frascos brancos. Ele coloca quatro sobre uma mesa e abre o quinto. Close no rótulo dos quatro frascos: ECSTASY.
JOEY vai até uma grande mesa e lá está uma longa maleta de plástico. Em cima dela há um post it: REMÉDIOS NOITE. Joey abre a maleta de plástico onde vemos vários compartimentos pequenos com pílulas de cores diferentes e nomes de pacientes sobre cada um dos compartimentos. JOEY começa a esvaziar a maleta e enchê-la com os comprimidos de ecstasy.
Tela preta.
SARAH [Voice Over]: Nem pensar!
CENA 11 – RANCHO JONES – NOITE
Sarah, Ehlios e Zack estão na cozinha da casa.
EHLIOS: Mas, Sarah–
SARAH: O que te deu na cabeça? Você não podia invadir a mansão assim!
EHLIOS: [irritado] É uma mansão Sarah! Está designada a isso!
ZACK e SARAH reviram os olhos.
EHLIOS: Qualé gente! Eu fiz um favor! Aqueles três estão claramente por trás de alguma coisa e você tá simplesmente ignorando isso!
SARAH: Eu não me importo.
EHLIOS: Eu não tô te entendendo, Sarah. Você corre o mundo todo atrás de outros como a gente e nem sequer se interessa por esses aqui em Naranda? E não são apenas três comuns. A gente tá falando de três pessoas que saem por aí fuçando bases militares e que estão com metade dos desenhos que deveriam ser nossos! Até o Zack concorda comigo!
SARAH olha para ZACK e o garoto fica meio envergonhado.
ZACK: Ele tem um argumento.
SARAH solta um grunhido de frustração.
SARAH: Isso não está aberto à debate, Ehlios. O que eles fazem não nos diz respeito. Você não vai à canto nenhum e isso é definitivo. Vá para o seu quarto.
EHLIOS sai a passos pesados.
CENA 12 – MANSÃO – NOITE
Shot da porta de entrada da casa. Ela se abre lentamente e vemos JULIA entrar devagar com uma arma em punho. A mulher anda atentamente por toda a sala de estar da casa e finalmente entra na cozinha com um movimento rápido. Ela então volta a analisar a cozinha quando tropeça em algo e cai de repente saindo do foco da câmera.
JULIA: Ai!!!
JULIA olha para o chão e vê que tropeçou em um tubo verde de Pringles…
JULIA: [mão na cabeça] Mas que diab–
CENA 13 – INT RANCHO JONES – NOITE
ZACK para numa porta e bate na mesma.
ZACK: Ehlios! Sou eu o Zack. Vamos conversar.
O garoto bate mais uma vez na porta e a mesma se abre. A câmera da uma tomada do quarto vazio.
CENA 14 – INT RANCHO JONES – NOITE
ZACK entra apressado na cozinha.
ZACK: Sarah você viu o Ehlios?
SARAH: Não, eu não o vi.
Em cena uma melodia enjoativa de sinos ecoa do quintal para cozinha do rancho onde ZACK e SARAH estavam.
SARAH: [surpresa] Não! Eu não posso acreditar que ele ta fazendo isso!
ZACK: Ele tá fugindo com o carrinho de sorvete!
CENA 15 – INT. THE ALLEY- NOITE
KENNEDY e ERICK estão sentados numa mesa, o estabelecimento esta quase vazio.
KENNEDY: [espantada] Como você come!
ERICK: [com a boca cheia] Hãn?
KENNEDY: Sinceramente, Erick. Eu não sei como puxar papo com você. Então [suspirando] continue comendo.
ERICK: [parando de comer] Ok. O que você quer saber?
KENNEDY: [fingindo indignação] Eu? Por quê, você acha isso?
ERICK: [sorrindo] Eu só… percebi.
KENNEDY: [empolgada] Me fale de sua vida no Canadá! É verdade que você era dublê de uma série por lá?
De repente, um efeito visual no formato de um relâmpago passa por trás da cabeça de ERICK.
KENNEDY: [séria] O que houve? Você parece pálido.
ERICK: Tem alguém mal intencionado aqui.
ERICK olha para os lados.
KENNEDY: Se você tá falando da gordinha sentada na mesa do fundo, o Zack me disse que ela sempre vem aqui para fugir da dieta que o marido dela obriga-a fazer.
ERICK: Não é isso! [encara a entrada da lanchonete] Olhe aqueles caras que estão entrando.
A câmera mostra três homens entrando no The Alley, um deles aparentando ser o líder ascende um cigarro.
HOMEM 1: Isso é um assalto! Ninguém se mexe!
Algumas pessoas começam a sair correndo de seus lugares histéricas e em pânico.
HOMEM 1: [disparando um tiro pra cima] Eu disse… ninguém se mexe!
KENNEDY: [para si mesma] Belo dia pra dar uma de boa samaritana com a Cathy, Kay.
ERICK: [levantando-se] Com licença, senhor.
O homem olha pra ele surpreendido pela manifestação.
HOMEM 1: [irritado] O quê?
KENNEDY: [sussurrando para Erick] O que você pensa que tá fazendo?
ERICK: Por que em todo assalto sempre tem um babaca fã de Quentin Tarantino, que ascende um cigarrinho e adora contar seus planos?
KENNEDY: [levantando-se e apontando para Erick] Eu não o conheço!
HOMEM 1: [irônico] Pelo visto você quer ser o herói da vez, certo? Então vamos ver do que você é feito. [para os outros comparsas] Peguem eles!
ERICK se coloca na frente de KENEDDY que pega uma bandeja e a acerta na cabeça de um dos homens repetidas vezes, gritando. A câmera começa congelar o movimento da cena, mostrando ERICK aplicando vários golpes giratórios nos assaltantes. ERICK derruba os dois comparsas e KENNEDY, que golpeava o homem agora caído, de olhos fechados, ainda golpeia o ar gritando. A garota abre os olhos percebendo que seu atacante estava no chão e sorri, vitoriosa.
ERICK: Isso é tudo o que vocês podem fazer?
HOMEM 1: Não. [apontando uma arma] Tem mais isso.
Um tiro se ouve em cena.
CENA 16 – INT GUARITA CHARETON – NOITE
CATHLEEN está na guarita com o vigia.
CATHLEEN: [choramingando] Obrigada, Senhor Riney. Eu nem sei o que seria de mim sem a sua ajuda.
RINEY: Que é isso, minha filha!
CATHLEEN: [abraçando-o] Não! O senhor foi um anjo para mim.
O homem parece meio confuso com o abraço.
A câmera foca CATHLEEN abraçando o homem, e este mesmo começa a se debater, mas a garota continua firmando seus braços ao redor do pescoço de RINEY até que ele caia desacordado ao seus pés.
CENA 17 – INT MANICÔMIO CHARETON – NOITE
CATHLEEN caminha por alguns corredores até chegar numa sala que aparentava ser um deposito de limpeza. A câmera foca CATHLEEN abrindo sua mochila e tirando uma roupa de enfermeira de dentro dela.
CENA 18 – INT MANICÔMIO CHARETON – NOITE
CATHLEEN, disfarçada como uma enfermeira percorre os corredores do manicômio. Em cena alguns enfermeiros tentam conter alguns pacientes descontrolados. CATHLEEN apressa o passo até que algumas sonoras indistintas são ouvidas e a garota vê JOEY num quarto tentando se livrar de uma senhora que o abraçava.
JOEY: [aflito] Não senhora! Eu não sou o Tyler!
SENHORA: [puxando as calças de Joey] Deixa disso, meu amor! Eu sei que é você Tyler!
JOEY tenta se esquivar da senhora que puxava suas calças e acaba se desequilibrando e caindo no chão. O garoto acaba notando CATHLEEN na porta, rindo da cena.
JOEY: Cathleen, me ajuda aqui!
CATHLEEN: [rindo] Você ta brincando comigo, né? A Julia não me treinou para esse tipo de situação.
JOEY: [irritado] Deixa de ser palhaça! Isso é efeito do ecstasy!
CATHLEEN: [irônica] Você quer dizer que não é realmente amor verdadeiro?
Nesse momento a velhinha consegue rasgar a calça de JOEY, que consegue se levantar.
JOEY: [assustado] Não!
CATHLEEN: [arregalando os olhos] É, já tá na hora de uma intervenção!
CATHLEEN puxa JOEY dos braços da velha e sai correndo com ele pelo corredor, e a senhora nua vai correndo atrás deles.
SENHORA: Não me deixe, Tyler!
CENA 19 – INT. THE ALLEY- NOITE
Um tiro se ouve em cena, a câmera congela a imagem detalhando o movimento de propulsão da bala no ar, vai se dissipando mostrando ERICK se esquivando da bala e caindo no chão.
KENNEDY: [aterrorizada] Seu doido! O que você fez?!
Close em ERICK, que num movimento se coloca em pé, com apenas um pequeno corte no rosto.
HOMEM 1: [confuso] Mas, como?
ERICK joga um prato num movimento giratório acertando o revólver do ladrão que a portava. KENNEDY, segurando uma espátula, se aproxima do homem e pega a arma no chão.
ERICK: Joga pra mim!
KENNEDY joga a espátula.
ERICK: [olhando a espátula] O que eu vou fazer com isso?
KENNEDY dá de ombros. Os outros dois homens fogem engatinhando porta afora.
HOMEM 1: [levantando-se] Vocês dois vão me pagar caro!
KENNEDY, confusa com manuseio da arma, a aponta para cima e acidentalmente a mesma dispara. Uma luminária cai em cima do homem que desmaia.
ERICK: [faz uma careta] Ouch!
CENA 20 – EXT MANICÔMIO CHARETON – NOITE
CATHLEEN e JOEY estão levando um homem desacordado apoiado em seus ombros.
CATHLEEN: Por que a Julia não nos avisou que o sujeito tava mais morto do que vivo?
JOEY: Pega leve, Cathie! Parece que ele foi torturado.
CATHLEEN: [irônica] E você percebeu isso pelos hematomas?
JOEY: Se uma velha ninfomaníaca tivesse te perseguindo você saberia pelo o que eu estou passando.
CATHLEEN parece não prestar atenção em JOEY.
JOEY: [rola os olhos] E agora estou sendo ignorado.
CATHLEEN: [fazendo sinal de silêncio] Eu acho que estamos sendo seguidos. Joey, leva o cara para o ponto de encontro.
JOEY: O quê? Eu não vou te deixar aqui!
CATHLEEN: [irritada] Joey faz o que eu to mandando! Além do mais você tem mais força para levá-lo do que eu.
JOEY, mesmo contrariado, acaba acatando as ordens de CATHELEEN e leva o homem desacordado para o ponto de encontro. CATHLEEN observa em silêncio o local até que um vulto aparece entre os arbustos.
CATHLEEN: [surpresa] Ehlios?
CENA 21 – ESTRADA DESERTA – NOITE
JULIA, em seu carro, avista JOEY carregando um homem em seus ombros. Ela nota os hematomas do homem.
JULIA: [sussurrando] Oh, meu Deus, Bob. [para Joey] Onde está Cathleen?
JOEY: Ela ficou para trás. Ela tava desconfiada que estávamos sendo seguidos.
JULIA, sem dar muita atenção, acelera o carro em direção ao Chareton.
CENA 22 – EXT MANICÔMIO CHARETON – NOITE
CATHLEEN: [surpresa] Ehlios?
EHLIOS sai de trás de alguns arbustos e se coloca na visão de CATHLEEN.
EHLIOS: [irônico] Cathleen.
CATHLEEN: [impaciente e incrédula] Garoto, eu achei que você fosse estúpido, mas nunca pensei que tão preocupante. O que diabos você está fazendo aqui?
EHLIOS: Pergunta errada! O que você ta fazendo aqui?
CATHLEEN se aproxima mais do garoto.
EHLIOS: Não se aproxime mais criatura vil!
CATHLEEN: Eu posso acabar com você daqui, Trekker!
EHLIOS: Eu sou fã de Yamoto, sua idiota!
CATHLEEN continua se aproximar.
EHLIOS: Eu já disse para você se afastar!
CATHLEEN: [provocando] Tá com medo de uma garota, Ehlios?
EHLIOS: Então me mostre seu melhor, garotinha.
CATHLEEN dá um tapa no rosto de Ehlios
EHLIOS: Ai!
EHLIOS dá um chute na canela de CATHLEEN.
CATHLEEN: Seu covarde!
Os dois começam a trocar tapinhas e puxões de cabelos. De repente, entre a mata, JULIA aparece.
JULIA: [incrédula para si mesma] Quando a minha vida se tornou isso?
JULIA coloca as duas mãos nas têmporas e câmera direciona-se para EHLIOS. A câmera fecha um close nos olhos de JULIA, quando uma mão coloca-se nos ombros da mesma, que recua o corpo e olha para trás.
JULIA: [surpresa] Sarah?
SARAH: [séria] Oi, Julia.
CONTINUA…
PRODUÇÃO EXECUTIVA
Samir Zoqh
Luciana Rocha
ELENCO
Keira Knightley como Cathleen
Riley Smith como Joey
Paul Wasilewski como Zack
J. Mack Slaughter como Ehlios
Ashly Lyn Cafagna como Kennedy
Bonnie Somerville como Julia
ELENCO RECORRENTE
Neve Campbell como Sarah
ATORES CONVIDADOS
Daniel Clark como Erick
Victor Webster como Robert Burke
ESCRITO POR
Samir Zoqh
CRIADA E DESENVOLVIDA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha
MÚSICA TEMA
Late Great Planet Earth, Plumb
A HYBRID STUDIOS PRODUCTION
DISTRIBUTED BY TELEVISION SERIES NETWORK
©2005
Série Virtual – Outsiders – Realise That
18/10/2011, 22:29. Redação TeleSéries
Ficção (séries virtuais)
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Série: Outsiders
Episódio: Realise That
Temporada: 1ª
Número do Episódio: 1×03
CENA 1 – THE ALLEY – NOITE
[MÚSICA DE FUNDO – Cling And Clatter, Lifehouse]
CATHLEEN raspa a chapa da lanchonete enquanto ZACK, ao seu lado, lava os pratos. Vemos que CATHLEEN está rindo muito, mas a conversa é indistinta pela música. A música vai abaixando lentamente. CATHLEEN está gargalhando e ZACK possui seu costumeiro sorriso discreto no rosto.
ZACK: Ok, daí eu vou pro meu quarto, bato a porta na cara dele e grito que nunca mais vou falar com ele de novo. Mas você sabe como o cara consegue ser chato! Então ele fica batendo na minha porta uns 10 minutos até que desiste e eu finalmente acho que ele se cansou.
CATHLEEN: Ai, Deus. Eu sei que vem besteira por aí.
ZACK: [ri brevemente] Daí eu começo a ouvir esses gritos estranhos do lado de fora do quarto. Uma coisa meio tribal, sei lá.
CATHLEEN: O que ele fez?
ZACK: Ele colocou “Banana Boat Song” no som e apertou repeat.
CATHLEEN: [incrédula] A música do Bettlejuice?
ZACK: É!
CATHLEEN ri compulsivamente.
ZACK: A música tocou por umas três horas sem parar e eu sabia que ele só ia me livrar daquela tortura quando eu saísse do quarto e desculpasse-o.
CATHLEEN puxa por ar.
CATHLEEN: Ok, ok, então você tá me dizendo que o Ehlios tem “Day-O” gravado em cd?
ZACK: Eu não disse isso e negarei até sob tortura se me perguntarem.
CATHLEEN sorri.
CATHLEEN: Já entendi.
CATHLEEN e ZACK trocam um olhar por alguns instantes e CATHLEEN explode em risadas. ZACK também ri.
CATHLEEN: Cara, aquele garoto é completamente doido!
CENA 2 – QUARTO DE EHLIOS – NOITE
Close num olho que se abre. Um quarto [visão aberta], EHLIOS está deitado numa cama. Ele se contorce muito.
CENA 3 – LOCAL DESCONHECIDO
Tomada filmada de cima. A imagem desce lentamente, revelando uma platéia diante de um palco. Podemos ver EHLIOS e um homem segurando algo nas mãos se aproximar dele. O homem passa um troféu para EHLIOS.
HOMEM: Graças ao seu extraordinário trabalho a academia tem a honra de te entregar esse Oscar.
EHLIOS: [emocionado] Nem eu esperava!
De repente um tumulto se forma atrás das cortinas do palco e um pequeno grupo se aproxima de EHLIOS.
HOMEM1: Lógico que você esperava! Você roubou a minha idéia!
EHLIOS: [gaguejando] James Cameron, eu juro que não copiei seu andróide.
JAMES CAMERON: [revoltado] Foi o que você disse antes de colocá-lo num remake de Titanic!
Um segundo homem de estatura menor se aproxima dos dois.
HOMEM2: [gritando] Isso sem falar que a velhinha no final do filme jogou o meu UM ANEL no oceano!
EHLIOS: [envergonhado] Foi mau Frodo!
FRODO: Por mim tudo bem, mas, quero ver como você vai se explicar para o Gollum.
FRODO aponta para uma criatura que se aproximava.
EHLIOS: [assustado] Gollum! Não!
A criatura se joga em cima de EHLIOS.
GOLLUM: [berrando] Onde ele está? Onde está meu precioso?
EHLIOS tenta proteger seu rosto e num movimento ele tira uma máscara do monstro. A câmera foca a criatura, revelando a face de EHLIOS.
CENA 4 – LOCAL DESCONHECIDO
Close em EHLIOS que desperta. O garoto vai se desmaterializando, atravessando respectivamente a cama, o assoalho do segundo andar e uma mesa, batendo a cabeça no chão da cozinha. Ele leva as mãos à cabeça com uma expressão de dor.
EHLIOS: Odeio monstrinhos!
[MÚSICA TEMA – LATE GREAT PLANET EARTH, PLUM]
Vemos um jipe numa rodovia.
CENA 5 – JIPE EM MOVIMENTO – DIA
[MÚSICA TOCANDO NO RÁDIO – Silver And Cold, AFI]
ZACK está na direção, SARAH no carona e EHLIOS dorme no banco traseiro.
SARAH: [olha rapidamente para Ehlios] Pelo visto foi um pesadelo e tanto.
ZACK: Eu nem quero imaginar o que fez ele quebrar a waffle maker outra vez.
A câmera da um giro e focaliza EHLIOS acordando.
SARAH: Bom dia de novo, Ehlios. Quando você pretende ficar acordado de vez?
EHLIOS: [sonolento] Quando você me oferecer a pílula vermelha?
SARAH: Pelo menos a pancada que você levou na cabeça não te deixou seqüelas.
EHLIOS boceja.
SARAH: Eu estou começando a ficar preocupada com esses seus pesadelos. Isso pode ser causado por cansaço. Até agora eu não entendi por que, você aceitou trabalhar no carrinho de sorvete, já que você estava trabalhando na locadora?
EHLIOS: [dá de ombros] Sei lá. Dinheiro demais nunca é ruim.
SARAH: Ok. Se você diz.
EHLIOS: [para Zack] Fiquei sabendo que o pescoço da Cathleen, tá pra rolar no The Alley. Confirma?
ZACK: [desanimado] Pior que tá. Acho que dessa semana não passa.
EHLIOS: Ela deve estar se torturando porque disso.
CATHLEEN [Voice Over]: Imagina!
CENA 6 – COZINHA – DIA
JOEY: Você não liga de ser demitida?
CATHLEEN: [dando de ombros] E por que eu ligaria? Já consegui o suficiente para pagar os estragos.
CATHLEEN e JOEY estão sentados. A câmera dá um giro e focaliza a porta da cozinha sendo aberta por JLIA que está acompanhada por um jovem.
JULIA: Bom dia. Acordaram cedo hoje, hum?
CATHLEEN: [forçando um sorriso] Bom dia, Julie. Café?
JULIA: Sempre. [olhando para o jovem atrás de si] Entre, Erick.
CATHLEEN: Namorado novo?
ERICK cora com o comentário e JOEY engasga com o que estava bebendo.
JULIA: Não, Cathleen. O Erick vai passar uns dias conosco antes de ir para Los Angeles.
JOEY: A gente vai junto dessa vez?
JULIA: Não. O Erick vai para Hellertech passar por uma bateria de testes.
CATHLEEN: [desanimada] Ah… ele é como a gente… Então, quê que você tem de bom?
ERICK parece não entender a pergunta.
JULIA: Ele tem um dom especial para perceber as coisas.
ERICK esboça um pequeno sorriso para CATHLEEN.
CATHLEEN: O quê? Isso existe?
JOEY: Então é isso? Ele só percebe? Eu também faço isso!
CATHLEEN: Corta essa, Joey! Você mal distingue a direita da esquerda.
JOEY olha para CATHLEEN com cara de tédio.
JULIA: Ele é altamente sensitivo. E como é o primeiro que a gente acha em alguns anos o Ulisses mandou dar uma checada geral nele.
CATHLEEN: Coitado…
ERICK parece nervoso com o comentário.
ERICK: O que eles vão fazer comigo?
JULIA solta um olhar cortante em direção a CATHLEEN.
CATHLEEN: Nada. A galera da Heller é super hospitaleira.
ERICK olha amedrontado para todos no local. JULIA limpa a garganta tentando mudar de assunto.
JULIA: Então, eu tô indo pra Carson City agora. Tenho que resolver algumas coisas na Hellertech antes do Erick aparecer por lá. Já conversei com Fordman e o Erick vai passar o dia com vocês no Naranda High.
CATHLEEN: Você tá indo agora? A gente tem aula em 40 minutos.
JULIA: Hoje vocês terão que pegar o ônibus.
CATHLEEN parece não acreditar no que ouviu.
CATHLEEN: [para Erick] Tá vendo isso? Comparado à Julia, você vai amar o Ulisses.
CENA 7 – ARQUIBANCADA DO NARANDA HIGH – DIA
[MÚSICA DE FUNDO – BURN BABY BURN, ASH]
CATHLEEN e KENNEDY estão sentadas no topo da arquibancada de frente para o campo de futebol americano da escola. Um grupo de meninas trajando uniformes de educação física passa correndo em volta do campo.
CATHLEEN: Meu Deus, olha só esses uniformes! Por que os estilistas adoram nos forçar a utilizar esses dispositivos militares? Alguém te que avisar aquelas meninas que já houve a Glasnot!
KENNEDY: [rindo sem entender] Elas ficariam até bem se vestissem roupas com cores alegres. Poderiam ser notadas.
CATHLEEN: Se eu me vestisse como um arco íris até o Stevie Wonder me notaria.
KENNEDY: Então… quem é o cara devorando o chocolate? Desde que a gente desceu do ônibus ele não para de comer. Quando você vai apresentar o gatinho?
Kennedy faz um movimento de cabeça para Erick que sentado no primeiro banco da arquibancada aprecia uma enorme barra de chocolate e observa o treinamento das garotas.
CATHLEEN: O… hum… primo da Julia? Não acho uma boa idéia.
KENNEDY: Por que não?
CATHLEEN: Você acha mesmo que é uma atitude inteligente? Você mal terminou com o Ben e já ta pensando no próximo abate?
KENNEDY: E claro que não! Só o achei bonitinho. E por que ele veio conosco para escola?
CATHLEEN: A Julia precisou viajar a trabalho e como o Joey e eu tivemos estudar ela resolveu que seria legal ele não ficar sozinho em casa. Sobrei de babá.
KENNEDY: Bem, se ele começar a chorar e se sentir só no meio da noite você sabe quem chamar.
KENNEDY sorri e CATHLEEN rola os olhos. Ouvimos o sinal tocar.
CATHLEEN: Você não tinha uma prova nesse horário?
KENNEDY: Infelizmente. [suspira] Você fica aí de babá em aula vaga e eu tenho que agüentar Geometria.
CATHLEEN: Boa sorte.
[MÚSICA FADE OUT]
CATHLEEN sorri para a amiga que retribui e desce a arquibancada. Antes de sair KENNEDY sorri para ERICK que fica sem reação. O garoto sobe os degraus e senta ao lado de CATHLEEN.
CATHLEEN: É melhor você não se empolgar garanhão. Com certeza você já devia saber que ela tava caída por você desde o ônibus.
ERICK: É, mas pelo jeito que ela me encarava até seu eu fosse mentalmente deficiente eu perceberia.
CATHLEEN: Esse poder seu, embora estranho e – convenhamos – muitas vezes inútil, até que deve ser divertido.
[MÚSICA DE FUNDO – BE LIKE THAT, THREE DOORS DOWN]
ERICK: Nem tanto. A maioria das coisas que eu percebo tenho certeza que qualquer outra pessoa também conseguiria. A maior parte das pessoas escolhe não notar algumas coisas óbvias e depois de um tempo isso já passa a ser inconsciente.
CATHLEEN: Isso é ridículo. Por que alguém não iria querer saber que presente vai ganhar de Natal ou a surpresa que o namorado vai fazer no aniversário?
ERICK: As pessoas estão sempre ocupadas demais notando a si próprias. Esse dom que eu tenho apenas prova que nada acontece de repente. Tudo sempre é precedido de muitos sinais. Eu apenas sou mais atento. Pra falar a verdade eu queria não ser.
CATHLEEN: Tá maluco? Você não percebe a vantagem que você tem em tantas coisas?
ERICK: Tá certo que às vezes é legal saber tudo que se passa ao seu redor. Te dá uma sensação boa de poder e controle, mas existem situações que eu preferiria continuar no escuro. Como quando você sabe que seu pai bate na sua mãe todos os dias ou que sua namorada está te traindo. Ou até mesmo quando você sabe antes de alguma pessoa que ela está doente. Acredite quando eu digo que isso não é legal mesmo. As pessoas tendem a ignorar o que é necessário e dar importância demais ao que não é… Eu queria poder ter esse privilégio.
CATHLEEN olha para ele com um misto de pena e admiração. O grupo de garotas uniformizadas passa novamente na frente dos dois. CATHLEEN parece pensativa.
[MÚSICA FADE OUT]
CENA 8 – CORREDOR DO NARANDA HIGH – DIA
Vemos alguns jovens entrando em suas respectivas salas e o corredor aparenta estar deserto. A câmera fecha a imagem em EHLIOS se deslocando sorrateiramente do banheiro masculino para a saída principal.
JOEY [Off]: Grynn!
EHLIOS, assustado, se vira
EHLIOS: [sussurrando] Joey?
JOEY: A-ha!
EHLIOS: [arqueando a sobrancelha] A-ha?
JOEY: Você está prestes a fugir do seu compromisso comigo!
EHLIOS: [sussurrando] O quê? Da onde você tirou essa idéia?
JOEY vai contando nos dedos e se aproximando.
JOEY: Vejamos. Você faltou os nossos últimos 5 encontros, você está com uma mochila preparada para mais uma fuga e está falando baixo demais.
EHLIOS: [sussurrando] Eu não to falando baixo demais.
JOEY sorri ironicamente.
EHLIOS: [sussurrando] Olha, eu tenho que ir.
JOEY: Você não vai a lugar algum antes de fazer o meu trabalho de matemática.
EHLIOS apenas ri desafiadoramente e começa a sair.
JOEY: Ok. Acho que a Dra. Miller vai adorar saber de sua cooperação para o meu crescimento intelectual. Se não me engano eu sou o seu primeiro passo para uma expansão social.
EHLIOS: Você ta tentando me chantagear?
JOEY: Eu? Imagina! Você é livre para fazer o que quiser.
JOEY aponta para a porta.
EHLIOS: Então, tchau!
EHLIOS dá o primeiro passo, mas cai de cara no chão. Close nas solas do par de tênis dele grudadas no chão. JOEY joga uma pasta azul ao lado de EHLIOS.
JOEY: …mas eu acredito que seu bom senso irá prevalecer.
JOEY se afasta.
EHLIOS: [entre os dentes] Idiota!
As solas se desgrudam do chão e EHLIOS se levanta. Quando ele vai se virar em direção à saída, ele topa com um homem.
HOMEM: Sr. Grynn, há uma semana eu venho tentando te encontrar.
EHLIOS: [surpreendido] Professor Bueno!
EHLIOS apenas sorri sem graça.
BUENO: Bem, só gostaria de te avisar que estou ansioso para ver o filme que trará para nossa escola o prêmio do festival juvenil de vídeos.
EHLIOS: [forçando um sorriso] Com certeza!
BUENO: Mas, lembre-se que o prazo termina na próxima semana.
BUENO segue para o interior do colégio.
EHLIOS: [desanimado] Como poderia esquecer?
CENA 9 – CORREDOR DO NARANDA HIGH – DIA
JULIA se encontra dedilhando velozmente o teclado do seu computador, quando o telefone toca.
JULIA: Alô.
ULISSES: [Voice Over] Bom dia, Julia.
JULIA: Oh… oi, Ulisses.
ULISSES: [Voice Over] Oi. Como estão os garotos?
JULIA: Estão bem… todas as suas funções motoras em ordem e nenhum–
ULISSES: [Voice Over] — Bem, eu não estou te ligando para termos uma conversa social. Então vamos direto ao assunto.
JULIA: [revira os olhos] Ok.
ULISSES: [Voice Over] Eu gostaria saber se você andou, novamente, acessando o banco central de informações da Hellertech, em busca de dados sobre o Protótipo?
JULIA: O que? Do que você tá falando? Sinceramente Heller, eu não acredito que você me ligou para me acusar de algo que eu nem sei do que se trata.
ULISSES: [Voice Over] Julia, não brinque comigo… E os desenhos? Eu gastei muito tempo e dinheiro para montar aquela equipe de extração e desde que você decidiu não trabalhar mais em campo os gastos com agente decentes estão cada vez mais caros.
JULIA abre um pequeno sorriso pelo elogio.
ULISSES: [Voice Over] Depois de todo o esforço que tive para tirar esse desenhos do governo é simplesmente inaceitável que eles tenham sido roubados no dia seguinte.
Ela retira uma chave de um colar por dentro da blusa e com ela abre a ultima gaveta da mesa onde estava. JULIA encara o conteúdo da gaveta, mas a câmera não o mostra.
ULISSES: [Voice Over] Já faz duas semanas que te dei ordens claras para que os desenhos fossem reavidos e não estou vendo o resultado disso. Minha paciência está se esgotando, Solaris.
JULIA tira dois papéis de dentro da gaveta recém aberta e vemos um desenho com uma noiva e metade de um desenho com um bebê vestido de urso polar.
JULIA: Sinto muito pela demora. Eu não consegui encontrar profissionais de infiltração a tempo. Os códigos criptografados já devem estar em outra base agora, mas eu farei de tudo para localizá-los.
ULISSES: [Voice Over] Você vai localizá-los, Julia. Apenas não tente bancar a espertinha novamente.
O telefone é desligado bruscamente.
JULIA: [irônica] Realmente paternal.
JULIA encara os desenhos mais uma vez e sorri.
CENA 10 – SALA DE ESTAR – TARDE
[MÚSICA DE FUNDO – ALL MY FAULT, FENIX TX]
CATHLEEN, JOEY e ERICK estão sentados no chão da sala de estar, jogando um jogo de tabuleiro.
ERICK: Ganhei de novo!
CATHLEEN: [revoltada] Como? Eu investi tudo no meu exército na Austrália? Como você conseguiu invadi-la?
JOEY: [desanimado] Te percebendo.
ERICK dá uma risadinha.
CATHLEEN: Tecnicamente isso é roubo!
ERICK: Não, isso é tecnologia de guerra.
CATHLEEN sai da sala.
ERICK: [para Joey] Acho que ela tá com raiva de mim.
JOEY: Precisou usar seus poderes pra isso?
ERICK: [coçando a cabeça] Eu não tive a intenção…
CATHLEEN [Off]: De usar o seus poderes?
CATHLEEN retorna da cozinha com um copo de refrigerante.
ERICK: De dominar o mundo.
CATHLEEN: Típico. Agora você se sente culpado por dominar o mundo. Será que dá pra ser um pouco mais óbvio?
ERICK pega o último pedaço de pizza.
ERICK: Quanto drama! Você não vai querer mais pizza não, certo?
CATHLEEN: Como se você já não soubesse a resposta. Garoto, você não tem fundo?
JULIA desce as escadas, interrompendo CATHLEEN.
JULIA: Não exatamente, mas a glicose parece desempenhar um papel vital na fisiologia dele. Por isso, eu pedi que ele sempre estivesse consumindo algo calórico. O metabolismo dele parece que reage quimicamente com o ambiente e os corpos próximos a ele. Por isso ele é um cara tão sensível.
JULIA dirige-se diretamente ao seu escritório debaixo da escada.
JULIA: Queiram me dar licença.
Ela fecha a porta enquanto ERICK olha para a caixa vazia de pizza e passa a mão na barriga.
ERICK: E aí, mais alguém tá a fim de um sorvete?
CATHLEEN e JOEY o encaram incrédulos.
CENA 11 – THE ALLEY – TARDE
A câmera foca EHLIOS entrando no estabelecimento, indo em direção de ZACK.
EHLIOS: Oi.
ZACK: [franzindo a testa] Oi.
EHLIOS: Por que esse “oi”? Eu não fiz nada de errado se é o que você está pensando.
ZACK: [calmamente] Mas, eu não disse nada. [pondera] Mas, e aí? O que você aprontou dessa vez?
EHLIOS: Eu sabia! Sua linguagem superciliar te denuncia, Hayes!
CATHLEEN [Off]: E ai, Zack!
A câmera da um giro mostrando CATHLEEN entrando no estabelecimento com várias sacolas nas mãos
EHLIOS: Você?
CATHLEEN: [fingindo estar assustada] Ehlios! Que susto! Você não pode ficar conversando em público. As pessoas podem começar a acreditar que você é gente.
EHLIOS: Depois que incluíram até você nessa categoria eu devo ter uma chance.
ZACK: Você por aqui a essa hora?
CATHLEEN: É que a Julia pediu para eu fazer umas comprinhas [mostra as sacolas]. O açúcar da mansão Liefield acabou. E como eu tava passando aqui por perto, meio que fiquei com saudade do The Alley. Deve ser uma variante da síndrome de Estocolmo.
ZACK: E ai? Você vem hoje a noite?
CATHLEEN: Para onde?
ZACK: Cathleen, sexta-feira a noite? Para onde os Narandantais vão nesse dia?
CATHLEEN: [franzindo o cenho] Para um lugar legal?
ZACK: Que seria?
CATHLEEN apenas solta um leve suspiro como se tivesse recordado algo.
CATHLEEN: [desapontada] O The Alley lotado. Então, hoje à noite?
ZACK: Com certeza.
De repente o celular de CATHLEEN começa a tocar e ela o atende. A câmera mostra um aviso de mensagem vindo de JULIA na tela do celular.
CATHLEEN: Zack, foi bom conversar com você.
CATHLEEN levanta-se da cadeira e dirige-se à saída da lanchonete.
EHLIOS: Ok. Isso que é visita rápida.
ZACK: Mas, não vamos mudar de assunto.
EHLIOS: Ok. Estou com problemas. [gesticulando] Com sérios problemas!
ZACK: [irônico] Perdeu o cd da trilha de Bettlejuice?
CENA 12 – SALA DE ESTAR – TARDE
CATHLEEN e JOEY estão sentados ouvindo JULIA.
CATHLEEN: Eu não acredito no que estou ouvindo! Você nos chamou aqui para isso?
JULIA: Mas, você nem ouviu direito.
CATHLEEN: E precisa?! Desde quando as missões de campo da SD-6 viraram um ensaio dos contos proibidos do Marquês de Sade? Isso, é loucura! E não é justo comigo!
JOEY: E comigo é?
CATHLEEN: Você entendeu, Joey!
JULIA: Cathleen! Isso não é um pedido formal que eu estou fazendo e sim uma ordem!
JOEY: Julia, disso a gente nunca duvidou, mas o que te leva achar que nós dois vamos conseguir driblar a segurança de um manicômio?
JULIA: O plano é simples. Vocês dois entrarão no Manicômio Charenton disfarçados. Lá dentro vocês procurarão uma brecha na segurança que não é lá essas coisas, aproveitando-se disso para soltar o homem em que estou interessada.
JOEY: Parece um bom plano, mas quem é esse cara que a gente tá procurando?
JULIA: Um velho aliado que possui informações de interesse.
JOEY: E os caras calaram a boca dele colocando ele num manicômio?
JULIA: Exatamente. Se você não pode acusar alguém de alguma coisa, acuse-a de doida. Sempre dá certo.
CATHLEEN simplesmente olha para a tutora.
CATHLEEN: Eu ainda não engoli essa missão.
JULIA: É claro que, eu não espero que você a engula Cathleen. É uma missão e não é pra ser engolida e sim ser executada.
CATHLEEN: [entre os dentes] Sim, capitão!
CENA 13 – THE ALLEY – TARDE
ZACK: Como? Como você pode roubar o dinheiro da produção do vídeo do colégio para comprar a coleção de dvd’s de “The Future of Earth”?
EHLIOS: [girando os olhos] A palavra exata não foi roubar e sim pegar emprestado. Eu ia pagar logo que tivesse o dinheiro.
ZACK: Ótimo! E isso seria quando?
EHLIOS: [desanimado] Tá! Você tem toda razão! Mas, e ai? Você vai me ajudar ou não?
ZACK: Fazer o que? Eu vou te ajudar na gravação desse seu filme com o orçamento hiperfaturado, mas você vai ter que me prometer que até o final disso tudo, você vai ter que conversar com a Sarah.
EHLIOS: [com os olhos arregalados] Mas–
ZACK: Se você não topar eu tô fora!
EHLIOS solta um suspiro de desistência e deixa a cabeça cair sobre o balcão.
EHLIOS: [voz abafada] Ok.
CENA 14 – QUARTO DE KENNEDY – TARDE
A câmera mostra o quarto da garota e o telefone tocando ao lado da cama. Vemos vapor vindo de um banheiro e um som de água caindo.
KENNEDY [Voice Over]: Oi, é a secretária eletrônica da Kay. Eu não posso atender agora, mas sinta-se à vontade para deixar uma mensagem.
CATHLEEN: Kay, amiga, eu tô precisando de um favor. Um grande favor e acho que você pode fazer isso por mim.
O resto da mensagem é abafado e fica inaudível pelo som da ducha, KENNEDY enrolada numa toalha tenta alcançar o telefone, mas, acaba escorregando e caindo.
KENNEDY: A Cathleen só pode estar doida!
[MÚSICA DE FUNDO – VIOLET, FOUR STAR MARY]
ZACK [V.O.]: Com certeza ela só pode estar doida!
CENA 15 – THE ALLEY – NOITE
[MÚSICA CONTINUA]
A câmera mostra KENNEDY seguindo ZACK pela lanchonete, enquanto o mesmo, segurando uma bandeja, atendia algumas pessoas.
ZACK: Ela não pode simplesmente colocar você para substituí-la. E muito menos no turno da sexta. É o dia de maior movimento e ela sabia disso. Afinal [anotando um pedido] por quê, ela faltou?
KENNEDY: Parece que um parente da Julia tava passando mal num hospital e eles tiveram que sair às pressas.
Nesse momento um grupo de pessoas entra no The Alley.
ZACK: Maravilha! Era tudo o que eu queria.
ZACK encara KENNEDY e joga um avental em direção a garota.
KENNEDY: O quê você pensa que eu vou fazer com isso? Eu não vou usar isso!
ZACK: Vai sim.
KENNEDY: Não vou!
ZACK: Só coloca logo isso, Kennedy.
KENNEDY: Ha! Eu não vou colocar essa coisa! Não vou!
CENA 16 – THE ALLEY – NOITE
Corta para KENNEDY usando um avental e servindo uma mesa.
ZACK: Eu te falei que não era difícil.
KENNEDY: Cala a boca! A Cathleen vai me pagar caro.
CENA 17 – THE ALLEY – NOITE
Em cena um carro se desloca velozmente numa rodovia. Dentro do veículo a câmera mostra JULIA no volante, JOEY no carona e CATHLEEN no banco traseiro.
CATHLEEN: Nem Sidney Bristow, teria tanto trabalho.
JULIA: Do que você tá reclamando dessa vez?
CATHLEEN: Invadir um manicômio? Treinamos por tantos anos para esse tipo de missão? Não era mais fácil a gente ter feito um curso de enfermagem?
JULIA: E o que você gostaria de fazer? Invadir o Pentágono?
CATHLEEN: Também não precisa exagerar. Você é bastante inteligente para ter entendido meu ponto de vista.
JOEY desperta de um cochilo e as duas o encaram.
JULIA: Será que dá pra você pelo menos tentar esperar uma meia hora pra reclamar depois que eu der uma missão?
CATHLEEN: Ótimo, não temos dois zero na frente do 7, nunca temos missões na Jamaica e eu não devo me esquecer de lhe comprar [para Julia] uma edição de Casino Royale, já que você aparentemente não sabe mais como ser uma espiã auto-suficiente.
JULIA apenas sorri.
JOEY: Do quê vocês tanto conversam?
JULIA: Não se preocupe Joey, é apenas a Cathleen tendo uma crise de identidade.
CATHLEEN: Sendo uma espiã adolescente e tendo vários disfarces é meio difícil não ter uma [fazendo sinal de aspas] crise dessas.
JULIA: E a nossa visita? Será que ele vai saber se virar sozinho?
CATHLEEN: Não se preocupe! Eu mandei o Erick para um lugar que nunca tem problemas.
CENA 18 – THE ALLEY – NOITE
[MÚSICA DE FUNDO – CEMENTED SHOES, MY VITROL]
EHLIOS entra no The Alley e a câmera o segue indo em direção a ZACK que estava na cozinha. Ao entrar nos fundos a música fica abafada, mas ainda é ouvida. EHLIOS passa uma camiseta branca para ZACK.
EHLIOS: Tá entregue. Vai rolar gorjeta?
ZACK: Nunca.
Nesse momento KENNEDY entra na cozinha, segurando uma bandeja cheia de pratos sujos.
EHLIOS: [espantado] Chamem o Bruce Willis! Eu tô vendo coisa de outro mundo!
KENNEDY: Ehlios, desgruda! [para Zack] O quê ele ta fazendo aqui?
ZACK: Ele veio me trazer uma camisa limpa, já que a outra você sujou com vitamina.
EHLIOS: [para Zack] Que maldita doença está pegando nessas torcedoras de Naranda? Por acaso isso é alguma conspiração mundial contra as cheerleaders para as deixarem desempregadas ou o The Alley esta as contratando para alguma apresentação contra a anorexia? Tipo [como se sacudisse dois pompons] “Vai, Gordura!”.
ZACK se mantém sério e KENNEDY olha para EHLIOS abismada.
KENNEDY: Alguém me mata. Alguém me mata agora.
KENNEDY pega uma bandeja limpa e começa a sair da cozinha.
EHLIOS: [gritando para Kennedy] Onde é que eu pego a senha?
ZACK recoloca seu avental.
EHLIOS: [sorrindo] Vocês já demitiram a Cathleen?
ZACK: Não.
EHLIOS: Então, onde tá ela? Desapareceu entre o bacon?
ZACK: Parece que um parente da Julia está internado e eles tiveram que sair às pressas.
EHLIOS: E você acreditou nisso?
ZACK: O que você quer que eu faça?
EHLIOS: Zack, cai na real. [irônico] Aquela mulher deve ter tantos parentes que mal caberiam na casinha do Snoopy. Das duas uma, ou a Cathleen conseguiu enganar vocês dois e está por aí com algum jogador de futebol ou eles devem estar fuçando alguma coisa sobre a gente.
ZACK: E qual seria o interesse da Cathleen na gente?
EHLIOS: Não a gente “nós dois”. A gente “pessoas-não-muito-humanas”.
ZACK: E o quê, você pretende fazer em relação a isso? Você não pretende sair por aí investigando com uma capa e óculos escuros.
EHLIOS: É claro que não!
CENA 19 – THE ALLEY – NOITE
[MÚSICA DE FUNDO – SMOOTH CRIMINAL, ALIEN ANT FARM]
A câmera mostra EHLIOS de óculos escuros e trajando um casaco negro em frente à mansão deserta. O garoto olha para os lados, abaixa a aba do seu boné preto e atravessa a rua sorrateiramente. Ele chega à frente da entrada principal da caça e mais uma vez checa se não há ninguém por perto.
EHLIOS atravessa a porta e entra na casa.
CONTINUA…
[MÚSICA FADE OUT]
PRODUÇÃO EXECUTIVA
Samir Zoqh
Luciana Rocha
ELENCO
Keira Knightley como Cathleen
Riley Smith como Joey
Paul Wasilewski como Zack
J. Mack Slaughter como Ehlios
Ashly Lyn Cafagna como Kennedy
Bonnie Somerville como Julia
PARTICIPAÇÃO RECORRENTE
Neve Campbell como Sarah
ATORES CONVIDADOS
Daniel Clark como Erick
ESCRITA POR
Samir Zoqh
DIRIGIDA POR
Luciana Rocha
CRIADA E DESENVOLVIDA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha
MÚSICA TEMA
Late Great Planet Earth, Plumb
TRILHA SONORA
Cling And Clatter, Lifehouse
Silver And Cold, AFI
Burn Baby Burn, Ash
Be Like That, Three Doors Down
All My Fault, Fenix TX
Violent, Four Star Mary
Cemented Shoes, by My Vitrol
Smooth Criminal, Alien Ant Farm
UMA PRODUÇÃO HYBRID STUDIOS
DISTRIBUÍDO POR TELEVISION SERIES NETWORK
Todos os atores aqui citados são meramente ilustrativos.
Os personagens por eles representados estão em um contexto de ficção.
Nenhum direito de imagem está sendo infringido.
©2005
Série Virtual – Outsiders – Girls Gotta Party
11/10/2011, 22:09. Redação TeleSéries
Ficção (séries virtuais)
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Série: Outsiders
Episódio: Girls Gotta Party
Temporada: 1ª
Número do Episódio: 1×02
[FADE IN]
CENA 1 – CAMPO DE ESPORTES NARANDA HIGH – DIA
[MÚSICA DE FUNDO – Why Not, Hilary Duff]
CATHLEEN e KENNEDY correm lado a lado em volta do gramado enquanto conversam, ofegantes. Atrás delas vemos outras garotas também correndo.
CATHLEEN: Cara, eu odeio educação física! Como o governo pode obrigar a gente a ficar completamente nojenta por cinqüenta minutos?
KENNEDY: [irônica] Essa deve ser mesmo a principal preocupação deles.
CATHLEEN: Não, eu falo sério, Kay. Pensa bem. Nós somos apenas gastos nos cofres públicos. Nós comemos, exigimos escola, parques, roupa, abrigo…
KENNEDY: [irônica] Festas ilegais.
CATHLEEN arregala os olhos como se KENNEDY finalmente tivesse compreendido.
CATHLEEN: E não pagamos imposto de renda!
KENNEDY: [ergue uma sobrancelha] Então essa é a vingança deles? Uma aula obrigatória de exercícios por tudo que fazemos eles gastarem?
CATHLEEN: Precisamente. O que eu tô tentando dizer é que essas coisas não valem cinquenta litros de suor!
KENNEDY: [sorrindo] Só as festas ilegais.
CATHLEEN: Ah, claro! Não vamos esquecer as festas! Você vai mesmo com o Ben na festa da fábrica hoje à noite?
KENNEDY: Espero que não! Ainda tô bolando um jeito de me livrar dele.
CATHLEEN: Então você vai terminar tudo mesmo?
KENNEDY: Não tem outro jeito. O problema é que toda vez que decido conversar com ele, terminar… eu não tenho coragem, Cath.
CATHLEEN: Quanto mais tempo você demorar pra terminar com ele, mais difícil vai ser. É melhor você fazer isso agora que vocês ainda estão no começo do namoro.
KENNEDY: Acho que você tá certa. O problema é que a Sam me disse que o Harry disse pra ela que o Ben falou que já gostava de mim há muito tempo. Sabe… eu não quero magoar ele.
KENNEDY parece cansada e para, colocando as mãos nos joelhos e pedindo por ar. Cathleen corre no mesmo lugar ao lado da amiga.
CATHLEEN: Então você vai casar com ele por causa disso? Não tô dizendo que você deva ser grossa com ele e mandar o cara pastar de uma hora pra outra. Só tô dizendo que você não pode ficar numa relação onde você não consegue nem respirar.
KENNEDY: Eu não tenho culpa de me envolver com caras tão… rarefeitos.
CATHLEEN: [rindo] Então, compre um tanque de oxigênio e seja feliz com ele.
CATHLEEN bate de leve na cabeça da amiga e sai correndo. KENNEDY ri e corre atrás de CATHLEEN. A música aumenta e a conversa se torna indistinta enquanto a câmera se afasta
[MÚSICA TEMA – Late Great Planet Earth, Plumb.]
CENA 2 – SALA DESCONHECIDA NO NARANDA HIGH – DIA
[MÚSICA DE FUNDO – What’s My Age Again, Blink 182]
A câmera focaliza dois soldadinhos de plástico numa mesa sendo manipulados por duas mãos. A câmera abre revelando EHLIOS em frente a uma senhora [Kathryn Joosten] aparentando seus 50 anos.
EHLIOS: Me desculpe Doutora Miller, mas é que esses momentos de silêncio me dão náuseas, por isso, os soldadinhos. Sei que você irá me avaliar como infantil… bem [dá de ombros] você não seria a primeira. Então pega a senha e entra na fila.
DRA. MILLER: [anotando] Então, você tem problemas com pessoas silenciosas.
EHLIOS: Com pessoas silenciosas, não. Com pessoas que fingem ser silenciosas para chegar a algum lugar, sim.
DRA. MILLER: Eu gostaria de te lembrar que é o senhor que está avaliado aqui.
EHLIOS: E por que só eu fui chamado para ser avaliado? Eu não comecei aquela confusão sozinho.
DRA. MILLER: Senhor Grynn, a sua situação no colégio é alarmante.
EHLIOS: [revira os olhos] Não me diga.
DRA. MILLER: Você vem incomodando a calma nas decisões do grêmio desde que chegou ao colegial. E isso foi tolerado nas primeiras vezes, mas agora, vendo aonde a situação chegou devido ao seu mau comportamento, isso é inaceitável.
EHLIOS: Então o quê? Eu tô expulso?
DRA. MILLER: Não. Mas, devido aos seus últimos impulsos agressivos contra alguns membros de destaque em nossa instituição–
EHLIOS: …como o capitão do time?
DRA. MILLER: [num tom mais rígido] …eu e o diretor Fordman, acreditamos que o seu intelecto, como podemos notar em seu histórico, não está sendo totalmente aproveitado.
EHLIOS: Como assim? Vocês pretendem colocar uma focinheira em mim só porque eu falei umas verdades para aquelas aspirantes a Regina George?
DRA. MILLER: Não. Nós chegamos à conclusão que a melhor punição para você no momento é expandir suas relações sociais com outros alunos. Podemos começar com algo simples, como por exemplo monitorar outros alunos com dificuldades no aprendizado.
EHLIOS: [cauteloso e desconfiado] E vocês já tem alguém em mente.
DRA. MILLER: Sim. E acho que você vai se dar muito bem com essa pessoa. [mexendo nos papéis] Hum… aqui está… Joseph Campiti.
Os olhos de EHLIOS se arregalam e vemos uma expressão de pavor crescer em seu rosto.
EHLIOS: O quê?! Nunca!!
DRA. MILLER: [sorrindo] Vou considerar isso como um “sim”.
CENA 3 – REFEITÓRIO DO NARANDA HIGH SCHOLL – DIA
JOEY está almoçando sozinho. Ele coloca uma farta colherada de ervilhas na boca quando sente alguém cutucando seu braço. A câmera abre mostrando EHLIOS com uma pasta nas mãos. Ele joga a pasta sobre a mesa.
EHLIOS: Sou seu novo monitor.
JOEY, com a boca cheia de ervilhas, se esforça, mas não consegue falar. Sua expressão parece ser de incredulidade.
EHLIOS: [entediado] É… eu sei como se sente. Te vejo no sétimo horário. E não se atrase porque eu tenho mais o que fazer com a minha vida.
JOEY engole as ervilhas a seco e abre a pasta. A câmera mostra o que parece ser uma grade com horários de aulas.
JOEY: Ah, você só pode tá me zoando!
CENA 4 – QUARTO DE CATHLEEN – NOITE
[MÚSICA DE FUNDO – Vindicated, Dashboard Confessional]
Uma batida rítmica na porta. CATHLEEN sai de seu banheiro com um estojo de maquiagem na mão. Ela abre a porta sem se dar ao trabalho de conferir quem é e volta para o banheiro pra terminar de se arrumar. No caminho ela abaixa o volume de seu stéreo e a música diminui. JOEY no quarto e se joga na cama da garota de costas, encarando o teto.
JOEY: A tal festa da fábrica?
CATHLEEN: Sim.
JOEY: Então… você tá indo?
CATHLEEN: Sim.
JOEY: Onde é?
CATHLEEN: Na antiga fábrica de queijo.
JOEY: [cara de nojo] Parece fedorento.
CATHLEEN sorri do comentário e continua delineando seus olhos.
JOEY: Vocês todos vão?
Ela se senta na cama ao lado dele e começa a calçar sua sandália.
CATHLEEN: Só eu e Kay. É impressão minha ou essa conversa virou um tipo de interrogatório?
JOEY: Não, é só que…
CATHLEEN: Fala logo, Joey. [ela começa a procurar algo no chão] Droga! Bela hora para a tarraxa do meu brinco sumir.
JOEY: Quero dizer… Samantha vai com vocês?
Ela continua a procurar a tarracha no chão e não parece prestar muita atenção na conversa.
CATHLEEN: Não. Ela acabou de ligar. Parece que os pais dela viajaram e ela e Harry vão… [dá um sorriso malicioso] assistir Bob Esponja. [irritada] Droga. Cadê a maldita tarracha?
JOEY: Como? Bob Esponja?
JOEY leva um minuto para entender.
JOEY: [desanimado] Oh…
Ele vira-se e começa a sair, cabisbaixo.
JOEY: Me liga se acontecer qualquer coisa. Eu vou te buscar.
Nesse momento CATHLEEN, encontra sua tarraxa e vê JOEY saindo triste do seu quarto. Ela percebe a situação e bate a mão na cabeça.
CATHLEEN: Espera. Joey. Desculpa. Foi falha minha, eu nem deveria ter falado isso com você… mas, essas tarrachas demoníacas destroem qualquer maldito pensamento linear na cabeça de uma mulher.
JOEY: Sem problema. Não se preocupe comigo, Cathie. Eu estou bem.
CATHLEEN: Mesmo? Ou está querendo me fazer sentir menos culpada?
JOEY: [mostra um tímido sorriso] E você acha que eu perderia a chance de te ver se autoflagelar?
CATHLEEN: [rola os olhos] É, acho que você já está bem.
Ele vira-se de novo para sair, mas sua expressão triste permanece. CATHLEEN aperta os olhos e solta um pequeno “argh” em agonia.
CATHLEEN: [impulsiva] Você que ir?!
JOEY se interrompe mais uma vez e encara a garota.
CATHLEEN: Quero dizer… você quer ir na festa? Com a gente?
JOEY: Você tá falando sério?
CATHLEEN: Surpreendentemente… sim.
JOEY abre um sorriso completo.
JOEY: Tá bom. Me dá vinte minutos que eu já vou me arrumar.
CATHLEEN assente com a cabeça e JOEY sai correndo, fechando a porta do quarto. A garota faz seu caminho de volta ao banheiro.
CATHLEEN: [sussurrando] Kay vai me matar.
Um shot do deserto. A velocidade da cena acelera. O vento balança os poucos arbustos. As estrelas somem e o céu fica um pouco mais claro, mostrando que o Sol está para nascer.
CENA 5 – COZINHA CASA DE JULIA – MADRUGADA
JULIA: Eu não acredito no que você fez, CATHLEEN! Você sabe que não pode sair no meio de uma semana de aula! Veja o que acontece!
A câmera mostra JOEY e CATHLEEN sentados ao balcão da cozinha. CATHLEEN possui a roupa que usava na cena anterior, mas JOEY parece que acabou de acordar. Cathleen abre a boca, mas Julia continua falando.
JULIA: Você está atraindo atenção para si! Eu achei que minhas regras fossem claras e, acima de tudo, bem simples! Será que é tão difícil assim?
CATHLEEN: Hey! Por que eu estou tendo a sensação de que eu sou a única a levar sermão aqui?! Joey também saiu com a gente!
JOEY: [defensivo] Hey!
JULIA: Joey voltou pra casa muito mais cedo que você.
JOEY: E andando, diga-se de passagem. Tive que aturar duas milhas de Kennedy Lester reclamando que seu salto estava machucando.
JULIA: E além do mais, foi você quem o convidou!
CATHLEEN solta um olhar cortante para JOEY.
JOEY: [defensivo] Eu não disse nada!
A garota olha para JULIA como uma expressão entediada.
CATHLEEN: [pausadamente e irritada] Será. Que dá. Pra você. Por favor! Parar de vasculhar minha cabeça?! Nem na própria mente se tem privacidade nessa casa!
CATHLEEN se levanta irritada e começa a sair da cozinha.
JULIA: Eu ainda não terminei.
CATHLEEN solta um grunhido de irritação e vira-se para JULIA com os braços cruzados.
JULIA: A questão aqui não é a sua privacidade. Estamos falando da sua falta de responsabilidade. Já passou da hora de vocês perceberem que não são mais crianças e que a manutenção de algumas responsabilidades é essencial para que nossas vidas continuem tranqüilas. Que o que vocês fazem geram conseqüências. [sorri] Por isso vocês vão ficar dois semanas sem o carro.
JOEY apenas concorda com a cabeça enquanto CATHLEEN arregala os olhos.
CATHLEEN: O quê?! Você não pode fazer isso comigo, Julia! Como que eu vou sobreviver sem o carro?!
JULIA: Bem, eu vou continuar levando vocês para o colégio como faço todos os dias. E além do mais, Naranda nem é tão grande assim. Tenho certeza que você vai conseguir ir aonde quiser andando.
CATHLEEN: Eu sou uma adolescente, Julia. Locomoção nunca foi meu objetivo principal com um carro. Será que você não aprendeu nada com seus velhos tempos de 90210?
JULIA: Então sinto muito, mas seu sempre ascendente status social terá que ficar em suspensão por duas semanas. O que não é nada na verdade.
CATHLEEN: Droga! Eu já disse que não tive a intenção de ferir o cara!
JULIA: A gente ainda teve sorte, Cathleen. Eu nem sei como você conseguiu convencer o cara a não processar.
CATHLEEN dá um pequeno sorriso malicioso.
JULIA: [revira os olhos] Quê que eu tô falando? É claro que eu sei como você convenceu o cara. Você é a rainha da chantagem.
CATHLEEN: Eu salvo o mundo de mais um pedófilo e você me crucifica?
JULIA: [séria] Nada de carro, Cathleen. Ponto final.
CATHLEEN solta outro grunhido frustrado e começa a massagear as têmporas tentando se acalmar.
CATHLEEN: Okay, okay. [respira fundo] Pelo menos me dá aqueles trezentos dólares extras que eu vou precisar.
JULIA: Aqueles trezentos dólares? Quais trezentos dólares?
CATHLEEN: [revira os olhos] Olha, se é pra ler minha cabeça, pelo menos lê direito… ou não lê nada. [levanta a mão] Eu voto fortemente pela a segunda opção.
JULIA olha para CATHLEEN por alguns segundos e logo depois seus olhos se arregalam.
JULIA: O quê? Nem pensar! Eu não vou desembolsar trezentos dólares para pagar seus estragos naquela festa.
CATHLEEN: Mas, Julia…
JULIA: Nada de “mas Julia”. Consequências, Cathleen.
CATHLEEN: Mas a minha mesada já acabou e o que eu tenho guardado não dá pra pagar!
JULIA: Então arranja o dinheiro de outra forma.
CATHLEEN: Você quer que eu roube?!
JULIA: Eu não vou nem começar a pensar no porquê de roubar ter sido a primeira coisa que surgiu na sua cabeça quando eu falei em arranjar dinheiro. Bem, pelo menos não foi prostituição. [solta um suspiro cansado] Não, Cathleen. Você não vai roubar. Será que você já ouviu falar em alguma coisa chamada emprego?
Os olhos de CATHLEEN arregalam em pavor. JOEY coça a cabeça e aperta os olhos se preparando para a reação.
CATHLEEN: [chocada] Arrumar um emprego?!
KENNEDY: [voice over] Wow. Que droga!
CENA 6 – CENTRO DE NARANDA – DIA
CATHLEEN e Kennedy estão andando, observando o movimento entre as lojas.
KENNEDY: Pelo visto ela tava brava mesmo.
CATHLEEN: Honestamente eu não entendo o porquê. Acho que ela tá entrando em menopausa.
KENNEDY: [balança a cabeça e sorri] Então, nada de dinheiro, mesmo?
CATHLEEN: Aparentemente, ela resolveu tomar uma postura mais Frank Fitts comigo.
KENNEDY: E o que você pretende fazer? Você não tá pensando mesmo–
CATHLEEN: Sim… estou pensando seriamente em arrumar um maldito emprego. Não vai ter jeito, Kay. E o pior é que eu não sei no que eu sou boa.
KENNEDY: Do que você tá falando? Você é boa em… [pensativa] hum… muitas coisas.
CATHLEEN: Como o quê? Descobrir quantas tonalidades diferentes de esmalte a gente consegue por 5 dólares?
KENNEDY: [sorri sem graça] É um começo.
CATHLEEN deixa os ombros cairem com uma expressão de derrota.
KENNEDY: Tá vendo o que acontece quando você abandona sua querida amiga com seu meio-irmão nerd? Falando nisso, como você conseguiu passar por aquele armário na portaria da festa?
CATHLEEN sorri maliciosamente e a câmera fecha nos seu olhos.
CENA 7 – EXT. GALPÃO ABANDONADO – NOITE
[FLASHBACK]
A câmera está fechada nos olhos de CATHLEEN. Ela então abre mostrando ela, JOEY e KENNEDY esperando numa fila quilométrica. Um pouco a frente vemos a fila sendo engolida pelo portão de um galpão abandonado. Três seguranças enormes checam os documentos.
CATHLEEN: Olha a quantidade de pessoas na nossa frente! [sorriso malicioso] Espera um minuto.
CATHLEEN sai da fila e vai andando até um dos seguranças.
KENNEDY: [revira os olhos] Sempre a mesma. Isso não vai dar em boa coisa. [para Joey] Anda, vem!
Os dois seguem CATHLEEN.
JOEY: E como você acha que vai conseguir furar a fila, espertinha?
CATHLEEN: [sorri maliciosa] Com um toque de fada.
Ele leva uns instantes para entender o que a garota fará.
JOEY: [arregala os olhos] Não! Você tá doida?!
KENNEDY: Será que dá pra alguém me explicar o que tá acontecendo?
CATHLEEN: Esqueça o Joey, Kay. Ele anda meio perdido, mesmo.
JOEY: [para si mesmo] Isso ainda vai sobrar pra mim.
KENNEDY: Vai lá então, Cathie. Se você conseguir usar seus “dotes femininos” ou seja lá o que for no grandalhão ali eu vou criar uma igreja com o seu nome.
CATHLEEN: Então amiguinha, vai se preparando para a minha canonização.
CATHLEEN caminha até o segurança deixando KENNEDY e JOEY a uma certa distância. Ela sorri para ele, que continua com a cara fechada. CATHLEEN então toca seu ombro, gentilmente. Flashs de memória atravessam a tela, revelando imagens desconexas. Um homem usando couro, uma cama redonda, espelhos e um chicote. Ela fala com ele como se acabasse de encotrar um velho amigo.
CATHLEEN: Hey, George! Como vão as gravações de “Elektra”?
GEORGE: [arrogante] Como é que você sabe meu nome? E que historia é essa de Elektra?!
CATHLEEN: Vamos, George! Você sabe que ficou ótimo de couro aquele dia… [sussurra] no motel em que minha mãe trabalha.
GEORGE: Do quê cê ta falando??
CATHLEEN: Vai dizer que não se lembra de mim? [finge estar ofendida] Caramba! Que falta de consideração! Logo, eu que sou tão amiga da Linda. Ah, e como está a sua esposa, a propósito?
GEORGE: Minha… minha esposa? O que você sabe? Droga! O que você quer!?
CATHLEEN: Eu adoraria poder ficar aqui conversando com você, mas sabe… [contorcendo-se] é que eu tô meio apertada. [sorrindo] Não tem como você liberar a entrada para mim, não?
GEORGE: Ok, guria, mas bico calado que eu sei que tu é de menor! Vai logo!
CATHLEEN: Valeu!
CATHLEEN entra no local seguida por KENNEDY e JOEY, mas GEORGE se põe na frente dos dois últimos.
GEORGE: Ei, você dois! Onde pensam que vão?
JOEY: Nós estamos com ela!
KENNEDY: Isso mesmo!
GEORGE: A entrada tá fechada para os amigos daquelazinha que entrou! Se quiserem entrar é melhor esperarem o trem da maturidade. [gritando] Próximo!
KENNEDY e JOEY se entreolham sem reação.
CENA 8 – INT. FESTA – NOITE
[MÚSICA DE FUNDO – Headsprung, LL Cool J ]
CATHLEEN vai fazendo seu caminho através das pessoas. A câmera sobe e mostra um grande galpão decorado com muito espelhos e luzes. A pista de dança está lotada. A música bomba ao fundo enquanto corpos se agitam sob a tensão das ondas sonoras. CATHLEEN se perde na dança e a câmera fecha em seu olhos.
[FIM DO FLASHBACK]
CENA 9 – CENTRO DE NARANDA – DIA
A câmera se afasta dos olhos de CATHLEEN e vemos KENNEDY na sua frente.
KENNEDY: E então? O que você falou pro cara?
CATHLEEN: [disfarçando] Na verdade nada. É nojento o que a possibilidade de ir pra cama com uma menor faz com alguns caras.
CATHLEEN volta a caminhar deixando KENNEDY parada e confusa.
CENA 10 – BIBLIOTECA DO NARANDA HIGH – DIA
JOEY e EHLIOS estão sentados, um em frente ao outro com vários livros espalhados entre eles. EHLIOS bate o pulso fechado contra a testa algumas vezes.
EHLIOS: Como você consegue ser tão burro?
JOEY: Se você vai começar a sacanear eu vou colar tua bunda nessa cadeira.
EHLIOS: Esqueceu que eu posso atravessá-la? [passa a mão através da cabeça de Joey] Feito seus pensamentos.
JOEY se assusta e pula da cadeira.
JOEY: Sai fora cara! E vamos logo começar essa droga, que eu não quero ficar a tarde toda estudando com você! [senta-se e sussurra pra Ehlios] Droga! Alguém poderia ter visto isso, seu estúpido!
EHLIOS: Calma! Ninguém tava vendo. E além do mais, o que adianta ter poderes se não podemos nos divertir um pouco?
JOEY: Só não quero suas mãozinhas pegajosas perto de mim… ou… através de mim.
EHLIOS: Calma, nervoso! Na próxima vez, eu uso um óleo para você relaxar.
Ele pisca para JOEY.
JOEY: Seu…!
A caneta na mão de JOEY começa a derreter.
EHLIOS: Cara! [afasta um pouco a cadeira da mesa] Você já pensou em fazer carreira num fast food? Com essa seus poderes, garanto que você agilizaria o trabalho nas frigideiras. O The Alley tá contratando. Não está interessado?
JOEY: [sussurra para si de olhos fechados] Eu sou o rei do meu castelo. Eu sou o rei do meu castelo. Ele não vai me irritar.
EHLIOS: Isso é algum treinamento anti-ataque mental que a “Charles Xavier de saias” te ensinou?
JOEY: Não, é algo que vai me impedir de matar você nesse momento!
EHLIOS: Ih! Vocês da Equipe Rocket sabem exagerar quando estão nervosinhos. Olha o caso da Cathleen ontem na festa da fábrica.
JOEY: E como você ficou sabendo disso? Invadiu o vestiário feminino, pequeno tarado?
EHLIOS: Os Narandantais tem uma ótima rede de informação de dar inveja a qualquer serviço secreto, menino da cidade grande.
JOEY: Nunca vou me acostumar com o serviço informal de informação desse fim de mundo.
EHLIOS: É, e agora a Hannover tá correndo atrás de um emprego. Como eu já te disse tem uma vaga de garçonete no The Alley.
JOEY: Cathy servindo mesas? Só se ela tiver muito desesperada! E qual é o seu interesse em ajudá-la?
EHLIOS: Se você não quiser ver sua amiga usando os poderes pra dar uma de vidente na praça de alimentação do shopping… [dá de ombros] Acho que é o caminho mais digno a se seguir.
JOEY: Existem diferentes níveis de desespero. Enganar idiotas no shopping é bem diferente de serví-los.
EHLIOS: Você que sabe. Está com a informação na mão e vai deixar de ajudar sua irmãzinha.
JOEY franze o cenho, desconfiado.
JOEY: [abrindo o flip do celular] Já que você faz tanta questão. [põe o celular no ouvido e aponta pra Ehlios] E ela não é minha irmã.
EHLIOS: Tanto faz, cara. Que bom que pude ajudar. Segura aí que a gente precisa de outro livro.
EHLIOS levanta da cadeira e se dirige às prateleiras.
EHLIOS: [pra si mesmo] Hannover lavando pratos? Isso eu quero ver!
CENA 11 – EXT. LANCHONETE THE ALLEY – DIA
[MÚSICA DE FUNDO – Here Is Gone, Goo Goo Dolls]
A câmera passa lentamente mostrando um letreiro escrito “The Alley”. O foco desce lentamente e mostra CATHLEEN de costas atendendo o seu celular. A câmera dá um giro em torno da garota e vemos que ela está em frente a um cartaz colado no vidro da porta: “Precisa-se de ajudante”.
CATHLEEN: Valeu, por ter ligado, Joey. [desliga o celular]
A garota deixa os ombros caírem acompanhados de uma pesada respiração.
CATHLEEN: [para si mesma] Poderia ser pior.
A garota entra no local e nota que o lugar está lotado. Ela tenta recuar, mas é abordada por ZACK.
CATHLEEN: Você aqui?
ZACK: Eu trabalho aqui, Cathleen. Você nunca me viu aqui antes?
CATHLEEN: [tenta disfarçar] Lógico! É claro que sim.
ZACK: Então, você já foi atendida?
CATHLEEN: Não. [sem graça] Quero dizer, vocês estão… precisando de… alguém como ajudante?
ZACK olha meio intrigado para a garota e então solta um pequeno sorriso.
ZACK: Você está procurando um emprego, é isso? Acho que essa não é a hora mais apropriada mas… vamos ver o que faço por você.
ZACK sorri e com um gesto pede a ela que o acompanhe até o balcão. Atrás do balcão, um homem [Josh Duhamel] que aparenta seus 30 e poucos anos se aproxima apressado e começa a contar algumas notas na registradora.
ZACK: Devon… hum… Cathleen…
DEVON não o encara e continua examinando o dinheiro no caixa.
DEVON: A chapa entupiu de novo, Hayes?
ZACK: Não, é que Cathleen… [Devon nota a garota] Ela está procurando emprego. Nós estamos realmente precisando de mais alguém por aqui.
DEVON: [sorri e levanta os braços] Eu não acredito que Deus ouviu minhas preces!
CATHLEEN: Então, a vaga é minha?
DEVON parece desesperado.
DEVON: [atira um avental nela] Sim! E você já pode começar o teste… agora!
CATHLEEN: [assustada] Para quê isso? E que teste é esse? Eu nem estudei para nada?
DEVON: [ri] Isso é um avental. E ninguém estuda para servir copos, querida. Apenas… [dá de ombros] serve.
Ele pega uns papéis e se afasta deixando CATHLEEN com um olhar apavorado no rosto.
CATHLEEN: Então… tem alguma dica pros iniciantes?
Ouvimos várias pessoas chamando pelo garçom.
ZACK: Só… não quebra nada e você vai ficar bem.
E sai apressado para atender os pedidos.
CATHLEEN: Okay. [para si mesma] Eu posso fazer isso. Eu posso fazer isso.
Ouvimos um barulho alto de vidro se quebrando.
CENA 12 – THE ALLEY – DIA
A câmera mostra um prato no chão, despedaçado. Ela vai subindo revelando CATHLEEN já de avental. Ela apresenta uma expressão assustada. Algumas pessoas batem palmas. ZACK vem andando apressado da cozinha com alguns pratos na mão e olha para CATHLEEN com uma expressão de repreensão.
CATHLEEN: [apontando para o prato] Newton pode explicar isso!
ZACK: [passando direto por ela] Eu também… nervosismo!
CATHLEEN: [pra sim mesma] Isso deve ser normal nas primeiras vezes.
Ela dá algumas voltas em torno de si e pára quando avista uma vassoura. ZACK coloca os pratos sobre uma mesa e percebe a garota pegando a vassoura. Ele apressa-se.
ZACK: Deixa que eu te ajudo. O movimento tá mais fraco agora.
CATHLEEN: Isso é fraco?! Tem mais gente aqui do que em toda cidade.
Ele pega a pá e começa a recolher os cacos.
ZACK: Existem dias piores, acredite.
CATHLEEN repara algumas garotas do colégio entrando na lanchonete. Elas sentam em uma mesa e CATHLEEN se aproxima.
CATHLEEN: [acenando sem graça] Oi, gente.
GAROTA 1: Ora, ora… quem diria? Miss Hannover em seus dias de borralheira. Daria uma ótima tragédia grega.
GAROTA 2: [irônica] Não seja tão cruel, Amy. Eu adorei [gesticula para o avental] isso. Onde você comprou? O dá minha empregada já tá meio velhinho.
CATHLEEN: No mesmo lugar onde você comprou aquele lixo que usou no último baile.
ZACK percebe a tensão e interfere.
ZACK: Cathleen… porque você não deixa que eu sirvo essa mesa? Vai pegar o pedido da mesa 7. Eu resolvo isso aqui… [murmurando para si] antes que alguém se machuque.
Mesmo murmurando, CATHLEEN parece ter ouvido e para por alguns instantes. A câmera fecha novamente em seus olhos.
CENA 13 – FESTA – NOITE
[MÚSICA DE FUNDO – Headsprung, LL Cool J ]
[FLASHBACK]
A câmera se afasta dos olhos de CATHLEEN e ela está agora na pista de dança da festa. A música bomba ao fundo, corpos se agitam sob a tensão das ondas sonoras. CATHIE se perde na dança e não repara em um homem se aproximando sorrateiro, pelas suas costas.
CATHLEEN: [se esquivando] Hey! O quê é isso?!
HOMEM: Oi gata. O céu deve estar triste hoje, afinal perdeu um anjo.
Ela olha para ele com uma cara de nojo.
CATHLEEN: Ew!
HOMEM: Nossa! É bem bravinha! Que tal um drink pra se acalmar?
CATHLEEN: Cai fora!
O homem continua a cercar CATHLEEN, sempre tentando fixar no olhar dela. Ela desvia sempre que possível e acaba ficando de costas para ele. Ele não se faz de rogado e toca as pernas dela. Imagens dispersas atravessam os pensamentos de CATHLEEN e ela se vê em posições impróprias e nunca antes imaginadas.
CATHLEEN: [afasta o homem bruscamente] Hey!! Que diabos você pensa que tá fazendo?! Isso é uma dança e “dança” rima com “dança” e não com “transa”… quero dizer… não rima nesse momento, pode até rimar em outros momentos mas agora não! [ela empurra os ombros dele] Você consegue entender a diferença?!
Todos no meio da pista param para ver a discussão. O cara olha para os lados sem graça e chega mais perto falando só pra ela.
HOMEM: Pô, qualé? Vamos continuar, não precisa disso tudo.
O homem toca na mão dela que tenta se esquivar, mas não antes de ter mais uma visão.
HOMEM: [assustado] Que foi isso?
CATHLEEN: Sua consciência dando um alerta de “emergência para idiotas”.
HOMEM: Você pensa que é esperta, né? Mas, você é igual a todas as outras! Aproveitam o máximo de um cara e depois ficam fazendo joguinhos.
CATHLEEN: Eu vou embora, pra mim já basta.
CATHLEEN se vira em direção a porta quando é impedida pela mão do homem, que segura seu braço com força. Cathleen se irrita e sorri ameaçadoramente.
CATHLEEN: Acredite em mim quando eu digo que você quer largar o meu braço. Agora.
O homem passa a mão no rosto de CATHIE, como se desafiando-a. Ela então desvencilha-se da mão dele, o empurra a uma certa distância e dá um chute giratório em seu abdômen. Ele perde o equilíbrio e bate num painel de vidro logo atrás. O painel, com cerca de dez metros de altura, começa a se quebrar, caindo como uma cachoeira congelada. As pessoas se afastam assustadas e o homem rola pelo chão saindo da área de impacto do vidro, mas não consegue evitar alguns cortes. Vemos que ele tem um corte profundo no supercílio. Sua roupa está rasgada em vários pontos e alguns ferimentos no braço e nas duas pernas também começam a sangrar. Ele, ainda no chão, olha para CATHLEEN.
HOMEM: Sua piranha! Você vai pagar caro!!
CATHLEEN: Tá falando comigo? Vai por mim, a lata de lixo de onde você veio, tava escrito “perdedor”, eu não pretendo descobrir o que ainda tem lá dentro.
CATHLEEN se retira da boate ovacionada pela multidão. Ela sai andando se sentindo a tal, mas seu caminho é obstruído por dois seguranças. Eles a levantam pelos braços e ela é carregada através da multidão.
CATHLEEN: Oopss…
CENA 14 – THE ALLEY – NOITE
[MÚSICA DE FUNDO – Closing Time, Semisonic]
A câmera dá um giro no local que já está quase totalmente vazio e mostra CATHLEEN, passando um pano em algumas mesas. EHLIOS entra no estabelecimento. Close no rosto dele com um sorriso malicioso.
EHLIOS: Ora, ora. O que nós temos aqui? Mrs. Dalloway perdeu seu emprego de promoter e agora faz bicos como garçonete?
CATHLEEN: [contendo sua irritação] O que você deseja?
EHLIOS sorri e abre lentamente o cardápio, mas não olha para o mesmo.
EHLIOS: Eu quero o de sempre.
CATHLEEN: Caso você não tenha percebido eu sou nova aqui.
EHLIOS: E eu com isso? Você tá precisando de acompanhamento psicológico para aceitar a sua nova função de servir?
Ela puxa o cardápio das mãos de EHLIOS e se aproxima do rosto dele, olhando-o nos olhos.
CATHLEEN: Já anotei o seu pedido.
E vai se afastando.
EHLIOS: Espera ai! Você não sabe o que eu quero, como que você já anotou?
CATHLEEN: [levanta uma sobrancelha] Você não pediu o de sempre?
EHLIOS: Pedi, mas…
CATHLEEN: Pois é, querido. Estou te ignorando. Não é o que você sempre pede ou você precisa de um acompanhamento psicológico para aceitar isso?
CATHLEEN faz beicinho.
EHLIOS: [irritado] Você-
CATHLEEN: O quê?
EHLIOS solta um grunhido de agonia e levanta bruscamente.
EHLIOS: Deixa prá lá!
Ele sai da lanchonete com passos de elefante. CATHLEEN corre até a porta e grita.
CATHLEEN: Obrigada pela preferência e volte sempre!
Ela retorna ao interior da lanchonete e vê ZACK rindo.
ZACK: Agora eu vou ter que aguentar ele reclamando de você pelo resto do dia.
CATHLEEN: Bem, amanhã tem mais. Mesma hora, mesmo local.
Eles olham em volta e se deparam com a última mesa ocupada, onde uma mulher está ocultada pelo jornal que lê.
ZACK: Último pedido da noite. [sorri pra ela] Quer fazer as honras?
CATHLEEN sorri e pega a chaleira de café em cima do balcão. Ela se aproxima e enche a caneca de café.
CATHLEEN: [tirando o bloquinho e a caneta] A senhora vai querer alguma coisa a mais?
O jornal vai abaixando lentamente e revelando o rosto de JULIA.
JULIA: Nossa! Quanta educação. Se eu soubesse que você ia ficar mansinha assim já teria te colocado para trabalhar a mais tempo.
CATHLEEN: [sorri irônica] Muito engraçado. Veio aqui pra rir da minha miséria?
JULIA: Eu fiquei sabendo que você estava trabalhando aqui e resolvi ver como estavam as coisas. Está tudo bem?
CATHLEEN: É só… estranho.
JULIA: [sorri] Mas pelo visto as suas dívidas só aumentam… com a quantidade de copos e pratos que você quebrou hoje.
CATHLEEN: [pára por um segundo, mas logo parece compreender] Você não consegue mesmo manter o seu Olho de Thundera longe de mim, né?
JULIA: [revira os olhos] E lá se vai a boa educação… Eu só estou preocupada. Depois da nossa última invasão, as coisas andam meio agitadas nas bases militares da região.
CATHLEEN: Olha a minha cara de quem tá interessada nesse papo. Eu tô cansada, Julia. Cansada demais pra… [gesticula desengonçadamente para as duas] isso. E não me agrada muito a idéia de ser vigiada. Ok?
JULIA: [levanta os braços] Okay, okay. Então, eu vou embora, já percebi que você pode se virar sozinha.
Ela toma um gole de café e veste seu casaco.
CATHLEEN: Muito obrigada.
JULIA se retira do local. ZACK se aproxima de CATHLEEN, que começa a passar o pano na mesa.
ZACK: Então… essa foi a última.
CATHLEEN: [irritada] Se Deus permitir!
ZACK: Algum problema?
CATHLEEN: Não. Nada de mais. Era apenas Emily Gilmore tentando me tirar do sério.
ZACK: E você não cobrou o café da sua mãe?
CATHLEEN: Mãe? Ela não é… [percebe a situação] Mas que caloteira!
CATHLEEN corre até a porta tentando alcançar JULIA, mas só ouvimos o barulho do carro se afastando. Ela solta um suspiro e fecha a porta se aproximando de ZACK.
CATHLEEN: Pratos quebrados… copos quebrados… café sem pagar. Eu vou ter sorte se sobrar dinheiro suficiente do meu salário pra comprar um chiclete.
ZACK sorri.
ZACK: Vem. A gente ainda tem que arrumar lá atrás.
A tela vai dissolvendo até a próxima cena.
CENA 15 – COZINHA DO THE ALLEY – NOITE
ZACK está raspando a chapa com uma espátula enquanto CATHLEEN coloca as últimas cadeiras em cima da mesa central da pequena cozinha. Ela olha para os lados como se procurasse sua próxima tarefa.
CATHLEEN: Então… o que mais falta fazer pra eu poder ir pra casa?
ZACK: [olha em volta] Uhm… [apontando pra chapa] isso aqui… os pratos, o chão, descongelar os hambúrgueres de amanhã…
ZACK olha através da janela a sua frente que dá para as mesas da lanchonete. Vemos DEVON sentando em uma das mesas fazendo algumas contas.
ZACK: …e o balcão. Acho que é isso.
CATHLEEN arregala os olhos.
CATHLEEN: Isso tudo? Mas já são quase onze horas! Que horas que a gente vai terminar?
ZACK: Não demora tanto quanto parece.
CATHLEEN: Eu espero que não. Porque até eu chegar em casa e conseguir tirar toda essa gordura do meu cabelo já deu a hora de ir pra aula.
Ela se aproxima da pia com uma cara de nojo, mas, relutante, liga a torneira e começa a lavar os pratos. ZACK deixa a chapa e corre até a pia, fechando rapidamente a torneira.
ZACK: Não, não, não. Depois de hoje está mais do que provado que você e pratos não se dão muito bem. [estende a espátula] Toma. Termina com a chapa e deixa os pratos comigo.
CATHLEEN olha para a chapa e sua expressão de nojo parece crescer mais ainda. ZACK abre um pequeno sorriso enquanto observa sua reação.
ZACK: Não é você e Joey em incesto, Cathleen. É só uma chapa de hambúrgueres.
Ela arregala os olhos e dá um forte tapa no ombro de ZACK.
CATHLEEN: Eewww! [fecha os olhos tentando afastar as imagens] Nunca, nunca pronuncie essas três palavras em uma única frase novamente!
ZACK dá um tímido sorriso enquanto observa CATHLEEN se aproximar da chapa e começar a raspá-la segurando a espátula com apenas dois dedos. Os dois conversam sem tirar os olhos de suas tarefas.
CATHLEEN: E eu e Joey… nós não somos irmãos.
ZACK: Uhm… Então há uma possibilidade.
CATHLEEN: [dá uma risada] Dá pra parar? [ela enfia a mão na pia e joga um pouco de água nele] Eu não posso destruir todos os pratos e copos dessa lanchonete e ainda vomitar em cima dessa chapa… Pelo menos não tudo no mesmo dia.
Ele olha para ela com um completo sorriso, mas continua a lavar seus pratos.
CATHLEEN: É só que… todo mundo tem a impressão de que nós somos irmãos. Mas não somos.
ZACK apenas afirma com a cabeça. Um silêncio desconfortável se instala por alguns momentos. ZACK tenta manter a conversa viva.
ZACK: Então… você está aqui em intercâmbio. Ou algo do tipo…
CATHLEEN levanta as sobrancelhas.
ZACK: Quero dizer… você é britânica, certo?
CATHLEEN: [forçando ainda mais seu sotaque] Como você adivinhou? [ela sorri] Eu sei, eu sei. Minha delicadeza excessiva me entrega.
Eles se olham e trocam um sorriso.
CATHLEEN: Mas não é intercâmbio, não. Pode ter certeza que se eu pudesse escolher, o último lugar em que estaria seria aqui.
ZACK: Por quê? Quente demais para uma londrina?
CATHLEEN: [sorri, mas logo retoma uma expressão séria] Não… é só que… tudo estava bem em LA– [ela olha para ele] A gente morava em Los Angeles antes de vir pra cá. [volta a rapar a chapa] E então, wham! Hora de ir pro fim do mundo no meio de Nevada.
ZACK: [irônico] Nossa, Hannover. Agora me diz o que você realmente acha de Naranda.
CATHLEEN: [irônica] Sério? Já posso deixar os eufemismos de lado?
ZACK apenas olha para ela com um tímido sorriso.
ZACK: Então… se você não é irmã dele, nem filha dela e não tá em intercâmbio…
CATHLEEN: Interessante. Eu passei a tarde toda aqui e você mal trocou três palavras comigo além do necessário e é só o sol se esconder que você começa a bancar o detetive. [ela sorri] Tem mais alguma coisa em você que só é liberada à noite, Hayes?
Ele, de repente, parece se tocar de sua indiscrição. Olha para ela parecendo realmente arrependido.
ZACK: Oh, desculpa. Eu não quis parecer enxerido nem nada… eu só tava… curioso.
Ela olha para ele e sorri com compreensão.
[MÚSICA DE FUNDO – Name, Goo Goo Dolls]
CATHLEEN: Nós somos meio que adotados. Acho que esse é o termo mais adequado. Julia nos dá casa, comida e escola. Já faz uns quatro anos. E em troca a gente dá umas contas pra ela pagar e uma enxaqueca violenta.
ZACK: E você diz que ela não é sua mãe? Isso soa como uma mãe pra mim.
CATHLEEN apenas sorri.
ZACK: E eu achando que era o único com uma situação familiar estranha. [ela olha para ele intrigada] Eu e Ehlios. Nós também não somos irmãos e vivemos com Sarah.
CATHLEEN: Isso é meio estranho.
ZACK: Nem tanto. Eu moro com Sarah desde bebê, mas sempre soube que ela não era minha mãe. E Ehlios veio morar com a gente, já faz o que… [ele pára pra pensar] Nossa, sete anos! Então não é mais tão estranho.
CATHLEEN: Não, não é isso que estou falando. Estou falando do fato de todos nós não sermos… digamos, totalmente normais e termos a mesma base familiar. Parece que estamos unidos pela assistência social.
Ela o encara com um sorriso gentil. A música aumenta enquanto vemos ZACK rir e CATHLEEN parece tagarelar, mas a conversa já está indistinta. A câmera se afasta dos dois. Eles parecem se divertir. A música diminui e a tela escurece lentamente.
[FADE OUT]
PRODUÇÃO EXECUTIVA
Samir Zoqh
Luciana Rocha
ELENCO
Keira Knightley como Cathleen
Riley Smith como Joey
Paul Wasilewski como Zack
J. Mack Slaughter como Ehlios
Ashly Lyn Cafagna como Kennedy
Bonnie Somerville como Julia
ATORES CONVIDADOS
Kathryn Joosten como Dra. Miller
Josh Duhamel como Devon
ESCRITA POR
Samir Zoqh
DIRIGIDA POR
Luciana Rocha
CRIADA E DESENVOLVIDA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha
MÚSICA TEMA
Late Great Planet Earth, Plumb
TRILHA SONORA
Why Not, Hilary Duff
What’s My Age Again, Blink 182
Vindicated, Dashboard Confessional
Headsprung, LL Cool J
Here Is Gone, Goo Goo Dolls
Closing Time, Semisonic
Name, Goo Goo Dolls
UMA PRODUÇÃO HYBRID STUDIOS
DISTRIBUÍDO POR TELEVISION SERIES NETWORK
Todos os atores aqui citados são meramente ilustrativos.
Os personagens por eles representados estão em um contexto de ficção.
Nenhum direito de imagem está sendo infringido.
©2005
Série Virtual – Outsiders – Turning Point
03/10/2011, 12:44. Redação TeleSéries
Ficção (séries virtuais)
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Série: Outsiders
Episódio: Turning Point
Temporada: 1ª
Número do Episódio: 1×01
[FADE IN]
CENA 1 – PÁTIO DESCONHECIDO – NOITE
Um soldado anda de um lado para o outro patrulhando alguns metros, com a câmera sempre o focalizando. Atrás dele vemos uma torre na junção de dois grandes muros, onde um canhão de luz é apontado para fora do local. O soldado faz seu caminho de volta quando, por um instante, o canhão de luz parece perder o controle, e uma bolsa preta é jogada por cima do muro, mas ele nada nota.
[MÚSICA DE FUNDO – SESSION, LINKIN PARK]
Ele continua a andar e a bolsa preta e a torre saem de foco. Ele para e olha para os lados. A visão do soldado mostra que a bolsa havia sumido e o canhão de luz parecia normal. O soldado dá mais alguns passos e para novamente. Quando ele se vira um punho com uma luva negra o golpeia rapidamente, fazendo com que caia desacordado. A câmera continua no soldado e vemos a parte inferior do seu corpo ser levantada e ele ser arrastado pelos pés. Seu agressor ainda permanece incógnito. O soldado submerge em um canto escuro aos pés da grande torre, onde ele e seu agressor somem.
Na escuridão um rosto encapuzado emerge lentamente, olhando para os lados. A câmera mostra duas outras pessoas trajando roupas e capuzes pretos. Cada uma arrasta um soldado para o canto escuro ao pé da torre. Mais uma pessoa de negro desce por uma escada vinda do topo da torre com um soldado nos ombros. Todos os soldados são agrupados na escuridão, que os torna invisíveis. Os quatro homens se encontram em um círculo e um deles dá ordens através de sinais.
Eles assentem rapidamente e começam a correr ao longo de um dos grandes muros. A câmera sobe, mostrando os quatro ao lado de um grande prédio de cinco andares. Continua se afastando e vemos que há quatro torres de vigilância no encontro de cada um dos muros. Vemos agora que toda a instalação tem uma pequena floresta em volta. Por fim, dá um ‘shot’ aéreo de uma cidade com as luzes de suas casas brilhando ao longe.
[MÚSICA FADE OUT]
[MÚSICA TEMA: LATE GREAT PLANET EARTH, PLUMB]
CENA 2 – SALA DESCONHECIDA – DIA
Uma MULHER [Bonnie Somerville] ergue-se ereta e entra no foco. Ela está ofegante, mas possui um sorriso divertido nos lábios.
MULHER: [ofegante] Não se trata de quem é mais forte. Não se trata de quem é mais ágil…
A MULHER investe com seu punho direito e a câmera abre mostrando uma GAROTA [Keira Knightley] esquivando-se do golpe que passa acima de sua cabeça. Elas se colocam em posição de ataque. Estão vestidas com camisetas e calças de moletom, em uma sala que parece ser de treinamento.
GAROTA: [ofegante] Então o que estamos fazendo aqui, Julia?
Vemos que a GAROTA possui um sotaque britânico.
JULIA: [ofegante] Ficando mais fortes e mais ágeis. Não é óbvio?
Elas trocam socos, rodando entre si, enquanto conversam ofegantes.
GAROTA: [confusa] ‘Ow-kay’, Yoda. Então você tá dizendo que tudo o que eu tô fazendo agora é inútil?
JULIA: Não estou dizendo que é inútil, Cathleen. Apenas que não é suficiente.
CATHLEEN: [falando sem parar] Isso significa mais horas de treinamento? Por favor, Julia! Eu não faço mais nada a não ser treinar, ultimamente. Estou falando sério. Não sei se agüentarei mais esses treinos exaustivos e consecuti–
Julia gira o corpo e manda um chute alto certeiro no rosto de Cathleen, que cai de rosto no tatame.
JULIA: [voz imponente] Concentração…
Cathleen aperta os olhos e balança a cabeça, afastando a tonteira.
JULIA: …é a primeira das três coisas com as quais você precisa ter atenção. Nunca perca sua concentração. Esteja sempre atenta.
CENA 3 – COZINHA DESCONHECIDA – DIA
A câmera focaliza GAROTO 1 [Paul Wasilewski] dormindo com a boca aberta e roncando. Ele tem o rosto apoiado em sua mão e o cotovelo sobre o balcão. Ao lado vemos uma ‘waffle maker’, com fumaça saindo do aparelho.
GAROTO 2 [J. Mack Slaughter] aparece na cozinha com uma toalha no pescoço. Ele faz uma careta pelo cheiro de queimado. GAROTO 2 desliga o aparelho e espalha a fumaça. Ele então esboça um sorriso e puxa o braço que apoiava GAROTO 1. O mesmo quase bate o rosto no balcão. Meio assustado ele olha para os lados.
GAROTO 2: [sério, porém irônico] Oh, eu te acordei, Zack?
ZACK olha para ele com uma expressão de raiva. GAROTO 2 levanta as mãos de forma defensiva.
GAROTO 2: Hey, foi mal cara! [irônico] Só achei que você não gostaria de perder esse delicioso waffle.
Ele abre uma prateleira e tira um cilindro verde.
GAROTO 2: [irônico] O cheiro de pneu queimado está irresistível.
Zack abre o aparelho e uma nuvem cinzenta sai, fazendo-o tossir e espalhar a fumaça.
ZACK: Droga. Lá se foi meu café da manhã.
GAROTO 2 joga as batatas chips do cilindro verde para a tigela e começa a comê-las.
GAROTO 2: E eu achei que eu fosse o irresponsável da casa. Tem aula daqui a pouco, esqueceu?
ZACK: Claro que não. É só que ontem eu tive que ficar até tarde no The Alley, com o Devon, fechando o caixa da semana.
GAROTO 2 apenas assente e enche a boca de batatas. ZACK leva a ‘waffle maker’ até a pia.
GAROTO 2: Cadê a Sarah?
ZACK: Quando acordei ela já tinha saído. Você sabe como ela fica antes da checagem.
GAROTO 2: É…
Ele fica pensativo por um momento.
GAROTO 2: Mas eu sei que estão todos bem. Faz bastante tempo que não ocorre nenhum problema com os outros.
ZACK: [para si mesmo] Espero que você esteja certo…
ZACK fica em silêncio por alguns momentos e depois balança a cabeça afastando os pensamentos.
ZACK: Então… por que você já está de pé mais cedo? Esperava te ver apenas daqui a uma meia hora.
GAROTO 2: Hoje é o grande dia…
Ele afasta as duas mãos no ar como se lesse em uma faixa.
GAROTO 2: Ehlios Grynn para presidente do Grêmio Estudantil… Soa bem, não?
ZACK: Eu não sei por que você se importa tanto com tudo isso, Ehlios.
EHLIOS: E você quer que eu deixe tudo o que aconteceu ano passado se repetir? Eu era invencível desde a sexta série, Zack. Eu era tipo… o Jason do grêmio. Ninguém me vencia.
ZACK dá um tímido sorriso, mas continua calado enquanto limpa a ‘waffle maker’.
EHLIOS: [revoltado] E foi só chegar no colegial para aquelas patricinhas começarem a manipular a votação. Elas se acham muito espertas. Principalmente aquela tal de Kennedy e a nova melhor amiga inglesa dela. [frustrado] Argh! Acham que mandam no colégio!
ZACK segura a risada.
EHLIOS: [revoltado] A propósito, onde está escrito que cada centímetro quadrado de cada escola do país deve pertencer às líderes de torcida? Isso é alguma lei não escrita que é passada por gerações? Tipo o lance de não nadar depois do almoço?
ZACK: [rola os olhos] Oh, meu Deus…
EHLIOS vira-se para Zack.
EHLIOS: Não, é sério! Será que elas ganham… sei lá, um cartão VIP de popularidade quando aprendem a soletrar? [voz grossa e fala com alguém invisível] Kennedy Lester, parabéns por se formar no jardim de infância. [ele entrega o tubo verde de batatas como se fosse um canudo de diploma] E, devido à sua notável performance ao soletrar ANNA ao contrário, você ganha também um certificado de popularidade eterna. Argh!!
ZACK ri.
EHLIOS: Se elas acham que vão gastar todo o dinheiro do grêmio novamente com uniformes, só porque nunca acham o maldito tom certo de turquesa, elas estão muito enganadas. Esse ano não! [ele tem um olhar resignado quando a câmera focaliza seu rosto] Porque eu estou de volta.
EHLIOS morde uma batata com força.
CENA 4 – EXT. NARANDA HIGH SCHOOL – DIA
[MÚSICA DE FUNDO – SEMI-CHARMED LIFE, THIRD EYE BLIND]
‘Shot’ externo do colégio. Alguns alunos entram na escola. Um carro para em frente ao colégio tomando o foco da câmera. JULIA está ao volante e CATHLEEN está do seu lado. No banco de trás há um GAROTO [Riley Smith]. O volume da música diminui.
JULIA: Vocês dois: direto pra casa depois do colégio. Ontem ocorreram algumas coisas estranhas e pode ser que a gente tenha um problema.
GAROTO: Okay.
CATHLEEN: [irônica] Ótimo. Vamos continuar minando minha vida social.
JULIA apenas olha para CATHLEEN e a garota revira os olhos.
CATHLEEN: Tá bom, tá bom… eu vou pra casa.
CATHLEEN olha para o banco de trás.
CATHLEEN: Já sabe, né? Me dá cinco minutos. Depois você sai.
GAROTO solta uma respiração pesada e se encosta mais no banco. CATHLEEN sai do carro.
JULIA: Preciso dizer, Joey. [ela olha pelo retrovisor] Você é um cara muito paciente.
JOEY: Eu realmente não sei por que esse lance de popularidade é tão importante para ela. Tá certo que eu não sou nenhum garoto Samsung, mas será que eu sou tão queima-filme assim? Tanto que ela nem quer ser vista comigo!
JULIA vira-se para JOEY.
JULIA: Não tem nada a ver com você. Faz apenas seis meses que estamos aqui e ela– todos nós… ainda estamos nos adaptando. Ela só tá sendo… a Cathleen. Você sabe que não é nada pessoal.
JOEY: [murmurando] É, eu sei…
Julia vira e a câmera mostra uma garota passando em direção à escola.
JULIA: Bem, eu acho que é melhor você ir logo.
Ela faz um movimento de cabeça na direção e JOEY segue com os olhos. A câmera mostra a garota subindo as escadas da entrada da escola.
JOEY: [confuso] Como você–
Sua expressão muda como se tivesse percebido algo.
JOEY: Você sabia que isso é muito irritante?
Ela apenas o encara com um sorriso.
JOEY: [rola os olhos] Tanto faz. [ele parece ansioso] É melhor eu ir mesmo. [ele sai do carro] E vê se para de ficar fuçando minha cabeça!
JUILA acelera com um sorriso divertido no rosto. JOEY corre até atingir as escadas. No caminho um garoto o entrega um panfleto.
GAROTO: Vote em Ben Tyler para presidente do Grêmio Estudantil.
Ele pega o panfleto sem dar importância e entra na escola.
CENA 5 – CORREDOR NARANDA HIGH – DIA
[MÚSICA CONT.]
JOEY entra no corredor. Olha para os lados e vê a garota dando socos no armário. Ele se aproxima e engrossa a voz.
JOEY: Posso ajudá-la, Samantha?
SAMANTHA: Oh, oi. [puxa o armário com mais força] Esse armário deu pra zoar comigo logo de manhã.
JOEY: Posso tentar?
SAMANTHA: Oh… claro.
JOEY vai para frente do armário encobrindo-o da visão da garota. Ele olha para os lados. Não havia muitas pessoas no corredor. Ele coloca uma mão na fechadura e com a outra força um pouco a porta para disfarçar.’ Close’ na mão que começa a brilhar numa cor avermelhada.
JOEY: Às vezes você só precisa empurrar ele pra frente…
SAMANTHA se esforça para ver e ele se debruça mais no armário.
JOEY: … depois voltar.
‘Close’ na mão de JOEY perdendo a cor lentamente. Ele sai da frente de SAMANTHA, liberando a visão e abrindo a porta do armário. Ela sorri e aproxima-se para pegar seus livros.
SAMANTHA: Nossa, obrigada.
JOEY abre um largo sorriso. Ela abre a boca para falar mas–
GAROTO: [abraçando-a por trás] Algum problema, Sam?
JOEY parece desanimado. SAMANTHA sorri para o garoto.
SAMANTHA: Oi, Harrie. Está tudo bem. O… Hum…
JOEY: Joey.
SAMANTHA: Isso, Joey. Joey estava me ajudando com o armário.
HARRISON vira a garota para si e eles parecem esquecer a presença de JOEY.
HARRISON: Você não precisa dele. Se tivesse esperado mais um pouquinho eu tinha te ajudado.
HARRISON aproxima-se e começa a beijá-la. JOEY faz uma cara de nojo e desapontamento ao mesmo tempo.
JOEY: [sem graça] É … licença.
JOEY sai arrastando os pés pelo corredor enquanto os dois continuam se beijando.
CENA 6 – ESCRITÓRIO DESCONHECIDO – DIA
Uma mulher [Neve Campbell] está em frente a um computador. Ela tem ao seu lado alguns papéis, nos quais faz anotações, sempre consultando o computador. Ela parece preocupada.
MULHER: [sussurrando para si] Você só pode tá brincando comigo.
Ela folheia os papéis com rapidez e volta a teclar no computador.
MULHER: Poderia ser hoje, poderia ser depois de amanhã, mas nãããão… Droga!
Ela pega o telefone e disca alguns números. Logo depois uma voz masculina atende o telefone.
HOMEM: Alô.
MULHER: 153-F22.
Ela desliga o telefone e dois segundos depois ele toca novamente. A mesma voz masculina é ouvida.
HOMEM: Achei que você não fosse mais ligar, Sarah. Eu tenho quatro mudanças de endere–
SARAH: Só um momento, Kenny. Primeiro: eu preciso de um novo servidor. O do mês passado não está estável e acho que está com ‘spywares’.
KENNY: Sem problemas. Eu consigo um em… 45 minutos.
SARAH: Ótimo. E segundo: eu preciso de um favor.
KENNY: [preocupado] Está tudo bem? Surgiu algum pro–
SARAH: Mais ou menos. Surgiu um imprevisto. Preciso que você faça a checagem dos outros amanhã. Eu estarei ocupada.
KENNY: [voz trêmula] E-eu? Olha, Sarah. Eu realmente quero ajudar, mas eu não sei se estou pronto para essa responsabilidade.
SARAH aperta a testa com uma expressão de cansaço.
KENNY: Quer dizer… eu comecei a te ajudar agora. E se eu esquecer de alguém? E se eu usar o servidor errado e vazar informação? E se-
SARAH: Kenny, eu pediria pro Zack ou até pro Ehlios fazer isso, mas não dá. Eu vou precisar deles amanhã, assim como vou precisar de você.
KENNY: Mas Sarah–
SARAH: Você sabe o quanto é importante checar o bem estar dos outros todos os meses. Eu não estava preparada para o que surgiu. Não tem mais ninguém que possa fazer a checagem. Eu preciso que você faça isso.
Ele fica em silêncio por alguns segundos.
KENNY: O-okay. [suspira] O que eu preciso fazer?
Sarah solta um suspiro de alívio e a conversa se torna indistinta.
JULIA: [V.O.] Esteja sempre preparada para tudo, Cathleen.
CENA 7 – SALA DE TREINAMENTO – DIA
JULIA e CATHLEEN estão nas mesmas posições da cena 2. JULIA está atacando CATHLEEN, que se defende e recua com dificuldade.
JULIA: Tente tirar a concentração de seu oponente e ele ficará cada vez mais fraco.
Ela dá três socos em alta velocidade, mas CATHLEEN bloqueia todos.
JULIA: Então dê o golpe final …
Ela acerta um chute abaixo do braço esquerdo de CATHLEEN.
JULIA: … no instante em que seu adversário … [Cathleen tenta um soco]
JULIA defende e dá um soco abaixo do pescoço de CATHLEEN, que começa a cair de costas.
JULIA: … perder o equilíbrio.
Ela segura o punho de CATHLEEN, deixando-a pendurada a poucos centímetros do chão. Ela dá um pequeno sorriso para CATHLEEN, e a puxa de pé.
JULIA: Essa é a segunda coisa com a qual você precisa estar atenta. Seu equilíbrio. Ache seu ponto gravitacional.
JULIA toca um ponto pouco acima do umbigo de CATHLEEN.
JULIA: Ele varia de pessoa para pessoa e é sua obrigação encontrá-lo. Encontrar a posição onde você consegue empregar toda sua agilidade e força. Dar cem por cento de seu aproveitamento. Onde seus golpes não tiram seu balanço, mas sim te ajudam a mantê-lo. Nele, você encontra o máximo de sua concentração.
JULIA, numa velocidade impressionante, tenta outro chute alto no rosto de CATHLEEN, mas a garota gira o corpo fazendo o chute passar direto, e manda outro idêntico em direção à JULIA, que desvia. As duas firmam posição de ataque.
JULIA: Não é só o seu equilíbrio físico, mas também, emocional.
Elas reiniciam a luta.
EHLIOS: [V.O. gritando] Você é completamente louca!!
CENA 8 – REFEITÓRIO DO NARANDA HIGH – DIA
Uma GAROTA [Ashley Lyn Cafagna] come sua maçã sentada em uma mesa. Ao lado dela vemos SAMANTHA, que também almoça. GAROTA olha calmamente para o lado e a câmera revela EHLIOS em pé ao lado dela. Ele parece furioso.
GAROTA: [irônica] Sabe, essa frase meio que perde o efeito vindo de alguém que está berrando no meio do refeitório.
A câmera mostra uma pequena multidão ao redor deles. A multidão se abre e CATHLEEN passa, tentando evitar que sua bandeja caia.
CATHLEEN: O que diabos está acontecendo aqui?
EHLIOS: [revira os olhos] Ótimo, chegou a terceira…
Ela coloca sua bandeja ao lado de SAMANTHA, mas não senta.
SAMANTHA: Esse aí tá dando uma de doido pra cima da Kennedy.
CATHLEEN: Qual é o problema?
Ele desdobra um panfleto da campanha de BEN e segura em frente ao rosto de CATHLEEN.
EHLIOS: Será que dá pra vocês me explicarem isso?!
CATHLEEN: [falsamente surpresa] Bem… eu achei que você já tivesse passado por isso, mas vamos lá.
Ela pega o panfleto e mostra para ele. KENNEDY levanta-se.
CATHLEEN: Esse é um… [gesticulando exageradamente com a boca] “B”.
Ehlios revira os olhos e algumas risadinhas são ouvidas dos “espectadores”.
KENNEDY: E quando você adiciona um “E” e um “N”, forma [falando devagar]… “BEN”.
A expressão de CATHLEEN muda, como se tivesse tido uma ideia.
CATHLEEN: Entendeu?
Ela toca o ombro de EHLIOS como se falasse com uma criança. Então, inúmeros ‘flashes’ da conversa dele com ZACK voam rapidamente pela tela. CATHLEEN abre os olhos e dá um sorriso sarcástico.
KENNEDY: Não perca. Na aula de amanhã: TYLER!
O olhar de EHLIOS é pura raiva.
EHLIOS: Vocês se acham mui–
CATHLEEN: Não, Ehlios. Nós não nos achamos muito espertas. Nós somos muito espertas. Você terá provas disso quando Ben ganhar as eleições. E, a propósito, que tipo de nome é Ehlios? Meu Deus, você por acaso saiu de alguma obra de Tolkien?
EHLIOS abre a boca–
CATHLEEN: Eu sei que você está se perguntando onde será que você perdeu o seu [faz sinal de aspas] “cartão” de popularidade. Sabe, é uma coisa que também desperta minha curiosidade. Porque nem é tão difícil. Sério! Pra começar, você tem que queimar essa sua coleção de camisas xadrez. Porque depois eu te garanto que rapidinho você aprende a soletrar.[sorri ironicamente] A gente até te ajuda. Vamos começar com essa lição extra: [seu rosto fica sério] VAI – SE – FERRAR! [sorri de orelha a orelha] Sua vez.
EHLIOS dá um passo pra frente, encarando-a nos olhos, mas ela nem se move. Nesse momento a multidão se abre e um GAROTO surge no meio da roda. O GAROTO parte para cima de EHLIOS e o empurra. EHLIOS se desequilibra, mas não cai.
GAROTO: O que você pensa que tá fazendo, idiota?!
KENNEDY puxa o garoto tentando evitar a briga.
KENNEDY: Ben, já está tudo resolvido.
EHLIOS se recompõe. HARRISON passa pela multidão e se coloca ao lado de BEN.
EHLIOS: Capitão Ben para o resgate! E seu fiel escudeiro. Vamos, não se contenha. [EHLIOS faz um gesto chamando-o] Mostre para os seus eleitores quem você realmente é. Apenas mais uma marionete nas mãos da Rainha Lester.
BEN avança e segura EHLIOS pela gola da camisa. HARRISON levanta o punho fechado–
HOMEM: [O.S.] Algum dos cavalheiros poderia me explicar o que está acontecendo?
A câmera mostra um homem muito bem vestido, com as mãos nos bolsos. A pequena multidão começa a dispersar-se. HARRISON abaixa o punho e se distancia. BEN solta a gola de EHLIOS, olhando-o nos olhos.
BEN: Não está acontecendo nada, diretor Fordman.
FORDMAN: Tyler. Grynn. Minha sala. Agora.
Sem mais, Fordman se vira e sai do refeitório. EHLIOS arruma a camisa e o segue. BEN vira-se para KENNEDY.
BEN: Eu já volto, Kay.
Ele dá um leve beijo nos lábios da garota e sai do refeitório.
CENA 9 – COZINHA DESCONHECIDA – DIA
JULIA está sentada ao balcão da cozinha, cercada papéis. Ela passa por vários papéis e faz anotações. JULIA parece cansada e solta os ombros, liberando uma pesada respiração. Ela gira o pescoço.
JOEY: [V.O.] Julia!!
CATHLEEN e JOEY entram na cozinha e jogam suas mochilas no balcão.
JOEY: Hey, Julia.
JULIA sorri. CATHLEEN se aproxima do balcão e folheia os papéis.
CATHLEEN: [confusa] E aí? Nós temos um problema?
JULIA recolhe todos os papéis da mão de CATHLEEN.
JULIA: Uma pasta de desenhos foi roubada do Heller Technology ontem à noite. Precisamos reavê-los. As suspeitas até agora apontam para os militares, mas ainda não temos nada concreto.
JOEY: Que tipo de desenhos?
JULIA coloca papéis sobre a mesa. A câmera mostra desenhos de crianças em campos verdes correndo com cachorros, desenhos de noivas em casamentos, bebês fantasiados de bichinhos, entre outros.
CATHLEEN: [fecha os olhos] Oh, ‘dèjá vu’.
JULIA e JOEY olham para e ela. CATHLEEN abre os olhos.
CATHLEEN: [sorri] Propaganda da Kodak.
JOEY segura a risada.
JULIA: Cathy, isso é sério. Esses desenhos são extremamente importantes e se caírem em mão erradas…
CATHLEEN: O que de tão importante tem nesses desenhos? Parecem fotos comuns pra mim.
JULIA: Mas não são. Cada desenho é uma parte de um quebra cabeça digital. O código binário de cada um, quando mesclado, forma uma só figura. É um tipo novo de codificação. Eles pegam um arquivo, dividem em várias partes e camuflam com desenhos ou fotos aparentemente sem importância. É mais difícil de decifrar porque os desenhos deveriam estar em lugares diferentes.
JOEY: E porque não estavam?
JULIA: Eles foram codificados ontem à noite e logo depois foram roubados.
CATHLEEN: Alguém de dentro?
JULIA: A gente ainda não sabe se vazou informação.
JOEY: Posso perguntar o que esses desenhos formam?
JULIA: Isso é confidencial, Joey.
CATHLEEN: [desconfiada] Mas você sabe.
JULIA: Mas não posso dizer. Vocês ainda não estão autorizados a saber de certas coisas.
CATHLEEN: Mas como a gente pode procurar uma coisa que não sabemos o que é?
JULIA: Cathy, nós precisamos desses desenhos. Isso é tudo que você precisa saber agora.
CATHLEEN permanece de braços cruzados.
JULIA: [impaciente] Você acha que eu ia colocar vocês em risco por nada? Isso é importante!
CATHLEEN e JOEY trocam olhares. A expressão dela é claramente relutante, mas JOEY parece desconfortável com a discussão.
CATHLEEN: [exalando sua frustração] Tá bom. O que exatamente você quer que a gente pesquise?
JULIA: Bem, [junta os papéis e olha para os garotos] acho que já está na hora de um pouco de ação por aqui, não acham?
Os dois parecem confusos por um momento, mas logo arregalam os olhos ao mesmo tempo.
CATHLEEN: [nervosa] N-não, você tá brincando, não é? Eu ainda não estou pronta pra uma missão de campo.
JOEY: [nervoso] Nem eu!
JULIA: Vocês estão prontos. Na verdade, já estão prontos faz algum tempo. Só estava esperando que percebessem isso sozinhos.
CATHLEEN: [apavorada] Não! Eu não estou pronta mesmo! Você ouviu eu dizendo que não aguento nem treinar?
JULIA se aproxima e coloca as duas mãos nos ombros dela.
JULIA: Cathy, você está pronta. Eu sei que está. [olha para Joey] Confio em vocês.
Eles se entreolham por alguns segundos.
JOEY: Talvez nós estejamos prontos, Cathy. Quero dizer… ela sabe dessas coisas. Talvez a gente seja mesmo capaz.
JULIA: Vocês são capazes. Tenho certeza.
CATHLEEN respira fundo.
CATHLEEN: [voz trêmula] T-tá. Onde precisamos ir?
JULIA: É uma base no deserto.
CENA 10 – CORREDOR DO NARANDA HIGH – DIA
ZACK está encostado em uma parede. O sinal bate. A porta em frente a ele se abre e cinco garotos saem, entre eles está BEN. Por último, EHLIOS sai da sala e vê ZACK, que levanta as sobrancelhas.
EHLIOS: Não olha pra mim desse jeito. Foi ele que começou.
ZACK levanta ainda mais as sobrancelhas.
EHLIOS: Tá bom, tá bom. Pode ser que eu tenha falado algumas coisas pra Kennedy [eles começam a andar pelo corredor], mas isso não quer dizer que ela não tenha merecido ouvi-las.
ZACK: Sarah não vai gostar nada de saber que você pegou detenção.
EHLIOS: Bem, ela não precisa saber.
ZACK olha para ele com um olhar significativo.
EHLIOS: Mas isso não é justo! Olha, boa parte do significado da adolescência está nas coisas escondidas. Uma queda por alguém, um namoro proibido, um diário debaixo do colchão ou até uma AR-15 enterrada no quintal, caso você seja muito ignorado.
ZACK dá um tímido sorriso.
EHLIOS: Mas não dá pra ter tudo isso quando você mora com uma telepata!
Alguns alunos os olham estranhando. Os dois abaixam a cabeça e continuam andando até alcançarem a entrada na escola. Eles caminham em direção a um jipe preto.
ZACK: Primeiro, Sarah nunca invadiria nossa privacidade, mas ela precisa saber o que aconteceu. E depois, nós já temos um segredo grande demais pra guardar. Eu, pessoalmente, não faço questão de mais nenhum.
EHLIOS: É por isso que a sua vida é um tédio. É melhor você achar logo algum objetivo pra ela.
EHLIOS senta no banco do carona.
JULIA: [V.O.] Propósito.
CENA 11 – SALA DE TREINAMENTO – DIA
Continuação das cenas de luta anteriores.
JULIA: Objetivo. O porquê da missão. Essa é a terceira e mais importante–
CATHLEEN: Sabe, eu não entendo porque as pessoas insistem em deixar as coisas mais importantes para dizer no final. Se elas são tão importantes não deveriam ser faladas logo de cara? Quero dizer, e se a gente estivesse, tipo… no meio de uma guerra e você acabasse de levar um tiro ….
JULIA parece entediada e relaxa a posição de ataque, apenas olhando para CATHLEEN.
CATHLEEN: [gesticulando bastante] … e nos seus últimos segundos de vida você se esforça ao máximo pra dizer as coisas importantes. Daí, obviamente, você me diz as coisas de praxe como “não esqueça de passar fio dental” ou “não vote em Bush”… e então boom! [abre as duas mãos como se algo explodisse] Você morre antes de dizer que o disquete com a maldição pra colocar a alma de volta tava em cima da mesa!
JULIA olha para ela por alguns segundos e responde impressionada.
JULIA: É impossível. Você é totalmente anaeróbica. É a única explicação para ainda ter fôlego depois de tagarelar tanta besteira.
CATHLEEN: [sorrindo] Vai ver eu tô desenvolvendo um novo poder.
JULIA encara CATHLEEN.
CATHLEEN: Tá bom, tá bom. Concentração blá blá blá.
Elas retomam a guarda e voltam a trocar alguns socos.
JULIA: Então, qual é o seu propósito, Cathleen?
CATHLEEN olha para JULIA como se não tivesse certeza do que responder.
[MÚSICA DE FUNDO – ORDINARY, TRAIN]
JULIA: Em uma missão você precisa saber o que está em jogo.
CENA 12 – RANCHO JONES – DIA
[MÚSICA CONT.]
Vemos EHLIOS e SARAH no que parece ser um rancho. Eles estão ao lado de um pequeno celeiro. SARAH tem um cronômetro nas mãos e EHLIOS está muito suado. Os lábios de SARAH se movem num comando e a câmera gira, revelando ZACK em frente aos dois. ZACK levanta suas mãos em direção a EHLIOS e um brilho prateado toma o local.
JULIA: [V.O.] O que te impulsiona. O que te faz arriscar sua vida…
Um brilho quase imperceptível envolve EHLIOS e ele parece estar paralisado. Vemos que EHLIOS está fazendo um imenso esforço. ZACK parece estar se esforçando cada vez mais, até que EHLIOS rompe a barreira e cai no chão, ofegante.
CENA 13 – QUARTO DE JOEY – DIA
[MÚSICA CONT.]
JOEY está em sua mesa de estudos. Em frente a ele a câmera mostra o que parecem ser várias plantas de instalações e mapas.
JULIA: [V.O.] Se você não possui um objetivo em mente, uma meta clara, tudo que você faz é perder tempo.
O garoto marca uma das plantas com uma caneta vermelha. Vemos que quando seu traço chega a certo ponto, JOEY circula uma sala.
A legenda interna diz “Laboratório de Criptografia”.
CENA 14 – SALA DE TREINAMENTO – DIA
[MÚSICA CONT.]
EHLIOS está de frente para um dos cantos do celeiro. SARAH grita novamente e o garoto toma um fôlego.
JULIA: [V.O.] Então coloque seu propósito em mente…
EHLIOS começa a correr o mais rápido que pode e seu corpo se integra à parede do celeiro. O garoto corre intangível, tendo metade de seu corpo para fora do celeiro e a outra metade para dentro.
JULIA: [V.O.] …e não deixe que nada se ponha entre você e ele.
CENA 15 – SALA DE TREINAMENTO – DIA
[MÚSICA CONT.]
JULIA: [V.O.] Nada!
CATHLEEN soca um saco de pancadas com veracidade enquanto JULIA o segura. Vemos que JULIA também está gritando algumas palavras de encorajamento, mas elas são indistintas.
JULIA: [V.O.] E não se trata apenas de hoje, dessa missão. Se trata da vida, CATHLEEN.
A câmera focaliza o rosto de CATHLEEN. A garota está suando muito. A câmera se aproxima ainda mais, filmando um dos olhos de CATHLEEN até que toda a tela seja escurecida por sua pupila. A tela emerge na próxima cena.
CENA 16 – ESTRADA DE CHÃO – NOITE
[MÚSICA CONT.]
‘Shot’ do céu negro cheio de estrelas.
JULIA: [V.O.] Tudo que importa é o seu propósito.
‘Fade out’ da música e a câmera gira lentamente até mostrar duas pessoas vestidas de negro caminhando em uma estrada esburacada. A câmera se aproxima revelando que são CATHLEEN e JOEY. Eles têm cada um uma máscara preta nas mãos.
JOEY: Então… o que foi aquela confusão toda no refeitório hoje?
CATHLEEN: Só mais um nerd tendo uma crise de auto-afirmação pra cima da gente. Mas Ben e Harry chegaram e controlaram a situação.
JOEY: Ah… [sussurrando] Harrison.
CATHLEEN estranha.
JOEY: Você acha que esse lance dele com a Samantha tem futuro?
CATHLEEN levanta uma sobrancelha e olha para ele com um olhar intrigado.
CATHLEEN: Você… você tá afim da Sam, Joe?
Joey parece surpreso e começa a gaguejar.
JOEY: O-o quê? Não! De onde v-você tirou isso? Claro que eu não–
CATHLEEN toca o ombro dele e logo sorri.
CATHLEEN: [como se falasse com uma criança] Oh, que gracinha! Joey tá gostando da Sam.
JOEY: [revira os olhos] Realmente não se pode esperar nenhuma privacidade morando com vocês duas. Odeio gente fuçando a minha cabeça!
Eles ficam em silêncio por um momento.
JOEY: Então?
CATHLEEN: Então o quê?
JOEY: Você acha que eu tenho uma chance?
CATHLEEN apenas o encara com uma expressão desanimadora.
CATHLEEN: Joe, eu–
JOEY: Hey. [ele levanta as mãos] Não tem problema! [ele tenta disfarçar a mágoa] Eu deveria saber mesmo…
A câmera continua a acompanhar JOEY, mas CATHLEEN some da cena.
JOEY: [tagarelando] Quero dizer… não é como se eu tivesse tão–
Ele repara que CATHLEEN não está mais ao seu lado e para. JOEY vira e vê a garota há alguns passos de distância. Ela não se move.
JOEY: Qual é o problema, Cathy?
CATHLEEN: Não sei. Não “conrigo” me mexer!
CATHLEEN não consegue mexer a boca. JOEY corre até ela.
JOEY: Mas que diabos…
JOEY circula CATHLEEN atentamente. Ele começa a cutucá-la como se quisesse a derrubar.
CATHLEEN: [indignada] Ei! Ei–
EHLIOS: [V.O.] Ah! Você só pode tá brincando comigo!
EHLIOS está totalmente vestido de preto e está de máscara. Ele sai de um dos arbustos na beira da estrada. JOEY se põe a frente e levanta a mão ameaçadoramente.
JOEY: Quem diabos é você?! Mantenha distância.
CENA 17 – ESTRADA DE CHÃO – NOITE
JOEY mantêm sua mão levantada, de forma ameaçadora
JOEY: [grita] Eu disse pra manter distância!!
EHLIOS: Ah, tá! O que você vai fazer? Me “kamehamehárizar”?
JOEY parece não entender. Mais duas pessoas de preto saem dos arbustos. JOEY e CATHLEEN não as reconhecem.
SARAH: [irritada] Será que você não ouviu quando eu falei de exposição nula?!
EHLIOS: Eu conheço esses idiotas! O que vocês dois estão fazendo aqui?! Tão querendo se matar?!
A câmera mostra a visão de CATHLEEN bloqueada por JOEY.
CATHLEEN: Joey, o que tá “aconterrendo”?
JOEY: É isso que eu vou descobrir agora. [grita] Tirem suas máscaras!
SARAH: Hey, acalme-se. Isso tudo é um grande mal ente–
A mão de JOEY começa a brilhar numa coloração avermelhada. A câmera focaliza o rosto de EHLIOS e um pouco de fumaça começa a sair da sua máscara.
EHLIOS: [grita] Ah!!
Ele arranca a máscara e joga no chão. ‘Close’ na máscara saindo fumaça.
JOEY: [boquiaberto] O quê?! Você não é aquele carinha do grêmio?
EHLIOS: [grita] Você tá tentando me matar?!
SARAH se aproxima de EHLIOS preocupada.
SARAH: Ehlios, você tá bem?
CATHLEEN: [incrédula] “Eios”?
SARAH vira o rosto dele e vemos uma pequena queimadura na bochecha.
EHLIOS: Eu tô bem, foi só uma… [ela coloca o dedo] Ai! Calma aí!
ZACK: Então… vocês têm poderes.
EHLIOS: E eu que achei que nosso clube fosse mais restrito.
JOEY: [incrédulo] Vocês têm poderes?!
EHLIOS: [irônico] Claro que não. Ela só tá com câimbra generalizada.
JOEY: Solta ela!
SARAH: Antes disso… o que vocês estão fazendo aqui?
JOEY: [irritado] Me desculpa, senhora, mas eu acho que não me ouviu…
SARAH: [indignada] Senhora?!
JOEY: Eu disse: [levanta a mão] Soltem. Ela.
ZACK toma a dianteira.
ZACK: Hey, calma!
ZACK estende a mão em direção a CATHLEEN. Por um instante um brilho prateado toma o corpo da garota e logo depois desaparece.
CATHLEEN: Ai!!
CATHLEEN cai no chão, aos pés de JOEY.
ZACK: Pronto.
JOEY: Você tá bem?
CATHLEEN assente e levanta, limpando a poeira da roupa.
JOEY: Agora as máscaras.
EHLIOS: [revoltado] Ei, ‘Little Pyro’, você acha que pode ficar ditando ordens agora?!
JOEY: Eu acho que se seus amiguinhos não tão querendo uma plástica forçada é melhor fazerem o que eu tô mandando!
EHLIOS: [indignado] O quê?! Sarah, põe ele em coma.
ZACK e SARAH encaram Ehlios. JOEY parece perder a firmeza por um instante. SARAH levanta as mãos como se lidasse com um animal feroz.
SARAH: Ei, garoto! Vê se se acalma. A não ser que você me chame de “senhora” outra vez, nós não viemos aqui pra arranjar confusão. Você abaixa a mão e a gente tira a máscara.
JOEY parece incerto.
SARAH: [rola os olhos] Ou eu posso te colocar em coma.
JOEY: [nervoso] V-você não consegue fazer isso.
SARAH apenas encara o garoto. EHLIOS dá um tímido sorriso. JOEY parece inseguro e abaixa a mão lentamente.
EHLIOS: [irônico] Booom garoto. Agora vai buscar o jornal!
ZACK: Ehlios, para de arranjar confusão!
CATHLEEN: É, cala a boca, nerd!
EHLIOS: Para de me dizer o que fazer!!
Todos começam a falar ao mesmo tempo.
SARAH: [grita] Todo mundo… cala a boca!!
Todos ficam em silêncio.
SARAH: Será que dá pra vocês por favor me explicarem o que estão fazendo aqui a essa hora?
CATHLEEN: Nós não temos tempo pra isso. [passa por entre os três] Vamos, Joey.
JOEY começa a seguir CATHLEEN–
EHLIOS: Se vocês estão atrás dos desenhos, sinto muito, mas perderam a viagem.
SARAH lança um olhar afiado para EHLIOS. JOEY e CATHLEEN dão meia volta lentamente.
[MÚSICA DE FUNDO – STRANDED, ALIEN ANT FARM]
CATHLEEN: [desconfiada] O que você sabe sobre os desenhos?
EHLIOS: Bem, eu sei de uma coisa. Nós é que vamos pegá-los.
CATHLEEN dá um passo e o encara nos olhos.
CATHLEEN: Isso é um desafio?
EHLIOS: [sorri] Não até você aceitar.
CATHLEEN ainda o encara por mais alguns segundos.
CATHLEEN: Ok. [ela estende a mão] A gente aceita.
JOEY e ZACK rolam os olhos. SARAH joga as mão pro alto numa expressão de impotência. Eles parecem não acreditar no que ouviram. EHLIOS estende a mão, mas CATHLEEN volta a dela alguns centímetros.
CATHLEEN: Mas nada de poderes até chegarmos à base. Não tô fim de ser paralisada antes de dar o primeiro passo.
EHLIOS: [aperta a mão dela] Feito.
SARAH: [incrédula] O quê?!
EHLIOS: Vamos ver do que vocês são feitos.
A música aumenta. Os dois se olham ainda de mãos apertadas como se esperassem o movimento do próximo. De repente, CATHLEEN dá as costas e começa a correr pela estrada. JOEY a segue e EHLIOS vai logo atrás. ZACK e SARAH se entreolham. O garoto sorri, dá de ombros e se põe a correr atrás dos outros. SARAH fica boquiaberta.
SARAH: [grita] Até tu, Brutus! [para si mesma] Agora essa missão virou uma maldita gincana.
Ela balança a cabeça e começa a correr também. A câmera sobe lentamente mostrando todos correndo pela estrada. ‘Shot’ do céu negro.
[FADE OUT]
PRODUÇÃO EXECUTIVA
Samir Zoqh
Luciana Rocha
ELENCO
Keira Knightley como Cathleen
Riley Smith como Joey
Paul Wasilewski como Zack
J. Mack Slaughter com Ehlios
Bonnie Somerville como Julia
ATORES CONVIDADOS
Ashly Lyn Cafagna como Kennedy
Neve Campbell como Sarah
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS
Chyler Leigh como Samantha
Michael Lutz como Ben
Michael Coristine como Harrison
George Eads como Diretor Fordman
ESCRITA POR
Luciana Rocha
DIRIGIDA POR
Luciana Rocha
CRIADA E DESENVOLVIDA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha
MÚSICA TEMA
Late Great Planet Earth, Plumb
TRILHA SONORA
Session, Linking Park
Semi-Charmed Life, Third Eye Blind
Ordinary, Train
Stranded, Alien Ant Farm
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS PARA
Lariane Dallapícola
Luciano Guaraldo
Durval Rocha
Rafael Pires
UMA PRODUÇÃO HYBRID STUDIOS
DISTRIBUÍDO POR TELEVISION SERIES NETWORK
Todos os atores aqui citados são meramente ilustrativos.
Os personagens por eles representados estão em um contexto de ficção.
Nenhum direito de imagem está sendo infringido.
©2005
Nuvem de Séries
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