TeleSéries
Spoiler: Children of Earth, a mini terceira temporada de Torchwood
18/07/2009, 10:00.
Mica
Opinião, Spoilers
Doctor Who, Torchwood
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Graças ao total descaso das TVs por assinatura de nosso país, os brasileiros foram privados das continuações de Torchwood, o que nos forçou a buscar alternativas na internet. E sem dúvida nenhuma nesta terceira temporada de Torchwood valeu a pena investir em outros meios de assistir a série. Não há palavras suficientes para descrever o quão bom foram esses cinco episódios exibidos diariamente, numa mudança óbvia do formato original, mas que funcionou perfeitamente (e os números constantes e bem superiores ao que estávamos acostumados o provam).
Pela primeira vez Euros Lyn dirigiu a série e se saiu muito bem. Ele já é um velho conhecido dos fãs de Doctor Who, tendo dirigido vários dos meus episódios preferidos (e mais focados no suspense) por isso pude relaxar, sabendo que não seria decepcionada durante essa semana. O que eu não poderia imaginar é que Russel T. Davies desconstruiria seu próximo show completamente.
Children of Earth foi um soco na boca do estômago. A pequena temporada fez os fãs refletirem mais do que a série inteira até aqui. E embora todos esperassem um clima mais sombrio e adulto de Torchwood em comparação a Doctor Who, ninguém imaginava que seria presenteado com uma temporada densa e amarga como foi a terceira.
A reação dos fãs é prova do quanto Children of Earth dividiu as opiniões. Não há conflitos em relação a qualidade dos cinco episódios, mas até agora não se chegou a um consenso sobre as atitudes e destinos dos personagens.
Russel T. Davies disse possuir material para uma quarta temporada, mas que dependeria muito de como a terceira seria recebida. E agora vem a pergunta: CoE teve a maior audiência da série até agora, mas terão os fãs coragem de voltar para uma nova temporada depois de verem tudo o que amavam destruído?
Dividida em cinco dias onde a Terra tentaria lidar com mais uma situação de risco alienígena, a temporada começou mostrando que o clima e o ritmo de Torchwood neste ano seriam diferentes. E assim o foi. A série não lidou apenas com ameaças extraterrestres, mas sim com a reação humana, a política (alguns momentos eu me senti assistindo uma série como Dupla Identidade, por exemplo, e não uma ficção científica) e jogou em nossa cara atitudes que podemos execrar, mas que no fundo ninguém sabe se reagiria muito diferente se estivesse na mesma situação.
O Dia Um começou ambientando a temporada, mostrando as crianças do mundo todo sendo possuídas por alguma espécie alienígena que aparentemente já esteve na Terra. Os dias subseqüentes trataram da forma como o governo lidaria com essa ameaça. E até agora não sei se as nações tomaram as melhores escolhas. Diante de uma raça aparentemente mais evoluída tecnologicamente que a nossa, qual atitude tomar? Eles exigiam 10% de todas as crianças da Terra, e nós tivemos o desprazer de ver qual seria o destino desses pequeninos. Eram nada mais do que uma fonte química para malditos alienígenas viciados. Dá um desgosto só de pensar. E ao mesmo tempo nos deixa com as mãos atadas. Se a Terra resistir, as chances de derrota são fenomenais. Se a Terra aquiescer, é quase certo de que alguns anos à frente os malditos traficantes voltarão para exigir mais uma parcela de nossas crianças. Como deveria agir o governo dadas as opções? E pior, ao tempo exíguo. Foi só no terceiro dia que o 456 – como chamávamos os alienígenas que nunca conhecemos o nome – fez o seu pedido, ou seja, a Terra teria menos de 48 horas para providenciar a quantidade absurda de pessoas exigidas.
Foi por conta disso que tivemos que presenciar atrocidades como as discutidas na Thames House. O desgosto que senti ao ver a mulher explanando que a escolha era inevitável, então o melhor era restringir-se as camadas mais baixas da sociedade, é inexprimível. E pior foi o nojo que senti de mim mesma ao perceber que um critério teria sim que ser definido para aquela situação. Só acredito que poderiam chegar a um critério mais justo, se é que a morte de milhares de crianças pode ser considerada justa. Como é horrível se ver entre opções que parecerão derrotas em qualquer ângulo que se observe.
E no final temos a difícil escolha de Jack. Ele, que só agora soubemos que tinha filha e neto, foi colocado entre a cruz e a espada: a vida de 134 milhões de crianças ou a vida de seu neto?
Eu não tenho a menor dúvida de que ele fez a escolha certa. Mas também entendo a dor e desprezo de Alice por ver o seu pai imortal escolhendo matar o seu único filho. E é talvez por isso que eu não encaro como fuga a atitude de Jack ao final, embora a reação de muitos fãs não seja exatamente positiva. Mas Jack já vive há milênios. Ele já perdeu inúmeras pessoas que amou, já morreu e reviveu um sem número de vezes, inclusive enterrado pelo próprio irmão. Recentemente ele passou pela morte de Owen e de Tosh (por quem estou de luto até agora) e totalmente sem esperar, viu Ianto morrer nos seus braços. Por fim precisou matar com as próprias mãos o neto e ver a rejeição da filha. O que resta para ele nessa Terra? Gwen? Mas ele mesmo disse não poder olhar mais para ela depois de tudo o que a fez perder. A dor de saber o que precisou fazer e do que abdicou é grande demais. E o pior é que para Harkness não existe fuga de verdade. Não importa para onde ele vá a imortalidade o perseguirá. Ele sempre verá os seus partindo e sempre terá arrependimentos. Por isso acredito que sair desta Terra é o que Jack precisa. Ele não pode simplesmente continuar trabalhando com um governo que não apenas tentou matá-lo e a todos os que ama, mas que também cuidou mais do seu próprio umbigo do que do bem estar dos seus cidadãos.
Frobisher é a prova de como esse governo é desprezível. Um homem que deu o sangue pela nação e foi apunhalado nas costas. Sim, ele cometeu um erro de cálculo ao mandar matar Jack. Mas se o fez, foi para manter a Grã-Bretanha incólume, pois sabia que eles já tinham lidado com o 456 antes, e que se o mundo soubesse seriam responsabilizados pela catástrofe que se anunciava. Infelizmente para ele, Torchwood era a única que poderia lidar com aquela situação. Mas como ele poderia saber que Jack lutaria? Em 1965 Harkness apenas aquiesceu e entregou as crianças. Nada indicava que ele agiria diferente hoje em dia.
É incrível como senti vontade de odiar Frobisher, mas não consegui. E foi ele o responsável pelas únicas lágrimas que chorei em Children of Earth. O impacto de vê-lo ouvindo do Primeiro Ministro que deveria entregar suas filhas para os alienígenas e a certeza de que ele preferiria matar a elas e a si mesmo do que entregá-las para um destino como aquele foi mais do que eu pude suportar. Nem mesmo a morte de Ianto ou mesmo a do pequeno Stephen teve um impacto tão grande em mim.
E foi justamente a morte de Ianto que desencadeou as reações mais extremistas no fandom de Torchwood. Totalmente de surpresa, sem qualquer alarde (além da presença óbvia de Lois, que exercia a mesmíssima função e já começou a despertar teorias por parte dos fãs), Russel T. Davies matou aquele que é talvez o personagem mais querido da maioria dos fãs da série.
A reação agressiva foi imediata e pipocou em locais como o Orkut, os Live Journals e mesmo o Twitter. Não foram poucos os que declararam que se houver uma quarta temporada eles não a assistirão. E muitos os que sequer tiveram coragem de assistir o final de Children of Earth.
Eu entendo o desespero dos fãs. Cada membro de Torchwood tinha seu espaço nos nossos corações e na estrutura da série. Matar Owen e Tosh foi assustador para nós, mas ainda restava Jack, Gwen e Ianto, e embora não fosse o ideal, pelo menos os três mantinham vivo o espírito da série. Com a morte de Ianto boa parte da essência de Torchwood se foi. E não apenas porque restaram apenas Jack e Gwen, mas porque as perdas que os dois sofreram foram tão grandes que os mudaram completamente e mesmo a dinâmica entre eles. Se os produtores quiserem uma quarta temporada, terão que ser incrivelmente inteligentes para conseguirem dar credibilidade a uma série que matou praticamente todos os seus personagens principais.
E talvez a dor da perda seja ainda maior porque foi por culpa de Jack e de seu erro de análise que Ianto precisou morrer. Vivo há tantos anos, Jack parece ter esquecido que é apenas humano. Alguém comentou e eu concordo plenamente, que Jack começava a acreditar que era tão especial quanto o Doutor, e isso o fez julgar mal a situação. Sim, ele conhece a humanidade e os alienígenas, mas foi justamente esse orgulho que o levou a acreditar que poderia intimidar o 456 sem qualquer plano real para vencer o inimigo. E Children of Earth serviu para o Capitão perceber que ele não é melhor do que aqueles ao seu redor, ele apenas não pode morrer, o que lhe dá uma vantagem, mas é também sua maldição pessoal.
Não sei se Torchwood terá continuação, mas me sinto satisfeita por ter algumas conclusões dentro desta temporada. Gwen finalmente feliz no seu casamento e grávida foi um belo gesto dos roteiristas, compensando-a pelo menos um pouco das inúmeras perdas que a Torchwood lhe deu. Também gostei de finalmente conhecer a família de Ianto (e sua irmã é adorável), e foi muito bom saber que Jack tem uma filha e que ela é uma mulher tão forte e de atitude. Também foi especial ver o relacionamento de Jack e Ianto se estreitando. Linda a cena de Ianto declarando seu amor e implorando para Jack não esquecê-lo. Como se isso fosse possível…
Por outro lado, a série pareceu pisar em ovos nesta mesma relação e foi algo que os fãs perceberam e até mesmo comentaram. Até então Torchwood tinha sido exibida primeiramente na BBC Three e depois na BBC Two e só agora foi exibida na BBC One, que é o principal canal da rede e de maior acessibilidade na Grã-Bretanha. E se até então a bissexualidade (ou omnisexualidade, como costumamos dizer) de Jack era um fato nunca discutido, tomado como natural, assim como o relacionamento com Ianto, esta terceira temporada fez questão de brincar com o assunto sempre que possível. A conversa de Ianto com a irmã, a acusação de Clem, entre outras, deixaram claro que pela primeira vez os produtores estavam preocupados com o que os telespectadores iriam pensar desse casal. E essas piadinhas e implicações diminuíram um relacionamento que tinha nascido de forma natural e sido aceito completamente pelos fãs.
Agora nos resta esperar. Ninguém sabe se haverá uma quarta temporada ou não. Mas eu sei que se houver eu assistirei, embora não tenha ilusões de que terei novamente o mesmo clima da primeira e segunda temporada. Só espero reencontrar Jack, Gwen, Rhys, Lois (sim, porque ela foi fantástica!) e conhecer mais alguns a quem aprenderei a amar, assim como amei Toshiko, Owen e Ianto.
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Quero assistir também… Como???
E a programação de sábado?
O famigerado canal People & Arts desistiu de exibir as elogiadas séries da BBC pra encher sua grade com toneladas de reality show(leia-se lixo televisivo).
O resultado é que tive de dizer adeus a Dupla Identidade,Testemunha Silenciosa,O Golpe,Doctor Who,Torchwood e The Tudors.
Eu acho pouco provável que outra emissora daqui se interesse em exibir estas produções, levando em conta a decadência dos nossos canais pagos.
Baita texto Mica, deu pra sentir bem que o humor da série deu espaço pra uma trama mais sombria e triste — as cenas que seguem a morte do Ianto parecem ser bem tristes.
Mica amei amei amei seu texto!!!
Eu amo Doctor Who e conheço o Jack pelas participações especiais, e a Gwen e o Ianto participaram de um episódio da 4 temp….agora Torchwood eu só ví poucos episódios pela P&A, mas vou providenciar todos os episódios de outra maneira, já que ficamos na mão.
Fico decepcionada cada vez mais com os canais pagos aqui, além de passarem mto filme repetido, mto reality show, filmes e séries dubladas e não passam quase nada de bom da Inglaterra!
Ai, fiquei triste só de ler! É bobagem de fã boba, mas eu odeio quando matam os ‘mocinhos’ principais.
E, só pra fazer número, o P&A agora só gosta de reality show(leia-se lixo televisivo)(2)
Se o Eurochannel não cheirasse a poeira, podia comprar isso tudo pra honrar seu nome “euro”channel, mas exigir uma administração inteligente desses caras de tv é o mesmo que procurar político honesto.
Fiquei na dúvida se baixo ou não, depois de ler todo seu texto, Mica. Adoro a série, mas pelo que li, é bem triste e já tô de saco cheio de finais tristes! Já basta a vida real. 🙂
JURA QUE NÃO VAMOS MAIS VER DR WHO E TORCHWOOD NO P&A ? COMO EU CONSIGO ACOMPANHAR AGORA ??? DICAS , POR FAVOR !
Esta temporada de Torchwood realmente foi espetacular e ao mesmo tempo foi tão difícil de ver, porque gerou sentimentos muito fortes! A morte do Ianto eu não consigo acreditaraté agora! O Jack fugindo da Terra foi como se ele estivesse fugindo dele mesmo após perder tanto…
Torchwood nunca mais será a mesma, mas eu vou continuar assistindo a série se ela tiver uma 4° temporada
Realmente foi uma temporada nunca vista antes.
Na segunda temporada eu fiquei chocado em ver dois personagens principais morrerem, mas depois de um tempo eu aceitei e logo no começo dessa temporada eu vi q o trio restante tinham química e carisma o suficiente para a fazer funcionar. No entanto agora eu não acredito q isso possa ser feito de novo, eu acredito q se não houver mais uma temporada no futuro então esse terá sido um “bom” final, pq apesar de Jack ter fugido eu não consigo ver um outro tipo de final p ele, não é como se fosse possivel ele ter um “final feliz”, ele é imortal, é como se ele estivesse no elevador de um prédio sem poder sair, sempre fazendo paradas em cada andar mas nunca podendo pertencer a um.
Se houver mais uma temporada eu com certeza irei assistir, mas não posso prometer q irei gostar.
PS. Into era meu personagem preferido, é uma pena q ele tenha morrido, ele era tão novo e inocente. Quem sabe sua alma não reencarna como filho da Gwen (gostei muito dela gávida) para ter uma nova vida.
http://www.tudodvd.com.br/dvd/primeira-temporada-de-torchwood-chega-ao-brasil-em-dvd/
Mika vc é fantástica gosto muito e suas reflexões sobre Torchwood , é mesmo uma pena que o Ianto tenha morrido essa ultima temporada teve uma qualidade de fato muito maior mas preferi as outras duas o relacionamento entre os personagens principalmente Ianto e jack era muito mais natural. A terceira temporada foi amarga feita pra chamar atenção. Mas eu ainda tenho esperanças de que Ianto volte sem ele n tem mais graça.
se vc tiver um email pra contato eu ficaria feliz em poder me comunicar com vc.
se quiser add o meu
goesrafa@hotmail.com
Torchwood se tornou minha série preferida mas é raro encontrar alguém que também conheça e goste da série para debater. Foi um baque pra mim ainda sinto um grande vazio depois desse fim de temporada.
bjos
Rafael
Mica,
Terminei de assistir a Children of earth hoje. Não consigo
descrever o que sinto. Clichezão, mas é verdade. Excelente. Emocionante.
Emocionada com seu texto e com a série. Bons textos, independente do formato
(livro, roteiro, peças ect) nos levam a reflexões e a estabelecer paralelos com a
vida real e sua questões (ética, política,amor, perdão ect). Mais uma vez, parabéns!
Por outro lado medo, muito medo da 4a temporada que eu vou ver em maratona
durante a próxima semana. Vou respirar fundo e… seja o que os roteiristas
quiserem.
De qualquer maneira, a 3a temporada já faz parte da galeria dos clássicos pra
mim.
Mais uma vez obrigada!