Sessão de Terapia – Semana 4


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Segunda-feira, 16 h, Carol

A sessão de Carol foi, provavelmente, a mais emocionante da semana. Vimos que ela e Theo têm algo em comum: suprimir seus próprios problemas para cuidar de um membro da família, no caso de Carol, seu irmão Pedro, que tem graves problemas psiquiátricos. A jovem chega ao consultório agitada, pois tem que buscar o irmão que teria ido ao médico. Neste meio tempo, ela diz como se tornou responsável por cuidar dele, sendo a irmã a única pessoa que ele obedece. Também conta que tentou ir ao hospital, mas ao ver tantas pessoas fracas, carecas e debilitadas não conseguiu dar início ao seu tratamento. A estudante de arquitetura recorre à maquiagem para não levantar suspeitas sobre sua saúde e, assim, afasta quem deveria se preocupar com ela. A consulta de Theo e Carol é interrompida várias vezes por telefonemas: o irmão não está no médico, como deveria, e a mãe insiste para que ela o leve para casa, mesmo a menina respondendo que não pode. A mãe desliga enfurecida. Carol ainda não lhe contou sobre o câncer, pois ela, estressada, a impedia de falar, se negando ouvir o que a filha tem para contar. Ao levantar para ir embora, Carol desmaia, e ao ser reanimada por Theo, admite que precisa de ajuda. O terapeuta se oferece para ir ao hospital com ela e, surpresa, ela aceita. Ambos deixam o consultório e ficamos aqui, do outro lado, torcendo por esta forte personagem. Até porque, Carol, aceitar ajuda de quem se importa com você não é sinal de fraqueza, não.

Terça-feira, 09 h, Otávio

otávio - sessão 4 -TS A morte é quando ninguém mais precisa de você.

Com a afirmação acima Otávio declara sua própria sentença. Sendo desnecessário para a família e para a empresa à qual dedicou a maior parte de sua existência, para o empresário, o fim da linha chegou e o que ele e seus entes queridos esperam é que tudo acabe logo. Em casa, se sente como se estivesse no próprio enterro, graças às expressões de pena que as pessoas lhe dirigem. Lembra-se de um amigo que após ser demitido da empresa que ele mesmo havia fundado, se dedicou ao passatempo “ridículo” de fotografar, algo que o realiza, porém não serve para nada. A vida de Otávio sempre foi centrada no trabalho, então seu valor é atribuído de acordo com a utilidade das atividades que desenvolve e ao poder que tem de fazer o mundo continuar a girar. Está tomando, por conta própria, remédios para conter as crises de pânico. Ao ouvir de Theo que precisa consultar seu psiquiatra para que o tratamento seja adequado, Otávio diz: “Não se preocupe, não vou te processar”. O ex-executivo usou a história que Theo dividira para exemplificar os reveses da vida profissional para fazer uma infeliz brincadeira. Otávio não sai de casa, come quando precisa e dorme quando dá. Não sabe se retornará na próxima semana, e termina a consulta perguntando onde está sua pasta. Que pasta? A de trabalho que ele carregava como se fosse uma extensão de seu corpo. Não há mais pasta, nem trabalho, nem utilidade para este homem. Será que ele encontrará uma nova razão para viver fora do campo profissional? Theo por precaução, faz anotações após a sessão, para documentar seu trabalho no caso de problemas semelhantes ao de Breno ocorrerem.

Quarta-feira, 11 h, Paula

paula - sessão 4 -TS

A sessão de Paula esta semana foi mais curta. Ela mesma a interrompeu, inconformada com o que acabara de ouvir. As palavras do dia foram “pena” e “revolta”. Paula sentiu-se humilhada ao ouvir uma conversa do marido com um amigo ao qual desabafou que tem inventado trabalho para poder chegar mais tarde em casa. Segundo ele, desde que Paula praticamente o ameaçou a ter um filho, a vida íntima do casal teria se tornado mecânica. Mas ele faria isso pela esposa, afinal “ela já não tem mãe”. Incapaz de confrontar o marido, Paula prefere fingir que nada ouviu, prepara uma noite romântica e comunica que desistiu da gravidez. A reação de Luis foi de alívio, o que a desapontou. Na verdade, este era um teste, e o marido foi reprovado. Ela decide, então, terminar tudo. Prefere abandonar o barco antes de ser deixada de novo. Todos sempre vão embora, diz. A mãe foi. E antes que o esposo também o fizesse, saiu. E, finalmente, Theo a diz que dá ouvidos a muitas vozes, exceto à do seu lado feminino, e é esta a causa da sua revolta. Sentindo-se agredida pelas palavras do terapeuta, a advogada vai embora, sem sequer fechar a porta. Deixou claro que desta vez foi ela quem partiu.

Quinta-feira, 14 h, Daniel

dani - ana - sessão 4 - TS

Embora tenha aquele humor adolescente-sarcástico, Daniel é um personagem extremamente carismático e fácil de se identificar. Suas sessões sempre contam com a presença da mãe, Ana, e/ou do pai, João. Desta vez, Ana chega correndo e prefere conversar com Theo primeiro, já que está a caminho do aeroporto. Após a bomba da semana passada, ela decidiu viajar por 8 dias com destino à Grécia. Diz que vai tranquila, pois Dani parou de comer compulsivamente, perdeu peso, não reclama mais para acordar cedo ou para fazer as lições de casa. Dani está, apesar de tudo, feliz. O que a mãe não enxerga é que ele se tornou de um filho problemático para um garoto perfeito em uma semana, apenas. E todos sabemos que não há seres humanos sem defeitos. Ninguém se refaz das cinzas em sete dias, nem mesmo uma criança. Theo questiona se a repentina melhora no comportamento não seria uma tentativa de agradar aos pais. Afinal, se ele acha que é o responsável por todos os problemas da família, é lógico que finja estar bem. Ana rejeita a visão do psicólogo e o acusa de estar sabotando suas férias. Quando ela segue para o aeroporto, é a vez de Daniel desabafar. O menino diz que os pais lhe contaram sobre o aborto e que chegou à conclusão de que “seria ruim para todo mundo, inclusive para o bebê”, se ele viesse ao mundo. À medida em que Theo tenta fazer Dani falar mais, o menino mostra uma incontrolável ansiedade, explicitada pela insistência em ligar para os pais. Sem conseguir, ele pensa que o pai esqueceu dele, e com sua graça peculiar, debocha que talvez João tenha deixado ele no consultório para morar com Theo. Dani sente fome. Theo faz um sanduíche. Durante o lanche, os dois transmitem, pelo olhar, uma cumplicidade até agora não vista entre pai e filho. Lindo.

Sexta-feira, 17 h Dora

dora - milena - sessão 4 -TS

Sabe quando passamos a vida inteira procurando respostas e quando finalmente as temos não sabemos o que fazer com elas?

A vida de Theo  é aquela que ele entendeu quando criança e suas lembranças o puxam para este passado mal resolvido como um ímã. Theo não consegue visitar o pai doente, nem perdoá-lo por um abandono que certamente foi doloroso também para ele. Theo ainda é o menino que precisou ser forte para cuidar da mãe instável e não se permite ter raiva dela por lhe ter interrompido a infância. O adulto que, em vez de lidar com as chances que tem para encontrar a paz que tanto procura, tenta retomar sua vida a partir de onde ela aparentemente desandou. Quer reconquistar seu primeiro amor, hoje uma mulher casada; deseja poder salvar alguém, como não pode fazer com sua mãe, ajudando sua paciente das segundas-feiras, Carol e, finalmente, quer indiretamente perdoar o pai, atendendo ao pedido de Milena, mulher de Breno, desistindo do processo que abriu contra seu sogro. Enquanto isso, a saúde de seu pai piora a cada dia e nem os apelos do irmão e da filha o convencem de que o que está ao seu alcance fazer, ver seu pai provavelmente pela última vez, é o que basta. Theo ainda está no escuro consultório de Dora e guiado por ela, tateia seu caminho até a verdade que sempre negou.

Por que parecem tão claras as respostas de seus pacientes e as dele se assemelham a labirintos sem saída? Embora nos irritemos com a teimosia do psicólogo em (não) lidar com seus problemas, passamos a pensar por que escolheu sua carreira: seria para consertar as vidas dos outros no lugar da sua?

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