Séries brasileiras que fizeram história


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No dia 07 de setembro de 1822, D Pedro I declarava a Independência do Brasil. Cento e noventa anos depois, somamos mais de 190 milhões de brasileiros*. A nação verde amarela é atualmente governada por uma mulher, está entre as 10 maiores economias do mundo e se prepara para receber dois grandes eventos esportivos nos próximos anos. Ah sim, somos reconhecidos internacionalmente por nossas telenovelas. Pois é, além de serem populares por aqui, as tramas nacionais também fazem sucesso em outros países!

Já quando o assunto é seriado… Existe prata da casa, sim! E não é de hoje, não. Nesses mais de sessenta anos da televisão brasileira são várias as séries tupiniquins que marcaram época. Produções que muitas vezes buscaram lá fora inspirações de formatos e tal, mas que apresentam de um jeito ou de outro a brasilidade que tem em nós.

Em comemoração a semana da pátria, vamos revirar o baú e recordar seriados nacionais!

Era uma vez…

Anos 50 – Alô, doçura!

Em 1953, aTV Tupi, seguindo o formato da série americana de sucesso I love Lucy estrelada pelo casal Lucille Ball e Desi Arnaz, passou a produzir a primeira sitcom (comédia de situação) brasileira. A produção nacional tinha características bem próprias já que Cassiano Gabus Mendes foi buscar nos roteiros do programa radiofônico intitulado O encontro das cinco e meia, escritos pelo seu pai Otávio Gabus Mendes, as situações que seriam vividas pelo casal da série televisiva. A Tupi escalou como protagonistas do seriado Ilka Soares e Anselmo Duarte, renomados atores do cinema brasileiro da época. Acontece que Anselmo não se adaptou ao formato ao vivo da TV e o casal foi substituído por Mário Sérgio e Eva Wilma. Alô, doçura! caiu no gosto popular e lá continuou (e até mais) quando o ator Mário Sérgio deixou o programa dando lugar a John Herbert.

A parceria entre Eva Wilma e Herbert transcenderia a série, no ano de 1955 os dois se casam na vida real e recebem do público o apelido de “casal doçura”. Os atores foram casados até 1976 e tiveram dois filhos que nasceram durante o tempo em que o programa esteve no ar.

Alô, doçura! apresentava episódios de cerca de quinze minutos transmitidos ao vivo direto do teatro, e portanto, com a reação da plateia. A cada semana os atores encenavam diferentes personagens que viviam histórias engraçadas sobre a relação a dois.

O seriado chegou ao fim em 1964, e infelizmente, não existem episódios inteiros arquivados, no máximo algumas cenas avulsas gravadas em película.

O SBT chegou a produzir nos anos 90 um remake do seriado, com César Filho e Virgínia Novick, só que a produção não cativou o público como a primeira edição e foi cancelada.

Anos 60 – O Vigilante Rodoviário

A primeira série de formato tradicional inteiramente brasileira nasceria graças ao sonho do cineasta Ary Fernandes de dar ao país um herói nacional. Uma figura que a população brasileira admirasse… o guarda rodoviário! Ary tinha a ideia, mas não o dinheiro para produzir o seriado. Com a ajuda de amigos e mais o apoio do comando da Polícia Rodoviária seguiu em frente. Encontrou o cachorro que segundo ele era o mais esperto que já conheceu, reuniu atores amadores e policiais rodoviários para a gravação do piloto. Para o personagem principal, Ary fez vários testes e nada, só depois de ouvir o conselho de sua mulher e pedir para que o amigo Carlos Miranda, até então, assistente de produção se vestisse como o personagem que, finalmente, encontrou o Inspetor Carlos.

O episódio piloto garantiu o patrocínio da Nestlé para que fosse produzida uma temporada de 39 episódios do primeiro seriado totalmente brasileiro, O Vigilante Rodoviário.

As aventuras do Inspetor Carlos e seu fiel amigo, o esperto cão Lobo, entraram no ar em rede nacional, através da TV Tupi, em 1961. Juntos, o vigilante rodoviário e o pastor alemão patrulhavam as rodovias brasileiras a bordo de uma Harley ou do Simca. Lutavam contra bandidos, salvavam os inocentes e transmitiam mensagens de conscientização.

O seriado foi líder de audiência na época. Todos assistiam, todos queriam os bonequinhos, os gibis do Vigilante e as miniaturas dos carros Simca. O Vigilante Rodoviário virou mania nacional.

Apesar do sucesso, a produção era cara e dos 39 episódios previstos, só 38 foram produzidos. Quando a temporada chegou ao final o patrocínio não foi renovado e o seriado saiu do ar.

Carlos Miranda desistiu da carreira de ator e se tornou policial rodoviário na vida real. O cão Lobo, foi levado pelo antigo dono e ao tentar voltar para a casa de Ary, foi atropelado e morreu.

O Vigilante Rodoviário foi reprisado pela própria Tupi em 1967 e depois pela Rede Globo, em 1972. Em 1978, um filme foi gravado tendo como Inspetor Carlos, Antônio Fonzar e cães da Policia Militar se revezaram no papel de Lobo, mas o longa-metragem nunca chegou a ser transmitido.

O seriado, por pouco, não foi perdido. Esse grande clássico da televisão nacional, gravado todo em película de cinema, com o tempo foi estragando sendo necessário um trabalho de restauração realizado pela Cinemateca Brasileira que conseguiu recuperar 35 episódios que foram ainda reprisados pelo Canal Brasil em 2009 e disponibilizados em DVD.

 Anos 70 – Malu mulher

A televisão brasileira produziu séries marcantes na década de 70, trazendo uma linguagem e contexto muito próximos da sociedade da época. Tais como A grande família e Carga pesada. Ambas produções da Rede Globo, a primeira foi ao ar de 1972 a 1975 abordando uma típica família da classe média brasileira, no ano 2001 a emissora produziu um remake que deu muito certo e permanece no ar até hoje. Já Carga Pesada contava as aventuras de dois amigos caminhoneiros vividos por Stênio Garcia e Antônio Fagundes, o seriado estreou em 1979 e saiu do ar em 1981, anos depois em 2003 a Rede Globo trouxe a atração de volta para sua grade até 2007, contando com a dupla de atores originais.

No final dos anos 70 também iria ao ar Malu Mulher, outra produção da Rede Globo, dirigida por Daniel Filho e protagonizado por Regina Duarte. A série contava a história de Maria Lúcia Fonseca, Malu, uma mulher que após descobrir a infidelidade do marido Pedro Henrique (Dennis Carvalho), vê seu casamento de anos acabar. Agora, divorciada ela tem que encarar a sociedade, se reestruturar e lidar com as dificuldades de criar a filha adolescente, Elisa (Narjara Turetta) em um novo conceito familiar. Malu é uma socióloga que para sustentar a filha passa por vários empregos, até ser contratada por um instituto de pesquisa e poder investir na carreira profissional. Mais madura e independente financeiramente, dá a volta por cima e se prepara para viver um novo amor.

O seriado ao refletir nas telas as características da nova mulher e ao trabalhar temas polêmicos e dramáticos aponta um momento de transformação vivido pela sociedade brasileira. O tema de abertura “Começar de novo” de Ivan Lins, composto especialmente para a trama e interpretado por Simone, se torna uma inspiração para a geração da época.

Malu Mulher durou de maio de1979 a dezembro de 1980, teve 76 episódios, foi exportado para mais de 50 países e recebeu prêmios internacionais. Em 2006, foi lançado um Box com 2 DVDs contendo uma seleção de 10 episódios da série.

Anos 80 – Armação Ilimitada

Ah, os intensos anos 80! Mudanças comportamentais e politicas se espalharam pelo país, impulsionadas pela juventude da época. Na moda, muita, mais muita cor mesmo. E cabelos rebeldes. Na música o rock nacional fazia enorme sucesso. Na televisão, o seriado Armação Ilimitada representava essa geração e trazia a inovação de utilizar as características de um videoclipe na edição, dando mais dinamismo a trama. A atração empregou ainda recursos dos quadrinhos, com direito a balões de pensamento e divisão da tela em mais de uma cena.

A trama constituía nas aventuras de dois amigos surfistas, Lula (André de Biasi) e Juba (Kadu Moliterno) que eram sócios da empresa “Armação”. A dupla perita em esportes radicais participava de campeonatos e trabalhava como dublê em comerciais e filmes. Certo dia, depois de participarem de uma corrida de motocross, Juba e Lula acabam em um circo onde conhecem o pequeno, mas esperto Bacana (Jonas Torres) e mais tarde ajudam a salvar a jornalista Zelda Scott (Andrea Beltrão) de uma turma barra pesada. Depois disso, Bacana vai morar com os rapazes na sede da “Armação”. Juba e Lula se apaixonam por Zelda e ela pelos dois. Enquanto, a DJ Black Boy (Nara Gil) narra as aventuras arriscadas de Lula e Juba e as furadasem que Zelda se mete para cobrir as matérias mais inusitadas que seu Chefe (Francisco Milano) lhe manda fazer, Ronalda Cristina (Catarina Abdala), a melhor amiga de Zelda, entra para a turma e Bacana fica feliz da vida com sua família de dois pais e uma mãe.

A produção da Rede Globo, contava com um elenco que tinha empatia e uma equipe com direção de Guel Arraes e autoria de Antônio Calmon que deram o tom certo para que esses heróis à brasileira, atrapalhados e engraçados, que acabavam acertando mais sem querer do que outra coisa, mas de coração nobre, ganhassem o público.

A trama de um trio amoroso que cuida de uma criança órfã, em outra época e escrita de outra forma poderia ter chocado a sociedade e ser rechaçada pelo público. Mas isso não aconteceu, ao contrário, o seriado ganhou uma geração de fãs!

Toda a criatividade e ousadia deram a Armação Ilimitada um status de clássico da televisão brasileira. O seriado estreou em 1985 e permaneceu no ar até 1988, foi reprisado diversas vezes e uma seleção entre os seus 40 episódios pode ser encontrada em um Box lançado em 2008.

 Anos 90 – Confissões de Adolescente

Na década de 90, o Brasil ganharia séries para todos os gostos. O público infantil, por exemplo, se encantou com a produção da TV Cultura, No mundo da Lua (1991-1993) e as histórias de Lucas (Luciano Amaral), seu gravador e sua divertida família. Os adultos acompanharam A Justiceira (1997), da Rede Globo, com Malu Mader como protagonista dessa série policial.

Mas foi uma produção independente que conquistou o público adolescente! Tudo começou quando Maria Mariano decidiu colocar no papel suas experiências reais de vida. Os diários da moça deram origem a uma peça teatral que inspiraria Daniel Filho a produzir uma série de TV sobre o universo. Surgiu assim, em 1994, na TV Cultura, o seriado Confissões de Adolescente. Na temporada seguinte o seriado migraria para a Rede Bandeirantes, retornando a TV Cultura na sequência.

A história se concentra nas dúvidas e inquietações das irmãs Diana (Maria Mariano) a mais velha e mais responsável, com seus 19 anos, Bárbara (Georgina Góes) a desencanada de 17 anos, Natália (Daniele Valente) a romântica e tímida, de 16 anos e a caçula, de 13 anos, a engraçada e moleca Carol (Debora Seco/Camila Capucci). Todas moram com o pai, o advogado Paulo (Luiz Gustavo) em um apartamento na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro. Diana e Bárbara são filhas do primeiro casamento de Paulo, Carol do segundo e Natália é enteada, filha de uma ex de Paulo que morreu. Enquanto elas tentam se achar nesse universo que é a adolescência, Paulo tenta acompanhar as mudanças das filhas.

Muita adolescente cresceu com a série! Muitas dividiram com as protagonistas suas ansiedades e descobertas. O seriado que marcou uma geração teve 2 temporadas e deve virar filme em breve.

…e então…

Essas são apenas algumas entre tantas produções nacionais que marcaram época na televisão brasileira.

Além das inovações tecnológicas, de linguagem e formato essas séries são especiais, pois, transportaram para as telinhas as mais variadas mudanças de comportamento da nossa sociedade. Pois é, a ficção, às vezes, pode trabalhar como um verdadeiro registro histórico.

Bem, é verdade que nesse tempo todo de nação independente muita coisa mudou. Assim, como é verdade também que ainda tem muita coisa que precisa mudar. Séries terminam e entram pra história, mas um país é uma obra aberta. Afinal, o Brasil é a história que continua sendo contada por todos nós.

E viva a produção

…nacional!

*informações do Censo 2010 – IBGE.

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RSS 2.0

  1. Cleide Pereira - 08/09/2012

    recordar é viver o/
    lendo está maravilhosa matéria me veio a mente tantas outras produções como Shazan, Xerife e Cia. / Ciranda Cirandinha / Plantão de Polícia / Kika & Xuxu / Tv pirata / Obrigado Doutor … opções ótimas de produções brasileiras

    nada haver com a infelicidade que vemos hoje em dia na tv aberta

  2. Ricardo K - 12/01/2013

    “Nada a ver” Assim não aguento!

  3. claudia regina freitas - 15/09/2013

    Concordando com vc Cleide.

  4. marquinho - 08/09/2012

    muito bacana esse texto, bom recordar e lembrar destes sucessos. mesmo essas series dos canais abertos (principalmente globo) nem sempre me parecerem seriados (pq eu sempre espero o formato padrao americano do genero, kkkkkk) é justo esse merito a essas series e seu reconhecimento, dentro de uma país onde a maior parte da populacao cresceu achando q seriado é coisa de adolescente e publico jovem e novela q é o produto pra adultos e pra toda populacao de forma geral. mas parabens pelo texto e fico feliz por confissoes ser lembrada aqui. ate hoje espero que saia em dvd a segunda temporada da serie e nao sei porque nao saiu, se a primeira ja existe em dvd (mesmo nao colocando o ep final da temporada). se alguem tiver episodios gravados da temporada 2 e quiser trocar gostaria de entrar em contato.

  5. Rafael Silva - 13/04/2013

    esqueceram de citar o primeiro Seriado brasileiro “Capitão 7” vai me dizer que ninguem se recorda desses e so lembra dos da Globo ¬¬ Capitão 7 foi um dos primeiros seriados, se não o primeiro da tv Brasileira!
    essa serie tambem marcou epoca! pesquisem melhor !

  6. anne karoline - 15/09/2013

    eu nunca assisti nenhuma dessas séries ai brasileiras,elas não são do meu tempo,mais eu acho que o Brasil não é muito líder em fazer séries,tá mais para novelas junto com o México claro,na minha opinião os Estados Unidos é líder em séries boas eu mesma adoro as séries americanas

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