Review: The L Word – Lead, Follow, or Get Out of the Way

Data/Hora 09/10/2007, 09:00. Autor
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Cena de Lead, Follow, or Get Out of the WaySérie: The L Word
Episódio: Lead, Follow, or Get Out of the Way
Temporada:
Número do Episódio: 35 (3×09)
Data de Exibição nos EUA: 05/03/2006
Data de Exibição no Brasil: 08/10/2007
Emissora no Brasil: Warner

Se existe uma coisa que se pode dizer que é da natureza humana, independentemente de quaisquer outras diferenças, é o desejo de ser acolhido, de ser aceito irrestritamente por alguém. Para algumas pessoas, isso significa ser acolhido pelo maior número de pessoas possível; para outras, sendo aceito por apenas uma pessoa no mundo já é o suficiente, e o que vier a mais é bônus. Não importa: mesmo um serial killer como Dexter Morgan ou um misantropo como o dr. Gregory House precisam de ao menos uma pessoa no mundo com quem possam compartilhar um silêncio confortável. E é justamente este desejo tão humano que está no centro das duas tramas mais interessantes deste episódio. A primeira delas diz respeito a Carmen, e o momento onde ela finalmente “saiu do armário” para a família. A segunda tem a ver com Max (“o transexual anteriormente conhecido como Moira”, de acordo com Jenny) e sua tentativa frustrada de arrecadar dinheiro suficiente para sua cirurgia de troca de sexo.

“Sair do armário” (não só sexualmente, mas mesmo politicamente, ideologicamente, ou até mesmo, quem sabe?, futebolisticamente) é uma das coisas mais difíceis de serem feitas por qualquer pessoa, porque isso significa admitir que não se está seguindo a “norma”, e quem não segue a norma corre o risco de ostracismo, de rejeição. Agora, eu posso até ser uma pessoa super independente e segura, e não dar a mínima para o resto do mundo no que diz respeito ao meu interesse por homens, mulheres ou anões albinos; mas com certeza eu vou ter no mínimo umas duas ou três pessoas no mundo cuja rejeição vai me machucar, porque delas eu espero esse acolhimento irrestrito, e em geral neste grupo estão os pais (ou ao menos um deles). Afinal quase sempre são eles, ou as pessoas que ocuparam a figura deles na minha vida, quem primeiro me quis incondicionalmente, e perder este acolhimento é uma das dores psicológicas mais profundas que um ser humano pode enfrentar. Por isso que mesmo a pessoa mais segura e auto-confiante balança nas bases quando tem que escolher entre se mostrar por inteiro aos que ama (quando possui algo radicalmente diferente deles), correndo o risco de rejeição, ou esconder uma parte de si que pode não ser aceita, mas assegurando seu status emocional. Não é nada fácil tomar uma decisão.

Por isso a cena do almoço de família de Carmen é tão emblemática. Carmen vem de uma cultura latina (que conhecemos tão bem!…) onde o que está longe dos olhos também está longe do coração. Uma cultura que prefere enfiar a cabeça na areia, como avestruz, e se convencer que o filho é esperto de permanecer solteiro e sair com os amigos da academia (mesmo que haja um amigo específico com quem ele sai muito mais do que com qualquer outra pessoa, e nunca ninguém realmente o viu com uma mulher), ou que a filha que confessou gostar de garotas está passando por uma fase e logo vai arranjar um namorado (e se não arranjar, tudo bem, porque a gente sabe que a situação está difícil para as mulheres que trabalham fora, não?). Naquele momento, Carmen precisou apostar tudo, precisou se mostrar por inteiro para sua mãe, porque finalmente se deu conta que não iria conseguir viver sendo acolhida pela metade por aquela que é a pessoa mais importante de sua vida. E precisou se colocar na linha de fogo para finalmente ouvir aquelas palavras que sempre temeu ouvir:

¡Mejor puta que lesbiana!

Cena de Lead, Follow, or Get Out of the WayE o peso que ela carregou por anos nas costas finalmente foi embora. Em seu lugar, ficou uma tristeza profunda, uma sensação de desamparo, e uma dúvida cruel: “será que fiz a coisa certa?”. Só tempo vai dizer.

Mas pior que a rejeição (total ou parcial) por parte das pessoas mais significativas em sua vida é a auto-rejeição por ter nascido no lugar errado. Eu não acredito em determinismo; não acredito que eu nasci em um determinado corpo, família, cidade ou clã porque aquele é o meu destino. Meu destino sou eu quem faço. E acho que cada um deve procurar mudar o que é necessário e possível em nome de sua felicidade. Desde sempre nascem meninas em corpos de meninos, e vice-versa; a diferença é que há uns cem anos não era possível mudar o que a natureza lhe deu, e por isso era preciso uma certa dose de resignação com o que era possível. Porém hoje em dia, em que o possível é cada vez mais ousado, é frustrante para uma pessoa como Max perceber que não tem os meios físicos para atingir seu objetivo. Porque, em suas próprias palavras,

Eu quero que o meu exterior combine com o meu interior.

E ver que a ciência já pode realizar seu sonho, mas que a falta de dinheiro é um impedimento sério para ele, leva o personagem exatamente a este pior tipo de rejeição: a auto-rejeição. Porque ele não consegue simplesmente se resignar, como aqueles meninos que nasceram em corpos de meninas há uns cens anos tinham que fazer. Enquanto o seu interior e o seu exterior não conviverem em paz, Max vai ser infeliz. Se essa paz virá de uma série de cirurgias ou de uma postura diferente frente a si mesmo, também só o tempo vai dizer.

Perguntas, perguntas, perguntas, sempre muitas perguntas em cada episódio de TLW. E de repente elas parecem perder um pouco a urgência com aquele final, onde Alice precisa levar Dana para a emergência do hospital. E nós seguramos um pouco a respiração até a próxima semana, torcendo pela vida dela. Até lá!

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  1. Lead, Follow, or Get Out of the Way « Stuff I’ve Been Watching - 09/10/2007

    […] O resto do texto está aqui, no TeleSéries. […]

  2. biaa - 09/10/2007

    Oiee!
    olha Fer Funchal ta mtu legal seu txt!
    eu morri d felicidade qndu a Carmen falo pra mae dela q era namorada da Shanne !!
    mto legall!
    eu adorei esse episodioo!!
    mtoo legall!!
    bjoo….xau xau!!

    amooo tlw!!!
    sempree!

  3. luciana - 09/10/2007

    Ola Fer Funchal, realmente o texto ta muito legal, mas achei que a Shane podia ter dado mais força pra Carmen.Afinal ela se revelou pra mae por ciumes dos relacionamentos que ela tentava arrumar pra Shane. E a Shane só ficou preocupada em perder a “familia” que hoje ela tem por causa da Carmen.
    Bjs

  4. Paulo Antunes - 09/10/2007

    Não sei se foi o longo hiato, mas achei este episódio muito fraco. Esta atriz que faz o Max é muito fraca, neste episódio que exigia um pouco mais atuação ela decepcionou.

    A cena da Carmen foi realmente boa. Gostei da transa da Tina também e do desabafo da Bette.

  5. Iza - 09/10/2007

    Eu não gosto de “The L Word”.Filme está horrível!

  6. Amanda - 09/10/2007

    Também senti um pouco esse hiato entre os episódios inéditos e não gostei muito desse, mas terminou com um cliffhanger interessante (que espero que não se torne recorrente…) da Dana e Alice.

    A Cena de familia da Carmem esteve ótima! Ainda bem que melhorou nessa parte porque já estava me exasperando com o lenga-lenga do casalzinho, porque agora tem a Bette, que não foi citada na resenha…

    beijos!

  7. lipe - 09/10/2007

    eu quero saber o nome da música que termina o eps. linda demaissssssssss

  8. Marcos - 10/10/2007

    Otimo texto Fer Funchal……
    tambem achei muito interesante esse episodio,estava louco pra ver como seria esse confronto da carmen e sua mãe,por toda tradição que há por tras da familia da carmen,apesar de tudo ali na hora a tradição nem contou na verdade,o que eu vi foi uma mulher no auge do seu desespero tentando entender como seu filha avia se tornado gay,e a gente ver isso claro quando ela dis(melhor puta que lesbica),ela realmente nunca pensou que justamente a carmen fosi lesbica mesmo por que como a propria carmen falou elas fingem que elas so são amigas,pra mim foi um dos espisodios ++ interesantes da serie ate hoje.Em relação a shane,ela pareceu mais com raiva da carmen por não ter avisado que iria abrir o jogo do que qualquer outra coisa,e mesmo por que a shane tem razão quando ela diz que a familia da carmen iria culpa-la da ”mesma” ser lesbica,que é bem verdade.
    A moira/max como ja dise é pessima atriz, ver claramente que ela não demostra ou não sabi demostra as emoções que o personagens merese, no final ninguem sabe quando o max esta feliz ou triste simplesmente por que as 2 tem a mesma. espresão

  9. Skinner - 10/10/2007

    Fantástica a review!

    Nunca vi a série, talvez por ter gostado tanto dos Assumidos, a tal ponto de pensar que “The L Word” – mesmo sob outro prisma – jamais corresponderia às minhas expectativas. Também fiquei com medo de fomentar em mim um heterossexualismo chauvinista, mais ou menos como a da maioria dos bombeiros do “Rescue Me”, assim que visse a primeira cena de sexo entre duas mulheres. Enfim, mea culpa…

    Essa review despertou em mim não só a vontade de “Me Resgatar” deste sentimento de culpa por nunca ter visto um episódio da série, mas ao mesmo tempo redescobrir o prazer pela leitura nessa mídia tão judiada que é a Internet. Nada como um texto bem escrito e, principalmente, autoral. Escorre DNA pelas linhas, algo meio raro em sites desse gênero.

    Nem tenho medo de me desiludir com a série. Sei que, de tempos em tempos, pelo menos uma review de qualidade aparecerá como fruto dela.

    Abraço e parabéns.

  10. Fer Funchal - 10/10/2007

    poxa, Skinner, obrigada 🙂

    agora me senti na obrigação de não deixar a peteca cair nos próximos textos, heheeh.

    (e olha, quanto ao “heterossexualismo chauvinista”… meu marido começou a ver uns pedaços da série comigo só procurando as cenas de pegação, e hoje em dia acompanha que nem novela, dando pitacos, dizendo que fulana deveria ficar com a sicrana… hihihi. acho que tu pode gostar da série tbm).

  11. Fer Funchal - 10/10/2007

    .

  12. solange - 10/10/2007

    Poxa, já está mais do que na hora da Bete sair dessa obscuridade e voltar a viver. Que amor é esse qua a deixa tão frágil e insegura? Se gostava tanto de The L Word era por causa de sua garra e do seu espirito de luta(as cenas quentes também são boas).Espero que ela faça como a FENIX e renasça das cinzas.
    PS: Para quem gostou ou ainda gosta da série OS ASSUMIDOS, a HBO PLUS está reprisando de 2° a 6° as 1:45 hs.( 5° temporada).

  13. Fernanda - 10/10/2007

    Fer …. meus parabéns…

    Vc consegue como ninguém encontrar palavras para descrever esse sentimento tão profundo que é a rejeição. A parte que fala em ser rejeitado por uma ou duas pessoas, foi simplesmente espetacular.

    Me sinto exatamente assim, sinto que se eu for rejeitada pela minha mãe ou pela minha melhor amiga, então não existe mais razão para nada…

    Parabéns
    Fer

  14. Danielle - 11/10/2007

    Só queria escrever que o seu texto está sensacional. É difícil falar que algo está perfeito, mas me arriscaria a isso. Gostei muito da parte que falou da Carmem e sua família, a cena foi muito boa e sua leitura melhor ainda.

    Parabéns!!

  15. Eneida Massi - 15/10/2007

    Adoro The L Word apesar sisso não gosto do jeito que a Tina trata a Bete. Elas precisam resolve logo esse empasse. Já no caso da Shane e Carmem estou adorando o relacionamento das duas e a postura da latina ao resolver assumir tudo diante da familia.
    Agora é so aguardar os próximos epsódios

  16. fer - 16/10/2007

    Genteeeeee a dana morreuuuuuuuu
    Quase morri junto de tanto que choreiiii…
    Ahhhhhhh que triste, coitada da Alice ele não mereceeeeeee…
    o episodio de ontem foi FORTE…

  17. bia - 16/10/2007

    Nossa..
    foi mesmo fer!
    eu também choreii!
    eu adorava elaaa!
    vo sentir saudadii
    dela !
    Dana forever!rs
    bjos pra todas!!

  18. fer - 16/10/2007

    bia, vc tbm esta acompanhando a serie SO pela Warner?
    Genteee foi muito triste, que doh que deu…
    Oh pessoal eu perdi os primeiros minutos do episodio de ontem, com quem que a Carmem traiu a Shane?

  19. biaa - 16/10/2007

    fer. com uma tal d Robin.!!
    o sobrenome a carmem nao sabe!!
    bjoo!
    pra todas!!

  20. Marcos - 16/10/2007

    A Carmen traiu a Shane com uma tau de Robin…..

    Não se sabe se essa Robin é a mesma que a Jenny pegou no começo da 2 temporada.

  21. biaa - 16/10/2007

    MARCOS..!
    VC ASSISTIU ESSE EPISÓDIO!
    A SHANE FALOU ROBIN WOWARD!
    AI A CARMEN FALO Q NÃO!!
    VAI SABER NEH!!
    BJOO.

  22. dei - 17/10/2007

    Olá adoro demais esta série e perdi varios episódios quero muito ter os dvds de todas as temporadas mas nos sites de venda eles estão muito caros infelizmente não tenho como comprar.
    Se possível (de repente é muito abuso) eu daria os dvds e alguem que possua todas as temporadas legendadas em portugues gravaria para mim

  23. dei - 17/10/2007

    eu ficaria muito grata a quem pudesse me ajudar

  24. dei - 17/10/2007

    eu ficaria muito grata a quem pudesse me ajudar meu e-mail e deibast@gmail.com

  25. dei - 17/10/2007

    eu ficaria muito grata a quem pudesse me ajudar meu e-mail e deibast@gmail.com

  26. Eneida Massi - 21/10/2007

    Foi muito forte o epsódio em que a Dana morreu…
    Achei que com as novas técnicas ela teria uma sobrevida um poco maior.
    Nossa, voltei no tempo por alguns instantes e revivi uma grande perda em minha vida por concequência do cãncer. Acho que deveriam esplorar mais esse assunto e esclarecer mais a população feminina.

  27. FABIANA LEONEL - 27/04/2010

    ME APAIXONEI PELA BETE E A TINA, ELAS TEM UMA QUIMICA EMOCIONANTE QUE ME LEVA A LOUCURA …SÃO LINDAS , MARAVILHOSAS …..

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