19/05/2008, 10:32. Regina Monteiro
Reviews
Stargate Atlantis

Série: Stargate Atlantis
Episódio: Epidemia (Tabula Rasa)
Temporada: 4ª
Número do Episódio: 66 (4×06 )
Data de Exibição nos EUA: 2/11/2007
Data de Exibição no Brasil: 15/5/2008
Emissora no Brasil: FX

Por aqui Epidemia. No original, Tabula Rasa. Não importa. Por diversos motivos, este foi um dos melhores episódios da temporada.

O artifício temporal utilizado no episódio (começa no meio da história, retrocede para o início dos acontecimentos e avança para o futuro) não é novidade. Mas, talvez por sua similaridade com Sunday (pelo seu impacto, um dos melhores episódios de todas as temporadas de Atlantis), Tabula Rasa já tenha vindo investido de uma certa tensão a priori.

O episódio começa com Rodney amarrado à sua mesa, em frente ao computador, onde há uma mensagem insistindo para que encontre uma certa mulher que pode ajudá-lo. A mensagem foi gravada por ele mesmo, traz uma imagem de Teyla e instruções para que se solte. Ele não sabe quem é, nem onde está. O desespero de Rodney é quase palpável, salta da tela. A sua angústia é contagiante.

Há um corte temporal para quatorze horas antes do momento em que Rodney se descobre amarrado à mesa de seu laboratório. Em Atlantis, algumas pessoas começam a apresentar sintomas de uma pequena indisposição: dores de cabeça e tontura. O número de pessoas com esses sintomas torna-se cada vez maior até que toda a equipe de Atlantis, exceto Ronon e Teyla, estejam infectados. As viagens pelo portal são suspensas e o cristal de discagem retirado do DHD.

Voltamos para o presente e para Rodney que, ao deixar o laboratório para procurar Teyla, depara-se com um corpo no corredor e com um Zelenka totalmente transtornado. Eles não se reconhecem, mas Rodney fica sabendo que há soldados espalhados pelo lugar prendendo todos que são encontrados pelos corredores. É o que acontece com ele, que é capturado pela equipe do major Lorne. Rodney perde o computador onde estava a imagem de Teyla e é levado para uma sala onde já se encontram inúmeras pessoas de Atlantis. Todas na mesma condição que ele: não sabem onde estão, quem são ou porque estão presas. Tabula Rasa.

Na Atlantis de algumas horas atrás os sintomas se agravam. Uma vez detectada a doença, o paciente tem mais seis horas antes de apresentar indícios de perda de memória de longo prazo. Porém, pode haver uma cura. Keller analisa o sangue de Ronon e Teyla e descobre que eles têm imunidade à bactéria que causa a doença, pois na infância já foram acometidos por uma versão menos agressiva dela. O tratamento, segundo Teyla, é feito com chá de uma planta bastante abundante em Pégasus.

Já no limite de tempo, antes que todos percam definitivamente a memória, Ronon e Sheppard vão para o continente coletar a planta e Teyla acompanha Rodney até o laboratório onde ele deve criar um programa para que o remédio possa ser distribuído de forma eficiente. Mas, neste ínterim, Teyla é capturada pelos soldados de Lorne, deixando Rodney sozinho.

De volta ao presente, Rodney acorda e tenta entender o que está acontecendo. Ainda se lembra de que deve encontrar Teyla. Com a ajuda de Carter, que também está presa no mesmo local, eles conseguem fugir e reencontram Zelenka que está com o computador de Rodney.

No continente, Ronon tem alguma dificuldade com Sheppard que, ao perder a memória, tornou-se hostil. Mas John é convencido de que deve ser ajudado e volta com Ronon para Atlantis levando o medicamento. Ao mesmo tempo Rodney, Carter e Zelenka encontram Teyla que reconduz Mckay ao laboratório para que ele complete o programa para a distribuição do remédio. Colocado diante do computador, Mckay não sabe por onde começar. Mas, como afirma Teyla, o conhecimento está dentro dele, afinal ele pode se lembrar de uma complexa relação matemática…

No final talvez a Tabula não fosse tão rasa e não foi errado afirmar que se tratava de uma Epidemia.

O remédio é distribuído e as pessoas voltam ao normal. Alguns com menor, outros com maior dificuldade. Um último susto. Teyla informa Sheppard que algumas pessoas morreram, ao que ele pergunta:

Cadê o Mckay?

Apenas um susto. Nada de terrível aconteceu com Rodney. Afinal não estamos assistindo a Sunday.

O ritmo e a tensão impressos pela dinâmica do episódio foram hipnóticos e surpreendentes.

Hipnótico porque a cada momento existia a possibilidade de vermos um acontecimento que fugiria à previsibilidade natural do desenvolvimento da história (previsibilidade presente em qualquer serie).

Surpreendente porque os personagens exercitaram uma outra forma de ação, não condizente com seu modo de ser. À certa altura, Sheppard, sempre acostumado a tomar as decisões, teve que se deixar conduzir por… Ronon que, sempre acostumado a usar a força bruta, teve que lançar mão de paciência e argumentação. Lorne deixou sua calma e sensatez habitual para entrar num ritmo alucinante e irracional de perseguição a qualquer um que se colocasse em seu caminho. Mckay teve que superar seu pavor diante do desconhecido para que iniciasse sua busca por Teyla, embora tenha sido o lado obsessivo de sua personalidade que o tenha feito perseverar. Na resolução do problema Carter foi coadjuvante (e não importa se essa é a premissa de sua participação em Atlantis, ser coadjuvante não é uma de suas características). Somente Teyla permaneceu a mesma, talvez porque ela fosse o ponto de convergência.

Mas o fato é que, ao se aproximar o fim do episódio, fiquei com aquela sensação ambígua que experimento quando leio um bom livro: o desejo de saber o fim da história e a torcida para que ele demore a chegar.