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Review: Roma – Testudo Et Lepus (The Tortoise And the Hare)
10/05/2007, 09:08. Laura Gomes
Reviews
Roma
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Série: Roma
Episódio: Testudo Et Lepus (The Tortoise And the Hare)
Temporada: 2ª
Número do Episódio: 16
Data de Exibição nos EUA: 4/2/2007
Data de Exibição no Brasil: 6/5/2007
Emissora no Brasil: HBO
No episódio anterior, Marco Antônio pressiona Cícero para ser indicado governador da Gália. Cícero foge deixando um discurso com acusações terríveis contra Marco Antônio, que é lido publicamente no Senado na presença do próprio. Diante disso, não resta a Marco Antônio outra alternativa, senão sair de Roma e enfrentar Otavio e seu exército em Mutina (Gália Cisalpina).
Enquanto isso, em Roma, a guerra particular entre Servília e Átia atinge seu ápice. Servília não satisfeita com suas intrigas, decide liquidar de vez sua rival por envenenamento. O ardil encontrado foi persuadir Duro, jovem protegido de um escravo de Atia, a envenená-la. Duro aproveita-se da distração da jovem escrava copeira e despeja o conteúdo do vidro na panela, fingindo ajudá-la a servir o prato. No caminho até a sala, a escrava prova a sopa.
Átia aguarda ser servida, está sozinha e melancólica. Pede música. A escrava sabe cantar e inicia uma canção. O veneno é poderoso e age imediatamente. Antes que Átia comece a refeição, a escrava cai fulminada. Neste exato momento, inadvertidamente Duro chega à porta e, diante do inesperado, acaba se traindo.
Segue-se a tortura do jovem, comandada por Átia e executada por Timon. A certa altura, Otavia e Jocasta chegam a casa e se deparam com a cena. O mal estar é imenso da parte delas. Timon também dá mostras de cansaço e irritação. Átia insiste em obter a confissão de Duro, embora já saiba quem foi o mandante. Finalmente, sob a promessa de que vai ser poupado, o escravo confessa, mas mesmo assim é executado por Timon em um beco escuro de Roma.
A cena toda é importante porque, sob o efeito de suas ações, Timon está perturbado. Como se não bastasse, ao chegar em casa todo ensangüentado, é confrontado pela família, primeiramente por seu irmão e filhos e depois pela própria esposa, aliás, vestida como uma puritana do século XVII-XVIII (ou os puritanos é que se vestiam como os antigos hebreus?). Na discussão que Timon tem com o irmão, este o acusa de ter se tornado um animal.
Ao contrário de Timon, Átia não se deixa abater pela dúvida e reage prontamente ao ataque de Servília raptando-a de dentro de sua própria casa. Ela é então trazida para o mesmo porão onde o jovem Duro foi supliciado. Novamente temos outra seqüência de tortura, sob a execução de Timon. Mas aí começam os problemas.
Ao contrário de Duro, que era um simples escravo, a tortura de Servília adquire outro sentido. Deixa de ser meramente uma vingança pessoal para ser um ritual de humilhação, uma transgressão. É um momento crucial porque Átia não age mais de acordo com os valores tradicionais da vingança. Timon sabe disso e está cada vez mais inquieto e confuso.
A tortura tem início. A cena é extremamente dramática, o telespectador é posto na mesma perspectiva dos escravos a escutar os berros da vítima ecoarem pela casa de Átia. Apesar disso, Servília resiste bravamente. A certa altura Átia cansada, ordena que Timon corte sua cara e mate-a. Para espanto de Átia, Timon não só se recusa a fazê-lo, como liberta Servília do cativeiro. Aproxima-se de Átia e segurando-a firme pelo pescoço berra:
Eu não sou um animal!
Decidi destacar as cenas de tortura mostradas no episódio porque temos aí uma questão importante que começa a tomar vulto neste período da história de Roma: a crudelitas (crueldade). Até onde se pode ir ao infligir as punições físicas aos escravos, prisioneiros e inimigos?
Comecemos pela tortura de Duro e o nítido mal estar que ela provoca em pessoas como Otavia e Jocasta, incluindo a reação de nojo da última. Mesmo sendo Duro um escravo, já havia naquela época segmentos da sociedade que reprovavam e estavam dispostos a impor limites ao tratamento dispensado a eles. Para muitos, algumas formas de punição eram definidas como crudelitas (crueldade), portanto eram vistas como abusivas e moralmente condenáveis. Sem dúvida, as reações de Otavia e Jocasta confirmam essa tendência.
No caso de um inimigo da mesma posição social, caso de Servília, a crueldade era mais inconcebível e intolerável ainda. Ela, de fato, representava uma afronta aos deuses. Incorrer nessas práticas mesmo que fosse em relação a um inimigo declarado era considerado de muito mau gosto, representava uma maldição. Esse foi o caso de Vorenus. Ter decapitado Erastes Fulmen não foi o problema, mas fazer com a cabeça o que ele fez depois, já era considerado uma forma de crueldade, portanto, transgressão.
Átia poderia ter assassinado Servília, afinal a vingança entre iguais era considerada legítima. A cena de Servília rezando com fervor, sugere que ela já estivesse preparada para uma retaliação. O problema todo é Átia não querer lhe conceder uma morte digna, mas submetê-la à humilhação. Em nome das antigas tradições, Servília tenta sua última cartada invocando a regra:
Pensas que é a mim que degradas agora, mas não, é a ti. Enquanto viveres sentir-te-ás degradada e corrompida por isto.
As palavras de Servília são conhecidas de Átia, pois mesmo a vingança tem seus códigos de ética, mas mesmo assim ela decide ceder à tentação da crueldade. A situação sai de seu controle. Mais adiante, a reação de Timon não lhe deixará dúvidas de que agora sozinha, terá de decidir sobre qual rumo tomar na guerra entre seu filho e Marco Antônio. Mais uma vez os sentimentos femininos, o amor e o ódio, estarão nos caminhos de Roma.
Temos assim novamente um episódio importante de transição porque aprofunda o caráter das personagens, como por exemplo, as mudanças de Timon, de Otávio e a não menos importante epopéia particular de nossos heróis legionários. Novamente reunidos pelo desejo de formarem e se reunirem às suas famílias, Pullo e Vorenus conseguem finalmente recuperar os filhos de Vorenus e Níobe vendidos como escravos por Erastes Fulmen.
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Seria a Atia uma antepassada de Jack Bauer? Rerere.
A entrada de Titus Pulus e o “filho de Hades” nos Campos de escravos foi de uma fotografia impressionante!
Marco Antônio tem um orgulho de dar inveja.
Gostei do novo ator para Octavius.
Fico em dúvida se a dedicação de Atia por Marco Antônio já não é só interesse, mas …glup! Amor mesmo.
Ai que ódio, eu não tenho HBO. E estas reviews estão em encantando, imagina vendo a produção com todas as cores e sons.
Como sempre um excelente episodio, só notei algo, não sei se é impressão minha ou a série começou a ficar com um olhar nosso, ou seja, cristão, com aqueles momentos do judeu arrependido de seus crimes e a podridão da escravidão, não sou entendido em historia, mas ainda iria levar muitos seculos até esses conceitos de diretos humanos surgirem, a cena da tortura e o arrependimento de Timon não gostei, a serie é sobre Roma, violencia pra eles imagino que era algo natural, não sobre os ideias de vida dos judeus, que claro são importantes e depois iriam ditar nossa sociedade.
Rô, se o orçamento permitir, alugue ou compre o box da 1ª temporada (o da 2ª não deve demorar pra sair por aqui). Não irá se arrepender. Estou revendo a 1ª em DVD com meu irmão — que acabei de converter em um fã da série — e só lamento a série só ter mais essa temporada.
Darth, entendo o que vc quis dizer e concordo em parte. Talvez o que os criadores da série quisessem dizer com esse olhar “de alguém de fora”, no caso um judeu, é que a Roma como conhecemos, seus valores, sua sociedade, tudo isso iria mudar — claro que leva um tempo, mas ela viria a adotar os valores que acabariam por reger boa parte do mundo como conhecemos até hoje. Quanto à repulsa demonstrada por alguns cidadãos, cabe lembrar que apesar de eles reprovarem tais atos, não o faziam por se importarem com os escravos, mas sim porque isso, como bem citado na coluna, implicaria na degradação moral de quem ordenou tal castigo. Em outras palavras, “não pegava bem”, não era “de bom tom” e não porque era “errado” tratar o escravo daquela maneira.
O arrependimento da tortura feito por Timon não reflete que a série tome o rumo das questões morais. Aquele fato isolado se deu por questões de paternidade em relação ao filho dele, a família dele e o que ele construiu até então servindo Atia?
Isso apareceu na cena emblemática em que ele defronta o próprio irmão com uma faca em riste e tem o próprio filho, criança, como testemunha. Valores familiares e paternos são tão fortes que estão acima da violência.
A violência de Roma não é gratuita. É pensada. Ela segue um ritmo já consagrado por Sopranos onde ela não é protagonista, ela é uma intrusa que define o caminho de vários personagens.
Rô. Recomendo desde já a locação dos DVD´s de Roma. Se você passar dos 3 primeiros capítulos pode sentar junto conosco no “senado” que você será extremamente bem vinda!
Eu também não tenho a HBO, mas pude acompanhar a primeira temporada toda quando abriaram o canal para todos e fizeram a maratona. Agora acompanho pelos seus reviews e torço para que façam outra maratona. Adoro Marco Antonio e a estranha ( não mais) amizade entre Vorenus e Tito.
Cristiano,
Aqui em Floripa onde tem para alugar?
Há muito tempo eu li a biografia de Cícero, que retrata bem esta fase aí, e foi ótima. A citação dele me deu mais vonatde dever.
Aqui em Floripa eu vi na Videoteca e na 100% video.
Valeu! Vou atrás.
E lá não tem Battlestar Galactica? Daí você poderá ficar em dia com esta série maravilhosa.
“Ao contrário de Timon, Átia não se deixa abater pela dúvida e reage prontamente ao ataque de Servília raptando-a de dentro de sua própria casa.”
essa foi um das cenas chaves dessa primeira perna da segunda temporada (6 primeiros episódios)
foi muito bom mesmo além da forma que reagiu Timon foi ótima…e dai vão decorrer outras coisas muito legais tb
como sempre ótimo review!!!
Só achei estranho porque até agora a violencia apresentada na sociedade romana em geral, era tido como algo normal, não só a violencia, mas o paganismo tambem e com o aparecimento do irmão do Timom ja estão trazendo questionamentos cristãos que não tem nada haver com aquele momento que a serie retrata.
Darth, vai ver a entrada do irmão do Timon tenha sido pra dar uma visão “diferente” do que tinha sido apresentado até então, já que ele teria uma visão mais próxima do público.
Historicamente Roma pode não ser 100% correta, mas é entretenimento garantido e se isso levar as pessoas a pesquisarem mais sobre o assunto nos livros e nos documentários, acho ótimo.
Ontem quis conferir a reprise na HBO mas o sinal da NET tava um lixo, cheio daqueles “quadradinhos” pipocando na tela, não deu pra assistir daquele jeito. 😡
Patricia deve ser isso mesmo que tu comentou.
Bem que a HBO podia fazer mais series desse tipo historico, ja pensou os egipcios, vikings, Alexandre…
Perdi o episódio de domingo e tive que esperar até a reprise. Mas nossa, que episódio!!! Que fotografia e que roteiro. Toda a questão da tortura e dos limites. O melhor da temporada até agora, na minha opinião.
Darth,
eu também fiquei chateada com a reação do Timon (surreal para a época)beirando até a incoerência, enfim moderna demais. Ele não era um monstro, mas aceitava desempenhar este papel e até sentia certo orgulho…
O que não pode ser esquecido é que não existia polícia (ou coisa parecida) as pessoas faziam o que julgavam certo.
E isso é muito engraçado já que a base do Direito é o Direito Romano!!…
Parabéns pela review.
Pois é, o Timon sempre tivera orgulho de seu trabalho, e sempre gostara das formas que Atia usava para pagar-lhe, e de repende a noção de moral dele muda completamente e ele ainda parte pra cima da Atia, pegando-a pelo pescoço. Será que ele também esqueceu que ela é uma pessoa que se vinga das menores coisas?
Babi o Direito Romano foi muito mudado…os institutos sim são base do Direito Romano o direito em si é base do direito germanico 😉
Bem, de certo modo, Roma é a civilização antiga mais próxima de nós…Muitas coisas nossas, digo ocidentais, vieram dela. Então a semelhança não é uma mera invenção. Sob vários aspectos eles eram realmente “modernos”.
Quanto ao Timon tem a questão familiar, mas tem também o dilema moral porque o monoteísmo judaico é uma religião ética, tem o lado místico, mas o ético é muito forte. Não matarás é um mandamento importante, não apenas em termos espiritual.
O irmão do Timon até onde deu para perceber é um rebelde, alguém que milita contra o domínio romano em Jerusalém. Uma parte dos judeus vai se rebelar contra Roma e vai lutar contra ela até o fim. Essa revolta atinge seu ápice em 70 d.C com a destruição do Templo pelos romanos. Jesus viveu um pouco antes deste período. Em princípio foi confundido pelas autoridades romanas como um rebelde. Foi crucificado por causa disso, por ser considerado mais um subversivo que pregava a rebelião contra o Império.
Li o conjunto de comentários. Malta interessante, esta… Fez-me escrever isto.