Review: Roma – Son of Hades

Data/Hora 27/04/2007, 10:40. Autor
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Cena de Son of Hades
Série: Roma
Episódio: Son of Hades
Temporada:
Número do Episódio: 14
Data de Exibição nos EUA: 21/1/2007
Data de Exibição no Brasil: 22/4/2007
Emissora no Brasil: HBO

Por que não ficar apenas com Vorenus e Pullo, vagando junto com eles pelos submundos romanos? Afinal de contas, é um mundo tão fascinante com sua crueldade e lascívia! Por que não uma versão inteiramente popular da história de Roma?

Eis uma questão pertinente. Porém, os especialistas ensinam que não existe possibilidade de determinadas trajetórias e experiências coletivas ou mesmo transformações sociais serem concretizadas sem a participação do poder real, da realeza. Não é por acaso que nas mitologias em que aparece o poder real possui uma origem mágica, mística, sobrenatural. É um destino e não exatamente uma escolha. Esse parece ser o caso de Roma e Otávio no período em questão.

Mas isso não é tudo. De fato, o episódio 14 mostra que existem outros dois poderes emergentes. Sem dúvida alguma, o de Vorenus e Pullo, na condição de centuriões e representantes da plebe. Mas além desse, há um terceiro que muito discretamente começa a se insinuar: a resistência política e espiritual de Jerusalém representada pelo irmão de Timon (Lee Boardman).

Recapitulemos, portanto, o episódio. Em outro momento, mesmo tendo nascido nobre, Otávio talvez pudesse ter optado por uma vida tranqüila. Contudo, as circunstâncias que o cercaram, não lhe deixaram muitas escolhas. Inteligente, sensível e maduro, ele compreendeu muito antes de todos a sua volta o que acontecia em Roma. Seria ele um eleito dos deuses?

Não sabemos ainda. Seja como for, Otávio entendeu desde cedo que sua vida não lhe pertencia, não viera ao mundo para dar continuidade a uma linhagem, como outros nobres de sua geração. O telespectador deve se recordar que a leitura do testamento de César não o surpreendeu tanto. Não só pareceu confirmar algo que já corria em seu íntimo, como, em seguida, o estimulou a agir.

Sem dúvida, é o que assistimos neste episódio. Sem nenhum tropeço de consciência vimos Otávio caminhar resolutamente na direção apontada por Cesar. Vimos o jovem ansioso pelo dinheiro, com o qual se apresentaria como o herdeiro diante do povo; vimos Marco Antonio titubear, e é claro, não sendo exatamente um iluminado pelos deuses, vimo-lo subestimar a capacidade e resolução de Otávio. Erro primário, secundado por Atia agora dividida entre duas lealdades diferentes e antagônicas: o amante e o filho.

Segue-se então a luta. Não devemos considerá-la um conflito doméstico qualquer. A mitologia vem ao nosso encontro para dizer que se trata de uma luta cósmica, sem a qual o herói não consegue partir em busca de sua demanda, de seu Graal. Ah! agora entendemos um pouco mais porque essa história agrada tanto aos ingleses!
Voltemos ao Aventino, uma das sete colinas de Roma. Vimos que após Erastes Fulmen, o “poderoso chefão” local, ter sido assassinado, a região ficou fora de controle. Vimos também que na condição de assassino de Erastes, Vorenus foi posto no comando por Marco Antonio para restaurar a ordem pública. Não é uma atribuição qualquer. Trata-se também de uma forma de investidura. Se os deuses do mundo superior têm os seus eleitos, os do mundo de baixo idem, e esse é o caso de Vorenus e seu duplo Pullo. De um modo diferente de Otávio, eles também souberam que suas vidas não lhes pertenciam mais. Tinham uma missão a cumprir. Entregam-se a ela de corpo e alma.

Cena de Son of HadesÉ nesse momento que o terceiro poder novamente se insinua, pois a missão de Vorenus/Pullo tem relação direta com ele, embora ambos não saibam ainda, assim como todos os demais personagens. Desse modo, é muito significativa a cena em que um Vorenus colérico destrói a estátua da velha deusa romana, Concórdia, diante dos empregados estarrecidos.

A cena não deixa dúvidas sobre o simbolismo que encerra. A antiga concórdia romana não é mais suficiente no mundo que se inicia. Uma outra concepção terá de ser erigida para estabelecer uma nova regra de conduta entre os homens.

Toda ironia da história concentra-se neste detalhe. Essa nova regra de conduta será importada de Jerusalém, levada à Roma por pessoas do povo, pobres, escravos, justamente pessoas como aquelas que Vorenus e Pullo têm agora sob seu controle e poder. Mais irônico ainda, é que em seus momentos iniciais ela será tratada como um problema de ordem pública pelas autoridades romanas.

Um problema para ser resolvido por homens exatamente como Vorenus/Pullo. Mais uma vez, mirem-se no exemplo de… Roma!

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  1. Cristiano Vieira - 27/04/2007

    Eu não acho que Otávio sinta que é predestinado ou coisa e tal. Eu acho que Otávio tem um amor por ROMA tão grande quanto o de Júlio César. E ele analizando (inteligente e estudioso como é) está vendo que a ROMA da República está letárgica e fadada ao fracasso pois renega o povo.

    Não que Otávio goste dos pobres ou coisa e tal. Estratégicamente numa política o povo tem que ter atenção, por que ele é o pilar da estrutura na nação. Sendo assim ele ve o perigo de ROMA ruir. E como ele ama Roma ele se ve necessário para essa missão. Ele teria que assumir como ditador.

    A palavra ditador pra época tem outra conotação, menos forte como hoje. E ditadorores são “Populistas”, só assim mantém-se no poder.

  2. Cristiano Vieira - 27/04/2007

    O seu review é um prazer imenso de se ler. PARABÉNS Laura!

  3. Simone Miletic - 27/04/2007

    Laura, um ótimo texto!

    Mas discordamos em alguns pontos: Tito e Pullo, para mim, são os personagens ideiais para que os roteiristas romatinzem a história, já onde eles tem liberdade para mudar, agir, exagerar.

    Já Otavio, Marco Antonio e Cleopatra são personagens históricos, por mais que romantizemos um pouco sua história e destino não podem ser mudados.

    Otávio é um político e Cesar já enxergava isso nele quando o escolheu como herdeiro. Marco Antonio é um megalomaníaco, que diz não ter interesse no poder, mas vê a chance de mantê-lo se conseguir manter Otávio sob sua influência, coisa que não conseguiu.

    Mais uma vez a revolução não será realizada pelo povo e sim por quem já detém o poder. O prazer está em acompanhar como eles o fazem.

  4. Cristiano (Highlander_Master) - 27/04/2007

    OFF TOPIC

    Depois de semanas onde C.S.I e Grey´s não se enfrentaram, sempre uma era reprise e a outra era inédito, eles voltaram a se enfrentar. C.S.I venceu, por pouco mas venceu. 19.99 contra 19.75.

    Nada contra a Grey´s, mas como fã de C.S.I, fico muito contente dela ter voltado a liderar.

    Eu sei que tem o teleratings aqui, mas achei quefalar sobre a audiencia só dos 2 não ia fazer mal nenhum…

  5. Laura Graziela Gomes - 27/04/2007

    Cristiano, o que faz de Otavio um “predestinado” para mim é o fato de ele possuir todas essas qualidades que vc mencionou, ou seja, não só ter uma percepção clara das mudanças que estão ocorrendo, como saber tudo o que precisa ser feito para se evitar o pior. Essa visão que combina estratégia militar e política é algo que faz dele uma personalidade no mínimo extraordinária.
    Oi Simone, não creio que nós discordemos exatamente. Eu também acho isso, que Vorenus & Pullo possuem a função de romantizarem um pouco mais a história. Mas tem o aspecto político da questão que não pode ser desprezado. E não é por acaso que os roteiristas escolheram botar esses personagens na pele de dois centuriões.

  6. Eric Fernandes - 27/04/2007

    OFF:

    Bem feito pra Grey’s! Foi um episódio bemm fraco esse que perdeu pra CSI!

  7. Darth Cesar - 27/04/2007

    Otavio foi simplesmente um dos grandes lideres da historia e entre eles, todas as qualidades acima citadas são normais.

  8. Lucas Barreto Gomes Leal - 27/04/2007

    acho que esse episódio começa a construir pra valer a segunda temporada e perder as amarras da primeira (como ainda estava o 13 episódio) no geral achei a segunda temporada apenas “mto boa” nem perto da genial primeira temporada…mas ainda sim tem episódios geniais…
    e eu gosto dessa divisão da parte romatizada da historia e da parte historica mesmo…se tivessemos uma sem a outra a série não teria a menor graça…ou seria uma ficção tonta ou seria um documentário barato.
    a graça ta em reunir os dois ao meu ver!

  9. Babi - 28/04/2007

    Laura, só gostaria de dizer que dar voz aos “perdedores” é uma fase recentíssima da historiografia. É muito difícil reconstruir a vida do cidadão comum, quer seja na Roma antiga ou na Idade Média.

    Na minha humilde opinião, isso faz parte da condição humana, ou seja,a maioria só se interessa pelos vencedores e suas histórias…

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