Review: Lost – The Last Recruit

Data/Hora 27/04/2010, 12:03. Autor
Categorias Reviews, Spoilers
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Lost - The Last Recruit

Série: Lost
Episódio: The Last Recruit
Temporada:
Número do Episódio: 116 (6×13)
Data de Exibição nos EUA: 20/4/2010 na ABC
Data Prevista de Exibição no Brasil: 4/5/2010 no AXN

Ordem versus Caos.

Essa é a definição dos criadores de Lost para esta última temporada de Lost. Se antes tínhamos Ciência x Fé, depois Destino x Livre Arbítrio, nada mais justo que tenhamos está terceira etapa na jornada dos sobreviventes (e porque não dos que morreram também).

E quem está seguindo a ordem da vida (se é que há uma?) e quem está, com o perdão do trocadilho, perdido? Assim como nas etapas anteriores, talvez não haja um certo e errado, ou se houver, é uma linha fina demais e poucos percebem, porém em todos os casos há consequências.

Em um momento do episódio Jack questiona a Sawyer porque eles estão indo fazer exatamente o que o (f)Locke está querendo fazer? Se de fato o (f)Locke for algo que irá prejudicar a todos – e aqui digo que também serve para ele “inocente até que se prove o contrário” – a pergunta de Jack faz sentido, e por mais que queiramos responder, algumas vezes não conseguimos. No caso de Sawyer, a melhor resposta que ele poderia dá para isso era: “saia deste barco”.

Em outra parte do episódio, Sayid, a mando do (f)Locke, vai matar Desmond que está preso dentro de um poço. Antes da possível execução, o Brotha pergunta ao Iraquiano o que ele diria a sua amada quando ela o perguntasse o que ele fez pra salvá-la?

Uma das coisas que une uns aos outros e também separa uns aos outros, é a certeza de que estamos certos (foi de propósito). Os atos deles (Sayd, Brotha, Jack, Sawyer, etc…) são feitos por acreditarem piamente que estão certo. E, assim sou eu, assim são vocês fãs de séries, e assim somos todos nós. Mas algumas pessoas em alguns momentos conseguem nos fazer enxergar determinado objeto e ou situação sob outro ponto de vista, e nestes momentos, até Anakin pode mudar de lado (e mudou duas vezes).

Relendo agora estes parágrafos que escrevi acima, me soa confuso o que estou querendo dizer sobre este episódio de Lost, mas de certa forma é a essência da série sob o meu ponto de vista. Estamos perdidos, porque além do trabalho excelente da equipe criativa, a série talvez seja a que melhor (até o momento) mostra a jornada da vida de cada um de nós, com direito a todas coisas sem explicação que deparamos no dia a dia.

E ai que o bagulho fica mais interessante ainda. Quem estava certo entre o homem da ciência x homem da fé? Um se perdeu literalmente na série tentando encontrar respostas que a ciência não deu e o outro morreu. E quem estava certo sobre destino x livre arbítrio? Nesse caso, não sabemos nem onde começa um e termina outro (ao menos eu não). Se eu ganho na loteria fazendo apenas um jogo foi o destino? Ou eu que resolvi jogar este jogo?

E na ordem versus caos (para adentrarmos de vez no episódio) quem está certo? E quais personagens estão perdidos no caos e quais personagens estão enxergando com uma certa clareza?

Na realidade paralela, Desmond em sua missão de conscientização dos tripulantes do Vôo 815 vai atras de Claire e a leva para uma amiga advogada (Ilana), que por coincidência do Destino estava procurando ela pra dizer que Jack era seu irmão e que ela tinha uma bufunfa para herdar.

Sawyer questiona a Kate a maneira como eles tem se “esbarrrados” um no outro e acha que há algo além desses encontros improváveis. O mesmo Sawyer prende Sayid mais uma vez (e dessa vez não pude deixar de pensar, 2 a 1 para o Sawyer), que estava tentando fugir por ter matado algumas pessoas que feriram seu irmão e ameaçava sua familia. Sun entra no hospital e fica horrorizada ao ver Locke e Jack o reconhece.

“Ora bolas, isso é destino”, dirão os mais entendidos. E eu pergunto: será? Jacob profetizou na temporada passada uma das velhas máximas que acredito “tudo que acontece até o fim é progresso” e eu ainda acrescento “se é que há de fato um fim”. E o Destino que aparentemente juntou estes personagens só aconteceu porque Juliet explodiu uma bomba para reencontrar Sawyer (livre arbítrio?), porque Jack queria mais uma chance com Kate (livre arbítrio?) Porque Kate queria Salvar Claire (livre arbítrio?) e assim por diante, e aí voltamos a confusão quando pensamos que estes mesmos personagens eram completos desconhecidos há pouco tempo (dificil gravar a ordem cronológica da série).

A realidade paralela é uma consequência da explosão da bomba (ou de algo que ocorreu na ilha depois da explosão)? Ou é o Destino nos mostrando que o que é pra ser, será?. E como podemos considerar como destino atos de um fruto de uma consequência (a realidade paralela), se a própria palavra consequência nos quer dizer fruto de uma decisão, que é a base do livre arbítrio?

E essa guerra na ilha que talvez mais retrate a ordem versus caos que os produtores falaram.

Nem tudo é branco e preto como o jogo de xadrez do Jacob e (f)Locke, e com isso sabemos que os possíveis aliados do (f)Locke (Claire e Sayid) foram convencidos a mudarem de lado (começa a fazer sentido as minhas baboseiras acima, certo?), mas ainda nem nós, nem eles na série, sabemos quem tem razão pra está fazendo o que está fazendo, e se há uma razão para isso.

Sawyer quer fugir com sua “nega e seus camaradas”. Bom sujeito este Sawyer, me lembra muito… Jack quando achava que sabia tudo que devia fazer na ilha.

Jack quer descobrir o proposito da ilha, dele mesmo, do céu azul e etc. Um segundo, será que Jack não morreu e Locke assumiu o corpo dele?

(f)Locke quer ir pra casa se acertar com papai (lembremos que ele também tem seu daddy issues). E notemos que o sábio (f)Locke não gosta de ser controlado, ou melhor dizendo, gosta de ter as coisas em ordem.

Widmore não tem grana pra comprar uma ilha pra ele e com isso quer pegar essa ilha que “não tem dono” a força, e isso não mostra o caos que vivemos onde tudo colocam um preço, ou tomam a força?

Aí alguem diz “ahh cara, fala sério, esse texto é mais sem lógica do que a série e seu monstro da fumaça, espírito assumindo corpo de outro e mandando matar, paraplégico voltando a andar, e por aí vai”.

Mas o que difere a série da nossa realidade? Pessoas estão se matando em nome de um Ser que pelo pouco que sei a única coisa que ele pediu (ou a principal coisa que pediu, como preferirem) foi ame uns aos outros. Pessoas que dizem ser videntes (e em alguns casos acertam), pessoas que dizem que alguém do mundo espiritual mandou fazer Ab… Infinita coisas para o nosso bem, ou em outros casos, dizem para fazermos Ab…. Infinita coisas para nos defendermos.

Eu vejo nester arcos de Lost a mesma jornada que fazemos diariamente, e com as mesmas falta de respostas aparente. E este episódio mostrou que não adianta acharmos que estamos certo sem nem ao menos sabermos o que é certo ou errado. E nem adianta acharmos que saberemos a verdade completa a respeito da coisa mais misteriosa e por isso mais valiosa que é a vida e este mundo em que vivemos.

Sawyer atual me lembra a Jack do início da série (sem a chatice exagerada), isso não quer dizer que Sawyer está errado ou que Jack estivesse errado quando a série começou, e sim que tudo que aconteceu com ele o levou a querer sair da ilha sem parar pra pensar nas consequências.

Jack até pensou em matar Locke devido as suas diferenças e agora o cita pra tomar suas decisões, e é por isso que se de fato Locke morreu, talvez não tenha sido em vão.

Lost - The Last Recruit

E não há um casal que possa exemplificar melhor a confusão que é a nossa vida e como o aparente caos pode nos trazer a ordem de volta como Jin e Sun. Lembremos deles quando caíram na ilha, e acompanhamos a jornada deles dentro da ilha “separados”, juntos e separados, e ao vê-los felizes por se reencontrar no meio do caos, fica claro, ou ao menos me faz pensar, que pouco importa quem está certo entre a ciência, fé, destino, livre arbítrio, ordem, ou caos, e sim que a jornada é que importa, e aquilo que aprendemos nela é o nosso progresso. E realmente não sei se algum personagem da série se deu conta disso, e talvez seja o maior mérito da série que através de toda esquisitice (loucura, confusão, historia pra boi dormir, etc), a série se propôs a fazer o maior estudo sobre seres humanos visto até então.

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  1. Eduardo - 27/04/2010

    Já era tempo de Lost emplacar um episódio que não se concentra em um personagem específico, e cuja sua maior função é avançar as tramas principais da série em passos largos. Paul Zbyszewski sabe escrever esse tipo de roteiro melhor que ninguém, como já havia mostrado em Jughead.

    Ninguém melhor que um montador pra dirigir um episódio que atira pra tudo quanto é lado. Stephen Semel sabe orquestrar isso com perfeição.

    A cena em que Sun reconhece Locke é evidência clara de como as realidades estão começando a bater.

    Detalhe interessante: desde o início das atividades interdimensionais de Desmond que os números 4 8 15 16 23 42 começaram a aparecer na realidade alternativa.

    Esse foi um dos raros episódios que teve tremendo posicionamento de peças no xadrez, deixando a resolução de lado. O final foi literalmente do nada.

    A reunião de Jin e Sun foi um momento bem merecido após 3 anos de separação. Outro detalhe que me chamou a atenção foi o pulo de Jack do barco. Foi um incrível parelelo a Sawyer, que pulou do helicoptero durante a fuga da ilha.

    Genial usarem Ilana na realidade alternativa, e finalmente podermos descobrir seu sobrenome. Faz sentido que todas as tramas paralelas na realidade alternativa eventualmente darão convergência com todos os personagens principais se reunindo antes do final.

    Ordem vs. caos é sem dúvida um tema central de Lost, estabelecido no piloto, quando Locke jogava gamão com Walt. Jacob tinha razão ao dizer que o que houvesse até o fim seria progresso.

    Algo que me impressionou muito foi a franqueza de Man in Black. Deixou claro pra Jack que foi a fé desesperada de Locke que levou o pobre coitado a própria morte.

    Confesso que eu já antecipava que Jack seguiria o caminho de Locke faz mais de dois anos. Era evidente que a disputa Homem de ciência vs. Homem de fé teria uma resolução, mesmo que de forma tão inesperada.

    Geralmente os atores de Lost são bem convincentes, mas não consigo levar as ameaças de Zoe a sério. Só levei quando os mísseis começaram a cair.

    Por final, é bem óbvio que Sayid poupou Desmond. Só resta ver no que isso vai dar. Uma das minhas previsões pra cena final da série é que Jack sente na praia vendo navios no lugar de Jacob, e Locke chegue ao lado dele, dizendo que tem vontade de matá-lo.

  2. anderson - 27/04/2010

    Caramba, até me arrepiei ao ler essa Review. Incrível, parabéns!

    “a série se propôs a fazer o maior estudo sobre seres humanos visto até então.” Isso! exatemente isso!
    Óbvio que todos querem respostas aos diversos enigmas, mas o grande mérito da série são seus personagens. Poucas, raras séries desenvolveram seus personagens tão perfeitamente. è incrível você analisar a história deles ao logo de toda série.
    Ver no que a ilha os transformou. E nessa temporada você perceber que na realidade alternativa, eles se encontrariam e interfeririam na vida uns dos outros de qualquer jeito (destino?)
    So posso dizer que estou mega ansioso para esses últimos quatro episódios e que Lost escreveu seu nime na história do entretenimento mundial.

  3. Raphael Pinheiro - 28/04/2010

    Ideia do review boa, execução nem tanto. O Paulo parece ter escrito as coisas à medida em que surgiam na cabeça e certamente não revisou depois, pois ficou meio deselegante e com vários erros de digitação. Mas pelo menos abordou o cerne da questão.

    Só preste mais atenção da próxima vez!

  4. Cristiane Martins - 28/04/2010

    Lindo Review, com muita coerência nas suas palavras, que nos mostrou que ao longo das seis temporadas, vimos exatamente fatos como na nossa vida cotidiana.
    Decisões que tomamos e nos leva a achar que de fato isso é o certo, mas estamos realmente certos???
    Lost é uma série fascinante que mostra personagens sendo transformados, não apenas Jack mas Hurley, Benjamin, Sawyer, que através de seus sofrimentos e história de vida mudaram a forma de agir e pensar.
    Muitos ficam cobrando respostas de Lost, mas não conseguem ver o melhor da série, os personagens que foram muito bem construídos por seus atores, além de uma boa equipe de roteirista e diretores.
    Esse epi?odio foi de fato o salto de fé de Jack, um homem que sempre fez o que era certo(para ele), e que viu um vazio imenso que sua vida se tornou, por ter tomado decisões erradas, lendo o seu review penso no John Locke, como ele queria saber todos esse segredos da ilha que Jack viu, o grupo Dharma, o Templo dos Outros com sua fonte curativa,o Farol de Jacob, ele é o personagem que mais sinto falta nessa temporada, afinal tenho dúvidas se o John da realidade alternativa não seja o Man in Black, que consegiu através da explosão da bomba sair da ilha e viver como John, pode ser loucura mas explicaria todos terem vidas opostas do que vimos na realidade original.
    Quando a série acabar, e analisarmos ela ao todo veremos o que os criadores realmente queria com a saga dos losties.

  5. Paulo Serpa Antunes - 28/04/2010

    Paulo,

    Achei tua resenha brilhante, tua melhor nestes cinco, seis anos colaborando com o TeleSéries.

    Peço desculpas, como editor, se minha revisão não esteve a altura do teu trabalho.

    E sinto também pelo problemas técnicos dos últimos. Mais gente merecia ter lido este texto.

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