Review: Law & Order: Special Victims Unit – Persona


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Law & Order: Special Victims Unit - PersonaSérie: Law & Order: Special Victims Unit
Episódio: Persona
Temporada: 10ª
Número do Episódio: 210 (10×08)
Data de Exibição nos EUA: 25/11/2008
Data de Exibição no Brasil: 27/1/2009
Emissora no Brasil: Universal

Após ouvir as (coerentes) críticas a Wildlife no último texto, eu me dei conta do quanto a simplicidade é a melhor amiga de SVU. O início de Persona nos trouxe o ordinário caso de uma mulher continuamente espancada pelo marido e conseguiu atingir em cheio as emoções do telespectador ao ser duro, real, cru e extremamente trágico. Nada de ação desenfreada, de esquemas complexos ou de pessoas devoradas por hienas (ops!). Tudo se resumiu ao terror e indignação perpétuos que qualquer ser humano decente demonstrará perante as palavras violência e estupro. Em termos criativos, essa é uma fonte que não seca e a série poderia ter mais dez temporadas. O choque permanece.

A trama envolveu, sentimos o tormento da vítima, a indignação da Olivia, a amamos pela sua determinação e insistência no caso, nos encolhemos no sofá quando a pobre mulher foi esfaqueada e, por último, sofremos diante da impotência e culpa no rosto da Benson. Dos episódios já exibidos desta temporada, este se igualou a Confession no quesito cena perturbadora.

Após todo o drama bem executado, a narrativa se voltou para a vizinha da vítima, uma ex-presidiária foragida há 30 anos. Embora a trama tenha saído do ordinário a partir daqui, achei o episódio satisfatório, além de que a participação da sempre ótima Judith Light no papel da ácida juíza/promotora Elizabeth Donnelly é sempre bem vinda e pudemos vislumbrar um pouco de sua história.

A gentil e prestativa senhora que auxiliou nossos detetives no caso de abuso se vê na mira da polícia quando seu passado vem à tona. Idealista, fugiu de casa cedo e se casou com um militante/poeta revolucionário e posteriormente se viu presa numa relação abusiva e degradante, resultado da depressão e do alcoolismo em que seu marido mergulhara após seu fracasso como escritor. Agredida e humilhada diariamente em todos os sentidos, sem ter para onde ir ou como se sustentar numa sociedade machista e patriarcal, ela se vê a beira da loucura. Nem a polícia nem o julgamento da sociedade estavam ao seu lado (estupro por um cônjuge era algo fora de questão), o que tornava ainda mais impossível a chance de se livrar do pesadelo. Num momento de fúria e desespero cegos, ela descarregou uma arma em seu marido enquanto este dormia tranquilamente ao seu lado depois de estuprá-la pela enésima vez. Ainda em estado de choque, ela permaneceu com os olhos fixos no corpo e mal percebeu que a polícia já havia chegado, arrombado sua casa e a levado presa em flagrante.

Dias depois, uma carta chega ao escritório da (na época) recém chegada promotora Elizabeth Donnelly. Trata-se da súplica de uma ré, que quer se declarar culpada apesar dos atenuantes e precisa comunicar fatos relevantes à promotoria. Liz, mulher justa que é, concede uma audiência à acusada em seu escritório. O grande problema é que ela escapa pela janela do banheiro e põe a reputação e competência da promotora em maus lençóis, fato que prejudicou seus interesses profissionais e contribuiu para a sua difamação no ‘Clube do Bolinha’.

Trinta anos depois, quando a foragida finalmente veio à luz apesar do nome falso que viera utilizando, Donnelly imediatamente se oferece como promotora do caso e ordena que Olivia a prenda sem questionar. Tendo suas intenções questionadas pela detetive, Donnelly pede à Olivia que não se deixe iludir por uma manipuladora, como ela ingenuamente foi.

Law & Order: Special Victims Unit - PersonaA inclusão de Judith Light como personagem recorrente a partir da terceira temporada foi um fator que contribuiu significativamente para o que eu considero os anos dourados dos tribunais em SVU. Chefe da promotoria da Unidade de Vítimas Especiais, ela protagonizou momentos icônicos na série ao lado de Stephanie March. Os debates e desentendimentos acalorados entre ambas, relativos aos casos polêmicos e às suas diferenças políticas sempre brindaram o telespectador com momentos tensos e inteligentes. Ela é uma atriz fenomenal e sua expressão seca, forte e intimidante acrescentam uma aura inesquecível à personagem.

Ah, e a Greyleck continua tendo uma participação pífia na série, né não? Andei lendo alguns fóruns americanos e a moça não é muito querida por lá… Será um reflexo da rejeição da personagem? Provavelmente.

Prevendo a empatia do júri pela acusada, Donnelly joga pesado na desconstrução da imagem de ‘mulher indefesa’ e investe na construção da ‘mulher vingativa’. No entanto, quando a ré declara que estava grávida do monstro que a violentou por tanto tempo e que a reunião que ela solicitara anos atrás envolveria um pedido de aborto – que ela sabia que seria negado, afinal os tempos eram outros – a promotoria vê seu caso ruir perante a comoção dos jurados. Declarada inocente pelo assassinato, porém culpada pela fuga da justiça, a acusada vê sua vida reconstruída ruir novamente, culminando com o abandono do seu atual marido, de quem ela manteve seu passado intacto por tantos anos.

Errata: No texto anterior mencionei que o próximo episódio seria PTSD, quando na verdade Persona seria o correto.

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  1. Kate - 04/02/2009

    Oi Romão ,
    Pensei que por causa das críticas tivesses desistido das reviews. Que bom que estava errada!

    Esse episódio pra mim foi “so so”. Eu não sou muito fã quando um determinado episódio muda de foco ou transfere as atenções de um personagem A pra outro B em um mesmo episódio. Coisa minha mesmo. E foi isso que aconteceu. Imaginava que o episódio todo iria decorrer por causa da mocinha espancada e mesmo depois de morta pensei que algo pudesse prejudicar a prisão do marido e talz. Mas aí o novo foco foi a senhora que havia matado o esposo anos atrás . Até foi interessante mas senti um incômodo desse arco de 180º. Nota 6

  2. Ana - 04/02/2009

    Oi Angelo.
    Esse episódio foi mais ou menos. Quando mudou o arco, eu só fiquei pensando: mas e a defesa do marido que matou a mulher? E o que a vizinha dos dois tem a ver com tudo isso (culpo totalmente o sono… que me deixa mais lenta do que o normal).
    No mais, o que mais me agradou, foi ver a Judith Light, agora como promotora e também a pontinha da Kelly ‘Emily Gilmore’ Bishop.

  3. Ângelo Romão - 04/02/2009

    Kate,
    nada disso. O Review atrasou um pouco porque só pude assistir a este episódio na reprise do domingo. Estava viajando…

    Ana,
    a participação da minha amada Kelly Bishop foi tão mínima e sem importância que eu até esqueci de mencioná-la!

    Quando a Cabot voltar, espero muito uma nova interação entre ela e a Donnelly. Um dos vários momentos inesquecíveis entre as duas ocorreu num episódio da 3ª Temporada chamado ‘Adolescentes’. Elas dividiram a apresentação do caso e mandaram dois garotos, de 12 e 14 anos, para a cadeia por latrocínio. Fortíssimo o julgamento!

  4. Ana - 04/02/2009

    Angêlo.
    Eu pulei do sofá quando a vi. Fiquei MUITO feliz ao vê-la ali.

  5. João da Silva - 04/02/2009

    Não sei como tem gente que não gosta da Kim Greyleck. Ela foi uma excelente novidade desta temporada.

    Eu gostei deste episódio.

  6. Renata Simone Braga - 04/02/2009

    Gostei deste episódio, apesar de ter achado ele meio ¨morno¨. Quanto a Greyleck, mesmo gostando dela, ainda acho que ela não encontrou seu espaço na série. Sinto a falta da Casey e acho que a saída dela foi um erro.

  7. Ana Maria - 04/02/2009

    Gostei do episódio apesar do mesmo abordar em duas histórias um tema recorrente em SVU: estupro e violência do homem(marido) contra a mulher(esposa).O que chamou minha atençao na 1ª história foi o comportamento de Olívia que ficou de prontidão na casa ao lado,à espera do ataque do marido agressor.Sua dedicação ao trabalho chega a ser comovente. Ela é realmente uma workholic e sua vida parece não ter espaço para mais nada. A 2ª história apesar de ter menos ação me pareceu mais comovente e a atriz( qual o nome dela mesmo? que fez a esposa violentada foi maravilhosa.Foi um episódio onde ficou mais uma vez evidenciado a solidariedade e comprometimento da Olívia para com a dor das vítimas.Quanto a nova promotora sua participação foi muito discreta nestes dois últimos episódios.Mas em SVU raramente as promotoras merecem um maior destaque com exceçao de alguns poucos episódios.Nada contra a Kim Greyleck mas estou aguardando ansiosa o retorno de ALex Cabot para mim a melhor de todas.Acho que ela compõe com o restante do grupo uma equipe mais coesa e afinada.

  8. Fernando dos Santos - 04/02/2009

    Gostei deste episódio por ter aquela típica reviravolta de SVU, onde um caso termina na metade do episódio mas a investigação deste acaba levando a outro que vai ocupar a segunda metade.

    A atuação da Donelly como promotora neste episódio,fez até a Kim parecer a pessoa mais flexível do mundo.Talvez tenham feito isto pra tentar reduzir a rejeição do publico pela Greyleck.

  9. Li - 05/02/2009

    Que bom que vc voltou Angelo! Espero que a sua viagem tenha sido ótima!
    Sobre SVU sou suspeita, é minha série preferida, é claro que alguns episódios são melhores que outros, mas, esse em especial gostei muito!
    Espero que a NBC renove SVU para um anova temporada e que Mariska e Meloni permaneçam, sem eles SVU não teria sentido!

  10. Vitória - 05/02/2009

    Adorei o episódio. Agora, sinceramente, não gosto dessa nova promotora.Acho que é uma questão de empatia. Até mesmo sua beleza que achei impactante no início, já acho aborrecida. Em contrapartida a cada episódio mais “me apaixono ” pela Olívia. O personagem é fascinante e comovente. Torço para que ela encontre um amor verdadeiro e seja feliz.

  11. João da Silva - 05/02/2009

    Se a beleza da Michaela McManus é aborrecida, nem quero imaginar como é alguém que não tenha beleza aborrecida. Acho que a Michaela é uma das atrizes mais bonitas da TV no momento. E ainda é boa atriz, não é somente bonita.

  12. Ângelo Romão - 06/02/2009

    Li,
    a viagem foi ótima, sim. E ainda vi a Alanis Morissette de pertinho! Obrigado.

    Fernando,
    a Donnelly sempre foi osso duro de roer. E eu a adoro por isso 🙂

    Ana Maria e Vitória,
    tem como não amar a Olivia depois de vê-la sentada no chão de tocaia, tudo pela segurança da vítima? Vocês disseram tudo.

    João da Silva,
    apesar de amar a Cabot e sentir falta da Casey, eu não tive problemas de aceitação com a Greyleck. Simpatizo com ela.

    Em breve, o Review de PTSD e uma análise deste novo arco para a Olivia.

    Abraço.

  13. Ângelo Romão - 10/02/2009

    Só dando uma satisfação a vocês:

    Por motivos de força maior, o review de PTSD vai sair na manhã desta quarta-feira (11/02).

    Abraço.

  14. Paulo Antunes - 16/02/2009

    Assisti só agora Persona. E, bah, acho que eles exageraram esta semana na lead in story. Metade do episódio era uma coisa, outra metade outra…

    Gostei do início, com a ótima Clea DuVall e gostei do ranço da personagem da Judith Light no final.

    Mas a personagem da Brenda Blethyn me irritou, com aquele tom de voz choroso dela…

  15. Leonardo - 16/09/2009

    Kim Greylek pode sair da série que ninguém vai dar falta… essa, decididamente, não caiu no meu gosto (e de muitos outros, provavelmente).

    Ah, sim… episódio MUITO bom. Apenas fiquei chateado com o fim, mas já era de se esperar. Ninguém pode ser enganado por tanto tempo e perdoar de uma hora pra outra, perdão não é Miojo que vc joga água e tá pronto na hora.

    Interessante que no mesmo dia (15/9) passou um episódio da primeira temporada onde ela e o Elliot encontram um ex-SVU e o cara diz pra aprender a escolher os casos pra não pirar… ela sai do bar do cara revoltada.
    “Persona” só reforçou esse lado da Olivia, de se dedicar as vítimas não importando o caso.

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