TeleSéries
Review: Friday Night Lights – The Son
31/07/2010, 19:48. Vinícius Silva
Reviews
Friday Night Lights
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Série: Friday Night Lights
Episódio: The Son
Temporada: 4ª
Número do Episódio: 55 (4×05)
Data de Exibição nos EUA: 2/12/2009
Data de Exibição no Brasil: 30/7/2010
Emissora no Brasil: AXN
Ao longo desses cinco anos os quais acompanho as séries escrevendo para o meu blog e para o TeleSéries, foram poucos os episódios em que fiquei realmente abatido. Apesar de eu ser uma pessoa que sempre acredita nesta ebulição de sentimentos sensíveis (uma questão de personalidade minha mesmo), não é com toda estória que me emociono ou que fico realmente triste. Lembro que isso aconteceu com One Tree Hill, cujo episódio Who Will Survive, and What Will Be Left Of Them representou o enterro de Keith Scott e os estágios do pesar sofridos pelo seu sobrinho, Lucas Scott. Pois The Son acaba de entrar para essa lista. Quando Friday Night Lights anunciou que o pai de Matt Saracen havia morrido, eu já estava esperando um episódio carregado de emoções, de dramas e de cenas inesquecíveis. Eu só acho que não estava preparado para conseguir suportar toda essa dor que os personagens viveram na série.
E qualquer espectador deve ter sentido isso, porque o mérito dos atores (e do elenco, de uma maneira geral) é muito grande em saber passar tudo isso que eles estavam sentindo, o luto que eles estavam passando. E foi assim durante os quarenta e quatro minutos que o episódio teve. E fiquei durante esse tempo procurando maneiras de escrever e de conseguir retratar aquilo que eu também estou sentindo, quebrando uma das minhas regras que é nunca deixar transparecer o que eu sinto para os meus leitores.
O pai de Matt apareceu em alguns episódios na primeira temporada. Entretanto, este sempre foi o propósito da série. Sem conseguir lidar com o fato de ter criado uma família e de cuidar da mãe que estava começando a apresentar sinais de demência, ele resolveu se alistar no Exército e durante vinte anos serviu o seu país. Tentou retornar algumas vezes, mas ele não conseguia voltar a viver em sociedade. E isso que aconteceu com o pai de Matt é extremamente comum entre os soldados americanos que tentam voltar. Diversos filmes já foram feitos relatando este problema que eles tinham enquanto estavam na guerra, inseridos em um outro contexto. Foi assim em A Volta dos Bravos, no recente Entre Irmãos, e também em algumas cenas do ganhador do Oscar Guerra ao Terror. O filme da diretora KathrynBigelow, tem um momento que representa muito bem isso: quando a mulher de Will pede para que ele escolha algum cereal no supermercado. Mas, ao perceber o número de opções que tinha, ele não consegue escolher e ele percebe que a sua vida está mesmo na guerra.
O destino, então, fez com que o pai de Matt pisasse em uma mina e morresse. Ele morreu lutando e fazendo aquilo que mais gostava. Mas, para Matt, tentar entender isso só faz com que o “ódio” por seu pai aumente ainda mais. Ao falar sobre os momentos que ele perdeu, como os aniversários, as partidas de futebol e a sua infância, Matt tenta compreender o pai. Em boa parte do episódio ele consegue segurar o seu choro e demonstra uma força que eu não estava esperando. Mas bastou ver o que restou do corpo do seu pai no caixão,para que ele percebesse que aquela pessoa que ele nunca conheceu direito, havia partido sem nem se despedir. Zach Gilford, um ator que já comentei em outras resenhas com um talento e um futuro promissor, toma o episódio para si e sensibiliza quem assiste com uma interpretação marcante (talvez a sua melhor dentro da série). O jeito de falar, o jeito escondido de se comportar e a maneira com a qual ele olhava para os lados sem saber exatamente para onde ir, fez com o espectador também sentisse e compartilhasse da sua dor.
Eu não sei exatamente como é perder um ente querido. Eu não sei o que eu iria fazer se por acaso meu pai morresse. No livro O Senhor dos Anéis: As Duas Torres, o Rei de Rohan fala que um pai nunca deveria ter que enterrar o seu filho. Mas como deve ser para um filho enterrar o pai? Existe uma “ordem natural” para que essas coisas possam acontecer? É difícil lidar com isso, é difícil pensar nisso. A única coisa que consigo acreditar é que, vendo Matt passar por isso, me deu uma vontade de aproveitar muito mais os momentos que tenho com o meu pai e com a minha família. Deixar de brigar por coisas pequenas e dar valor às coisas que, mesmo parecendo pequenas, podem significar e representar muito para o resto de nossas vidas.
E mesmo não conhecendo o seu pai, Matt precisou falar no enterro para os familiares e amigos que estavam próximos. Como ele poderia dizer alguma coisa se nem ao menos o conhecia direito? Ele resolveu contar uma estória de quando tinha seis anos, com os seus pais ainda casados e eles vivendo como uma família. O importante é que Friday Night Lights não soou piegas ou caiu em clichês. A série mostrou com sabedoria o sentimento que expulsamos pra fora no momento de dizer “adeus” para alguém (e isso não quer dizer apenas na hora da “morte”).
Como eu passei o episódio inteiro procurando uma palavra (ou uma frase) para tentar definí-lo, acabei me debruçando nas palavras de William Shakespeare, a partir de uma citação que admiro bastante. Certa vez, ele escreveu que “amor não é amor que se altera quando encontra alteração. Ou uma marca rígida. que aparece em uma tempestade e nunca se abala. Amor não se transforma de hora em hora, mas surge mesmo à beira da morte”. E quando Matt preferiu ele mesmo enterrar o seu pai, jogando a terra em seu caixão, foi talvez a maneira que ele encontrou de demonstrar amor e respeito a uma pessoa que ele não teve a oportunidade de conhecer direito, mas que o amava do jeito particular e único que ele tinha.
O episódio teve outros momentos, como a boa partida dos Lions (mesmo saindo derrotados) e as brigas entre JD McCoy e Cafferty. Contudo, The Son era pra ser (e foi) centrado em Matt Saracen. E ele não decepcionou. Talvez a cena mais emblemática deste capítulo é quando ele tenta jantar na companhia da família Taylor. E ele não consegue comer, mas diz que sempre tentou ser a melhor pessoa que ele poderia para os pais da sua namorada e, principalmente, para Julie. E eu acredito que estamos a todo momento tentando ser pessoas melhores para aqueles que amamos.O importante é nunca deixar de tentar, por mais que a vida nos coloque em situações difíceis e complicadas. The Son é um episódio que ficará para sempre marcado no meu coração, representando um dos grandes momentos desta série fantástica.
* * *
Adaptado de texto publicado originalmente no weblog Sob a Minha Lente.
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A atuação do Zach Gilford foi, sem dúvida, a melhor que eu vi de um ator de sua faixa etária nos últimos tempos.
Excelente review! Sobre o episódio, bom, você já falou tudo – foi emocionante.
P.S: Essa frase do Shakespeare já foi usada em One Tree Hill :p
Melhor da temporada até agora. Zach Gilford me surpreendeu positivamente. Sempre o achei um bom ator, mas hoje me considero seu fã. É dificil comentar sobre um episódio que mexeu com tantas emoções minhas, mas que esse review expos com uma competencia impressionante. Um episódio centrado no jovem Matt Saracen no qual mostra o drama de cada um com seu luto. Não importa quão presente tal pessoa tenha sido na sua vida, é sempre dificil dizer adeus. Ao assistir esse episódio, remeti imediatamente ao da quinta temporada de Dawson’s Creek, onde o personagem principal vive um drama parecido, mas que Friday Night Lights conseguiu expor, melhor do que todas as outras séries, o drama de perder um ente querido. Parabens a essa série expetacular. Clear eyes, full hearts, can’t lose!
Acabei de assistir, na reprise. Waal. Fazia tempo que eu não chorava tanto.
O Matt escolheu ficar com a avó e a Julie, não ir embora para a faculdade. Fez o caminho inverso do pai, que foi embora, sempre esteve longe. Mas na hora em que ele está bebendo e jogando com os Riggins e o Landry, ele mostra toda a sua amargura com suas próprias escolhas quando diz que o pai deixou uma mãe senil, uma mulher divorciada e um filho entregador de pizza. Ele quase cospe essas palavras finais, “entregador de pizza”. Foi outro momento impressionante do Zach Gilford.
Ficou muito emocionada com esse episódio, todo ele.
Merecidíssima a indicação de Rolin Jones ao Emmy melhor roteiro por esse belo episódio. Por melhor ator que Zach Gilford seja (e nesse episódio ele arrasou mesmo), duvido muito que ele tenha improvisado falas tão bem escritas como as de Matt no jantar na casa dos Taylor.
Nao tem jeito. Esse foi um dos melhores episódios de FNL. Zach Gilford arrasou, e a injustica de nao te-lo no Emmy é enorme. O que dizer do desabafo de Matt no jantar dos Taylor? E, o que dizer do fato de ele nao ter o que falar do pai no enterro desse, já que ele nunca o conheceu? Episódios como esse me convencem, cada vez mais, que FNL nao é uma série teen, e sim um drama da melhor qualidade.
Eu choro toda vez que assisto esse episódio =~
Nossa !!!
Que episódio hein ?
Excelente , um dos melhores que eu já vi.
O Zach Gilford deu um show.
Chorei muito neste episódio. A cena do jantar na casa dos Taylor e a do final me emocionaram demais.
Concordo contigo Vinicius, FNL é uma série fantástica mesmo e excelente review . Parabéns !!!
Também adorei esse episódio … Perfeito !!!
Amei a interpretação do Zach Gilford (Matt), ele arrasou, digna de uma indicação ao Emmy. Foi emoção pura !!!
Pelo menos podemos nos contentar com as merecidas indicações ao casal Taylor … eles tb são demais.
Tb concordo que FNL não é mais uma série teen …
O produtor/roteirista Rolin Jones mereceu muito essa indicação, ainda mais este sendo seu primeiro roteiro pra série. Foi um dos episódios mais bem escritos e estruturados que eu já assisti. Ele foi um dos melhores achados pra equipe após a saída de Liz Heldens e David Hudgins.
Zach Gilford sempre dominou Saracen de forma brilhante, principalmente na dificuldade que o personagem tem de se expressar. A forma como ele lidou com a morte do pai rendeu momentos brilhantes na camera.
Friday Night Lights sempre teve de balancear o lado do esporte com os dramas dos personagens que ocorrem por fora. O quarto ano, por sinal, foi um dos mais difíceis para Katims e os roteiristas, levando em conta a entrada de novos personagens, assim como a despedida de antigos, e ainda trilhar o caminho dos East Dillon Lions. E o fato de terem somente 13 episódios foi outro desafio. Impressionante como conseguiram. The Son foi a grande obra-prima da temporada, junto com os dois episódios finais.