TeleSéries
Review: Californication – Fear and Loathing at the Fundraiser
30/11/2007, 09:03. Osório Coelho
Reviews
Californication
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Série: Californication
Episódio: Fear and Loathing at the Fundraiser
Temporada: 1ª
Número do episódio: 4
Data de exibição nos EUA: 3/9/2006
Data de exibição no Brasil: 27/11/2007
Emissora no Brasil: Warner
“Here we are now
Entertain us
I feel stupid and contagious
Here we are now
Entertain us
A mulatto
An albino
A mosquito
My libido…”
Quando Kurt Cobain compôs Smells Like Teen Spirit ele mirou na estrutura bolorenta que comandava, à época, o showbiz e suas criações insípidas e inodoras, fadadas à morte prematura, mas, com a aquiescência de um público imbecilizado, ganhavam – e continuam ganhando – uma sobrevida no cruel mundo mainstream. Tudo isso foi duramente criticado por Kurt Cobain, que não suportando o próprio sucesso, espalhou seu cérebro pela parede, não sem antes remeter ao grande Neil Young com a frase retirada de seu clássico Hey Hey My My (Into the Black): “it’s better to burn out than to fade away”.
Hank, portanto, ao ser confrontado pelo ex-amante (?) de sua namorada, responde que hoje, ao escrever em um blog, pelo fato de não ter nenhuma inspiração para um livro, entretém as pessoas, revelando um profundo fastio por seu novo trabalho, corroborando o que Kurt Cobain preconizou há mais de uma década.
A cultura dos blogs acabou por revolucionar a caquética forma de comunicação, onde a agilidade, a percepção e uma certa dose de sorte conseguiram formar uma nova horda de pessoas que influenciam – positiva ou negativamente – a sociedade. Basta separar o joio do trigo. Hank ainda não percebeu a poderosa arma que tem a seu dispor, mas nota-se uma prosa niilista e transgressora ao estilo Will Self e Chuck Palahniuck, contrapondo à açucarada adaptação de seu livro.
Existe ainda um crescente desprezo de Hank pelo mundo de plástico, irreal de Los Angeles, personificado nos seus habitantes, motivo de chacota sobre as incoerências de arrecadações contra o aquecimento global, e materializado na citada arquitetura fascista, que descarta as relações humanas, tornando-se, ao invés de uma cidade, uma mera construção sem face. É o próprio retrato da cidade, descaracterizada pelo glamour, que solapa o homem em favor de uma visão excêntrica e sem substância.
Paradoxos foram colocados à mesa no episódio, já que Becca, cria de uma geração alienada, filha de um (ex) casal desfuncional, é muito mais madura do que Mia, filha de pais que, supostamente, são politicamente corretos, seguros e estáveis. Perigosamente, o roteiro coloca como sendo muito mais cool ser filho de um pai que não respeita nenhuma regra, ao passo que uma vida equilibrada gera filhos que não estão prontos para uma vida normal na sociedade. São convenções tortas que estabelecem uma curiosa relação cruzada entre as duas famílias.
Por outro lado, Hank tem a oportunidade de revelar uma face desconhecida até então, em outro paradoxo que mostra, cada vez mais, a capacidade magnética de fazer com que todos girem ao seu redor, mas em busca se tornarem pessoas melhores, depois de mergulharem em um turbilhão de bobagens. Seu editor tomando lições de como salvar seu casamento, sua filha querendo se livrar das garras frias e insossas de sua nova família e, principalmente, sua namorada, que é conduzida e ajudada por Hank após uma noite de bebedeira.
Fica a sensação de que há salvação para uma vida desregrada como a de Hank. A estrutura opressiva da cidade, agora se estabelecendo como sua kriptonita pessoal, desvirtua e arruina relações, carreiras e vidas. A fase Yusuf Islam fica para trás, e, se alguém prestou bastante atenção nos diálogos iniciais, viu que ele citou Zevon, como uma palavra de cinco letras para “Excitable Boy”. Ele é Warren Zevon, cantor/compositor morto pelo câncer em 2003, que morava em Los Angeles e era conhecido pela verve irônica. Uma de suas composições, “The Hula Hula Boys”, foi extraída de um livro do escritor gonzo Hunter S. Thompson, que teve o título de seu livro “Fear and Loathing in Las Vegas” como referência para o nome deste episódio.
Hunter S. Thompson, assim como Kurt Cobain, se suicidou com um tiro. O círculo se fecha. Está na hora de decisões, Hank.
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Osório, se esforce um pouco menos!
Abraço!
Osório:
É mesmo: no começo da série, Hank queria passar a imagem de que era um debochado em tempo integral, mas, no íntimo, ele sente e fica penalizado com a dor do outro, profundamente.
Ah, adoro a riqueza de referências culturais das suas reviews.
Gostei muito do review. Não se esforce menos, não. =)
O que mais gosto no Hank é esse desprezo pela vida de LA, mas ao mesmo tempo tão dependente dela. Gostei desse Hank mais humano, mas espero que não exagerem muito. E adoro as citações pop da série, e de quebra, do review.
Alguém sabe quantos anos tem a atriz que faz a Becca?
Como comentou alguém outro dia, a vida é um clichê, tudo que o Hank quer é voltar à vidinha de casado, que deve ser ótima é claro, (assim como seu amigo que se borra todo de medo de trair a mulher), o que não vai ser difícil se os produtores continuarem a fazer do atual companheiro da sua ex mulher o anti-macho e o Hank o defensor garanhão das mulheres.
o mais genial são as referências q vc consegue perceber.
a série começa a ganhar corpo agora, li alguém falando sobre clichê, eu gostaria de saber qual série não tem um clichê? eu até arriscaria em dizer BSG, mas sei la, sou mto fã e provavelmente alguém encontre um clichê q eu deixei passar. pra mim, as duas melhores séries da atualidade, FNL e Dexter, tem clichês e não é por isso que a temporada dessas séries serão ruins.
eu lembro q qndo assisti californication, foi apartir do quinto episodio que comecei a dizer coisas do tipo “que série foda”, “poha, podia ser eu no lugar desse Hank”.
faltou destacar o relacionamento q a cada episodio fica mais forte entre Hank e a filha dele, alias, poucos perceberam isso, mas Beca é a unica que ainda acredita e quer o pai dela.
aquela cena final dos dois no telefone foi mto tocante, até porque pouco tempo atras Hank soube q a mulher que ele namora o considera um passa tempo, alguém q nao se pode ter alguma coisa séria. e mesmo distante, Beca estava la pra fazer companhia ao pai.
O mais genial é isso tudo.
Hank tem uma mascara, usa seu sarcasmo e ironia como defesa para que o Hank “verdadeiro” não fica tão a vista. hank realmente se preocupa com as pessoas, mas não com todo mundo, se preocupa com sua “namorada” e a defende, no fundo ele sabe o que vai acontecer, mas ele, que está sem amor-proprio, usa o amor que tem de sobra para ajudar quem ele gosta.
Hank faz o tipo de cara que protege a parceira, ao contrário de Bill que é um cara muito mais consciência. Isso é algo que depende de mulher-para-mulher, mas sua ex-mulher que esta acostumada demais em fazer o que bem entende e depois ter hank para defende-lá, se vê diferente quando Bill entra em ação. As diferenças entre Bill e Hank são cada vez mais visíveis e isso a poe em duvidas.
Abraço
Gosto de Californication e tenho uma curiosidade.Será que o criador da série se inspirou mesmo que vagamente em Henry Chinaski personagem e alter-ego do escritor Charles Bukowski, para criar o Hank?
A questão é: até que ponto Karen estaria disposta a ir? Sair de uma vida chata e encarar uma montanha-russa? Não dá para ter as duas coisas. Acredito que à medida em que Hank se torna mais responsável sua vida vai entrando nos eixos. De qualquer forma ninguém entende as mulheres mesmo…
Faz tempo que vi esse episódio. Mas se não me engano é aquele que o amante da namorada de Hank chama ele de “loser”. A expressão de Hank foi a coisa mais foda que teve nessa temporada. Aqui faço uma pausa prá elogiar Duchovny. Cheguei a engolir seco por ele. Continuando, parece que tal crítica tocou-lhe fundo. Poucas vezes ele aparece tão abalado. Nem naqueles porres em que filosofa. Nesse momento eu venerei os criadores da série: quantas pessoas nessa vida a gente sabe que têm talento mas as oportunidades ou as circunstâncias não as favorecem??? Bem vindo ao meu mundo Hank!
Osório…esses seus reviews me deixam tontinha!Fico me sentindo tão burra…hehehe
Continue assim!!!
Cara…já comentei em outro tópico que adorei o Hank desse episódio!E a ex-mulher dele tb tá repensando a coisa toda.Ela até falou que o Bill não faz nada sem pensar antes, quando a Becca perguntou sobre o Hank e tal.
Duchovny está muito bem no papel. Sinceramente não pensei que fosse elogiar a atuação dele(apesar de ser uma fã enlouquecida de Arquivo X, nunca o achei grande coisa como ator),mas…estou prester a morder a lingua.