TeleSéries
Review: Californication – California Son
07/03/2008, 10:23. Osório Coelho
Reviews
Californication
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Série: Californication
Episódio: California Son
Temporada: 1ª
Número do episódio: 8
Data de exibição nos EUA: 1/10/2006
Data de exibição no Brasil: 4/3/2008
Emissora no Brasil: Warner
Nas relações entre pais e filhos é mais o respeito que domina. A amizade nutre-se de comunicação, a qual não pode estabelecer-se nesse domínio em virtude da grande diferença que entre eles existe, de todos os pontos de vista;
Assim escreveu Michel de Montaigne no texto “Da Amizade”, retirado dos seus Ensaios, Livro 1, e que se adequa aos sentimentos difusos de Hank sobre seu pai, apresentado, de início, como um “amigão” do filho: aquele pai que, apesar de ter tido uma convivência difícil com sua família, ainda paira sobre sua vida como uma sombra opressora, difícil de ser apagada. Nota-se o retrato do pai no filho, já que as atitudes, em uma forma menos amplificada – talvez pela idade – são praticamente as mesmas. O olhar sobre seu próprio umbigo. Uma visão particular do mundo, como se as regras não valessem para a família Moody. Uma batalha de um homem só.
Mas não foi só isso que Montaigne quis dizer. Não é possível coexistirem amizade e respeito em um ambiente envenenado, no qual a eterna batalha por espaço e atenção, vista no embate entre um casal que clama por uma vida íntima, mas sofre por ter sido tragado pela cidade opressora e vazia que é Los Angeles. Nova York surge como um contraponto a essas questões, como um Eldorado já descoberto, mas, assim como o pai de Hank, que vive impondo sua presença libertadora (?). É essa a liberdade que pode salvar a família de Hank e livrá-la da separação?
a esse intercâmbio de idéias e emoções poderia por vezes chocar os deveres recíprocos que a natureza lhes impôs, pois se todos os pensamentos íntimos dos pais se comunicassem aos filhos, ocorreria entre eles familiaridades inconvenientes.
Hank, na verdade, não conhecia seu pai, assim como ele não conhece a si mesmo. A capa do amigão desaparece, mostrando uma pessoa amargurada, que encontra paz no sexo, na bebida e nos prazeres tão comuns à vida de Hank. O que é surpreendente é o amor incondicional que parece existir dentro de um coração corrompido pela vida, soterrado pela desconfiança que seu filho nutre – e confirma posteriormente – por seu pai. Há pensamentos paternos que, de acordo com Montaigne, destruiriam a relação pai/filho de respeito, trazendo uma intimidade nociva à relação. Descobrimos de quem Hank herdou a armadura emocional, que transforma uma pessoa em um ser inseguro, apesar do teatro que ele vive dia após dia, tentando negar tal condição.
Uma pessoa que, pelo menos, tentava ser centrado, preocupado – ainda que de uma maneira deficiente, como frisou Karen – com sua família. Tentava ser o pai e marido que o seu não foi. Mal sabia que as algemas já estavam fechadas sobre sua vida. Ele acabou tornando-se o Hank que nós bem conhecemos. Um ser anacrônico. Niilista. Amargo. Um ser que, assim como seu pai, tenta apagar as mágoas que vão se acumulando com sexo fácil e drogas, sendo afetado por sua morte de uma maneira tão forte, ainda que não reconheça, que acaba, mais uma vez, nos braços de sua ex-companheira. Duas vidas vazias. Uma, sem sentido: Hank. Outra, sem sal: Karen. O sexo é vendido como um escape, traduzido em uma cena seca, sem trilha-sonora e sem culpas. Ele acaba por descobrir que se tornara seu próprio pai.
Mais ainda: não podem os filhos dar conselhos ou formular censuras a seus pais, o que é, entretanto uma das primeiras obrigações da amizade.
A amizade, portanto, entre pais e filhos deve inexistir, em favor da convivência familiar, a falha constante da vida dos Moody. Confirmamos a personalidade insegura de Hank, ao declarar seu amor pela esposa – sem esperar retorno. Típico de quem não consegue desvincular-se de seu passado, viver o presente e vislumbrar seu futuro, tragando consigo sua família e amigos. E na incapacidade de ler uma carta, que poderia trazer à tona sentimentos ambíguos sobre seu pai. A necessidade do ódio é maior do que a liberdade do perdão.
Indiferença: sua vida pode ser resumida nesse adjetivo, não à toa, uma das qualidades de seu pai que mais irritavam Hank.
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Grande Osório,
Já que você não citou nenhum pérola da música pop neste review eu cito por você.
Pai!
Pode ser que daqui a algum tempo
Haja tempo prá gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez…
Pai!
Pode ser que daí você sinta
Qualquer coisa entre
Esses vinte ou trinta
Longos anos em busca de paz…
Pai!
Pode crer, eu tô bem
Eu vou indo
Tô tentando, vivendo e pedindo
Com loucura prá você renascer…
Pai!
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Prá falar de amor
Prá você…
Pai!
Senta aqui que o jantar tá na mesa
Fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensine esse jogo da vida
Onde a vida só paga prá ver…
Pai!
Me perdoa essa insegurança
Que eu não sou mais
Aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu…
Pai!
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Prá pedir prá você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar
Ah! Ah! Ah!…
Pai!
Você foi meu herói meu bandido
Hoje é mais
Muito mais que um amigo
Nem você nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz
Pai! Paz!…
Brigaduuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu, Fábio Junior! Rararará! Eu estou cada vez com mais raiva de Californication. C´mon, isto não é comédia. E também é caso de Procon – ela é vendida como uma série politicamente incorreta mas está cada vez mais moralista.
concordo com Antunes numa coisa
californication nunca foi comédia
agora esse lance de politicamente incorreto
eu adoro isso na série
a série é sobre um cara decente que só faz cagada
resumindo, eu.
e paulo, o fato de algumas pessoas tentarem vender outra imagem da série pra atrair públco não quer dizer que a série seja ruim, pra mim ainda é a melhor estreia da temporada, mesmo sabendo q série não é sobre sexo e drogas.
e Osório, exclente texto
Mas Paulo (Antunes), o tcham da série é justamente ser um programa moralista disfarçado de comédia liberal.
PQP!
Depois de tantas reprises, não sabia que ia ser inédito e…perdi!
Maldita Warner!!!!!!!!!!!!!
É verdade Paulo, não coloquei nada da tal “cultura pop”, mas lembrei-me desse – lindo – texto de Michel de Montaigne, que serviu perfeitamente para o que o episódio mostrou.
E o politicamente incorreto, tirando o lance da prostituta, passou longe ali.
e n sei pq, mas pra mim foi Paulo q comprou uma idéia errada da série. e isso n é a primeira vez q acontece. tsc tsc
Retorno de Californcation e do grande Osório; sempre quis te perguntar : quantos centenários completa esse tal de Osório Coelho, por tanta “cultura”?
É Paulinha, se for depender do canal nunca que vai saber mesmo, o jeito é entrar aqui no site todo dia, esse site salva a minhas noites há anos, antes dele cansava de perder episódios principalmente na Warner e na Sony que tem reprises durante a temporada.
Fiaes,
Eu não comprei a idéia da série errada. O nome da série é Californication, poxa. A primeira cena mostrava o Moody recebendo um boquete de uma freira. O marketing da série foi feito em cima desta coisa meio Bukowski, meio Robert Crumb. Eu não comprei nada, venderam pra todos nós assim.
A questão é: ou você achou o máximo comprar o gato por lebre ou você se sente um pouco cretino, assistindo alguns episódios família como este. É simples assim.
Nossa! Custou prá sair esse comentário. Não é culpa tua Osório, é claro. Mas aquela Warner conseguiu fazer estripulias às ganhas. Paro aqui.
Se Californication seguir esse caminho, guiar-se por esse episódio, vai ser perfeita. Prá mim, um dos melhores episódios ever.
Os homens da família Moody têm problemas em viver o amor. Se não for genético, é atávico. Agora Hank sabe disso.
Tratar mal a mulher que se ama, trair, arrepender-se, reconhecer os erros, pedir prá voltar, prometer que isso não se repetirá, conseguir uma nova chance, ferrar mais uma vez.
Um roteiro pronto onde só o personagem principal muda. Hank se engana achando que pode mudar, mas que exemplo ele têm? O que ele conhece?
Dar-se contas das coisas é meio caminho para a redenção, mas a jornada é longa e árdua.
“Minha dor é perceber
que apesar de termos feito tudo o que fizemos ainda somos os mesmos e vivemos
como nossos pais”.
Apesar de a série estar pendendo um pouco para o lado moralista, não nos esqueçamos que por debaixo da capa existe uma gama de sentimentos e situações que são muito mais profundas do que a maioria de nós percebe.
O grande lance é captarmos e refletirmos sobre isso de uma forma “pop”.
E, por favor, tenho apenas 37 anos…rs. Confiram:
http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=3700647964317638694
Muito pertinente a alusão ao texto de Montaigne.. ainda que eu seja suspeita para dizê-lo, uma vez que é o meu autor favorito. Parabéns pelo texto!