Review: Californication – Absinthe Makes The Heart Grow Fonder


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Californication - Absinthe Makes The Heart Grow FonderSérie: Californication
Episódio: Absinthe Makes The Heart Grow Fonder
Temporada:
Número do episódio: 6
Data de exibição nos EUA: 17/9/2006
Data de exibição no Brasil: 11/12/2007
Emissora no Brasil: Warner

James Murphy, idealizador da banda dance-punk LCD Soundsystem, no disco Sound of Silver, encerra-o com a música “New York, I Love You But You Bringing Me Down”, onde expõe toda a sua frustração com a cidade amada, no que compartilha com Hank seus sentimentos conflitantes de amor e ódio com Los Angeles.

Ao mesmo tempo que a série coloca inúmeras referências à cidade, numa relação de cumplicidade quase que envergonhada, ela mostra que David Duchovny, como produtor executivo, deve realmente amar a cidade, apesar de o seu alter ego viver em conflito, saudoso de Nova Iorque, cidade onde começou sua difícil relação com Karen. Só isso para explicar o vinil de uma banda meio desconhecida, mas parte do repertório da vida de Hank, o The Last, que só encontrou relativo sucesso na Califórnia, mais especificamente com o disco mostrado no episódio, o ótimo L. A. Explosion, ou as constantes referências a Warren Zevon, quando, em um confuso diálogo com uma surfista sobre bebidas alcóolicas emenda um: “Life ‘ll kill Ya”, nome de um dos discos de Zevon.

Produto anacrônico de uma sociedade cada vez mais digital, Hank de novo representa a própria antítese humana: uma hora é chamado do típico Zeitgeist, conquanto esteja amarrado por lembranças e produtos que entram em desacordo com essa definição. Hank é a própria diluição de valores sociais. Um estrangeiro em terras estrangeiras, um nômade, um cigano dos tempos modernos, cujo feitiço é seu charme, e cuja arma é sua escrita.

L.A., I Love You But You Bringing Me Down. Ao modificar a letra de James Murphy, perguntamo-nos: A cidade, per se, seria um organismo vivo, responsável pela vida fútil e plastificada que é demonstrada na série? O agente de Hank, Charlie, esconde de sua esposa taras e fetiches que precisaram de apenas um gatilho para transbordarem. Professores, ao invés de modelos de comportamento e vida, subvertem a vida de alunas, em um ritmo frenético de sexo e drogas. A impessoalidade de Los Angeles contribui para o arrefecimento das relações sociais, mostrando uma capacidade irresistível de olharmos apenas para o nosso próprio umbigo.

Californication - Absinthe Makes The Heart Grow FonderHank é jogado no meio desse turbilhão. Sentimentos cada vez mais divergentes de Karen, muito atraída pelo seu estilo de vida perigoso, redundam em uma noite que, ao invés de trazer esperanças, numa visão de uma família perfeita sentada à mesa, ou, posterior a isso, em uma noite perfeita em família, saboreando sorvetes ao final do show emo-punk da banda de sua filha, traz a perdição, na forma do feitiço mais poderoso de Los Angeles: mulheres sem nome que, numa versão de “Paranoid” do Black Sabbath, dublam guitarras em uma Gibson Les Paul e conseguem colocar a armadilha em volta do nosso (anti?) herói do anacronismo.

Los Angeles, I Love You
But you’re bringing me down
Like a rat in a cage
Pulling minimum wage
(Adaptado)
– LCD Soundsystem

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  1. Silvia_05 - 15/12/2007

    Episódio que melhor traduz o espírito californiano. Vincent e sua turma de Entourage abordam super bem esse espírito,e que não é atoa que Hank sente falta de NY. Tem que se vender por muito pouco em LA e agüentar as conseqüências. Uma transa é igual a um vinil? Por sorte ainda existe arrependimentos por lá. Mas até quando?

  2. Marco - 15/12/2007

    Silvia, seu comentário complementa o excelente texto do Osório. Parabéns!

    Daqui a pouco aparecerão os fãs de médicos de plástico para , mais uma vez, falarem que a série não é tudo isso , yada, yada… Por que diabos eles não ficam no espaço deles?

    Parabéns, Osório! Você escreve tão bem que deu vontade ver/ler além da California.

    Obs: Sua citação ao LCD Soundsystem foi muito apropriada – bandinha superestimada, não?

  3. bianca cavani - 15/12/2007

    Nossa, estou em um mundo ideal: série excelente,
    uma review gloriosa (Osório,desta vez você se superou!), ótimos comentários de Silvia (você e Osório estudaram na mesma faculdade? Leram os mesmos livros?)e Marco (adoro seu senso de humor)… isto é que é estar em boa companhia.

  4. Cristiano (Highlander_Master) - 15/12/2007

    Boa Marco, concordo plenamente. E torço muito pro David Duchovny ganhar o globo de ouro, pq ele ta merecendo e muito.

  5. Osorio Coelho - 15/12/2007

    Valeu pelos elogios, pessoal.

    1. Bem, Marco, não concordo com você. Eu adoro o LCD Soundsystem, e acho todas as críticas favoráveis nada menos do que merecidíssimas. Dê mais uma chance à banda!!

    2. Silvia, isto foi sensacional: “Tem que se vender por muito pouco em LA e agüentar as conseqüências. Uma transa é igual a um vinil”

    3. Bianca, acho que, de uma forma ou de outra, as pessoas que se interessam pela série possuem os mesmos gostos…hehe

    4. Cristiano, Gloden Globe no homem.

  6. Pedro Paulo - 16/12/2007

    O roteiro é primoroso. Ali nada é supérfluo. São os trinta minutos mais bem aproveitados que já vi. Há cenas brevíssimas em que a expressão de David Duchovny (tanto nas de comédia quanto nas de drama)vale mais que uma temporada toda daquelas séries de médicos de plástico referidas por Marco.

  7. Rafaelly - 17/12/2007

    Quem diria que as expressões de Duchovny seriam apreciadas um dia, não???Quem é fã e Arquivo X entende o que eu estou dizendo, já que na época as pessoas nunca deram muito crédito ao DD como ator. Eu mesma, apesar de amar AX tb tinha lá minhas reservas em relação à atuação dele.Nesse quesito, Gillian Anderson sempre deu um banho nele…
    Mas, agora com Californication, sinto um prazer enorme em dizer como DD está bem…e elogiar a atuação dele(sem nenum medo de estar sendo fã demais…), pois é realmente muito boa…
    A série com certeza tem momentnos primorosos em que uma expressão vale mais que mil palavras.Aliás, sou fã desse tipo de coisa.Às vezes grandes discursos podem ser deixados de lado por uma boa expressão.
    E estou cada vez mais apaixonada pela luta do Hank.

    Osório,vc tem a habilidade de nos transportar pra dentro da série…Parabéns, mais uma vez!

  8. Dr. Bambei - 17/12/2007

    Caramba Osório, eu só precisei assistir a um episódio para me apaixonar pela série. E você fez um texto simplesmente fantástico. Já falei em outro tópico, Golden Globe para o homem que superou Fox Moulder.

  9. Mônica - 17/12/2007

    Osório, parabéns pela review!

    Rafaelly, sei que sou suspeita pra falar, mas eu sempre dei crédito ao David Duchovny. Desde que o vi em Arquivo X sou completamente apaixonada por ele. E o acho um excelente ator. Estou torcendo pra ele e pra série no Golden Globe.

  10. Roberto - 17/12/2007

    Ah, e a Natasha McElhone? Além de ótima atriz, é uma deusa… ela consegue sorrir só com os olhos, sem nem precisar mexer os lábios…
    Natasha não é da Grã-Bretanha? Parece que ela não tem british accent em Californication… ou eu estou enganado?

  11. Mônica - 17/12/2007

    É sim, Roberto. A Natasha McElhone nasceu em Londres.

  12. Rafaelly - 17/12/2007

    Quem é Natasha McElhone???

  13. Beatriz - 17/12/2007

    Rafaelly,
    Concordo com Mônica, David sempre foi um grande ator. Como Molder, ele cumpriu seu papel: um agente atormentado por saber de coisas sobre as quais a direção da agência impunha segredo. É que o estilo de atuação dele é contido (e aquele terninho – fala sério – não o favorecia…)

  14. Rafaelly - 17/12/2007

    Monica:

    Tb estou torcendo pro Duchovny, mas nessa categoria nada-a-ver-com-nada não sei não…

    Nada a ver com o tópico, mas ano que vem é o ano pra ver DD duas vezes, no mínimo. Em Californication e na sequência de Arquivo X…Iupiiiiiiiiiiiii…Não vejo a hora. Estarei firme e forte no cinema no dia de estréia!!!

  15. Rafaelly - 17/12/2007

    Nunca estive muito convencida sobre a atuação dele não…Nada contra AX ou contra ele…Sempre amei os dois.

    Então, fico feliz em vê-lo em Californication, pq ele está simplemente arrasando.

  16. Beatriz - 17/12/2007

    Rafaelly,
    Natasha é a ex-namorada de Hank – a mulher a quem ele quer reconquistar, mas que vai casar com aquele civilizadíssimo que não a defendeu daquele bêbado idiota na festa.

  17. Rafaelly - 17/12/2007

    Ah sim…A Karen…Valeu Beatriz!

  18. Marco - 17/12/2007

    Comentários bacanas, só quem gosta, como deve ser. Sem médicos ou pessoas de plástico, rs… Muito bom!

  19. Mônica - 17/12/2007

    Rafaelly, também não vejo a hora de ver Arquivo X novamente. Só espero que nesse não haja abelhas. Você não imagina o grito que dei no cinema quando aquela maldita abelha picou a Scully.

  20. Silvia_05 - 17/12/2007

    Nossa! Valeu pelos elogios do meu comentário, mas a “culpa” é do Osório! Quem mandou escrever bem? Tenho certeza que os meus colegas aí em cima concordam comigo. É que nem jogar tênis, sabe? Se o teu “parceiro” joga bem, o nível do teu jogo certamente evoluirá. Sem falar que Californication dá assunto,né? Segue o baile, Osório!

    Pessoal, sintam-se inspirados também e colaborem com esse espaço. É bem legal ter outras informações, críticas e curiosidades, além de só assitir a série.

    A indicação de DD já vale. Ele finalmente conseguiu sair da sombra do Mulder, que foi um personagem bem marcante (e que eu adoro!).
    Tentou ser bom-moço em Holywood, mas não deu. Agora sim, se achou num personagem canastrão e tá convencendo.

    Ainda assim, me perdoem, mas esse ano é de Dexter. Aliás, deveria haver uma categoria tipo “série estreante” ou coisa parecida, já que eles adoram premiar as criaturas 2,3 ou mais vêzes.

  21. Beatriz - 17/12/2007

    Com a excelência das reviews do Osório, só me lembro das da Laura Gomes, de Roma… Só vocês dois extraem tanta riqueza de referências e visões que fogem do lugar-comum.

  22. Osorio Coelho - 17/12/2007

    Ainda bem que vocês estão pegando o espírito da coisa, já que ume review, a meu ver, deve ir muito além do que simplesmente comentar o que foi mostrado no episódio. E Californication consegue, graças aos roteiristas, jogar uma série de “recados” que tornam a experiência de assisti-la muito mais gostosa.

    E preciso confessar uma coisa: quando me candidatei ao posto de resenhista eu NUNCA tinha assistido à série. Só sabia dos comentários sobre sexo e drogas. Nem o rock’n roll foi citado. Uma pena.

    E Dexter é fodona mesmo.

  23. Rafaelly - 17/12/2007

    Monica:

    Nem me fala dessas abelhas…aliás, nem abelhas nem cenas no escuro, né!hehehe
    Julho de 2008…esse é o mês!!
    E tem gente que anda vendo uma aliança no dedo do Mulder em algumas das fotos que estão saindo por aí…Particularmente não vi não,mas…

  24. Mônica - 18/12/2007

    Rafaelly, eu só vi duas fotos por enquanto e nenhuma delas mostra a mão esquerda do Mulder. Então, nunca se sabe…

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