TeleSéries
Primeiras Impressões – Looking
21/01/2014, 21:07. Matheus Odorisi
Preview
Looking
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Eu consegui prever algumas críticas em relação à primeira cena do episódio piloto de Looking, nova série da HBO (que, mantendo a recente e bem sucedida estratégia da emissora, estreou por aqui no mesmo dia que foi ao ar nos EUA). Li alguns comentários no Facebook que questionavam a escolha dos realizadores de nos apresentar o primeiro personagem da série procurando sexo no parque, com aquela velha questão de “todo personagem gay deve ser ligado à busca por sexo?”. Na verdade, a superficialidade e promiscuidade que a cena poderia associar aos gays é uma grande metáfora do tema da série. Em meio a arbustos, Patrick (interpretado pelo ator assumidamente gay Jonathan Groff) encontra um possível parceiro sexual, que não perde tempo perguntando seu nome e já inicia os trabalhos abrindo seu zíper. Ignorando reclamações como “que mãos geladas” e o anseio por apresentações ou qualquer tipo de informação, o barbudo só quer sexo fácil, enquanto Patrick parece tão desconfortável como um sapato da Lady Gaga. Quando seu telefone toca, ele desculpas e se afasta rapidamente do barbudo sem nome pra atender, quando derruba seu celular em um monte de camisinhas usadas. A inospitalidade do parque, o tratamento fast food do barbudo sem nome, o celular associado a sexo derrubado na camisinha, tudo parece ambientar o que esperamos ver no mundo gay construído por Michael Lannan para Looking.
A temática não é desconhecida para o showrunner, que já esteve envolvido na produção Interior: Leather Bar, com James Franco, atuando e produzindo. No crew do seriado, roteiristas como Andrew Haigh, responsável pelo romance gay Weekend, mostram que a universo homossexual não é novidade para os realizadores de Looking.
Quando Patrick se encontra com Dom (Murray Bartlett) e Augustín (Frankie Alvarez) percebemos um pouco mais qual será o tom da série. O loiro reclama que o barbudo nem era do tipo hispter, e revela que a busca no parque foi motivada por uma brincadeira após ter ido comprar maconha com amigos. Só vamos lembrar que os próprios realizadores do seriado são barbudos hipsters, então saberemos onde estamos pisando.
Na cena da socialização percebemos que se trata de um grupo de amigos bem típico, hermético, com piadas internas e referências nem sempre fáceis de compreender pra quem está de fora. Os diálogos são mais soltinhos do que bem construídos, se parecendo com improvisos, que em conjunto com a handcam criam uma descontração na série. Essa descontração é quebrada pela fotografia sóbria , que utiliza tons verdes e pastéis e uma edição bem leve, sem cortes bruscos.
Como é característico em pilotos, vamos sendo apresentados aos demais personagens e suas storylines. Dom é o mais velho do grupo, e mostra que já não ostenta tanta energia para a pegação. Depois do toco que leva de um garçom mais jovem, contrariando os conselhos de sua roommate, liga pro seu ex, aparentemente um canalha que está se dando bem no ramo imobiliário, informação que Dom tem após stalkear seu Facebook.
Augustín, roommate de Patrick, está prestes a se mudar com seu namorado. Trabalhando como assistente de artista, acaba envolvendo seu novo e hispter colega de trabalho em um ménage, o que o leva a perguntar pro namorado “somos agora esse tipo de casal?”.
Entre os personagens de Looking o sarcasmo é muito bem vindo, ao contrário do politicamente correto. Em uma conversa entre Dom e Doris, sua roommate que descobrimos ser enfermeira, eles divagam sobre como evoluíram desde que eram rednecks, aquele tipo caipira que todo mundo que gosta da Honey Boo Boo conhece muito bem. Fazem piada com um bebê que está sob os cuidados de Doris e que tem uma doença cardíaca, com comentários que poderiam ser ditos pelo Dr. House.
Outro ponto alto do episódio foi o date entre Patrick e o médico que ele conhece no Ok Cupid. Aqui ficamos sabendo que apesar de procurar sexo no parque, o personagem de Jonathan Groff não é um tipo que caça no Grindr ou no Manhunt, mas que faz perfil no Ok Cupid, ou seja, quer coisa séria. O date de Patrick é um oncologista que faz perguntas como se fosse um funcionário de RH se dirigindo a um candidato de emprego. O desconforto de Patrick é afogado em taças de drink (e aqui eu descubro uma identificação). Em poucos minutos vemos o cara afundando cada vez mais no encontro, até mencionando que saiu pra caçar no parque, e paramos por um instante pra pensar em que tipo de gente menciona isso em um encontro. O médico dispensa Patrick dizendo que são incompatíveis e joga a última pá sobre o date com esse processo que é o bem-me-quer-mal-me-quer dos tempos modernos: a divisão da conta. Quem presta atenção em quantos drinks o parceiro bebeu pra dividir certinho a conta não merece o segundo encontro, e assim o faz o oncologista.
A noite de Patrick é mais bookada do que a Cara deLevingne e ele ainda tem a despedida de solteiro do seu ex. Novamente: que tipo de pessoa vai na despedida de solteiro do seu ex? Na verdade na metade da pergunta eu já tinha a resposta: eu iria, quase todo mundo iria. É daquelas situações que sabemos ser mais programa de índio do que ir ao Rock in Rio mas a falta remete ao recalque, então a presença é obrigatória. No metrô, recebe flertes bem diretos de um desconhecido, para o qual se apresenta utilizando o cartão de visitas do oncologista. Patrick claramente não acha Richie, o saidinho do metrô que é hostess e cabelereiro, interessante. Ignora cantadas e segue.
Já na despedida, descobrimos que Dom já pegou Patrick, e olha só, isso é muito comum em grupos de amigos gays, mais do que em héteros (por motivos óbvios que não tem a ver com promiscuidade).
Depois de dois programas nada interessantes, a noite não termina por aí. Patrick resolve ir até a boate em que Richie trabalha, e os sorrisinhos trocados entre os dois mostra que ainda há esperança de não passar a madrugada sozinho.
Looking parece ser uma série de diálogos rápidos, referências nem sempre claras, e que diz muito mais do que aparenta. Na verdade, essa superficialidade aparente pode ser vista como uma grande crítica a visão que o senso comum tem do mundo homossexual. Vimos no piloto sexo, drogas e piadas politicamente incorretas, elementos que enumerados fora do contexto podem parecer simplesmente depreciativos, mas que na série são mostrados de maneira tão natural e significativa que não chega a gerar polêmica. Esperamos que Michael Lannan siga com esse tom delicado e ao mesmo tempo cru, que construiu um mundo gay bem longe do estereotipado que estamos acostumados a ver.
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Amei. Melhor resenha que li da série.
Obrigado Mica!
Parabéns pela resenha. Você citou algo que não havia reparado como a queda do celular em camisinhas e que Patrick foi ex-namorado de Dom. A série já me conquistou (pena que os episódios tenham apenas 30 minutos).
E pena que serão oito episódios a temporada 🙁
Ótimo texto Matheus, muito bem escrito. Estava querendo ver essa série e agora me animei mesmo. Vou ver no final de semana.
Recomendo, Claudia! Assista e me diga o que achou.
Matheus, com certeza ‘Looking’ é e será uma das melhoras estreias deste ano. a
série é perfeita, principalmente com as cenas em são Francisco.
Não senti hora nenhuma eles forçarem os personagens ou as história,
parece mais um documentário sobre a vida desses caras. Foi muito
divertido de se ver, quero continuar e tomara que dure por longos e
longos anos rsrs Parabéns pela review!
Obrigado Arthur! Eu realmente achei tudo muito natural, nada forçado.
Vi a série no final de semana e gostei muito, tem mesmo grande potencial, uma grata surpresa. Me deixou com gostinho de quero mais!!
Vi a série no final de semana e gostei muito, tem mesmo grande potencial, uma grata surpresa. Me deixou com gostinho de quero mais!!
Vi a série no final de semana e gostei muito, tem mesmo grande potencial, uma grata surpresa. Me deixou com gostinho de quero mais!!