Primeiras Impressões – Dracula

Data/Hora 26/10/2013, 20:30. Autor
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Segundo contam, quando o irlandês Bram Stoker escreveu Dracula, em 1887, Arthur Conan Doyle, autor de Sherlock Holmes, enviou-lhe uma carta dizendo que havia gostado muito da obra vampiresca e que era a melhor história diabólica que havia lido em bastante tempo. Coincidência ou não, algumas décadas mais tarde, tanto Dracula quanto Sherlock Holmes foram adaptados para a televisão em versões diferentes daquelas narradas nos livros clássicos. Mas se Elementary, por exemplo, funciona bem diante das reviravoltas criadas pelos roteiristas, ainda é cedo para afirmar o mesmo sobre Dracula, que estreou na NBC na noite de ontem.

Antes de começar a falar da série, quero mencionar uma coisa: no dia da estreia, li no site especializado EW algo que me deixou intrigada. “Se Dracula der errado, vai ser um pouco vergonhoso para a NBC, já que não temos um drama vampiresco sem sucesso há anos – True Blood, The Vampire Diaries, Being Human, todos eles funcionaram. A NBC não vai querer ser a emissora que vai matar a moda dos vampiros”, dizia o artigo. Sério, até eu me senti pressionada com essas linhas tão sentenciosas – e olha que, mesmo se a série “flopar”, eu não serei um centavo mais pobre e nem prejudicará  em nada meu currículo. Mas achei forte, justamente por haver alguma verdade na constatação.

Para atrair o público, a NBC escolheu Jonathan Rhys Meyers (The Tudors) para interpretar o vampiro secular. E não há dúvidas de que JRM é uma figura imponente. O ator – conhecido pela batalha contra o álcool, o temperamento difícil e, supostamente, até uma tentativa de suicídio – era apontado por público e imprensa como o vampiro perfeito. Para quem não leu o livro ou não viu os filmes, Dracula não é exatamente um anti-herói, está mais para um vilão propriamente dito; um monstro. O personagem também é “conde” e, por isso, esbanja elegância, certa postura – algo que não falta a Rhys Meyers, sempre bastante educado e cordial em suas entrevistas. Pois bem. JRM não deve ter decepcionado aqueles que acompanharam a estreia da série. O Dracula interpretado por ele foi, durante todo o tempo, “na medida”. Não houve exageros em gestos, frases alongadas em demasia, nem nada parecido. Foi um Dracula como a gente imagina. A diferença é que, na versão da NBC, ao invés de ser originário da Romênia, Dracula se disfarça de cidadão americano. Chega a ser de partir o coração ver JRM – ator irlandês com extensa lista de personagens britânicos – fazer sotaque americano, tão “comunzinho”. Perde parte do charme, é verdade, mas, enquanto espectadores, vamos sobreviver. Se existe algum defeito em relação ao ator irlandês ser o Dracula, isso em nada tem a ver com a atuação dele: é que JRM tem 1.78m de altura e quase todos os outros atores em cena são maiores do que ele (nos livros, Dracula é descrito como um homem muito alto).

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As diferenças entre a obra literária e a série não param por aí. Na nova versão, Mina (Jessica De Gouw, de Arrow) é uma das primeiras mulheres a estudarem Medicina e é aluna de Van Helsing (Thomas Kretschmann, do filme King Kong). Ela se parece com a esposa falecida de Dracula. O noivo dela, Jonathan Harker (Oliver Jackson-Cohen, de Mr. Selfridge), agora é um jornalista ambicioso e nada tem a ver com os negócios imobiliários londrinos. Aliás, não sou eu que estou dizendo que ele é ambicioso, assim o personagem foi descrito em cena – eu até o achei meio “bobão”, o Dracula dando em cima da namorada dele daquele jeito e ele nem se importou. Acho que ele ainda vai surpreender… Já Renfield (Nonso Anozie, de Game of Thrones) deixou de ser um paciente psiquiátrico que come moscas para se tornar o braço direito de Dracula, uma espécie de assistente, que acerta todos os detalhes para que os planos de vingança do vampiro sejam providenciados (e é, ainda, uma espécie de conselheiro, um guia, que “puxa a orelha” do chefe quando precisa). É a ele também – homem negro, alto e forte – que cabe parcela dos diálogos engraçados da série. Ou seja, aquele típico “braço direito” de todo protagonista rico/nobre de um seriado.

Outra personagem estereotipada é Lady Jane (Victoria Smurfit, de The Clinic), uma mulher sensual, que gosta de sexo e é um tanto vulgar. Ela tem a ver com a Ordem do Dragão, algo como uma organização secreta de quem Dracula pretende se vingar – a ceita matou a mulher dele, séculos atrás, e está ligada com sua maldição da imortalidade.

A Ordem do Dragão tem negócios em diversas áreas, mas é através do monopólio de petróleo (utilizado na geração de eletricidade em diversos países) que pretende dominar o mundo. Para impedi-los, Dracula investe na criação de energia elétrica “wireless” (sim, ele usou essa palavra; moderno, não?), a energia sem fio. O vampiro está em uma corrida contra Thomas Edison e Nikola Tesla, tentando ser pioneiro na descoberta. Segundo o criador da série, o estreante Cole Haddon, Dracula, inclusive, era amigo da dupla de inventores – será que veremos essas figuras histórias em breve na tela?

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Livro e filmes

Quem não leu o livro ou não assistiu aos filmes (que são vários, eu mesma só vi aquele dirigido pelo Coppola) não precisa se preocupar: a série cria um contexto próprio e se estabelece sozinha. Isso não quer dizer que não haja semelhança com a versão literária, há sim. Na verdade, é uma mistura do livro com o que foi apresentado no cinema, um pouco de tudo, somado à criatividade dos roteiristas. Uma das primeiras frases ditas na série é “The blood is the life”, que aparece tanto no livro, quanto no filme do Coppola. Quando os convidados chegam a sua casa, Dracula diz “Leave some of the happiness you bring”, frase também familiar para aqueles que acompanham a trajetória do vampiro há algum tempo.

A casa de Dracula não é um castelo com torres – e isso deve fazer sentido já que ele não está na Transilvânia. Mesmo assim, os sets de filmagem – construídos em Budapeste, ainda que a história de passe em Londres  – são lindíssimos! Parte das locações existe de verdade, mas algumas ruas foram construídas em estúdio, para que as gravações (que devem parecer noturnas na tela, uma vez que o protagonista é um vampiro) pudessem acontecer mesmo durante o dia. Baita investimento!

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Nesse piloto, também tivemos uma cena de luta no telhado, entre Dracula e um integrante da ordem (o sneak peek pode ser visto aqui). A cena foi bem bonita, embora curta, e se utilizava do bullet time (aquela câmera lenta que ficou famosa em Matrix). A técnica, que, pelos trailers, ainda vai aparecer em outros episódios, foi usada somente nesse momento e deu um charme extra ao episódio. Quando usado o tempo todo, o bullet time fica chato, mas, por enquanto, souberam se utilizar disso.

Além dos cenários lindos e dos efeitos de câmera lenta, o figurino é outro aspecto que dá ainda mais beleza ao seriado. Mesmo para aqueles espectadores que nem ligam para a moda, o estilo dos personagens não irá passar despercebido.

Dracula X Sleepy Hollow

O enredo da série é um pouco estranho em alguns aspectos, mas, até aí, Sleepy Hollow era perita em bizarrice e parece estar dando certo (tanto Dracula quando Ichabod Crane foram “ressuscitados” em uma caverna, nas primeiras cenas de seus respectivos episódios; mas por que Dracula estava naquele estado?).  Apesar de algumas esquisitices, a história tem, sim, potencial e pode se sustentar nos outros nove episódios que estão por vir. Alguns diálogos são um pouco “vergonha alheia”, tipo novela do Manoel Carlos, e nem JRM dá jeito naquilo (sabe aqueles flertes que nem a minha avó teria coragem de dizer? Então). Mesmo assim, é uma série que merce continuar sendo acompanhada, seja pela qualidade visual (percebe-se que os produtores tiveram um cuidado com isso), seja pelos atores eficientes. Esperava um pouco mais do piloto, um pouco mais de ação e até sangue. Achei tudo um tanto lento. Mas uma revelação na cena final deu uma esquentada no enredo: Dracula tem um parceiro de vingança e você nem vai desconfiar de quem seja!

P.S.: durante a Ópera, já fiquei achando que Dracula iria entrar em cena e revelar um talento extra: o canto (já que JRM arrasa nesse quesito)! Mas melhor eu parar por aqui, porque Dracula – O Musical faria Bram Stoker revirar no túmulo… Ou, quem sabe, o vampiro vir puxar meu pé à noite.

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  1. biancavani - 28/10/2013

    Também estou torcendo para a série dar certo, mas, pelo menos este piloto, esteve mais para ostentação que para história arrebatadora. Achei meio pomposa, fake, igual às sobrancelhas deste Drácula. Mas tomara que seja apenas a primeira impressão.
    Sua review, porém, Gabi, está perfeita. Abordou todos os pontos: com objetividade, mas também generosidade.

  2. Gabriela Pagano - 28/10/2013

    Não tinha reparado no (f)make da sobrancelha! Realmente, não precisam ter forçado tanto, por favor! haha ;o) Concordo com você, Bianca, a série foi pomposa, cheia de ostentação mesmo. Dava pra ver que eles queriam impressionar, “no matter what”. Mas fiquei interessada no desenrolar da história, acho que tem alguns pontos que podem render bastante! Vai continuar acompanhando?

    Obrigada pelo comentário! =)

  3. biancavani - 28/10/2013

    Vou continuar, Gabi. Foi investido muito nessa série: grana, prestígio do ator, do showrunner (que criou Carnivàle, da HBO), etc. Acho que não iriam se descuidar do roteiro, ficando só no luxo, beleza, efeitos especiais. Como você disse, quiseram impressionar demais no piloto. Depois a história engrena.
    Mas, por falar nas belas cenas, foram deslumbrantes as cenas da festa na casa do Drácula, a coreografia (não só da dança, mas também da disposição dos convivas no salão de festas), a filmagem por ângulos fora do padrão de sempre. Bom, isso eles conseguiram: fiquei muito impressionada.
    E foi legal a identidade daquele que o resgatou do túmulo, que você não revelou para não estragar a surpresa. É, acho que virão surpresas interessantes no desenrolar da história.

    Dei uma olhada no IMDB: nota 7,5. Audiência nos USA: 5,31 viewers. Resultado razoável. Tomara que tudo dê certo.

  4. Gabriela Pagano - 28/10/2013

    Esteticamente, a série é um arraso, né? Muuuito bem feita! Os atores também são excelentes. Só o roteiro que, na verdade, nem dá pra dizer que é ruim. Acho que ainda não mostrou a que veio, né? Vamos aguardar ansiosas! haha

    Pois é! Quando a série acabou (na TV americana), joguei “Dracula” na busca do Twitter, pra ver o que estavam achando. E, aparentemente, os americanos estavam bem satisfeitos com o que viram. Tomara que a série siga melhorando. Adoro o JRM e não quero que ele seja desperdiçado, confesso! =P

  5. Arthur de Melo - 28/10/2013

    Gaby, só pude ver o piloto hoje e eu gostei bastante. Eu gostei mais foi do começo, da cena de luta no telhado e do final. Achei também que o episódio fluiu um pouco devagar, mas deve melhorar concerteza, pois os roteiristas estão aguardando a hora certa para soltar o sangue! HAHAHA

    Vale a pena acompanhar só pelo material disponibilizado, pois foi muito bom! Eu ainda pretendo ler o livro nas férias, pois a história é fantástica!

    Só me explica uma coisa: o Dracula é do mal ou do bem? Não entendi, rs!

    PS: Como sempre seus textos são uma delícia de ler! =)

  6. Gabriela Pagano - 28/10/2013

    Oi, Arthur!
    No livro, o Dracula é um personagem mau, sem nenhuma bondade ou compaixão. Não sei como vão trabalhar isso na série, tudo pode acontecer! Vamos seguir acompanhando, hein? uehauheh

    Muito obrigada pela simpatia de sempre! ^^

  7. Arthur de Melo - 28/10/2013

    Hum entendi. Tudo é um grande mistério ainda, hahaha! Mas espero que seja dos dois lados, só para ter um belo conflito! Vou continuar sim, concerteza, pois o Dracula merece uma chance.

  8. Gabriela Pagano - 28/10/2013

    Siiiim! Ah: leia o livro mesmo! É muito gostoso de ler, flui super fácil! Você vai amar =)

  9. coelho rebelde - 29/10/2013

    Alguns atores nascem com todos os pré-requisitos necessário pra ser um vampiro :
    Postura,Charme,Carisma,Olhos(é importantíssimo um olhar penetrante)
    e Beleza um rosto perfeito realça as outras qualidades
    (Ian Somerhalder é um exemplo disso)sem contar o talento do ator ,claro.
    E com certeza ninguem tinha duvidas k Jonathan Rhys Meyers seria o vampiro perfeito para DRACULA.
    foi muito facil se encantar por ele.Olhei o 1º episodio tentando não adorar tudo logo de cara.Mas não deu pra não ADORAR DRACULA, achei tudo tão harmanioso.A cena dele voltando a vida depois de ser “uva passa” por seculos, as lampadas ascendendo nas mãos de todo mundo na festa(foi bonito) ou o ‘momento Matrix’ no telhado , adorei tudo.
    -O Dacula não pode sair no sol, sera k um anel como o do pessoal do TVD funciona pra ele 😉
    -Nao sabia k a Morgana (Katie McGrath) estava na serie,legal.

  10. Gabriela Pagano - 29/10/2013

    Você viu que no teaser exibido depois do episódio, mostravam uma cena em que o Dracula dizia “Eu quero andar no sol, como qualquer outro homem”? Fiquei bastante interessada nisso! Espero que desenvolvam bastante, no personagem, esse conflito/limitação. É um aspecto riquíssimo.

    Acho a McGrath a cara da Keira Knightley! 🙂

  11. coelho rebelde - 29/10/2013

    No teaser vi ele tomando uma injeção(não falo inglês,não entendi oke ele disse) era pra poder sair na sol né? seria realmente mais interessante se ele não tivesse só a noite pra se aventurar.
    Nunca vi semelhança entre a Kira e a Katie , vou prestar mais atenção quem sabe eu note 🙂

  12. Paullo Kidmann - 31/10/2013

    Adorei o texto Gabriela, muito perspicaz e divertido, parabéns!! Confesso que não estava nem um pouco animado para ver essa série, pq depois de sofrer alguns anos com as “péssimas” reviravoltas de True Blood ( que na minha opinião , justamente quando começou a melhorar foi cancelada), e passar a odiar totalmente The Vampire Diaries, sem contar no ódio eterno de Crepúsculo ( que não vem ao caso por ser filme), nem tava afim de ver,pois não fazem hoje em dia séries e filmes de vampiros como antigamente, gente eu tinha medo…Só dei mesmo uma chance por causa do Jonathan 🙂 E que bom que eu dei, a série me surpreendeu, e concordo com o texto!! Vou acompanhar 🙂

    Foi só eu ou alguém achou Lucy a cara da Keira Nightley?

  13. Gabriela Pagano - 01/11/2013

    Nossa, The Vampire Diaries já foi minha série preferida, mas se perdeu a partir da terceira temporada =( Dracula, o Rhys Meyers já deu entrevista dizendo que não acredita que a série ultrapasse duas temporadas, porque não tem como ficar enrolando (o que é triste, mas, ao mesmo tempo, é um alívio). Se o Dracula está ali para se vingar, ou ele se vinga, ou é descoberto. Vingança que se estende é um pouco complicado… Não precisamos de uma Revenge versão nosferatu hehe

    Também achei a Lucy parecidíssima com a Keira! É a versão loira da Keira! haha

  14. raul - 07/12/2013

    Achei que era ela, Não é?

  15. Alex Sandro Alves - 05/11/2013

    Vi ontem o piloto e me decepcionei. Assim como com Sleepy Hollow. E em ambos os casos parei no piloto mesmo. Por mais bonitas visualmente que sejam as produções se o roteiro não me agradar não tem jeito. Uma pena que o potencial das tramas tenham ficado só na intenção. Abs!

  16. Gabriela Pagano - 06/11/2013

    Oi, Alex! Dracula melhorou bastante no segundo episódio. Ainda não é um roteiro genial, mas a melhora foi impressionante. Talvez, você devesse dar mais uma chance. Quem sabe te agrada =]

  17. Destaques na TV – quinta, 13/03 - 13/03/2014

    […] Dracula – 22h (ep 1×01) ESTREIA – Leia a review Elementary – 23h – […]

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