26/05/2010, 12:20. Rafael Maia
Opinião
American Idol

Quando a nona temporada de American Idol começou, há cerca de 4 meses, foi nos apresentado um olhar diferente sobre o entendimento de “ídolo pop”. Deixado de lado o glamour, abriu-se espaço para a procura de cantores que fossem mais do que performers. Os jurados pareciam direcionar a escolha dos candidatos pela busca do “algo a mais”. E esse “algo a mais”, aqui, significava pessoas que eram artistas, verdadeiros músicos. Uma penca deles foram selecionados. Cantores com voz talvez não tão espetaculares, mas excepcionais na arte que produziam e no “novo olhar” que tinham a oferecer ao mundo da música. Com a votação aberta ao público, um a um, todos saíram. À exceção de Crystal Bowersox, que reunia o maior número de predicados positivos.

Apostar no que parecia ser o “alternativo” era a tentativa madura do programa de fugir da mesmice que tomou conta de maior parte de sua existência. Algo natural, quando se fala de música. Mas inovador, quando se fala de American Idol. Por isso sempre significou muito quando insistentemente Simon Cowell referia-se a Crystal como a concorrente que “não se comprometeu como artista”. Para além de uma frase de efeito, como muitas que preenchem a bancada dos jurados, isso queria dizer que seu entendimento da arte da música era incontaminável, por exemplo, com as bases que sustentam a indústria musical e que, por vezes, corroem a essência do artista em benefício de interesses comerciais.

A vitória de Crystal Bowersox é a chance de American Idol se redimir de uma temporada mediana, que pecou na produção, que falhou na execução dos números musicais, que demonstrou, com frequencia, um certo “pouco caso” com o que chegaria ao público do outro lado da televisão. É a sua chance de mostrar que seu provável último suspiro de sobrevivência, com a saída de seu principal jurado para o ano que vem, tenha criado um ídolo cujo olhar consegue ultrapassar a barreira da TV, do rádio e do disco e chegar perto da essência de seus fãs.