Person of Interest – Reasonable Doubt


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Nos primeiros dois minutos de Reasonable Doubt já se podia perceber alguns dos vestígios que fizeram de Person of Interest uma das melhores séries produzidas atualmente.

Vendo a cena inicial, parecia que aqueles ossos enormes que a Shaw gosta de levar para Bear, finalmente, estavam cobrando seu preço…  Mas, aquela cara de desconsolo do cachorro, era apenas um artifício plausível, utilizado por Finch e Mr. Reese, como estratagema para salvar mais uma pessoa cujo CPF fora indicado pela Máquina.

Talvez essa tenha sido a única seqüência do episódio que conteve algum elemento surpresa. Mas não fez diferença, porque outros pontos positivos foram anunciando que Person of Interest pode estar trilhando o caminho de volta àquelas histórias intensas, com seqüências surpreendentes, que marcaram a primeira e a segunda temporadas da série quando, primeiro, os personagens cabiam exatamente no lugar que lhes era reservado e sua participação fazia sentido; e, segundo, o roteiro fazia mais que simplesmente contar uma história.

Pequenas evidências mostraram que a delimitação do espaço dos personagens está sendo retomada. Todos eles participaram, de forma coerente, do conjunto das ações do episódio; além disso, Finch e Mr. Reese parecem estar retomando sua função de liderança e articulação estratégica na condução do caso a ser solucionado; e, para completar, a personalidade de Shaw parece estar sendo aproveitada para definir o caráter de seu personagem na série: ela pode ser a porta pela qual o humor refinado, expresso exatamente pela sua falta de sutileza, entra na história.

Mas, como dissemos, a vida de Person of Interest, não era composta apenas pelos personagens marcantes, que, como Zoe, Elias, Root e Shaw, mocinhos ou bandidos, mostravam-se passíveis de uma densidade dramática tal que lhes possibilitava tornarem-se recorrentes na série. Suas histórias, via de regra, continham um dilema moral, mesmo quando tinha que ser pinçado nas entrelinhas dos acontecimentos mostrados neste ou naquele episódio. Havia, de forma geral, um fio condutor que amarrava os personagens ao plot e ao dilema lógico-filosófico que dava intensidade à história e sustentava o argumento principal.

O que nos traz ao ponto mais alentador de Reasonable Doubt: o arranjo da ação na história, trouxe, pela primeira vez nesta temporada, a característica que marca o diferencial de Person of Interest, a presença desse dilema moral que permeia o desenvolvimento da história. No caso, a instituição da dúvida razoável, o princípio de que o acusado somente é considerado culpado se as provas foram tais que não reste a menor dúvida quanto do crime. Essa parte fundamental da legislação criminal que busca impedir que, como seres humanos individuais, passíveis de sentimentos como mágoa, raiva, “complexo de Deus”, etc,  que podem obliterar a clareza com que se constrói a certeza da culpa, tenhamos que nos obrigar a ver as provas concretas ao decidir o destino do outro. Dúvida Razoável, tão fundamental e tão desacreditada em uma sociedade em que os boatos correm à velocidade da luz, pela rede mundial de computadores, oferecendo provas fictícias e condenação sumária, onde deveria ser cultivado o exercício do argumento.

Outro ponto positivo do episódio, foi o artifício utilizado para apresentar essa segunda característica da série. Artifício que, se não foi brilhante, ficou bem próximo a isso: um tribunal, onde as habilidades de Carter para conduzir um interrogatório foi utilizada e o raciocínio lógico de Finch foi testado.

Mas Reasonable Doubt foi, também, um paradoxo, já que, dessas três temporadas, foi o episódio mais clichê de Person of Interest. A mulher que alerta para o desaparecimento do marido é acusada de ser a assassina, mas é inocente (pelo menos em um primeiro momento!); o suspeito que pula do alto de um prédio e cai em um caminhão de lixo (ou algum material que lhe amortecesse a queda); a descoberta de que o marido tinha um caso com a melhor amiga da esposa; policiais que invadem o local errado, quando, aparentemente, tudo leva a crer que o esconderijo dos mocinhos será descoberto. Mais clichê impossível!  E para completar, desde a ligação de Vanessa Watckins para a polícia, reproduzida no início do episódio, passando pela cena em que ela sai de casa com a melhor amiga, lembrou-me Risco Duplo, filme com a Ashley Judd e Tommy Lee Jones!

Mas, apesar dos clichês, Reasonable Doubt mereceu a nota dada, porque, finalmente, tivemos um episódio para retirar a série das águas turvas da mesmice, do tédio e da falta de genialidade, para o qual ela estava sendo conduzida. Características que, aliás, marcam muitas séries que, atualmente, estão sendo veiculadas pela televisão. Séries que, em um primeiro momento, reporta-se como genial e, já no segundo ou terceiro episódios, mostram sintomas da falta de criatividade endêmica que graça pelas salas de redação das produtoras de Hollywood.

Ao final deste episódio, foi bom sentir que Person of Interest ainda pode ser Person of Interest.

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