‘Penny Dreadful’ – Balanço de Temporada


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Penny Dreadful foi uma das melhores estreias do ano de 2014 (pra mim a melhor). Misturando personagens de vários romances góticos e originais, habituada na sua maioria na Londres do final da Era Vitoriana, a série segue perfeitamente os temas da literatura gótica, portanto sua temática é pesada, por vezes perturbadora e cenas podem ser bem gráficas. Porém, Penny Dreadful não é aquele típico terror de cinema que é construído apenas de suspenses de arrancar os cabelos e sustos de pular da cadeira, o que inclusive faz com que muitas pessoas acreditem que o seriado não deveria pertencer ao gênero. O fato é que a série é de terror, terror esse baseado em jogos psicológicos e no terror que existe dentro de todos nós – os humanos são capazes de inúmeras atrocidades. E por isso, em meio a várias cenas de possessões, conversas com o próprio demônio e tantos outros monstros, a coisa mais assustadora na primeira temporada (para mim) foi a forma como foi retratado o tratamento de pessoas com problemas psicológicos na época.

Todos os elementos acima descritos somados ao dom de John Logan de contar histórias, mais a atuação praticamente impecável de todo o cast resultaram em uma primeira temporada muito bem feita. Porém ela terminou com aquele sentimento de ok, mas e agora? E agora que John Logan entregou uma temporada superior à primeira, não só apenas atendendo as expectativas do público, mas até mesmo as superando. Da trilha sonora, passando à fotografia e departamento de arte, ao envolvimento dos personagens na história, chegando à atuação dos atores, tudo parece ter melhorado nessa temporada.

A temporada comeceu com tudo, já que a grande vilã da vez, Evelyn Poole/Madame Kali (Helen McCrory) fez nossa “heroína” Vanessa Ives (Eva Green) cair de joelhos e temer o que estava por vir. Aliás, que vilã! Helen McCrory entregou em bandeja de prata uma atuação assustadoramente perfeita de uma bruxa serva do demônio. Logo no final do primeiro episódio já temos ela com uma cruz invertida de sangue desenhada em sua testa, enquanto faz encantamentos em uma língua satânica e faz promessas ao seu mestre que apenas trará sofrimentos pra vida de Vanessa, para que esta se veja sem saída e tome “seu amado” em seus braços e este então possa destruir a humanidade, subjugar Deus e tomar seu trono no céu (ufa!!).

E esse ritmo acelerado de acontecimentos continuou pelos dois primeiros episódios da temporada, até que o seriado diminuiu o ritmo no terceiro episódio, The Nightcomers. E com um flashback, assim como na primeira temporada, pudemos conhecer o período entre o desparecimento de Mina e o momento em que Vanessa aparece à porta de Sir Malcolm em Londres, quando Vanessa conhece a Cut-Wife (Patti LuPone) de Ballantrae Moor.  E vou pedir licença pra falar desse episódio com mais detalhes e carinho, porque ele respondeu questões, desvendou mistérios, e mostrou ao público a história da origem – digna de uma super-heroína – de Vanessa Ives (além da fotografia mais bonita da temporada, trabalho do diretor Brian Kirk, que também foi responsável pela direção Little Scorpion, And Hell Itself My Only Foe e And They Were Enemies, episódios fundamentais para a temporada).

A Cut-Wife ensina à Vanessa sobre o tarô. Lhe apresenta a alguns encantamentos usando o Verbis Diablo, mas a adverte sobre nunca se sentir confortável com a língua. Ensina como Vanessa pode seguir os pensamentos de alguém, quase como alguém lendo mentes. Podemos acompanhar todo o processo de conhecimento de Vanessa, entretanto sua formação acaba sendo menos sobre o desenvolvimento de suas aptidões sobrenaturais, e mais uma jornada de autoconhecimento e luta interna. O conflito está no coração dessa personagem, e isso que a torna tão atraente. Ninguém, até este ponto, pode ter certeza de sua lealdade, nem ela mesma. Durante o seriado há vários momentos em que se pode observar sua fé, entretanto também há outros em que se pode jurar que o final do seriado será com Vanessa ao lado do demônio. Até mesmo a Cut-Wife admite a dualidade da personagem em uma cena ao dizer que não sabe se o coração de Vanessa é bom ou ruim. Talvez tenha sido por isso que ela aceitou como seu último ato, mesmo que a própria Vanessa já se considere um “caso perdido”.

Nessa temporada também houve um leve aprofundamento da mitologia do seriado, na qual todos os personagens do núcleo principal se envolveram ao tentar traduzir algumas relíquias que mais tarde revelaram uma profecia que coloca um pouco de luz no papel de Vanessa na destruição do mundo, trazendo quatro figuras importantes na história: Vanessa, Lúcifer, seu irmão e ETHAN (Ai, Ethan). O personagem, que na primeira temporada por vezes parecera desprendido do plot mesmo estando presente no cast principal, tem parte fundamental nessa bagunça toda. Entretanto, apesar de vários momentos “revelações”, a explicação mais detalhada da profecia, tanto para o público quanto para os personagens, ficou para a próxima temporada.

Saindo um pouco do arco principal, um arco paralelo ganhou muita força no segundo ano de Penny Dreadful, principalmente em seu episódio final. Na última temporada, Frankenstein matou uma agonizante Brona e se apossou do seu cadáver para transformá-la em Lily, mais uma personagem maravilhosamente complexa para o seriado. No começo a personagem era retratada de forma infantil, assim como Proteus, e pudemos acompanhar sua trajetória através de cenas perturbadoras entre Victor, a Criatura e Lily, que eram claras representações e críticas ao tratamento da mulher à época – subjugada, controlada e tratada como objeto. E a maior reviravolta da temporada aconteceu aqui, no arco paralelo, quando Lily revela que nunca se esquecera de seu passado como Brona, mas que agora era uma junção divina de ambas.

A série tem tantas camadas que eu poderia fazer um texto enorme, entretanto o espaço é limitado. Então, concluo este balanço mais que positivo dizendo que a segunda temporada de Penny Dreadful terminou do jeito que toda temporada deveria terminar: amarrando os plots desse ano e apresentando novos cliffhangers e, dessa forma, dando um ponto de partida para a próxima temporada. Mesmo se o show tivesse sido cancelado, seria possível sair satisfeito com os finais dados (apesar de que eu estaria incrivelmente triste). Entretanto, para o bem de todos e felicidade geral da nação, digo ao povo que Penny Dreadful foi renovada para a terceira temporada. Então, até o ano que vem.

Observações:

– Sembene não! Ainda em negação sobre esse personagem. Espero que ele volte na próxima temporada como um lobo (pode ser uma pantera negra majestosa). Que personagem magnífico! Ainda não superei o momento “not today, satan” que ele teve essa temporada.

– As cenas entre Vanessa e The Creature/Caliban/John Clare.

– Vou sentir saudades de Helen McCrory. Ela, Eva Green e Billie Piper tiveram atuações do tipo que ganham prêmios e mais prêmios.

– Estou dividida entre os discursos feministas e os discursos que lembram o discurso nazista de Brona/Lily.

– A princípio estava receosa sobre Ethan e Vanessa. Agora parece que minha vida depende de que este casal fique junto.

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  1. Claudia Braga - 22/07/2015

    Essa temporada foi bem melhor que a primeira, Ethan e Lily/Brona cresceram muito, mas achei mesmo que o Grey ficou avulso, espero que o personagem tenha mais destaque na próxima temporada.

  2. Carlos Loures - 22/07/2015

    Mayra ,você foi perfeita !!!!! Concordo com tudo q vc falou , inclusive q Penny e aí eu incluo Game of Thrones são as melhores séries da tv atualmente na minha opinião . Eva Green arrebentou junto com a Helen. E os conflitos internos de John Clare , magnífica interpretação também. E obrigado pela notícia da renovação para mais uma temporada.

  3. Paulo Serpa Antunes - 25/07/2015

    A temporada começou boa, se desenvolveu razoavelmente bem, mas a série pra mim está muito longe de ser, assim, uma Brastemp. A season finale foi péssima, com uma solução rasteira pra trama das bruxas.

    Eu realmente espero que no terceiro ano o foco seja nos heróis confrontando Brona e Dorian Gray, ou seja, uma temporada em que o inimigo seja conhecido. Do contrário sinto que vou me desinteressar logo pela série.

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