TeleSéries
‘Mad Men’ – Um Balanço da Temporada
16/07/2012, 23:50.
Tiago Oliva
Especiais, Opinião
Mad Men
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Durante quatro anos eu senti muita raiva de Mad Men por ver a série “roubar” todos os principais prêmios das minhas séries favoritas. Já havia assistido o piloto, que não conseguiu me prender. Sempre me perguntei o que poderia ter de tão especial ali, mas mantinha o discurso do “nunca vi, nunca gostei”. Quando anunciaram a estreia da quinta temporada, decidi encarar o desafio de ver todos os episódios, pois já estava cansado de ficar de fora das discussões sobre a série nas rodinhas. O plano era falar mal com propriedade. Mas eis que já no final da primeira temporada, consegui perceber a genialidade de que todos falavam tanto. Me lembro que enquanto assistia pensava: “Como a Peggy (Elizabeth Moss) pode ter engordado tanto tão rápido?”. Mas sem muito alarde, afinal de contas a personagem nunca foi um exemplo de beleza. Quando ela descobriu que estava grávida e prestes a ter um filho, entendi que série era feita por pessoas que sabiam o que estavam fazendo. E assim foi até o último episódio exibido, passando por episódios geniais como o The Suitcase, com poucas derrapadas. Mas agora vamos falar da 5ª temporada.
O quinto ano da série talvez tenha sido o caminho mais tortuoso para os personagens. Todos acabaram a temporada tendo que tomar decisões muito sérias. A mais importante, com certeza, foi a do Lane, que optou por resolver seus problemas tirando a própria vida. Ele, que sempre teve sua vida baseada no controle, fosse controlando as finanças da firma ou sendo controlado pela família, se viu obrigado a encarar uma situação não prevista que o levou a conseqüências com as quais ele não pode lidar. A Peggy já servia de exemplo de como o ambiente da agência pode mudar uma pessoa, mas isso ficou muito mais forte com o Lane. O até então indefectível sócio se viu obrigado a “pegar emprestado” dinheiro da empresa pra pagar uma dívida de impostos que tinha no seu país de origem, chegando a falsificar a assinatura do Don para emitir um cheque. Mas isso nem foi o mais grave pra mim. Acho que ele se mostrou completamente corrompido quando aproveitou a situação da Joan, a única que tinha algum apreço por ele, para evitar que descobrissem o desfalque. Por fim, quando foi descoberto e obrigado a se demitir, não aguentou o peso da vergonha e acabou dando fim a própria vida, trocando a tradicional carta de despedida por uma simples carta de demissão.
A segunda decisão mais importante foi a da Joan. A personagem sempre teve os seus próprios parâmetros de moral, mas se prostituir foi uma coisa muito pesada até pra ela. Acabou aceitando a proposta de passar uma noite com um cliente, vendo nisso uma oportunidade de salvar não só a própria vida, mas também garantir a segurança da empresa. Depois de passar um período fora da agência por causa do filho recém-nascido, ver seu casamento desmoronar e descobrir que não tem a menor vocação pra vida doméstica, ela pôde perceber como aquele lugar era importante pra ela. E quão duro pode ser ver as pessoas do único lugar onde se sente em casa pedirem para que pague um preço tão alto. O único alívio que ela teve foi descobrir que o Don não concordou com a negociação. Tenho certeza que essa história sempre será recorrente, para lembrar, não só a ela mas também à todos nós, do que ela teve que fazer para chegar onde chegou.
O fim da linha para a Peggy foi o entendimento de que ela não tinha mais pra onde crescer na empresa. Ela passou a temporada sendo ameaçada e ofuscada pelos novos redatores e enfrentando o preconceito por ser uma mulher num meio dominado pelos homens. Mas o que mais pesou foi o fato de ela descobrir que nunca poderia ser o Don no lugar onde o Don estivesse. Acabou aceitando a proposta de outra agência com um salário maior, mas ficou claro que isso era o menos importante quando recusou a contra-proposta do chefe. O suspense sobre a permanência da personagem na série foi aliviado com sua aparição no último episódio, apesar de que eu não consigo imaginar uma trama que justifique a sua volta à agência.
Roger e Peter travaram uma batalha para, respectivamente, manter e conquistar seu lugar na empresa. Enquanto um via sua importância indo embora com a conta Lucky Strike, o outro viu que poderia finalmente mostrar seu valor. O que eles não sabiam é que igualmente sentiam o peso da idade, cada um a sua maneira. Para o Roger, a libertação veio através de uma viagem alucinógena causada por LCD e para o Peter veio em forma de um caso extra-conjugal. As duas soluções falharam.
E teve o Don, que começou a temporada com a promessa de uma vida nova, proporcionada pelo novo casamento. Ele pensou que fosse capaz de esquecer tudo que tinha vivido e deixar pra trás os fantasmas que o assombravam. Mas ele não demorou a perceber que não é tão fácil assim se livrar de certos pesos. Ele teve que lidar com a inveja da ex-mulher, que se sentia ameaçada pela juventude da esposa nova, com a insegurança da esposa nova, que teve que escolher entre a vocação e o sonho, e em meio a tudo isso, viu que não podia deixar que a agência andasse com as próprias pernas. Foi também responsável pelo suicídio do Lane, quando já carregava a culpa da morte do irmão. Acabou a temporada com mais um fantasma em sua coleção, além de perceber que os outros ainda estavam, e provavelmente vão continuar, um bom tempo ali.
Apesar de todos os conflitos que tiveram que enfrentar, o fim da temporada trouxe a esperança de um novo recomeço. Agora todos têm em suas mãos a possibilidade de fazer uma história diferente. O problema é que cada personagem carrega um fardo muito pesado, difícil de deixar pra trás, que deve continuar a atrapalhar a ascensão de cada um. Uma das principais qualidades dessa série pra mim é que ela sabe se renovar, sem que perca sua essência. Aguardo ansiosamente a sexta temporada e tenho certeza que teremos muitas novidades.
Agradecimento especial ao Scott (@antunesduarte) pela colaboração.
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Indeed! Mad Men é tudo isso e muito mais.
Lane ficou parecendo um personagem dostoieviskiano: um homem bom, incorruptível, que acaba cedendo sob a força das circunstâncias. E tudo foi acontecendo de um modo que a gente já sabia que ia acontecer a maior merda, mas se torturava, esperando que não acontecesse…
Bem interessante os problemas de relacionamento em Mad Men. Nada de romancinhos tolos. Aliás, aprendi em Sanctuary uma definição de amor bem apropriada a MM: “é um sentimento profundamente irracional e autodestrutivo, que as pessoas confundem com alegria”.
Digno de nota foi também a reação de cada um dos sócios diante da proposta do cara que pediu uma transa com Joan para fechar negócio com eles.
T, isso de implicar com uma série sem conhecê-la direito já me aconteceu várias vezes. Por exemplo, a premissa de Breaking bad: um professor de química, com câncer, resolve produzir drogas para deixar a mulher e o filho (que tem problemas neurológicos) em boa situação depois que ele morrer. Fala sério! Sai fora! No entanto, depois comecei a ver e ela é ótima: não foi aquela lenga-lenga de lição edificante de vida junto com desgraceira que pensei.Outra: The good wife. A premissa e os primeiros epis indicavam que seria uma série de mulher ressentida que dá a volta por cima, com toda a bobajada feminista de sempre. E o que surgiu depois foi uma abordagem muito interessante de temas da Justiça, entre outros.
Legal, né, que a gente possa ter essas esplêndidas surpresas?
Por mais chato que seja ver Mad Men ganhando o Emmy de melhor drama todo ano, eu tenho que admitir que a série continua operando num nível de atividade cerebral do qual suas concorrentes só chegam perto de vez em quando. Não esqueço que na mesma noite em que Game of Thrones impressionou os espectadores americanos com o fantástico “Blackwater”, Mad Men entregou uma obra-prima como “The Other Woman”. Isso sem falar de episódios igualmente brilhantes como “Far Away Places” e “Commissions and Fees”.
Claro que eu vou ficar contente se Breaking Bad, Game of Thrones, The Good Wife ou Homeland ganhar (presumindo que o Emmy não vai fazer o disparate de não indicá-las), mas se o critério for mérito, Mad Men merece o penta sim, senhor.
T, na verdade são muitos candidatos ótimos – roteiros, direção, atores. Só um (ou no máximo um empate) pode ganhar, e entram na história outros elementos (odiosos), como lobby, interesse da indústria, preferência pessoal do juiz (ou mesmo proteção a amigos concorrentes). Como escolher entre essas séries que você citou? Todas são perfeitas. Escolher entre John Hamm, Bryan Cranston, Aaron Paul (e este ano é obrigatório indicar Jeff Daniels) e tantos outros: é simplesmente impossível dizer qual é o melhor, todos são “o melhor”.
Então, acho que o Emmy só vale pela festa mesmo.