Homeland – Gerontion e A Red Wheelbarrow

Data/Hora 24/11/2013, 19:00. Autor
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O nome do episódio Gerontion refere-se a um poema de TS Eliot de mesmo nome, que é um  monólogo de um homem idoso que descreve a Europa após a Primeira Guerra Mundial. O poema foi escrito em uma época em que novas formas e sistemas de governo ditas como superiores foram surgindo para substituir as antigas – e, consequentemente, suas falhas. O homem aparenta ser dotado de enorme sabedoria, mas essa sabedoria – construída com o passar dos anos, em uma época diferente – pode ser aplicada ainda em um mundo novo em constante mudança?

O escritor Chip Johannessen pintou Saul como o narrador sem nome de Eliot. A sua casa, como diz Eliot, é uma casa deteriorada. Sua esposa está dormindo com outro homem, a sua agência está em ruínas, e sua influência sobre a direção tem uma data de validade que rapidamente se aproxima. O homem ainda se agarra aos seus velhos ideais e táticas. Um dia, Saul e Javadi foram idealistas, apenas esperando a oportunidade certa para fazer no mundo a tão sonhada mudança. Enquanto vemos as ruínas dos ideais de Javadi, Saul permanece dotado de esperança e paciência, esperando que um dia ele possa aplicar tudo o que ele conhece como sabedoria, para que seus ideais se tornem então realidade.

Mas o grande momento do episódio, sem dúvida, é ver como Saul diz a Lockhart e Dar Adal sobre seu plano, e como ele e Carrie orquestraram essa trama toda para atrair e capturar Javadi, transformando-o em um “aliado”. Lockhart lembra Saul que as táticas da guerra fria não funcionam mais, e simplesmente não se pode transformar inimigos em aliados (e o Brody?). Mas Saul se agarra, mais uma vez, firmemente a sua esperança de que pode haver uma mudança de maré. Se Javadi é preso, ele simplesmente pode ser substituído por outra pessoa, e o, então, ciclo continuará. É um risco que Saul está disposto a correr em nome da segurança nacional. Ou, mais apropriadamente, em nome da paz. É óbvio que ele ainda é o jovem idealista com a cabeça cheia de esperança e sonhos de paz.

E agora, tão perto de seu objetivo e depois de ter dado aquele soco em Javadi, parece que o Saul que conhecemos nas temporadas passadas realmente retornou. Mas depois de tudo o que foi feito as coisas podem realmente retornarem ao ponto de partida?

E é com esse mesmo questionamento que podemos agora falar sobre Quinn. O garoto de ouro da CIA está claramente abalado desde que acidentalmente matou uma criança em uma missão. Agora ele não parece estar mais certo de que os caminhos escolhidos pela CIA valem realmente a pena a serem seguidos na sua busca para o “bem maior”. Tenho que admitir que Quinn era o último personagem que eu imaginei que estaria no centro moral do seriado, mas é interessante ver também o que a série está construindo para ele.

homelanda- a red wheelbarrow

Em A Red Wheelbarrow Carrie e Quinn criam um plano para capturar o suspeito responsável pelo ataque a Langley, já que Javadi afirma para Carrie, em Gerontion, que Brody não é o responsável. Enquanto isso, Saul move silenciosamente para a fase 2 de seu plano com Javadi. E Fara luta para lidar com o estresse de trabalhar com a CIA.

E alguém na produção de Homeland deve gostar muito de poesia já que, assim como episódio anterior, A Red Wheelbarrow também dá nome a um poema, só que dessa vez de autoria de William Carlos Williams, onde se lê:

tanta coisa depende
de um

carrinho de mão
vermelho

esmaltado de água de
chuva

ao lado das galinhas
brancas

O poema é escrito em formato intencional que obriga o leitor a contemplar que aquilo que parece tão descuidadamente colocado é, talvez, como deveria ser, tudo tem um propósito, tudo está no seu devido lugar. E assim, o público de Homeland também continua se perguntando quais os motivos dos acontecimentos dos primeiros episódios. Será que houve algum propósito?

Apesar de essa temporada ter mostrado mais atenção ao drama que aos detalhes que tornam as tramas inteligentes, as manobras utilizadas nesse episódio fizeram dele episódio um daqueles bons e velhos, dos quais sentimos saudades. Me mantive cética por algum tempo durante o episódio, principalmente quando Saul se recusa a elaborar sobre a Fase 2 de seu plano. Mas esse episódio se tornou um lembrete sensacional do seriado em seu primeiro ano, praticamente sem falhas.

Quinn e Carrie  elaboram um plano muito inteligente pra poder capturar o verdadeiro suspeito ao atentado a Langley usando Bennett e Franklin –  finalmente usando o personagem de F. Murray Abraham apareceu mais. E a  gravidez de Carrie foi abordada seriamente pela primeira vez. Eu não tenho certeza se ainda concordo com a ideia de que um bebê ajudaria em alguma coisa (na verdade não concordo), mas dado que esse plot renovou minha confiança em Homeland, vou esperar por mais episódios para rever meu juízo.

E apesar de ter sido fantástico ver Saul indo recrutar o mal cheiroso Brody na Venezuela. A melhor coisa foi ver que Carrie Mathison simplesmente não dá a mínima. Para conseguir capturar o responsável pelas mortes na CIA, e como consequência alcançar seu objetivo de inocentar Brody, ela ignora Dar Adal quando este dá ordens para Quinn matá-la pra não comprometer a missão e muito menos quando Quinn afirma que vai atirar. Tudo isso enquanto ela está grávida de 13 semanas. Talvez Carrie não precisasse estar grávida. Talvez vocês estejam começando a entender os meus pensamentos sobre isso (como se eu pudesse ser menos clara sobre o assunto).

Mas independentemente disso, essa é uma sequencia incrivelmente intensa. Passando ao momento que a intuição de Carrie lhe diz algo sobre Saul não está certo; Franklin no banheiro de o hotel, derramando ácido sobre o terrorista Langley (Saudades Breaking Bad).; e culminando com Saul aparecendo na Venezuela para ver nosso velho amigo Nicholas Brody.

Depois de um começo de temporada envolto de tormentas, finalmente me sinto realmente motivada para assistir Homeland. Não gosto nem de dizer isso, com medo de estragar tudo. Mas, bem vindo de volta, Homeland, sentimos muito a sua falta. Sei que este já é o episódio 8, e é difícil ignorar os problemas do começo da temporada, mas parece que você finalmente vai voltar para casa.

– Peço desculpas pelo atraso nas reviews. Meu Vira-Tempo estragou essa semana passada, mas já me indicaram um ótimo lugar na Travessa Diagonal para consertarem.

– Será que Saul sempre soube do paradeiro de Brody?

– Quinn está rapidamente tomando um lugar no hall de personagens preferidos. Me corta o coração ver ele olhando para Carrie daquele jeito.

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  1. Sloany Medeiros - 24/11/2013

    Ótima Review! A melhor parte foi lembrar de Harry com suas palavras: “Peço desculpas pelo atraso nas reviews. Meu Vira-Tempo estragou essa semana passada, mas já me indicaram um ótimo lugar na Travessa Diagonal para consertarem.” Acho q Saul sempre soube q o infeliz/drogado do Brody tava naquele inferno, acho q foi ele q o escondeu lá… E Quinn é meu preferido, claro q Carrie seguindo em frente contra todos foi o jeito Carrie de ser e o pq de torcemos por ela sobre qualquer circustncia. Homeland nunca me enganou sobre sua qualidade, só precisavamos ter um pouco de fé ;p

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