TeleSéries
Greve anuncia uma nova era para a TV (uma dramédia em dois atos)
01/02/2008, 09:30. André Sirangelo
Notícias, Opinião, Programação EUA
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Mesmo diante de indefinições tão profundas como as que a Writers Guild of America vem enfrentando na luta por um acordo justo com os estúdios, muita gente ainda não consegue entender o que leva um roteirista de TV a desligar seu computador e se juntar aos protestos na porta dos estúdios. Eles não sentem culpa em abandonar suas criações e deixar os fãs sem suas séries favoritas?
Sem dúvida. Alguns já disseram que se sentem indo a um funeral. Outros, que têm vontade de vomitar e chorar.
Ainda assim, ao mesmo tempo em que entra para a história como o episódio mais bizarro, extremo e involuntariamente cômico dos últimos tempos no mundo do cinema e da TV, a greve dos roteiristas, que parece estar entrando em sua reta final, é também o ponto máximo e inevitável de um conflito que vai definir o futuro de toda a indústria. Um ritual de passagem. As próximas linhas se propõem a comentar duas das principais frentes dessa batalha.
1: QUEM MEXEU NO MEU WEBISODE?
É consenso entre os escritores que todo o modelo de negócios da televisão americana está mudando. TiVo, iTunes, Joost, Hulu – todas essas maravilhas tecnológicas vieram para ficar. O que a WGA defende é que, se medidas drásticas como a paralisação não forem tomadas, a associação corre o risco de ficar presa a um acordo de remuneração injusto e ultrapassado, enquanto a televisão e a Internet aos poucos se transformam em uma só mídia.
Não acredita?
No próximo dia 26 de fevereiro, quando entrar para a grade da rede norte-americana NBC, a primeira temporada do drama adolescente Quarterlife já terá sido inteiramente exibida nos websites MySpaceTV e quarterlife.com.
Também em fevereiro, no Brasil, o AXN deve estrear Afterworld, série de animação feita originalmente para a web e cujo canal no YouTube já acumula mais de 330 mil acessos.
Uma das HQs mais vendidas nos EUA em 2007 foi a compilação “Heroes: Volume One”, que reúne 34 histórias curtas ambientadas no universo de Heroes, previamente disponibilizadas no site oficial da série – de graça.
Três exemplos recentes de que aos poucos começa a surgir uma simbiose nunca vista antes entre web, televisão e a mídia mainstream.
Os estúdios tentam aproveitar essa onda como podem. Séries com alto índice de espectadores jovens e conectados já investem em presença massiva na rede, o que resulta numa infinidade de extensões que tentam fisgar os fãs enquanto eles estão longe da TV. Heroes tem jogos, animações e suas HQs campeãs de vendas. Lost tem mobisodes e jogos de realidade alternativa esculpidos cuidadosamente em torno de sua complexa mitologia. The Office e Battlestar Galactica têm levas e levas de webisodes exclusivos para a Internet, e por aí vai.
Até aí tudo ótimo. O problema é a maneira como os estúdios escolheram (não) recompensar os escritores que se dedicam a essas produções.
Exemplo: a série de 10 webisodes Battlestar Galactica: The Resistance, exibida no site do canal Sci-Fi no hiato entre a segunda e a terceira temporada do programa (também disponível no Brasil no site da TNT), é considerada um investimento promocional pela NBC-Universal. Em entrevista ao site E! Online, o produtor executivo Ronald D. Moore disse que, por esse motivo, o estúdio iniciamente não propôs pagamento extra aos roteiristas. Depois de uma penosa negociação, eles aceitaram pagar pelo trabalho adicional – mas decidiram que ninguém seria creditado. Durante um piquete, Moore declarou:
Eu me recusei a entregar os webisodes, mas eles os pegaram de qualquer jeito. O que é direito deles, afinal eles são os donos da série. […] Eles querem que um escritor contratado faça trabalho extra para outras mídias, não receba por isso e ainda gere lucro com esse trabalho. E é por isso que estamos aqui: porque isso está errado.
A versão americana de The Office passou por situação semelhante. Além de não serem compensados pelos webisodes exibidos (com anúncios) no site NBC.com , os roteiristas recebem valores insignificantes pela distribuição da comédia no iTunes – e, segundo o criador Greg Daniels, já são mais de sete milhões de downloads. Pela exibição gratuita (com ainda mais anúncios) de episódios inteiros em streaming, a equipe criativa não leva absolutamente nada. A justificativa dos estúdios? Uso promocional.
Remando contra a maré, produções como Afterworld e Quarterlife sinalizam que a lógica está começando a se inverter. Pela primeira vez produções idealizadas para a web estão indo parar na televisão. Não se trata de um sinal do declínio da TV nem nada disso que os mais alarmistas adoram proclamar. Ao contrário, é o início de um caminho que, em menos de uma década, deve terminar com a TV e a Internet se tornando uma forma única de distribuição de conteúdo.
2: QUARTERLIFE CRISIS
A questão é: o que está fazendo os criadores migrarem para a web e só depois considerarem a TV? Acredite, é mais do que restrição orçamentária. É a verdadeira razão pela qual os roteiristas abandonaram seus filhotes e deixaram seus fãs na mão: liberdade criativa.
A chave para entender a nova era da TV e a greve dos roteiristas é um artigo do Los Angeles Times assinado por Marshall Herskovitz, um dos produtores de Quarterlife. Com o título Are the corporate suits ruining TV? (ou “Os engravatados estão estragando a TV?”), o texto explica porque, depois de 20 anos de carreira, Herskovitz e seu parceiro Edward Zwick desistiram de fazer televisão.
Segundo ele, até 1995 existiam cerca de 40 produtoras independentes criando séries de ficção para a TV. Elas eram as únicas donas de seus programas e as emissoras apenas pagavam pelos direitos de exibição. Se uma emissora desistisse de uma série, os produtores podiam oferecê-la para outro canal.
Hoje, por pressão dos grandes estúdios, o número de produtoras independentes chegou a zero. Como resultado, os direitos da maioria dos seriados pertence às emissoras, o que as permite deitar e rolar em cima da criação alheia. Herskovitz detalha exemplos que vão de pedidos de revisões em todas as páginas de roteiro até ordens para mudar a roupa dos atores e a cor da parede de um set de filmagem.
A vergonhosa leva de séries da temporada 2007-08 demonstra como a estratégia de controle absoluto está dando errado. Essa pode ter sido a pior fall season da década – e Herskovitz está longe de ser o primeiro a dizer isso.
Então a Internet é a solução para todos os problemas? É cedo para dizer. O fato é que, seguindo o exemplo de inúmeros cineastas de garagem que fazem sucesso no YouTube, a dupla Herskovitz & Zwick conseguiu financiar e produzir uma bem-sucedida série para a web sem se submeter ao crivo de nenhuma mega-corporação. De quebra, eles poderão levar sua história para a TV aberta sem perder os direitos sobre ela.
Seria Quarterlife a salvação da lavoura? Você não precisa esperar até uma hipotética estréia no Brasil para descobrir.
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André,
Esse realmente foi um dos melhores artigos sobre a greve que eu já li! Muito interessante estes dois aspectos. Eles demonstram muito bem a característica imperialista e até mesmo predatória do povo americano…
Parabéns pela análise!
Também gostei muito do artigo. Me fez refletir em um monte de coisas…
Gostei principalmente da discussão sobre a liberdade criativa dos caras.
Artigo muito bom mesmo, sem dúvida o melher que já li sobre a greve. Explica muito bem o porque dos roteiristas não poder aceitar qualquer acordo meia-boca.
Os roteiristas estão certos. Por pior que sejam as consequências para nós, telespectadores e fãs de séries, eles estão certos em seus pedidos. As empresas deitam e rolam sobre eles. Além disso, deitam e rolam sobre suas criações. Séries canceladas a rodo a cada temporada e outras coisas, como as mencionadas no texto. São muitas as séries para a web que são fantásticas. Chad Vader, Prom Queen, God Inc., etc. Vale a pena “cavucar” o Google em busca desta preciosidades.
Esse texto foi também um dos melhores que eu já li sobre a greve, pois a função dele não é de explicar nada a ninguém, e sim de refletir sobre ela.
Posso copiar pra uma comunidade do orkut, dando o devido crédito a você e ao site??
André, é uma honra de ter como colaborador do TeleSéries. O texto está ótimo.
Tem um comentário teu que eu acho bem polêmico, quando você afirma que a temporada 2007-08 foi “vergonhosa”. A gente ainda está seguindo no piloto automático daquela afirmação que diz que esta é a fase de ouro da TV. Concordo contigo. A fase de ouro acabou e estamos na ressaca.
Não fazia idéia que parte do motivo disto seria o fato de que as emissoras e os grandes estúdios centralizaram demais a produção – engolindo os pequenos. Mas faz sentido.
Talvez a era de ouro ainda não tenha acabado totalmente graças aos canais pagos americanos como Showtime,HBO,FX e AMC que ainda conseguem inovar.
Porém na tv aberta dos EUA o momento é de crise mesmo.Não é apenas a fall season 2007-2008 que foi ruim.A 2006-2007 também deixou a desejar.
Pode ser que a terceira era de ouro venha com a interação entre TV e internet.
Eu ja reparei que quando a gente lê matérias contando apenas esse lado dos “criadores” e diretores, só “ouve” as mesmas repetitivas reclamações de sempre, que os executivos dos estudios e das emissoras “estragam tudo”, tadinhos dos artistas…
No entanto, quando voce analisa com objetividade e sem romantismo, só vê produções SALVAS exatamente pelas intervençoes dos executivos… Ja viram “versoes do diretor” de um filme? A maioria é uma bleosta, a versao como foi exibida no cinema é quase sempre muito melhor (lembro-me agora de Blade Runner, a versao do diretor sequer tinha a narracao em off, tornando a historia bem mais dificil de digerir e de entender, uma droga!).
E na tv? Gene Roddenberry queria uma Star Trek chaterrima, onde tudo seria resolvido só com muitos diálogos. Os executivos exigiram os tiros de laser e as brigas corpo-a-corpo, e a serie melhorou horrores, tornando-se o classico que é hoje. Anos mais tarde, deixaram Star Trek Next Generation ser mais ou menos como Roddenberry queria, todos os problemas resolvidos no bla-bla-bla, e o resultado é que a primeira temporada de STNG é de longe a pior de todas! Os executivos interviram novamente e a serie melhorou muito a partir da segunda temporada.
E quando um diretor ganha fama e os estudios deixam ele fazer um filme “com total liberdade”? Se nao for um genio como Spielberg, praticamente em 100% das vezes os diretores so criam filmes chaterrimos e muito piores que os anteriores, os que levaram eles para a fama…
Exemplos nao faltam, eu poderia passar o dia inteiro aqui lembrando e citando… Mas vamos ser realistas: quando o caso é criar bons filmes e seriados, que deem audiencia e devolvam lucro, poucos sabem fazer isso tão bem quando os executivos dos estúdios. Se eles deixam tudo nas maos dos “criadores”, ok, talvez 5 ou 10% das producoes se transformem em sucessos… Mas a maioria sairá intragável, na forma de produçao que só vai agradar a uma minoria (que depois ficará se queixando pelos cantos: “Ohhh, eu adoro a serie XPTY, mas nao entendo porque ela só alcança míseros 4 milhões na audiência e vai ser cancelada… Ohh! Por que meu deus, ohh, por que?”…
Mais uma coisa: pior ainda é ouvir algo semelhante a “a epoca de ouro da tv está acabando por causa dos executivos”… Ora, façam-me o favor… Mesmo que isso fosse verdade (e nao é), por um acaso a tal Epoca de Ouro surgiu porque os “criadores” criavam livremente suas producoes? Desde quando?…
Eu assisto tv desde o inicio da decada de 60, e desde o inicio da decada de 60 que eu vejo essa mesma ladainha dos produtores/roteiristas reclamando das intervencoes dos executivos das redes de tv… E’ como eu ja disse, Star Trek é de 1966 e passou por tudo isso também. Mudaram roteiros, mudaram personagens, mudaram ate as roupas das atrizes (e quem nao gosta de ver aquele monte de mulher de minissaia e shortinho em Star Trek???).
Menos, gente, menos… A maior parte dessa choradeira de roteirista é apenas isso, choradeira. E ter executivo no pé mandando faz parte da profissao deles, assim como em TODAS AS DEMAIS PROFISSOES DO UNIVERSO tem gente choramingando o tempo todo que “está tudo errado e deveria ser tudo como a gente quer, pois só a nossa profissao tem a luz e sabe fazer certo!!!”
Não é assim que funciona, nao… O balanço entre as diversas profissoes é que faz o certo. Ninguem é totalmente livre para fazer o que quer e como quer, nem o presidente dos EUA.
Rubens, concordo em parte com você. Mas o texto está além da sua compreensão. Por isso ele cita Quarterlife como exemplo: uma série feita para a internet justamente porque a liberdade criativa pode imperar, ou seja, eles vão escrever o que eles bem entenderem, e levar a história da forma que eles pretendem contar, sem a interferência dos executivos. Mas é claro que eles também sabem o que fazem, e claro que eles são vitais para o processo televisivo.
A atual crise de audiência das séries americanas sugere que os executivos estão errando em algum ponto.Os seriados mais assistidos conseguem no máximo atingir 20 milhões de espectadores enquanto reality shows facilmente superam essa marca.
O comentário do Rubens acabou se tornando melhor que o do autor, que mais parece um release panfletário do lado em greve.
Mas, uma ressalva: uma série pode ser excelente e não dar muita audiência, caso de Veronica Mars e, mais recentemente, Dirty Sexy Money.
Gente, Quarterlife é mto bom! Apesar do meu ingles naum ser excelente, deu pra perceber que é uma boa série,pelo menos o piloto. Agora q a NBC comprou espero que chegue ao Brasil logo (tem cara de Sony essa série)pois é uma série mais jovem que faltava.E quero gravar tudinho (rss).Eu andava meio desanimado com séries mais agora esta achei genial. Assistam no http://www.myspace.com ou no site da própria série http://www.quarterlife.com
São várias partes que compoem uns tres episódios se naum me engano. E adorei este texto. Fico feliz q o Teleséries deixa a infantilidade de lado (como maldição, mascaras de carnaval,como um certo site etc. costuma fazer.)e sempre vem com boas críticas e novidades (como Quarterlife)
é o Rubens deve estar certo, como sempre, afinal a TV só melhorou graças aos executivos, por isso que estamos na maravilhosa temporada de 2007-08 aonde só tem hit na parada!!!
por falar nisso deviamos aproveitar essa chance que esses incompetentes chamados roteiristas nos deram, e aproveitar toda essa criatividade e genialidade dos executivos e botar eles pra escreverem os episódios!!que tal?!era a solução pra greve e a tv ia melhorar mto tenho ctz!!!
por falar nisso fora Rick Gervais, David. E Kelly, Tina Fey e qq outro que tiver a audacia de querer escrever seus programas e fazer a coisa do jeito que quer, vcs são o cancer da tv com as suas ideias chaterrimas!!!se não fossem os executivos pra salvar vocês o mundo da tv estaria perdido!
bom falando sério agora, claro que tudo é feito de um balanço entre executivos e criadores, o criador não pode fazer qq merda e querer q aquilo vá pro ar sendo a bosta que é e não de nenhuma audiencia (apesar que se der, dane-se, vide Heroes por exemplo)
agora MTOS casos como VM quando se mexeu na série pra ‘agradar’ a audiencia, só fez cair a qualidade…
então tem que saber ter um equilibrio sempre, entre quem faz as coisas por paixão e quem faz pelo lucro, e as duas coisas tem que andar lado a lado…
assim concordo quando o Rubens diz
“Não é assim que funciona, nao… O balanço entre as diversas profissoes é que faz o certo. Ninguem é totalmente livre para fazer o que quer e como quer, nem o presidente dos EUA.”
se faz necessário o balanço entre eles…
só acho que você, Rubens, não enxerga duas coisas, da maneira que está não existe balanço nenhum, os estudios furtam os esforços dos roteiristas em criar as séries, pagam porcamente pelos extras, usam e abusam das ‘midias promocionais’ e lucram com isso na maioria das vezes sem repassar um tostão e se existir divergencias criativas, o CRIADOR da série é afastado e o estudio poem outro no lugar…(por sinal nunca vi isso dar certo na minha vida, todas as vezes que isso aconteceu só vi bombas, se alguem lembrar uma vez que isso deu certo me avise)
bom e sim ninguem é totalmente livre pra fazer o que quer, mas os executivos ultimamente fazem o que querem…
e quanto o presidente dos EUA, bom se ele começou uma guerra sem autorização da ONU, e nada aconteceu, não sei como ele não faz o que ele quer…talvez vc esteja se referindo a ele na vida particular, já que nas suas atribuições como presidente os fatos mostram que ele infelizmente faz sim o que bem entende
ps Marco, VM só ia mal de audiencia pq não deixava os executivos mexerem nela e obviamente pela lógica ‘rubeniana’ só era boa, em qualidade, pq era uma exceção (entre 5 e 10% das criações que não são mexidas pelos executivos dão certo)
ps2 André texto maravilhoso, infelizmente como já dizia a minha avó parece ser o tipico caso de “pérola aos porcos” mas eu particularmente adorei…espero ler mais textos seus por aqui
Rubens, vc trabalha para a FOX?
Ótimo texto André. Me fez ver aspectos da greve e do momento da TV que eu não tinha percebido em nenhum outro.
Hilário alguns comentários tipo Rubens & Cia Ltda.
Eu acho que o Rubens até tem uma certa razão quanto a intervenção dos estudios/executivos ser necessária (as vezes) pra que um programa dê retorno, mas ele ignorou o fato de que o trabalho dos roteiristas é explorado de forma que ele gera lucro para os estudios e não pros criadores e isso é uma das razões da greve.
Texto muito bom.
Ótima abordagem do tema. Parabéns!!!
Cia Ltda diz:
Rô, te dou parâmetros , vírgulas e plural.
Lucas,
Concordo em parte…
Até que a UPN investiu bastante em V.Mars, mas, mesmo assim, a audiência não decolava. Com a CW a coisa foi mais complicada mesmo.
Muito bons os pontos-de-vista do André e do Rubens. Mas entendo que são apenas parte de um todo mais amplo e complexo.
Voltamos a 1999, época em qu a internet era a nova maravilha da humanidade. Tudo giraria em torno dela e proliferaram companhias que não eram mais que idéias. Eram os ideólogos do faça-você-mesmo, e as grandes corporações seriam consumidas e destruídas por idéias simples e pela facilidade da internet.
Em 2000 muitos quebraram. A maioria, aliás. Restaram os ideólogos capitalistas, gente como Yahoo, Google, Amazon, que tinham a idéia, mas sabiam que a dissociação com o mundo real não funcionava. Além deles, as grandes corporações sobreviveram e fincaram pé no mundo virtual. Com isso, foram engolidos uma série de “gênios da internet”, que criaram bobagens e mais bobagens. Não havia criatividade para tudo.
Anos depois, com o advento do You Tube, criou-se a idéia de que o centro da criatividade artística televisiva tinha, definitivamente, se transferido para a internet. Era o fim da TV e do cinema como conhecemos.
A greve dos roteiristas, ainda que justa do ponto-de-vista de remuenração por outras mídias, parte desse princípio simplista de que basta “liberdade” para que se tenha criatividade. A “fuga” dos grandes estúdios é a solução.
Bobagem. E um parênteses:
A indústria da música mostra isto. Para cada Arctic Monkeys e Lilly Allen que surge através da internet, há milhares de artistas meia-boca que não chegam a lugar algum. Mesmo o evento da “Música grátis” do Radiohead foi duramente criticado por atistas que sabem que a relação com as gravadoras, ainda que difícil, é necessária.
Voltando. Com o tempo, as grandes corporações retomam seu lugar na cadeia alimentar da indústria. Porque têm mais dinheiro, porque tem acesso mais fácil ao consumidor final. E porque nemtudo que se faz na internet, ainda que livre, é de qualidade. Partir do pressuposto que liberdade é igual a qualidade, é ser demasiadamente simplista.
É possível que em 10, 15 anos haja uma mudança no centro de entretenimento, da TV para internet ou qualquer outro meio. É natural. Isto explica parte da queda atual da audiência. Mas não explica tudo. Momentos de entresafra são naturais e não têm a ver com os engravatados, e sim com a falta de criatividade e sintonia criação/público.
Ou seja, o assunto é complexo. Mas é bom poder discutí-lo, no bom nível que há aqui no Teleséries.
Abraço,
Cesar
O Rubens é o herdeiro do saudoso Cristiano Vieira!
Rubens, estamos falando de TV, de entretenimento. É óbvio que há regras no jogo. Não é isto que o André quis dizer ou que eu quis dizer. Não somos tão ingênuos.
E provavelmente a própria classe dos roteiristas não é tão ingênua assim. Obviamente eles estão se colocando na posição de vítima. É o momento deles, e é o marketing deles… Você tem sensibilidade para perceber…. Aliás, não só você. Acho que todo o leitor do TeleSéries é inteligente e percebe isto.
Mas a questão é que as emissoras/estúdios podem estar interferindo demais, pasteurizando demais a programação porque, especialmente com a crise no cinema, viram a oportunidade de ampliar o lucro mercantilizando a experiência de ver TV.
E aí entramos nesta fase do veja a série-acesse o site-visite a nossa World Tour-compre a action figure-leia o gibi. Sempre existiu isto, mas desta vez está tudo muito amplificado. Onde já viu, anunciarem spin-off de Heroes depois de uma única temporada!
Imagine que isto deve estar acarretando uma série de pressões no pessoal da criação – não só as que o André cita no texto, mas também deve estar dificultando o desenvolvimento das novas séries. Nenhum estúdio quer arriscar, logo eles estão olhando de lupa tudo. E esta nova temporada tá provando que isto não dá necessariamente certo.
Lendo essa matéria do Herskovitz me faz sentir muita inveja dos roteiristas/produtores.
Eles já tiveram controle absoluto sobre suas produções, sem interferência das redes. E agora, mesmo com toda essa inteferência junta ao fato das emissoras serem donas das produções, os roteiristas continuam procurando uma forma de conseguir sua liberdade criativa. Espero que Quarterlife prove isso.
Sinto inveja porque eu jamais imaginaria um roteirista brasileiro fazendo isso. Imagina se um programa exibido na Globo fosse produzido por alguma produtora independente, e ela não interferisse de forma exagerada na produção. Seria um verdadeiro paraíso.
Um detalhe a acrescentar,
O fato da NBC ter interrompido o desenvolvimento de novos pilotos está sem dúvida alguma relacionado a toda essa situação. Isso só mostra como as emissoras vem inteferindo no processo criativo de forma por tudo a perder.
Bom, artigo perfeito.
Assumo que sou a favor da greve sim e que se pudesse levantaria placas e montaria piquetes pelas ruas americanas.[mesmo que esteja rezando pelo fim da mesma]
Tenho receio dos cortes que virão quando a greve acabar. E tenho certeza de que a foice virá bem afiada. Vcs tem duvidas disso? Eu não.
E como disse o Alê ali em cima: vale MUITO a pena procurar as séries feitas pra web. São um primor de qualidade e criatividade.
Abraços
A pergunta que eu me faço é a seguinte: porque é que qualquer “produção” que envolva um processo criativo é sempre mal remunerada??? Só isso.
Todo esse bláblá blá sobre os executivos pode até ter seu fundamento, pois querem resultados, retorno financeiro, etc. Mas não adianta ter “efeito especial” sem uma boa “história”.
A internet e outras mídias são apenas reflexo dessa necessidade de haver certas “ilhas de excelência” para que os processos criativos aconteçam. E esse espaço deve ser remunerado.
Como alguém disse antes, prá cada Lilly Allen existem muitos outros artistas meia-boca. (Nem vou fazer julgamento aqui.) Mas esses outros tantos mais ou menos apontam uma direção, pagam o preço do erro, do sacrifíco, do risco. Aí sim aparece uma Lilly Allen que é espremida até a última gota. (Mesma coisa com Lost!)
Será que querer ser pago pelo seu trabalho é algo assim tão ofensivo e gerador de polêmicas???
Obrigado pelos elogios e principalmente pelo altíssimo nível da discussão– se não fosse para gerar críticas construtivas não teria sentido escrever um artigo opinativo sobre esse assunto tão complicado.
Junim, pode reproduzir o texto (com link e créditos) onde vc quiser.
abraços a todos
Gente, só para dizer: concordo com a maioria dos comentarios que foram feitos aos que escrevi, principalmente porque o meu texto tambem acabou puxando a balança para um lado (foi proposital, claro, para chamar a atencao e contrabalançar o primeiro texto), e acabou escondendo a “conclusao” que o mais correto é o BALANÇO entre opiniao de executivos e roteiristas/produtores. Nem tanto ao chao, nem tanto à terra. Todos eles tem acertos, e todos tem erros (alguns bem feios).
Só quero comentar mais uma coisa a quem continua repetindo que “os executivos estao errados porque a temporada 2007 foi ruim”. Por favor, nao se esqueçam que o modo de se decidir tv nao mudou em essencia nesses ultimos 50 anos. Executivo sempre interviu nos roteiros, nos personagens, nos atores, nas roupas, na cor da parede do cenario… Não ha novidade alguma nisso.
Por isso, se a temporada 2007 foi ruim, e a temporada 2006 foi excelente (só como exemplo), ou a de 2005, ou a de 2004… lembrem-se que as temporadas que foram boas foram “por culpa” dos executivos TAMBEM! OK?
Nao caminhem numa direcao que “em 2006 os roteiristas eram livres, nao sofriam pressao, e fizeram um otimo trabalho; em 2007 ficaram sem liberdade alguma e sofreram pressoes poderosas, e aí a temporada ficou horrivel.” Isso aí seria uma versao fantasiosa da realidade. Falta de liberdade e pressao sempre existiram. Se hoje tem roteirista reclamando por causa de webisodio de 1 minuto (UM MINUTO!!!!), é bom lembrar que ha algumas décadas eles tinham que fazer 30 episódios ou mais por temporada, ao invés das 24 atuais.
Que ninguem pense que antigamente a vida de roteirista era mais facil e com mais liberdade. E só isso que eu acho errado. Quem por aqui trabalha, nao importa a profissao, ja deve estar careca de ouvir essa ladainha que “antigamente que era bom, agora a gente está cada sendo cada vez mais explorado”. E’ normal. E’ do ser humano pensar assim e reagir mal a qualquer mudança no seu trabalho.
Rubens, agora concordo com você, mas eu fui um dos que falou isso…mas vou me explicar…quando eu disse que era só pra olhar pra 2007-08, é pra você ver que um executivos dependem TOTALMENTE dos roteiristas, enquanto a reciproca não é verdadeira…os roteiristas podem SIM executar um bom trabalho sem interferencia de executivos…
o correto é um equibilibro exato…mas se for pra existir um desequilibro…então a balança tem que pender pra algum lado… com ctz é pro lado dos roteiristas e não o inverso, como tem sido feito hj…e como muito se leu ao longo da greve, os roteiristas já se prejudicaram mto pela exploração das mídias novas (dvd e etc) e agora não querem perder de jeito nenhum essa nova batalha pela ‘internet’ e com razão, ou no futuro não existira mais roteiristas…afinal quem quer criar uma coisa pra ver ela ser simplesmente tomada de você e feita dela o que outros bem entenderem???
e Rubens se o webisodio tem um minuto apenas, pq não pagar por ele???
Rubens, agora concordo com você, mas eu fui um dos que falou isso…mas vou me explicar…quando eu disse que era só pra olhar pra 2007-08, é pra você ver que um executivos dependem TOTALMENTE dos roteiristas, enquanto a reciproca não é verdadeira…os roteiristas podem SIM executar um bom trabalho sem interferencia de executivos…
o correto é um equibilibro exato…mas se for pra existir um desequilibro…então a balança tem que pender pra algum lado… com ctz é pro lado dos roteiristas e não o inverso, como tem sido feito hj…e como muito se leu ao longo da greve, os roteiristas já se prejudicaram mto pela exploração das mídias novas (dvd e etc) e agora não querem perder de jeito nenhum essa nova batalha pela ‘internet’ e com razão, ou no futuro não existira mais roteiristas…afinal quem quer criar uma coisa pra ver ela ser simplesmente tomada de você e feita dela o que outros bem entenderem e ainda ser mal remunerado por isso???
e Rubens se o webisodio tem um minuto apenas, pq não pagar por ele???
Prezado Marco,
Muita gentileza sua chamar a atenção sobre meus erros gramaticais de maneira tão delicada. Prestarei mais atenção.
Agradecida,
Rô