Fringe – Transilience Thought Unifier Model-11

Data/Hora 29/09/2012, 22:25. Autor
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Em 9 de setembro de 2008 um novo seriado foi apresentado ao público norte americano e, consequentemente, ao resto do mundo. 9.13 milhões de telespectadores, curiosos com “o novo seriado de J.J. Abrams”, sintonizaram na Fox e foram apresentados à Olívia – que na época só queria entender o mistério que cercava a morte de seu noivo e parceiro, John -, Walter e Peter Bishop, Broyles, Charlie, Astrid e Gene. E o público adorou. Na terça-feira seguinte, 13,27 milhões de pessoas ligaram a televisão, a maior audiência do seriado. E a primeira temporada encerrou com mais de 10 milhões de média de audiência. Um sucesso pra emissora nenhuma colocar defeito.

Episódio após episódio, as pessoas tinham suas mentes explodidas, e tentavam compreender o que se passava. Alguns viam a lógica por trás daquilo tudo, e confiavam que os roteiristas sabiam o que estavam fazendo. Outros apontavam falhas de raciocínio, e diziam que os furos no roteiro eram enormes e injustificados. Mal eles sabiam que, eventualmente, tudo passaria a fazer sentido.

Na terceira temporada – a melhor, na minha humilde opinião – as coisas se complexificaram. Os episódios passaram a outro nível. O universo vermelho chegou com tudo, e fomos apresentados com mais vagar aos duplos de nossos personagens mais queridos. Alguns foram amados, outros odiados. Houve ainda quem conquistasse seu espaço com o passar do tempo. E junto com novos personagens, novas teorias. Cada vez mais mindblowing.

E foi exatamente na terceira temporada que tudo se tornou mais difícil. Talvez foi aí que o público norte americano percebeu que para ver Fringe, era necessário pensar. Para entender Fringe, era necessário muito mais que isso. Era necessário teorizar, deixar a mente livre. Ser um pouco Walter Bishop. E entender um tantinho – ou um tantão, como tantos por aí, o que não é meu caso – das mais avançadas teorias físicas, químicas, biológicas. A audiência caia, semana após semana. E a Fox tomou aquela decisão que deixou os fãs ainda mais apreensivos: mover Fringe para as sextas-feiras. A partir desse dia, fã nenhum conseguiu dormir tranquilo. As campanhas #SaveFringe foram intensificadas, e a série passou a ser figurinha fácil nos Trending Topics do Twitter. Mas a audiência americana não ajudava, e só 4 milhões de pessoas assistiram a obra prima que foi Subject 13. O seriado foi salvo pelos executivos da Fox só aos 48 do segundo tempo, e uma quarta temporada foi encomendada.

Quarta temporada que começou morna, deixando os fãs muito apreensivos. Mas que logo se demonstrou fantástica, literalmente jogando com nossas ideias e crenças. E quanto mais evidente ficava a genialidade dos roteiristas, que explicavam os pseudo furos de roteiro das temporadas anteriores, menos gente assistia. Em 3 de abril, apenas 2.84 milhões viram The Consultant. E só 3 milhões de bem aventurados viram Letters of Transit na semana seguinte. Os corações do fandon batiam cada vez mais lentamente.

Mas como uma descarga de adrenalina, a renovação foi anunciada em 16 de abril. A partir desse momento sorrisos e lágrimas se mesclaram. A data do final se tornou oficial: fevereiro de 2013.

E foi assim que chegamos em Transilience Thought Unifier Model-11. Infelizmente, o princípio do fim.

O episódio é uma continuação dos eventos de Letters of Transit – pra rememorar os acontecimentos do episódio, basta dar uma lidinha na review. Mas antes de acompanhar o que aconteceu em 2036, depois de Walter, Peter e Astrid serem retirados do âmbar, descobrimos o que aconteceu em 2015, já que tivemos um breve vislubre da chegada do Observadores à Terra. E ficou bem evidente que eles, ali, acabaram com uma família feliz e tranquila. Olivia foi ferida, Peter “perdeu” Etta. A origem de todos os problemas – familiares – que viriam na sequência.

E logo chegamos em 2036, prontos para acompanhar as novas aventuras de Walter Bishop e família – sim, porque Aspen já é da família. Um futuro miserável, no qual Palitos de Ovos servem como “comida-punição”. E com menos de cinco minutos de episódio, Walter já havia feito uma espécie de “previously in Fringe“, explicando que Olivia saiu para buscar uma parte importante do “quebra-cabeça” que permitiria que o seu plano com September, para derrotar os Observadores, desse certo. Ainda descobrimos que como Olivia não voltou pra casa após a missão, Walter colocou os remanescentes em âmbar. Muita coisa para cinco minutos, não?

Nesse ponto, ficou bem claro que os esforços da premiere seriam para trazer Liv de volta para “casa”, para sua família. E realmente, foi isso que vemos. Pelo menos no princípio.

Olivia usou um dispositivo de âmbar para fugir dos Observadores – que Peter também teria, se não tivesse ABANDONADO a família, segundo Walter. E logo a trupe encontrou o local onde a loirinha estava, mas ela havia sido removida pelos “cinganos do âmbar”, uma espécie de mercadores de pessoas presas na substância (e que são muito interessados em dinheiro também, visto a rapidez que reportaram para os Legalistas que haviam visto pessoas procuradas). Depois de negociar com nozes – que agora são valiosas – Peter descobre que Markhan – sim, ele mesmo, o esquisito apaixonado que transformou “Olivia” em mesinha de centro – comprou sua amada. E é aí, na casa do pequenino, que a dinâmica do episódio começa a mudar. Liv é resgatada, mas Walter fica pra trás – ele não poderia deixar de levar um exemplar de Isaac Assimov pra casa -, e é capturado pelos Legalistas (os humanos tatuados leais ao governo dos Observadores). Agora, a busca será por Walter. Pobre Walter, nas garras do detestável Observador-Chefe Windmark.

E mais uma vez John Noble deu show. O interrogatório de Walter foi muito, muito, muito bom. As cenas entre Bishop pai e o careca demoníaco foram tensas, carregadas de uma dramaticidade hipnotizante. E os diálogos foram bem construídos, a começar pelo da música. A resistência mental de Walter foi notável, até para o Observador. Mas isso significou que acompanhamos o seu definhar físico, que foi muito desesperador. Ainda assim, Walter sorria, como que se orgulhando do seu próprio feito, enquanto o sangue escorria pela sua face e enchia os seus olhos. Doloroso, até de ver.

Windmark só conseguiu acessar algumas informações, que sem sequência não faziam muito sentido. Mas viu imagens de Etta criança, e ao ver a imagem dela adulta, ligou os pontos. Agora, ele sabe que Etta está ajudando a antiga Divisão Fringe. E as coisas se tornam mais potencialmente perigosas para todos eles.

Walter foi resgatado, em uma ação muito bacana envolvendo pai, mãe e filha, e cujo artifício foi praticamente provocar uma “overdose de oxigênio”, quebrando o dispositivo de monóxido de carbono que torna possível a permanência dos carecas na Terra. Seria essa “falta de capacidade respiratória” uma forma de derrotar os carecas?

No final das contas, a chave para desvendar o plano de Walter e September, criptografado e fragmentado – fora da sequência – na mente do 1°, era o Transilience Thought Unifier Model-11, ou Unificador de Pensamentos modelo 11, em uma tradução simplista. Explicado o exótico nome do episódio. Só que, de plano, não adiantou nada o esforço de reunir o aparelho, já que a mente de Walter foi muito lesada enquanto ele resistia aos avanços do Observador. É claro que eles acharão outra forma de tentar salvar a humanidade. Mas o caminho mais “fácil” foi descartado.

Outra possibilidade para derrotar os Observadores pode residir justamente na capacidade humana de perceber coisas que os Observadores não conseguem perceber. E isso deve ir muito além da música. Acho que uma potencial saída é trabalhar com as fraquezas dos Observadores, impondo características humanas a eles, o que seria sua ruína.

O episódio foi repleto de ação, de conexões. E a parte “psicológica” não deixou a desejar. Achei interessante ver as tentativas de Peter, Walter, Astrid e Liv de se adaptar ao novo mundo – imaginem viver em um mundo sem música. CHATO! -, bem como à Etta, que deixou de ser uma garotinha para se transformar em uma forte e badass integrante da remodelada Divisão Fringe, inclusive trabalhando “infiltrada” nas forças Legalistas – o que lhe possibilitou saber que Simon Foster foi encontrado no âmbar, junto de William Bell. Nesses primeiros contatos, a estranheza ainda foi grande. E isso é natural, afinal de contas ela viveu 21 anos sem a família. Seria pedir muito que a adaptação de ambas as partes fosse imediata. Creio que a tendência natural é o clima ficar mais familiar à cada episódio. Como disse Olivia, há muito para ser dito e perguntado.

A cena do reencontro de Etta com Olivia foi muito emocionante. E é impossível não perceber como elas são parecidas. A menina, apesar de ter convivído apenas 3 anos, 1 mês e cinco dias com a mãe, é uma espécie de Olivia 2.0. Com menos implicações morais, quem sabe, por ter crescido em um ambiente hostil, de guerra, e sem família. Mas tem a mesma coragem, a mesma determinação. E até a mesma forma de se portar.

E por falar em emocionante, o diálogo de Olivia e Peter também foi. Eles não são mais um casal. Não puderam suportar a “perda” de Etta. E Peter acabou ficando em Boston, enquanto Olivia seguiu para Nova York com Walter. Peter não foi capaz de deixar para trás a ideia de localizar Etta, enquanto que Olivia, “mais forte”, partiu para ajudar o mundo. Peter desistiu de tudo, inclusive da mulher. Mas não creio que existirá rancor ou grandes mágoas entre eles. O discurso de Olivia foi bastante conciliador, também. Acho que ela não culpa Peter por ter desistido dela. Então, acho que logo eles voltarão a ser um casal, de fato. Torço, e MUITO, para isso. Só temos mais 12 episódios. Que eles sejam recheados de momentos Polivia.

No final do episódio, Walter – em trajes que eram a SUA CARA -, o homem para o qual não há esperança, porque da terra árida nada brota, resolveu buscar sua própria cota de esperança, através da música (essa aqui, por sinal). E foi como um bálsamo para sua mente perturbada. No final de tudo, ele avistou uma florzinha, solitária, perdida no futuro devastador. A esperança persiste.

P.S.1: como esperado, nem sinal do Universo Vermelho. É, acho que os mais esperançosos, como eu, terão que assimilar que não veremos mais Bolivia e Lee ajudando a salvar o mundo. Uma pena. Quem devemos ver é Broyles – que, segundo me lembro, é “apoiador” de WindMark – e Nina, que apareceram em Letters of Transit. E tudo indica que Simon e Bell darão as caras em breve, também.

P.S.2: o código da semana foi DOUBT, ou dúvida.

P.S.3: nas minhas pesquisas para tentar descobrir como Only You se encaixaria num plano maior – já que nem as músicas são aleatórias em Fringe -, descobri que ela foi escrita por Vince Clarke, e que é uma balada baseada em sintetizador. Na música, é como se fosse criada beleza e vida dentro de padrões tecnológicos. A ligação com Fringe fica evidente, assim. Uma das marcas registradas da série é trazer ao “frio” universo da ficção científica emoção, amor, coração. Afinal de contas, quantas vezes o amor já foi a resposta, em Fringe? Viajei!?

P.S.4: os acontecimentos dessa premiere não estão completamente conectados com as quatro temporadas anteriores. Ainda há muitas dúvidas sobre como passamos daquilo para isto. Os flashbacks e as informações dadas pelos personagens serviram para nos situar nos acontecimentos, mas é óbvio que muitas coisas não estão muito claras. Quem sabe em razão de Fringe ter sido, originalmente, programada para mais temporadas. Talvez os eventos de 2015 seriam demonstrados mais detalhadamente e tudo ficaria mais explícito, mais conectável. Mas essa quinta temporada é um verdadeiro presente, então acho que nos cabe ser pacientes e ter esperança. Afinal, essa temporada tem tudo para fechar o show com chave de ouro. É o que esperamos, todos.

P.S.5: sim, eu sei. Tá faltando coisa aí em cima. Mas meu cérebro, embora nunca tenha sido testado, mexido ou embaralhado, não chega nem perto de compreender todas as nuances de Fringe. My bad.

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  1. biancavani - 30/09/2012

    Oba, Mariela! What’s up? Tempão que não a encontro por aqui.

    Pois é, Walter sofreu mais que cachorro. Momento insuportável, só olhei por entre os cílios.
    Para mim o ponto alto foram as palavras de Walter na sessão de tortura: “a música nos faz ver de uma outra perspectiva. Ela nos traz esperança”. Nesse sentido, a cena (ou Sena, para quem foi alfabetizado em inglês, rs) final foi plena de significação… aquela florzinha vagabunda nascendo em meio à desolação, a música trazendo sorriso e serenidade ao que parecia um homem de quem danificaram completamente o espírito. Maravilha!

    Para mim, se a série consegue contar a sua história toda, não importa se só tenha 1, 2, 3 temporadas. E da forma como foi desenvolvida, esta temporada será o suficiente para encerrar digna e brilhantemente a excelente série Fringe.

  2. Luana - 30/09/2012

    Lembrando que a flor que aparece no final do episódio é a mesma que Etta estava soprando quando pequenina.

  3. biancavani - 30/09/2012

    Humm, muito bem notado, Luana. A flor e Etta, signos de esperança no futuro…

  4. delisa - 01/10/2012

    A flor não é a mesma, mas vc acertou: a intenção era de comparação e mostrar que Etta é o símbolo da esperança.

  5. Mariela Assmann - 01/10/2012

    Segundo minhas pesquisas, a flor é a mesma, sim. Um dente de leão, se não me falha a memória. Mas enfim, a simbologia é interessante, resta saber qual a participação da Etta, de forma tçao determinante, no desfecho de tudo.

  6. delisa - 02/10/2012

    você tá certa, é a mesma flor. Me enganei por causa da diferença de cor entre elas.
    Boa pergunta! Será que Etta será tão essencial em salvar o mundo, a ponto de justificar a importância do próprio Peter?

  7. Bruno - 30/09/2012

    Tom cinza na abertura. Achei muito imprudente da parte de Etta ficar lá para ajudar no resgate, comprometendo sua posição de agente dupla na Fringe Division. Olivia também ficou deslocada (Petter largou Walter para se virar e atirar em dois guardas, quando Olivia poderia ter feito isso). Quanto a Simon, o ator (Henry Ian Cusak) não está mais na série Scandal, será que ele vai voltar pra Fringe pra terminar essa temporada?

    Estava com saudades de Fringe mas não gostei do episódio, esperava mais.

    Mariela, você consegue resumir o arco da série até o final da 4a temporada? Afinal, todo o PADRÃO se resumia a William Bell tentar destruir ambos os universos e se tornar um deus? Ou essa ação de Bell foi apenas o resultado da máquina de Walter ligada no final da 3a temporada, que alterou o enredo iniciado nas três primeiras temporadas criando essa 4a temporada “alternativa”?

  8. delisa - 01/10/2012

    Não Bruno, o Bell (vivo) foi resultado da ação dos observadores que ressetaram a linha do tempo como se o Peter nunca tivesse existido. Sem o Peter, Olivia não teria atravessado pro outro universo em busca dele e o Bell não teria morrido tentando mandá-los de volta (2ª temporada). A presunção é de que o plano inicial do Bell de se tornar Deus sempre existiu e que não ocorreu por causa do Peter. No momento em que ele deixa de existir na 4ª temporada, a história tem seu curso normal. Não se esqueça que Bell teve ajuda do David Robert Jones (que tb foi morto pelo Peter). Ou seja, ele foi crucial para os eventos ocorridos nas 3 primeiras temporadas: na 4ª, vemos o que teria acontecido sem ele.

  9. delisa - 01/10/2012

    Finalmente, alguém com o mesmo questionamento que eu: o que as 4 temporadas anteriores têm a ver com essa? Concordo com vc que o fato de a série ter tido seu tempo reduzido, prejudicou e muito a linearidade e a conexão das temporadas. Vou esperar pra ver…

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