12/01/2011, 21:14. Vinícius Silva
Reviews, Spoilers
Friday Night Lights

Série: Friday Night Lights
Episódio: The Right Hand of the Father
Temporada: 5ª
Número do Episódio: 5×03
Data de Exibição nos EUA: 10/11/2010

As pessoas podem começar a assistir Friday Night Lights por conta de ser uma série que tem como tema o futebol americano e tudo mais. Mas, ao longo do caminho, estas começam a perceber que a série vai além de narrar apenas o fanatismo dos texanos por este esporte. Friday Night Lights entrega episódios que são contos dos dramas familiares comuns a qualquer pessoa, seja lá qual idade você tenha.

E isto foi construído a partir, muitas vezes, dos diálogos da família Taylor e de como eles trabalhavam para manterem todos unidos. Acredito que foi no capítulo The Son, na quarta temporada, que a série alcançou o seu ponto máximo ao criar uma trama que refletia os sentimentos de Matt Saracen pelo pai. Este também é a trama principal deste episódio, centrado discretamente em Vince Howard, que agora precisa lidar com o retorno do pai após ter cumprido cinco anos de prisão.

Certamente, por ter se sentido abandonado pelo pai na época em que ele foi preso, Vince não está muito contente com a ideia de que ele vai morar na mesma casa. Muito menos em saber que a sua mãe está realmente dando uma nova chance para ele e, logicamente, querendo que o seu filho também de o benefício da dúvida. Mas, com tantas coisas em sua cabeça, como conseguir se concentrar para entrar em campo e comandar o seu time? Como ser um líder e um exemplo para os seus outros companheiros se, enquanto o seu pai lhe pede para dar uma chance a ele, Vince apenas o ignora e sente que não está fazendo o que é certo?

No final, parece que a discussão sobre “caráter” e o fato de se tentar ser alguém melhor seja a chave para compreender o pedido do seu pai, mas também o de aceitá-lo como uma aposta, isto é, como uma tentativa.

Nesta cena, aliás, Michael B. Jordan (o ator que interpreta Vince Howard), e Kyle Chandler (“Coach” Taylor), travam uma discussão intensa e muito bem contracenada. Ambos atuam em seu melhor, conseguem transmitir a intensidade da cena para os seus espectadores. Jordan, que sempre conseguiu desenvolver o seu personagem da maneira mais humana possível, agora enxerga um mundo de possibilidades à sua frente das quais o seu personagem terá que enfrentar. Os seus dramas, os seus medos, as suas inseguranças e, principalmente, a sua indecisão entre perdoar ou não perdoar o seu pai. Friday Night Lights sabe retratar estes temas, ou melhor, estas tramas em que as famílias estão no centro de tudo.

E isso também fica claro na conversa entre Buddy Garrity e Pam, a sua ex-esposa, quando ambos discutem sobre como resolver os problema de Buddy Jr. agora que está na adolescência. Buddy Jr. vive o drama de ter os pais separados, sem ter a companhia de ambos para que eles possam lhe mostrar o caminho certo. O mesmo drama de Vince Howard, por sinal.

Em seus quarenta minutos, Friday Night Lights soube equilibrar os problemas de Vince e também as dificuldades encontradas por Tami Taylor em conseguir “educar” as estudantes de East Dillon. É uma pena que, em contrapartida a isso, os roteiristas estejam desperdiçando Julie Taylor, um personagem que foi tão bem desenvolvido nas últimas temporadas e que, agora, está caindo cada vez mais na obviedade. De qualquer forma, não há como terminar este texto e deixar de mencionar novamente a discussão entre Vince e Eric Taylor. Eu realmente sinto falta disso nas séries atualmente, um pouco mais de verdade.

O que se vê, atualmente na televisão, são histórias que até podem possuir uma boa proposta, mas rasas no tratamento do conteúdo e com personagens ainda piores. Friday Night Lights é um verdadeiro deleite para os amantes de história boa contada e, ainda por cima, consegue a proeza de nos emocionar.

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Texto publicado originalmente no weblog Sob a Minha Lente.