15/05/2015, 17:43. Simone Miletic
Reviews
Forever

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E enquanto o Paulo lamenta a partida de três séries, neste ano os canais de TV americanas partiram meu coração com apenas um cancelamento: Forever.

Por mais esperado que ele fosse, e Forever nunca embalou na audiência para dar algum sossego a quem se apegava a seus personagens e suas histórias, a confirmação do cancelamento não foi mais fácil ou mais digerível.

A cada texto meu sobre a série em meu blog se repetiam os comentários dos fãs: “será que ela vai se salvar?”, “tem tanta coisa pior no ar”, “eles renovam séries com audiência tão pequena quanto!”.

Forever padeceu, mais do que a falta de audiência, da falta de identidade própria. Há muito tempo os procedurais não podem mais ser tão simples com apenas casos semanais – herança de Lost, que estourou junto ao público de uma forma sem precedentes com uma trama difícil, cheia de perguntas e que durou anos -, mas trazer uma trama que amarre vários episódios.

Nem mesmo CSI escapou disso, criando tramas de assassinos em série que por vezes levavam uma temporada inteira para serem solucionadas – algumas de sucesso como as do assassino das miniaturas, outras chatas para caramba como a recentes dos gêmeos psicopatas.

Em Forever duas tramas ligavam seus episódios: a primeira o drama do protagonista, um homem imortal que sofre a perda de pessoas queridas e é obrigado a viver em segredo; a segunda a descoberta de um igual, vivo há ainda mais tempo que ele e que deixou a “humanidade” para trás.

Talvez um dos problemas de Forever tenha sido justamente não conseguir convencer as pessoas de que essas duas tramas principais, ou pelo menos a primeira, conhecida até mesmo de quem não assistiu por ser a premissa da série, que isso era o bastante para fazê-las retornar. Não as deixou curiosas e em um mundo com tantas opções e tão pouco tempo a curiosidade muitas vezes é a única coisa que faz as pessoas insistirem em algo.

Só que ao simplesmente avaliar sua audiência ou o fato de sua trama principal não ser diferente o bastante, perde-se o que mais me fará falta com o cancelamento da série: a doçura.

Forever era um drama policial procedural que trazia doçura a cada semana para minha vida – e, mais uma vez, pelos comentários de outros fãs, para outras vidas – porque tinha um protagonista carregado de charme, cultura e bondade. Porque tinha Abe, um filho que acaba por se tornar o pai de seu filho, que sobreviveu aos campos de concentração, perdeu vários amores, mas toca piano e tem um sorriso que faz com que você esqueça qualquer problemas.

E tem a Jo, o Hanson, o Lucas (ah, o Lucas!) e a capitã. Um time que realmente quer fazer o bem.

Em meio a flashbacks do passado de Henry e a investigação do crime da vez – e aí talvez Henry fosse parecido demais com Sherlock para se tornar único – você era agraciado com imagens do tempo em que mulheres usavam salto alto e homens usavam terno para ir ao cinema e andar pelas ruas.

E é praticamente impossível não enxergar doçura em cenas em preto e branco de um casal apaixonado que salva um bebê dos campos de concentração, não é mesmo?

Talvez essa também teria sido sua maior fraqueza: soçura demais não agrada em um mundo em que corremos demais, damos curtidas e postamos vídeos de 15 segundos ou fotos que não ficarão disponíveis por mais de 24 horas.

Talvez Forever não tenha sido renovada porque não conseguiu audiência suficiente porque sua premissa não era boa o bastante. O problema era que suas maiores qualidades só seriam mesmo conhecidas por quem resolvesse pelo menos tentar.

E, apesar de não ser tão boa quanto no quesito roteiro, sua partida me lembrou muito quando eu perdi Studio 60: não verei mais amigos queridos por quem eu torcia tanto.

Uma pena Forever não durar para sempre.