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Entreatos: Cultura Pop levada a sério – Parks & Recreation e os Mockumentaries
16/10/2014, 20:39. Leticia Genesini
Colunas e Seções, Entreatos
Parks and Recreation
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De Seinfeld à Buffy, minhas séries favoritas sempre foram aquelas que ousaram a fazer exercícios formais, aquelas que não apenas contam uma história, mas que decidem narrá-la. Os exemplos são inúmeros (suficiente para um artigo só sobre isso), mas é inegável que criadores como Jerry Seinfeld e Joss Whedon mudaram o modo com que o Prime Time vê as séries com episódios como Chinese Restaurant (Seinfeld; Temporada 01, Episódio 06); Hush (Buffy; Temporada 04, Episódio 01) e Once More With Feeling (Buffy; Temporada 06, Episódio 07).
Assim, quando a nova moda das séries de comédias passou a ser o mockumentary, eu esperei amar instantaneamente, mas, para minha surpresa, o resultado foi o oposto. Eu sentei para assistir Steve Carell e John Krasinski, dois comediantes que eu profundamente admiro, na versão americana de The Office, e achei difícil ver um episódio até o fim. O problema não era o humor — antes que nossos leitores fanáticos por séries me crucifiquem, eu quero deixar claro que até hoje qualquer gif ou quote da séries que eu encontro na internet me faz cada vez mais pensar que eu preciso dar novas chances a The Office —, o meu problema, por incrível que pareça, era o formato.
“Mockumentary”, como muitos já sabem, contrai os termos mock + documentary, sendo um formato que usa a estética de um documentário para narrar ficção. Este não é um modelo novo, se hoje ele é conhecido por séries como The Office, Parks and Recreation e Modern Family, ele já foi consagrado por grandes filmes como Zelig (Woody Allen, 1983) e This is Spinal Tap (1984). Mas enquanto em Zelig o filme simula um documentário pronto, acabado e editado, nas séries que eu acompanhei, este modelo incorpora a ideia de um documentário que está sendo filmado. Na prática, isto significa criar o efeito de que alguém está seguindo os atores com a câmera na mão, dando um movimento de câmera que pareça espontâneo – em outras palavras, tremido. E não importa quão boas possam ser as piadas, para mim, é impossível prestar atenção em qualquer outra coisa quando a câmera mostra uma imagem tremida e que muda constantemente.
No entanto, depois de muitas discórdias com as séries mockumentaries, cá estou eu completamente viciada e apaixonada por Parks & Recreation — uma série que, aliás, tem os mesmos criados e produtores executivos que The Office (Greg Daniels, Michael Schur e Howard Klein). Então, o que mudou?
Bem, ao início, nada. Ao assistir ao primeiro episódio o correu o mesmo que com The Office — rejeição instantânea. De fato, a primeira temporada de Parks é, como o próprio elenco e criadores admitem, horrível. Mesmo quem não sofre com a rejeição de mockumentaries que eu tenho, aponta como as personagens não eram bem desenvolvidas, tornando-as simplesmente desagradáveis. A sorte é que o sentimento foi geral, e a primeira temporada foi comprada com apenas 6 episódios, assim, eu resolvi dar uma segunda chance (afinal, alguém, como Amy Poehler, que participou, com Tina Fey, dos mais brilhantes Weekend Updates que SNL já teve, e que grávida de 8 meses fez um rap ao vivo para Sarah Palin definitivamente merece uma segunda chance).
Para a minha alegria, a partir da segunda temporada as coisas começaram a mudar. Sem perder a estética de um documentário low-budget, as câmeras progressivamente ficaram mais estáveis, o que me permitiu tirar o foco do que me incomodava para apreciar a recriação de um dos melhores ensambles de comédia.
E ao enfim conseguir prestar atenção na série em si, eu não apenas passei a apreciar suas situações inusitadas, sua incrível caracterização de personagens, e seu leque de piadas que vão do pastelão físico a criticas inteligentes, mas também seu formato mockumentary em si. Eu pude então perceber, que ao menos em Parks, a estética mockumentary não é simplesmente um apelo formal, mas um formato escolhido por melhor veicular seu conteúdo.
O estilo escolhido permitiu um interessante desenvolvimento das personagens ao possibilitar inúmeros momentos em que elas se voltam à câmera para dar seu “depoimento” — é principalmente através destes cortes que passamos a conhecer as irreverencias pessoais de cada uma delas. Além disso, este bem sucedido desenvolvimento é acentuado por uma nova estratégia da equipe de filmagem: posicionar câmeras escondidas para que os atores não saibam todos os ângulos sendo gravados — um ótimo recurso posto em prática junto à grande capacidade de improvisação do elenco.
Mas creio que a grande vantagem da escolha deste formato foi que ele permitiu aos roteiristas criar um paralelo com acontecimentos reais — como a falência de pequenas cidades americanas — através de uma simpática sátira, sem ter sacrificar a piada nem a simpatia que hoje é característica da série. Não consigo imaginar um modo de contar a mesma história através da narrativa convencional sem cair em piadas pesadas ou numa história que acaba ganhando mais destaque do que o humor em si (como acontece com a maioria das séries de comédia).
Ao fim, Parks & Recreation atingiu um equilíbrio em que a forma ao invés de ser um empecilho para a apreciação do conteúdo, como era no início, passou a trabalhar junto com ele. Basta dizer que depois desta minha reconciliação com o mockumentary, me resta dar uma segunda chance a The Office e torcer que lá eles também tenham achado este equilíbrio entre a forma e o conteúdo.
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