Entreatos: cultura pop levada a sério – É melhor chamar o Saul


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O Paulo, fãzaço de Breaking Bad, já falou sobre Better Call Saul, dando uma verdadeira aula sobre prequels. Agora, falaremos sobre a série sobre outro enfoque: o do spin off, e sobre a necessidade de coerência entre

Eu sempre achei que spin offs eram algo muito melhor na teoria do que na prática. Lógico, nós nos apaixonamos por certas personagens e não queremos que elas desapareçam das nossas vidas, mas quando enfim elas ficam nós vemos seus defeitos e incompletudes. São, digamos, o equivalente televisivo ao tentar transformar um one night stand em uma relação: algumas coisas é melhor deixar como estava. E até agora eu tinha vários exemplos que sustentavam minha teoria, como Joey e Private Practice – desastres que não requerem muitas explicações. Mas daí veio Better Call Saul

Bem, para quem não está acompanhando, Better Caul Saul é o spin off de Breaking Bad, que vai contar a história do advogado de morais um tanto quanto flexíveis, Saul Goodman. A série está sendo produzida pela Netflix e, diferentemente do seu formato usual de ‘binge watching’, ela está sendo lançada do modo tradicional: um episódio por semana (toda terça). 5 episódios já foram lançados, e por enquanto eu posso dizer que esse spin off é viciante.

Não tão dramática como a série mãe, afinal este não é o perfil de sua personagem principal, e nem tão cinematográfica, Better Caul Saul traz algumas estruturas herdadas de Breaking Bad. Assim como a série original, ela usa é um twist do clássico ‘romance de formação’ que, ao invés de mostrar a formação do herói (como seria o tradicional), ela mostra como esse anti-herói foi se corrompendo. Ambas também tem traços de uma ‘comédia de erros’, onde as coisas vão dando aflitivamente cada vez mais errado a ponto de você estar envolvido até o pescoço e sem saída.

Essa coerência de estilo já é um passo muito a frente dos spin offs citados anteriormente, que tentaram se desvincular das séries mães, mudando não só o formato dos roteiros, mas também transportando personagens já conhecidas e amadas para um mundo que não parecia existir na história delas — não há pacto ficcional que sobreviva a uma viagem dessas! O que Joey e Private Practice tentaram fazer é compreensível, se afastar ao máximo de Friends e Grey’s Anatomy para evitar comparações e poderem ter sua própria vida e autonomia, mas o fato é que isto é impossível. Não há como evitar a comparação, e para fazer isso você teria que sacrificar a verossimilhança da história e das personagens. Além do mais, estes foram por estes mundos que nos apaixonamos! É melhor, como Better Call Saul está fazendo, construir em cima do que já existe e aceitar que haverão comparações entre as duas séries, pelo menos no começo, até que a nova história conquiste seu público do que forçar uma realidade que o público não vai aceitar.

Mas o mérito deste spin off não está apenas na coerência de estilo, mas também na capacidade dos roteirista — e do ator, Bob Odenkirk — de saber como criar uma backstory para Saul Goodman a posteriori. Normalmente quando as personagens são criadas os roteiristas traçam um pouco de sua backstory para criar uma fundação para essas novas personalidade, dar tridimensionalidade a elas, e evitar incoerências na história caso algo não previsto deva ser revelado mais a frente. Mas Saul Goodman não era pra ser uma personagem tridimensional, ela foi criada para ser o estereótipo do advogado charlatão e participar de Breaking Bad por apenas alguns episódios. No entanto, Odenkirk deu tanto carisma a Goodman que os roteiristas pegaram sua deixa e o incluíram na série. Esta capacidade adaptação e extensão do ator e dos roteiristas (algo que faltou aos roteiristas de lost por exemplo) é o que está, impressionantemente, criando um spin off de qualidade. Vamos aguardar os próximos capítulos.

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