Entreatos: Cultura Pop levada a sério – Comédia x Drama


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Na última edição do Emmy’s Awards, Orange is The New Black recebeu 8 indicações e levou para casa 3 estatuetas, incluindo uma, merecidíssima, consagrando a atuação de Uzo Aduba no episódio Lesbian Request Denied. Um número expressivo, de modo geral, mas que foi pouco comparado ao sucesso de público e crítica que acompanhou o lançamento da série.

Alguns enxergam nisso uma resistência dos meios já consagrados em relação ao Netflix, que produziu a série. Porém, eu tenho uma segunda opinião: o que freiou o sucesso de OITNB nos Emmy’s foi sua classificação: ela foi inscrita nos prêmios como uma série de comédia.

Eu lembro que logo assim que as nominações foram publicadas perguntaram ao cast do programa ironicamente: vocês sabiam que que vocês estavam fazendo uma série de comédia? De fato, há um humor singular no roteiro, mas parece-me um pouco estranho colocar OITNB ao lado de séries como The Big Bang Theory e Mom. Por outro lado, ela não é um drama exatamente — é um ‘comedy-drama’ (ou dramédia).

Durante anos, a TV americana testou formatos e criou receitas de sucesso, que resultou numa dicotomia fundamental — sitcoms de comédia de 30min e séries dramáticas de uma hora — resistindo a qualquer coisas que fugisse muito a essas formula.

Logicamente, este formatos lançaram grandes series de sucesso que amamos — como Friends —, assim como houveram os Mavericks que conseguiram driblar as exigências estabelecidas — como Seinfeld. Mas também muitas séries fantásticas, como Freaks and Geeks, não sobrevivera a primeira temporada porque não se enquadravam em nenhum dos lados.

Amy Sherman-Palladino, criadora de Gilmore Girls, falou sobre o assunto ao comentar sua decisão de sair de Gilmore Girls (ela se demitiu antes da última temporada) e ao escolher um canal da TV a cabo para produzir seus novos projetos:

“Elas [as redes de televisão] não estão interessadas em drama e comédia se misturando. Elas acreditam fortemente que drama deva ser drama, e comédia deva ser comédia, e não é isto que eu faço” — Amy Serman-Palladino

Este foi um movimento comum nos últimos anos. Como, por muito tempo a glória de uma série era aparecer no prime time de um canal de TV (network), diretores e roteiristas aceitavam (relutantemente, convenhamos) mudanças e intervenções em suas criações para se enquadrar em formatos pré-estabelecidos. Até que canais a cabo, com menor audiência, mas mais aptos a se arriscarem a inovar, apostaram e novas séries, novos formatos e mais liberdade criativa. Assim nasceu séries como Mad Man e Breaking Bad — sucessos hoje consagrados produzidos pela, até então desconhecida, ACM  — e criou-se uma nova reação: talvez, em um mundo de youtube, utorrent e hulu, um spot no primetime de grandes canais não seja tão valioso assim, quanto fazer sua ideia do seu jeito.

Mas é claro, a engrenagem continua girando, e aos poucos até canais a cabo ganham a exigência de produzir um sucesso após o outro, e com isso aumentam as intervenções criativas. Assim, a última série de Amy Sherman-Palladino a ir ao ar, Bunheads, mesmo sendo produzida pelo canal a cabo ABC Family já chegou ao fim após uma única temporada.

E enquanto isto acontece, nasce um novo núcleo de produções: podcasts, séries online, e o Netflix, com suas novas produções, assim como algumas ressuscitadas, que arriscam ousar mais. Quando os sistemas consagrados se viciam em suas fórmulas, novas produtoras sem nada a perder (por enquanto) continuam a inovar. Elas podem ainda não ter ganhado a admiração dos jurados dos Emmy’s, mas talvez isso não importe, o importante é que eu ainda aguardo o dia em que o Netflix vai refilmar Freaks and Geeks e agora, quem sabe, continuar Bunheads. Esse dia tem de chegar!

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