Elementary – Tremors

Data/Hora 08/12/2013, 10:13. Autor
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São 2h43 da madrugada de sexta para sábado e eu estou num dilema existencial gigantesco, sem poder recorrer a quaisquer amigos (que ou estão na balada, ou estão dormindo). Elementary, aquela série que, semanalmente, faço questão de repetir que é genial e, também, quase religiosamente, avalio com a nota máxima (5.0), se torna melhor e melhor a cada episódio. Eis que me pergunto: será ruim dar nota máxima a todos os capítulos? Mas se o próximo é melhor do que o atual, não estaria sendo injusta e incorreta? Desculpa, mas não sei responder. Então, vou ficar com a “nota cinco” mesmo. E prossigamos.

O décimo episódio da segunda temporada da série parecia Sleepy Hollow meets The Good Wife. Primeiro, porque a história começou com um homem invadindo a NYPD e dizendo que era um cavaleiro, que havia matado sua rainha. Oi? Mas, ao contrário de Ichabod Crane, o protagonista de Sleepy Hollow da Fox, esse homem era mesmo esquizofrênico. Em seguida, soubemos que aquilo a que assistíamos era, na verdade, um flashback, mostrado através da perspectiva de Sherlock Holmes, que narrava os acontecimentos na corte – ou mais ou menos isso. Ele estava sendo julgado porque um policial havia sido ferido por culpa dele. E era toda a informação que tínhamos até então.

Durante seu depoimento, Holmes tratou de dar detalhes sobre um caso em que ele e Watson trabalharam. Acho que, no fundo, aquilo tudo não tinha relevância para o julgamento e servia apenas para que um enredo fosse contado ao espectador. Contar uma história audiovisual a partir do depoimento ouvido em um julgamento não é uma técnica exatamente nova, mas, tirando as séries jurídicas, não é sempre usada. Imagino que porque, na maioria das vezes, seja difícil se concentrar e acompanhar um episódio assim. Mas como os roteiristas de Elementary são… sim… geniais… claro que funcionou super bem!

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Basicamente, a namorada do paciente esquizofrênico foi assassinada e ele se declarava culpado. A moça, no entanto, fazia um tratamento agressivo contra um câncer e precisou recorrer a uma firma de seguros para pagar a medicação – aí, tínhamos outros dois suspeitos em potencial: o médico e o homem do seguro.

Se, em um primeiro momento, todos tinham certeza que a culpa era do funcionário da seguradora, depois, descobrimos que o assassino mesmo era o médico, que queria abafar os efeitos colaterais do tratamento que aplicava na vítima. Ele, então, se utilizou das deficiências mentais do namorado dela para fazê-lo pensar que o culpado era, na verdade, ele.

Mas lembra do cara do seguro? Pois bem, ele não apareceria na história por nada. Só nos dez minutos finais do episódio soubemos o que aconteceu de verdade, por que o julgamento acontecia. Enquanto Holmes, Watson e o detetive Bell deixavam a delegacia, depois de fechar o caso da moça, o segurador os abordou na rua e estava enfurecido com Holmes, dizendo que ele era o responsável por sua demissão. Holmes reagiu da pior maneira possível – ele anda mais amargurado desde o episódio passado – e o homem tirou uma arma do bolso e puxou o gatilho. Bell se colocou na frente e, desde então, pode nunca mais retornar à polícia, devido ao estado de saúde crítico.

Apesar de não terem revelado no começo do capítulo que Bell era o policial ferido, a gente soube disso um pouco antes dessa cena em frente à delegacia. Imagino que o fato de ser Bell a vítima devesse ser uma grande surpresa para o espectador, mas eu já sabia que era ele, devido a um post na página do Facebook da série (muito obrigada CBS; só que não). Depois de ver a cena em que o ato ocorreu, fiquei me perguntando: Bell gostava tanto de Holmes assim para, sem nenhum colete à prova de balas, se colocar em frente ao detetive-consultor? Não sei quais são as recomendações éticas nesse caso, mas, naquela situação, parecia uma questão de trocar a vida dele pela de Holmes. Uma coisa interessante é que o personagem, durante boa parte da primeira temporada do programa, ficou de escanteio e era quase descartável ao seriado. Agora, não, nesse segundo ano, Bell tem se envolvido diretamente em praticamente todos os acontecimentos mais importantes. Que bom!

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O Holmes, como era de se esperar, não foi visitar seu salvador no hospital e só o fez no final do episódio, depois que Bell salvou sua pele pela segunda vez (agora, sem tiros). É que, no julgamento, o juiz sugeriu que Watson e Holmes não deveriam mais prestar consultorias a NYPD, mas a decisão de verdade cabia a um conselheiro, que, antes de tomar a decisão final, foi vistar Bell (outra grande sacada). Sherlock não queria ver o detetive porque, segundo ele, não tinha nada a oferecer além de uma conversa meio fiada, dessas que a gente diz quando alguém está em uma situação ruim. E foi aí que Watson surpreendeu e revidou: e quem disse que isso não é o suficiente? O que faz todo sentido. Quando a gente está mal, qualquer palavra amiga means the world, mesmo que a gente saiba que não é verdade.

As surpresas não pararam por aí, não: quando Holmes foi visitar Bell e até ofereceu ajuda financeira para o tratamento do braço lesionado, Bell não só recusou como, também, disse que não queria mais ver Sherlock por lá. Não esperava essa reação, não esperava que ele, de certa forma, culpasse Holmes pelo ocorrido. Vamos ver como isso se desenrola. Nessa cena, também foi interessante acompanhar a enorme e sofrível dificuldade do Holmes em fazer duas coisas; pedir desculpas e agradecer a ajuda. Até então, a gente só tinha visto o detetive ser sentimental, de maneira mais pessoal, com a Watson. Um progresso e tanto depois da cena final do episódio passado, lembram? Em que ele foi super ríspido com a amiga e disse que é essencialmente um pessoa ruim.

Momentos engraçados:

Durante o julgamento, enquanto Holmes narrava uma passagem na delegacia de polícia, ele diz que, ao ser questionado por Watson sobre trabalho, o Capitão Gregson a interrompeu dizendo “Dê um tempo a ele, ok? Ele é um bravo e brilhante instrumento de justiça. Tudo o que temos que fazer é ficar fora de seu caminho, que ele nos guiará precisamente a verdade.” Quando o juiz diz que conhece Gregson e sabe que ele não diria uma coisa dessas, Holmes replica cinicamente, “Ele pode ter usado outras palavras para dizer a mesma coisa”. Claaaaro.

Ainda sobre o julgamento, Holmes – que trabalhava em sua própria defesa, obviamente – decide fazer algumas perguntas à Watson, que estava sendo entrevistada como testemunha. “Devo referir a mim mesmo como ‘seu companheiro’ ou devo referir a mim mesmo em primeira pessoa?”, pergunta ele ao juiz, que responde que “tanto faz”. O detetive, é claro, escolhe a forma mais peculiar… “seu parceiro”.

O que foi Sherlock fazendo pudim e, em seguida, jogando no lixo, porque não gosta de comê-los? Passei vontade.

O ponto alto mesmo foi durante a cena da visita ao detetive Bell no hospital. Holmes bem que se esforçou, mas… essa é a cara de “Obrigada” do Sherlock:

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Cara feia, para mim, é fome. Vai pegar os pudins do lixo, detetive! 🙂

P.S.: para quem gosta de histórias narradas a partir de um depoimento, de um julgamento, sugiro um filme francês chamado Esses Amores (Ces Amours-là), do Claude Lelouch. Nunca vi a técnica ser TÃO bem utilizada! A primeira metade do filme é arrastada, mas persista, você vai ficar satisfeito por chegar até o final. É incrível.

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