Elementary – The Deductionist

Data/Hora 04/02/2013, 14:39. Autor
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Foi só as luzes do Super Bowl se apagarem, que a piada nas redes sociais e em sites americanos estava pronta: Sherlock Holmes era responsável pelo ocorrido (já que Elementary tinha sido escolhida pela CBS, transmissora do jogo, para ser exibida depois do evento esportivo). O site TV Line chegou a publicar uma lista de possíveis conspirações acerca do incidente e, dentro os tópicos, se destacava “Em um crossover inteligente, Sherlock Holmes de Elementary vai solucionar esse mistério ao vivo. Lá vem Jonny Lee Miller, chegando de helicóptero”. Morri de rir por um bom tempo, ainda mais que o último episódio da série se tratava exatamente disso: conspirações.

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Com muito atraso, o episódio pós-Super Bowl de Elementary finalmente começou e de forma bastante intensa. Primeiro, porque a trilha sonora da série estava mais “pesada”, parecia nos preparar para algo forte que estava por vir. E veio. Em uma das primeiras cenas, o assassino – que havia saído da prisão, provisoriamente, para passar por uma cirurgia em que doaria um órgão à irmã doente – consegue deslocar a agulha colocada em sua veia, burlar a anestesia e, então, pular no pescoço de uma das enfermeiras da sala e cortar a artéria da mulher. É claro que não houve uma cena em que o sangue jorrava da enfermeira, mas, ainda assim, é um tipo de violência que não é comum para os padrões de Elementary. As emoções, no entanto, pararam por aí.

Durante um tempo, depois que o episódio acabou, fiquei pensando se havia gostado dele ou não. Foi uma boa história… Talvez, para aqueles que estivessem assistindo à série pela primeira vez, como os seriados exibidos após o Super Bowl estão sujeitos, pode ter sido bem decente. Mas quem acompanha a série desde o começo sabe que o potencial era muito maior que o apresentado.

O enredo

Basicamente, um serial killer mitológico e super temido escapou da prisão e a irmã dele, boa moça, que estava no hospital à espera do rim, renega essa parte má da família. Como se tratava de um assassino em série, o FBI é acionado e uma agente bem bonita (Kari Matchett, de Covert Affairs), que tem “história” com o Holmes – assunto para mais adiante – é chamada para trabalhar no caso. Ela publicou um livro sobre o famoso criminoso, no passado, em que explicava o comportamento violento dele. Uma das informações que ela dá como certa é a de que Ennis (Terry Kinney, de Oz), como ele se chamava, foi estuprado pelo pai. A hipótese, negada por ele, destruiu a família do criminoso, que saiu da cadeia com um único motivo: matar a agente. Pois é, criatividade e profundidade, em qualquer aspecto que seja, não é o forte de Elementary, mas temo que, dessa vez, eles tenham sido rasos demais. Clichês mesmo. Mas, em seguida, eles se redimiram, mais ou menos.

A agente foi ao quarto da irmã de Ennis, que continuava internada, pedir desculpas pelo que fez. Enquanto ela escrevia o livro, não tinha como provar que o serial killer sofreu abuso do patriarca e, para ganhar credibilidade, fingiu que um vizinho havia lhe passado a informação. Como os pais do criminoso a processaram, ela, então, pagou um dos moradores da vizinhança de Ennis para se passar por esse informante. Tudo na maior cara de pau e lágrimas de crocodilo. Não me comovi com ela. Uma agente mau caráter, fria e calculista, apenas. A irmã de Ennis pede para que ela se aproxime da cama, pois quer falar com ela. A agente, muito espertinha na hora de escrever o livro, mas bem tapada na hora de confessar o crime, atende o pedido – e tem uma tesoura enterrada em seu pescoço. Nesse momento, fiquei pasma. Confesso que não esperava que os dois irmãos estivessem planejando a vingança juntos e foi um dos poucos enredos de Elementary, até hoje, que me surpreendeu completamente. Por isso, disse que os roteiristas se redimiram “mais ou menos” do clichê que haviam começado.

O problema é que a tal da agente não morreu, foi parar no hospital, mas iria ficar bem. Não gosto que os roteiristas da série sejam tão “certinhos”. Depois de tudo o que a agente fez, não acho que alguém iria se comover caso ela morresse. O sentimento de justiça não está nela manter-se viva, bastava os dois irmãos serem presos novamente. Achei a personagem fraca e nenhum pouco cativante. E olha que o Sherlock nem gostava dela, transbordava implicância… Podia ser uma participação especial dessas marcantes, hilárias. Foi apenas dispensável.

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“Sim, eu dormi com ela”

Quando soube que a personagem de Kari Matchett cuidaria do caso, junto com ele, Holmes se desesperou e nem disfarçou. O primeiro motivo era óbvio: ele teve um caso sexual com ela no passado – aparentemente, seria um erro classificar como “amoroso”, ele repugnava a moça, com sinceridade. A segunda – e verdadeira – razão era que a agente, mesquinha que só ela, também escreveu um artigo sobre o detetive, tentando decifrá-lo e fez uma previsão certeira: de que Holmes teria problemas com drogas. O fato dela ter acertado deixou Sherlock muito, muito bravo e com o orgulho, tipicamente enorme, ferido. Por isso, ele passou o episódio tentando provar que, durante toda a resolução do caso, ela estava errada, decifrando o criminoso de forma imprecisa – e, portanto, tendo decifrado ele mesmo, Sherlock, com equívoco também. A situação colocada era bem interessante, mas faltou profundidade. Ao invés de nos divertimos com a “birrinha” entre os dois, a vontade que dava era de entrar na tela e acabar com a agente, de tão chata e intrometida. O Holmes também não estava se divertindo ao pegar no pé dela… Ela estava incomodado com a presença dela. Tão incomodado quanto eu. Ele até desenhou chifrinhos em uma foto dela, ídolo!

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A palavra é: evidenciar

A Watson (Lucy Liu), vendo o quanto o artigo da agente perturbava o Sherlock, fez um discurso bonito, dizendo que ela só havia tido UM acerto em meio a um artigo inteiro. E que, nessas páginas, ela ainda havia afirmado que o detetive jamais seria capaz de fazer um amigo, e ele fez… Ela, Watson. A médica ainda argumentou que a única previsão, com certeza, que alguém pode fazer é a de que as pessoas mudam. Que o Holmes e a Watson têm a maior química, a CBS explora há algum tempo. A relação dos dois, misteriosa e cheia de potenciais, é um dos grandes atrativos da série. Mas as coisas entre ambos os personagens sempre foi sutil, insinuando certas coisas. Nunca de forma tão direta. Ainda que na posição de amiga, a Watson se declarou, por assim dizer, para o Holmes. Não acho que seja apenas uma questão de dar um passo adiante na relação deles. O diálogo aconteceu justamente após o Super Bowl, quando muitos “estranhos” assistiriam ao programa. Ou seja, eles deveriam evidenciar, com firmeza, todos os aspectos importantes da história. E a amizade entre Joan e Sherlock é, de longe, um deles.

Depois, enquanto a NYPD estava em reunião, tentando prever os passos do criminoso, a Watson interrompeu a discussão e deu sua versão sobre o caso, mostrando todos os seus talentos investigativos. Não me lembro de ver a personagem interromper a fala dos oficiais de polícia antes. Outro ponto forte da série, sempre estimulado por Holmes: o lado detetive genial da ex-cirurgiã.

O aspecto mais intencionalmente evidenciado no episódio, no entanto, aconteceu logo nos primeiros minutos da história. Ao entrar na sala de cirurgia e se deparar com os corpos ensanguentados no chão, a câmera dá um close no rosto do Sherlock, que tem os olhos marejados e engole em seco, completamente abalado com o que testemunha. Não duvido que a CBS quisesse mostrar aos espectadores esse lado “super humano” do Holmes, que é muito mais sentimental do que o esperado por quem apenas o conhece dos livros. O personagem ter se solidarizado tanto com uma cena daquelas foi exagerado até para o Sherlock Holmes fofinho do Lee Miller. Pelo que eu me lembre, em outras ocasiões, ele comemorava ao saber de um assassinato a solta e, inclusive, ao ver um corpo ensanguentado. Aquilo tudo, aquele choro contido, não fez sentido.

No final do episódio, Holmes descobriu onde Ennis estava e foi ao encontro dele. A essa altura, o criminoso já sabia que a irmã havia falhado ao tentar matar a agente e ainda tinha sede de vingança. Holmes coloca um revolver e uma algema em frente ao assassino, que deve escolher entre ir atrás da mulher ou se entregar à polícia. O detetive tenta comover o criminoso, mostrar que entende o que se passa na cabeça dele, já que as palavras publicadas da agente também prejudicaram sua vida. Nesse momento, é impossível não lembrarmos de um capítulo anterior, da cena em que Holmes estava frente-a-frente com quem ele acreditava ser o assassino da sua Irene, situação em que se deixou levar pela emoção e acabou suspenso da polícia. Parece que, mais uma vez, ele vai se contaminar pelos sentimentos e agir de maneira anti-ética. Quando o assassino escolhe o revólver, no entanto, e consequentemente, matar a agente, Holmes o golpeia e faz a coisa certa: o entrega para as autoridades. Fim da história.

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Pornô na Watson

A Watson, ultra atarefada, sempre tem investigações à parte para fazer. No episódio desse domingo, um amigo estava gravando filmes pornôs em seu apartamento. Pobre Watson! A situação toda foi bem engraçada e, provavelmente, foi o que o episódio teve de melhor para oferecer no quesito “humor”. Sem falar no presente que Holmes deu à amiga (agora, eles são oficialmente amigos) antes de entrar no taxi: uma escumadeira nova, já que, nos vídeos pornôs – que Sherlock obviamente roubou e assistiu -, o talher estava sendo usado para finalidades às quais ele não é fabricado.

Twitter

Depois que Elementary terminou, pesquisei o nome da série na busca do Twitter, para ver o que as pessoas diziam sobre o programa. Muitas estavam vendo a série pela primeira vez e estavam achando bem legal. Algumas disseram que o enredo era previsível e que adivinharam a história toda nos primeiros minutos. Outros tentaram dar ao seriado uma segunda chance na noite passada e, mais uma vez, falharam. Havia, ainda, o grupo que comparava Elementary a Sherlock, da BBC, e, em todos os casos, diziam que a série britânica era muito superior. O que dizer? Nem Sherlock Holmes é unanimidade.

No geral, achei o episódio de ontem bom. Por ser transmitido depois do Super Bowl, poderia ter sido mais eletrizante. Mas eles fizeram tudo de forma correta, evidenciaram o que essa história de Sherlock Holmes tem de mais peculiar. Quem assistiu à série, pela primeira vez, ontem à noite, foi muito bem apresentado ao seriado, a CBS soube explorar isso. Mas, bem lá no fundo, acho que eles perderam uma excelente oportunidade de, finalmente, introduzir Moriarty à história. Fica para a próxima.

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  1. Kika - 04/02/2013

    Achei que seria nos moldes de “M”, que até agora foi o melhor, mas de qualquer maneira foi um bom episódio sim, principalmente pra pessoas que não acompanham a série.
    Mas chateada que a audiência não foi muito boa.

  2. Gabriela Pagano - 04/02/2013

    também amei M. e achei que Elementary fosse se sair melhor nos índices de audiência =~ é uma ótima série, uma excelente história!

  3. Aline - 08/02/2013

    Deveriam ter deixado M pra ser exibido depois do Super Bowl. Fiquei decepcionada.
    Com um roteiro basiquinho como esse acho que o mínimo que poderiam ter feito era escalar um ator fodástico para interpretar o Ennis. Pena, Elementary perdeu uma boa oportunidade de ganhar mais fãs e calar o mimimi com Sherlock.

  4. Gabriela Pagano - 08/02/2013

    Concordo, Aline! Também acho que essa coisa de ficar dizendo que Sherlock, da BBC, é melhor não passa de “mimimi”. Elementary não disputa o mesmo público que Sherlock, dá para notar isso… Tem outras prioridades, outros enfoques, é outro gênero de série até. Pena que não aproveitaram a oportunidade que foi dada à série =(

  5. Elementary – Details - 18/02/2013

    […] a vida dele e, mais do que isso, provar a inocência do rapaz. Parece que nosso detetive durão, que certa vez previram que jamais cultivaria alguma amizade, fez outro amigo na […]

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