Elementary – Corpse de Ballet

Data/Hora 11/02/2014, 13:17. Autor
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Elementary começou, assim, de um jeito peculiar (se bem que, nem tanto, se considerarmos que o protagonista em questão é Sherlock Holmes). No episódio, ao entrar na cozinha de seu lar, doce lar, em Nova Iorque, Watson se deparou com um aviso: coito acontecendo ou recém ocorrido. De lá de dentro da sala, instantes depois, saiu uma moça em roupas sociais, chamada “Tatiana”. O fato não teria a menor importância se, minutos mais tarde, o sexo não tivesse sido feito justamente com a suspeita do crime que Holmes investigava. Mas, como digo sempre, vamos por partes.

Como é típico de uma história que se passa na Big Apple, a série teve um assassinato na famosa companhia de balé da cidade Cisne Negro feelings. Lá, uma das dançarinas principais foi cortada ao meio e cabia à NYPD resolver esse mistério. A suspeita inicial era a bailarina “número um” do mundo, já que um canivete que pertencia a ela foi usado para dilacerar a vítima. A moça, é claro, negou e disse que o objeto foi roubado dela há algumas semanas. Holmes não só estava convicto de que ela era inocente, como também, nas palavras da própria Watson, se comportou como um verdadeiro “fanboy” diante da diva da dança. Ele estava tão extasiado que até dormiu com ela – tudo pelas investigações do homicídio, é claro.

Mas, quanto mais o detetive tentava acreditar na inocência de sua musa, mais provas apareciam contra ela. A primeira era bastante clichê: apesar da genialidade, a bailarina não estava se encaixando bem ao papel do novo espetáculo e a menina morta havia sido cogitada para substituí-la. Portanto, ela tinha interesse na morte da moça por se sentir ameaçada. Eis que Sherlock deixa escapar uma pérola ao comparar a “dançarina número um” ao “detetive número um” – ele, of course. Segundo Holmes, a bailarina jamais se sentiria ameaçada por alguém, seria como se ele mesmo se sentisse ameaçado pelo “detetive número dois” do mundo. Então, tá. Confesso que, nesse momento, torci para que Sherlock estivesse errado e a moça fosse, de fato, a culpada. Ele estava mais ou menos errado.

A bailarina não cometeu o assassinato, mas ela se sentiu, sim, ameaçada pela jovem dançarina e seduziu a menina, tentando reverter sua situação no balé. O culpado mesmo era o advogado da bailarina que, sedento pelos holofotes, planejou um crime que ganhasse a mídia. Elementary tem casos geniais e bem amarrados, mas, na maioria das vezes, é fácil prever o assassino/criminoso. É, quase sempre, a pessoa menos carismática e com maior frieza em cena. Dessa vez, a técnica não falhou. Dito e feito – ou dito e escrito por esses, ainda assim, criativos roteiristas.

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A Watson também investigava um caso paralelamente e, embora essa fosse uma prática comum na primeira temporada, ela ainda não havia acontecido nesse segundo ano. É que um homem sem teto, que morou em um abrigo em que ela era voluntária, se envolveu com a polícia. Ao tentar ajudar o rapaz, ela descobriu que outro morador de rua estava desaparecido. No final das contas, uma mulher que se dizia irmã dele o mantinha em cativeiro, junto com outros rapazes também ex-militares – assim, ela podia receber benefícios pagos aos parentes de ex-veteranos de guerra. Como ela conseguiu fazer isso, não nos foi explicado. Aí, sim, fiquei surpresa, porque realmente acreditei que a mulher era boa pessoa. As aparências enganam, às vezes.

Devido a esse acontecimento, tivemos mais uma descoberta sobre a vida difícil dos dois protagonistas de Elementary: o pai de Watson é um morador de rua e sofre de esquizofrenia (o homem que conhecemos em um episódio passado era, na verdade, padrasto dela). Sherlock ficou comovido e até se ofereceu para levar cobertores aos moradores de rua, pois a noite era fria em Nova Iorque. Watson foi pegar o casaco.

Por mais melodramática que a vida dos personagens possa parecer (“nossa, mas tudo nesse mundo foi dar errado com eles, hein?”), achei que colocarem esse fato na história foi algo extremamente válido e bonito. A esquizofrenia é uma doença que afeta drasticamente a vida de todos aqueles que convivem com quem tem a doença e, muitas vezes, as pessoas não sabem lidar com o doente. Tenho amigos cujos pais sofriam disso e é realmente muito delicado e algo que a sociedade precisa discutir mais, para que todos tenham informações e lidem com o problema sem preconceito, com paciência, com humanidade. Ao final, o episódio que já havia sido ótimo por si só, com seus dois casos de polícia bem escritos, atingiu a excelência pela sacada inteligente – e social. Elementary não está aí apenas para nos entreter.

p.s.¹: já tinha reparado no episódio anterior, mas nesse estava ainda mais evidente; a voz do Jonny Lee Miller anda muito esquisita.

p.s.²: se tem uma coisa que eu AMO nessa vida são os trocadilhos, os mais infames possíveis. Achei o título desse episódio genial. “Corpo de balé”, em inglês, é “corps de ballet”. Já “Corpse”, em inglês, é “cadáver”. Ou seja… Colocou uma letra e… hehehe Em português, não teve tanto impacto, eu sei, mas vai dizer que o trocadilho não foi criativo?!

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