Doctor Who – Listen

Data/Hora 18/09/2014, 15:05. Autor
Categorias Reviews
Tags


Warning: Undefined variable $post_id in /home1/telese04/public_html/wp-content/themes/thestudio/single.php on line 28
thumb image

Série: Doctor Who
Episódio: Listen
Número do Episódio: 8×04
Exibição no Reino Unido: 13/09/2014

Terminei Listen sem ter muita certeza se foi um bom episódio ou apenas um episódio mediano, feito com as características certas para impressionar. Toda a experiência de assistir a Listen foi bem interessante, e senti na pele o clima de suspense que Moffat criou, tanto na incerteza do monstro sob a cama, quanto na trilha sonora pesada e tensa. Mas eu só me senti emocionalmente conectada à história ao final, porque a cena entre a Clara e o garoto foi pensada exclusivamente para mexer com o fã.

Listen foi mais um dos episódios aterrorizantes de Moffat, para fazer parceria com Blink, The Empty Child/The Doctor Dances e Silence in the Library/Forest of the Dead, porém, ao contrário dos demais episódios, eu tenho a impressão que Listen ficará marcado pela intromissão gigantesca de Clara na linha do tempo do Doctor e não tanto pela qualidade narrativa da história. Confesso que não reassisti ao episódio, então não tenho muita certeza de quanto do mistério e ‘frio na barriga’ (e a qualidade da coisa como um todo) se sustenta diante de uma segunda experiência.

O episódio começa com um Doctor transtornado fazendo um monólogo sobre evolução, não estarmos sozinhos, o perfeito ser capaz de se esconder de outros e por aí vai, entrando em uma obsessão tentando descobrir o tal ser que vive a espiar os demais seres do universo, nunca sendo encontrado. Não sei se entendi corretamente a cena, mas o Doctor teve um desses famigerados sonhos com alguém embaixo da cama e por isso entrou nessa súbita caça ao “monstro que ninguém vê ou acredita na existência”, foi isso?

Bom, seja qual for o motivo que o levou à obsessão, o fato é que o Doctor retirou Clara do seu primeiro (e mal sucedido) encontro com Danny para ir à caça da tal criatura que poderia ou não existir.

dw 8x04_0602Aqui eu preciso abrir um parêntese para falar de Clara e Danny. Que casal mais sem noção! Eles simplesmente não têm química juntos. E Clara agiu tão mal com o colega que me pergunto como ela pode ter tanto tato para lidar com crianças e ser tão preconceituosa ao lidar com um adulto. Sim, porque a forma como falava com Danny e sua experiência na guerra foi, no mínimo, vergonhosa. Ela não consegue enxergar que ele claramente sofre de stress pós-traumático? (Cá entre nós eu creio que o próprio Doctor tem sofrido do mesmo mal) E tenho até vergonha de lembrar o quão ela foi infantil (e petulante) ao sair do restaurante daquele jeito, quando a errada era ela.

Mas é claro que o episódio tratou de consertar esse começo ruim entre os dois ao levar a TARDIS para o passado de Danny, de forma que a garota conseguiu compreender um pouco mais o colega.

E antes de falar sobre a experiência de Clara e do Doctor no passado, abrirei um novo parêntese para falar sobre a teoria do Doctor de que as pessoas não falam sozinhas, mas sim com alguém que está ali escondido. Isso não faz muito sentido. Quero dizer, ter sempre alguém por ali não é o problema da coisa toda (embora, admito, quando ele começou a falar sobre uma criatura que ninguém percebe e não sabe que está ali, eu pensei nos Silents), pois as pessoas falam sozinhas por vários motivos: gostam do som da própria voz, organizam melhor os pensamentos em voz alta, algumas têm esquizofrenia, as crianças têm seus amigos imaginários… Todo esse discurso do Doctor me soou tão estranho e o desejo de impactar a audiência com uma ideia assustadora ficou muito evidente.

Mas, de volta à viagem, a interface telepática da TARDIS é coisa do Décimo Segundo, não? Foi ele quem arrumou a nave para permitir esses agrados aos que normalmente não saberiam como pilotá-la. Eu achei legal, mas tira um pouco toda a grandiosidade que era apenas o Doctor saber pilotá-la (e River) e a dificuldade que ele tinha para ensinar a outros. Mas a TARDIS continua levando o povo para onde ela quer levar, ainda que a mente de Clara tenha ajudado um pouquinho na escolha.

dw 8x04_1749As cenas no passado de Danny foram as mais assustadoras e também as mais divertidas. Como não rir com o Doctor perguntando ao vigia noturno se o café não desaparecia, apenas para sumir logo em seguida levando o café do pobre homem? E depois tentando achar Wally em um livro onde não tem o Wally?

De toda a interação no quarto de Danny três coisas se destacaram:

1) Foi Clara (e o Doctor, de certa forma) a responsável por Danny ingressar no exército;
2) O discurso do Doctor sobre o medo ser um superpoder (e fez todo o sentido);
3) A criatura embaixo da colcha. Eu tenho quase certeza de que era uma criança, pois a tal criatura que é perfeita na arte de se esconder não apareceria assim de repente, sentaria na cama (e faria um peso perceptível) e ainda seria visível sob a colcha. Por outro lado, o Doctor estava sentado naquela cadeira no canto do quarto quando a tal criatura apareceu. Ainda que estivesse escuro ele teria percebido se fosse uma criança, não? Ou agiu daquela forma para dar coragem a Danny e também para não desmascarar o amigo que estava pregando uma peça? (nunca dá para ter certeza com o Doctor, em especial este aqui)

Já a segunda interação de Clara com Danny, pós-visita ao passado, foi um pouco melhor da parte dela, mas em contrapartida a reação dele ao perceber que ela sabia o verdadeiro nome dele foi meio exagerada. E mais exagerado ainda foi Orson aparecendo em pleno restaurante vestido com a roupa de astronauta, com escafandro e tudo.

dw 8x04_2543Não gostei de toda esta conexão de Clara com Orson. Não é apenas por ele ser um descendente dela e de Danny – spoilers! – mas toda a história dele, a confusão de Clara, a recusa em falar ao Doctor toda a situação, e, principalmente, a viagem para o fim dos tempos. Achei tão desnecessária. Sem falar que deixa uma certa confusão em relação a Utopia, quando o Décimo Doctor viajou para o fim do universo. Este planeta é outro, depois da destruição que houve em Utopia? Não sei se é um erro de continuidade, se Moffat simplesmente ignorou a trinca de episódios da era Davies e nem pensou no planeta de Utopia, ou se é possível a coexistência pacífica entre os dois planetas: um habitado e morrendo e outro ainda inteiro, mas já sem qualquer forma de vida no universo em si.

Toda a confusão neste planeta, os sons, o medo, o possível inimigo, ganha uma nova perspectiva após a visita da TARDIS ao próximo local. Nada menos que Gallifrey – possivelmente a Casa de Lungbarrow.

Como a TARDIS conseguiu ir a Gallifrey, que supostamente está em uma bolha temporal, eu não sei, mas imagino que em algum momento da temporada isso será explicado (ou foi um grande furo de roteiro, o que também é possível. Mas nesse caso, após todo mundo se perguntar o óbvio, acredito que Moffat dará um jeito de criar uma explicação, mesmo que tenha que tirar um coelho da cartola, como tem feito de quando em vez ao longo das temporadas).

E se antes o episódio estava interessante e assustador (pelo menos na primeira vez que se assiste), em Gallifrey ele se tornou belo e reconfortante. Tivemos o prazer de revisitar a infância do Doctor (óbvio que era o Doctor, afinal, era o mesmo celeiro que o War Doctor escolheu para por fim à Guerra do Tempo) e descobrirmos que ele já foi um garotinho assustado, o qual ninguém acreditava que seria capaz de ingressar (e permanecer) na Academia e se tornar um Time Lord, e, por isso, estava destinado a ingressar no Exército.

dw 8x04_3973A cena em que Clara segura o tornozelo do garoto, saída debaixo da cama, criando assim um medo que se posterga no tempo e no espaço já há mais de 2000 anos (como o medo dele passou para outros eu não sei), foi surpreendentemente bonita e se encaixou muito bem na história. Clara tem inúmeros defeitos – o maior deles é ser tão vazia de personalidade e carente de desenvolvimento real – mas se tem uma qualidade que persiste ao longo dos episódios é sua capacidade de falar com crianças e compreendê-las. E, assim como influenciou o jovem Rupert Pink, foi Clara a responsável por toda a filosofia de vida do Doctor.

 “Escute. Isto é só um sonho. Mas pessoas muito inteligentes podem ouvir sonhos. Então, por favor, apenas escute. Sei que você está com medo, mas tudo bem sentir medo. Nunca te disseram? Medo é um superpoder. O medo pode te fazer mais veloz, inteligente e forte. E um dia você irá voltar para este celeiro e naquele dia você estará com muito medo. Mas tudo bem. Porque, se você é muito sábio e muito forte, o medo não tem que fazê-lo cruel ou covarde. O medo pode fazê-lo gentil.

Não importa se não há algo embaixo da cama, ou no escuro, desde que você saiba que está tudo bem sentir medo. Então escute. Se não escutar mais nada, pelo menos escute isso. Você sempre terá medo, mesmo que aprenda a esconder o medo é como um companheiro, um companheiro constante, que está sempre ali. Mas tudo bem, porque o medo pode nos aproximar, o medo pode levá-lo para casa. Vou deixar uma coisa para você para que sempre possa lembrar: o medo faz companhia a todos nós. ”

 

Foi muito legal ouvir as palavras do próprio Doctor saindo da boca de Clara. E ao deixar o pequeno soldado sem arma que um dia pertenceu a Danny Pink, ela deu ao pequeno Doctor a inspiração para a pessoa que ele seria dali para frente e que mudaria os rumos do universo e da própria vida dela.

A cena foi linda – o abraço que ela depois dá no Doctor já dentro da TARDIS também foi especial – mas ainda assim é um pouco incômodo ver o quanto Moffat transformou Clara em alguém essencial na vida do Doctor. Ela era a garota impossível e que esteve presente em toda a timeline do Time Lord, influenciando-o e corrigindo os erros introduzidos pela Grande Inteligência, e agora ela mesclou-se na timeline do Doctor de tal forma que se tornou a responsável por toda a existência dele como nós a conhecemos, ou seja, mais do que a garota impossível, ela se tornou o pilar de toda a série. Para uma personagem que sofre de falta de caracterização e que vem sendo tratada como um plot twist desde o início, esse tipo de coisa, embora bonita e emocionante, não é saudável. Sem falar que Clara transita perigosamente no limiar de se tornar uma Mary Sue, ou seja, uma personagem que, de tão perfeita, torna-se irritante e irreal.

dw 8x04_4358Agora resta-nos saber qual o papel de Danny no futuro de Clara. Porque os dois se acertaram (apesar da química zero entre eles) e os boatos dizem que Jenna Louise Coleman deixa a série no final da temporada. É quase certo que Danny terá algum envolvimento no motivo da saída de Clara. E eu fico me remoendo para saber como ele se tornará um viajante da TARDIS também.

E só para finalizar… eu perdi ou realmente não teve nenhuma referência à Terra Prometida neste episódio?

Dê a sua opinião »

Trackback |
Deprecated: Function comments_rss_link is deprecated since version 2.5.0! Use post_comments_feed_link() instead. in /home1/telese04/public_html/wp-includes/functions.php on line 6121
RSS 2.0

  1. Cleidepp - 18/09/2014

    Mica vc conseguiu colocar em palavras exatamente o que senti neste episódio e principalmente o que acho da Clara

    o episódio me deu um certo medo mas depois passou e se transformou em uma revelação, os minutos finais da Clara com o Doctor criança já valeu todo o episódio

    Clara e Danny é zero de química …

    ainda não fiquei convencida o que ou quem era lá quarto do Rupert … só sei que eu fiquei tremendo de medo !

  2. MicaRM - 18/09/2014

    Minha opinião? Nada. O universo estava acabando, supostamente não havia mais vida….nem mesmo uma possível raça que se esconde desde o início dos tempos. Se tudo já acabou, eles também já teriam acabado, senão o universo não estaria indo para o beleléu.
    Por isso acho que foi tudo obra de uma mente assustada. Esse é o medo mais profundo do Doctor, desde a infância, e o Orson…bom, ele esteve sozinho naquele planeta desolado por 6 meses, é normal um pouco de medo nascer na mente de alguém nesses momentos.
    Eu sinceramente acho que não era absolutamente nada, simplesmente os sons da própria nave e do planeta morrendo (e que toda a ‘ventania’ era só a despressurização da nave, como em um avião…já que o …vixe, esqueci a palavra…o ambiente, o que faz um planeta ser habitável, sabe? Esqueci o mesmo o nome…mas, enfim, tudo estava se acabando, e, portanto, o planeta em si não suportava mais sustentar a vida).

  3. Bianca Mafra - 21/09/2014

    Não vejo doctor, entrei aqui para indicar a minha filha e vi hoje pedaços durante o almoço, mas venho dar pitaco do mesmo jeito, eu tive a impressão de que era o doctor que estava lá fora. mas não posso afirmar, não estava prestando a devida atenção

  4. Slon Giovani Xavier Camilo - 28/12/2014

    depois de assistir eu fiquei com 3 perguntas remoendo na minha cabeça: 1) quem era la na cama? 2) o que ou quem estava batendo na porta? 3) quem escreveu “listen” na lousa?

  5. Jessie - 23/01/2016

    Quem escreveu LISTEN na lousa foi a própria Clara -spoilers-.
    Na cama era o Doctor criança em Gallifrey.
    O que ou quem estava batendo na porta? Isso ainda é um mistério.
    Realmente, Clara e Danny não tem química nenhuma, já Clara e Doctor tem uma química que arrepia. Fora que o Doctor já deixou claro varias vezes a paixão que ele sente pela Clara.
    Eu amei esse episodio, por mais que ele realmente não teve muito sentido, mas é de arrepiar!

  6. O TeleSéries nasceu em 2002 e fechou as portas em 2015. Temos nos esforçado para manter este conteúdo no ar ao longo dos anos. Infelizmente, por motivo de segurança, os comentários nos posts estão fechados. Obrigado pela compreensão!