Doctor Who – A Town Called Mercy

Data/Hora 20/09/2012, 11:35. Autor
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Depois de uma semana fraca – na minha quase singular opinião – Doctor Who nos apresentou um episódio delicioso de assistir. Não sem defeitos, mas ainda assim prazeroso do início ao fim.

Esse terceiro episódio passou-se no velho oeste americano e, para interpretar o Xerife de Mercy (81 habitantes), quem melhor do que Ben Browder, americano até os ossos? E não posso negar que ele ficou muito bem com aquele bigodão e jeitão bruto do oeste selvagem. Uma pena que foi uma participação de um episódio só. Seria ótimo ter Ben Browder em Doctor Who mais vezes.

Gostei do desenrolar dos acontecimentos, gostei da música, da fotografia, de toda a discussão sobre a natureza do Doutor, do paralelo entre ele e Jex… Tirando a tristeza de ver Rory sendo tão pouco utilizado, e Amy sendo a voz da razão do Doutor (enquanto Rory fazia exatamente o contrário, o que, frise-se, é muito fora do seu personagem), simplesmente não senti o tempo passar.

Há 3 coisas que não há como deixar de lado:

1) mais uma menção ao Natal. Até agora teve uma em cada episódio.

2) novamente o episódio chamou atenção para a eletricidade, o piscar de luzes, a vibração de uma lâmpada acesa.  Assim como o Natal, a luz também teve seu espaço em cada episódio. Coincidência? Pode ser, mas eu acredito mais na sutileza da cadeia de acontecimentos que Moffat está criando para a saída dos Ponds.

3) A idade do Doutor. Soa estranho se eu disser que, entre toda a discussão sobre o Doutor estar perdendo a humanidade, estar sozinho tempo demais etc, o que realmente chamou a minha atenção foi ele estar atualmente com 1200 anos? Ele já conhece Amy e Rory há mais ou menos 300 anos. De fato é um longo tempo, mas não consigo acreditar que ele esteve ‘sozinho’ por todos esses anos. O episódio passado menciona que ele teve suas aventuras com Nefertiti, com Riddell e com certeza houve outros no meio do caminho. Sim, ele sempre volta para Amy e Rory (e de preferência de forma cronológica, embora nem sempre acerte, como vimos no Ponds Life), mas a verdade é que ele já viveu bem mais tempo longe deles (enquanto ainda na vida do casal) do que próximo aos dois.

A propósito, será que nesses muitos anos sozinho (ele morreu/casou quando tinha 1103, é isso? Então não chega a estar 100 anos longe dos Ponds) o Doutor encontrou River? Oh, eu sei que ela não teve nada a ver com o episódio (embora tenha sido sutilmente mencionada na conversa de Amy com Jex, que apesar de muito bonita, foi absurda. Quem é que descobre que alguém é mãe só por um olhar? Como se pessoas sem filhos não pudessem ter a mesma compaixão, tristeza e força no olhar), mas eu não posso deixar de especular o que acontece com o Doutor quando ele está sem o casal por perto.

Seja como for, a minha dúvida é se ele tem estado de fato muito sozinho ou se tem viajado com parceiros diferentes aqui e acolá. Acho muito mais provável o Doutor ir se atolando em raiva e culpa por vir falhando com as pessoas que escolhe acolher, do que se tornar frio e indiferente por não se apegar. Ele deixa bem claro que sente que tudo o que toca é destruído por conta da sua misericórdia. É justamente o seu excesso de zelo e carinho que provoca as destruições em massa e não a sua solidão contemplativa e aventuresca.

Outra coisa que anda despertando furor mundo afora é a cronologia dos episódios. Em Ponds Life o Doutor aparece de repente na vida do casal e anuncia que veio fora da época, que algo grande ainda virá. Então tivemos Asylum of the Daleks, onde o casal estava separado e conhecemos Oswin (e era Natal!). No entanto, no episódio seguinte, tudo estava lindo e maravilhoso entre Amy e Rory, como se nada tivesse acontecido entre eles. Já em A Town Called Mercy havia uma tensão palpável entre os dois. Tudo o que vemos agora é anterior a Asylum? Anterior para nós e posterior para o Doutor? Ou anterior para todos? Ou nenhuma das alternativas e todos os acontecimentos estão rigorosamente na cronologia certa? E nessas andanças de dezenas de anos o Doutor já viu o final dos Ponds e, talvez seja este o motivo de sua fúria muito mais palpável ultimamente?

Mas deixando essas divagações de lado, vamos falar do episódio. Eu gosto muito de Toby Whithouse (acho que mais por Being Human do que por Doctor Who) e não me decepcionei com o seu roteiro. Ele costuma traçar bons paralelos entre os acontecimentos de Doctor Who e a vida real. Alguns bem sutis, enquanto outros são bem óbvios (como Kahler-Jex ser um cientista responsável por experimentos em seres vivos na guerra e que recebeu asilo em outro local por trazer benefícios tecnológicos ao seu novo lar).

A história do episódio em si é simples, mas eficiente. A TARDIS mais uma vez desviou do seu destino (se por vontade própria ou devido ao descuido de Rory não importa) e os viajantes acabaram no oeste americano, diante da pequena (e põe pequena nisso) Mercy. Foi bem legal a chegada dos três à cidade, a forma como ultrapassam a barreira imposta pelo Pistoleiro e, principalmente, a entrada no bar.

Chegando lá, mais uma vez se viram num emaranhado de acontecimentos para o qual foram tragados pelo simples título do Doutor.

 “Por que alguém iria querer te matar?….A menos que te conhecesse?”

Achei legal que a cidade estivesse defendendo Khaler-Jex e como Isaac o considerava seu amigo a ponto de dar a vida por ele. A atitude de Jex não foi exatamente a melhor possível, já que estava disposto a sacrificar uma cidade inteira para permanecer vivo, mas eu acredito firmemente que as pessoas tem direito a uma segunda chance na vida.

O interessante é que, enquanto Jex encontrou naquele povo um coração aberto para recebê-lo e perdoá-lo por seus crimes de guerra, o Doutor ainda hoje, passados mais de 300 anos, ainda se culpa profundamente pelo extermínio de sua raça (e deve ser ainda pior porque os Time Lords ficaram lá, suspensos no tempo enquanto os Daleks continuam por aí infernizando a vida de todo mundo).

É sempre bom fazermos uma imersão na consciência do Doutor e percebermos o quão rica é a sua personalidade. As pessoas tendem a achar que o Doutor sempre tem que agir de uma ou outra maneira, que precisa ser o pacifista, a misericórdia em pessoa, mas esquecem que há muito mais entranhado naquela alma do que nós conhecemos ou conseguimos enxergar. Volta e meia ele nos mostra um pedacinho de quem ele é, mas a bem da verdade é que mal começamos a arranhar a superfície dos sentimentos do Doutor. Ao contrário de muitos, eu gosto quando temos a oportunidade de vermos que ele é muito mais do que um livro aberto e já decifrado.

Mas nem tudo foram flores. A Town Called Mercy pecou em algumas coisas.

– Já mencionei, mas não custa repetir: a participação de Rory e Amy foi tão superficial que não faria a menor diferença se não estivessem ali. Tudo bem, Amy agiu como a voz da consciência, mas qualquer outro habitante de Mercy, o próprio Isaac, inclusive, poderia ter usado algumas boas frases de efeito e conseguido o mesmo resultado.

– O tiro em Isaac foi absurdo. Só aconteceu mesmo para colocar o Doutor como Xerife da cidade (e fazer o Doutor decidir ajudar Jex, afinal, Isaac não poderia morrer em vão).

– A própria atitude do ciborgue era irritante. Se não queria matar ninguém na cidade, que entrasse logo, vasculhasse tudo e encontrasse Jex. Eles até poderiam não delatar o esconderijo do (nem tão) bom doutor, mas se o ciborgue fizesse uma busca pessoal, com certeza encontraria o inimigo e o mataria. Aliás, teve inúmeras oportunidades sem acertar qualquer um e não o fez.

– Por que mesmo o Doutor não pegou a TARDIS, tirou Jex de lá e salvou todo mundo? Aquele plano mirabolante foi a coisa mais sem noção que eu já vi e ainda resultou na morte do cientista.

E pela primeira vez desde que me lembro (posso estar enganada), Amy e Rory se negaram a um passeio mais longo na TARDIS e pediram para retornar para casa, e isso após a própria Amy dizer que o Doutor estava sozinho há muito tempo. Mas deixa quieto que é melhor.

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  1. Bruno - 20/09/2012

    Prezada Mica, gosto mais quando você divaga pelos motivos do que pelo review do roteiro do episódio em si.

    Qual foi a da luz no episodio anterior? Nao reparei. Mas reparei nessa sim. E agora que voce tocou no assunto, sera que o episodio esta fora de ordem mesmo?

    Se voce lembrar, Amy pergunta ao Doutor no ep 1 se era errado ela sentir falta daquele HYPE (quando estão fugindo dos esqueletos). Realmente ficou fora do lugar dispensarem ele, neste.

    Nao vou tocar nos spoilers do ep 5, mas no da proxima semana, o 4, Amy diz que o Doutor passa um ano inteiro com eles. E discutem exatamente sobre isso, a vida que eles tem sem e com o Doutor. E que precisam escolher.

    Quanto ao ep eu nao achei nem bom nem ruim (nota 3). Como gostei do anterior (e você, não), ficamos empatados então 😉

  2. MicaRM - 20/09/2012

    Além das luzes na nave ficarem piscando o tempo inteiro no episódio passado, ainda tem o mais óbvio, que é a lâmpada da sala dos Ponds estar estragada.
    Pode ser só coincidência, mas em Doctor Who as coincidências sempre querem dizer algo.

  3. !3runo - 25/09/2012

    Teve uns websidoes (first night, last night etc.) que eram sobre o que o Doutor fazia enquanto Amy e Rory dormiam (aparentemente, ELE não dorme). Também apareceram as saidas com River, inclusive o dia que ele entrega a chave de fenda sonica para ela ir para a BIBLIOTECA.

    Já li spoilers que dizem que realmente a questão das lampadas significa algo. Resta descobrir o que.

    PS aguentar três meses pelo especial de natal vai ser ph*…

  4. MicaRM - 05/10/2012

    Só consegui colocar as mãos nos webisodes hoje. Fiquei encantada. Não quero acreditar que aquele seja realmente o último dia de River, porque isso quer dizer que ela quase nem teve (ou nem teve) contato com os outros Doutores, finalizando sua participação no 11º 🙁
    Mas gostei muitíssimo da conversa do Doutor com Amy…excelente a explicação.

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