Dia Internacional do Deficiente – Mais um dia normal, não?

Data/Hora 03/12/2013, 14:55. Autor
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Hoje, 03 de dezembro, é o dia internacional do defic… do portador de necessid… das pessoas com deficiência. Muito se fala sobre nomenclatura, acessibilidade e exemplos de superação. Mas que tal analisarmos um pouco além destes conceitos?

Para começar, nem todo deficiente é portador de necessidades especiais, isto é, não anda obrigatoriamente de muleta, com cão guia, ou precisa de rampa para se locomover.

Acessibilidade, palavra tão utilizada hoje, beneficia tanto este grupo de cidadãos quanto idosos, mães com carrinhos de bebês, entre tantos outros que exercem seu direito de ir e vir.

E “superação”, presente em 98 das 100 matérias, artigos ou menções a alguma pessoa com deficiência, nada mais é do que realizar algumas atividades que seriam corriqueiras para a maioria com um grau maior de dificuldade. No fundo, isso significa que tudo que uma pessoa com deficiência quer, no fim do dia, é viver plenamente, como qualquer mortal. O que precisa ser superado é o próprio preconceito e a vontade de amaldiçoar quem inventou este clichê.

O TeleSéries te convida a analisar a questão sob a perspectiva de personagens de nossos seriados favoritos que têm algum tipo de deficiência. Vem com a gente e (re)descubra porque eles são tão especiais!

Arizona Robbins (Jessica Capshaw)

Arizona Robbins - Gre's Anatomy
Personagem: Arizona Robbins (Jessica Capshaw)
Série: Grey’s Anatomy

Diagnóstico: membro inferior amputado

Arizona é uma daquelas mulheres que chegam para marcar e fazem o que querem quando querem. E não foi a toa que, logo assim que foi inserida na quinta temporada, roubou um beijo de Callie no banheiro de um bar. Ela possui personalidade peculiar – e olha que nem estou falando dos sapatos com rodinhas que ela usava para trabalhar. A questão é que a moça, além de parecer uma Barbie, é de sorrir de ponta a ponta. Mas nada mais justo para a sua profissão, certo? Robbins é chefe de cirurgia pediátrica e usa seu carisma e alegria para facilitar seu trabalho. Porém, Arizona se tornou ainda mais especial do que já era, mas de outra forma. Quando, no final da oitava temporada, houve um acidente de avião, a perna da médica ficou bastante debilitada, forçando Callie a operá-la. Uma bactéria surgiu e a única opção para Arizona foi a amputação. No início, superar e compreender foi difícil – assim como acontece com qualquer um que passa por isso na vida real. Mas a loirinha, com o passar do tempo, foi se adaptando e percebendo que poderia levar sua vida mesmo com sua deficiência. Com a ajuda de uma prótese, ela agora voltou ao trabalho e, apesar das dores no início da adaptação à prótese, ela vive normalmente como qualquer outra pessoa. Está tão bem que anda até pulando a cerca! Mas isso é papo pra outra hora.

 

Glee - Artie Abrams - TS

Personagem: Artie Abrams (Kevin McHale)
Série: Glee 
Diagnóstico: Paraplegia 

Ele é um dos personagens mais queridos de Glee. E o fato de voar baixo pelos corredores da McKinley High School com sua cadeira de rodas e dar caronas ocasionais pra galera não tem nada a ver com isso. O dano – herança de um acidente automobilístico – ficou limitado à coluna, e Artie é o tipo de cara de quem todos querem ser amigos. A razão? Ele é companheirão, ajuda os amigos a encontrar o seu caminho no mundo e de quebra os inspira a serem pessoas melhores. Ah, e não pensem que Abrams é só o amigo que todos querem ter. Ele já namorou boa parte do elenco feminino de Glee e está sempre bem acompanhado de alguma cheerleader bonitona. E isso sem contar que ele arrasa na guitarra e manda muito bem na direção. Na realidade, por saber muito bem quem é, e que os limites que lhe são impostos não lhe servem, Artie acaba mostrando pra todos que querer e poder andam lado a lado. Fofo esse Artie, não?

Covert Affairs - Auggie Anderson - TS
Personagem: August “Auggie” Anderson (Chris Gorham)
Série: Covert Affairs
Diágnóstico: Deficiência Visual

Toda equipe investigativa precisa de um especialista em tecnologia. Nas séries deste filão este profissional é sempre um hacker capaz de infiltrar-se nas mais protegidas redes do mundo. Auggie, como é chamado pelos amigos, e seu inseparável headset, é o agente da CIA responsável por coordenar operações que envolvam tais conhecimentos, e muita esperteza, claro. Anderson se encaixa no perfil deficiente que desenvolve os outros sentidos a um nível quase super-heroico, já que ficou cego durante uma operação no Iraque, quando ainda pertencia às Forças Especiais da agência de inteligência. Direcionado para o trabalho interno, Auggie utiliza o domínio de técnicas de luta adquirido em campo para ensinar técnicas de combate, em especial à sua colega, pupila e grande amiga Annie. Outras características do personagem incluem apreciar um bom jazz, fazer piada com sua deficiência sem dó e ter um conhecimento enciclopédico sobre as normas da CIA, a parte chata que enlouquece os agentes que está sempre ao alcance da memória de Auggie Anderson.

House-Season-8- TS

Personagem: Dr. Gregory House (Hugh Laurie)
Série: House MD
Diagnóstico: Coágulo Não Diagnosticado na Perna Direita

Greg House. Médico renomado, gênio, sarcasmo em pessoa e manco. Sim, um médico deficiente. Quão chocante é isso? Muito mais do que deveria. House é um ser humano quebrado, mas definitivamente não por sua deficiência – causada por um infarto, não do miocárdio, mas do músculo da perna. O fato de ser deficiente não impede o Holmes da medicina de andar de moto e fazer zilhões de travessuras com Wilson, seu amigo oncologista (lembram-se do episódio da galinha?), e convenhamos, o fato de usar a bengala traz um charme extra à figura do médico. Obviamente, não é fácil para House lidar com sua deficiência – uma das marcas de seu comportamento é o vício em Vicodin, remédio para dores, que se torna tema central de alguns episódios (internação na reabilitação, etc, etc). Em vários episódios, o médico tenta medidas drásticas para acabar com a dor que sente, como o episódio em que ele opera a própria perna na banheira de casa, o que o prejudica ainda mais. Mesmo assim, durante a maior parte do tempo, o médico consegue lidar com as dificuldades trazidas por sua “perna ruim”, sem perder o humor e o sarcasmo, e tem um final feliz. Eis a prova de que, por mais ranzinza que uma pessoa seja, não é a deficiência que a impedirá de ser feliz.

Friday Night Lights - Jason Street - TS

 

Jason Street (Scott Porter)
Série: Friday Night Lights
Diagnóstico: Paraplegia

Imagina só, um jovem jogador de futebol americano, com um futuro promissor no esporte, a aposta de toda uma cidade para o sucesso. Esse jovem se chama Jason Street, quaterback do Panthers, de uma cidadezinha do Texas chamada Dillon. Jason é bom filho, bom namorado, bom amigo. Jason ficará paralítico em seu jogo de estreia da que seria a última temporada em sua escola. Essa é a premissa de uma dos melhores dramas para a TV, a premiada Friday Night Lights. Na série, Jason fratura a coluna em um jogo e deixa para trás seu sonho de ser um jogador profissional. Ele tem uma lesão na coluna que causa paralisia nos membros inferiores e compromete o movimento, também, dos superiores. Mas engana-se quem achar que a história do jovem texano é sobre superação, a maior parte do tempo, Jason mostra-se frustrado, revoltado e triste. Imagina só, um jovem que se movimentava para viver, de repente, ter que viver sem se movimentar. Coisas simples, como pegar uma colher, ou fazer sexo com a namorada, parecem impossíveis. A história do Jason é uma droga. Daquelas que você jura que acontece com quem “não merece”. Com o tempo, aprendemos que ser deficiente, estar paralítico, não é uma história sobre justiça, muito menos sobre vitória, Jason aprendeu simplesmente a jogar um jogo chamado vida. Se isso é superação? Talvez sim, mas superar nem sempre é ir além, pode ser simplesmente ser você mesmo.

Sonya-Max - Asperger
Personagens: Sonya Cross (Diane Krueger) e Max Braverman (Max Burkholder)
Séries:  The Bridge e Parenthood
Diagnóstico: Síndrome de Asperger

A vida de uma Asperger daria um belo roteiro de ficção científica se não fosse pelo fato de que ser de outro planeta é uma coisa bem real. É assim que um “Aspie” se sente a maioria do tempo. Mas espere, não confunda ser Asperger com se sentir deslocado, não é bem assim, ser aspie é ter certeza que a sua nave-mãe te deixou para trás e vou dizer o porquê. Max Braverman de Parenthood é um belo exemplo de como as coisas acontecem na vida de um aspie, ou seja, alguém que é autista, mas altamente funcional. Por ter um QI normal, conseguir falar e se relacionar com as pessoas, uma pessoa com essa Síndrome pode ser considerada normal. Até seria, se não fosse por alguns hábitos estranhos. Max, por exemplo, gostava de repetir roupas, tinha um interesse fora do comum por répteis, e uma habilidade motora do tipo quando alguém briga constantemente com a gravidade. Max é um aspie. O menino estranho tinha que se esforçar ao máximo para entender os limitados terráqueos, que precisam constantemente seguirem suas regras de interação social. Chega a ser exasperador ter que demonstrar coisas que não sentimos, fazer coisas que não queremos ou falar coisas que não acreditamos apenas para manter a ordem e paz entre os povos. Para um aspie, a melhor coisa a ser feita é ser literal e falar sempre o que pensa. O que na verdade, gera muita confusão. Max agora está crescendo, e aprendendo todas essas regras interativas, mas nunca escapará de se sentir de outro planeta. É o que acontece com Sonya Cross de The Bridge. A detetive de El Paso, na fronteira com o México, é o que alguém um dia a chamou de “robô”. Na verdade, Sonya tem um coração gigante, tão grande quanto seu cérebro, que projeta a vida em preto e branco. O lado literal da detetive também a coloca em situações bem cômicas. Já que é engraçado ser de outro planeta e tentar se encaixar na emotiva vida humana. Não é como se um aspie não sentisse emoções, ele sente, não é como se aspies fossem superdotados, eles são esforçados, e muito menos como se um aspie limitado, ele não é. Uma pessoa com Asperger apenas enxerga o mundo em outro espectro de cores. Cores que você não vê.

The Michael J Fox Show - Mike Henry

Mike Henry (Michael J. Fox)
Série: The Michael J. Fox Show 
Diagnóstico: Mal de Parkinson

Ser deficiente pode ser complicado. Ser uma celebridade deficiente, então… Michael J. Fox resolveu tirar sarro da própria cara e de como as pessoas passaram a tratá-lo após revelar sua doença no fim da década de noventa, quando interpretava outro Mike, o Flaherty, da comédia política Spin City. Na nova série, ele é um âncora que passa a ter problemas até para se manter parado na cadeira de onde apresenta um programa jornalístico. Desde que deixou o brilho dos refletores da televisão, Mike não pode sequer comprar um pãozinho na esquina sem ser chamado de campeão, ou de ter alguém pedindo seu autógrafo para um tio que também tem Alzheimer (“É Parkinson”, ele corrige, inutilmente). Sua filha utiliza o artifício da superação para ganhar uma nota alta: seu pai é um herói só de conseguir colocar as calças de manhã.O mal de Parkinson é uma enfermidade degenerativa e progressiva do sistema nervoso central e costuma aparecer a partir dos 50 anos. No ator, entretanto, se manifestou aos 27, comprometendo especialmente o controle dos movimentos.  A Michael J. Fox Foundation, criada por ele,  investe em pesquisas para a cura da doença, incluindo experiências com células-tronco. Ao rir de si mesmo, Mike nos ensina pelo menos uma coisa: pena é muito diferente de respeito.

Star Trek TNG - Geordi LaForge - visor - TS

Personagem: Tenente-Comandante Geordi La Forge (LeVar Burton)
Série: Star Trek: The Next Generation
Diagnóstico: Deficiência Visual

La Forge era um dos oficiais da ponte no início da série. Depois de um ano, foi promovido a engenheiro-chefe e o personagem de Burton cresceu, indo além da intenção inicial de Gene Roddenberry, que o havia idealizado como um contraponto irreverente ao sisudo Capitão Jean-Luc Picard. Cego de nascença, La Forge conta com o auxílio de um dispositivo, o VISOR (Visual Instrument and Sensory Organ Replacement), que permite que ele “enxergue”, embora não da forma como as outras pessoas (o VISOR escaneia o campo eletromagnético, detectando calor, raios ultravioleta, infravermelhos e até mesmo ondas de rádio, e transmite estas informações diretamente a seu cérebro). Devido a fortes dores em decorrência do uso desta prótese, o VISOR foi posteriormente substituído por implantes oculares, diminuindo os efeitos colaterais. Esta gama de informações com as quais seu cérebro era obrigado a lidar certamente o ajudou a dominar as igualmente complexas rotinas da Engenharia e navegação estelares, o que livrou a tripulação da Enterprise de várias situações delicadas. A forma única de ver o mundo daria ao personagem certo grau de identificação com outros que, como ele, são “diferentes”. Sua amizade com o androide Data, que tentava entender os humanos e suas emoções, traduziu bem isso na série. O personagem foi criado em homenagem a um fã da série clássica, portador de distrofia muscular e frequentador assíduo de convenções de Star Trek, falecido em 1975. Atualmente existem diversas pesquisas para desenvolver um equipamento semelhante ao VISOR. Depois de ver alguns dispositivos retratados na série saírem das telas para o mundo real (celulares, computadores de mão e tablets, só citando alguns exemplos) não seria surpresa se o tivéssemos num futuro não muito distante.

Breaking Bad - Finn - TS
Walter ‘Finn’ White Jr (RJ Mitte)
Série: Breaking Bad (2008-2013)
Diagnóstico: Paralisia Cerebral

O personagem interpretado por RJ Mitte não fugiu à regra da cultuada série e foi muito bem construído. Para começar, Walter Jr. não tinha um histórico de acidente, como costuma ocorrer para justificar determinada deficiência. Outro fator interessante é que, com o mesmo nome do pai, ele preferia ser chamado de “Finn”, fosse para buscar sua própria identidade, ou pela vergonha que quase todo adolescente tem dos pais em algum momento de suas breves existências. Esta fase, contudo, não foi um problema quando criou um site de arrecadação de dinheiro para o tratamento do câncer de Walter White, que nesta época, já estava ingressando no concorrido mercado da metanfetamina. Por suas cenas serem geralmente durante o café da manhã com a família, criou-se uma brincadeira entre os fãs de que esta era a refeição preferida do filho mais velho “daquele que é o perigo”. Embora tenha mesmo paralisia cerebral, Mitte aprendeu a falar devagar e a se locomover com mais dificuldade, para agravar os sintomas de seu personagem.

Qual deles é o seu favorito? Será alguém que não está na lista?

Texto  produzido por Ana Botelho, Carla Heitgen, Carol Cadinelli Mauler, Clara Lima, Mariela Assmann e Patricia Emy

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