Série Virtual – Outsiders – Ways and Means


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Série: Outsiders
Episódio:
Ways and Means
Temporada:

Número do Episódio:
1×06

CENA 1 – COZINHA DA MANSÃO LIEFIELD – MANHÃ

JOEY está sentado ao balcão comendo cereal e lendo uma revista. CATHLEEN entra.

CATHLEEN: Bom dia.

JOEY: Bom dia.

CATHLEEN: [irônica] Nosso hóspede adorado não levantou ainda?

JOEY: Ele realmente tem sido meio folgado nos últimos dias. Não vejo a hora desse cara sumir.

JOEY fecha a revista enquanto CATHLEEN se serve de leite.

CATHLEEN: Meio folgado? O cara não se liga. E o que ele ainda tá fazendo aqui? Quer dizer, uma semana deveria ser suficiente pra Julia arrancar dele o que ela precisa.

JOEY: [irônico] É, o método de tortura dela de dar uma cama confortável, boa comida e água quente realmente vai fazer ele abrir o bico.

CATHLEEN: [arregala os olhos] Aposto que ela tá transando com ele.

JOEY faz uma cara de nojo e fala de boca cheia.

JOEY: Eu tô comendo aqui!

CATHLEEN: Só pode ser. No começo até que eu topava fazer um favor aqui e outro ali porque, convenhamos, ele é gato. [Joey revira os olhos] Mas eu não costumo preparar nenhum banho do qual eu não vá participar e como acho que apesar de muito tentador isso seria ilegal, ele que prepare o próprio banho!

JOEY: O cara claramente teve alguma coisa com a Julia. E o que você tá dizendo é errado em milhares de diferentes formas!

CATHLEEN: Você não precisa mais se preocupar com isso. Ele está totalmente fora do meu sistema. Chega de ficar pensando no seu rosto perfeito [Cathleen olha pra o nada] e olhos castanhos maravilhosos. Aqueles braços fortes naquele roupão–

JOEY larga a colher no balcão com um olhar entediado.

JOEY: [resmunga] Ótimo. Eu nem tava com fome.

CATHLEEN: [acordando do transe] É sério, Joey. Vou falar com a Julia. Hoje mesmo esse cara tá fora da nossa casa. Ele tá fora! Fora!

JOEY: Tem meu total apoio.

ROBERT entra ofegante na cozinha. A câmera mostra o ponto de vista de CATHLEEN revelando ROBERT de cima a baixo em slow motion. Ele veste uma calça de moletom e uma regata branca colada ao corpo pelo suor. CATHLEEN parece hipnotizada.

ROBERT: Bom dia, Geração X.

JOEY abre novamente a revista e responde sem levantar os olhos.

JOEY: Hmm.

ROBERT pega o copo de leite de CATHLEEN e vira de uma vez. A garota parece não perceber. JOEY levanta as sobrancelhas observando a cara de CATHLEEN.

ROBERT: Não há nada melhor do que começar o dia com um bom exercício. A sala de treinamento de vocês até que dá pro gasto. [irônico] Embora eu ache que a Julia precise de estantes mais altas pra manter os objetos cortantes longe do alcance de crianças.

ROBERT passa a mão no cabelo de JOEY como com uma criança e o garoto define o maxilar, claramente irritado. Ele levanta olhando ROBERT nos olhos.

JOEY: Vai ver você está certo. Você ficaria impressionado com o estrago que crianças conseguem fazer.

Os dois se encaram por uns instantes até ROBERT que abre um sorriso e começa a rir sacudindo o ombro de JOEY amistosamente, mas JOEY não parece achar graça.

ROBERT: Ha-ha! Bem, eu acho que vou tomar um banho.

Ele se aproxima de CATHLEEN.

ROBERT: Cathie, querida. Seria ótimo se você misturasse os sais daquele jeitinho que só você consegue.

Ele dá um beijo no rosto da garota e sai da cozinha. CATHLEEN solta um suspiro.

CATHLEEN: Bem, eu acho que não vai doer se ele ficar mais uns dias.

Ela deixa a cozinha na direção em que ROBERT saiu. JOEY balança a cabeça em negativa.

 

[MÚSICA TEMA – LATE GREAT PLANET EARTH, PLUMB]

 

CENA 2 – EXT. NARANDA HIGH – MANHÃ

A Cherokee de JULIA para em frente ao colégio. Ela desliga o motor.

JULIA: Ok, eu vejo vocês a noite. E tentem ficar longe daqueles garotos do rancho.

CATHLEEN: Um dia sem bater boca com Ehlios? Deus não é tão bom assim.

JULIA não ri.

CATHLEEN: Okay, okay. Ignorá-lo não tem funcionado muito bem até agora, mas a gente continua tentando e tentando e tent… [fade out]

CATHLEEN sai do carro deixando JOEY e JULIA a sós. A mulher olha pelo retrovisor para JOEY. Ele está de braços cruzados no banco de trás e cara de poucos amigos.

JULIA: Hey, Joe. Você tá bem?

JOEY olha nos olhos dela pelo retrovisor.

JOEY: Quando que ele sai?

JULIA: [respirando fundo] Em breve. Eu já tenho boa parte da informação que queria–

JOEY: Então, hoje à noite?

JULIA: Não sei. Talvez.

JOEY: Amanhã então?

Os dois se olham por um momento e então JOEY, insatisfeito, olha pros lados controlando sua raiva. JULIA vira para o banco de trás olhando-o cara a cara.

JULIA: Eu não tô.

JOEY: O quê?

JULIA: Fazendo o que você pensa que eu tô. Dormindo com ele. Não que seja da sua conta.

JOEY: Bem, não dá pra negar que é o único motivo aparente pra ele estar a uma semana sendo tratado como rei dentro daquela casa.[irônico] Tenho certeza que não foi o Ulisses que ordenou esse método tão agressivo de abordagem de prisioneiros.

JULIA: [séria] Não me lembro de você questionando meus métodos.

JOEY: Nunca foi necessário.

JULIA: [irritada] Nunca te pedi para fazer isso e não estou pedindo agora, Joey! Eu sei o que estou fazendo. Eu conheço esse homem e sei o que tenho que fazer pra conseguir o que quero dele.

JOEY: [ríspido] Ah, mas disso eu nunca duvidei. Acho que já passaram meus cinco minutos.

JOEY sai do carro e bate a porta. Julia esvazia os pulmões e passa a mão nos cabelos.

 

CENA 3 – CORREDOR DO NARANDA HIGH – MANHÃ

[MÚSICA DE FUNDO – ON THE WAY DOWN, RYAN CABRERA]

O corredor está cheio. CATHLEEN está passando alguns livros de seu armário para sua bolsa quando vê ZACK passando no corredor. Ele dá um sorriso discreto para ela enquanto passa e ela retribui. O armário se fecha de repente revelando KENNEDY encostada nele. CATHLEEN toma um susto.

KENNEDY: Olha só pra você toda amiguinha do Hayes!

CATHLEEN: [mão no peito] Sua louca. Você quase me matou de susto.

KENNEDY: Desculpa, amiga. Eu sei como é um baque voltar… das nuvens!

KENNEDY começa a mexer os braços como se voasse e a circular a amiga. CATHLEEN ri enquanto as duas começam a andar pelo corredor.

CATHLEEN: Do que você tá falando?

KENNEDY: De você e do Hayes. Nunca achei que você gostasse do tipo caladão.

CATHLEEN: Eu e o Zack? Você que tá viajando. Ele trabalha comigo. Eu tenho que pelo menos cumprimentá-lo.

KENNEDY: Yeah, certo. Joey mora com você e nem isso ele consegue. Admite que você tem uma queda pelo Hayes. Uma queda não, um precipício.

CATHLEEN: Cala a boca. Eu não tenho nada com o Zack. Na verdade, ele acabou virando um amigo melhor do que eu poderia imaginar. Ele é um bom ouvinte.

KENNEDY: Isso é porque ele não fala. Juro que já passei dias inteiros sem ouvir ele falar nada além de [voz mais grossa] “Posso anotar seu pedido?”.

CATHLEEN ri.

CATHLEEN: Depois que a gente passa a conhecê-lo ele não é tão tímido quanto parece.

KENNEDY: [maliciosa] Hmm, isso soa sacana.

CATHLEEN empurra o ombro da amiga de leve.

CATHLEEN: Cala a boca!

As duas riem e CATHLEEN entra numa sala enquanto KENNEDY dá um tchau e continua andando.

[Música fade out]

 

CENA 4 – CORREDOR DO NARANDA HIGH – MANHÃ

[MÚSICA DE FUNDO – AMAZING, JOSH KELLEY]

O sinal toca e KENNEDY caminha mais apressada quando alguém dobra um corredor ao lado e esbarra nela fazendo seus livros caírem.

KENNEDY: Ai!

KENNEDY abaixa sem nem olhar quem bateu nela.

KENNEDY: Não dá pra olhar por onde anda não?!

JOEY: Ah, droga.

KENNEDY olha pra cima, finalmente percebendo que é JOEY. O garoto abaixa para ajudá-la.

JOEY: Desculpa. Eu realmente não tava muito atento.

KENNEDY: Hum… não tem problema.

Eles recolhem tudo em silêncio. KENNEDY parece meio sem graça. Eles levantam e ficam se encarando por alguns segundos. JOEY coça a cabeça.

JOEY: Eu acho que—

[ao mesmo tempo]

KENNEDY: Eu queria te—

JOEY sorri.

JOEY: Você primeiro.

KENNEDY: [sem graça] É que… sobre aquela noite… bem… hum… eu queria me desculpar. Eu não sei o que me—

JOEY: Hey. Não tem problema, Kennedy. Todo mundo tem um dia ruim de vez em quando.

Com isso JOEY sai andando cabisbaixo e KENNEDY o observa ir com uma expressão interrogativa no rosto.

[Música fade out]

 

CENA 5 – BANHEIRO DA MANSÃO LIEFIELD – MANHÃ

JULIA entra no banheiro, séria. ROBERT está na banheira com uma máscara tampando seus olhos. JULIA bate a porta e ROBERT acorda assustado. Ele tira a máscara e sorri para ela.

ROBERT: Você tá precisando relaxar, hum? Se me permite uma sugestão esse banho tá maravilhoso. Te faria milagres.

Ele senta e aponta para que ela entre.

JULIA: Quero o nome da base, características e vulnerabilidades. Cansei de você dando voltas. Você já teve seus dias de descanso depois de alguns anos naquele lugar, mas agora tá na hora de começar a falar ou você volta pra lá em menos de 12 horas.

ROBERT: Meu Deus, Jules. Já disse, se acalma. Só não tenho pressa pois achei que a gente fosse… se divertir um pouco antes de eu ter que ir embora.

JULIA: Não vamos.

ROBERT a encara com uma expressão confusa e balança a cabeça em negativa.

ROBERT: O que diabos esses garotos fizeram com você? Você tá irreconhecível! No começo tava até bonitinho te ver toda Bree, mas agora é só irritante!

JULIA: As pessoas mudam.

ROBERT: [frustrado] Você não, Jules! Eu te vi fazer umas coisas bem barra pesada no passado. Deus, o que você fez comigo da última vez é algo que a maioria das pessoas não perdoaria e agora você quer me convencer que alguns anos brincando de casinha mudaram sua vida? Por favor!

ROBERT levanta da banheira e a câmera só mostra a parte de cima do seu corpo. JULIA não reage à ação. Ele sai naturalmente da banheira e começa a enxugar o corpo.

ROBERT: Nós dois sabemos que as pessoas não mudam. Elas só… se adaptam. Aprendem a se socializar de forma diferente por pura questão de sobrevivência. Interesse.

[MÚSICA DE FUNDO – BENT, MATT NATHANSON]

Ele joga a toalha longe e se aproxima falando bem próximo ao rosto dela de forma suave.

ROBERT: Quem você é tá aí dentro em algum lugar. Eu sei que sim. E ela tá morrendo de vontade de se liber–

JULIA: [séria] O tempo tá passando, Bob.

Ele esvazia os pulmões, olhando pra baixo com uma expressão de desistência, mas logo a olha nos olhos e coloca uma mexa de cabelo delicadamente atrás de sua orelha. Ele acaricia sua face.

ROBERT: Eu só… eu achei que chegaria a encontrá-la antes de ir. Diz pra ela que eu tô com saudades.

Eles se encaram a poucos centímetros de distância. ROBERT continua acariciando o cabelo dela. Ele começa a massagear sua nuca e Julia fecha os olhos. Ele toca os lábios no nariz dela e passeia delicadamente pelos olhos, testa, bochechas.

ROBERT: [sussurra] Eu só… queria que não estivéssemos tão distantes.

ROBERT toca os lábios de JULIA com seus dedos. A câmera foca a fechadura da porta e a chave a tranca sozinha. Rapidamente, ROBERT pressiona JULIA contra a porta e a beija com intensidade. O beijo é profundo e JULIA corresponde. As mãos dela acariciam o cabelo de ROBERT e ele começa a beijar seu pescoço. A câmera mostra a mão de ROBERT descendo pelas costas de JULIA e entrando dentro da camisa dela.

[Música subitamente cortada. Barulho de freios.]

De repente, ROBERT é empurrado para trás por uma força invisível e para há uns dois metros de distância de JULIA.

JULIA se recompõe arrumando os cabelos. ROBERT aponta pra ela.

ROBERT: Agora isso é golpe baixo!

Ele urra frustrado e dá um soco no ar.

JULIA: Um beijo. Era tudo que você queria antes de ir. Agora você já tem. Começa a falar.

ROBERT: [frustrado] Alguém já te disse que essa sua mania de ler o pensamento dos outros é extremamente irritante?!

JULIA: [sorri] Algumas pessoas.

ROBERT: Um sorriso? Será que eu finalmente atravessei esse escudo que você armou desde que cheguei?

JULIA: Na verdade… [desvia o olhar pro teto] eu acho que você precisa de um banho gelado.

JULIA começa a rir. ROBERT olha para baixo.

ROBERT: [sorri] Não é engraçado.

ROBERT começa a gargalhar.

ROBERT: Não tem graça nenhuma!

Os dois riem. ROBERT abre o box transparente e entra no chuveiro. Ele dá alguns pulos quando entra em contato com a água e vibra os lábios expressando frio. JULIA senta na bancada, ao lado da pia. Ela agora parece mais relaxada. Eles se vêem através do vidro transparente.

ROBERT: Achei que tinha te bloqueado melhor.

JULIA: Bem, eu tentei por uma semana e só consegui agora, com você praticamente gritando por isso. Estou até um pouco impressionada. Você realmente aprendeu algumas coisas sobre sua mente.

ROBERT: Eu te disse.

JULIA: Então…

ROBERT: Então. Hora de falar de negócios.

JULIA: Por favor.

ROBERT: Aos negócios então. Eu tenho certeza que não é por acaso que você escolheu Naranda pra morar. [esfrega o cabelo] O complexo.

JULIA: Nove bases militares externas e subterrâneas num raio de 800 milhas.

ROBERT: O governo tem uma obsessão estranha com essa parte do país.

JULIA: Nem me fala.

ROBERT: Só pra que você saiba, tem mais uma em construção no norte de Lander e outra na divisa com New México. Não esquece de dar uma olhada.

JULIA: Como você sabe disso depois de cinco anos preso?

ROBERT: Bem, eu descobri que seu acesso à internet é absurdamente seguro e um terço dos meus contatos ainda vivem. Só me dei um update antes de te passar as informações.

JULIA: [sorri] Eu darei uma olhada nas bases. Obrigada.

ROBERT: Lutando contra a vontade de mudar de assunto, já que acabei de ver o primeiro “obrigado” que sai da sua boca na minha vida…

JULIA sorri.

ROBERT: …o que você deve procurar é um receptor. Ele deve parecer com um HD com um painel complicado em cima. Células receptoras de ondas.

JULIA: Pra um satélite.

ROBERT: Exatamente. Aparentemente vocês são tão bem quistos pelos militares que agora vocês têm seu próprio satélite. Alguma coisa com obter informações de pesquisas em outros países, sei lá. Já era um projeto antigo na época em que fui preso, mas agora ele está prestes a ser lançado. Então é melhor você se apressar.

Ele sai da ducha e JULIA joga outra toalha para ele.

ROBERT: Suponho que já saiba sobre a China?

JULIA: Sim.

ROBERT: Você já tem todos os desenhos?

JULIA: Você sabe que não posso responder isso.

ROBERT: [revira os olhos] Quê que eu tô perguntando? É claro que já os tem.

Ele enrola a toalha na cintura e se aproxima.

ROBERT: O lance é que você não precisa ir à China. Ela virá a você. Todo pedaço de informação que os militares têm sobre vocês vai passar por esse satélite. Tudo. Tudo que eles descobrirem lá ou seja lá mais em que países que essas células vão chegar.

A expressão de JULIA fica levemente surpresa.

ROBERT: Isso mesmo. Eu te disse que era coisa grande.

JULIA: E onde eu pego essas células?

ROBERT: [coça a cabeça preocupado] Aí que tá a coisa. Você não pega.

JULIA: O que você quer dizer?

ROBERT: Elas estão na base de White Pine.

JULIA: Hum… então por isso que você descobriu tanto desse satélite.

ROBERT: Yeah, preferia não ter tido que descobrir nada.

JULIA: Okay, eu admito que entrar lá vai ser um pouco difícil–

ROBERT: [riso nervoso] Não, Jules. [se aproxima mais] Você não tá me entendendo. Você pode ser a melhor agente que eu já conheci, mas White Pine não tem falhas na segurança. Não tinha quando eles tavam montando essa coisa e agora que tá pronto vai ser quase impossível entrar.

JULIA: Qualquer lugar tem falhas na segurança. E considerando que você ficou lá por três semanas antes da instituição metal, eu tenho certeza que você sabe qual é.

ROBERT: Jules, não tenta entrar lá. Compra alguém, espera o transporte dessa coisa, mas–

JULIA: Não posso arriscar, Bob. Não essa chance. Pelo visto eu vou ter que achar essas falhas sozinha.

Ela começa a sair do banheiro. ROBERT corre até a frente dela e fecha a porta ficando entre ela e JULIA.

ROBERT: Tem uma coisa.

Ela sorri.

ROBERT: E depois dessa você realmente tá me devendo uma–

JULIA: Eu te tirei de Charenton, te arranjei um apartamento, uma mesada–

ROBERT: …depois dessa nós estamos realmente quites.

Eles sorriem.

ROBERT: O gerador. Se aquilo ainda é o que costumava ser, tudo lá dentro é comandado por eletricidade. O sistema de segurança, a tranca das selas e dos laboratórios, até as torneiras… tudo funciona na base da eletricidade. Mas o lugar é tão gigante que o gerador reserva precisa de algum tempo para se carregar quando o principal cai.

JULIA: Quanto tempo?

ROBERT: Assim que o gerador cair, você tem – escuta bem – vinte segundos pra entrar e sair. Vinte segundos de vulnerabilidade total até o gerador reserva carregar. Vinte! Jules… é impossível.

JULIA: Eu agradeço a preocupação, mas eu preciso tentar.

JULIA inclina-se e toca os lábios de ROBERT com os seus trocando um suave beijo por alguns instantes. Ela interrompe o beijo e ROBERT apóia sua testa na dela enquanto ela acaricia o rosto dele. Eles se olham nos olhos.

JULIA: É melhor você arrumar suas coisas. O avião parte as oito e quarenta e cinco.

Ela passa por ele e sai do banheiro. ROBERT passa a mão nos cabelos molhados.

 

CENA 6 – REFEITÓRIO – TARDE

[MÚSICA DE FUNDO – WORK, JIMMY EAT WORLD]

CATHLEEN e SAMANTHA estão sentadas em uma das mesas com outras garotas. KENNEDY chega à mesa com sua bandeja e senta. Uma das garotas se inclina na mesa para falar com KENNEDY.

GAROTA: [sussurra] Não olha agora, mas eu acho que a Amy tá dando mole pro Ben.

KENNEDY: [irritada] O quê?!

Ela começa a virar, mas SAMANTHA ao seu lado, a puxa para frente.

SAMANTHA: Não olha!

KENNEDY: [nervosa] O que ele tá fazendo, Cathy? O que ele tá fazendo?

CATHLEEN, que está sentada no lado oposto a KENNEDY e de frente para BEM, observa o garoto. A câmera focaliza BEN sentado sobre uma das mesas e AMY na frente dele, sorridente e mexendo nos cabelos. Também vemos HARRISON ao lado dos dois, comendo, e alguns outros garotos com jaquetas do time.

CATHLEEN: Que vadia!

AMY olha rapidamente para a mesa das garotas.

CATHLEEN: Ela tá usando ele descaradamente!

KENNEDY: [nervosa] E ele? E ele?

AMY dá um empurrão de leve no braço de BEN e ele se remexe desconfortável, colocando as mãos nos bolsos da jaqueta.

GAROTA: Ele não parece muito interessado.

CATHLEEN: Essa garota não tem nenhum amor próprio.

KENNEDY: Ela tá realmente partindo pra cima? Quero dizer, eles podem estar só conversando.

CATHLEEN: Por favor! Numa escala de 1 a 10 ela tá flertando com ele como se fosse Paris Hilton.

KENNEDY: [irritada] Eu vou acabar com ela!

SAMANTHA: Acho que não precisa se preocupar. Ele ainda tá totalmente na sua.

KENNEDY: Como você sabe?

SAMANTHA: O Harry me contou. Aparentemente ele ainda não ficou com ninguém desde que vocês terminaram. Ele tá arrasado.

KENNEDY: Droga. Não queria que ele ficasse sozinho. [irritada] Só não quero ele com essazinha!

SAMANTHA: Por que você terminou com o Ben mesmo?

KENNEDY: Sei lá… ele ligava o tempo todo. Mandava flores pelo menos uma vez por semana, presentes—

SAMANTHA: [abismada] E isso é errado porque…

KENNEDY: Não é errado. Só que era demais. Você nunca cansou de ter namorados atenciosos demais? Quero algo diferente. Pelo menos pra ver como é.

SAMANTHA: [sem entender] Amiga… você é louca.

CATHLEEN: Vai ver ele ainda tem esperanças.

KENNEDY: Mas pra mim não tem volta.

CATHLEEN: Você devia arranjar alguém. Pra mostrar pra ele que não tem mesmo volta. Só assim ele vai superar.

KENNEDY: Não sei se é uma boa idéia—

SAMANTHA: É uma ótima idéia! Hoje a noite tem a inauguração daquele cinema gigante lá perto da Faculdade. Tenho certeza que vai estar cheio de universitários pra você escolher.

CATHLEEN: Perfeito!

KENNEDY: Eu não sei gen–

CATHLEEN: Mas a gente sabe. Nós vamos.

KENNEDY: Você? A furona oficial do Naranda High.

CATHLEEN: Depois do trabalho. Passa lá em casa e de lá a gente vai pra casa da Sam.

SAMANTHA: Por mim tudo bem.

KENNEDY olha desconfiada para as amigas.

KENNEDY: Ok, ok. Eu vou!

As garotas comemoram.

KENNEDY: [pra Cathleen] Mas não fura!

CATHLEEN: Não vou. Prometo.

CATHLEEN dá uma última espiada em AMY anotando algo na mão de Ben.

 

CENA 7 – REFEITÓRIO – TARDE

MEG está almoçando sozinha enquanto lê um livro. EHLIOS aparece com sua bandeja.

EHLIOS: Posso sentar?

MEG: [sem levantar os olhos] Não.

EHLIOS: Eu só… eu queria agradecer. O vídeo… bem, a gente pegou terceiro lugar, sem orçamento nenhum ou roteiro decente. Então eu pensei “o que diabos eles viram no filme pra conseguirmos terceiro lugar?”. A resposta veio bem rápido—

MEG: [olha pra ele] Eu?

EHLIOS fica sem graça.

MEG: [balança a cabeça em negativa] Cantadas de caras são tão previsíveis. [volta a ler] Não se incomode. Você não vai conseguir nada aqui, Ehlios. Terminamos.

Ele fica paralisado.

MEG: Você já pode ir agora.

EHLIOS abaixa a cabeça e se distancia.

 

CENA 8 – LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA – TARDE

Todos os alunos estão em seus computadores individuais. JOEY continua com uma expressão aborrecida e brinca com uma borracha entre os dedos, parecendo não prestar atenção no professor à frente da turma. Um barulho rápido no computador o chama a atenção. A câmera mostra o monitor de JOEY. Uma janela de mensagem instantânea está aberta. JOEY clica em “desabilitar alarme” na caixa.

A câmera mostra o monitor de JOEY.

C DIZ: Q q vc tem hoje?

JOEY olha envolta para encontrar os olhos de CATHLEEN o encarando discretamente por cima de um dos monitores. Ele digita.

JOE DIZ: Achei que esse programa fosse bloqueado aqui.

Mais uma mensagem aparece.

C DIZ: E é. 😀

Ele digita.

JOE DIZ: Bom saber q você ainda não perdeu a manha.

Vemos CATHLEEN sorrir. A garota digita. A câmera foca o monitor dela.

A câmera mostra o monitor de CATHLEEN.

C DIZ: ñ c preocupa. vc ainda eh melhor q eu. em hacking, mas ñ em mentir. Q q houve?

Vemos JOEY suspirar. Ele digita. A câmera foca seu monitor.

JOE DIZ: Besteira minha. Não precisa se preocupar.

C DIZ: essa mania q vc tá pgando d ñ falar nd tá me irritando.

JOE DIZ: Bem… é a Julia.

C DIZ: Q q tem ela?

Vemos JOEY ficar com uma expressão irritada. Ele digita com rapidez e aperta a última tecla com força. A câmera ainda foca no monitor de JOEY.

JOE DIZ: Cansei desse lance da gente não saber absolutamente nada da vida dela. Tipo, ela é o que a gente tem mais próximo de uma família e tudo que a gente sabe é o nome e a idade dela!

C DIZ: sem qrer t deixar com mais raiva, ms pd somar mais 5 na idade dela… ms q q a gnt pd fazer? ela eh fechada. sempre evita falar do passado.

JOE DIZ: Bem, eu acho que nós temos o direito de saber. Nós vivemos há quatro anos juntos! Daí esse Robert que nunca ouvimos falar e que claramente participou de uma parte importante do passado dela aparece e a gente tem que simplesmente lidar com isso?! Ela tá pedindo DEMAIS.

C DIZ: ah, entaum eh DISSO q a gnt tah falando… robert… vc tah cum ciumes da mammy. 😀

JOE DIZ: Não é isso!! E quanto a Sarah? A gente vem evitando falar isso de uma forma tão descarada que me dá enjôo. Parece que ela simplesmente esqueceu que a gente sabe que ela conhece a Sarah. Conhece como? Da onde? Eles três são a mesma coisa que a gente é… Coincidência? Acho que não.

Ele respira fundo.

JOE DIZ: É só que… só me bateu agora que eu moro com alguém de quem eu não sei nada.

C DIZ: tem um jeito da gnt descobrir isso… o robert… a gnt pd tentar tirar alguma coisa dele.

JOE DIZ: Você podia ir lá e tocar nele.

C DIZ: acredite! eh td q eu qro fazer ha dias! 😀

JOEY encara a garota por cima dos monitores rolando os olhos enquanto ela sorri. Outra mensagem chega. A câmera mostra o monitor de CATHLEEN.

C DIZ: d qq forma eu tenho q trabalhar. tenta puxar papo com ele hoje. soh vai ter vcs lah msm.

JOE DIZ: De jeito nenhum eu vou ficar papeando com aquele cara! Não, não e não!

C DIZ: eh a forma mais rapida d conseguir respostas…

Ela arregala os olhos e digita rápido.

C DIZ: e vc sabe q ela vai saber o q a gnt fez assim q ela nos ver né?!!

JOE DIZ: Esse lance de vocês duas me tira do sério. Mas eu não me importo. Ela que saiba o que eu penso.

C DIZ: ow inteligencia. c ela descobrir antes da gnt conseguir respostas nunca vamos falar com ele… tem q ser hj… antes dela chegar em casa e olhar p nossa cara. faz isso… hj a tarde! ou eu vou ficar mais semanas sem o carro por nada!!

Ela parece apavorada.

C DIZ: O CARRO!! Ó julia, isso eh tudo ideia do joey! vc tah vendo! eu não fiz nada, JURO!!

JOEY balança a cabeça negativamente. Ele digita. O sinal bate. A câmera volta a mostrar o monitor de JOEY.

JOE DIZ: Eu falo com ele. Essa tarde.

C DIZ: e eu num tenho NADA a ver c isso!!

Ele digita.

JOE DIZ: Vamos. Não esquece de apagar o histórico.

C DIZ: naum vo eskcer eh d chutar seu traseiro por me chamar d amadora!!

JOE DIZ: Vamos que eu estou a fim de um shake. Te acompanho até o TA.

JOEY digita mais algumas coisas mas logo pega sua bolsa e levanta, quase ao mesmo tempo que CATHLEEN.

 

CENA 9 – THE ALLEY – TARDE

[MÚSICA DE FUNDO – MOTOR, NEVE]

CATHLEEN e JOEY adentram a lanchonete com o som característico do sino. ZACK, no balcão, os nota entrar e vai em direção à CATHLEEN enquanto JOEY senta em uma das poltronas do local.

ZACK: [pequeno sorriso] Hey. Que bom que veio.

CATHLEEN sorri.

ZACK: Não tem muito movimento agora mas—

CATHLEEN: Dia de treinamento do time.

ZACK: Exatamente.

CATHLEEN: Já estou mentalmente preparada pra distribuir 100 quilos de hambúrguer pra jogadores esfomeados.

ZACK: Vai em frente e faz o que quiser por agora.

CATHLEEN: Acho que vou tentar tirar aquela mancha horrorosa do balcão. Só vou me trocar. E…

Ela olha para JOEY sentado a uma das mesas.

CATHLEEN: Dá alguma coisa com altos níveis de glicose pro Joe. Ele não tá muito bem hoje.

ZACK: Deixa comigo.

CATHLEEN vai para os fundos na lanchonete enquanto ZACK se aproxima de JOEY.

ZACK: Ei, cara. O que vai ser hoje?

JOEY: Uma nova vida. Tem aí?

ZACK: Bem, eu tenho uma banana split com um litro de sorvete que pode te matar.

JOEY: Traz uma dupla.

ZACK: [anotando] Wow. [grita] Uma Double Giant Split pra mesa 7!

ALGUÉM: [distante] Saindo!

JOEY deixa a cabeça cair sobre os braços cruzados na mesa. CATHLEEN volta com o uniforme da lanchonete e vai para trás do balcão. O sino toca e EHLIOS entra com uma expressão devastada.

CATHLEEN: O Prozac de hoje já acabou, mas ainda tem algum cianureto lá nos fundos.

EHLIOS não responde e CATHLEEN lança um olhar surpreso para ZACK. EHLIOS senta ao lado de JOEY e também abaixa a cabeça na mesa.

ZACK: Eu acho que ele tá com um problema.

CATHLEEN: Isso aqui é uma lanchonete, pessoal. Não um divã!

EHLIOS: [levanta a cabeça] As mulheres são a criação mais maligna de Deus.

CATHLEEN: [esfregando o balcão] Por isso que temos que carregar o pior fardo que existe: homens.

EHLIOS: É… vai ver você tá certa.

CATHLEEN: [arregala os olhos] Ok, agora ele tá me assustando!

ZACK: O que aconteceu, cara?

EHLIOS: Minha vida é um saco.

JOEY: [voz abafada] Tire as mãos do título do meu filme.

CATHLEEN: Alguém lembra o número do Dr. Phil? Os níveis de depressão estão subindo nesse lugar!

EHLIOS: Acho que vou querer aquele cianureto que você ofereceu.

JOEY: Traz dois.

ZACK coloca uma travessa enorme de sorvete na mesa.

ZACK: Por que a gente não começa com isso aqui e depois você repensa o cianureto.

JOEY levanta a cabeça e começa a comer em colheradas fundas. O sino toca e ROBERT entra na lanchonete.

JOEY: [irônico] Ótimo.

CATHLEEN parece nervosa e joga o pano que estava na sua mão embaixo do balcão. ROBERT senta em um dos bancos na frente dela. Ela sorri e arruma o cabelo.

ZACK: [incomodado] Quem é o cara?

JOEY: [irônico] Esse é o nosso ilustre hóspede. Ele tá lá em casa há uma semana.

ZACK: E qual é a dele?

JOEY: [de boca cheia] Não pergunta pra mim. Eu sei tanto quanto você. E você acabou de conhecê-lo.

CATHLEEN ri. ZACK parece ainda mais incomodado.

ZACK: Cathleen parece bem íntima dele.

JOEY: Não sei se “íntima” é a palavra. Mas eu te digo uma coisa. Ele é o único cara que eu já vi que deixou essa garota sem palavras. Além de Orlando Bloom, pelo menos.

ZACK continua observando os dois.

EHLIOS: Eu disse cara. Mulheres são malign—

ZACK: Cathleen! Você poderia checar se temos hambúrgueres suficientes pra hoje?

CATHLEEN parece surpresa.

CATHLEEN: Mas você disse que eu podia fazer—

ZACK: É, mas eu acabei de lembrar que talvez não os tenha descongelado. Pode fazer isso?

CATHLEEN franze o cenho.

ZACK: Agora?

CATHLEEN: [irritada] Claro.

A garota vai para os fundos da lanchonete. A campainha toca. ZACK vai até a janela entre a lanchonete e a cozinha e pega um saco de papel. Ele o entrega para ROBERT.

ZACK: [seco] Aqui está seu pedido. Bom apetite e volte sempre.

ROBERT: [rindo] Se acalma, garoto. Não tô tentando pegar sua garota.

ROBERT ri e ZACK toma uma expressão irritada. ROBERT se aproxima da mesa de JOEY e EHLIOS.

ROBERT: Cathy disse que você precisava de uma carona pra casa.

JOEY esvazia os pulmões, não muito satisfeito.

JOEY: Ah, sim. [entre dentes] Claro.

JOEY levanta.

ZACK: Mas você nem terminou seu—

EHLIOS: Deixa comigo.

EHLIOS pega a colher e começa a comer como o rosto apoiado na mão. JOEY e ROBERT deixam a lanchonete.

 

CENA 10 – SALA DE TREINAMENTO – TARDE

JOEY entra na sala de treinamento seguido de ROBERT.

ROBERT: Você tem certeza que quer fazer isso?

JOEY começa a enfaixar as mãos.

ROBERT: Quero dizer, você não tem… lição de casa pra fazer, ou sei lá?

JOEY: Provavelmente.

ROBERT dá de ombros e abre o saco de papel tirando um hambúrguer. Ele começa a comer.

JOEY: Então… o que você achou de Naranda?

ROBERT: Se por Naranda você quer dizer as três ruas que eu tive que tomar pra chegar naquela lanchonete, então bem… Naranda é irritantemente quieta.

JOEY: Acredite, você não precisa conhecer a cidade inteira pra atestar isso. Eu não sabia que você podia sair de casa.

ROBERT: [boca cheia] Não posso.

JOEY: Oh…

Eles ficam em silêncio e JOEY parece um pouco incomodado, mas ROBERT apenas aprecia seu lanche.

JOEY: Então…

ROBERT: Por que você não simplesmente pergunta o que quer saber, garoto?

Joey fica surpreso.

JOEY: Eu não… eu—

ROBERT arqueia as sobrancelhas.

JOEY: [frustrado] Como você sabia?

ROBERT: Considerando que durante a ultima semana você tem deixado bem claro o quão bem vindo não sou nessa casa, se agora você quer que eu [gesto de aspas] te ensine alguns golpes, alguma coisa você quer.

JOEY: Eu só—

ROBERT: Quer saber sobre eu e Julia.

JOEY: [irritado] Dá pra parar? Já tenho a Cathy e a Julia pra isso.

ROBERT: Você é óbvio demais. O que você quer saber, garoto?

JOEY: [desconfiado] Você vai simplesmente me dizer o que eu quiser saber?

ROBERT senta sobre uma das mesas.

ROBERT: Ainda tô decidindo. Depende das suas perguntas. Seja direto. Odeio que me enrolem.

JOEY: Ok. Há quanto tempo vocês se conhecem?

ROBERT: [pensa um pouco] Oito… não, nove. Nove anos. Acho que é isso.

JOEY: Como vocês se conheceram?

ROBERT: HT. Ulisses estava recrutando agentes. Me achou.

JOEY: Não sabia que o Heller recrutava pessoas normais.

ROBERT: E ele não recruta.

JOEY: Então como—

ROBERT: Continue no campo das perguntas certas, garoto.

JOEY o analisa com curiosidade, mas logo balança a cabeça afastando o assunto.

JOEY: Sarah Jones. Você sabe algo sobre ela?

ROBERT pensa por um momento.

ROBERT: Não me lembro de nenhuma Sarah Jones. Não deve ser da minha época.

JOEY: E… você e Julia… vocês…

ROBERT: Direto, garoto.

JOEY: Vocês tiveram algo?

ROBERT: Sim.

JOEY: Ok… [respira fundo] E por que você concordou em me dizer tudo isso?

ROBERT observa JOEY por uns instantes como se não fosse responder.

JOEY: Acho que acabei de cruzar os campos.

ROBERT: Bem no limite, garoto. Gosto de você. Tem coragem. Sua resposta… às vezes é bom relembrar algumas coisas. Pessoas que você nunca voltará a ver.

JOEY franze a testa

ROBERT: A Julia de quem estamos falando não existe mais, garoto. Eu não sei o que vocês fizeram, mas vocês transformaram a Liefield em alguém que deixa as crianças na escola toda manhã…

Ele levanta e começa a sair da sala.

ROBERT: …e que vai chutar seu traseiro quando ler em você essa nossa conversinha.

JOEY: Você ainda gosta dela?

ROBERT para há poucos passos da saída, mas não vira.

ROBERT: E agora você acabou de cruzar o limite, garoto.

ROBERT sai da sala.

 

CENA 11 – COZINHA DO THE ALLEY – TARDE

[MÚSICA DE FUNDO – PLEASE DON’T TELL HER, JASON MRAZ]

ZACK está cortando alguns pães de costas para CATHLEEN enquanto ela varre o chão. Os dois estão em silêncio. ZACK, observa CATHLEEN pelo canto dos olhos, mas quando ela olha, ele rapidamente fixa-se nos pães. A garota levanta as sobrancelhas.

CATHLEEN: Você tá bem?

ZACK: Sim, eu tô ótimo.

Ela começa a colocar as cadeiras de cima das mesas, no chão.

CATHLEEN: Você tá quieto demais hoje. Até pra seus próprios padrões de silêncio.

ZACK se esforça para manter sua visão fixa aos pães.

CATHLEEN: Então você vê que isso pode ser um pouco preocupante.

ZACK: Eu tô bem, Cathleen.

A garota o observa por um segundo, mas dá de ombros e limpa a mesa. ZACK continua em silêncio e mais alguns momentos mudos passam. Ele se remexe desconfortável.

ZACK: [sem desviar o olhar] Então… [limpa a garganta] eu ouvi dizer que… vocês têm visita em casa.

CATHLEEN: É. Robert. Ele é meio espaçoso, mas acho que não vai ficar por muito mais tempo mesmo.

ZACK: Ah… sinto muito.

CATHLEEN: [franze o cenho] Pelo que?

ZACK: Bem, pelo que vi de vocês antes, tenho certeza que você vai sentir falta dele.

CATHLEEN aperta os olhos.

CATHLEEN: Não… Zack… [pára de limpar] Eu e Robert não somos desse jeit—

ZACK: Não precisa esconder de mim. Está tudo bem se—

Ela vai até ele e o encara.

CATHLEEN: Não, Zack! [passa a mão nos cabelos] Eu sei que fico meio… estranha quando ele chega, mas… sei lá… é mais uma coisa meio groupie. Sabe? Quando você encontra um ídolo maravilhoso e não consegue nem desengasgar pra pedir um autógrafo. Mas não é como se fosse acontecer algo entre a gente. Eu gosto da imagem dele, não dele. Tipo… Orlando Bloom.

Um sorriso se abre no rosto de ZACK.

ZACK: Eu entendo, Cathy.

CATHLEEN: Eu só quero que você entenda que—

ZACK volta seu olhar para os pães.

ZACK: Cathy, não é como se você me devesse satisfação.

CATHLEEN para e olha para ele com uma expressão de quase raiva.

CATHLEEN: Você tá certo. Não devo.

Eles se olham e ouvimos algumas vozes altas. A câmera mostra muitos garotos entrando na lanchonete, mas CATHLEEN e ZACK continuam se encarando.

CATHLEEN: [amarga] É melhor a gente trabalhar.

Ela sai. ZACK aperta os olhos e solta um suspiro frustrado.

[Música fade out]

 

 

CENA 12 – EXT. MANSÃO LIEFIELD – NOITE

[MÚSICA DE FUNDO – BENT, MATT NATHANSON]

ROBERT sai da casa arrastando uma mala. Atrás dele vêm JULIA e JOEY. Há um táxi parado. O taxista pega a mala e a leva para o carro.

ROBERT: [para o motorista] Estarei lá em um segundo.

Ele vira-se para JULIA e JOEY a sua frente.

ROBERT: Diga à Cathleen que eu disse “tchau”.

JOEY concorda com a cabeça e estende a mão para ROBERT.

JOEY: Faça uma boa viagem. Eu vou… [olha pros dois] hum… entrar… lição de casa.

JOEY dá as costas e entra na casa deixando JULIA e ROBERT a sós. Eles se encaram por uns momentos.

JULIA: Então… obrigada pela informação. Não estava certa de que me daria.

ROBERT: Era o mínimo que podia fazer. Foi bom te ver outra vez. Mesmo com todas as mudanças.

JULIA: É. Passou um bom tempo.

ROBERT: Mas se vale alguma coisa, essa nova Julia? Eu até que gostei.

Eles sorriem.

JULIA: É melhor você ir. Vai perder o vôo.

ROBERT: É. Acho que você tá certa.

Ele pega na mão dela. Ela entrelaça os dedos.

ROBERT: Adeus, Jules.

Ele dá um passo para trás e depois larga a mão dela.

ROBERT: Você sabe onde me encontrar.

ROBERT dá as costas e entra no táxi. JULIA observa o veículo se distanciar.

JULIA: Adeus, Bob.

Ela lentamente caminha para dentro da mansão.

[Música fade out]

 

PRODUÇÃO EXECUTIVA
Samir Zoqh
Luciana Rocha

ELENCO
Keira Knightley como Cathleen
Riley Smith como Joey
Paul Wasilewski como Zack
J. Mack Slaughter como Ehlios
Ashly Lyn Cafagna como Kennedy
Bonnie Somerville como Julia

ATOR CONVIDADO

Victor Webster como Robert

ESCRITA E EDITADA POR
Luciana Rocha

REVISADA POR
Samir Zoqh
Rafael Schuindt

CRIADA E DESENCOLVIDA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha

MÚSICA TEMA
Late Great Planet Earth, Plumb

TRILHA SONORA
On The Way Down, Ryan Cabrera
Amazing, Josh Kelley
Bent, Matt Nathanson
Work, Jimmy Eat World
Motor, Neve
Please Don’t Tell Her, Jason Mraz

A HYBRID STUDIOS PRODUCTION

DISTRIBUTED BY TELEVISION SERIES NETWORK
©2005

Outsiders – Just Realise it Already


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Série: Outsiders
Episódio:
Just Realise it Already
Temporada:

Número do Episódio:
1×05

CENA 1 – EXT. PROXIMIDADES DO CHARENTON – NOITE

A câmera dá um close no rosto de JULIA.

JULIA: [surpresa] Sarah?

O ponto de vista de JULIA se abre em tela, revelando SARAH e ZACK.

EHLIOS e CATHLEEN que estavam rodando no chão aos socos, param numa posição estranha e encaram o grupo a sua frente.

EHLIOS: [pasmo] Hey! Vocês se conhecem?

JULIA olha para CATHLEEN e EHLIOS atracados no chão.

JULIA: [revirando os olhos] O que você pensa que esta fazendo, Cathleen?

Os dois se encaram e se soltam rapidamente, levantando e ajeitando suas roupas.

JULIA: [olhando para Cathleen] E a propósito… foram esses os “profissionais” que pegaram o resto dos desenhos?

JULIA olha para EHLIOS. O garoto ainda tem o cabelo todo bagunçado.

SARAH: [cruza os braços resmungando] Era tudo que precisava, mais um round do seu jogo de ironias, Liefield.

EHLIOS: [incrédulo] Espera um pouco. Será que dá pra gente voltar rapidinho pra parte do “de onde diabos vocês se conhecem?” e hey! [apontando para Julia] É impressão minha ou ela esta nos desmerecendo!

ZACK se aproxima de CATHLEEN que tenta tirar a poeira de sua roupa.

ZACK: [fala apenas para ela] Você está bem, Cathleen?

EHLIOS: [arregala os olhos] Obrigado por perguntar Hayes! Estou ótimo!

CATHLEEN: [apontando o dedo no peito de Ehlios] Dá um tempo Kevin Arnold!

EHLIOS se aproxima de CATHLEEN ameaçadoramente.

EHLIOS: [irritado] Do que você me chamou?!

SARAH: [séria] Ehlios, chega de confusão!

EHLIOS olha diretamente nos olhos de CATHLEEN, mas não se aproxima mais.

EHLIOS: A gente ainda não acabou, garota CLAMP!

ZACK: Cara você passou da conta, hoje.

EHLIOS olha para ZACK e depois para SARAH com uma expressão de revolta no rosto.

EHLIOS: Nós estamos diante de totais estranhos aqui! [olhando para Julia] Ao menos para mim. Um pouco de apoio não faria mal nenhum!

EHLIOS encara novamente ZACK e SARAH, mas os dois não se pronunciam. A expressão de revolta é substituída por uma de desapontamento.

EHLIOS: [dá um sorriso decepcionado] Eu não conheço mais vocês dois!

E com isso EHLIOS se retira atormentado. SARAH e ZACK trocam olhares.

ZACK: Eu vou.

ZACK segue na direção em que EHLIOS se retirou. JULIA segura o braço de CATHLEEN e vai arrastando ela para o mato.

JULIA: [entre os dentes] Essa é a nossa deixa para ir embora.

Por cima do ombro de CATHLEEN, JULIA e SARAH se encaram por um momento antes das duas desaparecerem por entre as árvores. SARAH passa as mãos nos cabelos.

SARAH: [irônica] Isso vai ser interessante.

 


[Música Tema: “Late Great Planet Earth”, Plumb.]

 

CENA 2 – INT. MANSÃO – DIA

CATHLEEN: [sem graça] Oi, Julia. [mostrando a garrafa] Aceita?

A câmera abre a imagem com JULIA sentada no fundo da cozinha.

JULIA: [balançando a cabeça de forma negativa] Sempre cometendo erros.

CATHLEEN: [se fazendo de desentendida] Dá um tempo, Julie. É apenas uma bebidinha no gargalo, não é a invasão da Casa Branca.

JULIA a encara seriamente.

CATHLEEN: [irritada] E não me venha com esse olhar “Irvine Welsh de mundo” para cima de mim.

JULIA: E mais uma vez a sua falta de responsabilidade é totalmente ignorada e transformada em verborragia de referências pop.

CATHLEEN: [revirando os olhos] E lá vamos nós de novo…

JULIA: Você deveria seguir o exemplo de Joey, sempre disposto e atento.

CATHLEEN: [fazendo cara de tédio] Hellow! Acho que você errou o arquétipo destemida mentora, o Joey esta mais para Pícaro do que para herói.

JULIA se levanta e se dirige a porta.

JULIA: Que seja! Apenas preste atenção nele.

CATHLEEN: Muito obrigada, mas prefiro assistir o Discovery depois do meu banho.

JULIA: Tanto faz. Eu realmente não estou com disposição suficiente pra entrar numa discussão com você agora, então só não vá gastar toda a água quente. Não esqueça que temos visitas.

CATHLEEN: [maliciosa] E que visita…

Julia sai da cozinha e a câmera revela um leve sorriso no rosto da mulher.

 

CENA 3 – INT. SOTÃO DA MANSÃO – DIA

Robert está vestido com um roupão azul escuro, enquanto observa a cidade de Narando do alto, através de uma pequena janela que havia no sótão. Ele houve o barulho da escada elevadiça descendo. A câmera focaliza JULIA subindo as escadas lentamente e cruzando os braços, encarando o homem, que continua a observar a cidade.

ROBERT: Se eu soubesse que Ulisses trataria tão bem sua… [dá uma rápida risada e fala ironicamente] família… eu poderia ter considerado algumas escolhas diferentes no passado.

JULIA: Sou forçada a concordar… bem, pelo menos a parte final.

ROBERT: Vamos, Jules! [ele se vira para encará-la] Vai dizer que você não gosta dessa mordomia toda? [pondera] É… se bem que você sempre viveu nesse estilo, então…

JULIA rola os olhos, irritada.

ROBERT: [animado] Você tem uma hidromassagem? Por favor, me diz que você tem uma hidromassagem.

JULIA: [finge não ter entendido] Eu tiro você de um manicômio direto para um quarto de hóspedes luxuoso e – diga-se de passagem – bem caro e você continua reclamando.

ROBERT: [sorri maliciosamente] A hidromassagem não é a idéia principal que eu tinha em mente. Só o local.

JULIA ergue uma sobrancelha e seu rosto perde a expressão, tornando-se incrivelmente fria.

JULIA: Corta o papo furado, Bob.

ROBERT: [fingindo] Wow. Essa doeu.

JULIA: Eu preciso mesmo dessas informações e não gostaria de ter que obtê-las da maneira mais difícil.

ROBERT: [rindo] Wo-how! Agora essa é a verdadeira Liefield. [aproximando-se de Julia] Sabe, eu estava aqui me perguntando o que poderia ter acontecido nesse últimos anos e quem era aquela mulher tão diferente lá embaixo com aqueles garotos, mas pelo visto você ainda está aí dentro.

O sorriso malicioso volta ao rosto de ROBERT, mas a expressão de JULIA parece conseguir ficar ainda mais fria.

ROBERT: Yeah, ela ainda está aí.

ROBERT contempla JULIA por um momento e então suspira ainda mais animado.

ROBERT: [olha pros lados] Vamos, eu sei que tem uma hidro aqui em algum lugar.

JULIA: Você não está me dando muita opção, Robert.

ROBERT: Sabe que eu até senti falta dessa sua agressividade meio… peculiar? Mas, hey, você não sabe os milagres que anos de tortura podem fazer a uma pessoa em termos de autoconhecimento. Quero dizer… por mais irônico que possa parecer, eu nunca estive com maior controle da minha mente do que estou agora. Tirando a parte de sangrar, apanhar, ter o cérebro fritado e agüentar um maldito chinês reclamando da insensibilidade da sua namorada – tortura? Eu realmente recomendo.
CENA 4 – INT. COZINHA RANCHO JONES – DIA

SARAH e ZACK estão na cozinha, observando pela janela EHLIOS entrando no celeiro com vários materiais de limpeza em mão.

SARAH: Pronto! Hércules iniciou seu 11º trabalho. Pobres vaquinhas.

ZACK: Como um ser humano começa uma faxina de sábado às 4 da manhã? Alguém tem que drogá-lo!

SARAH: Eu bem que tentaria, mas estou morta de cansaço. E ele faz questão de cantar Day-O enquanto faxina.

ZACK: Isso é bem a cara dele. Ele tá de pirraça com o que aconteceu.

Sonoras de cacarejos e mugidos se ouvem em cena e podemos ver vários animais correndo do celeiro e EHLIOS vindo logo atrás deles.

ZACK: Você poderia tentar bate um papo com ele.

SARAH: Poder eu poderia, mas não sei se ele está muito inclinado a escutar.

 

CENA 5 – INT. MANSÃO – DIA

Tomada interna filmada de cima. Em cena ERICK esta arrumando algumas roupas numa mala, quando JOEY entra no quarto.

JOEY: Puxa! Parece que foi ontem que você chegou.

ERICK: Será que sou eu ou você está realmente, chateado com a minha partida?

JOEY: [sem graça] Claro que não.

ERICK: [disfarçando] Claro. Faz mais de meia hora que não como nada por causa dessa mala aqui. Devo estar lendo alguma coisa errada.

JOEY: É que é difícil não ter outra cara aqui na mesma “situação” para conversar. Sabe? Sobre coisas de caras.

ERICK: Sabe, Joey, se eu estivesse na sua situação morando com duas gatas, eu não me preocuparia muito com coisas de caras. A não ser que você me ache atraente. Você acha?

JOEY: Acho que a aura da Cathie e da Kennedy por muito tempo ao seu redor te deixou meio desequilibrado.

ERICK: Que é isso! A Kay foi ótima e o assalto melhor ainda.

JOEY: A Julia quase arrancou os cabelos ontem a noite quando soube. Se já não bastasse o fiasco da missão, também.

ERICK: [risos] Eu ouvi. E você acha que a Cathie é uma sacana que jogou tudo nas suas costas ontem na missão, não é?

JOEY: Pensando bem é melhor você ir embora. Morar com vocês três na minha cabeça ia me deixa louco! [Erick sorri] Mas não é a questão dela me sacanear e sim, que eu sempre me sinto em segundo plano na história.

ERICK: Sei o que é isso.

JOEY: Sabe?

ERICK: Você está passando por uma clássica “crise de coadjuvante”.

JOEY: E o que eu faço? Assassino a estrela principal?

ERICK: [irônico] Se essa pergunta estiver relacionada a Cathleen, eu monto até uma página na internet para sua empreitada.

JOEY ri.

ERICK: Mas, cara. Se serve de consolo, pelo menos não somos apenas monstros da semana e sim, coadjuvantes pelo resto da vida. Se isso é bom ou não? Depende da situação. O que nos resta no final das contas é saber quem a gente quer ser, Leopold Bloom ou Stephen Dedalus.

ERICK fecha a mala e a tela se escurece.

 

CENA 6 EXT. LOCAL DESCONHECIDO – DIA

ZACK e EHLIOS aproximam-se de uma casa.

ZACK: [entre risos] Então essa Meg já foi sua princesa Amídala?

EHLIOS: [irritado] Amidála! Que ignorância! Era tudo o que eu precisava! Um companheiro engraçadinho e desinformado para aliviar a tensão da minha via crucis.

ZACK: Por quê tanto drama? Vai dizer que você ainda tá irritado com aquele papo da Sarah com a Liefield?

EHLIOS: Essa garota tem uma habilidade incomum de me fazer agir de forma incomum. Como diretor de cinema do Naranda High, eu devo manter uma avaliação realista dos meus pontos fortes e fraquezas e a Meg nesse momento representa uma fraqueza minha. Com ela por perto não posso dizer: “Eu sou invencível!”.

ZACK: Deixa de ser exagerado. É só uma garota.

ZACK bate na porta da casa e uma garota os atende, a câmera mostra o ponto de vista da garota, enfocando EHLIOS. A garota bate a porta na cara dos dois. ZACK vira-se para EHLIOS.

ZACK: Educada.

A garota [Sarah Hagan] retorna a abrir a porta.

GAROTA: [para Zack] Me desculpe. Mas, eu não esperava esse ai tão cedo na minha frente.

EHLIOS: [sem graça] Oi, Meg.

MEG: O que você quer, Grynn?

EHLIOS: [irritado e olhando para Zack] Não vou perder meu tempo fazendo com que a morte dos meus inimigos pareça um acidente, não devo satisfações a ninguém [confuso] e você não acreditaria nisso, de qualquer forma. A questão é o seguinte eu preciso que você me ajude, Meg!

MEG: Eu não sei. Você me magoou muito na última filmagem e eu trabalho com você desde a sexta série! Mas, a verdade é que eu estou cansada de ser apenas um par de peitos em seus delírios cinematográficos. Hoje eu estou num nível espiritual maior, eu quero fazer algo bem alternativo…

EHLIOS e ZACK parecem entediados com o discurso.

MEG: ….eu quero ser uma contadora!

 

CENA 7 – INT. MANSÃO – DIA

JOEY entra na cozinha, ele abre a janela e pega uma garrafa de suco e começa a beber do gargalo.

CATHLEEN: [Voice Over] Belo exemplo, Joey!

JOEY, assustado com a situação, explode a garrafa de vidro em sua mão, que aparenta em cena uma coloração avermelhada.

JOEY: [nervoso] Que droga você pensa que tá fazendo, Cathie!

A câmera mostra a mão do garoto sangrando. CATHLEEN se aproxima, preocupada.

CATHLEEN: Seu burro, deixa eu ver isso.

JOEY: Eu não sou burro, sou necessário no show da vida.

CATHLEEN: [irônica] Ok, Grande Exemplo A Ser Seguido, vejamos se eu acerto quem colocou essas asneiras filosóficas nesse seu armazém da Buttman ambulante. Por acaso foi o glutão?

JOEY olha para ela sem entender.

CATHLEEN: [girando os olhos entediada] O Erick. Essas explanações sobre a vida são a cara dele.

CATHLEEN retira cuidadosamente os cacos da mão de JOEY.

JOEY: Que papo é esse sobre exemplo?

Ela coloca alguns lenços de papel na mão do garoto.

CATHLEEN: Corta essa, Joey! Você sempre foi o favorito da Julia e você sabe disso. Hoje foi só a bilionésima vez que ela me disse que deveria querer ser você quando crescer.

JOEY arregala seus olhos.

JOEY: Como?

CATHLEEN: [irônica] Favorito, predileto, preferido, precisa de mais sinônimos?

JOEY: Eu favorito da Julia? Sem chances.

 

CENA 8 – INT. RANCHO JONES – NOITE

SARAH, ZACK e EHLIOS estão numa mesa jantando. Silêncio em cena, apenas sonoras de talheres podem ser ouvidos. ZACK olha para SARAH, que olha para EHLIOS, que olha pro seu prato.

ZACK: Nossa! Esse purê de batata está tão… tuberculoso.

SARAH: Eu tenho quase certeza que nenhuma batata tossiu ao preparar o purê. Você realmente sabe iniciar uma conversação.

EHLIOS gira os olhos.

ZACK: [sonolento] A noite hoje foi maravilhosa, não acham?

SARAH: [sorrindo] Morpheus deve ter nos visitado com sua maleta de calmantes, ou quem sabe de batatas?

EHLIOS gira os olhos em sentido contrário. ZACK parece não entender.

ZACK: [sorri sem graça] As batatas é porque o Laurence Fishburne é careca?

EHLIOS tenta limpar a garganta com um tossido interrompendo a conversa.

EHLIOS: [desviando o olhar] Hoje eu vou passar a noite na casa do Marius. Vamos estudar.

SARAH: [desanimada] Mas hoje?! Eu tinha alugado algumas fitas para gente assistir.

EHLIOS: [irritado] Bem, eu tenho mais o que fazer do que ficar assistindo seus filmes estúpidos!

ZACK: [pasmo] Ehlios! Que é isso? [irritado] Você não vai falar com ela desse jeito.

SARAH: [triste] Desculpe, eu não sabia que você tinha planos.

EHLIOS: Vai ver eu tô querendo competir na categoria de “Revelação Mais Bombástica dos Últimos Tempos”. Mas fica tranquila que ainda tenho um longo caminho até conseguir ameaçar seu trono.

EHLIOS se retira da mesa e segue em direção de seu quarto. ZACK levanta-se também e segue o garoto.

ZACK: [irritado] Você acha que pode falar com ela desse jeito?!

EHLIOS: [irritado] Eu estou simplesmente agindo com a mesma consideração de tenho recebido ultimamente! Lide com isso.

EHLIOS começa a enfiar algumas roupas na mochila.

ZACK: Qualé, Ehlios?! Que história é essa agora? Você mesmo tinha me dito que o Marius tinha viajado.

EHLIOS: Não importa!

EHLIOS parece não dar muito atenção para ZACK. ZACK pega um saco de dormir que estava em cima da cama.

ZACK: Acho que isso importa, quando você leva o saco de dormir junto. Por acaso, a casa do Marius é no mato?

EHLIOS toma o saco da mão de ZACK.

EHLIOS: Não enche!

EHLIOS joga a sua mochila pela a janela e logo após vai descendo. A câmera fecha a cena focando ZACK observando EHLIOS se distanciar na escuridão das proximidades do rancho.

 

CENA 9 – RANCHO JONES – NOITE

[MÚSICA DE FUNDO – WISH WE NEVER MET, KATHLEEN WILHOITE]

SARAH sentada numa cadeira de balanço na varanda do rancho, ela se enrola numa coberta devido o vento que soprava e se dirige ao interior da casa.

 

CENA 10 – RUAS DE NARANDA – NOITE

JOEY caminha sozinho pelas ruas de Naranda.

JOEY: [para si mesmo] Dedalus ou Bloom? Vai saber do que ele tava falando.

 

CENA 11 – LOCAL DESCONHECIDO – NOITE]

A câmera mostra EHLIOS sentado na grama de um lugar aparentando ser um parque. O garoto bate o pé nervosamente e olha o tempo inteiro para sua mochila de roupas. Sua expressão então fica mais irritada ainda. EHLIOS pega suas coisas, respira fundo e começa a andar resignadamente.

 

CENA 12 – RANCHO JONES – NOITE

ZACK bate na porta de um quarto que está encostada.

ZACK: Sarah, licença. Eu tô indo pro The All–

Close em SARAH que estava segurando alguns envelopes empoeirados. Alguns envelopes caem no chão e ZACK abaixa-se para pegá-los. Uma foto de JULIA com SARAH cai de um dos envelopes e ZACK a olha. As duas estão mais novas e parecem felizes. Ele a entrega para SARAH.

SARAH: [deslocada] Eu acho que te devo uma explicação.

ZACK: [erguendo-se] Para mim você não deve nada. Não importa o que aconteceu no seu passado Sarah, a única coisa que eu sei é que eu faço parte da sua vida tanto quanto você faz da minha e por isso eu confio em você.

SARAH esboça um sorriso em meio a seu semblante triste.

SARAH: Mas, Ehlios…

ZACK: Fique tranqüila. O Ehlios tá passando por uma crise de atenção. O seu seja-lá-o-que-for com a Julia não é a única coisa que tá afetando ele.

SARAH: [triste] Eu espero, Zack. Eu espero.

 

CENA 13 – RUAS DE NARANDA – NOITE

A câmera foca o rosto de EHLIOS atravessando várias paredes. Ele tem um semblante de raiva no rosto enquanto segue seu trajeto. Uma tomada superior mostra que ele se desloca por alguns quintais de casa dando numa rua em frente a mansão Liefield.

EHLIOS: [pegando uma pedra no chão] Vocês pensam que podem brincar comigo. Vindo na minha cidade e tomando tudo que é meu.

EHLIOS mira numa das janelas da mansão, quando ele lança a pedra uma luz forte brilha sobre o garoto. EHLIOS protege os olhos e vira-se para o carro que parava ao lado dele. O vidro do carro se abaixa e podemos ver a Dra. Miller dentro do carro.

[MÚSICA FADE OUT]

DRA. MILLER: Pro carro agora!

EHLIOS: [rola os olhos] Esse dia continua melhorando…

CENA 14 – MANSÃO – NOITE

JULIA, que estava ao lado de ROBERT, o empurra ao pressentir algo vindo em direção à janela. Em frações de segundos um pedaço de pedra estilhaça a janela do sótão. JULIA corre até a janela, mas ela apenas vê um carro se afastando.

ROBERT: Pelo visto sua vizinhança é bastante receptiva.

JULIA: Tá com saudades do manicômio? Eu posso tomar as providências para sua volta para lá.

ROBERT: Desse jeito você não vai conseguir nada de mim.

JULIA: [com convicção] Eu consigo entrar aí.

ROBERT: [levanta as mãos, defensivamente] Eu realmente não duvido… mas [dá de ombros] pode levar algum tempo.

JULIA: [com um sorriso malicioso] Bem, você sabe que eu não gosto de fazer nada com pressa.

ROBERT: [aproximando-se ainda mais de Julia] Mas nós podemos fazer da forma convencional e sem pressa alguma.

JULIA: Eu lembro.

ROBERT move-se para mais perto ainda de JULIA e seus lábios começam a aproximar-se dela. Vemos JULIA sorrir, e um momento antes de seus lábios se tocarem o rosto de JULIA volta a ficar limpo de qualquer expressão. Ela abre a mão rapidamente e ROBERT é jogado com brutalidade em cima da cama que estava à suas costas sem que JULIA chegue a tocá-lo. O roupão de ROBERT se desamarra e ele está de braços abertos na cama, aparentemente sem poder se mover.

ROBERT: [sorrindo] Deja vú.

JULIA: [ainda incrivelmente séria] Comece a falar, Robert.

ROBERT: [ofegante] Ok, mas depois eu quero um agradecimento bem apropriado, porque a informação que eu tenho, querida, você não encontra todo dia.

JULIA apenas o encara do pé da cama, com os braços cruzados.

JULIA: Vejamos se o que você sabe vale algo.

ROBERT: E você acha que eles me prenderiam esse tempo todo em um manicômio apenas por que eu sei a localização de algumas bases? [ele ri] Isso não é o tipo de material inútil que o Ulisses te manda recuperar, Julia. Não é só uma dica embaçada ou que leva à um beco sem saída sobre a sua origem. Isso é grande. Eu estou falando de saber tudo, tudo que o governo sabe sobre o passado de vocês. Pesquisas, escavações, projetos de extermínio. [Julia hesita por um momento. Robert sente a liberdade voltar aos seus braços e se senta na cama olhando fixamente nos olhos dela] Tudo.

JULIA: [levanta uma sobrancelha e olha com suspeitas] E o que você quer em troca dessa informação tão valiosa?

ROBERT: Nova identidade. Passagem. Apartamento bem longe daqui no meu nome. Cinqüenta mil dólares todo mês em uma conta “maquiada” durante um ano. [sorrindo] Ah, e claro – hidro.

JULIA: [confusa] Só isso?

ROBERT: Só isso.

JULIA: Eu não nasci ontem, Bob. Qual é a armação?

ROBERT: Você me tira de uma vida de tortura direto para um quarto de hóspedes luxuoso e – diga-se de passagem – bem caro. É o mínimo que eu posso fazer para agradecer.

JULIA parece não acreditar. Ela encara ROBERT por um tempo.

ROBERT: Já disse que entrar aqui dentro vai levar um bom tempo, Julia. Acho que você vai ter que acreditar em mim nessa.

JULIA: [irônica] Não sei por que, mas tá meio difícil acreditar no seu coração puro. Principalmente depois do que eu fiz com você da última vez.

ROBERT: [um pouco irritado] O maldito governo tirou seis anos da minha vida, Jules! Seis anos! Isso não é nada comparado ao nosso passado. Agora que eu tô do lado certo do arame farpado eu só quero curtir um pouco. Já cansei da Heller e de toda a bagagem que vem com ela. Eu só… eu só quero começar de novo.

JULIA estuda o rosto de ROBERT por mais alguns segundos.

JULIA: Começa a falar.

ROBERT sorri.

 

CENA 15 – INT. VEÍCULO EM MOVIMENTO – NOITE

Dentro do carro podemos ver EHLIOS e a CONSELHEIRA MILLER. O veículo parece se aproximar do Rancho.

EHLIOS: [assustado] Por favor não conte nada pra Sarah.

Dra. MILLER: Você poderia me contar o que foi aquilo que eu presenciei na Mansão Liefield?

EHLIOS: Digamos que eu estava resolvendo algumas questões.

DRA. MILLER: [arqueando a sobrancelha] Apedrejamento de imóveis particulares é terapêutico?

EHLIOS: [defensivo] Você não entenderia o que eu estou passando. São muitas mudanças e, muito pouco tempo. [triste] Eu apenas queria que as coisas não se tornassem diferentes.

Dra. MILLER: As mudanças são inevitáveis, Ehlios. Apenas aceite. Quanto mais você insistir em salvar Wilson no oceano, mais ele vai se distanciar de você.

EHLIOS olha para ela por um momento e depois para a estrada passando pela janela. Ele parece pensativo.

 

CENA 16 – INT. THE ALLEY – NOITE

CAHTLEEN está servindo uma mesa. Ela olha para o lado e vê um de seus companheiros de trabalho servindo uma mesa onde estavam ERICK e JOEY. O garçom se afasta da mesa com um olhar intrigado. ERICK levanta-se e vai em direção ao banheiro, dando um sorriso para CATHLEEN no caminho. A garota responde com um breve aceno e dirige-se à mesa onde JOEY parece um pouco cabisbaixo. Ela retira o bloco de pedidos e, disfarçando, fala baixo com ele.

CATHLEEN: Hey! Tudo certo com você? Você tá com uma cara.

JOEY percebe alguns gritinhos vindos de uma das mesas perto da janela. A câmera mostra AMY e mais algumas garotas do colégio. Elas parecem fofocar sobre  CATHLEEN, rindo a todo momento.

JOEY: Não tem problema, Cathie. Não precisa falar comigo se você não quiser. Pra falar a verdade não foi nada. Eu apenas…

CATHLEEN: Vai me contar o que houve ou vai continuar fazendo essa ceninha?

JOEY: Deixa pra lá… Não é nada.

CATHLEEN: Valeu pela confiança, Exemplo. Quando você se sentir melhor e quiser conversar comigo, vê se me encontra na esquina.

CATHLEEN se afasta da mesa passando por ERICK no caminho. Ela tromba no garoto, mas continua andando sem olhar pra trás. Ele parece surpreso e senta ao lado de JOEY.

ERICK: Deixa eu adivinhar? O coadjuvante aí teve uma crise de estrelismo?

JOEY: [dá um sorriso irônico] Como adivinhou?

ERICK: Fica calmo cara. A Cathy se importa mais com você do que você imagina. Você só precisa dar um tempo pra ela se entender primeiro. Ela só tá muito confusa ultimamente. Aliás, qual de vocês não tá confuso ultimamente? Com mais de dois no mesmo recinto ao mesmo tempo eu fico até tonto.

JOEY: Eu só– eu preciso andar um pouco.

JOEY levanta-se da mesa e sai da lanchonete. O garçom volta à mesa com quatro hamburgueres, dois refrigerantes e duas porções de batata. Os olhos de ERICK brilham.

ERICK: [gritando para Joey] Não se afasta muito cara! Eu já to indo aí te dar uma força!

A câmera mostra KENNEDY e SAM sentadas em outra mesa. As garotas observam a mesa onde estão AMY e outras garotas. Elas continuam olhando e rindo de CATHLEEN.

KENNEDY: Qual é o problema delas? Elas parecem garotinhas de 10 anos.

CATHLEEN se aproxima e joga o bloco de pedidos em cima da mesa das amigas, desabando pesadamente ao lado delas.

KENNEDY: Não é culpa delas. [olhando para Joey] Cada um age de acordo com sua idade mental.

SAMANTHA: Oi, amiga. Que cara é essa?

CATHLEEN: Nada. Só meu irmãozinho querido tentando levar um Oscar pela performance de “Coitadinho De Mim”.

ZACK se dirige para a mesa onde CATHLEEN, KENNEDY e SAMANTHA.

ZACK: Cathleen, eu já to indo embora. Poderia falar com você?

CATHLEEN dá uma breve olhada para a mesa de AMY. ZACK percebe.

ZACK: Se você quiser a gente conversa depois.

CATHLEEN: [arrependida] Não. Desculpa. [decidida] Senta aqui.

CATHLEEN dá dois tapinhas na poltrona ao lado dela. ZACK se senta. Algumas risadinhas histéricas mais altas são ouvidas.

KENNEDY: Sério. Qual é o problema dessa garota?

Os quatro olham para as garotas com olhares de pena. KENNEDY sacode levemente a cabeça e vira-se para SAMANTHA.

KENNEDY: Bem, já que tá tendo reunião dos funcionários do The Alley e eu, graças a Deus, não me encaixo mais nessa categoria, eu e a Sam vamos sair e vocês fingem que a gente deu uma desculpa qualquer pra justificar.

CATHLEEN e ZACK sorriem e as duas saem da lanchonete.

ZACK: [irônico] A gente tem que admitir. Ela tem tato.

CATHLEEN sorri e vira-se para ZACk.

CATHLEEN: Manda. O que foi?

ZACK: [triste] Olha, Cathleen.  Eu tentei ao máximo convencer o Devon a não te mandar embora, mas–

CATHLEEN: Fala sério! Você acha que eu tô ligando de ser mandada embora, Zack? Sai dessa!

ZACK: Mas, eu pensei que…

CATHLEEN sorri para o garoto.

CATHLEEN: Esse é o seu problema, você pensa demais.

CATHLEEN sorri e toca a mão do garoto. Ela rapidamente percebe sua ação e recolhe a mão, um pouco desconfortável.

ZACK: [sem graça] Então… te vejo por aí?

CATHLEEN: Sim. Estamos em Naranda, não tem como evitar.

ZACK sorri e sai do estabelecimento. CATHLEEN fica com uma expressão pensativa no rosto.

 

CENA 17 – RANCHO JONES – NOITE

[MÚSICA DE FUNDO – ELSEWHERE, JANN ARDEN]

EHLIOS abre a porta principal. Na sala a TV está ligada e SARAH coberta de guloseimas está adormecida. EHLIOS se aproxima dela e a cobre com o cobertor. Ela desperta e encara o menino com um sorriso.

SARAH: Oi.

EHLIOS: Oi. Parece que o filme não foi tão legal assim.

SARAH: Pois é. O que houve? Houve algum problema como Marius? Você tá bem?

Os olhos de EHLIOS ficam marejados quase que instantaneamente.

EHLIOS: Realmente eu sinto muito. Por te acusar e por tudo o que eu fiz.

EHLIOS abraça Sarah.

SARAH: Não chore, meu garoto. Eu estou aqui.

SARAH beija a testa de EHLIOS, que se encosta mais nela.

(MÚSICA FADE OUT]

 

CENA 18 – RUAS DE NARANDA – NOITE

[MÚSICA DE FUNDO – BOULERVARD OF BROKEN DREAMS, GREEN DAY]

JOEY está caminhando entra as ruas desertas de Naranda, quando de repente, uma chuva começa a cair. Ele apressa o passo e entra debaixo de uma sacada, mas acaba trombando com alguém que já estava lá.

KENNEDY leva um susto e vira-se para ver quem é o intruso. Ela abre a boca, surpresa ao ver JOEY, e logo fica indignada.

KENNEDY: Não vê que já tem gente aqui?

JOEY: Tá chovendo! Deixa de ser egoísta e divide o espaço.

KENNEDY empurra o garoto para fora da sacada.

KENNEDY: Jura? Eu não vi que estava chovendo. Acha que estou aqui por quê?

JOEY: [irritado] Posso saber problema em ficar do seu lado só por alguns instantes, Rainha Lester? Qual é o problema em dividir o espaço?

KENNEDY: Primeiro que eu e você no mesmo espaço é igual à explosão do universo. Em mais de apenas uma maneira. E depois que se alguém nos pega aqui, juntos na chuva é o fim do meu reinado que já está em queda.

JOEY: Reinado de uma sacada?

KENNEDY: Isso mesmo. E eu declaro que você está fora.

A chuva para.

JOEY: Então continue sozinha em seu reino.

Kennedy olha para cima e abre um sorriso.

KENNEDY: Ei. [Corre atrás dele] Espera!

JOEY: [olhando para trás] O que foi? Vai me dizer que seus domínios se estendem por toda a rua também?

KENNEDY: [esnobando] Bem que você queria ficar lá, né?

Silêncio.

KENNEDY: Jo– Joey. [limpa a garganta] Está tarde. Você pode me levar para casa?

JOEY: O que aconteceu com a carruagem?

KENNEDY: [indignada] Olha, se você vai continuar querendo dar uma de legal com essas suas respostas de quinta, pode deixar que eu vou sozinha mesmo. Não me importo.

A garota começa a caminhar.

KENNEDY: Não me importo mesmo. Se um leão me comer ou uma anaconda, o que importa? Eu já vivi o suficiente mesmo.

JOEY olha para a garota se afastando com uma expressão curiosa. KENNEDY olha algumas vezes para trás disfarçadamente e depois pára, virando-se para ele.

KENNEDY: Você não vem?

JOEY sorri e balança a cabeça em negativa, mas alcança a garota e os dois começam a andar. KENNEDY olha para os lados, ainda um pouco constrangida.

JOEY: Perdeu a carona?

KENNEDY: A casa da Sam ficou há alguns quarteirões atrás.

JOEY: Só não entendo porque todo esse drama pra andar um pouco até sua casa.

KENNEDY: Não é da sua conta.

JOEY: O que aconteceu?

KENNEDY: Você tem algum problema? Já disse que não é da sua conta.

JOEY: Vai me contar o que houve ou vai continuar fazendo essa ceninha?

JOEY rola os olhos para o próprio comentário. KENNEDY para de andar.

KENNEDY: Acho que tô começando a preferir a anaconda.

JOEY: Tá bom, então.

JOEY dá meia volta e começa a se afastar.

KENNEDY: Não! Me espera. Eu não quero andar sozinha.

JOEY levanta as sobrancelhas.

KENNEDY: É noite e eu só– Eu não quero andar sozinha.

KENNEDY continua a andar e JOEY fica com uma expressão confusa no rosto. O garoto começa a andar ao lado dela e a câmera mostra os dois se afastando em silêncio.

[CORTA PARA]
Um shot do deserto. A velocidade da cena acelera. O vento balança os poucos arbustos. As estrelas somem e o céu fica mais claro. O sol sobe alto no céu.

 

CENA 19 – MANSÃO – DIA

JOEY se aproxima da cozinha e vê CATHLEEN esta sentada folheando o jornal.

JOEY: Acordando cedo numa manhã de sábado. Procurando emprego?

CATHLEEN mostra a primeira página do jornal onde ela e ERICK estão numa foto.

JOEY: A Julia ficou uma fera quando soube da “exposição excessiva”. Você não ouviu mais porque ela teve que partir com Erick antes que o prefeito mandasse fazer o busto dele na praça.

CATHLEEN: E de alguma forma, mesmo com toda a cidade glorificando o Erick, segundo ela eu ainda sou culpada por ter colocado a Kennedy em perigo.

CATHLEEN se levanta se coloca seu casaco.

JOEY: Para onde você vai a essa hora?

CATHLEEN: Resolver um assunto.

 

CENA 20 – RANCHO JONES – DIA

MEG, vestida de marinheira, está sentada recortando uma estrela em um papel metálico, enquanto EHLIOS e ZACK, bastante arranhados se aproximam segurando algo que não parava de se mexer dentro de um saco de pano.

MEG: Não era mais fácil vocês terem dopado esse gato?

O saco se agita mais um pouco e é possível ouvir alguns miados raivosos.

EHLIOS: Vejam só! Você está perfeita!

ZACK: [para si mesmo] Pervertido.

EHLIOS: Vamos começar a gravar então.

MEG: Eu já vou avisando que não vou colar essa estrela [mostrando o recorte] na testa desse gato.

Ouve-se mais um miado nervoso.

ZACK: Nem acredito que você conseguiu convencer a Meg.

EHLIOS: Questão de prática.

ZACK: Ainda bem que, por enquanto, você só pode se candidatar a presidência do grêmio.

EHLIOS: Ok. Vamos gravar com o que tivermos.

EHLIOS joga uma peruca prateada para ZACK. O garoto estuda a peruca por alguns instantes com uma expressão de súplica, mas acaba colocando-a. EHLIOS e MEG se seguram para não rir.

ZACK: Mas continuo achando que esse seu roteiro é mais um monstro da semana barato, se isso tudo for pra enrolar o seu professor, parabéns!

EHLIOS: Nunca subestime o poder de um bom trash. Vou ganhar esse concurso de vídeos e vamos ver se depois dessa o Fordman vai poder simplesmente me jogar pra baixo do tapete e fingir que eu não existo. Ano que vem o Grêmio é meu. Eles não vão poder me ignorar por muito tempo.

[MÚSICA DE FUNDO – FLY, MARK JOSEPH]

CATHLEEN: [Voice Over] Isso com certeza é uma pergunta que a humanidade nunca irá responder. Como te ignorar Ehlios? Você é praticamente o sol, pena que ninguém consegue enxergá-lo.

ZACK: [surpreso] Cathleen?

CATHLEEN olha para a peruca de ZACK com uma expressão intrigada.

CATHLEEN: Ótimo visual.

ZACK tira rapidamente a peruca da cabeça e a esconde atrás de si. CATHLEEN ri.

EHLIOS: Você aqui? Vou soltar os cachorros agora!

ZACK: A gente nem cachorro tem.

O saco se rasga e o gato consegue escapar.

ZACK: E pelo visto nem gato, também.

EHLIOS: Ah, droga!

EHLIOS e MEG começam a correr atrás do gato enquanto CATHLEEN e ZACK riem.

ZACK: Fiquei sabendo que o Devon resolveu que era melhor te promover como funcionária do mês ao invés de te demitir. Você teve sorte que ele nem apareceu na frente da lanchonete no dia do assalto e acha que foi você que ajudou o Erick e não a Kennedy.

CATHLEEN: É, eu vim te agradecer pelo depoimento. Por ter falado que era realmente eu. A Kay também mandou bem. Até impediu que tirassem uma foto dela com o Erick.

ZACK: Não foi nada. [sorri por alguns momentos] Mas eu pensei que mesmo assim você não queria ficar no The Alley. O que te fez mudar de idéia?

CATHLEEN olha para EHLIOS e MEG correndo atrás do gato.

CATHLEEN: [sorrindo] Digamos que o público que freqüenta o The Alley, compensa qualquer coisa.

Os dois continuam observar EHLIOS perseguir o gato e CATHLEEN apenas balança a peruca de ZACK. A música diminui e a tela escurece lentamente.

 

PRODUÇÃO EXECUTIVA
Samir Zoqh
Luciana Rocha

ELENCO
Keira Knightley como Cathleen
Riley Smith como Joey
Paul Wasilewski como Zack
J. Mack Slaughter como Ehlios
Ashly Lyn Cafagna como Kennedy
Bonnie Somerville como Julia

ELENCO RECORRENTE
Neve Campbell como Sarah

ATORES CONVIDADOS
 Daniel Clark como Erick
Kathryn Joosten como Dra. Miller
Chyler Leigh como Samantha
Sarah Hagan como Meg

ESCRITA POR
Samir Zoqh

REVISADA POR
Luciana Rocha

CRIADA E DESENVOLVIDA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha

MÚSICA TEMA
Late Great Planet Earth, Plumb

TRILHA SONORA
Wish We Never Met, Kathleen Wilhoite
Elsewhere, Jann Arden
Boulervard Of Broken Dreams, Green Day
Fly, Mark Joseph

A HYBRID STUDIOS PRODUCTION

DISTRIBUTED BY TELEVISION SERIES NETWORK
©2005

Série Virtual – Destination Anywhere – Coisas Mudam


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Série: Destination Anywhere
Episódio:
Coisas Mudam
Temporada:

Número do Episódio:
1×05

CENA 1 – INT. CASA DOS MACKENZIE – QUARTO DE ANNA – DIA

[MÚSICA FADE IN – BUILT THIS WAY, SAMANTHA RONSON]

ANNA MACKENZIE está sentada em sua cama, falando ao telefone. Ela segura o aparelho com a mão direita, enquanto com a outra mão a garota enrola um cacho em seu cabelo.

ANNA: [Ao telefone] Me encontra lá daqui à meia hora, acho que vou tomar café por lá. Tchau.

ANNA sai da cama e abre a janela. O sol forte ofusca a garota, que põe a mão nos olhos para se proteger. Ela senta na cama e em seguida olha embaixo da mesma. Vemos uma caixa de papelão azul lacrada com fita adesiva. Anna coloca a caixa em cima da cama e a abre com dificuldade.

ANNA: Há quanto tempo eu não vejo isso.

Ela despeja o conteúdo da caixa cima da cama. Há alguns desenhos, revistas, cds, adesivos, fotos. A garota pega as fotos e as fita por um longo tempo. A câmera mostra as fotos. Nelas, duas crianças, um menino e uma menina, estão em cima de um grande tronco de sequóia. Em outra foto, estão vestidos com o uniforme do time de futebol, sujos de lama. ANNA meche nas fotos e pega uma em que um garoto está sendo consolado por uma mulher e uma menina. A garota devolve a foto à pilha de recortes que se fez em sua frente, a encarando por alguns segundos. ANNA acha um amuleto dourado, no qual estava escrito “amizade” e em baixo de todas as figuras, um desenho de um menino e uma menina. A garota coloca as coisas de volta na caixa rapidamente e a joga embaixo da cama.

 

CENA 2 – EXT. HARAS – MANHÃ

A imagem aérea nos dá a magnitude do haras da família Sawyer. Alguns cavalos correm soltos pelo campo não muito verde por causa do outono. ALEXIA aparece montada em um cavalo marrom. A garota cavalga em direção a REBECCA, que está sentada embaixo de uma árvore, desenhando. BECKY olha para ALEXIA e acena. ALEXIA desce do cavalo e senta-se ao lado da amiga.

BECKY: Você está bem? Parece cansada.

ALEXIA: Não estou me sentindo muito bem.

REBECCA coloca seu desenho no chão.

BECKY: O que você tem?

Alexia: Eu fiquei tonta, mas não deve ser nada.

BECKY: “Não deve ser nada”. Típico! Você nunca admite quando está doente. Você é inatingível.

ALEXIA: Inabalável!

BECKY: Invencível!

ALEXIA: [Ri] Acho que já deu pra entender.

BECKY: Vamos deixar o Arco-Íris no estábulo. De qualquer modo é melhor você não ir montando.

ALEXIA: Eu nunca entendi porque você deu esse nome a um cavalo macho e marrom…

BECKY: O que você queria? Que eu o chamasse de “Trovão”?

ALEXIA se apóia em BECKY e puxa o cavalo pelas rédeas.

[MÚSICA FADE OUT]

[MÚSICA TEMA – PROMISES, LILLIX]

 

CENA 3 – INT. RED’S – MANHÃ

ANNA entra na lanchonete com uma mochila nas costas. A garota procura algum lugar vazio e senta-se em uma mesa perto da janela. Ela tira alguns livros de sua mochila e coloca em cima da mesa. Uma garçonete aparece ao seu lado para anotar o pedido.

GARÇONETE: Bom dia. Vai querer alguma coisa?

ANNA: Eu vou querer oito panquecas, um copo de leite com baunilha e uma xícara de capuccino. Ah! Você pode me trazer também um suco de laranja.

GARÇONETE: Isso tudo é só pra você?

ANNA sorri.

MEL: Um suco de laranja para mim também.

ANNA: Que bom que você veio.

MEL: Claro.

MEL olha para os livros em cima da mesa.

MEL: O quê você está fazendo?

ANNA: Eu estou estudando.

MEL senta-se ao lado da amiga e mostra para ela um panfleto.

MEL: Saca só isso!

ANNA: [Ri] Um Parque de Diversões?

MEL: Chegou essa semana na cidade. Parece meio bobo, mas é uma ótima oportunidade pra sair de casa em um sábado à noite. Isso é o que chamamos de “falta de opção”.

ANNA: Verdade.

A garçonete traz o pedido de ANNA. MELISSA olha com espanto a quantidade de comida na mesa.

MEL: E ai? O que você me diz?

ANNA: Eu topo.

MEL: Sério?

ANNA: Sério!

Mel: Combinado.

ANNA: Só nós duas?

MEL: [Sorrindo] Só “nós duas”.

ANNA: Se você quiser convidar o Sam e o… Matt. Olha, tá tudo bem para mim.

MEL: Han-Han! Sei. Faremos a nossa noite de garotas, ok? Vamos deixar os meninos de lado hoje.

ANNA: Tudo bem.

 

CENA 4 – EXT. CASA DOS GRAHAM – MANHÃ

[MÚSICA FADE IN – SHE HATES ME, PUDDLE OF MUDD]

MATT e SAM estão jogando basquete em uma quadra improvisada perto da garagem. SAM acerta a bola na cesta.

SAM: Isso!

MATT balança a cabeça.

SAM: O que foi? Cansou?

MATT: Claro que não!

MATT rouba a bola de SAM, e o garoto ri.

SAM: Isso não vale!

Os dois sentam no chão, cansados. Eles observam o carro de LOU chegando. A mulher estaciona o carro sem muito cuidado e entra em casa correndo, sem ao menos cumprimentar os meninos. MATT fica olhando com a sobrancelha franzida, despertando a curiosidade de SAM.

SAM: Aconteceu alguma coisa com a sua tia?

MATT: Eu não sei. Ela está estranha a semana toda. Quase não para em casa.

LOU volta correndo para o carro e sem muita demora dá partida no veículo e vai embora. MATT e SAM se entreolham.

Matt: Eu vou falar com ela mais tarde.

SAM levanta e pega a bola. Ele começa a bater a bola no chão e tenta alguns arremessos. MATT ainda sentado no chão observa as tentativas do amigo.

SAM: Matt. Agora que você está mais relaxado, afinal venceu o jogo semana passada. Muito bom, muito bom.

MATT: Ih… O que você quer, Sam?

SAM tenta um arremesso e erra.

SAM: Que tal você me ajudar com a Rebecca?

MATT passa a mão na cabeça.

MATT: Sam, a gente já conversou sobre isso cara.

SAM: Eu sei, eu sei. Mas mesmo assim, Matt, eu tenho certeza de que se ela saísse comigo, poderia mudar de idéia a meu respeito.

SAM arremessa a bola e acerta.

SAM: Por favor, Matt!

MATT: E como você acha que eu vou fazer para que a Becky saia com você?

SAM: Hipnose seria muito bom. Mas como você não sabe fazer isso que tal você armar um puro e simples encontro casual?

MATT: Eu não entendo como você consegue falar tanta besteira.

SAM: Não é besteira, cara. Olha! Você combina alguma coisa com a Alexia e pergunta se ela não pode chamar a Rebecca.

MATT: E por que eu convidaria a Becky pra sair comigo e com a Alley?

SAM: Hum… Por que você tinha combinado de sair com um amigo primeiro e não poderia desmarcar com esse amigo, que por acaso sou eu. E assim, para que eu não segure vela, você sugeriu convidar a Rebecca.

MATT: Esse é seu plano?

SAM: Ainda falta a melhor parte. Chegou um parque de diversões na cidade e….

MATT: Ah, não. Um parque, Sam? Eu não gosto de parques de diversão. Além do mais, um encontro no parque? Isso é muito óbvio!

SAM: Como assim?

MATT: Parque de Diversões é sinônimo de beijo, amassos e…

SAM: Isso não seria nem um pouco ruim. Vamos, Matt! Eu não te peço mais nada pelo resto da minha vida.

MATT: Tá bom. Pode parar com o drama. Pela nossa amizade eu faço isso, mas eu não quero saber de você choramingando por aí se ela não comprar essa história de “parque de diversões”, ok?

SAM: Combinado.

MATT se levanta e SAM joga a bola para ele.

[MÚSICA FADE OUT]

 

CENA 5 – INT. CASA DOS DANES – SALA – MANHÃ

WILSON: [Ao telefone] O avião parte às 3 da tarde. Estaremos lá sem falta. Tchau.

O SENHOR DANES desliga o telefone e caminha até o sofá onde PHILLIP está deitado. WILSON bate na cabeça do filho para ele acordar.

WILSON: Quero que você saiba que eu e a sua mãe vamos viajar, mas eu deixei a cidade de olho em vocês dois. Se acontecer alguma coisa fora do comum eu saberei, portanto nem pense em fazer gracinhas.

PHILL concorda com o pai e olha para ALEXIA, que vinha entrando na sala com o telefone na mão.

WILSON: E você mocinha, obedeça ao seu irmão.

ALEXIA para e olha pra PHILLIP, que está com um ligeiro sorriso de vitória nos lábios.

WILSON: Agora eu vou indo. Sua mãe já está esperando no carro.

PHILL: Boa viagem, papai.

PHILL espera os pais saírem no carro e se levanta do sofá. O garoto corre até a irmã e toma o telefone da mão dela.

PHILL: Agora é a minha vez de usar!

ALEXIA: Ah! Phill, nem vem. Usa outro!

PHILL: O pai mandou você me obedecer, pirralha.

ALEXIA: Há há há!

PHILL: Não vai querer ficar de castigo, vai?

ALEXIA: Não vai querer que eu conte pro papai da festa que você e o Scott pretendem dar hoje à noite, vai?

PHILL devolve o telefone.

PHILL: Que festa?

Ele ri e sai da sala. ALEXIA se joga no sofá e liga para MATT.

ALEXIA: Oi. Onde você está?

 

CENA 6 – INT. CASA DOS GRAHAM – QUARTO DE MATT

MATT está ao telefone.

MATT: Alexia?

SAM sorri e gesticula como que pedindo para o amigo seguir com seu plano.

ALEXIA [Voice Over]: Claro, quem mais poderia ser? O que vamos fazer hoje à noite?

MATT: Engraçado você me perguntar, eu estava justamente pensando nisso agora!

ALEXIA [Voice Over]: É que os meus pais viajaram e eu pensei que você poderia vir para cá. Que tal?

MATT olha pra cima e respira fundo.

MATT: Seria ótimo, mas eu tenho outros planos.

ALEXIA: Quais planos?

MATT: De ir ao Parque que chegou à cidade.

 

CENA 7 – INT. CASA DOS DANES – SALA

ALEXIA ri.

ALEXIA: Você está falando sério?

MATT [Voice Over]: Sim.

ALEXIA: “Parque” por acaso seria algum código para algum lugar proibido?

 

CENA 8 – INT. QUARTO DE MATT

MATT ri discretamente.

MATT: Não. É um “parque” mesmo.

ALEXIA: [Voice Over] Ah! Legal, eu acho.

MATT: Será que dava pra você chamar a Becky? É que eu vou ter que levar um amigo, e pensei que talvez a Becky poderia fazer companhia pra ele.

ALEXIA: [Voice Over] Por acaso esse amigo é o Sam?

MATT: Hum…

ALEXIA: Matt!

MATT: Por favor, Alley.

 

CENA 9 – INT. CASA DOS DANES – SALA

ALEXIA: A Becky vai rir na minha cara! Além do mais, você deveria saber. “Rebeccas” não se misturam com os “Sams”, é contra a lei da natureza, são raças diferentes.

MATT: [Voice Over] Por favor, Alley. O Sam é meu amigo.

ALEXIA: Tá bom. Mas não dê esperanças a ele.

MATT: [Voice Over]Ok.

ALEXIA: Eu vou ligar pra ela agora. Já te ligo de novo.

ALEXIA desliga o telefone e digita outro número.

ALEXIA: Becky! Amiga!

 

CENA 10 – INT. CASA DOS SAWYER – QUARTO DE REBECCA

BECKY: Oi, Alley. O que houve?

ALEXIA: [Voice Over] Você não vai acreditar!

BECKY: Hum… Pelo seu tom de voz, deve ser alguma fofoca quente.

ALEXIA: [Ri] Quase! O Matt acabou de me convidar para ir ao [reforça] “Parque de Diversões” hoje à noite!

BECKY: Isso é algum código para te levar a algum lugar proibido?

ALEXIA: [Voice Over] [Rindo] Antes fosse. É mesmo um parque e ele pediu pra eu chamar você.

BECKY: Eu? Com vocês dois? Por quê?

 

CENA 11 – INT. CASA DOS DANES – SALA

ALEXIA: Por que ele vai levar um amigo [Pausa] O Sam!

ALEXIA dá uma gargalhada. BECKY ri discretamente.

ALEXIA: Eu sei que você não vai querer ir, mas o Matt me obrigou a te convidar. Mas essa foi boa não foi? Ai… [Rindo] Você e o Sam? [Ri]

BECKY: [Voice Over] Eu vou.

ALEXIA se engasga.

ALEXIA: O quê? Amiga, “o Sam”! Você sabe quem ele é, não sabe?

 

CENA 12 – INT. QUARTO DA REBECCA

BECKY: Alley, eu não estou dizendo que vou me jogar em cima dele, mas acho que vai ser divertido, e todo mundo está falando desse parque. Além do mais lá tem algodão doce, faz tempo que eu não como algodão doce.

ALEXIA: [Voice Over] Você tem certeza que quer ir? Isso não vale um algodão doce. [Ri]

BECKY: Eu tenho, e estou fazendo isso por você e pelo Matt.

ALEXIA: [Voice Over] Ok. Que seja, depois não coloque a culpa em mim!

BECKY: Então…

 

CENA 13 – INT. CASA DOS DANES – SALA

ALEXIA: Tudo bem, mais tarde eu te ligo para combinarmos tudo. Tchau.

ALEXIA desliga o telefone, boquiaberta.

ALEXIA: Inacreditável!

A garota liga imediatamente para o namorado.

 

CENA 14 – INT. QUARTO DE MATT

MATT atende ao telefone e vibra ao ouvir a resposta de ALEXIA.

MATT: Eu passo aí as 7 e pego vocês duas.

MATT faz sinal de positivo para o amigo, que corre até ele e o abraça.

MATT: Que é isso cara? Chega pra lá!

SAM: Desculpa. Eu me empolguei, Matt! Eu vou para casa!

MATT: Já?

SAM: Eu tenho que me preparar. Tchau.

SAM sai correndo do quarto, MATT fica rindo.

 

CENA 15 – EXT. RUA – DIA

ANNA e MELISSA caminham na calçada, as duas estão incrivelmente silenciosas. O sol brilha forte e algumas crianças brincam de jogar água umas nas outras. As duas garotas desviam o caminho para não serem alvo das crianças e continuam a andar. O celular da ANNA toca e ela checa o visor antes de atender.

ANNA: Phillip?

MEL olha para ela espantada.

ANNA: Oi. Tudo bom?

MEL: [Sussurrando] É o Phillip Danes?

ANNA faz sinal confirmando com a cabeça.

ANNA: Ah, que pena, mas eu já tenho planos pra hoje à noite. Vou sair com uma amiga.

MEL: [Sussurrando] Por que o Phillip Danes está te ligando?

ANNA faz sinal de depois com a mão.

ANNA: Não, não dá pra cancelar.

MELISSA pula pra perto da ANNA e encosta a sua cabeça no telefone para que possa ouvir a conversa.

 

CENA 16 – INT. QUARTO DE PHILLIP

PHILL: É uma festa V.I.P. Se você mudar de idéia dá uma passada aqui, pode trazer sua amiga com você. Certo, conto com isso.

PHILL desliga o telefone e começa a rir.

SCOTT: Sério, cara. Você vai trazer a Anna para sua festa.

PHILL: Ei, você tá duvidando do quê?

SCOTT: Você não acha estranho que ela esteja sendo tão “fácil” assim.

PHILL: Todas elas são.

SCOTT fica sério.

PHILL: [Irônico] Menos a Becky. Ela provavelmente estava doente quando namorou comigo.

SCOTT: [Sério] Mas a Anna odiava a gente.

PHILL: Passado, Scott. Ela nem se lembra por que não gostava de mim, acho que nem eu lembro por que eu não gostava dela.

SCOTT: Mas eu lembro exatamente do que você fazia com ela e com o seu cunhadinho.

PHILL: [Rindo] Bom, acho que lembro sim. E quando eu tiver a Anna aqui na minha mão, eu vou olhar pra cara daquele caipira e rir muito. E se eu não ficar satisfeito com isso, posso acabar com o namorinho dele, é só plantar algumas coisas na cabeça da minha irmã que o resto ela dá um jeito de distorcer.

SCOTT: Já entendi. Mas vamos deixar esse assunto de lado e nos preocupar com algo mais importante: [Grita] cerveja!

PHILL: [Grita] Cerveja!

ALEXIA passa pelo quarto do irmão segurando um copo de água, com a mão na cabeça.

ALEXIA: Será que dava pra vocês dois calarem a boca? Eu estou com dor de cabeça.

Os dois começam a rir. ALEXIA fecha a porta do seu quarto com força.

 

CENA 17 – EXT. RUA

MEL: O que tá rolando entre você e Phillip Danes?

ANNA: Nada…

MEL: [Olhando incrédula] Phillip Danes sendo cordial, chamando você para uma festa … sem interesse algum? Não acho provável.

ANNA: Talvez ele tenha algum interesse nisso, mas da minha parte não há nenhuma outra intenção se não uma companhia e ele é um cara legal… eu acho.

MEL: Certamente você não o conhece.

ANNA sorri.

ANNA: Eu e o Matthew odiávamos o Phill. Vivíamos brigando, nos metendo em confusão. Mas éramos crianças e as coisas mudam.

MEL: Eu não acho que o filhinho do prefeito mudou alguma coisa.

ANNA: Pelo menos o Phillip que me odiava tanto mostrou mais interesse pela minha volta do que o Matt que era o meu melhor amigo. A vida é cheia de segundas chances não é? Eu tentei conversar com o Matt, mas ele não quis nem me ouvir.

MEL: Anna, certamente a festa do Phillip será bem mais divertida que esse parque não acha?

ANNA: Você está insinuando que eu devo ir à festa?

MEL: Sim, e descubra por que de repente a besta parece ter se transformado em um príncipe.

ANNA: Quer ir comigo?

MEL: Eu? Em uma festa na casa dos Danes? É mais fácil o universo entrar em colapso do que alguém me ver naquela festa.

 

CENA 18 – EXT. RUA – NOITE

MELISSA está vestida com uma bota de cano longo preta combinando com seu casaco. Ela entra em um carro, e olha para o retrovisor.

MEL: Eu não acredito que estou fazendo isso.

Ela dá partida no carro.

 

CENA 19 – EXT. CASA DOS DANES – NOITE

[MÚSICA – IN THIS DIARY, THE ATARIS]

O céu estava estrelado em Tulsa; a lua cheia dava um clima romântico à cidade. A rua onde fica a casa dos Danes estava movimentada. Alguns carros já estavam estacionados e alguns ainda chegando. Do lado de fora dava pra ouvir a música alta que tocava no local. MATT estaciona seu carro do outro lado da rua. O garoto observa o movimento na casa da namorada com certa estranheza. Ele pega seu telefone e liga para ALEXIA, mas quem atende é REBECCA.

MATT: Becky? Eu estou aqui na rua, vocês já estão prontas?

 

CENA 20 – INT. CASA DOS DANES – QUARTO DA ALEXIA

REBECCA está falando ao telefone.

BECKY: A Alley está doente.

ALEXIA tenta pegar o telefone da mão da amiga, mas desiste por causa da dor.

BECKY: Ela disse que vai de qualquer jeito. Já se vestiu e tudo mais.

ALEXIA: Eu vou!

BECKY: [Para Alexia] Fica quieta! [Ao telefone] Dá pra você vir até aqui e convencê-la de que eu estou certa? [Pausa] Certo. Tchau [Para Alexia] Agora vê se você sossega e deixa de teimosia.

 

CENA 21 – INT. CASA DOS DANES

MATT entra na casa da namorada. Há dezenas de pessoas na casa, gente por todos os lados. MATT bate na porta do quarto da namorada e entra. ALEXIA está emburrada de braços cruzados, deitada em sua cama. BECKY está em pé olhando para a amiga com ar de reprovação.

BECKY: Ela está assim desde manhã.

MATT: O que você está sentindo?

ALEXIA: [Olhando para Becky] Raiva.

MATT: Alley…

ALEXIA: Eu estou com dor de cabeça já tem um tempo. Meu corpo dói, eu não consigo respirar direito, mas deve ser um resfriado, eu já tomei um comprimido, daqui a pouco passa. Não é nada que possa me impedir de sair. Além do mais, com esse bacanal lá fora eu posso ficar mais doente se eu ficar aqui.

Ouvem-se gritos vindos do lado de fora, e o barulho de alguém pulando na piscina. MATT coloca a mão na testa da namorada para verificar a temperatura.

MATT: Bela tentativa, mas você está com febre.

BECKY sorri.

BECKY: Eu disse que você estava doente.

PHILLIP entra no quarto da irmã repentinamente.

BECKY: Que susto, Phill.

ALEXIA: Não te ensinaram a bater antes de entrar não?

PHILL: Me falaram que viram o Matt subindo eu vim ver com os meus próprios olhos. [Para Matt] O que você está fazendo aqui no quarto dela?

MATT: A sua irmã tá doente.

PHILL: Ei, caipira, meu pai me deixou responsável por ela, e eu acho que ele não iria gostar de saber que eu deixei você entrar aqui. Então pode ir indo embora…

ALEXIA: Deixa de ser imbecil, Phill. O Matt pode entrar no meu quarto quantas vezes ele quiser.

ALEXIA levanta-se da cama e fica tonta. BECKY corre até a amiga para apóiá-la.

[MÚSICA FADE OUT]

[MÚSICA FADE IN – BOYS AND GIRLS, GOOD CHARLOTTE]

SCOTT entra no quarto correndo.

SCOTT: Vamos Phill! O Chad diz vai pular da árvore dentro da piscina.

PHILL: Eu estou de olho em vocês. [Aponta para Matt e Alexia]

Os dois garotos saem correndo do quarto.

MATT: Eu acho melhor te levar para a minha casa. Se você não melhorar, eu te levo no hospital.

BECKY: Concordo. Se a Alley ficar aqui, capaz do Phillip deixá-la morrer.

ALEXIA: Quanto drama, amiga. Eu já disse que eu estou bem.

O telefone de Matt toca.

MATT: É o Sam. Ele ficou de encontrar a gente lá no parque. [Atende o celular] Oi, Sam.

 

CENA 22 – EXT. PARQUE DE DIVERSÕES – NOITE

SAM: Onde você está?

MATT: [Voice Over] Na casa da Alley. Olha, cara, a Alley tá doente eu acho que não vai dá pra ir.

SAM: [Triste] Que droga! Eu sabia que isso era bom demais pra ser verdade.

 

CENA 23 – INT. CASA DOS DANES – QUARTO DA ALEXIA

MATT: Espera aí! Eu não vou poder ir com a Alley, mas eu acho que a Becky pode ir com você.

REBECCA se engasga.

ALEXIA: [Rindo] O que foi amiga? Ficou doente também?

MATT afasta o telefone da boca.

MATT: Não vai me dizer que você tem algo melhor para fazer?

BECKY: É… está bem.

ALEXIA: Becky?

BECKY: Eu posso ir com ele, mas não garanto que vou ficar perto dele quando chegar lá.

MATT: [Ao Telefone] Sam? Eu vou levar a Alley pra minha casa, você poderia levar a Rebecca o parque? [Sorri] Combinado.

MATT desliga o telefone. BECKY se constrange com o olhar de reprovação que Alexia desfere.

[MÚSICA FADE OUT]

 

CENA 24 – INT. CASA DOS MACKENZIE – QUARTO DE ANNA

ANNA está terminando de se aprontar para ir à festa. A garota se olha no espelho por um tempo e fecha os olhos.

[FLASHBACK]

[MÚSICA FADE IN – DANCING WITH MYSELF, THE DONNAS]

ANNA [Criança]: Eu não convidei você para a minha festa.

Ela fala com um menino parado em frente à sua porta.

PHILL [Criança]: Olha, pirralha. Você não convidou, mas alguém convidou. E os meus pais me obrigaram a vir. Você acha que eu iria perder tempo com festinhas de criança?

ANNA [Criança]: Pelo menos você trouxe um presente.

A menina toma o embrulho da mão do garoto e abre a porta por completo.

[FIM DO FLASHBACK]

ANNA escuta uma buzina e acorda de seu transe. A garota pega uma bolsa e sai do quarto.

ANNA passa pela mãe na sala ouvindo música e bebendo.

ANNA: Estou indo, mãe.

KATHERINE: Indo onde Mary Anna?

ANNA: Para a festa na casa do Phillip Danes.

KATHERINE: Se for dirigir não beba.

ANNA: Eu não tenho permissão para dirigir, mãe.

KATHERINE: Ah, não?

[MÚSICA FADE OUT]

ANNA pega as chaves de casa e sai. Do lado de fora MELISSA à espera dentro do carro.

MEL: Vamos logo! Eu tenho que devolver o carro antes da meia noite.

ANNA apressa-se e entra no carro.

 

CENA 25 – INT. CASA DOS DANES

[MÚSICA FADE IN – ALCOHOLIDAY, TEENAGE FAN CLUB]

MATT e REBECCA ajudam ALEXIA a descer as escadas. Ele dá a chave do carro para BECKY.

MATT: Abre a porta pra mim, por favor.

BECKY: Claro.

ALEXIA: [De olhos fechados] Eu consigo andar sozinha.

MATT: Segura em mim.

ALEXIA se apóia em MATT. PHILL, que está do outro lado da sala conversando com algumas pessoas, vê a irmã saindo com o namorado e corre até eles.

PHILL: Ei, ei! Pra onde você pensa que vai com a minha irmã?

MATT: Para a minha casa. Ela está doente.

Algumas pessoas que estavam por perto se aproximam para escutar a discussão.

PHILL: Vocês acham que me enganam? Tudo não passa de um planinho pra ela ir dormir na sua casa. Você pensa que eu sou otário?

MATT: Você está sendo agora.

ALEXIA: Phill, não faça um escândalo.

MATT anda na direção da porta deixando PHILLIP com muita raiva. As pessoas que estavam por perto riem do dono da festa que volta para onde estava. ALEXIA ri com dificuldade.

 

CENA 26 – EXT. CASA DOS DANES – NOITE

MATT e ALEXIA chegam ao carro, onde BECKY espera por eles. ALEXIA coloca a mão na cabeça e faz cara de dor.

ALEXIA: Eu acho que estou doente.

REBECCA olha para a amiga com um sorriso irônico na boca, enquanto ALEXIA se senta no banco de trás e deita a cabeça no colo da amiga. MATT entra no carro e olha para trás.

MATT: Está tudo bem aí?

BECKY: Está sim.

MATT: Então podemos ir.

ALEXIA: Matt…

MATT: O que foi?

ALEXIA: Eu deixei a minha nécessaire no quarto.

MATT olha para ALEXIA. Aparentemente ele não gostou muito da idéia de voltar no quarto dela.

MATT: Volto já!

Ele sai do carro, e corre até a porta da casa.

[MÚSICA FADE OUT]

MEL para o carro no meio da rua. A garota estaciona com uma rapidez incrível, mas longe da perfeição. Ela deixa o carro quase em cima do canteiro derrubando uma lata de lixo.

MEL: Ops.

As duas saem do carro rapidamente. Olham para o veiculo mal-estacionado e começam a rir.

MEL: [Para Anna] Não olhe para mim, você nem ao menos sabe dirigir. Eu vou voltar lá e tentar estacionar direito.

ANNA olha para a amiga com ar de hesitação.

ANNA: Eu acho que vou indo lá na festa e…

A garota morde o canto da boca

MEL: Pode ir. [Rindo] Eu não vou demorar.

 

CENA 27 – INT. CASA DOS DANES – SALA

[MÚSICA FADE IN – BAD CASE OF A BROKEN HEART, THE ATARIS]

MATT já havia pego a coisas da namorada e estava abrindo a porta para sair quando deu de cara com ANNA, que iria tocar a campanhia.

MATT: Você aqui?

ANNA: Er…oi…

MATT: Anna Mackenzie na festa do Phillip Danes!

ANNA: [Séria] Eu fui convidada.

MATT: Eu fico tentando imaginar qual é o seu jogo.

ANNA: Jogo? Eu não estou jogando, eu estou vivendo.

ANNA tenta passar, mas MATT se põe na frente dela.

MATT: Eu não conheço mais você … não sei por que me surpreendo!

ANNA: E eu não sei por que estou aqui batendo boca com você sendo que eu poderia estar lá dentro com pessoas que tem ao menos um pingo de educação comigo!

MATT ia responder quando vê MEL se aproximar

MEL: Matt?!

MATT: Você também?

MEL: Matt, espera aí…Eu só…A gente só…

MATT: Que seja, Melissa! Divirtam-se vocês duas.

MELISSA hesita em ir atrás do amigo. Ela o assiste sair da casa dos Danes, entrar em seu carro. Ela nem percebe quando SCOTT se aproxima.

SCOTT: Ora, ora, ora. É o fim do mundo!

ANNA: Scott…

SCOTT: Ouvi dizer que você mudou…

ANNA: E eu ouvi dizer que você continua o mesmo.

SCOTT coloca a mão no coração.

SCOTT: [Fingindo dor] Ai.

[MÚSICA FADE OUT]

[MÚSICA FADE IN – SAM DIMAS HIGH SCHOOL FOOTBALL TEAM RULES, THE ATARIS]

PHILL se aproxima dos três com uma corda na mão.

PHILL: [Bêbado] Eu sabia que você viria. [Encara Mel] Melissa, certo? Como você está … diferente.

MEL sorri com desprezo.

PHILL: Fiquem a vontade … a casa é de vocês!

ANNA: Na verdade, não vamos ficar, já estamos indo!

MEL: Estamos?

PHILL: Ah! Não estão não!

MELISSA olha para a corda na mão do rapaz. PHILLIP percebe e sorri.

PHILL: Não se preocupa que eu não vou amarrar vocês não. Porque eu sou legal!

SCOTT: É, o Phillip é legal!

ANNA franze a sobrancelhas.

ANNA: Fica pra próxima, ok? Vamos, Melissa.

MEL: Vamos.

MEL não parece está com cara de quem quer ir embora. A festa está bastante animada, a música alta e muita gente dançando, correndo pelos espaçosos jardins da mansão. A garota sorri para alguns rapazes bêbados, mas somente por pura gozação. PHILL se coloca na frente das meninas bloqueando a passagem. SCOTT faz o mesmo, imitando o amigo.

ANNA: Divirta-se Phill.

A garota pega a ruiva pelo braço e a puxa para fora da casa. SCOTT olha para o amigo e começa a rir. PHILL dá um soco no braço do amigo, que fica quieto imediatamente.

PHILL: Vamos logo com isso.

PHILL balança a corda em sua mão.

[MÚSICA FADE OUT]

 

CENA 28 – INT. CASA DOS GRAHAM – SALA – NOITE

LOU entra na sala escura de sua casa. Ela percebe que MATT havia saído e respira fundo. A mulher, aparentemente cansada, joga as suas coisas em cima do sofá e senta em um das poltronas da sala. Ela tira suas botas e põe os pés em um pufe.

LOU: Pensei que esse dia não fosse acabar.

Ela solta o cabelo e inclina a poltrona para trás.

LOU: Eu preciso de um banho quente, cheio de espuma. Espuma bem branquinha. Eu poderia me casar com uma espuma agora… Vamos, Lou. Deixa de conversa maluca e levanta. Não consigo me mover. Agora, levanta! No três. Um, dois, três!

Ela faz um grande esforço e se levanta da cadeira. Pega suas coisas e vai para seu quarto.

 

CENA 29 – EXT. CASA DOS DANES – PISCINA – NOITE

Os garotos gritam ao ver que PHILL estava em cima da árvore. Todos da festa observam o dono da casa amarrar a corda em um dos galhos. Ele espera por alguns segundos antes de pular na piscina. Ele nada até a borda e sobe até a superfície.

PHILL: [Grita] Quem vai ser o primeiro?

Nenhum voluntário se manifesta.

PHILL: Ora, não é tão difícil. É só fazer igual ao Tarzan.

O garoto se pendura na corda e grita, caindo dentro da piscina. As pessoas aplaudem. PHILLIP volta para a superfície novamente e aponta para SCOTT.

SCOTT: Não, não.

PHILL: Que é isso, cara? Vai amarelar agora?

SCOTT: [Ri nervoso] Eu passo.

PHILL: Eu “passo”. Que papo mais idiota é esse?

A multidão começa a vaiar. PHILL puxa o coro e todos começam a gritar.

TODOS: Covarde! Covarde!

SCOTT olha para a corda, apreensivo.

 

CENA 30 – EXT. ESTRADA – NOITE

MEL: Divertido, não?

ANNA: Desculpa ter estragado a sua noite. Ainda quer ir ao parque?

MEL: Não, não. É melhor eu ir para casa.

ANNA: Desculpa pelo Matt, eu não imaginava que ele estaria lá.

MEL: Nem eu. Mas eu não quero falar dele, ok?

ANNA: Tudo bem.

 

CENA 31 – INT. CASA DOS GRAHAM – QUARTO DE MATT – NOITE

MATT entra com ALEXIA nos braços. BECKY trazia as coisas da amiga e ajuda MATT a instalá-la em seu quarto. MATT coloca ALEXIA na cama e a cobre. Um carro chega do lado de fora, o garoto olha pela janela.

MATT: [Fala baixo] É o Sam.

REBECCA pega sua bolsa e suspira.

BECKY: Cuida bem dela.

MATT: Pode deixar. Becky?

REBECCA que já se dirigia a porta, para e olha para MATT.

BECKY: O quê?

MATT: Obrigado por sair com o Sam.

BECKY sorri timidamente.

BECKY: Isso não é um favor.

A garota sai do local.

 

CENA 32 – EXT. CASA DOS GRAHAM – NOITE

REBECCA se aproxima do carro, SAM tenta esconder seu nervosismo. Ele abre a porta para a garota entrar, ela agradece com um sorriso desconfortável.

 

CENA 33 – INT. CASA DOS GRAHAM – NOITE

LOU entra no quarto do MATT e encontra seu sobrinho sentado em uma cadeira do lado da cama. Ela estranha ao ver ALEXIA deitada na cama, e faz um sinal para que ele venha até ela. MATT levanta-se e empurra a TIA para fora do quarto.

MATT: Eu posso explicar.

LOU: Então explique.

MATT: A Alley não estava passando bem, então eu achei melhor trazê-la para cá.

LOU faz uma cara de que não estava muito convencida.

LOU: Você precisa melhorar suas desculpas, Matt.

MATT: Não, Lou. Não é mentira. Os pais da Alexia viajaram.

LOU mostra-se incomodada quando o garoto menciona os pais da namorada.

MATT: E o irmão dela resolveu dá uma festa. E a Alley não podia ficar lá, ela tá com dor de cabeça, febre, um pouco enjoada.

LOU: Não acha melhor levá-la ao médico?

MATT: Achar eu acho, mas ela faria um escândalo. A Alley não gosta de hospital, e ela é muito teimosa para aceitar que tem que ir a um.

LOU inclina a cabeça para o lado.

LOU: Tudo bem. Mas você não vai dormir na cama com ela, ouviu?

MATT sorri e concorda.

LOU: Agora eu vou dormir.

MATT: Cedo assim?

LOU: Vamos dizer que o dia foi muito longo e que no meu mundo, “cedo” foi há cinco horas atrás.

Ela passa a mão na cabeça do sobrinho e sai.

 

CENA 34 – EXT. CASA DOS MACKENZIE – NOITE

MEL estaciona o carro na frente da casa dos Mackenzie. ANNA acena ao sair do carro e espera na frente da sua casa o carro desaparecer na escuridão. ANNA olha para a porta e olha para a rua.

 

CENA 35 – EXT. CASA DOS DANES – NOITE

SCOTT olha nervoso para os lados. Todos estavam apontando para ele e pedindo para que ele repetisse o gesto do PHILLIP.

PHILL: Vamos, Scott. Mostre que você é homem de verdade.

SCOTT se aproxima de PHILL e cochicha.

SCOTT: Você sabe que eu não gosto de altura.

PHILL: Vai ser legal, cara, como montar um cavalo. Você sente a adrenalina.

As pessoas ficam olhando para os dois.

 

CENA 36 – EXT. ESTRADA – NOITE

[MÚSICA FADE IN – BEAUTIFUL SOUL, JESSE McCARTNEY]

SAM e BECKY estão no carro. Ele olha discretamente para REBECCA, que estava com a cabeça encostada na janela. A garota percebe que SAM estava olhando para ela e sorri.

BECKY: Ouvi dizer que você toca guitarra.

SAM olha para a estrada rapidamente.

SAM: [Nervoso] É… sim, toco violão, flauta, várias coisas.

BECKY: Legal.

Os dois voltam a ficar em silêncio.

BECKY tamborila com os dedos na janela.

SAM: Você gosta de montar?

BECKY olha para Sam assustada.

BECKY: O quê?

SAM tenta se explicar.

SAM: [Nervoso] De montar cavalos. Os seus pais têm um haras, não?

BECKY: Ah, sim, eles têm. Mas eu não gosto de montar.

SAM: Ah…

BECKY fica olhando para SAM.

BECKY: Você poderia tocar para mim algum dia.

SAM sorri.

BECKY: O que foi?

SAM: [Sorrindo] Nada.

BECKY: Fala. Eu disse algo errado?

SAM olha para BECKY.

SAM: Eu toco o que você quiser.

Os dois se olham por um momento, mas BECKY desvia o olhar.

BECKY: Olha só, chegamos.

SAM estaciona o carro perto do parque e REBECCA mal espera o carro parar e sai do carro. Ela dá alguns passos e olha para trás. A garota vê SAM vindo em sua direção, ela suspira e para de andar.

SAM: Você quer alguma coisa? Eu posso pegar para você.

BECKY: Na verdade sim. Eu queria muito algodão doce.

SAM sorri, ainda nervoso. Os dois caminham até a entrada do parque. BECKY olha para a roda gigante.

SAM: Fica aqui na fila que eu vou comprar o algodão doce.

BECKY: Ok.

REBECCA sorri ao perceber a gentileza de SAM.

BECKY: É… acho que isso não vai ser tão ruim assim.

 

CENA 37 – EXT. RUA – NOITE

[MÚSICA FADE OUT]

ANNA está andando sozinha no escuro, ela apressa o passo e olha para os lados. O local era deserto, e havia apenas uma casa no local. ANNA se aproxima de um imenso cercado branco, onda há um grande portão de madeira. A garota abre o portão e entra no local, respirando fundo antes de continuar sua caminhada. Ela olha para a caixa de correio escrito Graham, e fica visivelmente apreensiva, enxugando o suor de suas mãos na roupa antes de tocar a campanhia. ANNA afasta-se alguns passos da porta, e percebe que a luz do quarto de MATT acendeu. O garoto coloca a cabeça para fora e fica parado olhando para ANNA. Ele entra novamente em seu quarto e apaga a luz. A garota baixa a cabeça e olha para os lados. Ela dá uma risada e balança a cabeça.

ANNA: Você esperava o que, Anna?  Que ele descesse correndo?

A garota se prepara para deixar o local quando alguém abre a porta. Ela se vira e vê MATT olhando para ela.

 

CENA 38 – EXT. PARQUE DE DIVERSÕES – NOITE

SAM encontra BECKY e entrega o algodão doce para ela. REBECCA sorri e os dois se olham por alguns segundos.

GAROTA: [Taylor Cole] Re-be-cca!

REBECCA e SAM se assustam com o grito dado pela garota.

BECKY: Christy?

CHRISTY: Você e o cara da banda da escola? Eu não acredito!

Outras duas garotas que acompanhavam CHRISTY começam a rir.

CHRISTY: O que você está fazendo com essa criatura?

A garota aponta para SAM, ignorando todo e qualquer sentimento que o rapaz possa ter. SAM olha com raiva para CHRISTY, mas antes de esboçar qualquer reação REBECCA toma a frente da situação.

BECKY: [Nervosa] Eu não estou com ele! Você acha que estou louca?

BECKY olha para SAM e vê que o garoto olha para ela com desprezo.

BECKY: Ele só estava me fazendo um favor.

A garota pega o outro algodão doce da mão do rapaz.

BECKY: Muito obrigado… como é seu nome mesmo? Sam? Depois eu te pago.

As três meninas riem de SAM.

SAM: Eu pensei que você fosse diferente.

Ele balança a cabeça e sai do local.

GAROTA 2: Eu acho que ele vai chorar!

CHRISTY: Agora sim, Becky. Pensei que você tinha vindo com aquele retardado pro parque!

BECKY: Eu e o Sam?

REBECCA sorri para as amigas e olha SAM ir embora. A garota para de sorrir e olha para o algodão doce.

 

CENA 39 – EXT. CASA DOS DANES – NOITE

SCOTT: Eu não acredito que eu vou fazer isso.

PHILL dá uma tapinha cordial nas costas do amigo.

PHILL: [Grita] Senhoras e senhores, Scott Sawyer vai pular!

As pessoas que estavam no local batem palmas e SCOTT se dirige até a árvore vagarosamente. Ele tenta sorrir ao se aproximar, segura a corda com força e dá alguns passos para trás. Ele corre e fecha os olhos.

 

CENA 40 – EXT. PARQUE DE DIVERSÕES – NOITE

REBECCA está saindo da roda gigante com as amigas, quando seu telefone toca.

BECKY: [Rindo] Alô?

A garota muda de expressão imediatamente. Seus olhos se enchem de lágrima.

BECKY: [Nervosa] Onde que ele está?

SAM está sentado em um banquinho, observando BECKY de longe com suas amigas, ele vê que a garota se distancia um pouco, parecia estar falando com alguém no telefone. Ela desliga, parecia um pouco nervosa, ela fala alguma coisa para as amigas e sai do local totalmente atordoada. REBECCA para ao vê SAM sentado no banco.

SAM: Você está bem?

BECKY: Meu irmão…sofreu um acidente! O Scott [Gaguejando] eu… ele, eu…

SAM se levanta e pega a chave do carro em seu bolso.

SAM: Vamos, eu te levo.

REBECCA olha para SAM, como se não acreditasse no que ele estava fazendo mesmo depois de toda aquela cena que ela fez.

BECKY: Eu… Sam… Obrig…

SAM: [Friamente] Olha, não fala nada. Me diz onde ele está e eu te levo lá.

REBECCA concorda e vai com SAM até o carro.

BECKY: Obrigada.

SAM não responde.

 

CENA 41 – EXT. CASA DOS GRAHAM – NOITE

[MÚSICA – DEEP INSIDE OF YOU, THIRD EYE BLIND]

ANNA se aproxima de MATT; o garoto fecha a porta e encosta na parede.

ANNA: Matt, olha. Não fala nada. Por favor me escuta.

O garoto respira fundo e cruza os braços.

ANNA: Eu não queria que as coisas fossem assim, mas a vida toma caminhos que nem sempre a gente aceita. Nós éramos tão felizes. Você me completava, e eu completava você, e apesar de sermos apenas crianças entendíamos que nós éramos uma só pessoa. Você não imagina o quanto foi difícil ter que me separar de você e toda essa minha resistência só me causou mais dor. Minha mãe sempre sabotou qualquer possibilidade de eu vir para cá. Eu esperava que algum dia uma mágica me trouxesse de volta para sua vida… até que minha infância e inocência foram ficando para trás, e a realidade foi consumindo qualquer esperança que eu tinha. Eu mudei, me tornei uma pessoa fechada, insegura, fria. Eu não seria capaz de sofrer tudo de novo então resolvi que jamais me apegaria a alguém novamente. Você sempre foi o único amigo verdadeiro que eu tive. Não foi mágica que me trouxe de volta à Tulsa e sim o divórcio dos meus pais. Apesar disso eu estou feliz por ter voltado, estou começando a reconquistar o que eu perdi, e eu vim aqui pra te dizer que eu quero meu melhor amigo de volta. E eu vou conseguir.

MATT tenta falar algo, mas desiste, apenas olha para ANNA. A garota sabia que era hora de ir embora. MATT apenas observa a garota saindo pelo portão de sua casa, vai até a porta, olha para trás e entra.

[MÚSICA FADE OUT]

CONTINUA …

ELENCO
Jonathan Bennett como Matthew Graham
Natalie Portman como Anna Mackenzie
Mena Suvari como Rebecca Sawyer
Lindsay Lohan como Melissa Baker
Austin O´Brian como Scott Sawyer
Joseph Gordon-Levitt como Samuel Wood
Kate Bosworth como Alexia Danes
Brad Renfro como Phillip Danes
Marisa Tomei como Lou Graham

ATORES CONVIDADOS
Paula Cale como Katherine Mackenzie
Todd Field como Wilson Danes

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

Taylor Cole como Christy
Justin Riordan como jovem Phillip Danes
Keaton Tyndall como jovem Anna Mackenzie

MÚSICA TEMA
Promises, Lillix

TRILHA SONORA

Turn, Travis
Lost Without Each Other, Hanson
Powerless, Nelly Furtado
Something I Never Had, Lindsay Lohan

ESCRITO POR
Clara Lima
Sarah Lima

DIRIGIDO POR
Clara Lima

GRÁFICOS POR
Clara Lima

CRIADO POR
Clara Lima
Sarah Lima

DISTRIBUIDO POR
TVSN

® 2004-2006

Série Virtual – Destination Anywhere – Que Começe o Jogo


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Série: Destination Anywhere
Episódio:
Que Começe o Jogo
Temporada:

Número do Episódio:
1×04

 

CENA 1 – EXT. CAMPO DE FUTEBOL – NOITE

O placar marca 2 a 2. E o relógio conta regressivamente o minuto final da partida. O barulho é ensurdecedor, a multidão – a maioria vestida com as cores dos “Lançadores”, branca e azul – grita entusiasmada. A bola esta com um jogador do time dos Rogers, e ele esta prestes a chutar. Matt para de correr. Olha para o goleiro assustado, e nesse momento não havia mais nada. Nenhum som, nenhum pessoa, somente ele e seu adversário. O contador agora está na marca dos segundos. Não há muito tempo. Matt respira e os sons começam a invadir seus pensamentos. As líderes de torcida encorajam as pessoas a gritarem e a cantarem. Todos estão à espera da decisão. Matt está com a bola, e está pronto para chutar.

 

CENA 2 – INT. CASA DOS GRAHAM – QUARTO DO MATT – DIA

O despertador toca, e Matthew cobre o rosto com o cobertor. Outro despertador, que estava em cima de sua mesa de cabeceira, toca, fazendo com que Matt se levante. O garoto sorri ao ver um pequeno bilhete embaixo do relógio.

LOU: [Voice Over] “Olá, campeão! Você sabe que nunca fui boa com palavras, mas aqui escrevo com todo meu amor. Matt, meu orgulho de viver, será que dava pra você fazer o café? Beijos, Lou. Ps: Bom jogo! Estarei lá!”.

 

CENA 3 – INT. MESMO LOCAL – SALA

Matt desce as escadas já vestido para ir à escola. Ele entra na cozinha e coloca os pães na torradeira. O garoto senta-se na mesa e seu celular apita. No visor do aparelho havia um alerta de cinco mensagens recebidas. À medida que Matt vai abrindo as mensagens vemos que se tratam palavras de encorajamento sobre o jogo. O alarme da torradeira apita e ele pega os pães, uma caixa de suco na geladeira, e um pote de geléia escura.

 

CENA 4 – EXT. FAZENDA

LOU está ao lado de um homem. Ela carrega uma prancheta na mão e toma nota de tudo que o homem diz.

HOMEM: Os números são esses, senhora.

LOU: Tem certeza, George? Em menos de quatro meses não dava pra produção ter caído tanto.

GEORGE: A produção não caiu, senhora. Mas os tributos que estamos pagando é mais do que podemos arcar.

LOU: George, continue com o bom trabalho. Eu tenho que levar isso pro escritório. Eu estou trabalhando para que dê tudo certo, pode ter certeza.

GEORGE: Eu sei disso, senhora. Até mais.

LOU entra em sua caminhonete e encosta a cabeça no banco do seu assento. A mulher suspira, ajeita o retrovisor e liga o automóvel.

 

CENA 5 – EXT. ESCOLA WILL ROGERS – ESTACIONAMENTO

Há faixas decorativas por todo o lugar. A maioria delas traz escrito em azul celeste as iniciais W.R., ou o nome do time da escola – “Ropers”. ALEXIA ajeita seu óculos escuro no rosto, e encosta-se na porta do carro, onde REBECCA se encontra. BECKY sai do carro e fecha a porta com força, provocando em ALEXIA uma expressão de dor. Ela pega uma caixa de comprimidos de sua bolsa.

BECKY: O que é isso?

ALEXIA: São pra dor de cabeça.

BECKY: Você não deveria ter bebido sabendo que hoje é dia de jogo.

ALEXIA: Ah! Becky. Não sou eu quem vai jogar.

ALEXIA sorri.

ALEXIA: Até que a noite não foi de todo ruim. Se bem que o Phillip não tinha nada que ter levado aquela “zinha” pra festa.

BECKY: Não implica com a Anna, Alley. A garota acabou de chegar, você nem a conhece.

ALEXIA: E você gostou dele ter levado a tal Anna pra festa?

BECKY: Você tem certeza que o efeito do álcool já passou? Eu e o PH não temos nada um com a vida do outro há séculos. E além do mais, a Anna não é uma má pessoa.

ALEXIA: Ai, Becky. Odeio quando você é racional e justa.

BECKY olha pra ALEXIA e sorri. MEL e SAM vem em direção contrária às duas garotas. MELISSA olha para o amigo, após perceber que REBECCA estava por perto.

MEL: Sam, você quer que eu pegue um babador?

SAM: [Sorrindo e olhando para Becky] Eu não sei do que você está falando.

No momento em que os quarto se cruzam, SAM derruba seus livros aos pés das duas líderes de torcida. MELISSA cobre o rosto com vergonha pelo amigo, enquanto ALEXIA aponta para garoto e começa a rir. REBECCA fica paralisada e SAM se baixa para pegar o que havia derrubado.

SAM: [Olhando para Becky] Desculpa.

Antes que a garota desse alguma resposta, ALEXIA puxa a amiga.

ALEXIA: [Rindo] Você viu a cara dele?

BECKY: Alley! Você não tinha nada que ficar rindo dele.

ALEXIA: Ok, ok. Santa Becky.

As duas deixam o local. MELISSA se baixa para ajudar o amigo.

MEL: Eu vou dizer só mais uma vez: “Esquece ela, Sam”.

SAM levanta-se aborrecido.

SAM: Eu sei que isso seria impossível de acontecer. Mas eu prefiro gostar dela, do que não gostar dela.

MEL: Então pelo menos deixa de agir feito um bobo na frente dela.

MELISSA levanta-se e vê o carro de MATT chegando ao estacionamento. Os dois aproximam-se do amigo, que logo é cercado por algumas pessoas que o cumprimentam.

MEL: Oi, “campeão”! Pronto pro jogo?

MELISSA ri no final da frase. MATT passa a mão no cabelo da amiga e sorri.

MATT: É esse seu sarcasmo que te deixa mais bonita a cada dia.

MATT se despede rapidamente do pequeno grupo de amigos, e caminha pelo pátio com SAM e MEL.

 

[ABERTURA]

[MÚSICA TEMA – PROMISES, LILLIX]

 

CENA 6 – INT. CASA DOS GRAHAM – SALA – MANHÃ

LOU entra correndo em casa. A mulher joga a bolsa no sofá e corre para seu escritório. Ela coloca a prancheta com os números anotados anteriormente perto do computador, pega o telefone e disca.

LOU: Bom dia! Eu sei, eu sei Margie, são 8 horas. Desculpe, eu queria ser a primeira. [Sorri] Sim, eu gostaria de marcar uma audiência com o senhor prefeito… de novo… [Cara de espanto] Como assim? Foram apenas cinco, queridinha. Margie, eu preciso falar com ele. Muito obrigada. Claro. Pode ser às cinco.

LOU desliga o telefone. Parece pensativa.

 

CENA 7 – INT. ESCOLA – CORREDOR

ANNA anda apressada com alguns livros na mão. Havia apenas alguns alunos no corredor. Aparentemente ela está atrasada.

ANNA: [Pra si mesma] Se você quiser chegar no horário certo, venha a pé. É mais garantido, sua mãe não é a pessoa mais confiável do mundo.

PHILLIP está encostado na parede olhando para a garota que parece distraída. Ele se aproxima devagar.

PHILL: Posso ajudar com os livros.

ANNA leva um susto. A garota para de andar e põe a mão no peito.

ANNA: Você por acaso está me perseguindo? Ou tentando me matar do coração?

PHILL: Estou apenas tentando ser um cavalheiro.

ANNA: Bom, Phillip. Eu aprecio a sua tentativa, mas da próxima vez faça barulho ao se aproximar.

PHILL: Eu prometo.

ANNA: Bom, eu tenho que ir. A aula já deve está começando.

PHILL vai atrás dela.

PHILL: Eu só queria agradecer por ter saído comigo ontem. Foi muito bom.

ANNA: Ah… não precisa agradecer.

PHILL: Podemos repetir algum dia?

ANNA para de andar novamente. Ela olha para o garoto, constrangida.

ANNA: Sabe, Phillip. Eu ainda estou colocando algumas coisas no lugar. Quer dizer, a minha vida, a escola, a minha família.

PHILLIP sorri.

PHILL: Anna… eu não estou te pedindo em namoro ou algo assim, só achei que se um dia você estiver entediada ou sem opções, talvez possa me ligar, e eu te garanto um pouco de diversão.

PHILL encara ANNA, mas ela desvia o olhar.

ANNA: Quem sabe, né? Agora eu tenho que ir.

ANNA vai andando em direção da sala de aula.

PHILL: [Fala alto] Você vai ao jogo hoje à noite??

ANNA levanta o braço, sem olhar para trás, e faz sinal de positivo com o polegar. SCOTT está escondido atrás da maquina de refrigerante. O garoto vai em direção ao amigo com um sorriso cínico no rosto.

SCOTT: Eu não pensei que seria assim tão fácil.

PHILL: Nunca duvide do meu estilo. As garotas me amam.

SCOTT: Mas a Anna é diferente. Ele te odiava.

PHILL: Isso faz tempo, Scott. Muito tempo mesmo. E não há nada que o tempo não possa destruir. Não acha? O que você está presenciando é o início de uma “linda” amizade.

Os dois riem.

SCOTT: E que comece o jogo!

PHILL observa sua irmã se aproximando.

PHILL: E aí maninha. Como vão as coisas?

ALEXIA: Fala logo o que você ta querendo. Não tenho o dia todo.

PHILL: Eu só ia perguntar sobre você e o Matt. Já que ele tem uma história tão bonitinha com a Anna, eu pensei que você ficaria com raiva.

ALEXIA: [Com raiva] Não enche Phill!

PHILL: Ontem ele não parou de olhar pra Anna. Você não viu?

ALEXIA parece furiosa.

ALEXIA: O que você está querendo com tudo isso?

PHILL: [Cínico] Eu… nada. É que você sempre teve ciúmes daquela amiga dele… como é o nome dela?

SCOTT: É Melissa. Ela é uma gata!

PHILL: Isso! Melissa. Você sempre reclamou que tinha que dividir o Matt com ela e, agora, vai dividir ele com a Anna também.

ALEXIA: Eu não tenho que dividir o Matt com ninguém. Aliás, eu não preciso ficar dando satisfação da minha vida pra você. Vê se cresce garoto!

PHILL: Calma! Eu só estou te alertando maninha. Se eu fosse você ficava com os olhos bem abertos.

ALEXIA: Eu não preciso dos seus conselhos!

ALEXIA sai furiosa.

PHILL: Você não sabe o que te espera.

SCOTT: Cara! Você é cruel!

PHIIL: Você não viu nada. O jogo apenas está começando.

PHILL sorri.

 

CENA 8 – INT. ESCOLA – SALA DE AULA – MANHÃ

A câmera mostra a fachada do Will Rogers High School. ALEXIA observa ANNA e MEL conversando na sala de aula. A loira olha para o relógio: 11:15. O sinal toca e ela fecha o caderno. ANNA e MEL se despedem e ALEXIA vai atrás da ruiva.

 

CENA 9 – INT. ESCOLA – CORREDOR

MELISSA está mexendo em seu armário. A garota coloca um livro e retira uns cds. ALEXIA está parada ao lado dela de braços cruzados. Quando a filha do dono do Red’s fecha o armário, leva um susto.

MEL: O que você quer?

ALEXIA: [Irônica] Eu só queria saber como é que você está lidando com a sensação de se sentir ameaçada?

MELISSA rola os olhos.

MEL: Alexia, ninguém nunca te disso que isso é doença? Quero dizer, essa sua obsessão pela minha vida.

ALEXIA: Você sabia que a Anna Mackenzie era a melhor amiga do Matt? [Sorri]

MEL: A Anna mal conhece o Matt, sua maluca.

ALEXIA dá uma gargalhada e olha com cara de pena para a rival.

ALEXIA: Não vai me dizer que você não sabia? Aaahh… Coitadinha, o seu melhor amigo agora esconde coisas de você?

MELISSA fica calada.

ALEXIA: Aposto que ele contou para o Sam, por que todo mundo sabe dessa história, mas você não sabia, não é? Que mundo cruel…

MEL: Vai se danar, sua maluca!

ALEXIA: Uh… a ruivinha ficou com raiva… Bom, eu não vim aqui pra brigar com você. Já deve ser muito difícil está na sua pele, eu não quero prolongar seu sofrimento. Estou muito caridosa ultimamente. Além do mais, hoje é um dia muito importante, sabe? Pelo menos para mim e para o Matt.

ALEXIA vai andando até sua classe, e MELISSA ainda faz menção de ir atrás dela, mas desiste e acaba indo em direção oposta dando de cara com o SAM.

MEL: Onde que está o Matt?

SAM: Oi, pra você também, Mel!

MEL: Oi… desculpa.

SAM: O que houve? Aconteceu alguma coisa? Você está pálida.

MEL: Eu só queria falar com o Matthew.

SAM: Ele está na sala.

MEL: Biologia?

SAM: Isso… Mas ele já está vindo.

MEL: Eu vou lá.

MELISSA já ia em direção da sala quando ela volta correndo em direção do amigo.

MEL: Sam… Quem é a Anna Mackenzie?

SAM: Mel… Você conhece a Anna! Baixinha, morena, que vem com a gente pra escola às vezes.

MEL: Eu sei quem é a Anna. Mas por que tanto segredo em torno dela? Por que o Matt me escondeu que eles já foram amigos?

SAM olha para os lados.

MEL: Se não quiser me contar, tudo bem. Eu só pensei que era a melhor amiga, sua e do Matt.

SAM: Mas você é, Melissa. O Matt não te contou isso não por não confiar em você. A historia o incomoda e ele não se sente à vontade falando da Anna.

MEL: Mas pelo o que eu soube todo mundo sabe da historia do Matt.

SAM: Todo mundo? Eu não acho que o Matt contaria essa historia pra todo mundo. E não é nada demais, Mel. É só algo que pertence a ele e a Anna. Uma amizade que não deu certo. Eles eram crianças, e…

MEL interrompe.

MEL: Muito bonitinho o draminha dele, mas eu gostaria que ele tivesse me contado. Olha. [Pausa] Esquece. Tchau.

[MÚSICA FADE IN – TURN, TRAVIS]

Mel corre até a sala de biologia. Ao entrar no local ela vê o amigo com uma mochila nas costas, já se preparando para sair.

MEL: Matt, espera.

MATT sorri.

MATT: Oi, Mel. Tudo bom?

O garoto percebe a aflição da amiga. MEL estava ofegante, olhava para baixo, sem saber por onde começar a conversa. MATT fecha a porta. Agora restavam apenas os dois na sala.

MATT: Vem cá. Senta aqui.

Ele se senta em uma das cadeiras perto da janela.

MATT: O que houve?

MEL: Eu sou sua melhor amiga, não sou?

MATT fica calado.

MEL: Não sou?

MATT: Claro, Melissa.

MEL fica séria.

MEL: Então por que você mentiu para mim?

MATT olha nos olhos da Melissa.

MATT: Eu? Menti pra você?

MEL: Não seja cínico, Matthew. Por que você não me contou que a Anna era sua amiga? O que tem de tão grave nisso?

MATT: O Sam te contou?

MEL: Não interessa quem me contou. O que me importa, é que você não me contou.

MATT: Eu não entendo por que as pessoas fazem dessa história um estardalhaço. Eu não te contei por que não é importante pra mim.

MEL: Não parece, Matt. Pelo contrário, parece mais importante do que você deixa transparecer.

MATT: Mel, desculpa se eu te deixei fora disso, é que eu simplesmente não quero falar sobre a Anna.

MELISSA parece inconformada.

MATT: Eu não acho justo a gente brigar por uma coisa que já passou. Você é a minha melhor amiga, e é com isso que eu me importo.

MELISSA fica olhando para ele, em silêncio.

MATT: Bom, o que eu posso fazer pra você não ficar com essa cara?

MEL: Nada…

MATT: [Imitando a voz da Mel] “Nada”. Você é uma boba, sabia disso?

MEL: Você que é…

MATT: Tá bom, eu sou…. agora vamos sair daqui. Eu preciso comer alguma coisa.

MATT abraça MELISSA e a puxa para fora da sala.

MATT: Vamos!

 

CENA 10 – INT. ESCOLA – CORREDOR

REBECCA está parada em frente ao seu armário, no corredor principal da escola, que se encontra quase vazio. A garota parece ter dificuldades ao girar a combinação da fechadura de seu armário. ANNA aparece no fim do corredor, retirando uma faixa azul envolta em seu pescoço. Ela joga o pedaço de papel em um cesto de lixo, BECKY a observa.

ANNA: Será que as pessoas dessa escola não tem consciência ecológica?

BECKY: [Fechando o ármario] Devo concordar que há um pouco de exagero. Mas é dia de festa para a escola.

ANNA estranha a resposta, e sorri timidamente ao perceber a presença da líder de torcida.

ANNA: Desculpa, eu não quis…

REBECCA sorri.

BECKY: Sem problemas. O espírito esportivo dos “Lançadores” do Will Rogers te perdoa.

BECKY ajeita sua mochila nas costas.

ANNA: Eu estou tentando me acostumar com isso.

BECKY se prepara para deixaro local, Anna segue na direção oposta. A loira olha para trás.

BECKY: Anna!

ANNA para e vira-se.

BECKY: [Aproximando-se] Eu não sei se isso vai soar estranho, mas sobre o Phillip… vocês dois… estão…

ANNA: Não! Deus! Claro que não.

BECKY: Eu vi os dois na festa ontem. Vocês me pareceram bem amigos.

ANNA: Por mais estranho que possa ser, eu também tive a mesma sensação.

BECKY: Olha Anna. Só toma um pouco de cuidado com o Phill, ok? As vezes ele gosta de brincar com os sentimentos das pessoas. Certas coisa não mudam.

ANNA: [Desconfiada] Ok.

BECKY: [Sorri] Bom, eu tenho que ir, estou atrasada. Vai, Lançadores!

ANNA sorri estranhando o grito de torcida, e faz sinal de “adeus” para a loira.

 

CENA 11 – INT. ESCOLA – AUDITÓRIO

[MÚSICA FADE OUT]

A câmera mostra a estátua do fundador da escola, que fica na entrada do auditório, um lugar grande e de estilo rústico, decorado com fitas azuis e brancas. Os alunos chegam aos bandos e se acomodam nas centenas de cadeiras do local. A primeira fileira estava ocupada pelos professores e a segunda pelos jogadores de futebol. As líderes de torcidas vinham logo atrás e os resto dos alunos se acomodava nos demais lugares. ANNA, MELISSA e SAM estavam sentados um pouco mais pra cima. MEL estava ouvindo música, ANNA lendo um livro e SAM jogando videogame no celular. De repente a multidão se levanta e começa a gritar. A diretora da escola, SRA. CHRISTINA ALBRIGHT entra no recinto e sobe no grande palco onde estava o treinador Carter e mais duas outras pessoas. A mulher se dirigi a um pequeno oratório e pega o microfone.

SRA. ALBRIGHT: Silêncio, por favor! Podem se sentar.

A maioria dos alunos obedece. REBECCA olha para trás e vê SAM. ALEXIA joga seu pompom em MATT e sorri.

SRA. ALBRIGHT: Vamos todos nos acalmar. Bom, como vocês já sabem, hoje a noite teremos jogo….

Os alunos começam a gritar. Ouve-se alguns pedidos de silêncio, alguns outros alunos gritavam “Lançadores”, duas líderes de torcida jogavam seus pompons para cima, mas a maioria simplesmente gritava. CHRISTINA olha para os lados, sem paciência, e puxa o microfone para perto da caixa de som. O barulho agudo da microfonia faz com que os alunos levem suas mãos à cabeça. A gritaria agora dava lugar a apenas um ou dois resmungos.

SRA. ALBRIGHT: Muito obrigada. Eu tenho alguns recados para dar em relação ao jogo de logo mais. Prestem atenção! Jogar é um esporte, não é palco para brigas. Kyle, Vince, estou de olho em vocês. Jogar não é desculpa para usar drogas. Se ganharmos não exagerem nas festas, não bebam, nem transem, pois se transarem vocês pegarão doenças ou engravidarão. Estamos entendidos?

ANNA segura o riso.

SRA. ALBRIGHT: Espero que sim. Agora o treinador James Carter tem uma coisa para dizer.

CARTER: Bom pessoal, eu sei que é um jogo difícil, mas o nosso time é bom. E eu sei que posso contar com a presença de todos vocês! É um dia importante para o Will Rogers! Principalmente para o nosso artilheiro, Matthew Graham!

MATT parece um pouco apreensivo, apesar de todos em sua volta estarem bastante confiáveis e entusiasmados.

CARTER: E que o jogos dessa temporada comecem!

 

CENA 12 – INT. CASA DOS MACKENZIE – QUARTO DE ANNA – TARDE

ANNA está sentada em sua cama lendo um livro. A garota ouve a campainha tocar e desce correndo as escadas até a sala.

KATHERINE: Você está esperando alguém?

ANNA: Uma amiga.

KATHERINE: Você não me disse que estava esperando uma amiga, Mary Anna. Eu não preparei nada para vocês.

ANNA: Não se preocupa com isso, mãe.

ANNA abre a porta.

ANNA: Mel!

MELISSA parece um pouco desconfortável. A garota sorri com a recepção de ANNA.

ANNA: Mãe, esta é a Melissa. Melissa Baker.

KATHERINE: Olá, querida. Muito prazer. Baker? Dos “Baker”, donos da fábrica de biscoitos?

MEL: Não… dos Baker de Nova York.

ANNA: O pai da Mel tem uma rede de lanchonetes.

A MÃE DA ANNA fica olhando com reprovação para as roupas da amiga da filha. MEL estava vestindo uma calça rasgada no joelho e uma camiseta preta. A mochila jeans jogada nas costas e o cabelo solto completavam o visual despojado da garota.

KATHERINE: Ahn.. entendi.

ANNA: Bom, mãe. A gente vai subir, e mais tarde vamos ao jogo na escola.

 

CENA 13 – INT. MESMO LOCAL – QUARTO DE ANNA

MEL senta na cama da ANNA, já a morena pega um controle remoto e liga o som. A garota sintoniza em uma rádio local.

[MÚSICA FADE IN – LOST WITHOUT EACH OTHER, HANSON]

MEL: Hanson? Nossa…

ANNA sorri.

ANNA: Eles me lembram Tulsa. [Ri] O que posso fazer? Algumas coisas não podemos explicar. Todos temos um lado negro.

MEL: [Cara de nojo] Mas… nossa…

ANNA: Vai me dizer que você nunca ouviu algo assim?

MEL: [Desconfiada] Bom, eu gostava do Aaron Carter.

As duas riem.

 

CENA 14 – INT. CASA DOS GRAHAM – QUARTO DE MATT

MATTHEW está olhando pela janela do seu quarto. Ele parecia a paisagem bucólica, os campos, os animais, a fazenda que fica ao um pouco longe de sua casa, mas ao alcance de sua vista. O garoto liga o som, e sintoniza em uma rádio. Ouvimos a mesma música que ANNA. Ele se joga na cama e põe um chapéu cobrindo o seu rosto. Alguém bate à porta.

MATT: [Resmunga] Hummmmm…

SAM: [Voice Over] Se isso foi um “Quem é?”, sou eu, Sam!

MATT: Hummm Hummmm…

SAM abre a porta.

SAM: Você disse “pode entrar”? Não foi?

MATT tira o chapéu do rosto.

SAM: Vim dá uma força, cara. Você deve tá nervoso, afinal sua bolsa na faculdade depende de um bom desempenho nessa temporada, toda a escola conta com você pra ganhar o primeiro jogo, e a Alexia, com certeza, já deve ter te prometido algumas recompensas se tudo for bem hoje à noite e…

MATT: Sam, eu consegui relaxar um pouco até você entrar aqui!

SAM: Desculpa, cara.

MATT: Brincadeira.

SAM: Ei, cara, qual é a dessa música?

 

CENA 15 – INT. CASA DOS MACKENZIE – QUARTO DE ANNA – TARDE

ANNA pega algumas caixas que estavam embaixo de sua cama.

ANNA: Me ajuda?

MEL: Claro.

ANNA: Bom, os livros eu coloco ali [aponta para uma prateleira], e os cds ficam ali [aponta para menor].

Por alguns segundos a música era a única coisa que ecoava no quarto. ANNA pega alguns livros e MEL alguns cds.

MEL: Anna…

ANNA: Sim, Mel.

MEL: [Sorri] O Sam me contou que você conhecia o Matt quando era criança.

ANNA continua o que estava fazendo.

ANNA: Verdade.

 

CENA 16 – INT. CASA DOS GRAHAM – QUARTO DO MATT

SAM pega o violão do amigo e começa a dedilhar alguns acordes. MATTHEW volta a encarar a janela.

MATT: A Anna veio falar comigo.

SAM quase derruba o violão.

SAM: E você me diz isso assim???

MATT: Olha, não foi nada demais. Eu só achei que você queria saber.

SAM: Claro! Você quer falar sobre isso?

MATT: Eu não! Você quer que eu fale sobre ela?

SAM: Ah! Só se você quiser falar, eu não vou te obrigar…

MATT: Então beleza, eu não falo.

SAM volta a dedilhar alguns acordes.

 

CENA 17 – INT. CASA DOS MACKENZIE – QUARTO DE ANNA – TARDE

MEL: E por que vocês não se falam mais? Quer dizer, eu não vejo vocês conversando ou algo assim, e pelo que me contaram vocês eram muito amigos.

MELISSA senta na cama e espera por uma resposta.

ANNA: Eu e Matt nos conhecemos ainda criança. Nós éramos muito amigos sim, mas tudo muito pueril. Um dia meu pai teve que ir embora, e eu não tive a chance de dizer “adeus”. Eu escrevi uma carta para o Matt, pedi para que ele me ligasse ou escrevesse, mas ele nunca ligou nem escreveu.

ANNA ajeita um ultimo livro que estava na caixa. A garota coloca uma caixa dentro da outra e as encosta em um canto do quarto.

ANNA: Eu esperei por algum tempo ouvir noticias dele, até que a esperança foi se transformando em raiva. Eu era uma criança ainda, então fiz o que toda criança faria: tentei esquecê-lo. E por alguns anos assim foi, até que algumas perguntas voltaram à minha cabeça: “O que será que aconteceu?”, “Será que ele me esqueceu?”, “Será que ele me odeia?”. Muitos “serás” me atormentaram por um tempo, até que meus pais se separaram e a minha mãe pediu para que eu voltasse com ela. Naquele momento eu me apavorei. Finalmente algumas eu teria as respostas que precisava e elas poderiam ser alegres ou tristes. Acho que nunca estamos preparadas para o que é verdadeiro.

MEL: Nossa, eu não sabia disso.

 

CENA 18 – INT. CASA DOS GRAHAM – QUARTO DO MATT

LOCUTOR [Voice Over]: Acabamos de ouvir Hanson, com Lost Without Each Other, e agora com vocês Nelly Furtado com Powerless. Você está ouvindo T.O.K.2.

[MÚSICA FADE IN – POWERLESS, NELLY FURTADO]

SAM coloca o violão onde ele pegou e fica lado a lado com o amigo, olhando também a paisagem.

MATT: [Sem olhar para Sam] Ela é muito cara de pau.

SAM: [Sem olhar para Matt] A Anna?

MATT olha para SAM.

MATT: Claro que sim! A Anna…

SAM: Pensei que você não queria falar dela.

MATT: Ela volta, assim do nada, sem avisar e achando a coisa mais normal do mundo. Dizendo que me perdoa! [Ri] Muito cara de pau.

SAM olha para MATT.

SAM: Por que você não dá uma chance pra ela, cara?

MATT: Eu não sinto como se eu a conhecesse mais… acredita que ontem ela foi pra festa do prefeito?

SAM: Sério? E como você sabe disso?

MATT: Eu estava lá…

SAM: Na festa do prefeito?

MATT: Eu tive que ir por causa da Alley. Bom, mas isso não vem ao caso, o mais chocante é que ela estava lá, com o Phill!!!

SAM: [Irônico] Não brinca… Ela estava amarrada ou algo assim?

MATT: Você não entende. A Anna não gostava do Phillip. Na verdade menos que eu!!!

SAM: Entendi, e isso te incomoda?

MATT: O quê?

SAM: De ela ter ido com o Phillip?

MATT: Não. Não… O que me incomoda é o fato de ela não ser mais ela. Como eu posso querer ser amigo de alguém que eu não conheço?

SAM: Então você quer ser amigo dela?

MATT passa a mão na cabeça.

 

CENA 19 – INT. CASA DOS MACKENZIE – QUARTO DE ANNA – TARDE

ANNA: Eu voltei pra Tulsa, deixei tudo o que eu construí para trás, mas as coisas não foram como eu imaginei que seriam.

MEL: Você se arrepende de ter voltado?

ANNA: De modo algum. A gente cresce e aprende a encarar as coisas de uma forma mais realista. Quer dizer, não importa pra onde eu vá, todas essas perguntas estarão comigo, certo?

MEL: Você tinha muitos amigos no Brasil?

ANNA: Não. Depois do que eu passei aqui eu jurei que nunca mais me prenderia tanto a um lugar, e foi assim por alguns anos. Aí eu vi que eu não poderia me isolar para sempre, e as coisas rolaram de uma forma mais natural.

MEL: Você quer que eu fale com o Matt sobre isso?

ANNA: Não! Não… ele provavelmente me odiaria e odiaria você também. O Matt sempre foi muito orgulhoso, pelo o que lembro dele. Apesar de que o Matt que eu encontrei quando voltei do Brasil é praticamente outra pessoa. Ele mudou muito. O Matt que eu deixei aqui, não existe mais.

MEL: É… ele mudou mais ainda depois que começou a sair com aquela maluca.

ANNA sorri.

ANNA: Por que você odeia tanto a Alexia? Quero dizer, ela é chata, se acha a melhor coisa do mundo, adora humilhar os outros, mas não passa da criatura mais óbvia da qual já conheci!

MEL: Eu não gosto dela por que… eu não gosto oras! Por esses motivos que você falou e mais alguns.

ANNA: É por causa do Matthew? Por que ela o tirou de você?

MEL: Como assim?

Anna: Depois que ele começou a namorar ela, ele deve ter se distanciado um pouco.

Mel: Ah, é. Isso é verdade. [Disfarça] É por isso que eu não gosto dela.

MELISSA caminha até a janela.

 

CENA 20 – INT. CASA DOS GRAHAM – QUARTO DE MATT

SAM: Você quer que eu converse com a Anna sobre isso?

MATT: Claro que não. Não! Não…

SAM: Você é orgulhoso demais pra isso.

MATT: Isso mesmo.

SAM: Bom, se precisar de algo. É só falar.

MATT: Eu sei.

SAM: Matt. Talvez você devesse conhecer essa nova Anna.

 

CENA 21 – INT. CASA DOS MACKENZIE – QUARTO DE ANNA – TARDE

MEL: Olha, apesar de tudo, talvez você devesse conhecer esse novo e “hipnotizado” Matt.

ANNA: Talvez.

[MÚSICA FADE OUT]

 

CENA 22- INT. PREFEITURA – NOITE

LOU está sentada em uma sala bastante sofisticada. A mulher cruza as pernas e olha para o relógio. Ela se levanta e vai até o gabinete de uma mulher morena com um crachá.

LOU: Margie, meu amor. Eu estou aqui há horas. Eu juro que se eu ficar sentada ali mais alguns minutos e começarei a dar frutos, e os frutos vão cair no chão e apodrecer, e ai os bichos vão entrar para comer os frutos podres e tenho certeza que isso não vai ser uma boa cena para se assistir.

MARGIE não dá atenção para o que LOU fala e continua a fazer suas tarefas.

LOU: E aí, não satisfeitos com os frutos do chão, os bichos vão começar a fazer ninhos e abrigos em cima de mim, quem sabe a Comissão de Preservação da Sequóia não entra aqui pra me ajudar?

O telefone de MARGIE toca.

MARGIE: Sim, senhor. [Olha para Lou] Você pode entrar!

LOU: Muito obrigada!

 

CENA 23 – EXT. CAMPO DA ESCOLA – NOITE

Há uma certa movimentação de carros e pessoas no local.

 

CENA 24 – INT. ESTÁDIO – VESTIÁRIO

O vestiário está vazio. MATT está sentado em um banco e sua está de cabeça baixa. O garoto respira fundo expressando um sinal de concentração. ALEXIA se aproxima devagar. Ela surpreende seu namorado com um beijo na bochecha.

MATT: Alley! Você está maluca? Alguém pode te ver aqui!

ALEXIA: Mas você acha que eu não iria te dar um beijo antes do jogo?

MATT: É. Realmente você é maluca.

ALEXIA beija o garoto.

ALEXIA: Hoje depois do jogo eu quero te compensar por ontem.

MATT: Você vai me deixar desconcentrado.

MATT beija a garota.

MATT: Alley, o pessoal combinou de ir ao Red’s depois do jogo. Mas se você quiser, a gente vai pra outro lugar.

ALEXIA: É claro que podemos ir pro Red’s, Matt.

MATT: [Desconfiado] Você tem certeza?

ALEXIA sorri e beija seu namorado

ALEXIA: Sim. Te vejo mais tarde! Bom jogo!

A garota pula e levanta os braços balançando os pompons. MATT sorri e a observa sair do local. A expressão tensa do garoto volta a tomar conta do seu semblante.

 

CENA 25 – INT. PREFEITURA – SALA DO PREFEITO

WILSON: Louise Graham! O que te trás aqui?

LOU: Não seja cínico! Você sabe muito bem o que eu vim fazer aqui!

WILSON DANES olha para o relógio.

WILSON: É assim que você me trata depois de concordar em te atender fora do meu horário de trabalho. Louise, Louise, algumas coisas nunca mudam.

LOU: A Margie disse que você me atenderia as cinco, e já são quase sete horas da noite! Ontem você fez a mesma coisa, me deixou esperando horas e não me atendeu. Por acaso isso é pessoal?

WILSON: Desculpa, mas eu tive alguns negócios para resolver.

 

CENA 26 – EXT. CAMPO DE FUTEBOL – NOITE

Os times se aquecem no campo. As líderes de torcida cantam alguns hinos e animam as pessoas que já estavam por lá. Algumas faixas e cartazes saúdam as escolas: Will Rogers x Memorial Tulsa. ANNA e MEL já estavam sentadas quando SAM chega com 3 copos de refrigerante na mão. As garotas ajudam o amigo. PHILLIP e SCOTT estão se aquecendo no campo quando o filho do prefeito percebe que ANNA estava na arquibancada. Ele acena para a garota que acena de volta. SCOTT cai no riso e balança a cabeça.

SCOTT: Você não presta.

PHILL: Eu não disse que ela apareceria?

Os dois riem. O juiz entra no campo. As torcidas se levantam e começam a gritar. Os mascotes se apresentam. O jogo vai começar.

 

CENA 27 – INT. PREFEITURA – SALA DO PREFEITO – NOITE

LOU olha para o relógio.

LOU: São quatro meses de queda na produção. Daqui a pouco eu não vou poder pagar os funcionários.

WILSON: O que eu posso fazer por você?

LOU: Você sabe!

WILSON: Eu não posso deixar você pagar impostos como pequena propriedade, Lou! Depois que você comprou aqueles lotes a sua fazenda virou média propriedade, e você sabia disso. Você sabe disso, não sabe?

LOU: Claro que sei! Mas você nunca se importou com isso. Agora que é ano de eleição, você vem com essa de tamanho de propriedade. Eu dava lucro, a cidade ganhava com isso!

WILSON: Você quer que eu haja contra a lei, Louise?

LOU arregala os olhos com raiva.

LOU: Eu quero uma solução. Do jeito que estamos não vai dar pra continuar. Eu faço parte de uma maioria nessa cidade, meus colegas também não estão gostando dessa sua política, você está levando a cidade para um buraco!

WILSON: Os impostos fazem da cidade um lugar mais forte.

LOU: Quer saber de uma coisa? Eu não vou votar em você mesmo!

WILSON: Isso quer dizer que será o fim das nossas negociações?

O prefeito olha para LOU com um jeito insinuante.

LOU: Você se atreva a chegar perto de mim!

Ele rir.

WILSON: Eu não faria isso.

A mulher coloca sua bolsa no ombro e prEprara-se para deixar o local.

WILSON: Louise!

LOU para e vira-se e encara o prefeito.

WILSON: Há uma solução. Você pode vender a fazenda pra prefeitura.

LOU: Eu nunca vou vender a fazenda para você, Wilson.

LOU abre a porta e vai embora. O Prefeito fica observando até ela sair do local.

 

CENA 28 – EXT. CAMPO DE FUTEBOL – NOITE

A torcida adversária grita. Gol do Memorial Tulsa. O placar marca agora 2 a 2. O jogo estava empatado. SCOTT leva a mão a cabeça e xinga o time adversário. SAM aproveita que seu lado da arquibancada ficou quieto para descer até o alambrado. Ele fica olhando para REBECCA que estava apenas a alguns metros dele.

ANNA: O que ele está fazendo?

MEL: Agora é a hora em que o Sam fica babando pela vice-líder do esquadrão pompom.

ANNA: A Rebecca?

MEL: Isso.

ANNA: E isso é normal?

MEL: Ah, é.

MELISSA volta a prestar atenção ao jogo. MATT olha pra arquibancada, ele parece procurar por alguém.

CARTER: [Grita] Se concentra Graham!

MATt olha para os lado e corre atrás da bola.

 

CENA 29 – EXT. ESTRADA – NOITE

LOU dirige seu carro em alta velocidade. Ela olha para o relógio, parece extremante aborrecida. Ela buzina contra um carro que estava a sua frente. O carro andava devagar e ela tenta ultrapassar sem sucesso. Ela buzina novamente. O carro sinaliza para ela passar. A mulher olha novamente para o relógio.

 

CENA 30 – EXT. CAMPO DE FUTEBOL – NOITE

LOU passa entre os torcedores apressada.

LOU: Licença, oh, me desculpe, licença.

LOU vê MELISSA e tenta chegar até a amiga do seu sobrinho.

MEL: Oi, Louise.

A mulher senta-se do lado da ruiva. ANNA sorri.

LOU: O que eu perdi?

MEL: Estamos empatados. O Matt fez um gol. O camisa 6 do Rogers passou mal. E o treinador do outro time continua um gato.

LOU: Anotado.

ANNA olha para LOU, que estava ainda ofegante e descabelada.

ANNA: Oi, Lou.

LOU: Oi.

Ela olha para a garota como se estivesse tentando reconhecer.

ANNA: Sou eu, a Anna.

LOU fica boquiaberta. Nem consegue disfarçar a surpresa. A mulher sorri um pouco “desconcertada” e a cumprimenta.

LOU: Eu soube que tinham voltado. [Sorri] Você está muito diferente.

O locutor chama atenção para o fim do jogo. 44 minutos do segundo tempo. 2 a 2. O barulho é ensurdecedor, a multidão, maioria vestida com as cores dos Rogers, branca e azul, grita entusiasmada. A bola estava com MATT, e o garoto está cara a cara com o goleiro. Ele pAra de correr, parece hesitar por alguns instantes. Todos estão à espera de uma decisão. MATT está com a bola, e está pronto para chutar ao gol.

[CÂMERA LENTA]

[MÚSICA FADE IN – SOMETHING THAT I NEVER HAD, LINDSAY LOHAN]

ANNA cruza os dedos. MELISSA fecha os olhos e abraça LOU. SAM grita. ALEXIA e REBECCA parecem apreensivas, a espera do ultimo movimento. MATT respira mais uma vez e chuta. O locutor grita “gol” junto com toda a torcida local. O jogo havia acabado e os Rogers eram vencedores.

[CÂMERA NORMAL]

ALEXIA joga seus pompons para cima e corre para os braços de MATT. O garoto ainda estava parado, anestesiado, em transe. Ele sente que alguém o abraçara e olha para baixo. ALEXIA o beija apaixonadamente. A garota pula em cima dele, e os dois caem no chão rindo. O casal nem percebe quando o campo é invadido. Alguns jogadores são suspensos no ar. A festa está feita. MELISSA olha para MATT e ALEXIA com tristeza. ANNA pega o braço da amiga e a puxa para o campo. Todos estão comemorando. Alguns fogos de artifício estouram no céu. LOU olha para cima espantada.

LOU: [Para um homem que estava a seu lado] Nossa mãe! Precisava desse exagero todo?? Isso é apenas um jogo entre escolas.

O homem olha esquisito para a fazendeira, e ela volta a observar a cena festiva que acontecia no campo. SAMUEL corre até MELISSA e os dois começam a pular. ANNA sorri vendo a cena dos amigos e é surpreendida quando alguém a abraça e a gira no ar.

PHILL: [Grita] Nós ganhamos!

ANNA: Me solta! Me solta.

MATT e ALEXIA se levantam e o garoto vê seu cunhado abraçado com Anna. Sua visão é interrompida quando alguns de seus colegas de time o suspendem no ar.

ANNA: Você enlouqueceu?

PHILL coloca ANNA no chão.

PHILL: Desculpa, foi o calor da vitória. [Ri]

PHILL corre para comemorar com os amigos. LOU desce ao campo com as sandálias de salto alto na mão. A mulher sorrir ao encontrar com o sobrinho, MATT abraça forte a tia.

MATT: Que bom que você está aqui!

O treinador JAMES CARTER se aproximo dos dois.

CARTER: Parabéns, Matt. Foi um jogo e tanto.

LOU olha para o treinador e sorri timidamente.

LOU: Oi, James.

CARTER: Oi, Lou.

MATT olha para os dois.

[MÚSICA FADE OUT]

A imagem vai se distanciando.

 

CENA 31 – INT. RED’S – NOITE

A lanchonete está lotada. Em uma das mesas perto da janela se concentram algumas pessoas do time. MELISSA observa tudo de trás do balcão. SAM chega ao lado da garota repentinamente.

SAM: De alguma maneira eu me sinto menor agora.

MEL: Pára de besteira, Sam! Você é muito melhor que uma dúzia deles.

ALEXIA se aproxima do balcão e olha pra MEL com desdém.

ALEXIA: Eu estou esperando meu milkshake há 30 minutos. Será que você poderia agilizar isso pra mim?

MEL: Você deveria considerar isso um favor. Já imaginou quantas calorias tem um milkshake? Ele passa pela sua garganta e cai direto na sua bunda!

ALEXIA encara MELISSA, calma e cínica.

ALEXIA: Você deveria relaxar mais, Mel. Será que nem a vitória do seu amigo tira esse seu mau humor constante?

SAM aparece com um milkshake, e o dá para ALEXIA.

ALEXIA: Obrigada, Tim.

SAM: É Sam.

ALEXIA: Que seja.

ALEXIA volta para a mesa onde estava, e senta no colo de MATT. MEL olha sério para SAM.

MEL: Você não tinha nada que ter feito isso.

MATT acena para os dois amigos, que acenam de volta, mas permanecem no mesmo lugar.

ALEXIA: Eu sabia que seria um grande jogo.

A garota beija o namorado, e fica de olhos abertos, encarando MELISSA, que sai do local rapidamente. BECKY, que está sentada ao lado do casal, fica olhando para SAM, que está limpando o balcão.

 

CENA 32 – EXT. CASA DOS MACKENZIE – NOITE

PHILL: Eu disse que seria divertido.

ANNA: É, você tem razão.

Os dois param em frente a porta da casa da garota.

PHILL: Pronto, você está entregue.

ANNA sorri.

ANNA: Obrigada, Phill.

PHILL: Eu não vou ganhar nenhum beijo pela vitória?

ANNA olha desconfiada.

PHILL: Brincadeira. Até mais.

ANNA dá “tchau” no ar, e entra em casa. PHILLIP sorri misteriosamente.

 

[TELA PRETA]

 

ELENCO
Jonathan Bennett como Matthew Graham
Natalie Portman como Anna Mackenzie
Mena Suvari como Rebecca Sawyer
Lindsay Lohan como Melissa Baker
Austin O´Brian como Scott Sawyer
Joseph Gordon-Levitt como Samuel Wood
Kate Bosworth como Alexia Danes
Brad Renfro como Phillip Danes
Marisa Tomei como Lou Graham

ATORES CONVIDADOS
Alley Walker como Christina Albright
John Wesley Shipp como James Carter
Paula Cale como Katherine Mackenzie
Todd Field como Wilson Danes

MÚSICA TEMA
Promises, Lillix

TRILHA SONORA
Turn, Travis.
Lost Without Each Other, Hanson.
Powerless, Nelly Furtado.
Something I Never Had, Lindsay Lohan.

ESCRITO POR
Clara Lima
Sarah Lima

DIRIGIDO POR
Clara Lima

GRÁFICOS POR
Clara Lima

CRIADO POR
Clara Lima
Sarah Lima

AGRADECIMENTOS
Thales Cohen.

DISTRIBUIDO POR
TVSN

® 2004-2006.

 

Série Virtual – Outsiders – Realise This


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Série: Outsiders
Episódio:
Realise This
Temporada:

Número do Episódio:
1×04

 

CENA 1 – INT. MANSÃO – NOITE

A câmera mostra EHLIOS andando pela casa escura. Mostra-o olhando alguns quadros e objetos de decoração e fazendo cara de nojo.

EHLIOS: Eww… Arte clássica…

A CÂMERA gira e mostra o ponto de vista de EHLIOS, foco na mesa da cozinha. Vemos muitos papéis em cima dela e um tubo verde de batatas. A expressão de EHLIOS se ilumina.

EHLIOS: Pringles!

EHLIOS se senta numa das cadeiras e sem querer ele derruba alguns papéis no chão. A câmera dá um close no papel e vemos que é uma planta de um local. Mais um close no topo do papel onde está escrito: SANATÓRIO CHARETON.

EHLIOS: [irônico] Até que enfim eles resolveram dar um jeito na Cathleen.

EHLIOS dobra as plantas e papéis várias vezes e coloca de baixo do braço. Ele começa a sair da casa. Quando chega à sala ele pára de repente e olha em volta. Shot da sala onde vemos uma TV enorme, stéreo enorme, DVD, VHS, Home Theater e alguns outros eletrônicos que EHLIOS desconhece.

EHLIOS: [sorriso malicioso] Vamos ver como os riquinhos se viram sem TV…

EHLIOS passa sua mão intangível através da TV e vemos faíscas e fumaça começar a sair do aparelho.

EHLIOS: … sem DVD…

Ele faz o mesmo com o aparelho de DVD.

EHLIOS: … sem som…

Dessa vez vemos o stÉreo queimar sob o toque de EHLIOS. Ele olha para mais um aparelho.

EHLIOS: [curioso]… e sem essa coisa de rico que eu nunca vi na vida.

EHLIOS passa a mão através do aparelho e de repente o alarme da casa começa a tocar. As luzes da casa piscam incessantemente. O garoto flexiona os joelhos e olha para todos os lados, assustado.

EHLIOS: [nervoso] Eu não acredito que vou ser preso por causa de um maldito Pringles!

EHLIOS sai correndo e atravessa a porta da casa saindo. O garoto se esconde ainda mais sob seu boné e sua capa preta e sai correndo desesperado pela rua.

[MÚSICA TEMA – LATE GREAT PLANET EARTH, PLUM]

 

CENA 2 – VEÍCULO EM MOVIMENTO – NOITE

JULIA no volante percebe um alarme em seu bip. Ela faz um movimento no volante e o gira no asfalto parando perfeitamente no acostamento.

CATHLEEN: [pálida de medo] Você tá doida?

JULIA não responde.

JOEY: O que houve?

JULIA: A mansão.

CATHLEEN: O que?

JULIA: O alarme da mansão disparou.

CATHLEEN: [nervosa] Então temos que voltar!

JULIA: Eu tenho. Vocês têm uma missão para ser cumprida.

JOEY: Mas–

JULIA: Não! O homem que vocês irão resgatar será transferido amanhã. É agora ou nunca!

CATHLEEN: Ok, mas… como vamos resgatar alguém que a gente nunca viu antes?

JULIA puxa um envelope de uma bolsa negra e dentro dele pega uma foto e dá para CATHLEEN.

CATHLEEN: [maliciosa] Humm… Agora entendo toda sua motivação pra resgatá-lo.

JULIA: [rola os olhos] Okay, os dois pra fora.

CATHLEEN: Como é que é? Sair?

JOEY: Acho que foi isso mesmo.

JULIA: Eu tenho que voltar, e além do mais, não há nada com o que se preocuparem. É um manicômio, só tem doido lá. O que pode acontecer com vocês lá dentro?

JOEY: A Cathleen pode se enturmar?

CATHLEEN: Você anda passando muito tempo com o cretino do Ehlios.

JOEY lança um sorriso forçado para CATHLEEN.

JULIA: Vamos pessoal, agilizando, até onde sabemos há alguém na mansão nesse momento! Peguem o equipamento e continuem por essa estrada. Pouco mais de uma milha e vocês chegarão ao Charenton.

JOEY e CATHLEEN pegam o equipamento e descem do carro.

JOEY: [aproximando-se da janela] Mas Julia… e a comunicação constante…

O carro dispara cantando pneu e deixando JOEY e CATHLEEN cobertos pela poeira. Os dois se olham intrigados.

 

CENA 3 – EXT. THE ALLEY – NOITE

Erick para na frente do The Alley. Vemos muitos carros na entrada da lanchonete.

ERICK: Só pode ser aqui.

Erick entra no local.

 

CENA 4 – INT. THE ALLEY – NOITE

A lanchonete está lotada e vemos ZACK, KENNEDY e mais um garoto andando rapidamente de um lado para o outro, tentando atender aos pedidos. Erick olha para os lados procurando um lugar para sentar, mas parece não haver opções. Uma pessoa tromba nele por trás. Barulho de copos quebrando. Erick vira-se assustado e vemos Kennedy no chão catando cacos de dois copos.

KENNEDY: [nervosa] Droga!

ERICK: [abaixando para ajudá-la] Foi mal. Eu não te vi.

KENNEDY: Não tem problema. Eu tava distraída.

KENNEDY finalmente olha para o garoto.

KENNEDY: Hey, você não é o primo da Srta. Liefield?

ERICK: [confuso] Primo? [tentando disfarçar] Ah, claro. Sou primo da Julia.

KENNEDY: Achei que vocês estivessem no hospital. A Cathy falou que algum parente da Julia tava mal e depois de tanto açúcar eu achei que tinha sido você.

ERICK: [ri brevemente] Não. É um parente da Julia sim, mas… hum… é do outro lado da família. Parente só dela. Eles tiveram que sair apressados e achei melhor não atrapalhar. A Cathy falou que eu podia ficar aqui.

KENNEDY: Claro… sem problemas.

ZACK passa apressado pelos dois com uma bandeja lotada.

ZACK: Kennedy. Mexa-se!

KENNEDY: [contemplativa] Sabe, o Zack era tão gentil no começo da noite. Depois começou a aparecer tanta gente entre nós que ele simplesmente mudou.

ERICK sorri.

KENNEDY: Você vai comer alguma coi– Ok, pergunta errada. O que você quer que eu traga pra você comer?

ERICK: Acho que eu vou querer uns dois pedaços daquela torta de chocolate ali. Três bolas de sorvete com calda quente e… café.

KENNEDY: [indo para trás do balcão] Café? [irônica] Ótima combinação de escolhas.

KENNEDY joga os cacos fora e vira para um cara que estava sentado num banco do balcão.

KENNEDY: [abanando a mão] Sai, sai, sai.

O homem parece assustado, mas se levanta do banco. ERICK se aproxima para sentar, rindo.

ERICK: O que eu posso dizer? Já testei praticamente todas as combinações existentes de comida e acredite quando eu digo que sorvete e café… combinam mesmo.

KENNEDY entrega um prato com os dois pedaços de torta para ERICK e vai até a cafeteira.

KENNEDY: Ok, então… energizando superpoder Gilmore.

A garota aperta um botão na cafeteira e após alguns segundos ela franze o cenho.

Aperta o botão de novo.

KENNEDY: [irritada] O que aconteceu com essa coisa agora?

KENNEDY começa a apertar todos os botões da máquina de café soltando alguns grunhidos de irritação. ERICK olha para ela assustado.

KENNEDY: [gritando e apertando todos os botões] Ah, mas você vai funcionar sua lata velha! Eu já to cansada disso tudo e não preciso de mais um eletrônico empacado pra completar minha noite!

Algumas pessoas olham para KENNEDY atacando a cafeteira.  A garota dá um último soco no aparelho e ouvimos um zumbido seguido de faíscas que saem da máquina. As luzes da lanchonete começam a oscilar até que tudo se apaga num baque surdo.

O The Alley todo entra em silêncio. E a tela está em total escuridão.

ERICK: Eu nem queria o café tanto assim mesmo.

 

CENA 5 – INT. THE ALLEY – NOITE

Zack está nos fundos da lanchonete mexendo em alguns armários. Ele retira algumas velas e começa ir pra frente do The Alley novamente, mas EHLIOS, vestido com um casaco negro, entra desesperado pela porta dos fundos. ZACK olha para ele, intrigado.

ZACK: Ehlios? Você e a Sociedade do Anel de Naranda foram assistir mais uma seção de Matrix?

EHLIOS: [olhando para trás] O quê? Não!

ZACK: O que você tá procurando?

EHLIOS: [nervoso] Nada! [olhando em volta] O que houve com a luz?

ZACK: A Kennedy aconteceu.

EHLIOS parece não prestar muita atenção, olhando a todo momento pelo pequeno vidro da porta.

ZACK: O que houve?

EHLIOS: A gente tem que ir pro manicômio urgentemente!

Zack franze a testa e olha para EHLIOS com uma cara de pena.

ZACK: O quê?

EHLIOS: A Equipe Rocket está a caminho do Chareton em Santa Cruz e eu quero saber o que tem lá!

ZACK: Bem, aparentemente vários de seus amigos.

EHLIOS encara Zack com um olhar de tédio.

ZACK: E quer saber? [levanta as velas] Eu tô ocupado e… [incerto] não me interessa o que a Cathy tá fazendo.

EHLIOS: [entre os dentes] Cathy?! [irritado] Desde quando Cathleen virou Cathy pra você?

ZACK olha para ele sem saber o que responder por alguns momentos.

ZACK: [rolando os olhos] Eu não sou o seu Frodo.

EHLIOS encara ZACK com um olhar cortante.

EHLIOS: [entre os dentes] Será que dá pra gente ir?

ZACK: Ehlios, olha essa situação, cara. Você chega no meio do meu turno de trabalho, de capa negra, me chamando para ir à um manicômio, por seja lá que razão. Eu seria idiota de concordar com algo do gênero.

EHLIOS: Eu duvido que você não tá interessado em saber o que eles estão aprontando?

ZACK: [incerto] Não…

EHLIOS: [com um sorriso diabólico] Eu duvido.

 

CENA 6 – INT. THE ALLEY – NOITE

A câmera focaliza KENNEDY e ERICK conversando à luz de velas. De repente um grito se ouve na escuridão.

VOZ MASCULINA: Tá pronto!

Ouve-se um estalo alto. E a luz  retorna ao estabelecimento. A garota sorri para ERICK e vai até a cozinha.

KENNEDY: [grita] Zack! A energia voltou!

Silêncio.

KENNEDY: Zack?

 

CENA 7 – ESTRADA – NOITE

CATHLEEN e JOEY andam pelo asfalto quando vemos ao longe algumas luzes.

CATHLEEN: [olhando para as luzes do manicômio] Hora da festa. [pra Joey] Pronto?

JOEY: [respira fundo] Pronto.

CATHLEEN tira sua jaqueta de couro preta revelando uma blusa verde. A garota então coloca a mochila nas costas, parecendo assim mais casual. JOEY se esconde atrás de alguns arbustos na margem da estrada e CATHLEEN continua andando até chegar a uma guarita de vigilância ao lado da entrada do manicômio.

Vemos que dentro da guarita há apenas um segurança já de idade. CATHLEEN sacode os cabelos e sorri para o velho. Ele sorri de volta e aproxima-se da janela da guarita.

CATHLEEN: Boa noite. Eu estou com um pequeno probleminha. Tive uma briga com meu namorado e ele me deixou no meio da estrada. Tem como você me deixar usar seu telefone.

CATHLEEN sorri e pisca os olhos algumas vezes. O guarda estufa o peito e também sorri.

GUARDA: [voz grossa] Claro. Pode entrar, querida.

Ele abre a guarita e Cathleen entra.

CATHLEEN: [tocando o peito do segurança enquanto entra] Muito obrigada, Sr. … [olha no crachá] Riney. O senhor é um amor.

CATHLEEN aperta de leve a bochecha do homem e entra. RINEY arregala os olhos e sorri mais ainda.

RINEY: O telefone está bem aqui, senhorita.

O segurança pega o telefone e passa para CATHLEEN. A garota se encosta sobre a janela ocultando-a da visão do segurança. Vemos ao fundo da cena JOEY passando encurvado e todo vestido de preto pela guarita do manicômio. A garota digita alguns números. O homem senta-se na cadeira a frente de CATHLEEN de modo que não podia mais ver nada do lado de fora da guarita.

A câmera mostra a visão do guarda e passeia do rosto de CATHLEEN lentamente até seus pés.

CATHLEEN: [fingindo chorar] Meredith?? [pausa] Você não vai acreditar o que o Roger fez comigo! [pausa] Ele me expulsou do carro no meio da estrada! [chorando ainda mais] Eu sei, eu sei que devia ter escutado, mas eu gosto dele Mere!

O homem parece continuar encarando as pernas de CATHLEEN.

CATHLEEN: Ele disse que eu era uma vagabunda e que tinha ficado com o Scott. Como ele sabe disso??? Você por acaso– [pausa] Desculpa, desculpa! Eu sei que você nunca contaria nada pra ele. [pausa] Mere, eu não sei o que fazer! [em prantos] Eu tô no meio do nada chamado Nevada e não tenho como ir pra casa! [pausa longa] Porque, por sorte, eu achei uma gracinha de senhor aqui que me deixou usar o telefone dele.

CATHLEEN pisca para ele.

CATHLEEN: [enxugando as lágrimas] Não sei… tem como você vir me buscar?

Pausa longa. CATHLEEN olha incerta para o senhor que desvia rapidamente o olhar para os olhos da garota.

CATHLEEN: [fingindo sussurrar sem graça] Mere, eu não sei se eu posso passar a noite aqui…

O homem arregala os olhos.

 

CENA 8 – EXT. MANICÔMIO CHARETON – NOITE

JOEY esgueira-se e anda rente as paredes. Ele olha através de várias janelas e finalmente acha um quarto vago. O garoto coloca sua mão sobre a janela e uma coloração avermelhada vem seguida de um click. JOEY abre a janela e pula para dentro do quarto.

 

CENA 9 – GUARITA MANICÔMIO CHARETON – NOITE

Dentro da guarita o homem tem toda sua atenção voltada para CATHLEEN e não percebe logo atrás de si, JOEY aparecendo em pequenos monitores de vigilância interna.

 

CENA 10 – INT. MANICÔMIO CHARETON – NOITE

JOEY está num quarto que parecia ser uma pequena farmácia. Vemos várias prateleiras com remédios. O garoto abre a mochila e tira cinco frascos brancos. Ele coloca quatro sobre uma mesa e abre o quinto. Close no rótulo dos quatro frascos: ECSTASY.

JOEY vai até uma grande mesa e lá está uma longa maleta de plástico. Em cima dela há um post it: REMÉDIOS NOITE. Joey abre a maleta de plástico onde vemos vários compartimentos pequenos com pílulas de cores diferentes e nomes de pacientes sobre cada um dos compartimentos. JOEY começa a esvaziar a maleta e enchê-la com os comprimidos de ecstasy.

Tela preta.

SARAH [Voice Over]: Nem pensar!

 

CENA 11 – RANCHO JONES – NOITE

Sarah, Ehlios e Zack estão na cozinha da casa.

EHLIOS: Mas, Sarah–

SARAH: O que te deu na cabeça? Você não podia invadir a mansão assim!

EHLIOS: [irritado] É uma mansão Sarah! Está designada a isso!

ZACK e SARAH reviram os olhos.

EHLIOS: Qualé gente! Eu fiz um favor! Aqueles três estão claramente por trás de alguma coisa e você tá simplesmente ignorando isso!

SARAH: Eu não me importo.

EHLIOS: Eu não tô te entendendo, Sarah. Você corre o mundo todo atrás de outros como a gente e nem sequer se interessa por esses aqui em Naranda? E não são apenas três comuns. A gente tá falando de três pessoas que saem por aí fuçando bases militares e que estão com metade dos desenhos que deveriam ser nossos! Até o Zack concorda comigo!

SARAH olha para ZACK e o garoto fica meio envergonhado.

ZACK: Ele tem um argumento.

SARAH solta um grunhido de frustração.

SARAH: Isso não está aberto à debate, Ehlios. O que eles fazem não nos diz respeito. Você não vai à canto nenhum e isso é definitivo. Vá para o seu quarto.

EHLIOS sai a passos pesados.

 

CENA 12 – MANSÃO – NOITE

Shot da porta de entrada da casa. Ela se abre lentamente e vemos JULIA entrar devagar com uma arma em punho. A mulher anda atentamente por toda a sala de estar da casa e finalmente entra na cozinha com um movimento rápido. Ela então volta a analisar a cozinha quando tropeça em algo e cai de repente saindo do foco da câmera.

JULIA: Ai!!!

JULIA olha para o chão e vê que tropeçou em um tubo verde de Pringles…

JULIA: [mão na cabeça] Mas que diab–

 

CENA 13 – INT RANCHO JONES – NOITE

ZACK para numa porta e bate na mesma.

ZACK: Ehlios! Sou eu o Zack. Vamos conversar.

O garoto bate mais uma vez na porta e a mesma se abre.  A câmera da uma tomada do quarto vazio.

 

CENA 14 – INT RANCHO JONES – NOITE

ZACK entra apressado na cozinha.

ZACK: Sarah você viu o Ehlios?

SARAH: Não, eu não o vi.

Em cena uma melodia enjoativa de sinos ecoa do quintal para cozinha do rancho onde ZACK e SARAH estavam.

SARAH: [surpresa] Não! Eu não posso acreditar que ele ta fazendo isso!

ZACK: Ele tá fugindo com o carrinho de sorvete!

 

CENA 15 – INT. THE ALLEY- NOITE

KENNEDY e ERICK estão sentados numa mesa, o estabelecimento esta quase vazio.

KENNEDY: [espantada] Como você come!

ERICK: [com a boca cheia] Hãn?

KENNEDY: Sinceramente, Erick. Eu não sei como puxar papo com você. Então [suspirando] continue comendo.

ERICK: [parando de comer] Ok. O que você quer saber?

KENNEDY: [fingindo indignação] Eu? Por quê, você acha isso?

ERICK: [sorrindo] Eu só… percebi.

KENNEDY: [empolgada] Me fale de sua vida no Canadá! É verdade que você era dublê de uma série por lá?

De repente, um efeito visual no formato de um relâmpago passa por trás da cabeça de ERICK.

KENNEDY: [séria] O que houve? Você parece pálido.

ERICK: Tem alguém mal intencionado aqui.

ERICK olha para os lados.

KENNEDY: Se você tá falando da gordinha sentada na mesa do fundo, o Zack me disse que ela sempre vem aqui para fugir da dieta que o marido dela obriga-a fazer.

ERICK: Não é isso! [encara a entrada da lanchonete] Olhe aqueles caras que estão entrando.

A câmera mostra três homens entrando no The Alley, um deles aparentando ser o líder ascende um cigarro.

HOMEM 1: Isso é um assalto! Ninguém se mexe!

Algumas pessoas começam a sair correndo de seus lugares histéricas e em pânico.

HOMEM 1:  [disparando um tiro pra cima] Eu disse… ninguém se mexe!

KENNEDY: [para si mesma] Belo dia pra dar uma de boa samaritana com a Cathy, Kay.

ERICK: [levantando-se] Com licença, senhor.

O homem olha pra ele surpreendido pela manifestação.

HOMEM 1: [irritado] O quê?

KENNEDY: [sussurrando para Erick] O que você pensa que tá fazendo?

ERICK: Por que em todo assalto sempre tem um babaca fã de Quentin Tarantino, que ascende um cigarrinho e adora contar seus planos?

KENNEDY: [levantando-se e apontando para Erick] Eu não o conheço!

HOMEM 1: [irônico] Pelo visto você quer ser o herói da vez, certo? Então vamos ver do que você é feito. [para os outros comparsas] Peguem eles!

ERICK se coloca na frente de KENEDDY que pega uma bandeja e a acerta na cabeça de um dos homens repetidas vezes, gritando. A câmera começa  congelar o movimento da cena, mostrando ERICK aplicando vários golpes giratórios nos assaltantes. ERICK derruba os dois comparsas e KENNEDY, que golpeava o homem agora caído, de olhos fechados, ainda golpeia o ar gritando. A garota abre os olhos percebendo que seu atacante estava no chão e sorri, vitoriosa.

ERICK: Isso é tudo o que vocês podem fazer?

HOMEM 1: Não. [apontando uma arma] Tem mais isso.

Um tiro se ouve em cena.


CENA 16 – INT GUARITA CHARETON – NOITE

CATHLEEN está na guarita com o vigia.

CATHLEEN: [choramingando] Obrigada, Senhor Riney. Eu nem sei o que seria de mim sem a sua ajuda.

RINEY: Que é isso, minha filha!

CATHLEEN: [abraçando-o] Não! O senhor foi um anjo para mim.

O homem parece meio confuso com o abraço.

A câmera foca CATHLEEN abraçando o homem, e este mesmo começa a se debater, mas a garota continua firmando seus braços ao redor do pescoço de RINEY até que ele caia desacordado ao seus pés.

 

CENA 17 – INT MANICÔMIO CHARETON – NOITE

CATHLEEN caminha por alguns corredores até chegar numa sala que aparentava ser um deposito de limpeza. A câmera foca CATHLEEN abrindo sua mochila e tirando uma roupa de enfermeira de dentro dela.

 

CENA 18 – INT MANICÔMIO CHARETON – NOITE

CATHLEEN, disfarçada como uma enfermeira percorre os corredores do manicômio. Em cena alguns enfermeiros tentam conter alguns pacientes descontrolados. CATHLEEN apressa o passo até que algumas sonoras indistintas são ouvidas e a garota vê JOEY num quarto tentando se livrar de uma senhora que o abraçava.

JOEY: [aflito] Não senhora! Eu não sou o Tyler!

SENHORA: [puxando as calças de Joey] Deixa disso, meu amor! Eu sei que é você Tyler!

JOEY tenta se esquivar da senhora que puxava suas calças e acaba se desequilibrando e caindo no chão. O garoto acaba notando CATHLEEN na porta, rindo da cena.

JOEY: Cathleen, me ajuda aqui!

CATHLEEN: [rindo] Você ta brincando comigo, né? A Julia não me treinou para esse tipo de situação.

JOEY: [irritado] Deixa de ser palhaça! Isso é efeito do ecstasy!

CATHLEEN: [irônica] Você quer dizer que não é realmente amor verdadeiro?

Nesse momento a velhinha consegue rasgar a calça de JOEY, que consegue se levantar.

JOEY: [assustado] Não!

CATHLEEN: [arregalando os olhos] É, já tá na hora de uma intervenção!

CATHLEEN puxa JOEY dos braços da velha e sai correndo com ele pelo corredor, e a senhora nua vai correndo atrás deles.

SENHORA: Não me deixe, Tyler!

 

CENA 19 – INT. THE ALLEY- NOITE

Um tiro se ouve em cena, a câmera congela a imagem detalhando o movimento de propulsão da bala no ar, vai se dissipando mostrando ERICK se esquivando da bala e caindo no chão.

KENNEDY: [aterrorizada] Seu doido! O que você fez?!

Close em ERICK, que num movimento se coloca em pé, com apenas um pequeno corte no rosto.

HOMEM 1: [confuso] Mas, como?

ERICK joga um prato num movimento giratório acertando o revólver do ladrão que a portava. KENNEDY, segurando uma espátula, se aproxima do homem e pega a arma no chão.

ERICK: Joga pra mim!

KENNEDY joga a espátula.

ERICK: [olhando a espátula] O que eu vou fazer com isso?

KENNEDY dá de ombros. Os outros dois homens fogem engatinhando porta afora.

HOMEM 1: [levantando-se] Vocês dois vão me pagar caro!

KENNEDY, confusa com manuseio da arma, a aponta para cima e acidentalmente a mesma dispara. Uma luminária cai em cima do homem que desmaia.

ERICK: [faz uma careta] Ouch!

 

CENA 20 – EXT MANICÔMIO CHARETON – NOITE

CATHLEEN e JOEY estão levando um homem desacordado apoiado em seus ombros.

CATHLEEN: Por que a Julia não nos avisou que o sujeito tava mais morto do que vivo?

JOEY: Pega leve, Cathie! Parece que ele foi torturado.

CATHLEEN: [irônica] E você percebeu isso pelos hematomas?

JOEY: Se uma velha ninfomaníaca tivesse te perseguindo você saberia pelo o que eu estou passando.

CATHLEEN parece não prestar atenção em JOEY.

JOEY: [rola os olhos] E agora estou sendo ignorado.

CATHLEEN: [fazendo sinal de silêncio] Eu acho que estamos sendo seguidos. Joey, leva o cara para o ponto de encontro.

JOEY: O quê? Eu não vou te deixar aqui!

CATHLEEN: [irritada] Joey faz o que eu to mandando! Além do mais você tem mais força para levá-lo do que eu.

JOEY, mesmo contrariado, acaba acatando as ordens de CATHELEEN e leva o homem desacordado para o ponto de encontro. CATHLEEN observa em silêncio o local até que um vulto aparece entre os arbustos.

CATHLEEN: [surpresa] Ehlios?


CENA 21 – ESTRADA DESERTA – NOITE

JULIA, em seu carro, avista JOEY carregando um homem em seus ombros. Ela nota os hematomas do homem.

JULIA: [sussurrando] Oh, meu Deus, Bob. [para Joey] Onde está Cathleen?

JOEY: Ela ficou para trás. Ela tava desconfiada que estávamos sendo seguidos.

JULIA, sem dar muita atenção, acelera o carro em direção ao Chareton.

 

CENA 22 – EXT MANICÔMIO CHARETON – NOITE

CATHLEEN: [surpresa] Ehlios?

EHLIOS sai de trás de alguns arbustos e se coloca na visão de CATHLEEN.

EHLIOS: [irônico] Cathleen.

CATHLEEN: [impaciente e incrédula] Garoto, eu achei que você fosse estúpido, mas nunca pensei que tão preocupante. O que diabos você está fazendo aqui?

EHLIOS: Pergunta errada! O que você ta fazendo aqui?

CATHLEEN se aproxima mais do garoto.

EHLIOS: Não se aproxime mais criatura vil!

CATHLEEN: Eu posso acabar com você daqui, Trekker!

EHLIOS: Eu sou fã de Yamoto, sua idiota!

CATHLEEN continua se aproximar.

EHLIOS: Eu já disse para você se afastar!

CATHLEEN: [provocando] Tá com medo de uma garota, Ehlios?

EHLIOS: Então me mostre seu melhor, garotinha.

CATHLEEN dá um tapa no rosto de Ehlios

EHLIOS: Ai!

EHLIOS dá um chute na canela de CATHLEEN.

CATHLEEN: Seu covarde!

Os dois começam a trocar tapinhas e puxões de cabelos. De repente, entre a mata, JULIA aparece.

JULIA: [incrédula para si mesma] Quando a minha vida se tornou isso?

JULIA coloca as duas mãos nas têmporas e câmera direciona-se para EHLIOS. A câmera fecha um close nos olhos de JULIA, quando uma mão coloca-se nos ombros da mesma, que recua o corpo e olha para trás.

JULIA: [surpresa] Sarah?

SARAH: [séria] Oi, Julia.

CONTINUA…

PRODUÇÃO EXECUTIVA
Samir Zoqh
Luciana Rocha

ELENCO
Keira Knightley como Cathleen
Riley Smith como Joey
Paul Wasilewski como Zack
J. Mack Slaughter como Ehlios
Ashly Lyn Cafagna como Kennedy
Bonnie Somerville como Julia

ELENCO RECORRENTE
Neve Campbell como Sarah

ATORES CONVIDADOS
Daniel Clark como Erick
Victor Webster como Robert Burke

ESCRITO POR
Samir Zoqh

CRIADA E DESENVOLVIDA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha

MÚSICA TEMA
Late Great Planet Earth, Plumb

A HYBRID STUDIOS PRODUCTION

DISTRIBUTED BY TELEVISION SERIES NETWORK
©2005

 

Série Virtual – Outsiders – Realise That


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Série: Outsiders
Episódio:
Realise That
Temporada:

Número do Episódio:
1×03

 

CENA 1 – THE ALLEY – NOITE

[MÚSICA DE FUNDO – Cling And Clatter, Lifehouse]

CATHLEEN raspa a chapa da lanchonete enquanto ZACK, ao seu lado, lava os pratos. Vemos que CATHLEEN está rindo muito, mas a conversa é indistinta pela música. A música vai abaixando lentamente. CATHLEEN está gargalhando e ZACK possui seu costumeiro sorriso discreto no rosto.

ZACK: Ok, daí eu vou pro meu quarto, bato a porta na cara dele e grito que nunca mais vou falar com ele de novo. Mas você sabe como o cara consegue ser chato! Então ele fica batendo na minha porta uns 10 minutos até que desiste e eu finalmente acho que ele se cansou.

CATHLEEN: Ai, Deus. Eu sei que vem besteira por aí.

ZACK: [ri brevemente] Daí eu começo a ouvir esses gritos estranhos do lado de fora do quarto. Uma coisa meio tribal, sei lá.

CATHLEEN: O que ele fez?

ZACK: Ele colocou “Banana Boat Song” no som e apertou repeat.

CATHLEEN: [incrédula] A música do Bettlejuice?

ZACK: É!

CATHLEEN ri compulsivamente.

ZACK: A música tocou por umas três horas sem parar e eu sabia que ele só ia me livrar daquela tortura quando eu saísse do quarto e desculpasse-o.

CATHLEEN puxa por ar.

CATHLEEN: Ok, ok, então você tá me dizendo que o Ehlios tem “Day-O” gravado em cd?

ZACK: Eu não disse isso e negarei até sob tortura se me perguntarem.

CATHLEEN sorri.

CATHLEEN: Já entendi.

CATHLEEN e ZACK trocam um olhar por alguns instantes e CATHLEEN explode em risadas. ZACK também ri.

CATHLEEN: Cara, aquele garoto é completamente doido!

 

CENA 2 – QUARTO DE EHLIOS – NOITE

Close num olho que se abre. Um quarto [visão aberta], EHLIOS está deitado numa cama. Ele se contorce muito.

 

CENA 3 – LOCAL DESCONHECIDO

Tomada filmada de cima. A imagem desce lentamente, revelando uma platéia diante de um palco. Podemos ver EHLIOS e um homem segurando algo nas mãos se aproximar dele. O homem passa um troféu para EHLIOS.

HOMEM: Graças ao seu extraordinário trabalho a academia tem a honra de te entregar esse Oscar.

EHLIOS: [emocionado] Nem eu esperava!

De repente um tumulto se forma atrás das cortinas do palco e um pequeno grupo se aproxima de EHLIOS.

HOMEM1: Lógico que você esperava! Você roubou a minha idéia!

EHLIOS: [gaguejando] James Cameron, eu juro que não copiei seu andróide.

JAMES CAMERON: [revoltado] Foi o que você disse antes de colocá-lo num remake de Titanic!

Um segundo homem de estatura menor se aproxima dos dois.

HOMEM2: [gritando] Isso sem falar que a velhinha no final do filme jogou o meu UM ANEL no oceano!

EHLIOS: [envergonhado] Foi mau Frodo!

FRODO: Por mim tudo bem, mas, quero ver como você vai se explicar para o Gollum.

FRODO aponta para uma criatura que se aproximava.

EHLIOS: [assustado] Gollum! Não!

A criatura se joga em cima de EHLIOS.

GOLLUM: [berrando] Onde ele está? Onde está meu precioso?

EHLIOS tenta proteger seu rosto e num movimento ele tira uma máscara do monstro. A câmera foca a criatura, revelando a face de EHLIOS.

 

CENA 4 – LOCAL DESCONHECIDO

Close em EHLIOS que desperta. O garoto vai se desmaterializando, atravessando respectivamente a cama, o assoalho do segundo andar e uma mesa, batendo a cabeça no chão da cozinha. Ele leva as mãos à cabeça com uma expressão de dor.

EHLIOS: Odeio monstrinhos!

 

[MÚSICA TEMA – LATE GREAT PLANET EARTH, PLUM]

 

Vemos um jipe numa rodovia.

CENA 5 – JIPE EM MOVIMENTO – DIA

[MÚSICA TOCANDO NO RÁDIO – Silver And Cold,  AFI]

ZACK está na direção, SARAH no carona e EHLIOS dorme no banco traseiro.

SARAH: [olha rapidamente para Ehlios] Pelo visto foi um pesadelo e tanto.

ZACK: Eu nem quero imaginar o que fez ele quebrar a waffle maker outra vez.

A câmera da um giro e focaliza EHLIOS acordando.

SARAH: Bom dia de novo, Ehlios. Quando você pretende ficar acordado de vez?

EHLIOS: [sonolento] Quando você me oferecer a pílula vermelha?

SARAH: Pelo menos a pancada que você levou na cabeça não te deixou seqüelas.

EHLIOS boceja.

SARAH: Eu estou começando a ficar preocupada com esses seus pesadelos. Isso pode ser causado por cansaço. Até agora eu não entendi por que, você aceitou trabalhar no carrinho de sorvete, já que você estava trabalhando na locadora?

EHLIOS: [dá de ombros] Sei lá. Dinheiro demais nunca é ruim.

SARAH: Ok. Se você diz.

EHLIOS: [para Zack] Fiquei sabendo que o pescoço da Cathleen, tá pra rolar no The Alley. Confirma?

ZACK: [desanimado] Pior que tá. Acho que dessa semana não passa.

EHLIOS: Ela deve estar se torturando porque disso.

CATHLEEN [Voice Over]: Imagina!

 

CENA 6 – COZINHA – DIA

JOEY: Você não liga de ser demitida?

CATHLEEN: [dando de ombros] E por que eu ligaria? Já consegui o suficiente para pagar os estragos.

CATHLEEN e JOEY estão sentados. A câmera dá um giro e focaliza a porta da cozinha sendo aberta por JLIA que está acompanhada por um jovem.

JULIA: Bom dia. Acordaram cedo hoje, hum?

CATHLEEN: [forçando um sorriso] Bom dia, Julie. Café?

JULIA: Sempre. [olhando para o jovem atrás de si] Entre, Erick.

CATHLEEN: Namorado novo?

ERICK cora com o comentário e JOEY engasga com o que estava bebendo.

JULIA: Não, Cathleen. O Erick vai passar uns dias conosco antes de ir para Los Angeles.

JOEY: A gente vai junto dessa vez?

JULIA: Não. O Erick vai para Hellertech passar por uma bateria de testes.

CATHLEEN: [desanimada] Ah… ele é como a gente… Então, quê que você tem de bom?

ERICK parece não entender a pergunta.

JULIA: Ele tem um dom especial para perceber as coisas.

ERICK esboça um pequeno sorriso para CATHLEEN.

CATHLEEN: O quê? Isso existe?

JOEY: Então é isso? Ele só percebe? Eu também faço isso!

CATHLEEN: Corta essa, Joey! Você mal distingue a direita da esquerda.

JOEY olha para CATHLEEN com cara de tédio.

JULIA: Ele é altamente sensitivo. E como é o primeiro que a gente acha em alguns anos o Ulisses mandou dar uma checada geral nele.

CATHLEEN: Coitado…

ERICK parece nervoso com o comentário.

ERICK: O que eles vão fazer comigo?

JULIA solta um olhar cortante em direção a CATHLEEN.

CATHLEEN: Nada. A galera da Heller é super hospitaleira.

ERICK olha amedrontado para todos no local. JULIA limpa a garganta tentando mudar de assunto.

JULIA: Então, eu tô indo pra Carson City agora. Tenho que resolver algumas coisas na Hellertech antes do Erick aparecer por lá. Já conversei com Fordman e o Erick vai passar o dia com vocês no Naranda High.

CATHLEEN: Você tá indo agora? A gente tem aula em 40 minutos.

JULIA: Hoje vocês terão que pegar o ônibus.

CATHLEEN parece não acreditar no que ouviu.

CATHLEEN: [para Erick] Tá vendo isso? Comparado à Julia, você vai amar o Ulisses.

 

CENA 7 – ARQUIBANCADA DO NARANDA HIGH – DIA

[MÚSICA DE FUNDO – BURN BABY BURN, ASH]

CATHLEEN e KENNEDY estão sentadas no topo da arquibancada de frente para o campo de futebol americano da escola. Um grupo de meninas trajando uniformes de educação física passa correndo em volta do campo.

CATHLEEN: Meu Deus, olha só esses uniformes! Por que os estilistas adoram nos forçar a utilizar esses dispositivos militares? Alguém te que avisar aquelas meninas que já houve a Glasnot!

KENNEDY: [rindo sem entender] Elas ficariam até bem se vestissem roupas com cores alegres. Poderiam ser notadas.

CATHLEEN: Se eu me vestisse como um arco íris até o Stevie Wonder me notaria.

KENNEDY: Então… quem é o cara devorando o chocolate? Desde que a gente desceu do ônibus ele não para de comer. Quando você vai apresentar o gatinho?

Kennedy faz um movimento de cabeça para Erick que sentado no primeiro banco da arquibancada aprecia uma enorme barra de chocolate e observa o treinamento das garotas.

CATHLEEN: O… hum… primo da Julia? Não acho uma boa idéia.

KENNEDY: Por que não?

CATHLEEN: Você acha mesmo que é uma atitude inteligente? Você mal terminou com o Ben e já ta pensando no próximo abate?

KENNEDY: E claro que não! Só o achei bonitinho. E por que ele veio conosco para escola?

CATHLEEN: A Julia precisou viajar a trabalho e como o Joey e eu tivemos estudar ela resolveu que seria legal ele não ficar sozinho em casa. Sobrei de babá.

KENNEDY: Bem, se ele começar a chorar e se sentir só no meio da noite você sabe quem chamar.

KENNEDY sorri e CATHLEEN rola os olhos. Ouvimos o sinal tocar.

CATHLEEN: Você não tinha uma prova nesse horário?

KENNEDY: Infelizmente. [suspira] Você fica aí de babá em aula vaga e eu tenho que agüentar Geometria.

CATHLEEN: Boa sorte.

[MÚSICA FADE OUT]

CATHLEEN sorri para a amiga que retribui e desce a arquibancada. Antes de sair KENNEDY sorri para ERICK que fica sem reação. O garoto sobe os degraus e senta ao lado de CATHLEEN.

CATHLEEN: É melhor você não se empolgar garanhão. Com certeza você já devia saber que ela tava caída por você desde o ônibus.

ERICK: É, mas pelo jeito que ela me encarava até seu eu fosse mentalmente deficiente eu perceberia.

CATHLEEN: Esse poder seu, embora estranho e – convenhamos – muitas vezes inútil, até que deve ser divertido.

[MÚSICA DE FUNDO – BE LIKE THAT, THREE DOORS DOWN]

ERICK: Nem tanto. A maioria das coisas que eu percebo tenho certeza que qualquer outra pessoa também conseguiria. A maior parte das pessoas escolhe não notar algumas coisas óbvias e depois de um tempo isso já passa a ser inconsciente.

CATHLEEN: Isso é ridículo. Por que alguém não iria querer saber que presente vai ganhar de Natal ou a surpresa que o namorado vai fazer no aniversário?

ERICK: As pessoas estão sempre ocupadas demais notando a si próprias. Esse dom que eu tenho apenas prova que nada acontece de repente. Tudo sempre é precedido de muitos sinais. Eu apenas sou mais atento. Pra falar a verdade eu queria não ser.

CATHLEEN: Tá maluco? Você não percebe a vantagem que você tem em tantas coisas?

ERICK: Tá certo que às vezes é legal saber tudo que se passa ao seu redor. Te dá uma sensação boa de poder e controle, mas existem situações que eu preferiria continuar no escuro. Como quando você sabe que seu pai bate na sua mãe todos os dias ou que sua namorada está te traindo. Ou até mesmo quando você sabe antes de alguma pessoa que ela está doente. Acredite quando eu digo que isso não é legal mesmo. As pessoas tendem a ignorar o que é necessário e dar importância demais ao que não é… Eu queria poder ter esse privilégio.

CATHLEEN olha para ele com um misto de pena e admiração. O grupo de garotas uniformizadas passa novamente na frente dos dois. CATHLEEN parece pensativa.

[MÚSICA FADE OUT]

 

CENA 8 – CORREDOR DO NARANDA HIGH – DIA

Vemos alguns jovens entrando em suas respectivas salas e o corredor aparenta estar deserto. A câmera fecha a imagem em EHLIOS se deslocando sorrateiramente do banheiro masculino para a saída principal.

JOEY [Off]: Grynn!

EHLIOS, assustado, se vira

EHLIOS: [sussurrando] Joey?

JOEY: A-ha!

EHLIOS: [arqueando a sobrancelha] A-ha?

JOEY: Você está prestes a fugir do seu compromisso comigo!

EHLIOS: [sussurrando] O quê? Da onde você tirou essa idéia?

JOEY vai contando nos dedos e se aproximando.

JOEY: Vejamos. Você faltou os nossos últimos 5 encontros, você está com uma mochila preparada para mais uma fuga e está falando baixo demais.

EHLIOS: [sussurrando] Eu não to falando baixo demais.

JOEY sorri ironicamente.

EHLIOS: [sussurrando] Olha, eu tenho que ir.

JOEY: Você não vai a lugar algum antes de fazer o meu trabalho de matemática.

EHLIOS apenas ri desafiadoramente e começa a sair.

JOEY: Ok. Acho que a Dra. Miller vai adorar saber de sua cooperação para o meu crescimento intelectual. Se não me engano eu sou o seu primeiro passo para uma expansão social.

EHLIOS: Você ta tentando me chantagear?

JOEY: Eu? Imagina! Você é livre para fazer o que quiser.

JOEY aponta para a porta.

EHLIOS: Então, tchau!

EHLIOS dá o primeiro passo, mas cai de cara no chão. Close nas solas do par de tênis dele grudadas no chão. JOEY joga uma pasta azul ao lado de EHLIOS.

JOEY: …mas eu acredito que seu bom senso irá prevalecer.

JOEY se afasta.

EHLIOS: [entre os dentes] Idiota!

As solas se desgrudam do chão e EHLIOS se levanta. Quando ele vai se virar em direção à saída, ele topa com um homem.

HOMEM: Sr. Grynn, há uma semana eu venho tentando te encontrar.

EHLIOS: [surpreendido] Professor Bueno!

EHLIOS apenas sorri sem graça.

BUENO: Bem, só gostaria de te avisar que estou ansioso para ver o filme que trará para nossa escola o prêmio do festival juvenil de vídeos.

EHLIOS: [forçando um sorriso] Com certeza!

BUENO: Mas, lembre-se que o prazo termina na próxima semana.

BUENO segue para o interior do colégio.

EHLIOS: [desanimado] Como poderia esquecer?

 

CENA 9 – CORREDOR DO NARANDA HIGH – DIA

JULIA se encontra dedilhando velozmente o teclado do seu computador, quando o telefone toca.

JULIA: Alô.

ULISSES: [Voice Over] Bom dia, Julia.

JULIA: Oh… oi, Ulisses.

ULISSES: [Voice Over] Oi. Como estão os garotos?

JULIA: Estão bem… todas as suas funções motoras em ordem e nenhum–

ULISSES: [Voice Over] — Bem, eu não estou te ligando para termos uma conversa social. Então vamos direto ao assunto.

JULIA: [revira os olhos] Ok.

ULISSES: [Voice Over] Eu gostaria saber se você andou, novamente, acessando o banco central de informações da Hellertech, em busca de dados sobre o Protótipo?

JULIA: O que? Do que você tá falando? Sinceramente Heller, eu não acredito que você me ligou para me acusar de algo que eu nem sei do que se trata.

ULISSES: [Voice Over] Julia, não brinque comigo… E os desenhos? Eu gastei muito tempo e dinheiro para montar aquela equipe de extração e desde que você decidiu não trabalhar mais em campo os gastos com agente decentes estão cada vez mais caros.

JULIA abre um pequeno sorriso pelo elogio.

ULISSES: [Voice Over] Depois de todo o esforço que tive para tirar esse desenhos do governo é simplesmente inaceitável que eles tenham sido roubados no dia seguinte.

Ela retira uma chave de um colar por dentro da blusa e com ela abre a ultima gaveta da mesa onde estava. JULIA encara o conteúdo da gaveta, mas a câmera não o mostra.

ULISSES: [Voice Over] Já faz duas semanas que te dei ordens claras para que os desenhos fossem reavidos e não estou vendo o resultado disso. Minha paciência está se esgotando, Solaris.

JULIA tira dois papéis de dentro da gaveta recém aberta e vemos um desenho com uma noiva e metade de um desenho com um bebê vestido de urso polar.

JULIA: Sinto muito pela demora. Eu não consegui encontrar profissionais de infiltração a tempo. Os códigos criptografados já devem estar em outra base agora, mas eu farei de tudo para localizá-los.

ULISSES: [Voice Over] Você vai localizá-los, Julia. Apenas não tente bancar a espertinha novamente.

O telefone é desligado bruscamente.

JULIA: [irônica] Realmente paternal.

JULIA encara os desenhos mais uma vez e sorri.

CENA 10 – SALA DE ESTAR – TARDE

[MÚSICA DE FUNDO – ALL MY FAULT, FENIX TX]

CATHLEEN, JOEY e ERICK estão sentados no chão da sala de estar, jogando um jogo de tabuleiro.

ERICK: Ganhei de novo!

CATHLEEN: [revoltada] Como? Eu investi tudo no meu exército na Austrália? Como você conseguiu invadi-la?

JOEY: [desanimado] Te percebendo.

ERICK dá uma risadinha.

CATHLEEN: Tecnicamente isso é roubo!

ERICK: Não, isso é tecnologia de guerra.

CATHLEEN sai da sala.

ERICK: [para Joey] Acho que ela tá com raiva de mim.

JOEY: Precisou usar seus poderes pra isso?

ERICK: [coçando a cabeça] Eu não tive a intenção…

CATHLEEN [Off]: De usar o seus poderes?

CATHLEEN retorna da cozinha com um copo de refrigerante.

ERICK: De dominar o mundo.

CATHLEEN: Típico. Agora você se sente culpado por dominar o mundo. Será que dá pra ser um pouco mais óbvio?

ERICK pega o último pedaço de pizza.

ERICK: Quanto drama! Você não vai querer mais pizza não, certo?

CATHLEEN: Como se você já não soubesse a resposta. Garoto, você não tem fundo?

JULIA desce as escadas, interrompendo CATHLEEN.

JULIA: Não exatamente, mas a glicose parece desempenhar um papel vital na fisiologia dele. Por isso, eu pedi que ele sempre estivesse consumindo algo calórico. O metabolismo dele parece que reage quimicamente com o ambiente e os corpos próximos a ele. Por isso ele é um cara tão sensível.

JULIA dirige-se diretamente ao seu escritório debaixo da escada.

JULIA: Queiram me dar licença.

Ela fecha a porta enquanto ERICK olha para a caixa vazia de pizza e passa a mão na barriga.

ERICK: E aí, mais alguém tá a fim de um sorvete?

CATHLEEN e JOEY o encaram incrédulos.

 

CENA 11 – THE ALLEY – TARDE

A câmera foca EHLIOS entrando no estabelecimento, indo em direção de ZACK.

EHLIOS: Oi.

ZACK: [franzindo a testa] Oi.

EHLIOS: Por que esse “oi”? Eu não fiz nada de errado se é o que você está pensando.

ZACK: [calmamente] Mas, eu não disse nada. [pondera] Mas, e aí? O que você aprontou dessa vez?

EHLIOS: Eu sabia! Sua linguagem superciliar te denuncia, Hayes!

CATHLEEN [Off]: E ai, Zack!

A câmera da um giro mostrando CATHLEEN entrando no estabelecimento com várias sacolas nas mãos

EHLIOS: Você?

CATHLEEN: [fingindo estar assustada] Ehlios! Que susto! Você não pode ficar conversando em público. As pessoas podem começar a acreditar que você é gente.

EHLIOS: Depois que incluíram até você nessa categoria eu devo ter uma chance.

ZACK: Você por aqui a essa hora?

CATHLEEN: É que a Julia pediu para eu fazer umas comprinhas [mostra as sacolas]. O açúcar da mansão Liefield acabou. E como eu tava passando aqui por perto, meio que fiquei com saudade do The Alley. Deve ser uma variante da síndrome de Estocolmo.

ZACK: E ai? Você vem hoje a noite?

CATHLEEN: Para onde?

ZACK: Cathleen, sexta-feira a noite? Para onde os Narandantais vão nesse dia?

CATHLEEN: [franzindo o cenho] Para um lugar legal?

ZACK: Que seria?

CATHLEEN apenas solta um leve suspiro como se tivesse recordado algo.

CATHLEEN: [desapontada] O The Alley lotado. Então, hoje à noite?

ZACK: Com certeza.

De repente o celular de CATHLEEN começa a tocar e ela o atende. A câmera mostra um aviso de mensagem vindo de JULIA na tela do celular.

CATHLEEN: Zack, foi bom conversar com você.

CATHLEEN levanta-se da cadeira e dirige-se à saída da lanchonete.

EHLIOS: Ok. Isso que é visita rápida.

ZACK: Mas, não vamos mudar de assunto.

EHLIOS: Ok. Estou com problemas. [gesticulando] Com sérios problemas!

ZACK: [irônico] Perdeu o cd da trilha de Bettlejuice?

 

CENA 12 – SALA DE ESTAR – TARDE

CATHLEEN e JOEY estão sentados ouvindo JULIA.

CATHLEEN: Eu não acredito no que estou ouvindo! Você nos chamou aqui para isso?

JULIA: Mas, você nem ouviu direito.

CATHLEEN: E precisa?! Desde quando as missões de campo da SD-6 viraram um ensaio dos contos proibidos do Marquês de Sade? Isso, é loucura! E não é justo comigo!

JOEY: E comigo é?

CATHLEEN: Você entendeu, Joey!

JULIA: Cathleen! Isso não é um pedido formal que eu estou fazendo e sim uma ordem!

JOEY: Julia, disso a gente nunca duvidou, mas o que te leva achar que nós dois vamos conseguir driblar a segurança de um manicômio?

JULIA: O plano é simples. Vocês dois entrarão no Manicômio Charenton disfarçados. Lá dentro vocês procurarão uma brecha na segurança que não é lá essas coisas, aproveitando-se disso para soltar o homem em que estou interessada.

JOEY: Parece um bom plano, mas quem é esse cara que a gente tá procurando?

JULIA: Um velho aliado que possui informações de interesse.

JOEY: E os caras calaram a boca dele colocando ele num manicômio?

JULIA: Exatamente. Se você não pode acusar alguém de alguma coisa, acuse-a de doida. Sempre dá certo.

CATHLEEN simplesmente olha para a tutora.

CATHLEEN: Eu ainda não engoli essa missão.

JULIA: É claro que, eu não espero que você a engula Cathleen. É uma missão e não é pra ser engolida e sim ser executada.

CATHLEEN: [entre os dentes] Sim, capitão!

 

CENA 13 – THE ALLEY – TARDE

ZACK: Como? Como você pode roubar o dinheiro da produção do vídeo do colégio para comprar a coleção de dvd’s de “The Future of Earth”?

EHLIOS: [girando os olhos] A palavra exata não foi roubar e sim pegar emprestado. Eu ia pagar logo que tivesse o dinheiro.

ZACK: Ótimo! E isso seria quando?

EHLIOS: [desanimado] Tá! Você tem toda razão! Mas, e ai? Você vai me ajudar ou não?

ZACK: Fazer o que? Eu vou te ajudar na gravação desse seu filme com o orçamento hiperfaturado, mas você vai ter que me prometer que até o final disso tudo, você vai ter que conversar com a Sarah.

EHLIOS: [com os olhos arregalados] Mas–

ZACK: Se você não topar eu tô fora!

EHLIOS solta um suspiro de desistência e deixa a cabeça cair sobre o balcão.

EHLIOS: [voz abafada] Ok.

 

CENA 14 – QUARTO DE KENNEDY – TARDE

A câmera mostra o quarto da garota e o telefone tocando ao lado da cama. Vemos vapor vindo de um banheiro e um som de água caindo.

KENNEDY [Voice Over]: Oi, é a secretária eletrônica da Kay. Eu não posso atender agora, mas sinta-se à vontade para deixar uma mensagem.

CATHLEEN: Kay, amiga, eu tô precisando de um favor. Um grande favor e acho que você pode fazer isso por mim.

O resto da mensagem é abafado e fica inaudível pelo som da ducha, KENNEDY enrolada numa toalha tenta alcançar o telefone, mas, acaba escorregando e caindo.

KENNEDY: A Cathleen só pode estar doida!

[MÚSICA DE FUNDO – VIOLET, FOUR STAR MARY]

ZACK [V.O.]: Com certeza ela só pode estar doida!

 

CENA 15 – THE ALLEY – NOITE

[MÚSICA CONTINUA]

A câmera mostra KENNEDY seguindo ZACK pela lanchonete, enquanto o mesmo, segurando uma bandeja, atendia algumas pessoas.

ZACK: Ela não pode simplesmente colocar você para substituí-la. E muito menos no turno da sexta. É o dia de maior movimento e ela sabia disso. Afinal [anotando um pedido] por quê, ela faltou?

KENNEDY: Parece que um parente da Julia tava passando mal num hospital e eles tiveram que sair às pressas.

Nesse momento um grupo de pessoas entra no The Alley.

ZACK: Maravilha! Era tudo o que eu queria.

ZACK encara KENNEDY e joga um avental em direção a garota.

KENNEDY: O quê você pensa que eu vou fazer com isso? Eu não vou usar isso!

ZACK: Vai sim.

KENNEDY: Não vou!

ZACK: Só coloca logo isso, Kennedy.

KENNEDY: Ha! Eu não vou colocar essa coisa! Não vou!

 

CENA 16 – THE ALLEY – NOITE

Corta para KENNEDY usando um avental e servindo uma mesa.

ZACK: Eu te falei que não era difícil.

KENNEDY: Cala a boca! A Cathleen vai me pagar caro.

 

CENA 17 – THE ALLEY – NOITE

Em cena um carro se desloca velozmente numa rodovia. Dentro do veículo a câmera mostra JULIA no volante, JOEY no carona e CATHLEEN no banco traseiro.

CATHLEEN: Nem Sidney Bristow, teria tanto trabalho.

JULIA: Do que você tá reclamando dessa vez?

CATHLEEN: Invadir um manicômio? Treinamos por tantos anos para esse tipo de missão? Não era mais fácil a gente ter feito um curso de enfermagem?

JULIA: E o que você gostaria de fazer? Invadir o Pentágono?

CATHLEEN: Também não precisa exagerar. Você é bastante inteligente para ter entendido meu ponto de vista.

JOEY desperta de um cochilo e as duas o encaram.

JULIA: Será que dá pra você pelo menos tentar esperar uma meia hora pra reclamar depois que eu der uma missão?

CATHLEEN: Ótimo, não temos dois zero na frente do 7, nunca temos missões na Jamaica e eu não devo me esquecer de lhe comprar [para Julia] uma edição de Casino Royale,  já que você aparentemente não sabe mais como ser uma espiã auto-suficiente.

JULIA apenas sorri.

JOEY: Do quê vocês tanto conversam?

JULIA: Não se preocupe Joey, é apenas a Cathleen tendo uma crise de identidade.

CATHLEEN: Sendo uma espiã adolescente e tendo vários disfarces é meio difícil não ter uma [fazendo sinal de aspas] crise dessas.

JULIA: E a nossa visita? Será que ele vai saber se virar sozinho?

CATHLEEN: Não se preocupe! Eu mandei o Erick para um lugar que nunca tem problemas.

 

CENA 18 – THE ALLEY – NOITE

[MÚSICA DE FUNDO – CEMENTED SHOES, MY VITROL]

EHLIOS entra no The Alley e a câmera o segue indo em direção a ZACK que estava na cozinha. Ao entrar nos fundos a música fica abafada, mas ainda é ouvida. EHLIOS passa uma camiseta branca para ZACK.

EHLIOS: Tá entregue. Vai rolar gorjeta?

ZACK: Nunca.

Nesse momento KENNEDY entra na cozinha, segurando uma bandeja cheia de pratos sujos.

EHLIOS: [espantado] Chamem o Bruce Willis! Eu tô vendo coisa de outro mundo!

KENNEDY: Ehlios, desgruda! [para Zack] O quê ele ta fazendo aqui?

ZACK: Ele veio me trazer uma camisa limpa, já que a outra você sujou com vitamina.

EHLIOS: [para Zack] Que maldita doença está pegando nessas torcedoras de Naranda? Por acaso isso é alguma conspiração mundial contra as cheerleaders para as deixarem desempregadas ou o The Alley esta as contratando para alguma apresentação contra a anorexia? Tipo [como se sacudisse dois pompons] “Vai, Gordura!”.

ZACK se mantém sério e KENNEDY olha para EHLIOS abismada.

KENNEDY: Alguém me mata. Alguém me mata agora.

KENNEDY pega uma bandeja limpa e começa a sair da cozinha.

EHLIOS: [gritando para Kennedy] Onde é que eu pego a senha?

ZACK recoloca seu avental.

EHLIOS: [sorrindo] Vocês já demitiram a Cathleen?

ZACK: Não.

EHLIOS: Então, onde tá ela? Desapareceu entre o bacon?

ZACK: Parece que um parente da Julia está internado e eles tiveram que sair às pressas.

EHLIOS: E você acreditou nisso?

ZACK: O que você quer que eu faça?

EHLIOS: Zack, cai na real. [irônico] Aquela mulher deve ter tantos parentes que mal caberiam na casinha do Snoopy. Das duas uma, ou a Cathleen conseguiu enganar vocês dois e está por aí com algum jogador de futebol ou eles devem estar fuçando alguma coisa sobre a gente.

ZACK: E qual seria o interesse da Cathleen na gente?

EHLIOS: Não a gente “nós dois”. A gente “pessoas-não-muito-humanas”.

ZACK: E o quê, você pretende fazer em relação a isso? Você não pretende sair por aí investigando com uma capa e óculos escuros.

EHLIOS: É claro que não!

 

CENA 19 – THE ALLEY – NOITE

[MÚSICA DE FUNDO – SMOOTH CRIMINAL, ALIEN ANT FARM]

A câmera mostra EHLIOS de óculos escuros e trajando um casaco negro em frente à mansão deserta. O garoto olha para os lados, abaixa a aba do seu boné preto e atravessa a rua sorrateiramente. Ele chega à frente da entrada principal da caça e mais uma vez checa se não há ninguém por perto.

EHLIOS atravessa a porta e entra na casa.

CONTINUA…

[MÚSICA FADE OUT]

 

PRODUÇÃO EXECUTIVA
Samir Zoqh
Luciana Rocha

ELENCO
Keira Knightley como Cathleen
Riley Smith como Joey
Paul Wasilewski como Zack
J. Mack Slaughter como Ehlios
Ashly Lyn Cafagna como Kennedy
Bonnie Somerville como Julia

PARTICIPAÇÃO RECORRENTE

Neve Campbell como Sarah

ATORES CONVIDADOS
Daniel Clark como Erick

ESCRITA POR
Samir Zoqh

DIRIGIDA POR
Luciana Rocha

CRIADA E DESENVOLVIDA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha

MÚSICA TEMA
Late Great Planet Earth, Plumb

TRILHA SONORA
Cling And Clatter, Lifehouse
Silver And Cold, AFI
Burn Baby Burn, Ash
Be Like That, Three Doors Down
All My Fault, Fenix TX
Violent, Four Star Mary
Cemented Shoes, by My Vitrol
Smooth Criminal, Alien Ant Farm

UMA PRODUÇÃO HYBRID STUDIOS
DISTRIBUÍDO POR TELEVISION SERIES NETWORK

Todos os atores aqui citados são meramente ilustrativos.
Os personagens por eles representados estão em um contexto de ficção.
Nenhum direito de imagem está sendo infringido.

©2005

Série Virtual – Destination Anywhere – É Hora de Recomeçar


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Série: Destination Anywhere
Episódio:
É Hora de Recomeçar
Temporada:

Número do Episódio:
1×03


CENA 1 – EXT. CASA DOS GRAHAM – MANHÃ

[MÚSICA – SHE WILL BE LOVED, MAROON 5]

ALEXIA está vestida com o seu uniforme de líder de torcida. Ela passa a pequena porteira branca, que separa a rua de uma modesta propriedade com estilo bucólico. O horizonte ainda aroseado denuncia que a manhã acabara de despontar. A garota olha para uma janela no segundo andar da casa, à procura de alguém que pudesse presenciar o que ela estava fazendo, mas ninguém estava por perto. ALEXIA vai até a sacada e posiciona uma escada na janela superior.

ALEXIA: Isso parecia bem mais fácil na tv.

Com a escada posicionada, a garota começa a subir com um pouco de receio. Ao chegar ao topo, ela abre a janela com cuidado, pega os pompons que estavam presos em sua cintura e entra no quarto azul. Ela olha para a cama, Matt ainda estava dormindo. A garota olha para o namorado por alguns instantes, ela sorri e depois pula em sua cama.

[MÚSICA BAIXA]

Matt: [Assustado] O que é isso?

ALEXIA sorri e se aproxima do garoto.

ALEXIA: [Sussurra na orelha de Matt]: Me dê um M.

MATT: [Rindo] Você enlouqueceu!

ALEXIA: [Sussurrando] Me dê um A!

MATT: Ally, a minha tia vai acordar daqui a pouco.

ALEXIA: [Sussurra e beija ele] Me dê um T!

MATT: E como você conseguiu acordar tão cedo?

ALEXIA: [Sussurrando] E outro T!

MATT: Você subiu pela escada?

ALEXIA ajoelha-se ao lado dele, entorta a cabeça um pouco para a direita e levanta os pompons.

ALEXIA: Matt!

Ele faz um gesto para que ela deite-se ao seu lado. Ela encosta a cabeça no peito do namorado, que a cobre com seu cobertor.

ALEXIA: Você acredita que hoje fazemos 1 anos de namoro?

MATT: Quem diria que o fazendeiro ficaria com a filha do prefeito. Estamos quebrando as regras da sociedade sulista.

ALEXIA: [Rindo] Você é tão filosófico!

Alguém bate na porta do quarto do MATTHEW. ALEXIA se esconde embaixo da coberta.

LOU: [Voice Over] Tudo bem aí Matt?

MATT: Tudo sim, tia! Algum problema?

LOU: [Voice Over] Eu escutei uns sons estranhos vindo do seu quarto.

MATT: Não tem nada de estranho aqui!

LOU entra no quarto, ela olha para a cama e vê apenas Matt.

LOU: Já que você está acordado, que tal me ajudar com o café?

MATT: Ah! Claro… Desço em um segundo.

LOU analisa o local por uma instante.

LOU: Alexia, você pode vir se quiser.

LOU sorri e sai do quarto. ALEXIA sai debaixo das cobertas rindo.

ALEXIA: Ops.

MATT: Vamos descer? Eu preparo panquecas para você.

ALEXIA: Tentador, mas eu não posso. Fiquei de pegar a Becky hoje.

MATT: Hoje à noite eu tenho uma surpresa para você.

ALEXIA: O que é??

MATT: Você vai ver. Eu passaria na sua casa, mas acho melhor você me encontrar na frente do Red’s.

ALEXIA: Do Red’s?? Por quê? Tulsa não é tão pequena. Tenho certeza que há outros lugares para nos encontrarmos.

MATT: Não precisa entrar lá.

ALEXIA: Okay…

MATT: Às 7 está bom?

ALEXIA: O que posso fazer? Estarei lá às 7!

MATT abraça ALEXIA carinhosamente.

ALEXIA: Bom, será que a sua tia se importa se você se atrasar um pouco?

MATT: Alley…

MATT se levanta e faz um gesto para que ALEXIA o siga. Os dois descem a escada. LOU que estava na sala olha com a cara de abismada para a garota.

[MÚSICA FADE OUT]

LOU: Você usa isso fora da escola?

ALEXIA: [Irônica] Só em ocasiões especiais.

ALEXIA dá um beijo em MATT e se despede de LOU, que acompanha a garota até a porta. Ela vira-se para MATT que já estava saindo do cômodo em direção da cozinha.

LOU: Matthew Graham!

MATT: [Nervoso] Não é nada disso que você está pensando! Ela acabou de aparecer!

LOU: Eu não sei se algo relacionado à Alexia pode ser inocente, mas não quero sobrinho meu por ai trazendo líderes de torcida pro quarto. [Ri] Agora venha, me ajude com o café, depois você pode fazer o que você quiser.

MATT: Certo.

MATT parece um pouco constrangido.

 

CENA 2 – INT. CASA DOS MACKENZIE – ESCRITÓRIO – MANHÃ

ANNA está sentada em uma cadeira branca falando ao telefone.

ANNA: E que horas são aí, pai?

 

CENA 3 – INT. LUGAR INDETERMINADO

SR. MACKENZIE: [Jeffrey Nordling] São quase 11 da noite aqui em Tóquio.

 

CENA 4 – INT. CASA DOS MACKENZIE – ESCRITÓRIO – MANHÃ

ANNA: Legal! Eu sempre quis ir ao Japão.

SR. MACKENZIE: [Voice Over] Quem sabe um dia você não viaja comigo?

ANNA sorri.

ANNA: Sinto sua falta, pai. Sinto falta do Brasil, dos meus amigos, do clima.

 

CENA 5 – INT. LUGAR INDETERMINADO

SR. MACKENZIE: Eu sei minha filha. Mas acho que você já tem idade suficiente pra administrar isso. Além do mais, se você quiser voltar pro Brasil, você sabe que eu estarei sempre pronto pra te receber.

 

CENA 6 – INT. CASA DOS MACKENZIE – ESCRITÓRIO – MANHÃ

ANNA: Eu sei pai. Mas eu não posso deixar a mamãe sozinha. Ela pode ter aquele jeito destrambelhado dela mas eu sou tudo que ela tem. Eu não estou tomando o lado dela na separação de vocês, só que ela teria menos chance de sobreviver sem mim.

SR. MACKENZIE: [Voice Over] Eu te entendo, querida. Nunca questionei as suas razões. Mas quando você disse que queria ir para Tulsa com a sua mãe eu pensei que você gostaria de voltar. Afinal você nos infernizou por anos pra voltar.

ANNA: As coisas ainda estão se acertando. Além do mais em 7 anos muita coisa pode mudar.

 

CENA 7 – INT. LUGAR INDETERMINADO

Um HOMEM de terno entra no quarto onde o SR. MACKENZIE está.

HOMEM: Senhor Edward Mackenzie?

EDWARD: Sim?

HOMEM: O senhor Yoshinori Shimozak o espera no salão principal.

EDWARD: Obrigado. Já estou indo.

ANNA: [Voice Over] Eu escutei… até mais, papai.

EDWARD: Tudo certo, querida. Eu ligo para você em breve.

 

CENA 8 – INT. CASA DOS MACKENZIE – ESCRITÓRIO – MANHÃ

ANNA desliga o telefone bem na hora em que um carro buzina na frente da sua casa. ANNA pega a sua mochila e corre até a varanda. O carro de SAM está parado do outro lado da rua. MEL e SAM acenam para a garota, que corre até eles. Ela entra no carro.

ANNA: Bom dia.

SAM e MEL: Bom dia.

ANNA: Eu não sei como agradecer pelas caronas. Ir para a escola com a minha mãe estava me dando gastrite.

SAM: Fico feliz por ajudar a preservar sua sáude.

SAM dá partida no carro.

 

[ABERTURA]

[MÚSICA TEMA: PROMISES – LILLIX]

 

CENA 9 – INT. CASA DOS SAWYER – SALA DE JANTA – MANHÃ

REBECCA, sentada à mesa, está usando o uniforme da torcida da escola. A garota ler uma revista enquanto toma um copo de suco, aparentemente de laranja. Ouve-se um barulho de passos. Scott e um homem aparecem no local.

SCOTT: Você vai ao jogo amanhã, pai? [Senta-se à mesa]

SR. SAWYER: [Greg Kean] Claro que sim. Eu não perderia isso por nada.

O homem comprimenta o filho com tapinhas amigáveis nas costas do garoto. REBECCA continua lendo sua revista, parecendo ignorar a presença de mais alguém no local.

SR. SAWYER: Então o Graham continua sendo o capitão?

SCOTT: Sim.

SR. SAWYER: Todo mundo sabe que o Phillip é bem melhor que ele. O que é isso? Algum caso de caridade?

REBECCA levanta-se da mesa sem dizer nada.

SR. SAWYER: Já terminou querida?

BECKY: Não, papai. Mas essa conversa está me fazendo perder o apetite.

Ouve-se uma buzina.

BECKY: Bom, eu vou com a Ally hoje pra escola. Tenham um bom dia. Papai, licença.

SCOTT ri da irmã.

 

CENA 10 – EXT. DIA

A tomada aérea mostra uma cidade muito arborizada, apesar dos prédios altos e modernos do centro contrastarem com a paisagem bucólica do suburbio. Mostra a fachada da escola Will Rogers.

 

CENA 11 – EXT. ESCOLA

AALEXIA e BECKY estão paradas na frente da escola. BECKY começa a rir, despertando um olhar estranho da amiga.

ALEXIA: O quê?

BECKY: [Rindo] Estou imaginando você subindo em uma escada.

ALLEY empurra a amiga de leve.

ALEXIA: Eu já te falei da roupa que vou usar hoje à noite?

BECKY: Sim, Alley. Umas dez vezes.

ALEXIA: Então eu vou contar pela décima-primeira vez. [Sorri] Eu comprei esse vestido lindo da Hoolister. Ele é branco, com uns detalhes rosas.

BECKY sorri ao ver a empolgação da amiga.

BECKY: E uma bota cano curto de salto para dá um ar sulista na composição.

ALEXIA: Ei! Eu não falei nada sobre “ar sulista”.

BECKY: E você já falou para seu pai que você não vai à festa do partido?

ALEXIA: Eu tenho certeza que ele nem vai notar.

MATT aparece por trás de ALEXIA, surpreendendo as duas.

MATT: Oi.

O garoto abraça a namorada e dá um beijo em sua bochecha.

ALEXIA: Já estava com saudades.

BECKY: Ok. Eu posso ir agora. [Sorri] Vejo vocês por ai.

BECKY vai na direção da entrada do Will Rogers, enquanto MATT e ALEXIA ficam de mãos dadas no mesmo local. A garota vira-se para MATT e o encara.

MATT: O quê?

ALEXIA: Eu tenho que ir pro treino.

Ela o beijo e MATT a abraça, não deixando que ela vá embora. A garota sorri, e se desvencilha lentamente. Ela acena e sai em passo acelerados, deixando MATT para trás.

 

CENA 12 – INT. ESCOLA – CORREDOR

SAM, ANNA e MELISSA estão conversando no corredor, tomado de alunos por todos os lados. MATT entra no local, ajeitando a mochila nas costas, o garoto levanta a cabeça e se depara com os três. MELISSA sorri e acena para o amigo, que sai do local apressado, sumindo em um dos salões da escola.

MEL: Nossa! O que deu nele?

ANNA olha para baixo.

ANNA: Eu acho melhor eu ir também.

MELISSA olha para ANNA e depois para SAM, fazendo cara de desentendida.

MEL: O que houve aqui?

SAM: Eu não sei de nada.


CENA 13 – INT. ESCOLA – CORREDOR

ANNA corre a procura de MATT. Ela avista o garoto entrando em uma sala.

ANNA: [Grita] Matt!

[MÚSICAALL YOU WANT, MICHELLE BRANCH]

O garoto não escuta. ANNA corre até a sala, e ve MATT sentado perto de um piano. Na porta da sala há uma placa azul com letras brancas: “Sala de Música”. A garota observa o amigo de infância por alguns segundos antes de entrar na sala.

ANNA: Matt?

MATTHEW levanta-se. ANNA se põe na frente da porta e abre os braços.

ANNA: Não, não, não. Você não vai fugir outra vez. Onde já se viu? Tem uma semana que estamos nessa brincadeirinha, e te confesso que eu já estou cansada.

MATT fica encarando a garota, sério e com os braços cruzados.

ANNA: Mais cedo ou mais tarde a gente vai ter que se falar. Tulsa não é muito grande, estudamos na mesma escola, a aparentemente temos os mesmos amigos.

MATT ri.

MATT: Seus amigos?

ANNA: Matt, será que não podemos conversar?

MATT: Acho que não temos muito assunto em comum.

ANNA: Você realmente cresceu, Matt! Só faltaram te avisar isso.

MATT: [Irônico] O que você esperava? Que eu te recebesse de braços abertos? Que fizesse uma festa ou algo do tipo? Eu nem te conheço mais.

ANNA: Você tem razão. Mas nesses 7 anos quem não quis falar comigo foi você.

MATT olha revoltado para ANNA.

MATT: Quer saber de uma coisa? Seja bem vinda Mary Anna! Eu ficaria para a festa mas eu tenho que ir para o treino.

MATT vai embora. ANNA ainda pensa em ir atrás, mas ela desiste

[MÚSICA FADE OUT]

 

CENA 14 – EXT. ESCOLA – CAMPO DE FUTEBOL – TARDE

Algumas pessoas estão sentadas nas arquibancadas assistindo os garotos treinarem o esporte preferido da escola. ALEXIA, REBECCA e sua turma estão sentadas no campo, vestidas em seus uniformes. O treinador JAMES CARTER corre de um lado para o outro checando sua prancheta cada vez que necessário. MATT corre pela lateral direita do campo, passando pelas meninas. ALEXIA grita, ele sorri, mas aparentemente seus pensamentos estavam direcionados pra outra coisa e não era o futebol. Antes que o garoto percebesse, PHILL rouba a bola dele, deixando-o no chão. CARTER sopra o apito.

CARTER: [Gritando] Tempo!

Os garotos do Rogers se posicionam no centro do campo.

CARTER: Amanhã é um grande jogo! O Primeiro jogo da temporada e cabe à nós, do Will Rogers, sediar com grande estilo esse evento.

GAROTO: Grande estilo é vencer!

CARTER: Isso mesmo. E para vencer alguns de nós precisamos nos concentrar. [Ele olha para Matt] É muito importante lembrar que somos um time, e que temos uma só mente! [Ele olha pra Scott] Sawyer, você vai entrar como titular no jogo.

SCOTT, que estava vestido de goleiro, dá um pequeno sorriso de vitória.

CARTER: [Pra Phill] Danes, você tá na defesa! Continue o bom trabalho! Hanson, Davis e Metz, vocês ficam no meio campo. O resto de vocês sabe o que fazer! Agora chega de aquecimento e vamos ao treinamento!

Os garotos se levantam e se colocam em seus lugares, menos MATT, que continua sentado.

CARTER: Graham!

MATT olha assustado.

CARTER: Algum problema, filho?

MATT: Não , não senhor.

MATTHEW levanta-se e se junta aos outros.

CENA 15 – INT. CASA DOS GRAHAM – SALA – NOITE

A campanhia toca algumas vezes até LOU vir atender a porta. Ela está falando ao telefone e olha pela sala e não há ninguém.

LOU: Não, não senhor. As minhas galinhas não têm hormônio. Quem disse isso está querendo me sabotar, nós temos os melhores animais de Tulsa.

Ela vai andando até a porta e olha no “olho-mágico”. A mulher sorri e abre a porta.

LOU: [Para Mel] Oi! Docinho! [Para o telefone] Não, eu não chamei o senhor de “docinho”. Senhor Walker, por que o senhor não vem aqui e eu terei o prazer de fazer um “tour” com toda a sua equipe.

LOU faz sinal para MEL entrar e depois fecha a porta.

LOU: Claro! Sábado pela manhã está ótimo. Não será nenhum incomodo. Foi um prazer. Tchau!

LOU desliga o telefone. Ela parece cansada.

MEL: Cliente chato?

LOU suspira.

MEL: O Matt está?

LOU: Você está bem? Parece sem fôlego.

MEL: É que eu vim andando.

LOU: Ele está lá em cima, querida. Quer que eu o chame?

MEL: Não não… eu vou subir.

LOU: Tudo bem. Qualquer coisa grite!

 

CENA 16 – INT. CASA DOS GRAHAM – QUARTO DO MATT

[MÚSICA – DON´T DREAM IT´S OVER , SIXPENCE NONE THE RICHER]

MELISSA bate na porta antes de entrar. Ela olha pelo quarto mais não havia ninguém, só um monte de roupas espalhadas pela cama.

MEL: Matthew?

MATT: No banheiro!

MELISSA senta na cama e fica olhando para as roupas.

MEL: Quer ajuda?

MATT: Não obrigado!

MATT sai do banheiro enrolado em uma toalha azul. MELISSA encara o chão quando o garoto passa por ela. MATT segue em direção de um grande guarda-roupa do outro lado do quarto.

MATT: Eu não sabia que você vinha aqui hoje.

MEL: É… eu estava passando por perto e percebi que faz tempo que a gente não conversa, não fofoca um pouco, não assiste Grease…

MATT: [Rindo] Eu não vejo esse filme desde o dia que você quebrou a minha cama tentando fazer a ultima cena do filme.

MEL: Eu não estava sozinha nessa! Você e o Sam são bem mais pesados que eu…

MATT: Mas nós não ficamos pulando feito umas gazelas.

MEL: [Rindo] A historia não foi bem assim!

MEL levanta-se da cama e vai até a janela.

MEL: Então… você vai sair?

MATT: Sim, vamos ter que deixar Grease para outro dia! Eu vou jantar com a Ally. Hoje fazemos 1 ano de namoro!

MEL: [Sorrindo] 1 ano? Quem diria…

MATT: Olha, eu desisto…

MEL: Desiste? De quê? Da Alexia? [Ri]

MATT: Desisto de procurar uma roupa decente.

MEL: Olha, eu não sou a melhor pessoa pra você falar desse assunto…

Matt ri. O garoto vira-se em direção da amiga, segurando uma calça marron e uma blusa branca.

MATT: Que tal essa?

MEL: Onde vocês vão?

MATT: Vou levar a Alley no La Tavola.

MEL: Poxa… Aquele restaurante chique?

MATT faz sinal de “sim” com a cabeça.

MEL: [Aponta para algumas roupas na cama] É, eu prefiro essa daqui.

MATT: Qual?

MEL: Essa calça preta, essa blusa social azul marinho e …. esse smoking preto.

MATT pega a roupa e dá um beijo na bochecha da amiga.

MATT: Não importa o que digam, Mel, você é um anjo!

MEL: E você não presta! Agora vá se trocar! Você enrolado nessa toalha está me dando nos nervos.


CENA 17 – INT. CASA DOS DANES – QUARTO DA ALEXIA – NOITE

ALEXIA está sentada em frente à um enorme espelho. A garota tem alguns rolos na cabeça, e está se maquiando. Ela está falando no celular.

ALEXIA: E ele está todo misterioso… não me disse onde vai me levar.

BECKY: [Voice Over] Hum…. espero que não seja algo proibido. Alley, eu preciso me vestir para a festa do partido.

ALEXIA: Uh… boa sorte com isso.

BECKY: [Voice Over] Boa sorte com o seu pai!

ALEXIA: Valeu, amiga. Tchau!

ALEXIA começa a tirar os rolos do cabelo.

[MÚSICA FADE OUT]


CENA 18 – INT. CASA DOS DANES – SALA DE ESTAR – NOITE

ALEXIA está vestindo um vestido branco com detalhes rosa. Ela segura um par de botas de salto alto e uma pequena bolsa em suas mãos. A garota anda na ponta dos dedos até a escada, ela olha para o andar de baixo e vê toda a família reunida. Ela suspira e calça as botas.

Uma senhora que estava vestindo roupas de gala com bastante brilho olha para a escada.

SRA. DANES: [Sharon Lawrence] Olhe, Wilson. Veja só quem resolveu dar o ar da graça.

WILSON DANES: [Todd Field] Vejo que já está pronta pra festa.

ALEXIA: Será que eu tenho que ir mesmo?

PHILL: Ih… lá vem confusão.

ALEXIA: É que hoje eu tenho um compromisso muito importante, papai.

PHILL: Com o Matthew Graham?

ALEXIA: É com o Matt sim, seu entromedito.

SRA. DANES: Minha filha! Essa festa é importante.

WILSON DANES: A família do prefeito tem que comparecer aàfesta do partido, não acha? Todas as famílias importantes de Tulsa estarão lá.

ALEXIA: Mas pai… até pouco tempo essas pessoas nem sabiam que eu existia!

PHILLIP ri.

SRA. DANES: Isso não é verdade, querida.

ALEXIA: Eu não vou discutir esse assunto de novo mamãe! Por favor, só hoje à noite. Eu prometo ir para todos os eventos que o senhor tiver, papai! E prometo que serei a filha perfeita, pelo menos na frente dos seus eleitores.

WILSON DANES: Não faça disso um drama, Alexia. Tudo o que e peço de você é um pouco de cooperação! Você vai pra festa, e ponto final.

PHILLIP continua rindo. ALEXIA bate no irmão, que se cala.

ALEXIA: Você realmente sabe como fazer uma pessoa feliz, papai.

A garota parece extremamente decepcionada.

 

CENA 19 – EXT. CASA DOS GRAHAM – NOITE

MEL: Você tem certeza de que ela não vai se importar?

MATT: Bom, certeza eu não tenho. Mas você é a minha melhor amiga, e ela tem que entender isso. Vamos, Melissa. Eu estou indo pra lanchonete, seria estúpido você recusar a minha carona, o Red’s não fica tão perto assim.

MEL: [Sorri] Bom, eu vim andando, dá pra voltar andando. Na verdade eu acho que vou pra casa.

MATT: Eu te levo, Mel. Vamos!

MELISSA entra no carro.


CENA 20 – LOCAL INDEFINIDO – NOITE

ALEXIA sai do carro e corre em direção de REBECCA e SCOTT, que estavam em frente à um prédio enorme, com bastante gente do lado de fora. Os dois irmãos estavam com roupas de festa, BECKY veste um vestido preto e SCOTT está de smoking.

ALEXIA: Eu não consegui.

BECKY: Estou vendo. E agora?

ALEXIA: Eu liguei pra casa dele ele já tinha saído, depois liguei pro celular, e chamou até cair na caixa postal. Eu não sei o que faço, amiga.

BECKY: Calma, Alley. Ele vai perceber que tem algo de errado e vai te ligar.

ALEXIA: Eu vou ligar mais uma vez.


CENA 21 – EXT. CASA DOS BAKER – NOITE

MATT e MELISSA estão se despedindo quando o garoto escuta o telefone tocar.

MATT: É melhor eu ir.

MEL: Tenha uma boa noite.

MELISSA entra dentro de casa e MATT corre até seu carro. Seu celular estava jogado no banco de trás. O garoto pega o aparelho e lê “1 ligação perdida”. Ele mexe no telefone e vê o nome Alley na tela.

 

CENA 22 – INT. LOCAL INDEFINIDO – SALÃO DE FESTAS – NOITE

[MÚSICA AMBIENTE – COWBOY, TAKE ME AWAY, DIXIE CHICS]

ALEXIA, REBECCA, SCOTT e PHILLIP estão sentados em uma mesma mesa. Todos estão calados, olhando para baixo. ALEXIA batia os dedos na mesa freneticamente, enquanto BECKY cantarolava um música. SCOTT olhava não muito discretamente para algumas garotas que passavam no local, e PHILL parecia totalmente distraído.

ALEXIA: [Grita] Becky!

BECKY: O quê? O que foi?

ALEXIA: Vamos ali?

BECKY: Ali?

ALEXIA: Ali…

PHILLIP olha pra irmã desconfiado.

PHILL: Pensa que vai fugir é? Se você aprontar alguma, você já sabe o que o papai faz, né?

ALEXIA: Duh! Eu não vou á lugar nenhum… Agora me dê licença!

ALEXIA puxa a amiga até o banheiro. PHILL fica olhando o itinerário das garotas.

PHILL: Scott, me empresta seu celular?

SCOTT: Claro!

PHILL tira um papel amassado de seu bolso, e disca alguns números.

PHILL: Alô?

ANNA: [Voice Over] Alô? Quem fala?

PHILL: É o Phill. Seu herói! [Ri] Eu sei que isso é de última hora, mas você estaria a fim de me acompanhar hoje em uma festa chata e careta?

 

CENA 23 – INT. QUARTO DA ANNA – NOITE

ANNA: Nossa! Chata e careta? [Ri] Olha, obrigada por convidar, mas eu acho que não… se ao menos fosse chata, careta, e depressiva, talvez eu fosse.

PHILL: [Voice Over] Vamos, Anna… é a décima vez que eu te chamo para sair e você inventa uma desculpa qualquer… não custa nada dar o ar da graça pela cidade, se divertir um pouco, fazer novos amigos!

ANNA: Eu… eu tenho que estudar. Eu estou muito pra trás na escola e…

PHILL: [Voice Over] Não é como se você fosse reprovar e esses tipos de festinhas não rolam muito por aqui. Me diz qual o problema em se divertir um pouco? Anna Mackenzie não recusa uma boa farra, recusa?

ANNA morde o canto do lábio e coça a cabeça. Ela fecha os olhos e suspira, pensa um pouquinho e responde.

ANNA: Está certo. Mas eu não vou poder ficar muito.

[CORTA]

PHILL: Eu te pego daqui a pouco! Certo? Até mais!

SCOTT olha para o amigo, que estava sorrindo estranhamente. ALEXIA e BECKY voltam para mesa.

PHILL: Alley, se você vai fingir que está tendo um ataque ou algo assim, pode desistir que não vai colar.

ALEXIA rola os olhos.

PHILL: Olha, pra você não dizer que eu sou um irmão ruim. Por que você não convida o fazendeiro?

O celular da garota toca. Ela se anima ao ver o visor do aparelho.

ALEXIA: É o Matt.

PHILL: Viu? É um sinal, maninha… chama ele.

Alexia: Matt! Eu tentei te ligar… aconteceu um imprevisto.


CENA 24 – ESTRADA – CARRO- NOITE

MATT: Eu entendo… vou sim. Depois a gente dá um jeito de sair daí.

MATT faz uma manobra no carro e para em frente uma floricultura.


CENA 25 – INT. QUARTO DA ANNA – NOITE

Alguém bate na porta enquanto ANNA está prendendo os cabelos.

ANNA: Pode entrar!

KATHERINE: Tem um rapaz ali embaixo querendo falar com você. Anna? O que você faz com esse vestido?

ANNA: Ah! Mamãe, eu vou à uma festa!

KATHERINE: E quando você pretendia me contar?

ANNA: Na verdade eu não pretendia, mas já que você perguntou.

KATHERINE: Você vai pra festa com aquele rapaz?

ANNA: Vou, sim.

KATHERINE: Está certo. Pelo menos ele está de smoking.

ANNA: Eu sabia que você me compreenderia. Bom, [Beija a mãe no rosto] estou indo!

KATHERINE: Divirta-se, querida!


CENA 26 – EXT. LOCAL DA FESTA – NOITE

MATT estaciona o carro perto do local do evento. Ele parece preocupado, anda apreçado com as flores na mão. O garoto vê ALEXIA no topo da escadaria. Ele corre até ela e o abraça.

ALEXIA: Desculpa por estragar tudo!

MATT: Não tem problema, Ally. Eu estou aqui agora! Olha. [Mostra as flores] São pra você.

ALEXIA sorri e o beija ternamente.

MATT: De nada! Alley, tem certeza que a gente não pode ir pra outro lugar? Eu não me sentiria bem numa festa dessas.

ALEXIA: Ah! Eu não me sinto bem também, mas eu tenho que ficar. Pelo menos por enquanto.

MATT: E o seu irmão?

ALEXIA: Ele saiu. Foi atrás de uma dessas idiotas que caem no papo dele!

MATT ainda conserva uma expressão de incerteza.

ALEXIA: Vamos?

Os dois entram no salão.


CENA 27 – INT. SALÃO DE FESTAS

Algumas pessoas olham para o casal. Um fotógrafo tira uma foto deixando MATT constrangido, ao contrário de ALEXIA, que esquece a expressão triste no rosto rapidamente e sorri para a câmera.

ALEXIA: Vamos sentar ali! [Alexia aponta pra mesa em que estão Becky e Scott]

MATT olha pra SCOTT e passa a mão no cabelo.

MATT: Você tem certeza?

ALEXIA: Vamos…

Os dois caminham até a mesa. BECKY cumprimenta MATTHEW e sorri pra ALEXIA.


CENA 28 – ESTRADA – CARRO – NOITE

PHILL: Você está realmente muito bonita…

ANNA: [Rindo] Nem se dê ao trabalho, Phill. Eu posso ser maluca de ter aceitado sair com você, mas ainda não perdi as minhas faculdades mentais. Você não me engana com esse papinho.

PHILL: Eu não estou querendo enganar você, Anny.

ANNA: Anny? O que houve com o “Banana”?

PHILL: [Olhando para Anna] Ficou no passado.

PHILL estaciona o carro e corre até a porta da sua nova amiga.

PHILL: Deixa que eu abro!

ANNA: Você não acha que está exagerando?

PHILL: Não se eu quiser que você saia comigo novamente…

ANNA desce do carro e olha abismada para o luxo do local. Eles entram no salão e algumas pessoas olham para os dois. Uma banda de cordas começa a tocar. ALEXIA, REBECCA e SCOTT estavam sentados na mesma mesa. ALLY encara o irmão fazendo esforço para descobrir quem havia sido a nova vítima dele.

ALEXIA: Quem é aquela? Eu não estou conseguindo…

BECKY: Anna Mackenzie.

ALEXIA: A novata? Jura? Meu irmão não perde tempo.

SCOTT: O seu namorado conhece a Anna!

BECKY dá um tapa no irmão.

SCOTT: Ué, mas não é verdade?

ALEXIA: [Para Rebecca] O Matt conhece essa “tal” de onde?

Antes que BECKY pudesse dizer algo, MATT volta à mesa com dois drinks. Ele dá um para ALEXIA e o outro para REBECCA. ALEXIA fica encarando ele.

MATT: O que houve?

ALEXIA: Por que você não me contou que conhecia a novata?

MATT: Calma! Não vá fazer um escândalo.

ALEXIA: [Calma] Eu só fiz uma simples pergunta.

MATT: Eu não achei que fosse importante, só isso.

SCOTT: [Rindo] Nossa, cara! A Anna era sua melhor amiga. Como assim ela não é importante?

BECKY: Scott! Vê se cresce!

ALEXIA: [Confusa] Melhor amiga?

MATT: Eu conheci a Anna há 10 anos atrás, Alley. Ela se mudou pra outro país e nós nunca mais nos falamos.

ALEXIA respira fundo e sorri.

ALEXIA: Que história mais bonitinha!

BECKY olha para a amiga com uma cara de reprovação.

[CORTA]

[MESMO LOCAL]

ANNA e PHILL estavam do outro lado do salão procurando uma mesa para ficar.

PHILL: Nós podemos nos sentar ali [Aponta para uma mesa vazia] ou ali [Aponta para mesa onde estavam sua irmã e os outros]. Você quem escolhe…

ANNA franze os olhos ao ver MATT sentado com ALEXIA. Ela fica aparentemente nervosa.

ANNA: Eu… eu acho melhor eu ir para casa.

PHILL: O que houve? Não gostou da festa? Eu falei que era careta.

ANNA: Não é isso.

[CORTA]

[MESMO LOCAL]

MATT: Por que essas perguntas sobre a Anna, agora?

SCOTT: Por que ela acabou de entrar no salão com o Phillip.

MATT olha confuso para o cunhado e depois para sua “velha amiga”.

CENA 29 – INT.CASA DOS WOOD – QUARTO DO SAMUEL – NOITE

SAMUEL estava sentado em sua cama tocando violão. Seu quarto é pequeno, mas tudo parecia estar em seu devido lugar. Livros, cadernos, revistas, algumas miniaturas de carro, o uniforme da banda pendurado na parede ao lado de uma grande corneta.
Ele anota alguns acordes em um papel que estava em cima da sua escrivaninha. O garoto posiciona o violão no suporte e liga o som, ele põe um cd.

[MÚSICA – YOU´RE THE STORM, THE CARDIGANS]

O telefone toca. SAM pega o aparelho e deita-se na cama.

SAM: Alô?


CENA 30 – INT. CASA DOS BAKER – SALA- NOITE

MELISSA está deitada em um sofá de couro preto segurando um telefone transparente verde limão. O local tinha uma decoração estranha, quase de mau gosto.

MEL: Adivinha quem está falando?

SAM: [Voice Over] Kirsty Alley?

MEL: Quase. O que você está fazendo?

SAM: [Voice Over] Nada. E você?

MEL: Mesma coisa… Sam, que música é essa?

SAM: [Voice Over] Hum… que música?

MEL: Essa aí que você está ouvindo?

SAM: [Voice Over] Ahn…

MEL: Meu Deus! Você está ouvindo música country??

SAM: [Voice Over] Não… é Cardigans.

MEL: [Rindo] Então você confessa??


CENA 31 – QUARTO DO SAM

SAM: [Rindo] ‘Cê não tem jeito. Ligou só para me tirar do sério?

MEL: [Voice over] Não… liguei por que estou entediada.

SAM: Olha, obrigado pela sinceridade!

SAM pega uma foto da REBECCA que estava em uma das gavetas da sua escrivaninha.

MEL: [Voice over] Não tem nada pra fazer aqui hoje…

SAM: Amanhã pelo menos tem o jogo.

SAM fica olhando para a foto.

MEL: [Voice over] É, passa aqui em casa um pouco antes, tá bom?

SAM: Claro!

MEL: [Voice over] Agora eu tenho que ir… vou deixar você sonhando com a [Voz fininha] “Becky”!

SAM: Eu não estava pensando nela.

MEL: [Voice over] Tchau, Sam!

Ele desliga o telefone e coloca a foto da garota em cima da cama.


CENA 32 – INT. CASA DOS BAKER – SALA

A garota desliga o tel e pega o controle da TV. Ela aperta um botão e aparece “Grease” na tela. Ela encara a TV por alguns segundos, e a desliga em seguida. MEL balança a cabeça negativamente e vai correndo para seu quarto.

[MÚSICA FADE OUT]


CENA 33 – INT. SALÃO DE FESTAS – NOITE

PHILL olha para MATT e depois para ANNA.

PHILL: Pensei que vocês dois fossem amigos.

ANNA: Sete anos depois fica um pouco difícil manter uma amizade, não acha?

PHILL: [Ri] Você fala sério? [Para de rir] É sério? Olha, se você não quer ficar aqui por causa dele eu te levo para casa.

ANNA: Não é por causa dele…

PHILL: Se não é por causa dele é por causa do quê?

ANNA: Eu vou ficar!

PHILL: É assim que se fala!

ANNA: Eu já sou grandinha, sou dona da minha vida? Que pena que as coisas não saíram do jeito que eu queria, mas eu não vou ficar em casa lamuriando a vida que eu poderia ter tido, certo?

PHILL: É…claro, claro!

ANNA: E além do mais, acho que ninguém nesse mundo sabe mais de recomeços do que eu! Está na hora de recomeçar.

ANNA e PHILL sentam-se na mesa que estava vazia. O garoto cumprimenta algumas pessoas e depois olha para ANNA.

PHILL: Quer beber alguma coisa?

ANNA: Não, obrigada. Eu estou bem.

PHILL: Então você morava no México?

[MUDA DE FOCO]

ALEXIA e REBECCA conversavam entusiasmadamente. MATT ri e disfarçadamente olha para a mesa de seu cunhado. ALEXIA percebe e abraça o namorado. SCOTT se levanta ao ver que uma garota está sorrindo para ele.

SCOTT: Becky, não me espere hoje, ok?

Ele esfrega uma mão na outra e vai até a garota.

BECKY: Eu quase sinto pena dela.

ALEXIA vê que ANNA se levantou e está indo em direção do banheiro.

ALEXIA: Matt, eu vou retocar a maquiagem, volto já…

BECKY: Mas amiga, você está ótima…

ALEXIA: Bondade sua, Becky. Eu estou terrível.

MATT: Você está linda!

ALEXIA: Sua opinião não conta. [Ri] Volto já, amores!

ALEXIA vai discretamente atrás da ANNA. A garota entra no banheiro e vê que a novata está olhando para o espelho, passando batom. ALLEY fica ao lado da garota e sorri. ANNA parece um pouco desconfortável com a presença da líder de torcida, mas disfarça.

ANNA: Quer o batom emprestado?

ALEXIA ri, e aceita o batom.

ALEXIA: [Olhando para o espelho enquanto Anna termina de ajeitar a maquiagem] Então, você é amiga do Matt?

ANNA: [Olhando para o espelho] Eu sou, quer dizer, era.

ALEXIA: Ele nunca me falou sobre você. Por que será?

ANNA termina de se arrumar. ALEXIA vira-se para ANNA.

ALEXIA: Mas é a vida, não? Um dia achamos que somos importantes, outro dia não somos mais. É melhor você seguir em frente.

ANNA: [Desconfiada] Obrigada pelo conselho.

ALEXIA: É o mínimo que posso fazer depois de te recepcionar tão bem na escola.

ANNA sorri constrangida.

ALEXIA: Meu nome é Alexia, namorada do Matthew.

ANNA: Me chamo Anna. Acho que você já sabe.

ALEXIA: Certo, Anna. Eu não ligo se em alguma época de suas vidas vocês quiseram brincar de “Meu Primeiro Amor”… A idéia do filme até era bonitinha.

ANNA tenta dizer alguma coisa mas desiste.

ALEXIA: Então, não preciso dizer que se você se meter na vida do Matt, eu transformo sua vida em um inferno.

ANNA reage surpresa. ALEXIA sorri, e deixa o local.


CENA 34 – EXT. LOCAL DA FESTA NOITE

Algumas pessoas já estavam saindo da festa. MATT e ALEXIA desciam a escadaria que dava para a avenida em direção do carro do garoto, que estava estacionado do outro lado da rua.

ALEXIA: Tem certeza que você não quer ficar mais?

MATT: Eu não posso… Você sabe? Amanhã é o jogo e eu preciso descansar.

ALEXIA: O Scott e o Phill também jogam e eu não acho que eles vão para casa tão cedo.

MATT baixa a cabeça e passa a mão no rosto.

MATT: Se você quiser pode ficar.

ALEXIA: Não, não, eu vou com você.

MATT: Então eu te deixo em casa.

ALEXIA: Como quiser. [Triste]

Eles entram no carro, que some rapidamente em uma curva.

 

CENA 35 – EXT. CASA DOS DANES – VARANDA – NOITE

ALEXIA: Tem certeza que você não quer entrar? Não tem ninguém em casa…

MATT: Alley, eu não posso.

ALEXIA: Tudo bem, tudo bem! Você tem que dormir cedo… entendi.

MATT sorri.

MATT: Boa noite.

Os dois se beijam. ALEXIA fica observando MATT entrar no carro, e só entra em casa depois dele ir embora. A garota fica séria e suspira.


CENA 36 – EXT. CASA DOS MACKENZIE – NOITE

[MÚSICA – YOUR WINTER, SITER HAZEL]

Visto de longe, o carro do PHILLll está parado em frente à casa da ANNA. O motor ainda ligado dá a idéia de que o filho do prefeito não irá demorar. ANNA desce do carro e dá “tchau” para PHILL.

PHILL: Eu posso te acompanhar até a porta?

ANNA: [Ri] Eu acho que você já fez o bastante por hoje.

PHILL: Sem problema! Quando quiser eu estou a disposição.

ANNA: Obrigada, Phillip! A festa estava chata, mas eu me diverti.

PHILL: De nada. Eu tenho que ir. A gente se vê amanhã no jogo.

ANNA: Até.

ANNA segue em direção de sua casa. O garoto buzina e vai embora. Ela entra em casa. MATT sai de trás de uma árvore, ele se aproxima da casa da ANNA, olha para a janela dela, e depois vai embora andando até desaparecer na escuridão.

[MÚSICA FADE OUT]

 

ELENCO
Jonathan Bennett como Matthew Graham
Natalie Portman como Anna Mackenzie
Mena Suvari como Rebecca Sawyer
Lindsay Lohan como Melissa Baker
Austin O´Brian como Scott Sawyer
Joseph Gordon-Levitt como Samuel Wood
Kate Bosworth como Alexia Danes
Brad Renfro como Phillip Danes
Marisa Tomei como Lou Graham

ATORES CONVIDADOS
John Wesley Shipp como James Carter
Paula Cale como Katherine Mackenzie
Jeffrey Nordling como Edward Mackenzie
Sharon Lawrence como Sally Danes
Greg Kean como David Sawyer
Todd Field como Wilson Danes

MÚSICA TEMA
Promises, Lillix.

TRILHA SONORA
She Will Be Loved, Maroon 5
All You Want, Michelle Branch
You´re The Storm, The Cardigans
Don´t Dream It’s Over, Sixpence None The Richer
Cowboy, Take Me Home, Dixie Chics
Your Winter, Sister Hazel

ESCRITO POR
Clara Lima
Sarah Lima

DIRIGIDO POR
Clara Lima

GRÁFICOS POR
Clara Lima

CRIADO POR
Clara Lima
Sarah Lima

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Rafael Pires
Camila Martins

DISTRIBUÍDO POR
TVSN

® 2004-2006.

Série Virtual – Outsiders – Girls Gotta Party


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Série: Outsiders
Episódio:
Girls Gotta Party
Temporada:

Número do Episódio:
1×02

[FADE IN]

 

CENA 1 – CAMPO DE ESPORTES NARANDA HIGH – DIA

[MÚSICA DE FUNDO – Why Not, Hilary Duff]

CATHLEEN e KENNEDY correm lado a lado em volta do gramado enquanto conversam, ofegantes. Atrás delas vemos outras garotas também correndo.

CATHLEEN: Cara, eu odeio educação física! Como o governo pode obrigar a gente a ficar completamente nojenta por cinqüenta minutos?

KENNEDY: [irônica] Essa deve ser mesmo a principal preocupação deles.

CATHLEEN: Não, eu falo sério, Kay. Pensa bem. Nós somos apenas gastos nos cofres públicos. Nós comemos, exigimos escola, parques, roupa, abrigo…

KENNEDY: [irônica] Festas ilegais.

CATHLEEN arregala os olhos como se KENNEDY finalmente tivesse compreendido.

CATHLEEN: E não pagamos imposto de renda!

KENNEDY: [ergue uma sobrancelha] Então essa é a vingança deles? Uma aula obrigatória de exercícios por tudo que fazemos eles gastarem?

CATHLEEN: Precisamente. O que eu tô tentando dizer é que essas coisas não valem cinquenta litros de suor!

KENNEDY: [sorrindo] Só as festas ilegais.

CATHLEEN: Ah, claro! Não vamos esquecer as festas! Você vai mesmo com o Ben na festa da fábrica hoje à noite?

KENNEDY: Espero que não! Ainda tô bolando um jeito de me livrar dele.

CATHLEEN: Então você vai terminar tudo mesmo?

KENNEDY: Não tem outro jeito. O problema é que toda vez que decido conversar com ele, terminar… eu não tenho coragem, Cath.

CATHLEEN: Quanto mais tempo você demorar pra terminar com ele, mais difícil vai ser. É melhor você fazer isso agora que vocês ainda estão no começo do namoro.

KENNEDY: Acho que você tá certa. O problema é que a Sam me disse que o Harry disse pra ela que o Ben falou que já gostava de mim há muito tempo. Sabe… eu não quero magoar ele.

KENNEDY parece cansada e para, colocando as mãos nos joelhos e pedindo por ar. Cathleen corre no mesmo lugar ao lado da amiga.

CATHLEEN: Então você vai casar com ele por causa disso? Não tô dizendo que você deva ser grossa com ele e mandar o cara pastar de uma hora pra outra. Só tô dizendo que você não pode ficar numa relação onde você não consegue nem respirar.

KENNEDY: Eu não tenho culpa de me envolver com caras tão… rarefeitos.

CATHLEEN: [rindo] Então, compre um tanque de oxigênio e seja feliz com ele.

CATHLEEN bate de leve na cabeça da amiga e sai correndo. KENNEDY ri e corre atrás de CATHLEEN. A música aumenta e a conversa se torna indistinta enquanto a câmera se afasta

 

[MÚSICA  TEMA – Late Great Planet Earth, Plumb.]

 

CENA 2 – SALA DESCONHECIDA NO NARANDA HIGH – DIA

[MÚSICA DE FUNDO – What’s My Age Again, Blink 182]

A câmera focaliza dois soldadinhos de plástico numa mesa sendo manipulados por duas mãos. A câmera abre revelando EHLIOS em frente a uma senhora [Kathryn Joosten] aparentando seus 50 anos.

EHLIOS: Me desculpe Doutora Miller, mas é que esses momentos de silêncio me dão náuseas, por isso, os soldadinhos. Sei que você irá me avaliar como infantil… bem [dá de ombros] você não seria a primeira. Então pega a senha e entra na fila.

DRA. MILLER: [anotando] Então, você tem problemas com pessoas silenciosas.

EHLIOS: Com pessoas silenciosas, não. Com pessoas que fingem ser silenciosas para chegar a algum lugar, sim.

DRA. MILLER: Eu gostaria de te lembrar que é o senhor que está avaliado aqui.

EHLIOS: E por que só eu fui chamado para ser avaliado? Eu não comecei aquela confusão sozinho.

DRA. MILLER: Senhor Grynn, a sua situação no colégio é alarmante.

EHLIOS: [revira os olhos] Não me diga.

DRA. MILLER: Você vem incomodando a calma nas decisões do grêmio desde que chegou ao colegial. E isso foi tolerado nas primeiras vezes, mas agora, vendo aonde a situação chegou devido ao seu mau comportamento, isso é inaceitável.

EHLIOS: Então o quê? Eu tô expulso?

DRA. MILLER: Não. Mas, devido aos seus últimos impulsos agressivos contra alguns membros de destaque em nossa instituição–

EHLIOS: …como o capitão do time?

DRA. MILLER: [num tom mais rígido] …eu e o diretor Fordman, acreditamos que o seu intelecto, como podemos notar em seu histórico, não está sendo totalmente aproveitado.

EHLIOS: Como assim? Vocês pretendem colocar uma focinheira em mim só porque eu falei umas verdades para aquelas aspirantes a Regina George?

DRA. MILLER: Não. Nós chegamos à conclusão que a melhor punição para você no momento é expandir suas relações sociais com outros alunos. Podemos começar com algo simples, como por exemplo monitorar outros alunos com dificuldades no aprendizado.

EHLIOS: [cauteloso e desconfiado] E vocês já tem alguém em mente.

DRA. MILLER: Sim. E acho que você vai se dar muito bem com essa pessoa. [mexendo nos papéis] Hum… aqui está… Joseph Campiti.

Os olhos de EHLIOS se arregalam e vemos uma expressão de pavor crescer em seu rosto.

EHLIOS: O quê?! Nunca!!

DRA. MILLER: [sorrindo] Vou considerar isso como um “sim”.

 

CENA 3 – REFEITÓRIO DO NARANDA HIGH SCHOLL – DIA

JOEY está almoçando sozinho. Ele coloca uma farta colherada de ervilhas na boca quando sente alguém cutucando seu braço. A câmera abre mostrando EHLIOS com uma pasta nas mãos. Ele joga a pasta sobre a mesa.

EHLIOS: Sou seu novo monitor.

JOEY, com a boca cheia de ervilhas, se esforça, mas não consegue falar. Sua expressão parece ser de incredulidade.

EHLIOS: [entediado] É… eu sei como se sente. Te vejo no sétimo horário. E não se atrase porque eu tenho mais o que fazer com a minha vida.

JOEY engole as ervilhas a seco e abre a pasta. A câmera mostra o que parece ser uma grade com horários de aulas.

JOEY: Ah, você só pode tá me zoando!

 

CENA 4 – QUARTO DE CATHLEEN – NOITE

[MÚSICA DE FUNDO – Vindicated, Dashboard Confessional]

Uma batida rítmica na porta. CATHLEEN sai de seu banheiro com um estojo de maquiagem na mão. Ela abre a porta sem se dar ao trabalho de conferir quem é e volta para o banheiro pra terminar de se arrumar. No caminho ela abaixa o volume de seu stéreo e a música diminui. JOEY no quarto e se joga na cama da garota de costas, encarando o teto.

JOEY: A tal festa da fábrica?

CATHLEEN: Sim.

JOEY: Então… você tá indo?

CATHLEEN: Sim.

JOEY: Onde é?

CATHLEEN: Na antiga fábrica de queijo.

JOEY: [cara de nojo] Parece fedorento.

CATHLEEN sorri do comentário e continua delineando seus olhos.

JOEY: Vocês todos vão?

Ela se senta na cama ao lado dele e começa a calçar sua sandália.

CATHLEEN: Só eu e Kay. É impressão minha ou essa conversa virou um tipo de interrogatório?

JOEY: Não, é só que…

CATHLEEN: Fala logo, Joey. [ela começa a procurar algo no chão] Droga! Bela hora para a tarraxa do meu brinco sumir.

JOEY: Quero dizer… Samantha vai com vocês?

Ela continua a procurar a tarracha no chão e não parece prestar muita atenção na conversa.

CATHLEEN: Não. Ela acabou de ligar. Parece que os pais dela viajaram e ela e Harry vão… [dá um sorriso malicioso] assistir Bob Esponja. [irritada] Droga. Cadê a maldita tarracha?

JOEY: Como? Bob Esponja?

JOEY leva um minuto para entender.

JOEY: [desanimado] Oh…

Ele vira-se e começa a sair, cabisbaixo.

JOEY: Me liga se acontecer qualquer coisa. Eu vou te buscar.

Nesse momento CATHLEEN, encontra sua tarraxa e vê JOEY saindo triste do seu quarto. Ela percebe a situação e bate a mão na cabeça.

CATHLEEN: Espera. Joey. Desculpa. Foi falha minha, eu nem deveria ter falado isso com você… mas, essas tarrachas demoníacas destroem qualquer maldito pensamento linear na cabeça de uma mulher.

JOEY: Sem problema. Não se preocupe comigo, Cathie. Eu estou bem.

CATHLEEN: Mesmo? Ou está querendo me fazer sentir menos culpada?

JOEY: [mostra um tímido sorriso] E você acha que eu perderia a chance de te ver se autoflagelar?

CATHLEEN: [rola os olhos] É, acho que você já está bem.

Ele vira-se de novo para sair, mas sua expressão triste permanece. CATHLEEN aperta os olhos e solta um pequeno “argh” em agonia.

CATHLEEN: [impulsiva] Você que ir?!

JOEY se interrompe mais uma vez e encara a garota.

CATHLEEN: Quero dizer… você quer ir na festa? Com a gente?

JOEY: Você tá falando sério?

CATHLEEN: Surpreendentemente… sim.

JOEY abre um sorriso completo.

JOEY: Tá bom. Me dá vinte minutos que eu já vou me arrumar.

CATHLEEN assente com a cabeça e JOEY sai correndo, fechando a porta do quarto. A garota faz seu caminho de volta ao banheiro.

CATHLEEN: [sussurrando] Kay vai me matar.

Um shot do deserto. A velocidade da cena acelera. O vento balança os poucos arbustos. As estrelas somem e o céu fica um pouco mais claro, mostrando que o Sol está para nascer.

 

CENA 5 – COZINHA CASA DE JULIA – MADRUGADA

JULIA: Eu não acredito no que você fez, CATHLEEN! Você sabe que não pode sair no meio de uma semana de aula! Veja o que acontece!

A câmera mostra JOEY e CATHLEEN sentados ao balcão da cozinha. CATHLEEN possui a roupa que usava na cena anterior, mas JOEY parece que acabou de acordar. Cathleen abre a boca, mas Julia continua falando.

JULIA: Você está atraindo atenção para si! Eu achei que minhas regras fossem claras e, acima de tudo, bem simples! Será que é tão difícil assim?

CATHLEEN: Hey! Por que eu estou tendo a sensação de que eu sou a única a levar sermão aqui?! Joey também saiu com a gente!

JOEY: [defensivo] Hey!

JULIA: Joey voltou pra casa muito mais cedo que você.

JOEY: E andando, diga-se de passagem. Tive que aturar duas milhas de Kennedy Lester reclamando que seu salto estava machucando.

JULIA: E além do mais, foi você quem o convidou!

CATHLEEN solta um olhar cortante para JOEY.

JOEY: [defensivo] Eu não disse nada!

A garota olha para JULIA como uma expressão entediada.

CATHLEEN: [pausadamente e irritada] Será. Que dá. Pra você. Por favor! Parar de vasculhar minha cabeça?! Nem na própria mente se tem privacidade nessa casa!

CATHLEEN se levanta irritada e começa a sair da cozinha.

JULIA: Eu ainda não terminei.

CATHLEEN solta um grunhido de irritação e vira-se para JULIA com os braços cruzados.

JULIA: A questão aqui não é a sua privacidade. Estamos falando da sua falta de responsabilidade. Já passou da hora de vocês perceberem que não são mais crianças e que a manutenção de algumas responsabilidades é essencial para que nossas vidas continuem tranqüilas. Que o que vocês fazem geram conseqüências. [sorri] Por isso vocês vão ficar dois semanas sem o carro.

JOEY apenas concorda com a cabeça enquanto CATHLEEN arregala os olhos.

CATHLEEN: O quê?! Você não pode fazer isso comigo, Julia! Como que eu vou sobreviver sem o carro?!

JULIA: Bem, eu vou continuar levando vocês para o colégio como faço todos os dias. E além do mais, Naranda nem é tão grande assim. Tenho certeza que você vai conseguir ir aonde quiser andando.

CATHLEEN: Eu sou uma adolescente, Julia. Locomoção nunca foi meu objetivo principal com um carro. Será que você não aprendeu nada com seus velhos tempos de 90210?

JULIA: Então sinto muito, mas seu sempre ascendente status social terá que ficar em suspensão por duas semanas. O que não é nada na verdade.

CATHLEEN: Droga! Eu já disse que não tive a intenção de ferir o cara!

JULIA: A gente ainda teve sorte, Cathleen. Eu nem sei como você conseguiu convencer o cara a não processar.

CATHLEEN dá um pequeno sorriso malicioso.

JULIA: [revira os olhos] Quê que eu tô falando? É claro que eu sei como você convenceu o cara. Você é a rainha da chantagem.

CATHLEEN: Eu salvo o mundo de mais um pedófilo e você me crucifica?

JULIA: [séria] Nada de carro, Cathleen. Ponto final.

CATHLEEN solta outro grunhido frustrado e começa a massagear as têmporas tentando se acalmar.

CATHLEEN: Okay, okay. [respira fundo] Pelo menos me dá aqueles trezentos dólares extras que eu vou precisar.

JULIA: Aqueles trezentos dólares? Quais trezentos dólares?

CATHLEEN: [revira os olhos] Olha, se é pra ler minha cabeça, pelo menos lê direito… ou não lê nada. [levanta a mão] Eu voto fortemente pela a segunda opção.

JULIA olha para CATHLEEN por alguns segundos e logo depois seus olhos se arregalam.

JULIA: O quê? Nem pensar! Eu não vou desembolsar trezentos dólares para pagar seus estragos naquela festa.

CATHLEEN: Mas, Julia…

JULIA: Nada de “mas Julia”. Consequências, Cathleen.

CATHLEEN: Mas a minha mesada já acabou e o que eu tenho guardado não dá pra pagar!

JULIA: Então arranja o dinheiro de outra forma.

CATHLEEN: Você quer que eu roube?!

JULIA: Eu não vou nem começar a pensar no porquê de roubar ter sido a primeira coisa que surgiu na sua cabeça quando eu falei em arranjar dinheiro. Bem, pelo menos não foi prostituição. [solta um suspiro cansado] Não, Cathleen. Você não vai roubar. Será que você já ouviu falar em alguma coisa chamada emprego?

Os olhos de CATHLEEN arregalam em pavor. JOEY coça a cabeça e aperta os olhos se preparando para a reação.

CATHLEEN: [chocada] Arrumar um emprego?!

KENNEDY: [voice over] Wow. Que droga!

 

CENA 6 – CENTRO DE NARANDA – DIA

CATHLEEN e Kennedy estão andando, observando o movimento entre as lojas.

KENNEDY: Pelo visto ela tava brava mesmo.

CATHLEEN: Honestamente eu não entendo o porquê. Acho que ela tá entrando em menopausa.

KENNEDY: [balança a cabeça e sorri] Então, nada de dinheiro, mesmo?

CATHLEEN:  Aparentemente, ela resolveu tomar uma postura mais Frank Fitts comigo.

KENNEDY: E o que você pretende fazer? Você não tá pensando mesmo–

CATHLEEN: Sim… estou pensando seriamente em arrumar um maldito emprego. Não vai ter jeito, Kay. E o pior é que eu não sei no que eu sou boa.

KENNEDY: Do que você tá falando? Você é boa em… [pensativa] hum… muitas coisas.

CATHLEEN: Como o quê? Descobrir quantas tonalidades diferentes de esmalte a gente consegue por 5 dólares?

KENNEDY: [sorri sem graça] É um começo.

CATHLEEN deixa os ombros cairem com uma expressão de derrota.

KENNEDY: Tá vendo o que acontece quando você abandona sua querida amiga com seu meio-irmão nerd? Falando nisso, como você conseguiu passar por aquele armário na portaria da festa?

CATHLEEN sorri maliciosamente e a câmera fecha nos seu olhos.

 

CENA 7 – EXT. GALPÃO ABANDONADO – NOITE

[FLASHBACK]

A câmera está fechada nos olhos de CATHLEEN. Ela então abre mostrando ela, JOEY e KENNEDY esperando numa fila quilométrica. Um pouco a frente vemos a fila sendo engolida pelo portão de um galpão abandonado. Três seguranças enormes checam os documentos.

CATHLEEN: Olha a quantidade de pessoas na nossa frente! [sorriso malicioso] Espera um minuto.

CATHLEEN sai da fila e vai andando até um dos seguranças.

KENNEDY: [revira os olhos] Sempre a mesma. Isso não vai dar em boa coisa. [para Joey] Anda, vem!

Os dois seguem CATHLEEN.

JOEY: E como você acha que vai conseguir furar a fila, espertinha?

CATHLEEN: [sorri maliciosa] Com um toque de fada.

Ele leva uns instantes para entender o que a garota fará.

JOEY: [arregala os olhos] Não! Você tá doida?!

KENNEDY: Será que dá pra alguém me explicar o que tá acontecendo?

CATHLEEN: Esqueça o Joey, Kay. Ele anda meio perdido, mesmo.

JOEY: [para si mesmo] Isso ainda vai sobrar pra mim.

KENNEDY: Vai lá então, Cathie. Se você conseguir usar seus “dotes femininos” ou seja lá o que for no grandalhão ali eu vou criar uma igreja com o seu nome.

CATHLEEN: Então amiguinha, vai se preparando para a minha canonização.

CATHLEEN caminha até o segurança deixando KENNEDY e JOEY a uma certa distância. Ela sorri para ele, que continua com a cara fechada. CATHLEEN então toca seu ombro, gentilmente. Flashs de memória atravessam a tela, revelando imagens desconexas. Um homem usando couro, uma cama redonda, espelhos e um chicote. Ela fala com ele como se acabasse de encotrar um velho amigo.

CATHLEEN: Hey, George! Como vão as gravações de “Elektra”?

GEORGE: [arrogante] Como é que você sabe meu nome? E que historia é essa de Elektra?!

CATHLEEN: Vamos, George! Você sabe que ficou ótimo de couro aquele dia… [sussurra] no motel em que minha mãe trabalha.

GEORGE: Do quê cê ta falando??

CATHLEEN: Vai dizer que não se lembra de mim? [finge estar ofendida] Caramba! Que falta de consideração! Logo, eu que sou tão amiga da Linda. Ah, e como está a sua esposa, a propósito?

GEORGE: Minha… minha esposa? O que você sabe? Droga! O que você quer!?

CATHLEEN: Eu adoraria poder ficar aqui conversando com você, mas sabe… [contorcendo-se] é que eu tô meio apertada. [sorrindo] Não tem como você liberar a entrada para mim, não?

GEORGE: Ok, guria, mas bico calado que eu sei que tu é de menor! Vai logo!

CATHLEEN: Valeu!

CATHLEEN entra no local seguida por KENNEDY e JOEY, mas GEORGE se põe na frente dos dois últimos.

GEORGE: Ei, você dois! Onde pensam que vão?

JOEY: Nós estamos com ela!

KENNEDY: Isso mesmo!

GEORGE: A entrada tá fechada para os amigos daquelazinha que entrou! Se quiserem entrar é melhor esperarem o trem da maturidade. [gritando] Próximo!

KENNEDY e JOEY se entreolham sem reação.

 

CENA 8 – INT. FESTA – NOITE

[MÚSICA DE FUNDO – Headsprung, LL Cool J ]

CATHLEEN vai fazendo seu caminho através das pessoas. A câmera sobe e mostra um grande galpão decorado com muito espelhos e luzes. A pista de dança está lotada. A música bomba ao fundo enquanto corpos se agitam sob a tensão das ondas sonoras. CATHLEEN se perde na dança e a câmera fecha em seu olhos.

[FIM DO FLASHBACK]

 

CENA 9 – CENTRO DE NARANDA – DIA

A câmera se afasta dos olhos de CATHLEEN e vemos KENNEDY na sua frente.

KENNEDY: E então? O que você falou pro cara?

CATHLEEN: [disfarçando] Na verdade nada. É nojento o que a possibilidade de ir pra cama com uma menor faz com alguns caras.

CATHLEEN volta a caminhar deixando KENNEDY parada e confusa.

 

CENA 10 – BIBLIOTECA DO NARANDA HIGH – DIA

JOEY e EHLIOS estão sentados, um em frente ao outro com vários livros espalhados entre eles. EHLIOS bate o pulso fechado contra a testa algumas vezes.

EHLIOS: Como você consegue ser tão burro?

JOEY: Se você vai começar a sacanear eu vou colar tua bunda nessa cadeira.

EHLIOS: Esqueceu que eu posso atravessá-la? [passa a mão através da cabeça de Joey] Feito seus pensamentos.

JOEY se assusta e pula da cadeira.

JOEY: Sai fora cara! E vamos logo começar essa droga, que eu não quero ficar a tarde toda estudando com você! [senta-se e sussurra pra Ehlios] Droga! Alguém poderia ter visto isso, seu estúpido!

EHLIOS: Calma! Ninguém tava vendo. E além do mais, o que adianta ter poderes se não podemos nos divertir um pouco?

JOEY: Só não quero suas mãozinhas pegajosas perto de mim… ou… através de mim.

EHLIOS: Calma, nervoso! Na próxima vez, eu uso um óleo para você relaxar.

Ele pisca para JOEY.

JOEY: Seu…!

A caneta na mão de JOEY começa a derreter.

EHLIOS: Cara! [afasta um pouco a cadeira da mesa] Você já  pensou em fazer carreira num fast food? Com essa seus poderes, garanto que você agilizaria o trabalho nas frigideiras. O The Alley tá contratando. Não está interessado?

JOEY: [sussurra para si de olhos fechados] Eu sou o rei do meu castelo. Eu sou o rei do meu castelo. Ele não vai me irritar.

EHLIOS: Isso é algum treinamento anti-ataque mental que a “Charles Xavier de saias” te ensinou?

JOEY: Não, é algo que vai me impedir de matar você nesse momento!

EHLIOS: Ih! Vocês da Equipe Rocket sabem exagerar quando estão nervosinhos. Olha o caso da Cathleen ontem na festa da fábrica.

JOEY: E como você ficou sabendo disso? Invadiu o vestiário feminino, pequeno tarado?

EHLIOS: Os Narandantais tem uma ótima rede de informação de dar inveja a qualquer serviço secreto, menino da cidade grande.

JOEY: Nunca vou me acostumar com o serviço informal de informação desse fim de mundo.

EHLIOS: É, e agora a Hannover tá correndo atrás de um emprego. Como eu já te disse tem uma vaga de garçonete no The Alley.

JOEY: Cathy servindo mesas? Só se ela tiver muito desesperada! E qual é o seu interesse em ajudá-la?

EHLIOS: Se você não quiser ver sua amiga usando os poderes pra dar uma de vidente na praça de alimentação do shopping… [dá de ombros] Acho que é o caminho mais digno a se seguir.

JOEY: Existem diferentes níveis de desespero. Enganar idiotas no shopping é bem diferente de serví-los.

EHLIOS: Você que sabe. Está com a informação na mão e vai deixar de ajudar sua irmãzinha.

JOEY franze o cenho, desconfiado.

JOEY: [abrindo o flip do celular] Já que você faz tanta questão. [põe o celular no ouvido e aponta pra Ehlios] E ela não é minha irmã.

EHLIOS: Tanto faz, cara. Que bom que pude ajudar. Segura aí que a gente precisa de outro livro.

EHLIOS levanta da cadeira e se dirige às prateleiras.

EHLIOS: [pra si mesmo] Hannover lavando pratos? Isso eu quero ver!

 

CENA 11 – EXT. LANCHONETE THE ALLEY – DIA

[MÚSICA DE FUNDO – Here Is Gone, Goo Goo Dolls]

A câmera passa lentamente mostrando um letreiro escrito “The Alley”. O foco desce lentamente e mostra CATHLEEN de costas atendendo o seu celular. A câmera dá um giro em torno da garota e vemos que ela está em frente a um cartaz colado no vidro da porta: “Precisa-se de ajudante”.

CATHLEEN: Valeu, por ter ligado, Joey. [desliga o celular]

A garota deixa os ombros caírem acompanhados de uma pesada respiração.

CATHLEEN: [para si mesma] Poderia ser pior.

A garota entra no local e nota que o lugar está lotado. Ela tenta recuar, mas é abordada por ZACK.

CATHLEEN: Você aqui?

ZACK: Eu trabalho aqui, Cathleen. Você nunca me viu aqui antes?

CATHLEEN: [tenta disfarçar] Lógico! É claro que sim.

ZACK: Então, você já foi atendida?

CATHLEEN: Não. [sem graça] Quero dizer, vocês estão…  precisando de… alguém como ajudante?

ZACK olha meio intrigado para a garota e então solta um pequeno sorriso.

ZACK: Você está procurando um emprego, é isso? Acho que essa não é a hora mais apropriada mas… vamos ver o que faço por você.

ZACK sorri e com um gesto pede a ela que o acompanhe até o balcão. Atrás do balcão, um homem [Josh Duhamel] que aparenta seus 30 e poucos anos se aproxima apressado e começa a contar algumas notas na registradora.

ZACK: Devon… hum… Cathleen…

DEVON não o encara e continua examinando o dinheiro no caixa.

DEVON: A chapa entupiu de novo, Hayes?

ZACK: Não, é que Cathleen… [Devon nota a garota] Ela está procurando emprego. Nós estamos realmente precisando de mais alguém por aqui.

DEVON: [sorri e levanta os braços] Eu não acredito que Deus ouviu minhas preces!

CATHLEEN: Então, a vaga é minha?

DEVON parece desesperado.

DEVON: [atira um avental nela] Sim! E você já pode começar o teste… agora!

CATHLEEN: [assustada] Para quê isso? E que teste é esse? Eu nem estudei para nada?

DEVON: [ri] Isso é um avental. E ninguém estuda para servir copos, querida. Apenas… [dá de ombros] serve.

Ele pega uns papéis e se afasta deixando CATHLEEN com um olhar apavorado no rosto.

CATHLEEN: Então… tem alguma dica pros iniciantes?

Ouvimos várias pessoas chamando pelo garçom.

ZACK: Só… não quebra nada e você vai ficar bem.

E sai apressado para atender os pedidos.

CATHLEEN: Okay. [para si mesma] Eu posso fazer isso. Eu posso fazer isso.

Ouvimos um barulho alto de vidro se quebrando.

 

CENA 12 – THE ALLEY – DIA

A câmera mostra um prato no chão, despedaçado. Ela vai subindo revelando CATHLEEN já de avental. Ela apresenta uma expressão assustada. Algumas pessoas batem palmas. ZACK vem andando apressado da cozinha com alguns pratos na mão e olha para CATHLEEN com uma expressão de repreensão.

CATHLEEN: [apontando para o prato] Newton pode explicar isso!

ZACK: [passando direto por ela] Eu também… nervosismo!

CATHLEEN: [pra sim mesma] Isso deve ser normal nas primeiras vezes.

Ela dá algumas voltas em torno de si e pára quando avista uma vassoura. ZACK coloca os pratos sobre uma mesa e percebe a garota pegando a vassoura. Ele apressa-se.

ZACK: Deixa que eu te ajudo. O movimento tá mais fraco agora.

CATHLEEN: Isso é fraco?! Tem mais gente aqui do que em toda cidade.

Ele pega a pá e começa a recolher os cacos.

ZACK: Existem dias piores, acredite.

CATHLEEN repara algumas garotas do colégio entrando na lanchonete. Elas sentam em uma mesa e CATHLEEN se aproxima.

CATHLEEN: [acenando sem graça] Oi, gente.

GAROTA 1: Ora, ora… quem diria? Miss Hannover em seus dias de borralheira. Daria uma ótima tragédia grega.

GAROTA 2: [irônica] Não seja tão cruel, Amy. Eu adorei [gesticula para o avental] isso. Onde você comprou? O dá minha empregada já tá meio velhinho.

CATHLEEN: No mesmo lugar onde você comprou aquele lixo que usou no último baile.

ZACK percebe a tensão e interfere.

ZACK: Cathleen… porque você não deixa que eu sirvo essa mesa? Vai pegar o pedido da mesa 7. Eu resolvo isso aqui… [murmurando para si] antes que alguém se machuque.

Mesmo murmurando, CATHLEEN parece ter ouvido e para por alguns instantes. A câmera fecha novamente em seus olhos.

 

CENA 13 – FESTA – NOITE

[MÚSICA DE FUNDO – Headsprung, LL Cool J ]

[FLASHBACK]

A câmera se afasta dos olhos de CATHLEEN e ela está agora na pista de dança da festa. A música bomba ao fundo, corpos se agitam sob a tensão das ondas sonoras. CATHIE se perde na dança e não repara em um homem se aproximando sorrateiro, pelas suas costas.

CATHLEEN: [se esquivando] Hey! O quê é isso?!

HOMEM: Oi gata. O céu deve estar triste hoje, afinal perdeu um anjo.

Ela olha para ele com uma cara de nojo.

CATHLEEN: Ew!

HOMEM: Nossa! É bem bravinha! Que tal um drink pra se acalmar?

CATHLEEN: Cai fora!

O homem continua a cercar CATHLEEN, sempre tentando fixar no olhar dela. Ela desvia sempre que possível e acaba ficando de costas para ele. Ele não se faz de rogado e toca as pernas dela. Imagens dispersas atravessam os pensamentos de CATHLEEN e ela se vê em posições impróprias e nunca antes imaginadas.

CATHLEEN: [afasta o homem bruscamente] Hey!! Que diabos você pensa que tá fazendo?! Isso é uma dança e “dança” rima com “dança” e não com “transa”… quero dizer… não rima nesse momento, pode até rimar em outros momentos mas agora não! [ela empurra os ombros dele] Você consegue entender a diferença?!

Todos no meio da pista param para ver a discussão. O cara olha para os lados sem graça e chega mais perto falando só pra ela.

HOMEM: Pô, qualé? Vamos continuar, não precisa disso tudo.

O homem toca na mão dela que tenta se esquivar, mas não antes de ter mais uma visão.

HOMEM: [assustado] Que foi isso?

CATHLEEN: Sua consciência dando um alerta de “emergência para idiotas”.

HOMEM: Você pensa que é esperta, né? Mas, você é igual a todas as outras! Aproveitam o máximo de um cara e depois ficam fazendo joguinhos.

CATHLEEN: Eu vou embora, pra mim já basta.

CATHLEEN se vira em direção a porta quando é impedida pela mão do homem, que segura seu braço com força. Cathleen se irrita e sorri ameaçadoramente.

CATHLEEN: Acredite em mim quando eu digo que você quer largar o meu braço. Agora.

O homem passa a mão no rosto de CATHIE, como se desafiando-a. Ela então desvencilha-se da mão dele, o empurra a uma certa distância e dá um chute giratório em seu abdômen. Ele perde o equilíbrio e bate num painel de vidro logo atrás. O painel, com cerca de dez metros de altura, começa a se quebrar, caindo como uma cachoeira congelada. As pessoas se afastam assustadas e o homem rola pelo chão saindo da área de impacto do vidro, mas não consegue evitar alguns cortes. Vemos que ele tem um corte profundo no supercílio. Sua roupa está rasgada em vários pontos e alguns ferimentos no braço e nas duas pernas também começam a sangrar. Ele, ainda no chão, olha para CATHLEEN.

HOMEM: Sua piranha! Você vai pagar caro!!

CATHLEEN: Tá falando comigo? Vai por mim, a lata de lixo de onde você veio, tava escrito “perdedor”, eu não pretendo descobrir o que ainda tem lá dentro.

CATHLEEN se retira da boate ovacionada pela multidão. Ela sai andando se sentindo a tal, mas seu caminho é obstruído por dois seguranças. Eles a levantam pelos braços e ela é carregada através da multidão.

CATHLEEN: Oopss…

 

CENA 14 – THE ALLEY – NOITE

[MÚSICA DE FUNDO – Closing Time, Semisonic]

A câmera dá um giro no local que já está quase totalmente vazio e mostra CATHLEEN, passando um pano em algumas mesas. EHLIOS entra no estabelecimento. Close no rosto dele com um sorriso malicioso.

EHLIOS: Ora, ora. O que nós temos aqui? Mrs. Dalloway perdeu seu emprego de promoter e agora faz bicos como garçonete?

CATHLEEN: [contendo sua irritação] O que você deseja?

EHLIOS sorri e abre lentamente o cardápio, mas não olha para o mesmo.

EHLIOS: Eu quero o de sempre.

CATHLEEN: Caso você não tenha percebido eu sou nova aqui.

EHLIOS: E eu com isso? Você tá precisando de acompanhamento psicológico para aceitar a sua nova função de servir?

Ela puxa o cardápio das mãos de EHLIOS e se aproxima do rosto dele, olhando-o nos olhos.

CATHLEEN: Já anotei o seu pedido.

E vai se afastando.

EHLIOS: Espera ai! Você não sabe o que eu quero, como que você já anotou?

CATHLEEN: [levanta uma sobrancelha] Você não pediu o de sempre?

EHLIOS: Pedi, mas…

CATHLEEN: Pois é, querido. Estou te ignorando. Não é o que você sempre pede ou você precisa de um acompanhamento psicológico para aceitar isso?

CATHLEEN faz beicinho.

EHLIOS: [irritado] Você-

CATHLEEN: O quê?

EHLIOS solta um grunhido de agonia e levanta bruscamente.

EHLIOS: Deixa prá lá!

Ele sai da lanchonete com passos de elefante. CATHLEEN corre até a porta e grita.

CATHLEEN: Obrigada pela preferência e volte sempre!

Ela retorna ao interior da lanchonete e vê ZACK rindo.

ZACK: Agora eu vou ter que aguentar ele reclamando de você pelo resto do dia.

CATHLEEN: Bem, amanhã tem mais. Mesma hora, mesmo local.

Eles olham em volta e se deparam com a última mesa ocupada, onde uma mulher está ocultada pelo jornal que lê.

ZACK: Último pedido da noite. [sorri pra ela] Quer fazer as honras?

CATHLEEN sorri e pega a chaleira de café em cima do balcão. Ela se aproxima e enche a caneca de café.

CATHLEEN: [tirando o bloquinho e a caneta] A senhora vai querer alguma coisa a mais?

O jornal vai abaixando lentamente e revelando o rosto de JULIA.

JULIA: Nossa! Quanta educação. Se eu soubesse que você ia ficar mansinha assim já teria te colocado para trabalhar a mais tempo.

CATHLEEN: [sorri irônica] Muito engraçado. Veio aqui pra rir da minha miséria?

JULIA: Eu fiquei sabendo que você estava trabalhando aqui e resolvi ver como estavam as coisas. Está tudo bem?

CATHLEEN: É só… estranho.

JULIA: [sorri] Mas pelo visto as suas dívidas só aumentam… com a quantidade de copos e pratos que você quebrou hoje.

CATHLEEN: [pára por um segundo, mas logo parece compreender] Você não consegue mesmo manter o seu Olho de Thundera longe de mim, né?

JULIA: [revira os olhos] E lá se vai a boa educação… Eu só estou preocupada. Depois da nossa última invasão, as coisas andam meio agitadas nas bases militares da região.

CATHLEEN: Olha a minha cara de quem tá interessada nesse papo. Eu tô cansada, Julia. Cansada demais pra… [gesticula desengonçadamente para as duas] isso. E não me agrada muito a idéia de ser vigiada. Ok?

JULIA: [levanta os braços] Okay, okay. Então, eu vou embora, já percebi que você pode se virar sozinha.

Ela toma um gole de café e veste seu casaco.

CATHLEEN: Muito obrigada.

JULIA se retira do local. ZACK se aproxima de CATHLEEN, que começa a passar o pano na mesa.

ZACK: Então… essa foi a última.

CATHLEEN: [irritada] Se Deus permitir!

ZACK: Algum problema?

CATHLEEN: Não. Nada de mais. Era apenas Emily Gilmore tentando me tirar do sério.

ZACK: E você não cobrou o café da sua mãe?

CATHLEEN: Mãe? Ela não é… [percebe a situação] Mas que caloteira!

CATHLEEN corre até a porta tentando alcançar JULIA, mas só ouvimos o barulho do carro se afastando. Ela solta um suspiro e fecha a porta se aproximando de ZACK.

CATHLEEN: Pratos quebrados… copos quebrados… café sem pagar. Eu vou ter sorte se sobrar dinheiro suficiente do meu salário pra comprar um chiclete.

ZACK sorri.

ZACK: Vem. A gente ainda tem que arrumar lá atrás.

A tela vai dissolvendo até a próxima cena.

 

CENA 15 – COZINHA DO THE ALLEY – NOITE

ZACK está raspando a chapa com uma espátula enquanto CATHLEEN coloca as últimas cadeiras em cima da mesa central da pequena cozinha. Ela olha para os lados como se procurasse sua próxima tarefa.

CATHLEEN: Então… o que mais falta fazer pra eu poder ir pra casa?

ZACK: [olha em volta] Uhm… [apontando pra chapa] isso aqui… os pratos, o chão, descongelar os hambúrgueres de amanhã…

ZACK olha através da janela a sua frente que dá para as mesas da lanchonete. Vemos DEVON sentando em uma das mesas fazendo algumas contas.

ZACK: …e o balcão. Acho que é isso.

CATHLEEN arregala os olhos.

CATHLEEN: Isso tudo? Mas já são quase onze horas! Que horas que a gente vai terminar?

ZACK: Não demora tanto quanto parece.

CATHLEEN: Eu espero que não. Porque até eu chegar em casa e conseguir tirar toda essa gordura do meu cabelo já deu a hora de ir pra aula.

Ela se aproxima da pia com uma cara de nojo, mas, relutante, liga a torneira e começa a lavar os pratos. ZACK deixa a chapa e corre até a pia, fechando rapidamente a torneira.

ZACK: Não, não, não. Depois de hoje está mais do que provado que você e pratos não se dão muito bem. [estende a espátula] Toma. Termina com a chapa e deixa os pratos comigo.

CATHLEEN olha para a chapa e sua expressão de nojo parece crescer mais ainda. ZACK abre um pequeno sorriso enquanto observa sua reação.

ZACK: Não é você e Joey em incesto, Cathleen. É só uma chapa de hambúrgueres.

Ela arregala os olhos e dá um forte tapa no ombro de ZACK.

CATHLEEN: Eewww! [fecha os olhos tentando afastar as imagens] Nunca, nunca pronuncie essas três palavras em uma única frase novamente!

ZACK dá um tímido sorriso enquanto observa CATHLEEN se aproximar da chapa e começar a raspá-la segurando a espátula com apenas dois dedos. Os dois conversam sem tirar os olhos de suas tarefas.

CATHLEEN: E eu e Joey… nós não somos irmãos.

ZACK: Uhm… Então há uma possibilidade.

CATHLEEN: [dá uma risada] Dá pra parar? [ela enfia a mão na pia e joga um pouco de água nele] Eu não posso destruir todos os pratos e copos dessa lanchonete e ainda vomitar em cima dessa chapa… Pelo menos não tudo no mesmo dia.

Ele olha para ela com um completo sorriso, mas continua a lavar seus pratos.

CATHLEEN: É só que… todo mundo tem a impressão de que nós somos irmãos. Mas não somos.

ZACK apenas afirma com a cabeça. Um silêncio desconfortável se instala por alguns momentos. ZACK tenta manter a conversa viva.

ZACK: Então… você está aqui em intercâmbio. Ou algo do tipo…

CATHLEEN levanta as sobrancelhas.

ZACK: Quero dizer… você é britânica, certo?

CATHLEEN: [forçando ainda mais seu sotaque] Como você adivinhou? [ela sorri] Eu sei, eu sei. Minha delicadeza excessiva me entrega.

Eles se olham e trocam um sorriso.

CATHLEEN: Mas não é intercâmbio, não. Pode ter certeza que se eu pudesse escolher, o último lugar em que estaria seria aqui.

ZACK: Por quê? Quente demais para uma londrina?

CATHLEEN: [sorri, mas logo retoma uma expressão séria] Não… é só que… tudo estava bem em LA– [ela olha para ele] A gente morava em Los Angeles antes de vir pra cá. [volta a rapar a chapa] E então, wham! Hora de ir pro fim do mundo no meio de Nevada.

ZACK: [irônico] Nossa, Hannover. Agora me diz o que você realmente acha de Naranda.

CATHLEEN: [irônica] Sério? Já posso deixar os eufemismos de lado?

ZACK apenas olha para ela com um tímido sorriso.

ZACK: Então… se você não é irmã dele, nem filha dela e não tá em intercâmbio…

CATHLEEN: Interessante. Eu passei a tarde toda aqui e você mal trocou três palavras comigo além do necessário e é só o sol se esconder que você começa a bancar o detetive. [ela sorri] Tem mais alguma coisa em você que só é liberada à noite, Hayes?

Ele, de repente, parece se tocar de sua indiscrição. Olha para ela parecendo realmente arrependido.

ZACK: Oh, desculpa. Eu não quis parecer enxerido nem nada… eu só tava… curioso.

Ela olha para ele e sorri com compreensão.

[MÚSICA DE FUNDO – Name, Goo Goo Dolls]

CATHLEEN: Nós somos meio que adotados. Acho que esse é o termo mais adequado. Julia nos dá casa, comida e escola. Já faz uns quatro anos. E em troca a gente dá umas contas pra ela pagar e uma enxaqueca violenta.

ZACK: E você diz que ela não é sua mãe? Isso soa como uma mãe pra mim.

CATHLEEN apenas sorri.

ZACK: E eu achando que era o único com uma situação familiar estranha. [ela olha para ele intrigada] Eu e Ehlios. Nós também não somos irmãos e vivemos com Sarah.

CATHLEEN: Isso é meio estranho.

ZACK: Nem tanto. Eu moro com Sarah desde bebê, mas sempre soube que ela não era minha mãe. E Ehlios veio morar com a gente, já faz o que… [ele pára pra pensar] Nossa, sete anos! Então não é mais tão estranho.

CATHLEEN: Não, não é isso que estou falando. Estou falando do fato de todos nós não sermos… digamos, totalmente normais e termos a mesma base familiar. Parece que estamos unidos pela assistência social.

Ela o encara com um sorriso gentil. A música aumenta enquanto vemos ZACK rir e CATHLEEN parece tagarelar, mas a conversa já está indistinta. A câmera se afasta dos dois. Eles parecem se divertir. A música diminui e a tela escurece lentamente.

[FADE OUT]

 

PRODUÇÃO EXECUTIVA
Samir Zoqh
Luciana Rocha

ELENCO
Keira Knightley como Cathleen
Riley Smith como Joey
Paul Wasilewski como Zack
J. Mack Slaughter como Ehlios
Ashly Lyn Cafagna como Kennedy
Bonnie Somerville como Julia

ATORES CONVIDADOS
Kathryn Joosten como Dra. Miller
Josh Duhamel como Devon

ESCRITA POR
Samir Zoqh

DIRIGIDA POR
Luciana Rocha

CRIADA E DESENVOLVIDA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha

MÚSICA TEMA
Late Great Planet Earth, Plumb

TRILHA SONORA
Why Not, Hilary Duff
What’s My Age Again, Blink 182
Vindicated, Dashboard Confessional
Headsprung, LL Cool J
Here Is Gone, Goo Goo Dolls
Closing Time, Semisonic
Name, Goo Goo Dolls

UMA PRODUÇÃO HYBRID STUDIOS
DISTRIBUÍDO POR TELEVISION SERIES NETWORK

Todos os atores aqui citados são meramente ilustrativos.
Os personagens por eles representados estão em um contexto de ficção.
Nenhum direito de imagem está sendo infringido.

©2005

Série Virtual – Destination Anywhere – De Volta Para Onde Pertenço


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Série: Destination Anywhere
Episódio:
De Volta Para Onde Pertenço
Temporada:

Número do Episódio:
1×02

 

CENA 1 – EXT. RUA – FIM DE TARDE

VOICE OVER: [Jonathan Bennet] Anteriormente em Destination Anywhere.

ANNA [Criança]: Então eu posso ir?

MATT [Criança]: Hum… tá bom, Banana, você venceu.

ANNA [Criança]: Não me chama assim, seu verme! Eu salvei sua pele na escola hoje!

Matt [Criança]: Você me salvou? Eu sempre entro nas confusões por sua causa.

Os dois caem na gargalhada.

ANNA [Criança]: Verdade. [Para de rir] Quando vamos fugir?


CENA 2 – INT. CASA DOS MACKENZIE – FIM DE TARDE

ANNA: [Grita e bate o pé] Eu não vou! Não vou! Não vou mesmo, pai!

HOMEM: [Jeffrey Nordling] Você não tem escolha Mary Anna!

ANNA: Por acaso o petróleo de Tulsa acabou, papai? [Chorando] Você não pode fazer isso comigo! Eu tenho uma vida aqui!

HOMEM: Não Seja dramática. Você terá uma vida lá também. Uma promoção dessas é irrecusável. Eu vou ser diretor geral da empresa no Brasil.


CENA 3 – EXT. FAZENDA – FIM DE TARDE

PHILL [Criança]: Pensou que ia escapar de nós?

MATT [Criança]: O que você quer, seu caipira?

[CORTA]

MATT [Criança]: [Voice over] Um dia esses garotos me pagam. Eles me pagam!

[CORTA]

Mostra Anna no avião.

 

CENA 4 – INT.REDE´S – NOITE

ANNA abre a porta e vê um garoto alto, de costas. Ele segura ALEXIA pelo braço com força. ANNA franze a testa e depois olha pra ALEXIA.

MATT: Ally! Já chega. Você vem comigo, agora!

ALEXIA: [Chorando] Não grita comigo, Matt.

ANNA: Matt?

O GAROTO olha pra trás. Ele parece atônito.

MATT: Anna…

Os dois se olham surpresos e emocionados.

ALEXIA: Você conhece essa daí?

MATT disfarça olhando para baixo.

MATT: Eu vou te levar para casa.

ALEXIA: Eu ainda não acabei!

MEL: Nem eu!

MATT coloca ALEXIA em seu ombro.

MATT: Acabou sim!

ALEXIA: Matthew, me põe no chão! Matt! Isso é patético!

MELISSA ri. MATT evita olhar para ANNA ao sair da lanchonete.

 

CENA 5 -EXT. RED´S- ESTACIONAMENTO

ALEXIA debate-se no ombro do namorado, que anda em direção de seu carro. REBECCA, logo atrás, corre até alcançá-los.

BECKY: Matt! Espere!

ALEXIA: É, Matt. [Ri] Espere!

BECKY: Ninguém pode vê-la nesse estado. É melhor levá-la para a minha casa.

MATT coloca ALEXIA no chão, que apoia-se estratégicamente no garoto.

BECKY: Você vem comigo, Alley. Eu estou sozinha em casa.

ALEXIA: Então agora vocês vão esconder a loirinha problemática? [Leva as mãos ao ar, como se estivesse focalizando algo] Filha do prefeito agride ruiva concu…concu…

BECKY: Concubina?

MATT permanece sério, e lança um olhar critíco para a loira.

ALEXIA: É! Isso aí mesmo.

MATT: Alley!

O garoto segura firme no braço da namorada.

MATT: Você está bêbada, e causando confusão numa lanchonete famosa da cidade. Você tem certeza que sabe da repercurssão que isso teria? Seu pai…

ALEXIA: Me mandaria de volta para Vermont? Pppffff… Como se uma Academia elitista fosse uma prisão. [Séria] Pelo menos lá eu não tinha que fingir o que eu não sou! [Abre os braços] Liberdade!

BECKY: Ok. Chega.

BECKY destrava seu carro, um volvo prateado, com um dispositivo em sua chave. A garota pega a mão da amiga e a puxa para dentro do veículo, praticamente a jogando no banco de trás. MATT suspira cansado.

MATT: Obrigado, Becky.

BECKY: Você vem com a gente?

MATT olha par o carro, pensativo. ALEXIA abre a janela do carro.

ALEXIA: Matt…

MATT olha para lanchonete, com um olhar pensativo. Depois volta sua atenção para a namorada, fazendo um sinal positivo com a cabeça.

[ABERTURA]

 

CENA 6 – INT. RED´S

ANNA permanece boquiaberta e pálida. Seu olhar fixo na porta dava a impressão de que a garota avistara um fantasma. Seus olhos não piscam e sua respiração é acelerada.

MELISSA: [Grita] Ahh! Que raiva!! Que raiva!!!

ANNA assusta-se com os gritos de MEL. Seu estado de transe dá lugar à uma sensação de desconforto, demonstrada em seu semblante.

SAM: Calma. Mel!

MEL: [Grita] Calma? Eu não quero me acalmar! Eu quero partir a cara daquela coitada.

ANNA aproxima-se dos dois.

ANNA: O que houve aqui?

SAM: Furacão Alexia, conhece? Ouvi dizer que devastou toda a região norte do país e agora paira pelas terras áridas do deserto.

ANNA sorri.

MEL: Não é hora pras suas piadas, Sam! A garota é pirada. Saca? Pirada, louca, não é boa da cabeça. Ela acha que pode passar por cima de todo mundo só por que é filha do prefeito!

SAM: Bom, eu não acho que ela pensa que pode passar por cima de todos por ser filha do prefeito. Eu acho que ela pensa que pode passar por cima de todos por que ela simplesmente… pode.

MELISSA grita assuntando SAM e ANNA.

MEL: Quer saber? Da próxima vez que aquela coisa vier pra cima de mim, eu bato nela. Eu não quero nem saber se o Matthew vai brigar comigo, vai dá chilique por causa da namoradinha ou ter um derrame. Eu cansei dessa proteção toda com ela. [Repira fundo] Quer saber? Eu preciso sair daqui!

MELISSA pega uma bolsa e um casaco e sai da lanchonete.

ANNA: Não acha melhor a gente ir atrás dela?

SAM: Não… Amanhã ela já vai ter esquecido isso.

ANNA: Mas…

SAM sorri da preocupação da garota.

SAM: Não se preocupe. A Melissa anda muito territorial ultimamente.

ANNA parece não assimilar muito bem a informação.

SAM: Ei, você está bem?

ANNA morde o canto da boca. Ela balança a cabeça negativamente.

ANNA: Eu acho melhor voltar pra casa.

SAM: [Preocupado] Você está dirigindo?

ANNA: Na verdade eu vim andando até aqui. Não custa nada voltar andando também. Quem sabe eu não esbarro com algum outro “barraco” e torno a noite mais divertida? Quem sabe a Paris Hilton e a Nicole Richie não estão bem ali na esquina?

SAM: Bom, não estou certo sobre Nicole e Paris, mas de qualquer jeito, eu vou com você. Não se pode deixar uma bela garota andando por aí a noite.

ANNA sorri.

 

CENA 7 – EXT.ESTRADA – NOITE

A estrada escura era iluminada apenas pela luz da lua e de alguns poucos carros que trafegavam por ali. REBECCA está dirigindo, enquanto MATT está no banco de trás com ALEXIA deitada em seu colo.

BECKY: Está tudo bem ai?

MATT fica em silêncio. REBECCA olha para trás e vê que ALEXIA está chorando.

BECKY: Eu vou ligar o rádio, ok? [Aperta um botão no painel do automóvel]

[MÚSICA – LOW,  KELLY CLARKSON]

ALEXIA começa a balbuciar algumas palavras. MATT aproxima sua cabeça da para escutar melhor o que ela está tentando dizer.

MATT: Para o carro!

 

CENA 8 – MESMO LOCAL

REBECCA está sentada em seu carro, estacionado no canteiro da estrada. MATT segura a cabeça de ALEXIA enquanto ela vomita.

MATT: Eu acho melhor o Phillip não saber disso.

ALEXIA: [Balbucia] Eu não quero voltar pra Vermont. Eu quero ficar aqui com vocês.

REBECCA: Nem o Phill nem o Scott precisam saber disso.

Ouve-se um toque de celular. REBECCA checa seu aparelho para ver quem está ligando. Ela faz um sinal de silêncio.

BECKY: Por falar no Phill. [Pausa] Alô. Oi! Phill. Sim, ela está aqui comigo. Aconteceu alguma coisa?

 

CENA 9 – INT. QUARTO – NOITE

PHILL: A minha mãe está me enchendo o saco. [Imita a voz da mãe] “Cadê sua irmã? Você não sabe onde sua irmã foi? Por acaso a sua irmã lembra que tem casa?” e blá, blá, blá… Você sabe como é.

 

CENA 10 – EXT. ESTRADA

BECKY: Eu entendo. Avisa para a sua mãe que a Alley está comigo. Nós estamos…estudando.

PHILL [voice over]: Eu não me importo o que vocês estão fazendo. Ela só não pode sumir desse jeito. Posso falar com ela?

BECKY: Nossa, Phill. Tinha esquecido do quanto você é gentil. Olha, a Alley foi à cozinha. E peço para ela ligar depois. Mas avisa a sua mãe que vamos demorar um pouco.

PHILL: Hum… Ok. Tchau.

REBECCA desliga o telefone, e se aproxima do casal. ALEXIA, que estava com a cabeça baixa e a mão no joelho, olha para a amiga.

ALEXIA: Eles vão me matar!

BECKY: Não seja trágica, Alley. Eu já enrolei seu irmão. Agora vamos pra minha casa, você precisa de um banho e de uma boa noite de sono.

ALEXIA levanta-se.

ALEXIA: Eu preciso de uma escova, e uma boa maquiagem.

MATT: Você e eu precisamos conversar.

ALEXIA põe a mão na barriga.

ALEXIA: Ai… [Fingindo] Eu vou…

BECKY e MATT: Morrer.

BECKY: Já sabemos. Agora, antes de morrer, querida, entre no carro.

 

CENA 11 – EXT. RUA- NOITE

[ MÚSICA – LITTLE BLACK PACKBACK, STROKE 9]

A rua vazia é o cenário para a conversa de ANNA e SAM. Os dois caminham pela calçada e parecem bastante amigáveis.

SAM: [Rindo] E tudo isso por causa de uma galinha!

ANNA: Vocês perderam o jogo por causa de uma galinha? Não acredito!

ANNA dá uma risada, mas para ao perceber que SAM a estava olhando.

ANNA: O quê?

SAM: Você riu.

ANNA: [Sem graça] Algum problema nisso?

A garota dá um sorriso meio sem graça.

SAM: Claro que não. É que você estava tão séria no Red’s e a sua risada foi do tipo “isso é engraçado, e eu não vou ocupar a minha cabeça pensando no Matthew”.

Anna para de andar imediatamente e o riso em seu rosto desaparece completamente.

SAM: Não precisa ficar triste.

ANNA: Eu não estou triste. O Matt te contou sobre mim?

SAM: Não especificamente sobre você. Eu não sabia que você era você até quando você o encontrou na lanchonete. O Matt nunca havia me contado essa historia até hoje. Ele achou que você poderia ter voltado, por que viu uns caminhões na frente da sua casa essa semana. Bom, acho que ele estava certo.

ANNA permanece calada.

SAM: Parece que esse é um assunto delicado, né?

ANNA: Verdade. [Morde o canto da boca] É que eu não te conheço bem. Quer dizer, eu te conheci hoje, e…

SAM: Ah! Tudo bem, não precisa se justificar. Mas lembra que eu sou o melhor amigo do seu Romeu.

ANNA olha séria para SAM.

SAM: Desculpa.

ANNA: Eu moro aqui.

SAM olha o nome “Mackenzie” na caixa de correio.

ANNA: Tchau, Sam! Obrigada por me acompanhar.

ANNA entra correndo em sua casa. SAM fica olhando.

[MÚSICA FADE OUT]

CENA 12 – INT.CASA DOS MACKENZIE – SALA

ANNA passa correndo pela sua mãe, mas a garota volta na mesma velocidade ao olhar como a mãe estava vestida. A SRA. MACKENZIE estava usando uma saia de couro preta e jaqueta branca combinando com suas botas. Ela encara a mãe e rir.

ANNA: Mãe, uma vaca sentou em você?

SRA MACKENZIE: [Paula Cale] Oi! Anna. Voltou cedo!

ANNA: [Desanimada] É… não tem muito o que ver por aqui. Nada mudou na verdade.

SRA. MACKENZIE: Aconteceu alguma coisa?

ANNA: Não.

SRA. MACKENZIE: Você já encontrou aquele garoto?

ANNA: O “garoto” tem nome?

SRA. MACKENZIE: O filho da alcoólatra e do depravado.

ANNA: Que nome grande…

SRA. MACKENZIE: Não me venha com gracinhas, Mary Anna.

ANNA: Desculpa, mãe! Mas é incrível como você vê as coisas de um modo tão… tão…

SRA. MACKENZIE: “Tão” o quê? Sabe, Anna. Uma coisa boa de termos ido pro Brasil foi você se afastar daquele menino. Com certeza ele não deve ter se tornado coisa boa.

ANNA: Tá vendo? Os anos passam e você não muda nada. Eu não culpo o papai de ter te deixado!

SRA. MACKENZIE: Eu não gosto do seu comportamento!

ANNA suspira e sobe a escada que conduz ao andar do seu quarto.

 

CENA 13 – INT. CASA DOS SAWYER – NOITE

[ MÚSICA – UNWELL, MATCHBOX 20]

BECKY, ALEXIA e MATT entram na luxuosa casa de pé direito alto. Ouve-se um barulho e depois latidos agudos. Um cachorrinho poodle branco aparece correndo em direção da dona da casa, ALEXIA tampa os ouvidos e faz cara de dor.

BECKY: Shhh.. Napô, docinho, não faça barulho. [Para Matt] Vamos pro meu quarto.

MATT olha para ALEXIA.

ALEXIA: Eu já estou melhor. Eu consigo ir andando sozinha.

MATT: Tem certeza?

ALEXIA: Eu tomei um porre, não um vidro de Lexotan.

ALEXIA e BECKY riem, MATT permanece sério.

ALEXIA: Que seja…

MATT olha para BECKY e depois para Alexia.

BECKY: Ah! É… eu vou subir primeiro para preparar um banho para a Alley.

A garota sobe correndo. ALEXIA olha para MATT desconfiada.

ALEXIA: Nossa, como a Becky é sutil.

MATT: Alley…

ALEXIA: Não fala nada. Eu perdôo você, seu bobo. Achou que eu ia ficar com raiva? Eu sei que aquela galinha ruiva arrasta a maior asa pra você, mas…

MATT: A Mel?

ALEXIA: [Irônica] E qual é a outra galinha ruiva que eu conheço?

MATT: Eu não gosto quando você fala assim dos meus amigos! [Leva as mãos à cabeça] Você torna impossível qualquer conversa mais séria.

ALEXIA: Desculpa Matt…

MATT: Eu vou pra casa.

ALEXIA: Não!

MATT: É melhor pra nós dois.

ALEXIA olha assustada para ele. O garoto dá um beijo no rosto da namorada.

MATT: Diz “boa noite” pra Becky. Não vá aprontar mais por hoje.

ALEXIA: Por favor, Matt. Fica. Você nem está de carro, como você vai voltar?

MATT: Eu sei me virar, Alley. Até amanhã.

ALEXIA ainda tenta dizer alguma coisa mas MATTt vai embora antes dela conseguir formular algo convincente. Ela olha para o cachorro com uma cara de indignada.

ALEXIA: O que você está olhando?

A câmera mostra a cidade vista do alto, ao amanhecer.

 

CENA 14 – EXT. ESCOLA WILL ROGERS – MANHÃ

[PLACA SECUNDÁRIO WILL ROGERS – LAR DOS LANÇADORES]

[MÚSICA FADE OUT]

Os carros dos alunos chegam ao estacionamento. Alguns alunos estão conversando em frente ao prédio da escola. MELISSA está sentada em um dos degraus da entrada principal, ouvindo música em seu diskman. A garota acena para ANNA que descia de um carro branco grande. ANNA dá “tchau” para a mãe e vai andando até MEL.

ANNA: Você está bem?

MEL: Ah. Estou bem sim. Aquilo não foi nada.

ANNA senta-se ao lado da ruiva, que desliga o aparelho de som.

ANNA: Mas foi uma cena e tanto.

MELISSA ri.

MEL: Essa é a política da casa. Compre um sanduíche e assista um “freak show”. Estrelando: A rainha do drama, Alexia Danes.

ANNA: Você não vai muito com a cara dela… por causa do seu amigo?

MEL: Não! Tirando as cópias dela, o esquadrão água oxigenada nº 40, só o Matt consegue aguentar aquela garota. Nem a família dela a suporta!

ANNA: Como assim?

MEL: Eles a mandaram pra Vermont, pra um colégio interno, quando ela ainda era criança. E eu tenho certeza que ela só voltou para cá por que deve ter sido expulsa da escola…

ANNA: Sério?

MEL: Não… isso é por minha conta. Mas ela deve ter aprontado alguma coisa.

ALEXIA desce do carro juntamente com BECKY. Quem está no assento do motorista é SCOTT.

SCOTT: Olha seu irmão ali, Alexia.

PHILLIP estava encostado em uma árvore perto do estacionamento. Ele vem em direção ao carro do amigo.

PHILL: E aí, cara?

SCOTT: E aí?

SCOTT desce do carro.

ALEXIA: Oi, Phill. Tchau, Phill.

ALEXIA e BECKY tentam deixar o local, mas PHILLIP corre e pega a irmã pelo braço.

PHILL: Ei, ei ei, ei. Onde você pensa que vai? Eu tenho que falar com você.

ALEXIA: Agora não Phill. A gente tá com pressa.

PHILL: [Ri] Com pressa? Não vai me dizer que você sabe qual a aula que você está indo agora.

ALEXIA: Não enche, Phill.

PHILL: Olha aqui pirralha… [Segura a irmã pelo braço]

BECKY: Solta ela! Seu monstro!

SCOTT: Não se mete, Becky.

PHILL: Você acha que eu sou burro? Vai me dizer o que houve ontem ou não? Eu sinto que você tá me escondendo alguma coisa!

ALEXIA se solta do irmão e pega na mão da amiga.

ALEXIA: Tchau, Phill.

As duas correm em direção da escola. Elas passam por ANNA e MELISSA, que ficam olhando-as boquiabertas.

ANNA: E ainda nem são 8 da manhã…

MEL: Aquele lá é o irmão da Alexia, e aquele outro é o irmão da Rebecca.

ANNA: Phillip e o Scott.

MEL: Como você sabe?

O sinal toca.

ANNA: Vamos? Eu não quero me atrasar de novo.

 

CENA 15 – INT. ESCOLA – CORREDOR

MATT anda pelo corredor e as pessoas o cumprimentam. Ele entra em um laboratório rapidamente e se senta. O garoto olha para os lados e deita a cabeça na carteira.

HOMEM: [John Wesley Shipp] Graham?

MATT: Treinador Carter.

CARTER: Eu queria mesmo falar com você.

MATT: Algum problema, treinador Carter?

CARTER: Não, pelo contrário, tenho boas notícias. Os olheiros vem para a abertura da temporada, garoto. Eu sei que ainda falta um ano para você se formar, mas se eles gostarem de você já é meio caminho andado pra sua bolsa. Isso significa…

MATT: … que eu posso escolher a universidade que eu quiser.

CARTER: Isso mesmo, garoto!

MATT: Eu sei disso, treinador. Eu espero por isso há muito tempo.

CARTER: Mostre o que sabe e você estará dentro. Eu já recomendei você, agora é contigo!

MATT: Muito obrigado, treinador.

CARTER dá uma tapinha amistoso no ombro do aluno e sai.

MATT leva a mão à cabeça e deita-se sobre a mochila, novamente, cobrindo o rosto. Uma mão toca no ombro dele novamente, mas ele não levanta para ver quem é.

MATT: O que foi?

A câmera mostra SAM.

SAM: Você não retornou nenhuma ligação minha ontem. Fiquei preocupado, amigão. Vai me explicar o que aconteceu ontem no Red´s?

MATT: Explicar o quê? Você viu muito bem: a Alexia e os ataques de ciúmes dela.

SAM: Não é disso que eu estou falando, é da Anna Mackenzie.

MATT levanta a cabeça.

SAM: Então, a Anna é a sua amiguinha que…

MATT: … que foi embora sem dizer uma palavra; me deixou pra trás como se eu fosse um nada!

SAM: Ei. Calma. Eu já entendi! Você e a Anna eram amiguinhos, e um dia ela foi embora…

MATT: Isso! Desapareceu.

SAM: E por que isso te afeta tanto, cara? Não podia apenas superar isso? Pessoas vão e vem na vida e…

MATT: Você não entende.

SAM: Não entendo por que isso te deixa tão nervoso. Isso foi o quê? Cinco, seis, sete anos atrás?

MATT: Ela era a minha melhor amiga, pelo menos achei que fosse. E eu não estou nervoso com isso.

SAM: Desculpa, cara. Mas se ela era tão importante assim, por que você nunca me contou sobre ela antes? Você e eu somos parceiros, não somos?

MATT: Eu não contei por que não tinha nada pra contar.

SAM: Você não ficou feliz por ela ter voltado?

MATT: É como você disse, Sam: faz muito tempo. Eu não sinto mais falta dela.

MATT levanta-se.

MATT: Por favor, fica fora disso.

MATT pega a mochila e sai do laboratório. O corredor principal estava quase vazio. A maioria dos alunos já havia entrado em suas respectivas salas de aula. MATT, que vinha de cabeça baixa, nem percebe que está indo em direção de PHILL e SCOTT. O rapaz bate sem querer no irmão da namorada.

PHILL: Hey!

MATT: Desculpa, cara. Eu não te vi.

PHILL: Será que podemos conversar em particular?

[ MÚSICA – HERE IS GONE, GOO GOO DOLLS]

MATT: Pode falar. Não tem ninguém aqui.

PHILL: É sobre a Alexia.

MATT: [Olhando pra Scott] Pensei que esse fosse um assunto particular.

SCOTT afasta-se com hesitação.

PHILL: A Alexia não dormiu em casa. Ela estava com você?

MATT: Não. Ela estava na casa da Becky.

PHILL: Com você?

MATT: Não.

PHILL: Hum..

MATT: Acabou o interrogatório?

PHILL: Eu não confio em você.

MATT: Nem eu em você… mas… a gente tem que se aguentar, não é, cunhado?

PHILL: Você se acha tão esperto, baleia. Um dia a minha irmã vai cair em si e ver que você só está com ela pra me atingir.

MATT ri.

MATT: [Irônico] Eu realmente estou fazendo esse sacríficio enorme por causa de uma vingança de criança.

PHILL: Some da minha frente.

MATT: Só por que você está mandando.

MATT ajeita a mochila e sai do local.

[MÚSICA FADE OUT]

 

CENA 16 – INT. CASA DOS GRAHAM – SALA – DIA

O telefone toca na sala. LOU está no andar de cima.

LOU: [Grita] Já vou!!

O telefone continua tocando.

LOU: Já estou indo!

LOU vem descendo a escadas correndo, com uma toalha na cabeça.

LOU: Já estou chegando!

O telefone para de tocar.

LOU: Aaah!! Não brinca!

A mulher encara o aparelho, que volta a tocar. Ela atende rapidamente.

LOU: Louise Graham. Ah! Claro. Posso sim. 3:30 está bom para ele?

Ela anda pela sala tentando achar coisa.

LOU: Só um minuto.

Ela pega ma caneta e entra em um cômodo. Aparentemente é um escritório. Há livros por toda parte, uma mesa e vários relatórios. Alguns quadros com fotos da fazenda, e um foto dela com o MATT e uma outra mulher. LOU pega um bloco que está em cima de sua mesa e anota alguma coisa.

LOU: Está marcado. 3:30 na prefeitura.

Ela olha para os relatórios, tira a toalha da cabeça e senta-se em uma cadeira grande e azul.

 

CENA 17 – INT. ESCOLA – REFEITÓRIO – TARDE

[ MÚSICA – DISEASE, MATCHBOX 20]

SAM carrega sua bandeja pelo refeitório. Ele olha pra comida com um ar de reprovação. O garoto procura por alguém e vê MELISSA e ANNA sentadas perto da máquina de refrigerante. Ele sorri, segura a bandeja com uma única mão e acena. As garotas acenam de volta. Ele caminha na direção delas, mas antes que chegue em seu destino sua atenção é desviada quando ele percebe que alguns metros na frente REBECCA SAEYER está sentada com a sua turma. 5 garotas impecavelmente vestidas, que pareciam chamar a atenção de todo o local.

BECKY: É claro que eu não vou usar um casaco de peles.

GAROTA 1: Becky! Não dá pra ser “certinha” quando se estar em Denver.

ALEXIA: A Becky não é “certinha”, ela é “politicamente correta”!

Todos da mesa riem. Sam que estava passando pelo local, para perto das garotas e ri também.

GAROTA 2: Você está com algum problema?

SAM fica sem graça.

ALEXIA: [Rindo] Eu sei qual é o problema dele. Aliás, um dos problemas, por que com certeza ele deve ter muitos.

GAROTA 1: Amigas, não se deve rir de um nativo americano… não é “politicamente correto” !

SAM olha sério para as garotas. Todas elas estão rindo, menos BECKY.

ALEXIA: Não é Becky?

BECKY: É, Alexia.

ALEXIA: Uh!

SAM: Me dêem licença.

GAROTA 3: Claro, amorzinho. Pode voltar pra sua turminha.

As meninas riem. Sam anda apressado até a mesa das amigas.

MEL: O que foi aquilo? Problema com o “Esquadrão Pompom”?

SAM: Eu acho que meu braço esquerdo está dormente… não consigo sentir meu braço esquerdo! Acho que vou ter um derrame.

ANNA ri.

MEL: Isso não é incrível? Não importa onde você esteja, sempre há os mesmo tipos de pessoas, os mesmo grupos, os mesmos problemas. Não é óbvio que elas ajam desse jeito?

Os três continuam conversando enquanto a mesa de trás era ocupada por SCOTT e PHILLIP. ANNA está de costas para os meninos.

SCOTT: Olha lá a novata. Já se juntou com a turminha da baleia.

PHILL olha para ANNA.

PHILL: Até que ela parece ser bonitinha.

PHILL faz sinal de silêncio para o amigo, e se senta em uma cadeira mais próxima da garota.

MEL: Sam, o Matt não vem?

SAM: Não vejo o Matt desde o primeiro período.

ANNA fica calada olhando para baixo.

MEL: Ele sempre fica sensível quando briga com a Alexia. [Para Anna] E o pior é que ele fica com raiva de mim! Eu só me defendi quando a Alexia chegou bêbada dando escândalo lá na lanchonete. Além de ter espantado quase todos os clientes, eu nem tive a oportunidade de dizer o que ela precisa ouvir. Por que os homens são tão domináveis?

PHILLIP se levanta olhando para MELISSA.

PHILL: Minha irmã fez o quê?

MELISSA leva um susto. PHILL vai em direção a irmã. SCOTT vai junto.

PHILL: Você bebeu?

As meninas olham para ALEXIA.

ALEXIA: O quê?

PHILL: Você bebeu ontem e fez um escândalo no Red’s!

BECKY: Calma, Phill. Você que está fazendo um escândalo aqui.

PHILLIP pega a irmã pelo braço e sai levando-a até o lado de fora do refeitório.

PHILL: Você bebe, não dorme em casa, mente. Qual o problema com você?

ALEXIA: Qual o problema com você? Eu não tenho mais 12 anos!

PHILL: Aquele marginal tá transformando você.

ALEXIA: Essa conversa de novo? Se você não gosta do Matt, o problema seu! Agora, para de culpar ele por tudo que eu faço.

PHILL: Nosso pai é prefeito dessa cidade, e você fica fazendo escândalos por ai? Não foi pra isso que o papai te trouxe de volta!

ALEXIA: Sabe por que o papai me trouxe de volta? Pra sair por ai posando de família perfeita e unida. Eu sou apenas parte do retrato perfeito que ele criou.

PHILL: Você quer que eu tenha pena de você?

ALEXIA: Não, mas você pode ter de você próprio.

PHILL faz menção de bater em sua irmã.

ALEXIA: Vai em frente, filho do prefeito.

PHILL sai pisando forte pelos corredores da escola. Seus punhos estão fechados, e ele está vermelho de raiva.

PHILL: Eu vou separar vocês dois, irmãzinha. Pode ter certeza disso.

[MÚSICA FADE OUT]

 

O sinal toca e as pessoas começam a voltar para sala. ANNA se despede de MEL e SAM e vai andando em direção do banheiro. Ela dobra o corredor e dá de cara com PHILL, que vinha de cabeça baixa. O garoto esbarra nela, e derruba sua bolsa no chão.

ANNA: Isso já tá se tornando pessoal.

ANNA se baixa para pegar a bolsa, e PHILL pega alguns papéis que caíram junto com a bolsa.

PHILL: Foi mal, gatinha. Eu não vi você.

PHILL olha pra ANNA.

PHILL: Isso é seu.

Ele olha para os papéis, e em um deles estava escrito: “Nome: Mary Anna Mackenzie”.

ANNA: É… obrigada.

PHILL: “Banana”?

ANNA: Muito criativo…

PHILL: Quer dizer, Anna! Nossa, que surpresa.

O garoto olha com admiração para ela.

PHILL: Como você cresceu!

ANNA: Nem tanto…

ANNA ri.

ANNA: Eu tenho que ir.

PHILL: Bem vinda de volta, Anna Mackenzie! Anna Mackenzie…

ANNA olha estranho para PHILL.

ANNA: Não sabia que você gostava tanto assim do meu nome…

PHILL: Anna Mackenzie… ótimo te rever! Temos que nos encontrar pra relembrar os velhos tempos!

ANNA: Hum… Phillip. A gente não era assim tão amigo…

PHILL: Então nós precisamos nos encontrar pra não lembrar dos velhos tempos.

Ele sustenta um sorriso maroto, e olha a garota dos pés a cabeça.

ANNA: Ah! Uh… claro. Te vejo depois.

ANNA entra no banheiro e PHILL fica olhando, com o mesmo sorriso de antes.

PHILL: Achei a minha vingança perfeita.

SCOTT vai até o amigo, que estava hipnotizado olhando para o banheiro. Ele olha para PHILL e depois para a porta do banheiro.

SCOTT: O que foi?

PHILL: Ganhei na loteria…

SCOTT: Nossa! Sério???

PHILL olha pra SCOTT com desprezo.

PHILL: Claro que não, seu retardado. Mas aconteceu algo que você não vai acreditar.

Os dois caminham em direção à sala de aula.

 

CENA 18 – INT. ESCOLA VESTIÁRIO – MAIS TARDE

ALEXIA abre seu armário e tira uma toalha. BECKY senta em um banco próximo da amiga, e começa a tirar o tênis. ALEXIA coloca a toalha em volta do pescoço.

ALEXIA: Becky.

BECKY: Sim?

ALEXIA: Ah! Deixa pra lá.

BECKY: O que foi?

ALEXIA: Eu ainda não vi o Matt hoje.

BECKY: Nossa, tava demorando falar nele, hein?

ALEXIA: Você acha que ele tá com raiva?

BECKY: Por que você não pergunta pra ele, amiga?

ALEXIA: Eu não quero parecer desesperada…

BECKY: Mas você é, Alley.

ALEXIA: Vadia!

As duas riem.

ALEXIA: Eu vou ligar pra ele.

O telefone toca, mas ninguém atende do outro lado. MATT assiste TV quando seu celular toca, ele olha no visor do aparelho o nome da namorada e desliga.

ALEXIA: Caiu a ligação. Vou ligar pra casa dele.

 

CENA 19 – INT. CASA DOS GRAHAM – SALA – TARDE

O telefone toca e LOU, que estava passando pelo local, atende.

LOU: Oi, querida, tudo bom? [Ela afasta o telefone da boca] É a Alexia…

MATT faz um sinal de “não” pra tia.

LOU: O Matthew? Ele ainda não chegou. Claro, aviso sim. Tchau.

LOU encara o sobrinho, como se exigisse alguma explicação, mas ele desvia o olhar e volta a se concentrar na TV. A mulher senta ao lado do garoto e passa a mão na cabeça dele.

MATT: Lou…

LOU: Matt…

MATT: Eu posso falar com você um instante?

LOU: Claro! O que foi que houve dessa vez? O problema é sentimental ou sexual?

MATT: Tia…

LOU: Tá bom. O que houve?

MATT: Bom, acontece que você gosta de uma pessoa, mas essa pessoa tem um irmão, e ele vive ameaçando tirar essa pessoa de você. Tudo o que você queria na vida era bater nesse cara, pra valer sabe? Mas você não faz por causa dessa pessoa que você gosta. Você se sente tão humilhada, tão impotente, tão chateada que não consegue deixar de pensar si tudo isso vale a pena. Você me entende?

LOU: Olha, garoto, primeiramente eu jamais pensaria em bater no irmão da pessoa que eu gosto, mesmo se quisesse, eu sou uma dama, e damas não fazem esse tipo de coisa, especialmente se o cara for maior que eu. E depois você tem que parar com essa mania de falar em códigos! Pode abrir o jogo comigo, mesmo si o assunto for a “loirinha”. Você sabe que eu acho que ela não é a garota certa pra você, mas já que você gosta dela do jeito que você diz que gosta, ignora o irmão dela! Imagina que você tem uma balança gigante, ai você coloca a maluquinha de um lado, e o garoto do outro lado. Quem que pesa mais? Metaforicamente falado, é claro. Por que a Alexia não deve pesar mais que uma espiga de milho.

MATT: É… eu acho que entendi.

LOU: A garota é muito magra!

MATT: Tia….

LOU: Se der um vento mais forte ela voa, sabia?

MATT: Tia…

LOU: E se ela ficar de lado então….

MATT: Tia, não tem graça.

LOU sorri.

LOU: Você é um garoto legal Matthew. Não merece ficar triste por causa desse tipo de gente.

MATT: “Esse tipo de gente” é minha namorada.

LOU: Eu não quis dizer isso.

MATT: Semana que vem completamos um ano de namoro.

LOU: Parabéns. Eu te daria um troféu por isso…

MATT sorri timidamente.

MATT: Eu sei que ela é um pouco dramática, mas ela me faz feliz. Muito feliz.

LOU: Então se ela te deixa muito feliz, dane-se o resto.

MATT: Brigado, Lou.

LOU: Olha, querido, eu poderia ficar a tarde toda aqui, mas eu não posso. Tenho uma reunião importantíssima com o pai da sua “loirinha”, ás 3:30.

MATT: Algum problema com a fazenda?

LOU: Não, não… apenas coisas burocráticas. Agora me diz, eu estou bonita?

MATT: Está linda!

LOU: Se meus argumentos falharem, eu preciso ter uma segunda opção.

MATT parece envergonhado.

LOU: Agora vá atrás da sua loirinha.

MATT: Certo!

 

CENA 20 – EXT. HARAS DOS SAWYER

O sol está se pondo em Tulsa. SCOTT está montado em um cavalo preto no haras de seus pais. O garoto observa a irmã desenhando em baixo de uma árvore e desce do animal, segurando sua rédia, indo em direção da irmã.

SCOTT: Becky. Você quer tentar montar?

A garota demonstra uma expressão de medo.

BECKY: Obrigada Scott ! [Triste] Mas não tenho coragem.

SCOTT: Você precisa superar esse trauma, Rebecca.

BECKY: Eu sei. Eu adoro montar, mas toda vez que eu tento subir em um cavalo, só consigo lembrar do meu acidente.

SCOTT: Mas já faz tanto tempo, maninha !

A garota baixa a cabeça.

SCOTT: Vamos ! Eu te ajudo.

BECKY: Quem sabe um dia eu volto a montar. [Triste] Agora me deixa pintar.

SCOTT sobe no seu cavalo e vai em direção ao campo.

 

CENA 21 – INT. RED´S

SAM e MEL estão sentados em uma das mesas do Red’s, conversando.

SAM: Mel, desse jeito a gente não vai sair dessa questão.

MEL: Eu não consigo esquecer o que aconteceu ontem. Ai que raiva !

SAM: Melissa, esqueci isso! Você já conversou com o Matt?

MEL: Não. Ele sumiu hoje! Mas para que falar com ele. Se ele vai pedir desculpas pela loira oxigenada e depois vamos fingir que nada aconteceu.

SAM: É melhor agente estudar, antes que você dê outro chilique.

MEL: [Suspirando] Você tem razão.

A garota abre o livro.

SAM: Então, você entendeu o que é frequência?

MEL: Sim.

SAM: Se um corpo sofre uma pertubação de 50 clicos por 5 segundos, qual a frequência?

MEL: O corpo pode ser a Alexia?

SAM faz uma expressão séria e negativa.

 

CENA 22 – INT. CASA DOS DANES – QUARTO DA ALEXIA

[ MÚSICA- PERFECT, SIMPLE PLAN]

MATT e ALEXIA estão sentados na cama, um ao lado do outro, em silêncio. E assim permanecem por alguns segundos. MATT olha para a namorada, mas logo em seguida volta a olhar para frente.

ALEXIA: Eu pensei que você queria falar comigo.

MATT: Eu quero. Mas ultimamente eu sinto que qualquer coisa que eu faça, eu posso magoar você.

ALEXIA baixa a cabeça. MATT se aproxima.

MATT: Olha pra mim.

A garota obedece.

MATT: Deixa eu te contar uma história. Há muito tempo atrás, em um verão típico daqui. As ruas vazias e quente logo denunciavam que todos tinham algum lugar para ir. Sería como todos os anos, mas para um garoto, praticamente tudo mudou.

ALEXIA sorri.

MATT: Um dia ele foi fazer uma entrega, em um haras perto daqui. Foi quando o garoto a viu. Era a menina mais…

ALEXIA: Bonita? Maravilhosa?

MATT: Hum… incrivelmente insuportável.

ALEXIA: Então quer dizer que ela não chamou a atenção dele?

MATT: Sim. Mas, digamos que de um jeito negativo. [Ri]

ALEXIA rola os olhos.

MATT: Ok. Ela era muito bonita.

ALEXIA: Bom, pelo menos cego ele não era. [Sorri]

MATT: Mas não demorou muito para ele mudar de idéia, sobre o que ele achava dela.

ALEXIA: E o que te fez mudar de idéia? Quer dizer, o que fez ele mudar de idéia?

MATT: Uma noite, estava chovendo, o garoto havia terminado a entrega daquele dia, e pouco antes dele partir, escuta alguém chamar desesperadamente por socorro. Ele correu em direção ao campo, e viu a garota perto de um cavalo branco, que estava com uma das patas traseiras presa em um buraco. Ela tentava puxar o cavalo, mas claro que ele nem ao menos se movia.

ALEXIA presta atenção. olhando atentamente para MATT, que conta a história fitando os olhos da namorada.

MATT: Estava ventando e chovendo muito, mas ela disse que aquele era o cavalo da sua melhor amiga, e que ela não iria sair dali sem ele. Eles tentaram puxar o cavalo, por várias vezes sem sucesso. O animal não se movia. Até que um trovão o assustou, ele saiu do buraco sozinho, derrubando os dois no chão.

Os dois riem. Matt para por um instante, e coloca uma mecha de cabelo que insistiam em cair no rosto de sua namorada, delicamente, atrás de sua orelha.

MATT: Foi nesse instante que ele se apaixonou por ela.

ALEXIA: Quer dizer que toda a minha produção de menina do interior não te impressionou, e no dia que eu estou suja de lama, com o cabelo horrivel, você começou a gostar de mim? Você é muito inusitado.

MATT: Eu? Quem disse que o garoto sou eu? [Ri] Alley, por favor, esquece tudo o que tem acontecido últimamente. Não é sua culpa, não é minha culpa.

ALEXIA: Não! Matt! Você precisa parar de querer justificar as minhas atitudes. Eu sinto muito pelo o que aconteceu ontem. Talvez isso seja a coisa mais séria que você vai me ouvir falar. [Sorri] Eu sei que eu exagerei, e posso até ter motivos para Isso. Mas nada justifica por em risco o que a gente sente um pelo outro. [Suspira]

MATT à abraça cariosamente, enquanto ALEXIA encosta sua cabeça no ombro do garoto.

ALEXIA: Se você quiser eu peço desculpas à Melissa.

MATT se desvencilha rapimente, surpreso com o que a garota dissera.

MATT: Mesmo?

ALEXIA: Humm.. não mesmo. [Ri]

Os dois se aproximam lentamente.

MATT: Tudo vai ficar bem, ok?

ALEXIA: Ok.

ALEXIA fecha os olhos, e os dois se beijam. A câmera se afasta lentamente.

 

CENA 23 – EXT. CASA DOS MACKENZIE – FIM DE TARDE

ANNAa está sentada em um batente na varanda de sua casa, apoiando em seu colo, um diário, e segurando uma caneta azul. A garota parece pensativa, cativando um olhar disperso. Ela começa a morder a tampa da caneta, transformando sua expressão dispersa em um certo nervosismo. ANNA levanta-se, com um impulso, levando consigo seus objetos, caminhado pelo gramado da propriedade até parar em frente à uma caixa de correio coberta por um plástico. A garota analiza o objeto em sua frente por alguns segundos, e retira o plástico, revelando o nome “Mackenzie” escrito de preto. Ela sorri, e continua andando por mais alguns metros até se deparar com uma árvore. A garota faz um expressão intrigrada, como se a reconhecesse.

[FLASHBACK]

ANNA ri, enquanto o garoto tenta recuperar o fôlego.

ANNA: Corre, Matt!

MATT: Eu estou correndo, Anna!

ANNA: Ali, sobe na árvore!

MATT: O quê? Você tá maluca, eu não consigo subir em uma árvore!

ANNA: Qual é Matt? Eu te ajudo.

A garota sobe rapidamente na árvore. Olha para baixo e estira a mão para o amigo.

MATT: Eu não consigo. Sou muito pesado…

[FIM DO FLASHBACK]

Ela muda seu seblante, parecendo triste, logo em seguida, senta-se embaixo da árvore e começa a escrever em seu diário.

ANNA: [voice over] Eu nunca permiti que a vida me levasse para caminhos tortuosos. Sempre que algo de muito ruim acontecia, eu sempre dava um jeitinho, e é assim que eu sou. Sinceramente não posso deixar de dizer que dessa vez eu não sei o que fazer… você sempre imagina como vai ser quando esse dia chegar, e eu espero por esse dia há 7 anos. Passei da minha infância à adolescência imaginando o que poderia ter acontecido, formulando mil teorias, fazendo perguntas para as quais eu nunca obtive resposta, e eu sei que isso tudo está perto de acabar, mas a Anna que já não é mais tão corajosa e tão marota como um foi um dia, está com medo. Hoje faz 1 semana que voltei para Tulsa, hoje faz 1 semana eu tenho medo. Apesar de tudo, estou de volta onde pertenço.

Anna fecha o diário.

[MÚSICA FADE OUT]

 

ELENCO
Jonathan Bennett como Matthew Graham
Natalie Portman como Anna Mackenzie
Mena Suvari como Rebecca Sawyer
Lindsay Lohan como Melissa Baker
Austin O´Brian como Scott Sawyer
Joseph Gordon-Levitt como Samuel Wood
Kate Bosworth como Alexia Danes
Brad Renfro como Phillip Danes
Marisa Tomei como Lou Graham

ATORES CONVIDADOS:
Paula Cale como Katherine Mackenzie
John Wesley-Shipp como James Carter

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS
Logan O’Brien como jovem Scott Sawyer
Justin Riordan como jovem Phillip Danes
Keaton Tyndall como jovem Anna Mackenzie
Spencer Breslin como jovem Matthew Graham

MÚSICA TEMA
Promises, Lillix.

TRILHA SONORA
Little Black Backpack, Strooke 9
Perfect, Simple Plan
Unwell, Matchbox 20
Desease, Matchbox 20
Here Is Gone, Goo Goo Dolls

ESCRITO POR
Clara Lima
Sarah Lima

DIRIGIDO POR
Clara Lima

GRÁFICOS POR
Clara Lima

CRIADO POR
Clara Lima
Sarah Lima

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Rafael Pires
Camila Martins

DISTRIBUÍDO POR
TVSN

® 2004-2006.

Série Virtual – Destination Anywhere – Pilot


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Série: Destination Anywhere
Episódio: Pilot
Temporada:
Número do Episódio: 1×01

CENA 1 – INT. AVIÃO

Uma GAROTA [Natalie Portman] concentra seu olhar vago pela janela da aeronave. Ela bate o pé esquerdo freneticamente, chamando a atenção da MULHER [Paula Cale] que estava sentada ao seu lado.

MULHER: Anna, isso já está me perturbando.

ANNA: Foi mal.

ANNA ajeita-se no acento.

MULHER: “Foi mal”?

ANNA: Desculpa, mãe. Eu estou um pouco nervosa.

Um sinal luminoso acende-se sobre a poltrona.

VOZ DE HOMEM: Bom dia! Passageiros, eu sou o comandante Jackson Tucker; dentro de 5 minutos estaremos pousando no Aeroporto Internacional de Tulsa. A temperatura local é de 20 graus, com previsão de muito sol. Agradecemos à preferência, e tenham uma boa estadia.

As duas afivelam o cinto de segurança.

VOZ DE HOMEM: Atenção tripulação, preparar para pouso.

ANNA suspira.

[TELA PRETA] [LEGENDA] 1998 – Tulsa – Oklahoma

[MÚSICA – I WANT TO SAVE YOU, SOMETHING CORPORATE]

 

CENA 2 – EXT – ESCOLA – FIM DE TARDE

Uma GAROTA, morena e baixinha, e um GAROTO, gordinho, saem da escola correndo.  Seguindo as duas crianças, estão dois meninos que passam na mesma velocidade. Um deles está sujo de tinta, aparentando uma grande fúria.

[MÚSICA BAIXA]

GAROTO SUJO: [Grita] ‘ Cês podem correr, suas duas aberrações! Mas eu pego vocês!

Eles param subitamente, recuperando o fôlego.

GAROTO: Isso mesmo, Phill! Amanhã nós pega o gordo!

PHILL: “Nós pegamos”, seu imbecil. Droga! Scott, você não serve para nada!

SCOTT: Eu tentei pegar eles, mas…

PHILL: “Mas” o quê? A Anna te impediu? Ela tem um metro e meio!

SCOTT fica calado, olhando para baixo.

PHILL: Vamos embora. Eu tenho um plano! E dessa vez vê se não estraga tudo.


CENA 3 – EXT. RUA

ANNA ri, enquanto o garoto tenta recuperar o fôlego.

ANNA: Corre, Matt!

MATT: Eu estou correndo, Anna!

ANNA: Ali, sobe na árvore!

MATT: O quê? Você tá maluca, eu não consigo subir em uma árvore!

ANNA: Qual é Matt? Eu te ajudo.

A garota sobe rapidamente na árvore. Olha para baixo e estende a mão para o amigo.

MATT: Eu não consigo. Sou muito pesado…

ANNA gira os olhos.

MATT: Além do mais, eu acho que eles desistiram.

O garoto escora-se na árvore, cansado.

MATT: Eu não aguento mais isso daqui.

ANNA desce, e senta-se ao lado do menino.

ANNA: Não se preocupe. Amanhã eles nem vão lembrar disso.

MATT: Eu quis dizer que eu não aguento mais essa cidade. Eu só queria ir embora daqui.

ANNA: E voltar pra Nova York? Você vai morar com quem? Com seu pai e sua madrasta?

MATT: Não! Sozinho, na rua, oras.

O garoto cruza os braços.

ANNA: [Irônica] Seria divertido… A gente poderia cantar nas esquinas por dinheiro. Você toca violão, eu canto e pisco os olhinhos para as pessoas sentirem pena de nós.

MATT olha com uma cara de surpresa e reprovação.

MATT: Eu não levaria você.

ANNA: Por quê?

MATT: Por que você é uma menina, e meninas não sabem viver na rua.

ANNA: Aposto que você não duraria um único dia na rua.

MATT: Vamos ver quem dura mais?

ANNA: Então eu posso ir?

MATT: Hum… Tá bom, Anna Banana, você vem comigo.

ANNA: Não me chama assim, seu verme! Eu salvei sua pele na escola hoje!

MATT: Você me salvou? Eu sempre entro nas confusões por sua causa.

ANNA começa a rir.

ANNA: Verdade. [Pensativa] Seremos inseparáveis. Você será o Huckleberry, e eu serei o Jim!

MATT: Huck, quem?

ANNA: Deixa pra lá, espertalhão.  Então, vamos hoje à noite? Amanhã cedo, ao nascer do sol? Depois da escola?

MATT: Hum…

ANNA: Hum, o quê? Vamos depois do café? Quando der meia-noite?

MATT: Quer calar a boca um minuto? Estou tentando pensar…

Alguém chama pelo nome da garota. As duas crianças se assustam e correm em direções opostas.

MÃE DA ANNA: Anna?

ANNA: Eu posso explicar!

MÃE DA ANNA: O quê?

ANNA: Nada. O que foi, mãe? Você parece preocupada.

MÃE DA ANNA: Seu pai e eu precisamos falar com você.

ANNA: Ih… Lá vem bronca.


CENA 4 – INT. CASA

ANNA: [Grita e bate o pé] Eu não vou! Não vou! Não vou mesmo, pai!

HOMEM [Jeffrey Nordling]: Você não tem escolha Mary Anna!

ANNA: Por acaso o petróleo de Tulsa acabou, papai? [Chorando] Você não pode fazer isso comigo! Eu tenho uma vida aqui!

HOMEM: Não seja dramática. Você terá uma vida lá também. Uma promoção dessas é irrecusável. Eu vou ser diretor geral da empresa no Brasil.

ANNA: Mas amanhã? O senhor já ouviu falar em aviso prévio? Essas coisas não acontecem da noite pro dia!

HOMEM: Não, não acontecem. Mas sua mãe e eu preferimos que você não soubesse, até que tudo estivesse acertado.

ANNA: Eu não acredito nisso! Isso é violação dos Direitos Humanos!

MÃE DA ANNA: É por causa desse seu gênio que nós preferimos não contar.

ANNA: Ah! É? E qual era o plano? Me chamar para o café, colocar minhas malas no carro e dizer: “Não esqueça do seu passaporte, minha querida filha, você vai sair do país”?

HOMEM: Já chega, Mary Anna! Você e a Katherine irão amanhã para Oklahoma, onde o pessoal da empresa estará esperando. Eles contrataram uma agência para fazer nossa mudança, portanto leve somente o necessário.

ANNA arregala os olhos, faz uma cara de raiva e sai correndo para seu quarto. A garota entra no quarto e logo vê duas malas no chão. Ela dá um grito de raiva e joga seus pertences para dentro da mala.

 

CENA 5 – EXT. FAZENDA – NOITE

MATT segue por uma estrada estreita onde no final há uma pequena porteira. Ele prepara-se para entrar quando é surpreendido por PHILL e SCOTT.

PHILL: Pensou que ia escapar?

MATT: O que você quer, seu caipira?

SCOTT: Ih! Olha só, a baleia tá cheia de coragem.

MATT tenta abrir o portão, mas é surpreendido com uma pancada na cabeça. Ele cai. Os outros garotos rapidamente começam a chutá-lo no chão. Eles correm ao ouvir um barulho de carro. Uma caminhonete se aproxima, e para perto do menino. Uma mulher jovem [Marisa Tomei] desce do veículo e coloca os braços do garoto ao redor do seu pescoço.


CENA 6 – INT. QUARTO AZUL

MULHER: Não sei por que você deixa esses garotos fazerem isso com você. [Ela passa uma toalha molhada na testa do menino] Amanhã mesmo eu vou falar com os pais daqueles moleques.

MATT: [Sentindo dor] Não, tia Lou…

O telefone toca na sala, mas LOU ignora, e passa novamente a toalha na testa do sobrinho. A câmera focaliza o rosto da mulher, depois desliza até o rosto do garoto, que estava chorando, e assim passa pelo quarto todo, pelos livros, brinquedos, um violão. A câmera sai do quarto e chega até a sala onde o telefone toca incessantemente.

 

CENA 7 – INT. QUARTO DA ANNA

ANNA: Vamos, Matt, atende…

VOZ NA SECRETÁRIA ELETRÔNICA: Casa dos Graham. Aqui é a Lou, e esse é o… Fala, Matt! [Voz do Matt] “Matt”. Não podemos atender, deixa seu recado ou passa aqui mais tarde!

ANNA desliga o telefone.

ANNA: Eu não posso deixar um recado… Se eu sumisse, a culpa seria toda do Matt.

ANNA abre a gaveta de uma pequena escrivaninha no canto do quarto, onde pega uma folha de papel. A garota senta-se em um banco, apoiando-se no móvel, e começa a escrever.


CENA 8 – MESMO LOCAL – DIA

ANNA está dormindo no chão, em cima das malas. Ela abre os olhos, assustada, levanta-se imediatamente, e pega o telefone.

 

 

CENA 9 – INT. QUARTO DO MATT

Não há ninguém no local. Ouve-se ao fundo um telefone tocar.


CENA 10 – INT. QUARTO DA ANNA

A secretária eletrônica atende novamente. ANNA começa a chorar, sentada em cima da mala.


CENA 11 – EXT. CASA

O PAI DA ANNA tira a caixa de correio com o nome “Mackenzies” escrito em vermelho de frente da casa. ANNA aparece na porta, com os olhos inchados, com uma expressão triste.

ANNA: Oi, papai.

SR. MACKENZIE: Bom dia, minha filha.

ANNA: Eu preciso me despedir de uma pessoa.

Um carro preto estaciona na frente da casa.

ANNA: [Prendendo o choro] Eu tenho amigos, sabia?

O homem dirige-se até a menina, e ela o abraça.

ANNA: Por favor, papai.

SR. MACKENZIE: Você poderá visitá-los, querida. Eu sei que essa situação nos pegou de surpresa, mas vai tudo ficar bem.

ANNA: [Mostrando uma carta] Eu preciso deixar isso na casa do Matthew.


CENA 12 – EXT. FAZENDA

PHILL está escondido atrás de uma árvore. Ele olha para os lados e vai até a caixa de correio perto da modesta porteira. Ele abre a caixa e tira um envelope. O garoto abre, e começa a ler a carta.

PHILL: Eu não acredito nisso. Eu não acredito! Ela foi embora e nem disse “Adeus”. [Finge-se de emocionado] Isso saiu melhor do que eu planejei.


CENA 13 – INT. CARRO

LOU está dirigindo, enquanto MATT olha a estrada, sentado no banco de trás da caminhonete. O garoto suspira e faz uma expressão de raiva. Ele cruza os braços e olha para frente.

MATT: Um dia esses garotos me pagam. Eles me pagam!

A caminhonete passa por um carro preto. A imagem distancia-se.

[ABERTURA]

[Legenda branca no meio da tela]  2004 – Tulsa – Oklahoma

CENA 14 – INT. QUARTO DO MATT – DIA

A câmera passeia por um quarto azul. Há um piano, uma guitarra e um velho violão, na parede há pôsteres de bandas, uma bandeira escrita “Universidade de Columbia” junto à um mural com fotos. Um rapaz moreno, de olhos castanhos, está deitado na cama.

[MÚSICA – WORST DAY EVER, SIMPLE PLAN]

O despertador toca. Seis horas da manhã. O GAROTO faz um esforço e consegue pegar um tênis no chão, ainda de olhos fechados, e joga o tênis no despertador, que cai. Ele respira fundo, abre os olhos e resmunga em voz baixa.

GAROTO [Jonathan Bennett]: É hora de se juntar com as galinhas…


CENA 15 – INT. COZINHA – DIA

[MÚSICA BAIXA ]

LOU: Bom dia, Matt. Tudo bem? [Serve um copo de leite ao rapaz] Você precisa acordar mais cedo…

MATT: Estou bem sim. [Bebe um gole do leite] Agora… acordar mais cedo? Eu acordo às 6 da manhã.

LOU sorri, e passa a mão no cabelo do sobrinho.

MATT: Cuidado, Tia! Vai estragar meu penteado!

LOU: Eu já pedi pra você parar de me chamar de tia. Eu lá tenho idade pra ser tia de um rapaz de mais de 1.80 de altura? Você me faz parecer tão velha.

MATT balança a cabeça e sorri com a cabeça baixa.

[MÚSICA FADE IN]

MATT: Lou…

LOU: O quê?

MATT: Semana passada eu passei na frente da casa dos Mackenzie. Tinha um pessoal por lá, um movimento estranho… Uns caminhões…

LOU: Ah… Você viu todos aqueles homens? Uh-hu!…

MATT: [Cara de nojo] Tia…

LOU: Tá bom… Eu vi sim. Parece que alguém vai morar por lá. Eles estão reformando tudo.

MATT fica sério.

MATT: Alguém?

LOU: Ainda não tenho a ficha completa dos novos moradores, Matt. Mas se você quiser, eu pesquiso.

MATT pega a mochila e se levanta.

MATT: Tenho que ir, tia Lou. Não sei que horas volto.

LOU: Só não chegue muito tarde, você tem que acordar cedo. [Sussurra] Ai, Meu Deus! Eu estou parecendo uma tia velha!


CENA 16 – EXT. CASA DO MATT – DIA

MATT entra em uma caminhonete vermelha e liga o som alto.

[MÚSICA CONTINUA]

Ele dá um murro no volante e depois dá partida no carro.


CENA 17 – INT. CASA DA ANNA

ANNA está sentada à mesa da cozinha.  Ela parece um pouco aflita.

KATHERINE MACKENZIE: Vamos. Você está pronta?

ANNA: Sim.

KATHERINE MACKENZIE: Você esta preocupada com alguma coisa?

ANNA: Primeiro dia de aula sempre é difícil.

ANNA respira fundo, se levanta e pega sua mochila.

KATHERINE MACKENZIE: Você não precisar ir, se não quiser.

ANNA: Quero! Quer, dizer, claro que quero. É melhor do que ficar aqui em meio a toda essa bagunça. [Sorri, tentando disfarçar sua ansiedade]


CENA 18 – INT. ESCOLA – CORREDOR

MATT entra na escola e imediatamente uma garota loira, vestindo um casaco com o emblema da escola (RHS) e de saia curta azul, se aproxima com um sorriso maroto. Ele para em sua frente, sério.

[MÚSICA FADE OUT]

GAROTA LOIRA [Kate Bosworth]: Oi, Matt!

Ela o abraça e o beija. Ele não corresponde.

GAROTA LOIRA: O que houve?

MATT: Nada, Alexia.

CENA 19 – INT. ESCOLA – CORREDOR

ANNA entra na escola. Ela aparenta uma expressão saudosista, mas logo acorda de seu breve transe quando nota o quanto o corredor está lotado. Muitas pessoas se agitam no local. MATT e ALLY caminham de mãos dadas, e ANNA não percebe a presença do amigo de infância, quando eles passam por ela. A garota para na frente de um dos armários, onde tenta abrir um deles, com dificuldade. O casal se distancia um pouco.

ALEXIA: Você está assim por causa do jogo?

MATT: [Gaguejando] É, quer dizer, não sei. O jogo é importante, um olheiro da Universidade de Columbia vem assistir, e você sabe o quanto eu quero uma bolsa de estudos.

ALEXIA: Eu não sei por que você se preocupa tanto com isso. Sua tia tem dinheiro e…

MATT corta a frase da Alexia e diz em um tom de voz severo.

MATT: O dinheiro é dela, Alexia! Olha, eu tenho que ir. Nos falamos na saída.

O garoto beija o rosto de Alexia e continua à andar, deixando a garota para trás. Ela fica parada observando o namorado ir embora. Os alunos olham para ela.

ALEXIA: Vocês não têm nada melhor pra fazer não?

Ela empina o nariz e gira o corpo, e antes que percebesse a presença de mais alguém, ela choca-se de frente com ANNA, que estava deixando o local. As duas caem no chão, provocando o riso de todos. ALEXIA levanta-se, enquanto ANNA pega as coisas que caíram de sua mochila. O sinal da escola toca, e todos se dispersam rapidamente.

ALEXIA: Olha por onde anda sua retardada!

Ela procura por algum hematoma no corpo e bate no uniforme para tirar a sujeira.

ALEXIA: Eu poderia ter me machucado.

ANNA: Olha! [Levanta-se] Você quem deveria andar mais devagar [Anna parece procurar algo no chão].

ALEXIA: Quem é você pra dizer o que eu devo fazer? Me poupe!

ALEXIA olha para um livro que estava no chão, e o chuta para longe da menina e depois sai pisando forte. Ela entra na sala de ginástica. A câmera a acompanha pelas costas até que ela chega ao meio da quadra. Ela senta-se no chão e cobre o rosto ao começar a chorar.


CENA 20 – INT. ESCOLA – CORREDOR

Uma GAROTA [Mena Suvari], com o uniforme de líder de torcida, azul e branco, aparece no local.

ANNA: [Fala baixo] Ótimo, “uma líder de torcida”.

A garota aproxima-se de ANNA, abaixa-se e pega o livro.

GAROTA: Você deixou isso cair.

ANNA: Ah! Valeu.

GAROTA: A aula vai começar. É melhor não se atrasar.

ANNA: Obrigada.

GAROTA: Eu não te conheço de algum lugar?

Ouvi-se o barulho de um bip.

GAROTA: É urgente. [Ela olha para o celular] Eu tenho que ir. Até mais.

A líder de torcida sai correndo na direção do ginásio. ANNA olha para o papel e entra em uma sala de aula.

Focaliza o rosto de um PROFESSOR jovem e simpático.

PROFESSOR: Oi! Posso ajudar?

A classe ri.

ANNA: Aula de Literatura?

PROFESSOR: “Ser ou não ser, eis a questão”…

ANNA: Acho que sim.

PROFESSOR: Muito bem, senhorita…

ANNA: [Nervosa] Mackenzie. Anna Mackenzie.

PROFESSOR: Muito bem, senhorita Mackenzie, Anna Mackenzie. Pode entrar.

ANNA sorri e senta-se ao lado de uma garota ruiva [Lindsay Lohan], que estava escutando música com os fones de ouvido escondidos no cabelo. ANNA olha para ela.

 

CENA 21 – INT. ESCOLA – GINÁSIO

[MÚSICA – TOMORROW, LILLIX]

ALEXIA permanece sentada no mesmo lugar. Ela olha para o celular. O nome Rebecca aparece na tela do aparelho. A GAROTA vestida de líder de torcida abre a porta principal do ginásio, procurando por alguém.

GAROTA: Alexia? O que houve?

ALEXIA: Becky? [Chorando] Eu odeio ele. Odeio!

BECKY caminha rapidamente até a loira, e senta-se ao lado dela, a abraçando.

BECKY: Calma.

ALEXIA: Ele tem me tratado tão mal ultimamente. Ele me chamou de Alexia!

BECKY: Bom, esse é seu nome. [Sorri]

As duas se desvencilham, e ALEXIA encara a amiga.

ALEXIA: Ele tem estado tão estranho ultimamente, que nem parece o Matthew Graham.

BECKY: Ally, você tem que parar com isso. Toda vez que o Matt não te trata como princesa, você tem um ataque histérico. Isso não é saudável.

ALEXIA: Não saudável é você não me defender. Você já ouviu falar em regras de amizade?

BECKY: Por ser sua melhor amiga, eu estou falando isso para você.

ALEXIA: [Desconfiada] Ele tem outra, não é isso? Você sabe de alguma coisa e não quer me dizer!

BECKY: Claro que não.

ALEXIA: Vai ver ele cansou do tipo “Líder de Torcida”, e tá saindo com aquela ruiva sardenta mal vestida, amiga dele. Ah! Eu mato aquela garota! Aquela ruiva!

ALEXIA se levanta, com os punhos fechados. REBECCA também se levanta e agarra a amiga pelos braços.

BECKY: Ally, deixa de ser neurótica! Onde você pensa que vai?

ALEXIA: Bater naquela sardenta. Ela não tem o direito de…

BECKY: Amiga! Se concentra! O Matt é louco por você.  Ele não é como o seu irmão, ou o meu irmão, enfim, ele não é como esses carinhas que só pensam em coisas banais.

ALEXIA: O Phill e o Scott não são exemplos de raça.

Ouve-se o som de uma porta se abrindo. Uma senhora com uma vassoura na mão entra no local para limpar.

ZELADORA: O sinal já tocou. Vocês vão se atrasar.

BECKY: É melhor a gente ir. Depois a gente conversa.

ALEXIA: Você vai dar ouvido a essa faxineira?

BECKY: Ally…

ALEXIA: Ok.

ALEXIA enxuga as lágrimas e as duas saem do local de braços dados, na direção do corredor.

ALEXIA: Amiga, me faz um favor.

BECKY: [Impaciente] Fala, Ally…

ALEXIA: Você vai ter aula com o Matt, agora. Não vai?

BECKY: Você sabe quem sim…

ALEXIA: Então… Fala com ele…

BECKY: [Suspira] Está bem, amiga.

ALEXIA: Eu amo você.

BECKY: Espera um pouco.

ALEXIA: O quê?

BECKY: Sua maquiagem. Esse look “Amy Lee” não combina com você.

ALEXIA pega um espelhinho da sua bolsa.

ALEXIA: Definitivamente. Pro banheiro!

[MÚSICA FADE OUT]


CENA 22 – INT. SALA DE AULA

O professor acaba de apagar o nome “Poesia” do quadro quando ALEXIA entra na sala.

PROFESSOR: Espero que a senhora tenha uma desculpa para o atraso.

ALEXIA: Hum… É uma questão de caráter pessoal, professor [Segura a risada].

A classe ri. ALEXIA olha para o pessoal rindo, mas seu sorriso se desfaz ao ver a garota com quem ela tinha trombado alguns minutos atrás. A líder de torcida anda até a carteira onde ANNA está sentada, e mantém-se ao lado dela.

PROFESSOR: Não vai sentar-se, senhorita Danes?

ALEXIA: Essa garota está sentada no meu lugar… [Ela cruza os braços e começa a bater o pé] Vamos, garota. O que você está esperando?

ANNA: Que você crie raízes e comece a dar frutos.

ALEXIA: [Cara de insultada] Professor! [Irônica] Estou chocada! Além de tudo é desaforada!

PROFESSOR: Já chega por hoje Alexia. Sente-se ali. [Aponta para os fundos da sala] E da próxima vez tente não se atrasar.

ALEXIA vai andando devagar até a carteira. Um garoto de aparelho sorri pra ela e ela faz cara de nojo. Mostra a mesma garota ruiva que está sentada ao lado da ANNA olhando para trás e rindo.


CENA 23 – INT. SALA DE AULA

A câmera focaliza o relógio localizado na parede a cima do quadro, onde se lê 9:40 da manhã. O sinal toca, e os alunos ajeitam-se para deixar o local. MATT e um garoto moreno [Joseph Gordon Levitt] permanecem na sala.

MATT: Então? O que você me diz, Sam?

SAMUEL: Por que você nunca me contou sobre isso antes? Qual é o nome dessa sua amiga?

MATT: Isso não importa! [Leva a mão à cabeça] Eu nem sei se ela voltou mesmo. E já faz tanto tempo. Eu não falo com ela desde que ela foi embora.

SAMUEL: Eu poderia ir lá e perguntar, se você…

SAM vê REBECCA andando em sua direção e para de falar.

BECKY: Algum assunto secreto?

SAMUEL olha para a garota como se ela fosse a única coisa na sala. Seus olhos permanecem fixos nela, e sua boca um pouco aberta denuncia seu estado de êxtase.

MATT: Oi, Becky. E aí, tudo bom? [Disfarça]

BECKY: Han-han.

MATT: Precisa de algo?

BECKY: Eu tava a fim de falar com você em particular.

MATT: Claro… [Volta-se para Sam] Sam? Sam?

O garoto permanece em transe.

SAM: Ahn? O quê?

BECKY: Samuel, eu preciso falar com o Matt por um instante. Será que você poderia…

SAMUEL: Ah! Sim! Claro… Rebecca Sawyer… Claro!

SAM sai da sala com um sorriso no rosto.

SAMUEL: [Fala baixo comemorando] Ela sabe meu nome! Ela sabe meu nome!

A câmera o segue até o corredor. SAMUEL para em frente a um armário azul. O garoto o abre e coloca um livro dentro dele. Na porta do seu armário dá para ver uma foto de Rebecca Sawyer. O garoto ainda mantinha a mesma feição de felicidade, que é interrompida quando alguém bate em seu ombro. Ele toma um susto e fecha a porta do armário rapidamente.

SAMUEL: Você quer me matar de susto, Melissa?

Uma garota ruiva , vestida com um estilo despojado, com calças largas e um top preto, ri.

MELISSA: O que deu em você? Parece que estava hipnotizado.

SAMUEL: A Becky.

MELISSA: Ew! Aquela “líder de torcida”?

SAMUEL: Isso não é uma doença, sabia?

MELISSA: Pra mim é. E com sintomas bem claros: ser idiota, estúpida, arrogante, metida, ter uma voz irritante e gostar de pular feito uma gazela dando gritinhos histéricos por todos os lados.

SAMUEL: Garota… Você me preocupa.

MELISSA: Não é comigo que você deveria se preocupar, e sim com o Matt, ele tá muito estranho. Como se alguma força alienígena tivesse tomado conta dele, como naquele filme…

SAMUEL: Garota, você realmente me preocupa.

MELISSA: É só uma hipótese…

SAMUEL: O Matt está  preocupado por que um pessoal de fora vem ver o jogo amanhã, e isso pode contar pra bolsa na faculdade, e você sabe o quanto ele quer ir estudar em Nova York.

MELISSA: É… Eu sei. Mas por que ele não me disse? Sam… é só sobre o basquete mesmo? Ou tem algo mais que eu deva saber?

SAMUEL: É sobre o basquete. O que mais seria?

Os dois ficam em silêncio. ANNA aproxima-se dos dois.

ANNA: Oi, desculpa interromper, mas onde que fica a sala da diretoria?

SAM: Fica no prédio novo. Depois do refeitório.

ANNA: Obrigada.

ANNA segue em frente, olhando para um papel.

CENA 24 – INT. SALA DE AULA

BECKY: Então. O que está havendo?

MATT: O que está havendo, onde?

BECKY: O que há de errado com você? Você passa meses me pedindo ajuda pra conquistar à Ally, meses me dizendo que ela é a garota dos seus sonhos. Mas ultimamente você tem estado muito distante com ela.

MATT: [Impaciente] Não é só com ela Becky. Eu estou sob muita pressão. Ela não precisa choramingar cada vez que eu não a trato como se ela fosse o centro do universo.

BECKY: “Choramingar”? Ela gosta de você como nunca gostou de ninguém, e se você a trata mal, ela tem o direito de reclamar.

MATT: Eu não trato a Ally mal, eu sou louco por ela.

BECKY: Eu sei. Mas você parece ter esquecido disso…

MATT: [Leva a mão à cabeça] Ela está bem?

BECKY: Ela tem “choramingado” muito, mas acho que só isso. Mas é bom tomar cuidado. Se o pai dela achar que ela deve voltar pra aquela escola interna, ele a manda em 2 segundos. Você não vai querer ficar longe dela, vai?

MATT: Não, Becky. Você sabe que não.

BECKY: Eu também não quero ter a minha melhor amiga longe outra vez, Matt.

MATT: Pode deixar. Eu cuido disso.

BECKY: Bom, eu tenho que ir. Não quero me atrasar para aula de economia doméstica. Vamos fazer bolo hoje! [Sorri e bate palmas]

MATT sorri e acena.

 

CENA 25 – INT. SALA DA DIRETORIA

ANNA bate na porta e entra. Havia uma mulher loira [Ally Walker], de cabelos presos e maquiagem pesada sentada atrás de uma mesa. Ela fala ao telefone enquanto gesticula para que ANNA se sente.

DIRETORA: Então eu falo com vocês amanhã. Mas faça ter certeza de que teremos fogos de artifício suficiente para mandar Oklahoma pelos ares. É um jogo importante! Ok. Até mais.

A mulher desliga o telefone e pega uma pasta com uma etiqueta escrita “Mary Anna Mackenzie”.

DIRETORA: Acredito que a senhorita lembra de mim, não é senhorita Mackenzie?

ANNA: Claro, Sra. Albright.

SRA. ALBRIGHT: Eu também me lembro muito de você, Anna.

ANNA: [Prende o sorriso] Que bom, Sra. Albright.

SRA. ALBRIGHT: Hum… Você passou sete anos fora daqui. Anos pacíficos, devo salientar. Agora você está no colegial, espero que se comporte como uma garota crescida.

ANNA: Ah! Com certeza, Sra. Albright.

SRA. ALBRIGHT: Que bom que estamos acertadas. Agora, deixe-me ver sua ficha. [Abre o dossiê] Hum… Que estranho. Aqui diz que você era a melhor aluna da escola. Que você participou de atividades sociais, e tem uma excelente média.

ANNA: Algumas coisas mudam, Sra. Albright.

SRA. ALBRIGHT: [Fecha o dossiê] Não pense que você me engana, mocinha!

ANNA: Mas…

SRA. ALBRIGHT: Seu pai me telefonou hoje pela manhã. Pediu pra que eu ficasse de olho em você. Qualquer coisa estranha que acontecer nesta escola será reportada direto pra sua ficha. Estamos entendidas? Creio que você não precisa de nenhuma comitiva de recepção. Ainda existem marcas suas no prédio Will Rogers. E levando em consideração que você passou sete anos no Brasil…

ANNA rola os olhos.

ANNA: O quê que tem?

SRA. ALBRIGHT: Você deve ter aprendido um monte de coisas com os índios.

ANNA rola os olhos novamente.

SRA. ALBRIGHT: Tem algum problema com os seus olhos?

ANNA: Sra. Albright. Eu tinha 10 anos de idade. Era apenas uma garotinha ávida por novas experiências…

SRA. ALBRIGHT: Você era um terrorista.

ANNA ri.

SRA. ALBRIGHT: Não brinque com essas coisas, menina. Agora vá. [Pega um comprimido] Você já me cansou por hoje. E fique longe de confusões, Anna.

ANNA: Muito obrigada pelos seus conselhos, como sempre muito úteis.

ANNA coloca sua mochila nas costas e acena para a diretora. Ela sai da sala da diretora. Mostra o corredor vazio. ANNA sorri.

[FLASHBACK]

MATT: Você tem certeza de que isso é uma boa idéia. Aqui é o prédio do colegial, Anna.

ANNA: E dai, Matt? É tudo parte da nossa escola. Além do mais, eu já tenho tudo planejado.

MATT rola os olhos e coloca a mão na cabeça.

MATT: Era disso que eu tinha medo.

Ouve-se um barulho. Aparecem dois meninos.

ANNA: Shhh… Lá vem o Phillip e o Scott.

MATT e ANNA se escondem atrás de uma máquina de refrigerante.

SCOTT: Tem certeza de que é aqui?

PHILLIP: Sim. No bilhete diz “Encontre-me na sala dos apagadores. Assinado: Stacey Cabot”.

SCOTT: ‘Cê nem estuda nessa escola. Como a Stacey te conhece? Eu num acredito que ela tenha escrito esse bilhete.

PHILLIP: Por que não?

SCOTT: Por que ela tem 16 anos…

PHILLIP: Ela já sacou o meu potencial, seu bolha. Agora fique aqui e veja como um homem deve agir.

SCOTT permanece parado em frente a uma porta que tinha escrito “Sala dos Apagadores”, enquanto PHILLIP entra na sala. Ouve-se um grito. A porta se abre e PHILLIP sai todo sujo de tinta. MATT e ANNA começam a rir. SCOTT se assusta, depois cai na risada.

PHILLIP: Eu mato vocês!!!

MATT: Corre, Anna!

Os dois saem de trás da máquina de refrigerante e começam a correr.

[FIM DO FLASHBACK]

ANNA ouve um barulho. Dois garotos [Brad Renfro e Austin O’Brien] aparecem no início do corredor. Ela olha para eles e abaixa a cabeça.

PHILL: E tem sido assim todos os dias, Scott. Eu juro que se aquele fedelho fizer a minha irmã chorar de novo, eu mato ele!

SCOTT: Se você matasse o Matt toda vez que você dissesse isso, as nove vidas dele já teriam acabado há muito tempo. [Ri] E além do mais, eu não te matei quando você fez a minha irmã chorar…

PHILL: [Cara de inocente] Eu fiz a Rebecca chorar? [Ri] Qual é Scott? Ela sempre soube que a gente não tinha futuro. E a sua irmã é diferente da minha. A Becky é forte, a Alexia se faz de forte.

SCOTT: Mesmo assim, Phill. Irmã é irmã.

Os dois passam por ANNA. A garota vira para os armários.

PHILL: Tudo bom gatinha? Tá se escondendo de quê?

Os garotos riem e entram em uma sala.

ANNA: [Sussura] Phillip Danes e Scott Sawyer.


CENA 26 – EXT. ESCOLA

ANNA caminha pelo pátio, olhando em todas as direções, como se procurasse alguém.  Ela senta-se em um banco e pega o telefone. MATT vem andando pelo pátio de cabeça baixa. Ele para atrás do banco onde ANNA está sentada e pega seu celular.

MATT: [Ao telefone] Oi, Ally. Onde você está? [Pausa] Me encontra no meu carro, tá bom? Eu quero falar com você…

ANNA está sentada impaciente. Ela olha para o relógio enquanto MATT vai embora. A garota joga a mochila no chão.

SAM e MEL vem andando em direção de ANNA. SAM pega as chaves de um carro e dispara o alarme, para destravar as portas de uma caminhonete azul. ANNA se assusta.

SAM: [Aproxima-se da Anna] Calma, garota. Teve um dia ruim?

ANNA: Primeiro dia no Rogers. É sempre difícil. Ah!

SAM: Encontrou a sala da Sra. Albright?

ANNA: Sim. Obrigada pel informação.

MELISSA: Oi. Aula de literatura, certo?

ANNA: Sim.

MEL: Meu nome é Melissa! E esse é o Sam.

ANNA: Anna.

MEL: A Alexia implicou que a Anna tinha sentado no lugar dela. E mandou ela sair. Sendo que ela não saiu, aí o professor mandou a Alexia sentar ao lado do Igor Macmille.

SAM: Do Macmille?

SAM e MEL caem na gargalhada. ANNA sorri e olha para o relógio.

ANNA: Acho que a minha mãe não vem.

SAM: Quer uma carona pra casa?

ANNA: Olha, eu vou aceitar. Pelo jeito minha mãe esqueceu que eu existo.

SAM: [Pra Mel] E você?

MEL: Não, eu tenho que resolver uma coisa antes. Tchau! [Sai correndo]

SAM: [Grita para Mel] Vejo você mais tarde no Red’s.

MEL: [Grita] Claro.

SAM e ANNA entram no carro.

SAM: Então, qual sua história?

ANNA: Nada de muito interessante.

SAM: Qualquer coisa comparada com a vida aqui em Tulsa é interessante.

ANNA: Meus pais se separaram. Minha mãe é daqui, e eu escolhi morar com ela.

SAM bota o cinto de segurança.

ANNA: O que é o Red’s?

SAM: Ah… é a lanchonete da família da Melissa. Eles vieram para cá cinco anos atrás e montaram essa lanchonete. É bem famosa por aqui. Vamos lá mais tarde. Por que você não aparece pra conhecer o pessoal?

ANNA: Isso seria divertido…

SAM liga o carro e dá partida.

SAM: Me diz onde você mora, ok?

ANNA: Certo.

SAM passa pelo carro de Matt, que está de costas conversando com alguém. A caminhonete azul distancia-se. MELISSA, que está na frente do amigo, encosta-se no carro. Os dois ficam lado a lado.

MEL: Mas a gente sempre conversou sobre tudo Matt. Agora você só fala com o Sam!

MATT: Eu não queria te preocupar. Eu vou resolver isso, só me dá um tempo.

MELISSA fica séria. O garoto se afasta da amiga, ficando de frente para ela. Mostra os dois conversando de longe. ALEXIA desce as escadas em direção ao pátio sorrindo. A garota para ao ver o namorado de costas conversando com MELISSA. Ela fica séria. Parece nervosa. Sua respiração acelera e ela fecha os olhos com raiva. MELISSA olha para ALEXIA e sorri discretamente, voltando a olhar para MATT.

MEL: Eu pensei que eu fosse sua amiga, Matt.

MATT: O que é isso agora? [Ri] Claro que você é, você é minha melhor amiga.

MELISSA sorri, e o abraça carinhosamente. ALEXIA respira fundo e volta pra escola correndo.

MATT: Agora vê se para de bobagem, viu? Nós somos um trio. Os três mosqueteiros, lembra?

MEL: Claro. [Sorrindo] Foi só um momento a lá “Ally”.

MATT balança a cabeça negativamente.

MATT: Te vejo mais tarde no Red´s. Ok? Eu tenho que conversar com a [Reforça] “Ally”.

MEL: Entendi a deixa. Te vejo mais tarde.

MEL acena para o amigo e segue no sentido de um ônibus amarelo.


CENA 27 – INT. CASA DO MATT – SALA – NOITE

MATT devolve o aparelho telefônico para a base. LOU aproxima-se do sobrinho.

LOU: O que foi que houve? Você não desgrudou desse telefone a tarde inteira.

MATT: A Alexia sumiu.

LOU: [Aliviada] Você acha isso ruim?

MATT: Tia…

LOU: Já procurou em cima do ombro de alguém? [Sorri]

MATT: Tia! É sério. Ficamos de nos encontrar depois da aula e ela sumiu.

O telefone toca.

LOU: Uuhh…

MATT levanta o dedo indicador, e estreita os olhos.

MATT: Sem piadinhas. [Atende] Alô, Ally? [Pausa] Rebecca? O quê? [Aflito] Eu estou indo.

LOU: O que houve?

MATT: A Becky achou à Ally.

LOU: Viva?

MATT lança um olhar repreendedor, e sai correndo.


CENA 28 – INT. CASA DOS MACKENZIE – QUARTO – NOITE

ANNA entra no quarto cheio de caixas, senta-se no chão e abre um pequeno baú. Ela retira umas fotos antigas dela quando criança, umas jóias de plástico, alguns papeis. Uma foto cai no chão. A garota sorri ao ver a foto de MATT encostado na velha porteira da fazenda. ANNA guarda as coisas de volta ao baú e o coloca em cima de uma estante, ao lado de um caderno de capa grossa. Ela pega o caderno, e o folheia.

ANNA: [Lendo] “21 de junho, 1996. Eu não acredito que ele quebrou a minha bicicleta. Ele quem? O novo garoto que mora do outro lado do campo. Ele acaba de ocupar o número um na minha lista negra!” [Para de ler] Eu poderia ser mais dramática?

A garota avança algumas páginas.

ANNA: [Lendo] “23 de dezembro, 1997. O Matt consertou a minha bicicleta! Levou mais de um ano para ficar pronta. Eu falo para ele que o trauma da queda me deixou impossibilitada de andar de bicicleta novamente, mas a verdade é que não confio muito em suas habilidades de mecânico.” [Ri] Para uma criança eu tinha um vocabulário bem desenvolvido.

Ela fecha o diário e o retorna para a estante.


CENA 29 – INT. MESMO LOCAL – SALA

KATHERINE MACKENZIE está ao telefone, aparentemente muito ocupada. ANNA desce a escada correndo.

ANNA: Mãe, vou dar uma volta.

A mulher faz sinal de positivo, e continua falando ao telefone. ANNA sai de casa.

 

CENA 30 – INT. RED´S

ALEXIA: [Bêbada] Você é uma vadia!

REBECCA segura a amiga.

BECKY: Calma, Ally!

MEL: Você acha que pode entrar no meu estabelecimento e agir dessa maneira? Eu acho que não.

ALEXIA: Você quer ir lá pra fora, sua…

MEL: Olha o que você vai falar! Não é por que você é filha do prefeito dessa cidade que eu estou impedida de te por para fora daqui!

BECKY: Ally, vamos sair daqui. Antes que alguém da sua família fique sabendo disso.

MEL: É, “Ally”. Antes que eles te mandem de volta pro sanatório.

ALEXIA solta-se da amiga e parte para cima de MEL, mas Sam se põe na frente das duas.

SAM: Ei, ei, ei. Nada de violência.

Muitas pessoas observam a confusão. MATT entra na lanchonete atordoado. ALEXIA corre até o namorado e o abraça.

MATT: Você está bêbada?

ALEXIA permanece calada.

MATT: Vamos sair daqui.

MEL: Chegou o “superboy”. Matt, tenha certeza de dar o remédio certo para ela dessa vez.

ALEXIA vira-se para MELISSA, e é segurada por MATT.

MATT: [Grita] Chega, vocês duas! Alexia você vem comigo.

ALEXIA: Me larga!


CENA 31 – EXT. RED´S – NOITE

[MÚSICA – THE REASON, HOOBASTANK]

ANNA se aproxima da lanchonete. Ouve-se os gritos de ALEXIA.

ANNA: Uh… Isso que é diversão.

ANNA abre a porta e vê um garoto alto, de costas. Ele segura ALEXIA pelo braço, com força. ANNA franze a testa e depois olha pra ALEXIA.

MATT: Ally! Já chega. Você vem comigo, agora!

ALEXIA: [Chorando] Não grita comigo, Matt.

ANNA: Matt?

O garoto olha pra trás. Ele parece atônito.

MATT: Anna…

Os dois se olham surpresos e emocionados.

[MÚSICA FADE OUT]

[FADE OUT]

[LEGENDA] Continua.

ELENCO
Jonathan Bennett como Matthew Graham
Natalie Portman como Anna Mackenzie
Mena Suvari como Rebecca Sawyer
Lindsay Lohan como Melissa Baker
Austin O´Brian como Scott Sawyer
Joseph Gordon-Levitt como Samuel Wood
Kate Bosworth como Alexia Danes
Brad Renfro como Phillip Danes
Marisa Tomei como Lou Graham

ATORES CONVIDADOS
Alley Walker como Christina Albright
Paula Cale como Katherine Mackenzie
Jeffrey Nordling como Edward Mackenzie

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS
Logan O’Brien como jovem Scott Sawyer
Justin Riordan como jovem Phillip Danes
Keaton Tyndall como jovem Anna Mackenzie
Spencer Breslin como jovem Matthew Graham

MÚSICA TEMA
Promises, Lillix.

TRILHA SONORA
I Want To Save You, Something Corporate
Worst Day Ever, Simple Plan
Tomorrow, Lillix
The Reason, Hoobastank

ESCRITO POR
Clara Lima
Sarah Lima

DIRIGIDO POR
Clara Lima

GRÁFICOS POR
Clara Lima

CRIADO POR
Clara Lima
Sarah Lima

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Rafael Pires
Camila Martins
Naiade Lohman

DISTRIBUIDO POR
TVSN

® 2004

Série Virtual – Outsiders – Turning Point


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Série: Outsiders
Episódio: Turning Point
Temporada:
Número do Episódio: 1×01

[FADE IN]

 

CENA 1 – PÁTIO DESCONHECIDO – NOITE

Um soldado anda de um lado para o outro patrulhando alguns metros, com a câmera sempre o focalizando. Atrás dele vemos uma torre na junção de dois grandes muros, onde um canhão de luz é apontado para fora do local. O soldado faz seu caminho de volta quando, por um instante, o canhão de luz parece perder o controle, e uma bolsa preta é jogada por cima do muro, mas ele nada nota.

[MÚSICA DE FUNDO – SESSION, LINKIN PARK]

Ele continua a andar e a bolsa preta e a torre saem de foco. Ele para e olha para os lados. A visão do soldado mostra que a bolsa havia sumido e o canhão de luz parecia normal. O soldado dá mais alguns passos e para novamente. Quando ele se vira um punho com uma luva negra o golpeia rapidamente, fazendo com que caia desacordado. A câmera continua no soldado e vemos a parte inferior do seu corpo ser levantada e ele ser arrastado pelos pés. Seu agressor ainda permanece incógnito. O soldado submerge em um canto escuro aos pés da grande torre, onde ele e seu agressor somem.

Na escuridão um rosto encapuzado emerge lentamente, olhando para os lados. A câmera mostra duas outras pessoas trajando roupas e capuzes pretos. Cada uma arrasta um soldado para o canto escuro ao pé da torre. Mais uma pessoa de negro desce por uma escada vinda do topo da torre com um soldado nos ombros. Todos os soldados são agrupados na escuridão, que os torna invisíveis. Os quatro homens se encontram em um círculo e um deles dá ordens através de sinais.

Eles assentem rapidamente e começam a correr ao longo de um dos grandes muros. A câmera sobe, mostrando os quatro ao lado de um grande prédio de cinco andares. Continua se afastando e vemos que há quatro torres de vigilância no encontro de cada um dos muros. Vemos agora que toda a instalação tem uma pequena floresta em volta. Por fim, dá um ‘shot’ aéreo de uma cidade com as luzes de suas casas brilhando ao longe.

[MÚSICA FADE OUT]

[MÚSICA TEMA: LATE GREAT PLANET EARTH, PLUMB]


CENA 2 – SALA DESCONHECIDA – DIA

Uma MULHER [Bonnie Somerville] ergue-se ereta e entra no foco. Ela está ofegante, mas possui um sorriso divertido nos lábios.

MULHER: [ofegante] Não se trata de quem é mais forte. Não se trata de quem é mais ágil…

A MULHER investe com seu punho direito e a câmera abre mostrando uma GAROTA [Keira Knightley] esquivando-se do golpe que passa acima de sua cabeça. Elas se colocam em posição de ataque. Estão vestidas com camisetas e calças de moletom, em uma sala que parece ser de treinamento.

GAROTA: [ofegante] Então o que estamos fazendo aqui, Julia?

Vemos que a GAROTA possui um sotaque britânico.

JULIA: [ofegante] Ficando mais fortes e mais ágeis. Não é óbvio?

Elas trocam socos, rodando entre si, enquanto conversam ofegantes.

GAROTA: [confusa] ‘Ow-kay’, Yoda. Então você tá dizendo que tudo o que eu tô fazendo agora é inútil?

JULIA: Não estou dizendo que é inútil, Cathleen. Apenas que não é suficiente.

CATHLEEN: [falando sem parar] Isso significa mais horas de treinamento? Por favor, Julia! Eu não faço mais nada a não ser treinar, ultimamente. Estou falando sério. Não sei se agüentarei mais esses treinos exaustivos e consecuti–

Julia gira o corpo e manda um chute alto certeiro no rosto de Cathleen, que cai de rosto no tatame.

JULIA: [voz imponente] Concentração…

Cathleen aperta os olhos e balança a cabeça, afastando a tonteira.

JULIA: …é a primeira das três coisas com as quais você precisa ter atenção. Nunca perca sua concentração. Esteja sempre atenta.

 

CENA 3 – COZINHA DESCONHECIDA – DIA

A câmera focaliza GAROTO 1 [Paul Wasilewski] dormindo com a boca aberta e roncando. Ele tem o rosto apoiado em sua mão e o cotovelo sobre o balcão. Ao lado vemos uma ‘waffle maker’, com fumaça saindo do aparelho.

GAROTO 2 [J. Mack Slaughter] aparece na cozinha com uma toalha no pescoço. Ele faz uma careta pelo cheiro de queimado. GAROTO 2 desliga o aparelho e espalha a fumaça. Ele então esboça um sorriso e puxa o braço que apoiava GAROTO 1. O mesmo quase bate o rosto no balcão. Meio assustado ele olha para os lados.

GAROTO 2: [sério, porém irônico] Oh, eu te acordei, Zack?

ZACK olha para ele com uma expressão de raiva. GAROTO 2 levanta as mãos de forma defensiva.

GAROTO 2: Hey, foi mal cara! [irônico] Só achei que você não gostaria de perder esse delicioso waffle.

Ele abre uma prateleira e tira um cilindro verde.

GAROTO 2: [irônico] O cheiro de pneu queimado está irresistível.

Zack abre o aparelho e uma nuvem cinzenta sai, fazendo-o tossir e espalhar a fumaça.

ZACK: Droga. Lá se foi meu café da manhã.

GAROTO 2 joga as batatas chips do cilindro verde para a tigela e começa a comê-las.

GAROTO 2: E eu achei que eu fosse o irresponsável da casa. Tem aula daqui a pouco, esqueceu?

ZACK: Claro que não. É só que ontem eu tive que ficar até tarde no The Alley, com o Devon, fechando o caixa da semana.

GAROTO 2 apenas assente e enche a boca de batatas. ZACK leva a ‘waffle maker’ até a pia.

GAROTO 2: Cadê a Sarah?

ZACK: Quando acordei ela já tinha saído. Você sabe como ela fica antes da checagem.

GAROTO 2: É…

Ele fica pensativo por um momento.

GAROTO 2: Mas eu sei que estão todos bem. Faz bastante tempo que não ocorre nenhum problema com os outros.

ZACK: [para si mesmo] Espero que você esteja certo…

ZACK fica em silêncio por alguns momentos e depois balança a cabeça afastando os pensamentos.

ZACK: Então… por que você já está de pé mais cedo? Esperava te ver apenas daqui a uma meia hora.

GAROTO 2: Hoje é o grande dia…

Ele afasta as duas mãos no ar como se lesse em uma faixa.

GAROTO 2: Ehlios Grynn para presidente do Grêmio Estudantil… Soa bem, não?

ZACK: Eu não sei por que você se importa tanto com tudo isso, Ehlios.

EHLIOS: E você quer que eu deixe tudo o que aconteceu ano passado se repetir? Eu era invencível desde a sexta série, Zack. Eu era tipo… o Jason do grêmio. Ninguém me vencia.

ZACK dá um tímido sorriso, mas continua calado enquanto limpa a ‘waffle maker’.

EHLIOS: [revoltado] E foi só chegar no colegial para aquelas patricinhas começarem a manipular a votação. Elas se acham muito espertas. Principalmente aquela tal de Kennedy e a nova melhor amiga inglesa dela. [frustrado] Argh! Acham que mandam no colégio!

ZACK segura a risada.

EHLIOS: [revoltado] A propósito, onde está escrito que cada centímetro quadrado de cada escola do país deve pertencer às líderes de torcida? Isso é alguma lei não escrita que é passada por gerações? Tipo o lance de não nadar depois do almoço?

ZACK: [rola os olhos] Oh, meu Deus…

EHLIOS vira-se para Zack.

EHLIOS: Não, é sério! Será que elas ganham… sei lá, um cartão VIP de popularidade quando aprendem a soletrar? [voz grossa e fala com alguém invisível] Kennedy Lester, parabéns por se formar no jardim de infância. [ele entrega o tubo verde de batatas como se fosse um canudo de diploma] E, devido à sua notável performance ao soletrar ANNA ao contrário, você ganha também um certificado de popularidade eterna. Argh!!

ZACK ri.

EHLIOS: Se elas acham que vão gastar todo o dinheiro do grêmio novamente com uniformes, só porque nunca acham o maldito tom certo de turquesa, elas estão muito enganadas. Esse ano não! [ele tem um olhar resignado quando a câmera focaliza seu rosto] Porque eu estou de volta.

EHLIOS morde uma batata com força.

 

CENA 4 – EXT. NARANDA HIGH SCHOOL – DIA

[MÚSICA DE FUNDO – SEMI-CHARMED LIFE, THIRD EYE BLIND]

‘Shot’ externo do colégio. Alguns alunos entram na escola. Um carro para em frente ao colégio tomando o foco da câmera. JULIA está ao volante e CATHLEEN está do seu lado. No banco de trás há um GAROTO [Riley Smith]. O volume da música diminui.

JULIA: Vocês dois: direto pra casa depois do colégio. Ontem ocorreram algumas coisas estranhas e pode ser que a gente tenha um problema.

GAROTO: Okay.

CATHLEEN: [irônica] Ótimo. Vamos continuar minando minha vida social.

JULIA apenas olha para CATHLEEN e a garota revira os olhos.

CATHLEEN: Tá bom, tá bom… eu vou pra casa.

CATHLEEN olha para o banco de trás.

CATHLEEN: Já sabe, né? Me dá cinco minutos. Depois você sai.

GAROTO solta uma respiração pesada e se encosta mais no banco. CATHLEEN sai do carro.

JULIA: Preciso dizer, Joey. [ela olha pelo retrovisor] Você é um cara muito paciente.

JOEY: Eu realmente não sei por que esse lance de popularidade é tão importante para ela. Tá certo que eu não sou nenhum garoto Samsung, mas será que eu sou tão queima-filme assim? Tanto que ela nem quer ser vista comigo!

JULIA vira-se para JOEY.

JULIA: Não tem nada a ver com você. Faz apenas seis meses que estamos aqui e ela– todos nós… ainda estamos nos adaptando. Ela só tá sendo… a Cathleen. Você sabe que não é nada pessoal.

JOEY: [murmurando] É, eu sei…

Julia vira e a câmera mostra uma garota passando em direção à escola.

JULIA: Bem, eu acho que é melhor você ir logo.

Ela faz um movimento de cabeça na direção e JOEY segue com os olhos. A câmera mostra a garota subindo as escadas da entrada da escola.

JOEY: [confuso] Como você–

Sua expressão muda como se tivesse percebido algo.

JOEY: Você sabia que isso é muito irritante?

Ela apenas o encara com um sorriso.

JOEY: [rola os olhos] Tanto faz. [ele parece ansioso] É melhor eu ir mesmo. [ele sai do carro] E vê se para de ficar fuçando minha cabeça!

JUILA acelera com um sorriso divertido no rosto. JOEY corre até atingir as escadas. No caminho um garoto o entrega um panfleto.

GAROTO: Vote em Ben Tyler para presidente do Grêmio Estudantil.

Ele pega o panfleto sem dar importância e entra na escola.

 

CENA 5 – CORREDOR NARANDA HIGH – DIA

[MÚSICA CONT.]

JOEY entra no corredor. Olha para os lados e vê a garota dando socos no armário. Ele se aproxima e engrossa a voz.

JOEY: Posso ajudá-la, Samantha?

SAMANTHA: Oh, oi. [puxa o armário com mais força] Esse armário deu pra zoar comigo logo de manhã.

JOEY: Posso tentar?

SAMANTHA: Oh… claro.

JOEY vai para frente do armário encobrindo-o da visão da garota. Ele olha para os lados. Não havia muitas pessoas no corredor. Ele coloca uma mão na fechadura e com a outra força um pouco a porta para disfarçar.’ Close’ na mão que começa a brilhar numa cor avermelhada.

JOEY: Às vezes você só precisa empurrar ele pra frente…

SAMANTHA se esforça para ver e ele se debruça mais no armário.

JOEY: … depois voltar.

‘Close’ na mão de JOEY perdendo a cor lentamente. Ele sai da frente de SAMANTHA, liberando a visão e abrindo a porta do armário. Ela sorri e aproxima-se para pegar seus livros.

SAMANTHA: Nossa, obrigada.

JOEY abre um largo sorriso. Ela abre a boca para falar mas–

GAROTO: [abraçando-a por trás] Algum problema, Sam?

JOEY parece desanimado. SAMANTHA sorri para o garoto.

SAMANTHA: Oi, Harrie. Está tudo bem. O… Hum…

JOEY: Joey.

SAMANTHA: Isso, Joey. Joey estava me ajudando com o armário.

HARRISON vira a garota para si e eles parecem esquecer a presença de JOEY.

HARRISON: Você não precisa dele. Se tivesse esperado mais um pouquinho eu tinha te ajudado.

HARRISON aproxima-se e começa a beijá-la. JOEY faz uma cara de nojo e desapontamento ao mesmo tempo.

JOEY: [sem graça] É … licença.

JOEY sai arrastando os pés pelo corredor enquanto os dois continuam se beijando.

 

CENA 6 – ESCRITÓRIO DESCONHECIDO – DIA

Uma mulher [Neve Campbell] está em frente a um computador. Ela tem ao seu lado alguns papéis, nos quais faz anotações, sempre consultando o computador. Ela parece preocupada.

MULHER: [sussurrando para si] Você só pode tá brincando comigo.

Ela folheia os papéis com rapidez e volta a teclar no computador.

MULHER: Poderia ser hoje, poderia ser depois de amanhã, mas nãããão… Droga!

Ela pega o telefone e disca alguns números. Logo depois uma voz masculina atende o telefone.

HOMEM: Alô.

MULHER: 153-F22.

Ela desliga o telefone e dois segundos depois ele toca novamente. A mesma voz masculina é ouvida.

HOMEM: Achei que você não fosse mais ligar, Sarah. Eu tenho quatro mudanças de endere–

SARAH: Só um momento, Kenny. Primeiro: eu preciso de um novo servidor. O do mês passado não está estável e acho que está com ‘spywares’.

KENNY: Sem problemas. Eu consigo um em… 45 minutos.

SARAH: Ótimo. E segundo: eu preciso de um favor.

KENNY: [preocupado] Está tudo bem? Surgiu algum pro–

SARAH: Mais ou menos. Surgiu um imprevisto. Preciso que você faça a checagem dos outros amanhã. Eu estarei ocupada.

KENNY: [voz trêmula] E-eu? Olha, Sarah. Eu realmente quero ajudar, mas eu não sei se estou pronto para essa responsabilidade.

SARAH aperta a testa com uma expressão de cansaço.

KENNY: Quer dizer… eu comecei a te ajudar agora. E se eu esquecer de alguém? E se eu usar o servidor errado e vazar informação? E se-

SARAH: Kenny, eu pediria pro Zack ou até pro Ehlios fazer isso, mas não dá. Eu vou precisar deles amanhã, assim como vou precisar de você.

KENNY: Mas Sarah–

SARAH: Você sabe o quanto é importante checar o bem estar dos outros todos os meses. Eu não estava preparada para o que surgiu. Não tem mais ninguém que possa fazer a checagem. Eu preciso que você faça isso.

Ele fica em silêncio por alguns segundos.

KENNY: O-okay. [suspira] O que eu preciso fazer?

Sarah solta um suspiro de alívio e a conversa se torna indistinta.

JULIA: [V.O.] Esteja sempre preparada para tudo, Cathleen.

 

CENA 7 – SALA DE TREINAMENTO – DIA

JULIA e CATHLEEN estão nas mesmas posições da cena 2. JULIA está atacando CATHLEEN, que se defende e recua com dificuldade.

JULIA: Tente tirar a concentração de seu oponente e ele ficará cada vez mais fraco.

Ela dá três socos em alta velocidade, mas CATHLEEN bloqueia todos.

JULIA: Então dê o golpe final …

Ela acerta um chute abaixo do braço esquerdo de CATHLEEN.

JULIA: … no instante em que seu adversário … [Cathleen tenta um soco]

JULIA defende e dá um soco abaixo do pescoço de CATHLEEN, que começa a cair de costas.

JULIA: … perder o equilíbrio.

Ela segura o punho de CATHLEEN, deixando-a pendurada a poucos centímetros do chão. Ela dá um pequeno sorriso para CATHLEEN, e a puxa de pé.

JULIA: Essa é a segunda coisa com a qual você precisa estar atenta. Seu equilíbrio. Ache seu ponto gravitacional.

JULIA toca um ponto pouco acima do umbigo de CATHLEEN.

JULIA: Ele varia de pessoa para pessoa e é sua obrigação encontrá-lo. Encontrar a posição onde você consegue empregar toda sua agilidade e força. Dar cem por cento de seu aproveitamento. Onde seus golpes não tiram seu balanço, mas sim te ajudam a mantê-lo. Nele, você encontra o máximo de sua concentração.

JULIA, numa velocidade impressionante, tenta outro chute alto no rosto de CATHLEEN, mas a garota gira o corpo fazendo o chute passar direto, e manda outro idêntico em direção à JULIA, que desvia. As duas firmam posição de ataque.

JULIA: Não é só o seu equilíbrio físico, mas também, emocional.

Elas reiniciam a luta.

EHLIOS: [V.O. gritando] Você é completamente louca!!

 

CENA 8 – REFEITÓRIO DO NARANDA HIGH – DIA

Uma GAROTA [Ashley Lyn Cafagna] come sua maçã sentada em uma mesa. Ao lado dela vemos SAMANTHA, que também almoça. GAROTA olha calmamente para o lado e a câmera revela EHLIOS em pé ao lado dela. Ele parece furioso.

GAROTA: [irônica] Sabe, essa frase meio que perde o efeito vindo de alguém que está berrando no meio do refeitório.

A câmera mostra uma pequena multidão ao redor deles. A multidão se abre e CATHLEEN passa, tentando evitar que sua bandeja caia.

CATHLEEN: O que diabos está acontecendo aqui?

EHLIOS: [revira os olhos] Ótimo, chegou a terceira…

Ela coloca sua bandeja ao lado de SAMANTHA, mas não senta.

SAMANTHA: Esse aí tá dando uma de doido pra cima da Kennedy.

CATHLEEN: Qual é o problema?

Ele desdobra um panfleto da campanha de BEN e segura em frente ao rosto de CATHLEEN.

EHLIOS: Será que dá pra vocês me explicarem isso?!

CATHLEEN: [falsamente surpresa] Bem… eu achei que você já tivesse passado por isso, mas vamos lá.

Ela pega o panfleto e mostra para ele. KENNEDY levanta-se.

CATHLEEN: Esse é um… [gesticulando exageradamente com a boca] “B”.

Ehlios revira os olhos e algumas risadinhas são ouvidas dos “espectadores”.

KENNEDY: E quando você adiciona um “E” e um “N”, forma [falando devagar]… “BEN”.

A expressão de CATHLEEN muda, como se tivesse tido uma ideia.

CATHLEEN: Entendeu?

Ela toca o ombro de EHLIOS como se falasse com uma criança. Então, inúmeros ‘flashes’ da conversa dele com ZACK voam rapidamente pela tela. CATHLEEN abre os olhos e dá um sorriso sarcástico.

KENNEDY: Não perca. Na aula de amanhã: TYLER!

O olhar de EHLIOS é pura raiva.

EHLIOS: Vocês se acham mui–

CATHLEEN: Não, Ehlios. Nós não nos achamos muito espertas. Nós somos muito espertas. Você terá provas disso quando Ben ganhar as eleições. E, a propósito, que tipo de nome é Ehlios? Meu Deus, você por acaso saiu de alguma obra de Tolkien?

EHLIOS abre a boca–

CATHLEEN: Eu sei que você está se perguntando onde será que você perdeu o seu [faz sinal de aspas] “cartão” de popularidade. Sabe, é uma coisa que também desperta minha curiosidade. Porque nem é tão difícil. Sério! Pra começar, você tem que queimar essa sua coleção de camisas xadrez. Porque depois eu te garanto que rapidinho você aprende a soletrar.[sorri ironicamente] A gente até te ajuda. Vamos começar com essa lição extra: [seu rosto fica sério] VAI – SE – FERRAR! [sorri de orelha a orelha] Sua vez.

EHLIOS dá um passo pra frente, encarando-a nos olhos, mas ela nem se move. Nesse momento a multidão se abre e um GAROTO surge no meio da roda. O GAROTO parte para cima de EHLIOS e o empurra. EHLIOS se desequilibra, mas não cai.

GAROTO: O que você pensa que tá fazendo, idiota?!

KENNEDY puxa o garoto tentando evitar a briga.

KENNEDY: Ben, já está tudo resolvido.

EHLIOS se recompõe. HARRISON passa pela multidão e se coloca ao lado de BEN.

EHLIOS: Capitão Ben para o resgate! E seu fiel escudeiro. Vamos, não se contenha. [EHLIOS faz um gesto chamando-o] Mostre para os seus eleitores quem você realmente é. Apenas mais uma marionete nas mãos da Rainha Lester.

BEN avança e segura EHLIOS pela gola da camisa. HARRISON levanta o punho fechado–

HOMEM: [O.S.] Algum dos cavalheiros poderia me explicar o que está acontecendo?

A câmera mostra um homem muito bem vestido, com as mãos nos bolsos. A pequena multidão começa a dispersar-se. HARRISON abaixa o punho e se distancia. BEN solta a gola de EHLIOS, olhando-o nos olhos.

BEN: Não está acontecendo nada, diretor Fordman.

FORDMAN: Tyler. Grynn. Minha sala. Agora.

Sem mais, Fordman se vira e sai do refeitório. EHLIOS arruma a camisa e o segue. BEN vira-se para KENNEDY.

BEN: Eu já volto, Kay.

Ele dá um leve beijo nos lábios da garota e sai do refeitório.

CENA 9 – COZINHA DESCONHECIDA – DIA

JULIA está sentada ao balcão da cozinha, cercada papéis. Ela passa por vários papéis e faz anotações. JULIA parece cansada e solta os ombros, liberando uma pesada respiração. Ela gira o pescoço.

JOEY: [V.O.] Julia!!

CATHLEEN e JOEY entram na cozinha e jogam suas mochilas no balcão.

JOEY: Hey, Julia.

JULIA sorri. CATHLEEN se aproxima do balcão e folheia os papéis.

CATHLEEN: [confusa] E aí? Nós temos um problema?

JULIA recolhe todos os papéis da mão de CATHLEEN.

JULIA: Uma pasta de desenhos foi roubada do Heller Technology ontem à noite. Precisamos reavê-los. As suspeitas até agora apontam para os militares, mas ainda não temos nada concreto.

JOEY: Que tipo de desenhos?

JULIA coloca papéis sobre a mesa. A câmera mostra desenhos de crianças em campos verdes correndo com cachorros, desenhos de noivas em casamentos, bebês fantasiados de bichinhos, entre outros.

CATHLEEN: [fecha os olhos] Oh, ‘dèjá vu’.

JULIA e JOEY olham para e ela. CATHLEEN abre os olhos.

CATHLEEN: [sorri] Propaganda da Kodak.

JOEY segura a risada.

JULIA: Cathy, isso é sério. Esses desenhos são extremamente importantes e se caírem em mão erradas…

CATHLEEN: O que de tão importante tem nesses desenhos? Parecem fotos comuns pra mim.

JULIA: Mas não são. Cada desenho é uma parte de um quebra cabeça digital. O código binário de cada um, quando mesclado, forma uma só figura. É um tipo novo de codificação. Eles pegam um arquivo, dividem em várias partes e camuflam com desenhos ou fotos aparentemente sem importância. É mais difícil de decifrar porque os desenhos deveriam estar em lugares diferentes.

JOEY: E porque não estavam?

JULIA: Eles foram codificados ontem à noite e logo depois foram roubados.

CATHLEEN: Alguém de dentro?

JULIA: A gente ainda não sabe se vazou informação.

JOEY: Posso perguntar o que esses desenhos formam?

JULIA: Isso é confidencial, Joey.

CATHLEEN: [desconfiada] Mas você sabe.

JULIA: Mas não posso dizer. Vocês ainda não estão autorizados a saber de certas coisas.

CATHLEEN: Mas como a gente pode procurar uma coisa que não sabemos o que é?

JULIA: Cathy, nós precisamos desses desenhos. Isso é tudo que você precisa saber agora.

CATHLEEN permanece de braços cruzados.

JULIA: [impaciente] Você acha que eu ia colocar vocês em risco por nada? Isso é importante!

CATHLEEN e JOEY trocam olhares. A expressão dela é claramente relutante, mas JOEY parece desconfortável com a discussão.

CATHLEEN: [exalando sua frustração] Tá bom. O que exatamente você quer que a gente pesquise?

JULIA: Bem, [junta os papéis e olha para os garotos] acho que já está na hora de um pouco de ação por aqui, não acham?

Os dois parecem confusos por um momento, mas logo arregalam os olhos ao mesmo tempo.

CATHLEEN: [nervosa] N-não, você tá brincando, não é? Eu ainda não estou pronta pra uma missão de campo.

JOEY: [nervoso] Nem eu!

JULIA: Vocês estão prontos. Na verdade, já estão prontos faz algum tempo. Só estava esperando que percebessem isso sozinhos.

CATHLEEN: [apavorada] Não! Eu não estou pronta mesmo! Você ouviu eu dizendo que não aguento nem treinar?

JULIA se aproxima e coloca as duas mãos nos ombros dela.

JULIA: Cathy, você está pronta. Eu sei que está. [olha para Joey] Confio em vocês.

Eles se entreolham por alguns segundos.

JOEY: Talvez nós estejamos prontos, Cathy. Quero dizer… ela sabe dessas coisas. Talvez a gente seja mesmo capaz.

JULIA: Vocês são capazes. Tenho certeza.

CATHLEEN respira fundo.

CATHLEEN: [voz trêmula] T-tá. Onde precisamos ir?

JULIA: É uma base no deserto.

 

CENA 10 – CORREDOR DO NARANDA HIGH – DIA

ZACK está encostado em uma parede. O sinal bate. A porta em frente a ele se abre e cinco garotos saem, entre eles está BEN. Por último, EHLIOS sai da sala e vê ZACK, que levanta as sobrancelhas.

EHLIOS: Não olha pra mim desse jeito. Foi ele que começou.

ZACK levanta ainda mais as sobrancelhas.

EHLIOS: Tá bom, tá bom. Pode ser que eu tenha falado algumas coisas pra Kennedy [eles começam a andar pelo corredor], mas isso não quer dizer que ela não tenha merecido ouvi-las.

ZACK: Sarah não vai gostar nada de saber que você pegou detenção.

EHLIOS: Bem, ela não precisa saber.

ZACK olha para ele com um olhar significativo.

EHLIOS: Mas isso não é justo! Olha, boa parte do significado da adolescência está nas coisas escondidas. Uma queda por alguém, um namoro proibido, um diário debaixo do colchão ou até uma AR-15 enterrada no quintal, caso você seja muito ignorado.

ZACK dá um tímido sorriso.

EHLIOS: Mas não dá pra ter tudo isso quando você mora com uma telepata!

Alguns alunos os olham estranhando. Os dois abaixam a cabeça e continuam andando até alcançarem a entrada na escola. Eles caminham em direção a um jipe preto.

ZACK: Primeiro, Sarah nunca invadiria nossa privacidade, mas ela precisa saber o que aconteceu. E depois, nós já temos um segredo grande demais pra guardar. Eu, pessoalmente, não faço questão de mais nenhum.

EHLIOS: É por isso que a sua vida é um tédio. É melhor você achar logo algum objetivo pra ela.

EHLIOS senta no banco do carona.

JULIA: [V.O.] Propósito.

 

CENA 11 – SALA DE TREINAMENTO – DIA

Continuação das cenas de luta anteriores.

JULIA: Objetivo. O porquê da missão. Essa é a terceira e mais importante–

CATHLEEN: Sabe, eu não entendo porque as pessoas insistem em deixar as coisas mais importantes para dizer no final. Se elas são tão importantes não deveriam ser faladas logo de cara? Quero dizer, e se a gente estivesse, tipo… no meio de uma guerra e você acabasse de levar um tiro ….

JULIA parece entediada e relaxa a posição de ataque, apenas olhando para CATHLEEN.

CATHLEEN: [gesticulando bastante] … e nos seus últimos segundos de vida você se esforça ao máximo pra dizer as coisas importantes. Daí, obviamente, você me diz as coisas de praxe como “não esqueça de passar fio dental” ou “não vote em Bush”… e então boom! [abre as duas mãos como se algo explodisse] Você morre antes de dizer que o disquete com a maldição pra colocar a alma de volta tava em cima da mesa!

JULIA olha para ela por alguns segundos e responde impressionada.

JULIA: É impossível. Você é totalmente anaeróbica. É a única explicação para ainda ter fôlego depois de tagarelar tanta besteira.

CATHLEEN: [sorrindo] Vai ver eu tô desenvolvendo um novo poder.

JULIA encara CATHLEEN.

CATHLEEN: Tá bom, tá bom. Concentração blá blá blá.

Elas retomam a guarda e voltam a trocar alguns socos.

JULIA: Então, qual é o seu propósito, Cathleen?

CATHLEEN olha para JULIA como se não tivesse certeza do que responder.

[MÚSICA DE FUNDO – ORDINARY, TRAIN]

JULIA: Em uma missão você precisa saber o que está em jogo.

 

CENA 12 – RANCHO JONES – DIA

[MÚSICA CONT.]

Vemos EHLIOS e SARAH no que parece ser um rancho. Eles estão ao lado de um pequeno celeiro. SARAH tem um cronômetro nas mãos e EHLIOS está muito suado. Os lábios de SARAH se movem num comando e a câmera gira, revelando ZACK em frente aos dois. ZACK levanta suas mãos em direção a EHLIOS e um brilho prateado toma o local.

JULIA: [V.O.] O que te impulsiona. O que te faz arriscar sua vida…

Um brilho quase imperceptível envolve EHLIOS e ele parece estar paralisado. Vemos que EHLIOS está fazendo um imenso esforço. ZACK parece estar se esforçando cada vez mais, até que EHLIOS rompe a barreira e cai no chão, ofegante.

 

CENA 13 – QUARTO DE JOEY – DIA

[MÚSICA CONT.]

JOEY está em sua mesa de estudos. Em frente a ele a câmera mostra o que parecem ser várias plantas de instalações e mapas.

JULIA: [V.O.] Se você não possui um objetivo em mente, uma meta clara, tudo que você faz é perder tempo.

O garoto marca uma das plantas com uma caneta vermelha. Vemos que quando seu traço chega a certo ponto, JOEY circula uma sala.

A legenda interna diz “Laboratório de Criptografia”.

 

CENA 14 – SALA DE TREINAMENTO – DIA

[MÚSICA CONT.]

EHLIOS está de frente para um dos cantos do celeiro. SARAH grita novamente e o garoto toma um fôlego.

JULIA: [V.O.] Então coloque seu propósito em mente…

EHLIOS começa a correr o mais rápido que pode e seu corpo se integra à parede do celeiro. O garoto corre intangível, tendo metade de seu corpo para fora do celeiro e a outra metade para dentro.

JULIA: [V.O.] …e não deixe que nada se ponha entre você e ele.

 

CENA 15 – SALA DE TREINAMENTO – DIA

[MÚSICA CONT.]

JULIA: [V.O.] Nada!

CATHLEEN soca um saco de pancadas com veracidade enquanto JULIA o segura. Vemos que JULIA também está gritando algumas palavras de encorajamento, mas elas são indistintas.

JULIA: [V.O.] E não se trata apenas de hoje, dessa missão. Se trata da vida, CATHLEEN.

A câmera focaliza o rosto de CATHLEEN. A garota está suando muito. A câmera se aproxima ainda mais, filmando um dos olhos de CATHLEEN até que toda a tela seja escurecida por sua pupila. A tela emerge na próxima cena.

 

CENA 16 – ESTRADA DE CHÃO – NOITE

[MÚSICA CONT.]

‘Shot’ do céu negro cheio de estrelas.

JULIA: [V.O.] Tudo que importa é o seu propósito.

‘Fade out’ da música e a câmera gira lentamente até mostrar duas pessoas vestidas de negro caminhando em uma estrada esburacada. A câmera se aproxima revelando que são CATHLEEN e JOEY. Eles têm cada um uma máscara preta nas mãos.

JOEY: Então… o que foi aquela confusão toda no refeitório hoje?

CATHLEEN: Só mais um nerd tendo uma crise de auto-afirmação pra cima da gente. Mas Ben e Harry chegaram e controlaram a situação.

JOEY: Ah… [sussurrando] Harrison.

CATHLEEN estranha.

JOEY: Você acha que esse lance dele com a Samantha tem futuro?

CATHLEEN levanta uma sobrancelha e olha para ele com um olhar intrigado.

CATHLEEN: Você… você tá afim da Sam, Joe?

Joey parece surpreso e começa a gaguejar.

JOEY: O-o quê? Não! De onde v-você tirou isso? Claro que eu não–

CATHLEEN toca o ombro dele e logo sorri.

CATHLEEN: [como se falasse com uma criança] Oh, que gracinha! Joey tá gostando da Sam.

JOEY: [revira os olhos] Realmente não se pode esperar nenhuma privacidade morando com vocês duas. Odeio gente fuçando a minha cabeça!

Eles ficam em silêncio por um momento.

JOEY: Então?

CATHLEEN: Então o quê?

JOEY: Você acha que eu tenho uma chance?

CATHLEEN apenas o encara com uma expressão desanimadora.

CATHLEEN: Joe, eu–

JOEY: Hey. [ele levanta as mãos] Não tem problema! [ele tenta disfarçar a mágoa] Eu deveria saber mesmo…

A câmera continua a acompanhar JOEY, mas CATHLEEN some da cena.

JOEY: [tagarelando] Quero dizer… não é como se eu tivesse tão–

Ele repara que CATHLEEN não está mais ao seu lado e para. JOEY vira e vê a garota há alguns passos de distância. Ela não se move.

JOEY: Qual é o problema, Cathy?

CATHLEEN: Não sei. Não “conrigo” me mexer!

CATHLEEN não consegue mexer a boca. JOEY corre até ela.

JOEY: Mas que diabos…

JOEY circula CATHLEEN atentamente. Ele começa a cutucá-la como se quisesse a derrubar.

CATHLEEN: [indignada] Ei! Ei–

EHLIOS: [V.O.] Ah! Você só pode tá brincando comigo!

EHLIOS está totalmente vestido de preto e está de máscara. Ele sai de um dos arbustos na beira da estrada. JOEY se põe a frente e levanta a mão ameaçadoramente.

JOEY: Quem diabos é você?! Mantenha distância.

 

CENA 17 – ESTRADA DE CHÃO – NOITE

JOEY mantêm sua mão levantada, de forma ameaçadora

JOEY: [grita] Eu disse pra manter distância!!

EHLIOS: Ah, tá! O que você vai fazer? Me “kamehamehárizar”?

JOEY parece não entender. Mais duas pessoas de preto saem dos arbustos. JOEY e CATHLEEN não as reconhecem.

SARAH: [irritada] Será que você não ouviu quando eu falei de exposição nula?!

EHLIOS: Eu conheço esses idiotas! O que vocês dois estão fazendo aqui?! Tão querendo se matar?!

A câmera mostra a visão de CATHLEEN bloqueada por JOEY.

CATHLEEN: Joey, o que tá “aconterrendo”?

JOEY: É isso que eu vou descobrir agora. [grita] Tirem suas máscaras!

SARAH: Hey, acalme-se. Isso tudo é um grande mal ente–

A mão de JOEY começa a brilhar numa coloração avermelhada. A câmera focaliza o rosto de EHLIOS e um pouco de fumaça começa a sair da sua máscara.

EHLIOS: [grita] Ah!!

Ele arranca a máscara e joga no chão. ‘Close’ na máscara saindo fumaça.

JOEY: [boquiaberto] O quê?! Você não é aquele carinha do grêmio?

EHLIOS: [grita] Você tá tentando me matar?!

SARAH se aproxima de EHLIOS preocupada.

SARAH: Ehlios, você tá bem?

CATHLEEN: [incrédula] “Eios”?

SARAH vira o rosto dele e vemos uma pequena queimadura na bochecha.

EHLIOS: Eu tô bem, foi só uma… [ela coloca o dedo] Ai! Calma aí!

ZACK: Então… vocês têm poderes.

EHLIOS: E eu que achei que nosso clube fosse mais restrito.

JOEY: [incrédulo] Vocês têm poderes?!

EHLIOS: [irônico] Claro que não. Ela só tá com câimbra generalizada.

JOEY: Solta ela!

SARAH: Antes disso… o que vocês estão fazendo aqui?

JOEY: [irritado] Me desculpa, senhora, mas eu acho que não me ouviu…

SARAH: [indignada] Senhora?!

JOEY: Eu disse: [levanta a mão] Soltem. Ela.

ZACK toma a dianteira.

ZACK: Hey, calma!

ZACK estende a mão em direção a CATHLEEN. Por um instante um brilho prateado toma o corpo da garota e logo depois desaparece.

CATHLEEN: Ai!!

CATHLEEN cai no chão, aos pés de JOEY.

ZACK: Pronto.

JOEY: Você tá bem?

CATHLEEN assente e levanta, limpando a poeira da roupa.

JOEY: Agora as máscaras.

EHLIOS: [revoltado] Ei, ‘Little Pyro’, você acha que pode ficar ditando ordens agora?!

JOEY: Eu acho que se seus amiguinhos não tão querendo uma plástica forçada é melhor fazerem o que eu tô mandando!

EHLIOS: [indignado] O quê?! Sarah, põe ele em coma.

ZACK e SARAH encaram Ehlios. JOEY parece perder a firmeza por um instante. SARAH levanta as mãos como se lidasse com um animal feroz.

SARAH: Ei, garoto! Vê se se acalma. A não ser que você me chame de “senhora” outra vez, nós não viemos aqui pra arranjar confusão. Você abaixa a mão e a gente tira a máscara.

JOEY parece incerto.

SARAH: [rola os olhos] Ou eu posso te colocar em coma.

JOEY: [nervoso] V-você não consegue fazer isso.

SARAH apenas encara o garoto. EHLIOS dá um tímido sorriso. JOEY parece inseguro e abaixa a mão lentamente.

EHLIOS: [irônico] Booom garoto. Agora vai buscar o jornal!

ZACK: Ehlios, para de arranjar confusão!

CATHLEEN: É, cala a boca, nerd!

EHLIOS: Para de me dizer o que fazer!!

Todos começam a falar ao mesmo tempo.

SARAH: [grita] Todo mundo… cala a boca!!

Todos ficam em silêncio.

SARAH: Será que dá pra vocês por favor me explicarem o que estão fazendo aqui a essa hora?

CATHLEEN: Nós não temos tempo pra isso. [passa por entre os três] Vamos, Joey.

JOEY começa a seguir CATHLEEN–

EHLIOS: Se vocês estão atrás dos desenhos, sinto muito, mas perderam a viagem.

SARAH lança um olhar afiado para EHLIOS. JOEY e CATHLEEN dão meia volta lentamente.

[MÚSICA DE FUNDO – STRANDED, ALIEN ANT FARM]

CATHLEEN: [desconfiada] O que você sabe sobre os desenhos?

EHLIOS: Bem, eu sei de uma coisa. Nós é que vamos pegá-los.

CATHLEEN dá um passo e o encara nos olhos.

CATHLEEN: Isso é um desafio?

EHLIOS: [sorri] Não até você aceitar.

CATHLEEN ainda o encara por mais alguns segundos.

CATHLEEN: Ok. [ela estende a mão] A gente aceita.

JOEY e ZACK rolam os olhos. SARAH joga as mão pro alto numa expressão de impotência. Eles parecem não acreditar no que ouviram. EHLIOS estende a mão, mas CATHLEEN volta a dela alguns centímetros.

CATHLEEN: Mas nada de poderes até chegarmos à base. Não tô fim de ser paralisada antes de dar o primeiro passo.

EHLIOS: [aperta a mão dela] Feito.

SARAH: [incrédula] O quê?!

EHLIOS: Vamos ver do que vocês são feitos.

A música aumenta. Os dois se olham ainda de mãos apertadas como se esperassem o movimento do próximo. De repente, CATHLEEN dá as costas e começa a correr pela estrada. JOEY a segue e EHLIOS vai logo atrás. ZACK e SARAH se entreolham. O garoto sorri, dá de ombros e se põe a correr atrás dos outros. SARAH fica boquiaberta.

SARAH: [grita] Até tu, Brutus! [para si mesma] Agora essa missão virou uma maldita gincana.

Ela balança a cabeça e começa a correr também. A câmera sobe lentamente mostrando todos correndo pela estrada. ‘Shot’ do céu negro.

[FADE OUT]

PRODUÇÃO EXECUTIVA
Samir Zoqh
Luciana Rocha

ELENCO
Keira Knightley como Cathleen
Riley Smith como Joey
Paul Wasilewski como Zack
J. Mack Slaughter com Ehlios
Bonnie Somerville como Julia

ATORES CONVIDADOS
Ashly Lyn Cafagna como Kennedy
Neve Campbell como Sarah

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS
Chyler Leigh como Samantha
Michael Lutz como Ben
Michael Coristine como Harrison
George Eads como Diretor Fordman

ESCRITA POR
Luciana Rocha

DIRIGIDA POR
Luciana Rocha

CRIADA E DESENVOLVIDA POR
Samir Zoqh
Luciana Rocha

MÚSICA TEMA
Late Great Planet Earth, Plumb

TRILHA SONORA
Session, Linking Park
Semi-Charmed Life, Third Eye Blind
Ordinary, Train
Stranded, Alien Ant Farm

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS PARA
Lariane Dallapícola
Luciano Guaraldo
Durval Rocha
Rafael Pires

UMA PRODUÇÃO HYBRID STUDIOS
DISTRIBUÍDO POR TELEVISION SERIES NETWORK

Todos os atores aqui citados são meramente ilustrativos.
Os personagens por eles representados estão em um contexto de ficção.
Nenhum direito de imagem está sendo infringido.

©2005

TeleSéries irá exibir seriados virtuais


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Enquanto a Fall Season começa cheia novidades, mais três séries esperam a data de entrar no ar. Já ouviram falar em Destination Anywhere, no drama sci-fi Outsiders e na série policial She/He? Provavelmente não. Tratam-se de séries virtuais, escritas por roteiristas aspirantes e apaixonados por seriados. O TeleSéries vai exibí-las a partir do dia 01 de outubro, mas antes de escolher qual série você vai “ler”, que tal conferir uma a uma?

Sem grandes campanhas publicitárias ou entrevistas em programas de auditórios, os criadores das séries virtuais aguardam ansiosos para a estreia, e no caso de duas delas, para a re-estreia.

Destination Anywhere é um drama adolescente que gira em torno da amizade de Anna e Matt, interrompida bruscamente durante a infância dos dois. A história se passa em Tulsa – Oklahoma, e mostra cenários reais, como a Escola Secundária Will Rogers.

A série foi escrita em 2004/2005 pelas irmãs Maria Clara Lima e Sarah Lima. “Meu foco era desfazer os esteriótipos adolescentes dos dramas americanos e mostrar que há realmente um ser humano por trás de cada tipo”, diz Maria Clara. A primeira temporada gira em torno do reencontro de Anna e Matt e as consequências disso em suas vidas. A série tem tramas pessoais que se desenvolvem ao longo da temporada e um mistério central, que acaba servindo como pano de fundo para as histórias.

O elenco (sim, o elenco) foi escolhido imaginando-se o que seria viável financeiramente e quais atores aceitariam trabalhar em uma série real com uma emissora e uma produtora de porte médio. Mesmo assim, a série traz um elenco de primeira com Natalie Portman, Joseph Gordon-Lewitt, Lindsay Lohan e Mena Suvari. “Isso jamais aconteceria na realidade”, confessa.

Quando perguntada sobre suas expectativas em relação à exibição no TeleSéries, Maria Clara diz: “É um teste. Quero saber se a história que foi escrita há tanto tempo atrás ainda funciona. Acredito que hoje as pessoas conheçam mais as séries e assistam mais também, e pode gerar um ótimo debate”. Ela acredita que se fosse reescrever “D.A.” faria tudo bem diferente, mas não era a hora de rescrever a história, e espera que as pessoas façam críticas construtivas. Do que ela mais sente falta, Maria Clara afirma categoricamente: “a trilha sonora era perfeita e já começa com a música da abertura”.

Já a turma de Outsiders não ver a hora de testar o seriado mais uma vez. O drama sci-fi escrito por Luciana Santos, Samir Zoqh e Marcos Damata também foi exibido pela primeira vez em meados de 2005, e conta a história de um grupo de adolescentes com habilidades especiais. Eles vivem na cidade fictícia de Naranda, onde tentam conciliar suas vidas cotidianas com a busca por respostas sobre suas origens. A primeira temporada fala sobre o treinamento e domínio de habilidades pelos quais os personagens principais passam, aliados aos conflitos de suas vidas pessoais.

“A escolha de elenco foi um processo lento e bem colaborativo. Tivemos envolvimento direto de vários amigos próximos, como a Clara, a quem devemos a escolha de Keira Knightley para a protagonista Cathleen.”, diz Luciana Santos, uma das criadoras de Outsiders. Ela também diz que o critério para a escolha do elenco era pegar atores que não eram tão rodados (Keira foi escolhida antes de Piratas do Caribe). Completando o elenco, temos Neve Campbell no papel de Sarah, Paul Wesley (quando ainda era Paul Wasilevski) no papel de Zack, J Mack Slaugther fazendo Ehlios, Riley Smith interpretando Joey, Alona Tal no papel de Kennedy, e, fechando, Bonnie Somerville fazendo Julia.

Em relação ao fato de Outsiders ser uma reprise, Luciana tem uma resposta diferente da criadora de Destination Anywhere. “O piloto está intacto e na íntegra, como foi ao ar seis anos atrás. Pretendo tentar repaginar alguns episódios, tirar um pouco a voz pueril da série, mas sem que ela perca o tom leve que a primeira temporada deve ter, afinal, eles são jovens.” Ela também diz que tem centenas (sim, centenas) de páginas de rascunhos e mitologias criadas na época, episódios que nunca foram ao ar, personagens que nunca foram apresentados e ideias que ainda não foram para o papel. “Vamos ver para onde o vento sopra”.

Luciana revela  que espera somente se divertir relendo os antigos ‘devaneios’ – dela e dos outros criadores. ‘Outsiders é fruto da colaboração com pessoas que conheci na época [ 2005] e que hoje são parte integral da minha vida. Então devo à série muitas risadas e amizades feitas. Também quero matar a saudade desses personagens que são tão paupáveis para mim e que me trouxeram tanta diversão e escape criativo durante minha adolescência”, completa.

As duas séries reprisadas serão exibidas com a abertura original feita em 2005. Destination era embalada pela música Promise da banda canadense Lillix, já Outsiders começava com a música Late Great Planet Earth do Plumb.

A novidade das séries virtuais fica por conta do drama policial She/He, que será exibido pela primeira vez e foi especialmente criado para o TeleSéries. A história conta as aventuras da jornalista Kimberly Lewis e do seu amigo policial Gregory McQuaid, enquanto tentam ascender em suas carreiras e solucionar alguns casos na cidade de Boston, nos Estados Unidos.

Thales Brandi, roteirista do projeto e administrador do site Guia de Seriados, explica que a trama principal gira em torno do fato de três fatos principais: Gregory tentando conciliar seu noivado com a carreira policial, a busca de Kimberly por reconhecimento em sua profissão e na conveniência encontrada pelos dois em trabalhar juntos – e morar juntos.

Em She/He, a escolha do elenco ainda não foi finalizada, já que a série será exibida a partir de dezembro. Thales Brandi adiantou alguns nomes como a escolha de Emily VanCamp para o papel principal. “Eu adoro o trabalho da atriz. E para interpretar o policial McQuaid, eu sugeri o Lee Pace de Pushing Daisies, que é um excelente ator e acredito que pode fazer uma boa dupla com a Emily”.

Thales também diz que o momento de escrever é crítico, e que no agora conta com a ajuda da amiga e co-roteirista Maria Clara Lima. “Escrever à quatro mãos é o maior desafio, ainda estamos nos encontrando. A melhor parte pra mim está sendo montar os casos, e a parte emocional da série”.

Em relação às exibições das séries no site, Thales diz que isso vai ser muito bom para todo o mundo das Séries Virtuais. “Acho que é uma oportunidade única a que o TeleSéries está dando para os escritores, porque será uma ótima forma de divulgação”. Ele também diz que será uma honra ter a sua série exibida ao lado de Destination Anywhere e Outsiders, pois foram as primeiras séries virtuais que ele leu e foram também as que o inspiraram a escrever She/He. “A história é legal e os atores são ótimos. Acredito e espero que os leitores se apaixonem pela série como nós estamos apaixonados”.

Confira o trailer promocional produzido por Marcelo Nor.

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