Bones – The Master in the Slop

Data/Hora 29/01/2014, 20:29. Autor
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Essa semana me peguei pensando em uma coisa boba. Uma curiosidade, uma brincadeira. Tentei imaginar com quantas palavras eu conseguiria descrever a personalidade da Temperance Brennan.

O joguinho foi longe, e as palavras saltavam em minha mente. Descartei logo a temperança, pois nem pela justificativa do trocadilho a palavra serve para descrevê-la. Mas outros adjetivos apareceram com facilidade. Os mais óbvios como teimosa, competitiva, inteligente, racional… e alguns outros que precisaram de um pouco mais de esforço, afinal, a Brennan não é uma pessoa tão evidente assim. Restringi-la a apenas quatro ou cinco características seria um insulto para a personagem.

Decidi, então, listar e analisar mais alguns traços de comportamento da cientista, e eis que concluí que os mais importantes são:

– Justa

– Prudente

– Ressentida

– Carinhosa

– Forte/Resiliente

Terna

– Espontânea

– Curiosa

Sei que ainda são poucos, mas não vou me alongar mais do que o necessário. Esse exercício é apenas para mostrar que há muitas coisas que podem ser exploradas sobre a Brennan, muitos outros traços da sua personalidade, então gostaria de saber por que ainda  insistem em escrever inúmeros episódios reforçando a competitividade (infantil, devo pontuar) da Bones? São vários e vários episódios sobre isso, o que me faz pensar se ela já não aprendeu a lição. Daqui a pouco a Christine está dando uma palestra para a mãe sobre o quão ridículo esse comportamento dela é.

O problema não é a competitividade em si, mas o jeito que eles escrevem a personagem quando o assunto é “ser a melhor”. A franqueza inicial agora passou para um nível que beira a palhaçada. E The Master in the Slop trouxe, mais uma vez, essa premissa repugnante  de que a Brennan é incapaz de reconhecer que ser extraordinária não é o bastante. Além disso, o episódio foi escrito pelo comediante/ator/e agora roteirista Dave Thomas – o que para mim é um perigo eminente. Mesmo assim, apesar dessa enorme ressalva, o episódio não foi tão ruim quanto poderia ser, e nunca pensei que diria isso, mas o caso foi a melhor coisa que aconteceu na última sexta-feira.

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Rainha, Rei, Cavalo e Xeque-Mate 

Lance Sweets não é um dos personagens mais queridos da série, mas em The Master in the Slop ele esteve genial. A super inteligência do garoto prodígio, Phd aos vinte e poucos anos, e funcionário exemplar do FBI foi um dos principais fatores para a resolução do crime. Uma maneira bacana de usar o personagem sem ter que forçá-lo dentro da história – o que acontece quase sempre.

Lance Sweets também não é lá um dos personagens mais necessários. Quando tentaram enfiá-lo nas rotinas de rua do agente Booth durante a sétima temporada, apenas a incapacidade da Emily Deschanel de ficar zanzando entre uma cena e outra justificava essa quase troca de parceria com o Booth. A ida do Sweets a campo não me convencia.

O tempo me provou diferente, e ter um psicólogo acompanhando as investigações de Booth talvez seja até mais coerente do que o agente carregar por aí uma antropóloga desvairada – que por várias vezes quase pôs a perder o caso com comentários e comportamento inapropriado. A dinâmica entre B&B, louca, improvável, até funcionava, mas as coisas mudam, e acho que isso mudou também. Mesmo assim, devo dizer que sinto falta de B&B juntos, e que talvez fosse a hora do Booth voltar a frequentar um certo laboratório.

Mas isso tudo para dizer que o envolvimento do Sweets no caso foi algo que me surpreendeu. Não só pela a “ajuda” do psicólogo, mas pela dinâmica dos acontecimentos. Tim Levitt, o jovem-gênio e assassino da semana, roubou minha atenção durante todo o episódio, no qual ele manipulou o jogo durante toda a história. Ele me lembrou um pouco o Webbs e me fez desejar que ele fosse o “vilão da temporada” ao invés de uma fantasma ou a alma do Pellant.

Mas não foi só o Sweets que “apareceu” no episódio. Todo o time do Jeffersonian (e isso inclui a Brennan) colaborou para que o caso fosse desvendado. Dá até para entender porquê esse time é tão aclamado no mundo científico.

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Cientistas e biquínis

Tão aclamado que se pode dizer que o Jeffersonian tem as cientistas mais brilhantes – e mais sexies – do mundo. Bom, não é para tanto. Não dá para deixar de notar o grande pedaço de nada que essa parte da história trouxe para a série. E é aqui, mais uma vez, que voltamos para a má intenção quase proposital de transformar a Brennan numa zero à esquerda. Como dizem por aí, qual a necessidade disso?

O fato da Cam ser reconhecida ou até mesmo a Angie não deveria, nem um pouco, afetar a Brennan. Lidem com o simples fato de que a Brennan, por mais competitiva que seja, tem como um dos seus traços o sentimento de justiça. Isso dá a ela a capacidade de reconhecer quando alguém em seu trabalho faz algo brilhante. Nem preciso citar os inúmeros discursos de encorajamento que ela já teve com seus estagiários, a ponto de dividir créditos em artigos científicos. Então, digo não. Não consigo mais comprar essa história de que a Brennan é mais boba que uma criança de 3 anos de idade.

E, por falar nisso, ainda tem toda a história com o Dr. Filmore. Outra vez.

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Culpe o Canadá

Adoro todo o lance cultural dos canadenses. Hart Hanson, canadense da gema, sabe muito bem como explorar o máximo de comicidade dos maneirismos do seu país. Não é à toa que o podólogo forense é um dos personagens mais engraçados da série, mas como tudo o que é bom em Bones, quase nunca é bem aproveitado.

Mas a culpa não é dele, nem do Canadá. A culpa é de quem acha que a mesma piada contada várias vezes tem a mesma graça. A delicadeza terna dos canadenses versus a franqueza intolerante americana é tão manjado que tem o direito apenas de ser engraçado uma única vez. Não mais que isso.

Não é possível que toda as vezes que o personagem retornar a série, ele vai aparecer com a mesma missão. O que seria uma pena, pois ele é um personagem divertido.

Talvez, se for para utilizá-lo como contra-ponto à “parte ruim” da Brennan – nota mental, bater no Booth pelo comentário agridoce sobre o lado bom da esposa -, é melhor que ele não apareça. E se forem sobressaltar algum traço da doutora, talvez, só pelo acaso da mudança, os roteiristas o fizessem de modo que não fosse algo ruim. Que tal falar do senso de justiça dela, da prudência, ou de como ela é espontânea, forte e resiliente. Apesar da racionalidade e um pouco de frieza, Brennan é terna e carinhosa. Ou se o problema é fazer da série algo mais engraçado, falem de curiosidade, e de como isso pode levá-la a explorar coisas que jamais pensou.

Só uma sugestão.

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  1. Mebones - 29/01/2014

    Tem razão Maria Clara (você sempre tem), já começa a ser
    enjoativo o facto de mostrarem constantemente e quase em forma de sátira, a
    competitividade e pouca habilidade social da Brennan. Ao fim de 9 temporadas
    até os fãs mais distraídos já reparam isso, assim como também repararam o
    quanto ela mudou, porém continuam a “bater no ceguinho” e satirizar momentos e diálogos que poderiam render aos episódios momentos de qualidade
    Dave Thomas não tem graça como comediante, tem pouco talento como actor, e estou sendo benevolente, e ainda menos dos dois
    primeiros como roteirista
    Querendo desesperadamente esquecer o que foi a palhaçada do episódio “The Nazi on the Honeymoon”, também escrito pelo mesmo cavalheiro, eu me pergunto: o que leva Mr. Hart Hanson a contratar aquela alma para escrever
    episódios de Bones? Só porque ele é Canadiano? Tal como Katheryn Winnick?
    Talvez seja a minha costela Americana a falar mais alto, mas também alguma costela Brasileira, então sugiro que ele contrate Lab Girl para escrever os roteiros,
    porque de todos os que escrevem sobre Bones, ela é sem dúvida a melhor.

    Sorry
    pelo desabafo.

  2. Maria Clara Lima - 29/01/2014

    Não precisa de desculpar. É exatamente isso mesmo e ponto final.

    Às vezes a preguiça deles me deprime.

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