Drop Dead Diva ajuda a conquistar com um Cosmopolitan

Data/Hora 08/01/2012, 23:00. Autor
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Fred:
“Preciso de um mapa! Ou um xerpa.”

Jane Bingum:
“Precisa pesquisar. Revistas e livros. Comece com Judy Blume. Forever, página 81, e Wifey, capítulo 2. Além disso, tem um ano da revista Cosmo e três temporadas de Sex and the City gravadas.”

Jane Bingum é uma advogada que faleceu na mesa de cirurgia. Seu corpo foi ocupado pela alma da aspirante a modelo Deborah Dobkins, noiva do sócio de Jane, Grayson Kent. Deb faleceu em um acidente automobilístico e recebeu uma segunda chance na Terra. Fred é o anjo que os céus designaram para ajudá-la.

Com o passar do tempo. Fred apaixona-se por Stacy Barrett, também aspirante a modelo e melhor amiga de Deb, com quem divide a casa e que sabe a verdade sobre a troca de corpos entre Deb e Jane. No episódio False Alarm da série Drop Dead Diva [o segundo da terceira temporada, exibido originalmente em 26/6/11 nos EUA], Jane tem de cuidar do caso de outra aspirante a modelo que faleceu na cirurgia para aumentar os seios. Enquanto isso, ainda ajuda Grayson e presta consultoria técnica para Fred, que começou a namorar Stacy.

Drop Dead Diva - False Alarm

Stacy Barrett:
“Hm, gostoso!”

Fred:
“Cosmopolitan. Aprendi a fazer hoje à tarde.”

E as dicas que Jane dá para Fred dão um resultado excelente, pois ele não apenas conquista a namorada como ainda ajudam a própria Jane a desapegar e superar o fato de que Grayson está de casamento marcado com outra mulher.

O Cosmopolitan é um drinque que ficou popular por causa da série Sex and the City e sua personagem Carrie Bradshaw. As hipóteses a respeito da criação do drinque são diversas, embora seja um coquetel recente. Eu gosto particularmente de uma que dá o crédito à bartender Cheryl Cook, da Flórida. Ela diz que estava cansada de ver pessoas pedindo martínis apenas para desfilar com as taças, então decidiu criar algo que as pessoas realmente apreciassem tanto no sabor quanto no visual. A receita de hoje é a oficial da Associação Internacional de Bartenders.

Drop Dead Diva - False Alarm

A receita – Cosmopolitan

Ingredientes:
4.0 cl. Vodka Citron
1.5 cl. Cointreau / Triple Sec
1.5 cl. suco fresco de limão
3.0 cl. suco de amora [cranberry]

Modo de preparo:
Gele uma taça de martíni.

Coloque duas ou três pedras de gelo na coqueteleira e adicione os ingredientes. Chacoalhe bem, coe e sirva em taça guarnecida com uma fita de casca de limão.

Notas pessoais: receita de fácil execução. Pode acrescentar uma fatia fina e pequena de laranja no topo.

Drop Dead Diva - False Alarm

Stacy Barrett:
“Oh, não acredito que tive dúvidas quanto às habilidades do Fred! Quando finalmente chegamos lá, ele foi tããão intuitivo, como se soubesse exatamente o que fazer. Eu juro, Jane, eu vi anjos…”

Titia Batata adverte: Se beber, não dirija.

Seinfeld e o Kenny Roger’s Roaster Chicken

Data/Hora 01/01/2012, 18:44. Autor
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Jerry Seinfeld:
“Olhe o tamanho daquele luminoso de neon.”

Cosmo Kramer:
“Roger não consegue vender galinhas por aqui, temos restaurantes que vendem galinha em todos os quarteirões.”

No episódio The Chicken Roaster da série Seinfeld [o oitavo da oitava temporada, exibido originalmente em 14/11/1996], um restaurante da franquia Kenny Roger’s Roaster Chicken está para ser inaugurado do outro lado da rua do prédio de apartamentos onde moram o personagem-título, Kramer e Newman. O luminoso chama a atenção não apenas pelo tamanho, mas também pela potência do neon vermelho. Noite após noite, a luminosidade trata de extinguir a pouca sanidade que resta de Kramer até que ele decide armar uma campanha de boicote contra o estabelecimento.

Seinfeld foi uma série em que a comida teve participação especial e marcante em muitas ocasiões e decerto voltarei a ela várias vezes.

Kenny Rogers é um cantor e compositor de músicas country que às vezes dá as caras em TV e no cinema como ator; seu apelido é The Gambler, título de um de seus discos, e é por isso que Jerry responde a Kramer que Kenny abrirá um restaurante ali porque é “o apostador”. Rogers criou a rede de restaurantes em 1991 junto com o presidente de outra franquia, a KFC – só que especializada em frango assado em vez de frito.

Seinfeld - The Chicken Roaster

Cosmo Kramer:
“O que é isso, Roger’s Chicken? Oh, saia já daqui!”

Newman:
“Não sei, o cara faz um bom pássaro.”

Cosmo Kramer:
“Bem, estou boicotando. [Kramer olha pro frango.] O que é aquilo, castanha?”

Newman:
“É, é a madeira que dá um sabor.”

Assim como acontece com as grandes redes alimentícias, a receita do frango assado de Kenny Rogers é secreta. Encontrei uma que promete ser melhor do que a original, mas como nunca provei a original terei de confiar na palavra de quem afirmou isso.

A receita – Frango assado

Ingredientes:
1 frango inteiro grande
4 colheres [chá] de sal
2 colheres [chá] de páprica
1 colher [chá] de pimenta caiena
1 colher [chá] de cebola em pó
1 colher [chá] de tomilho
1 colher [chá] de pimenta-do-reino branca
1/2 colher [chá] de alho em pó
1/2 colher [chá] de pimenta-do-reino preta
2 cebolas grandes, descascadas e cortadas em cruz

Seinfeld - The Chicken Roaster

Modo de preparo:
Coloque o sal, páprica, as pimentas, o tomilho, cebola em pó e alho em pó no processador e bata bem. [Se não tiver processador, compre as pimentas moídas e apenas misture bem.] Reserve.

Retire os miúdos e o pescoço do frango. Lave-o bem em água corrente e seque com papel-toalha por fora e por dentro. Esfregue a mistura de temperos também por fora e por dentro e recheie com as cebolas. Coloque o frango em um saco plástico culinário retirando o máximo possível de ar. Feche a boca do saco e guarde-o na geladeira por 24 horas.

Preaqueça o forno a 120º C. Retire o frango do plástico e coloque numa assadeira. Asse no forno por cinco horas [sim, cinco horas]. Na primeira hora deixe ele lá quietinho, depois banhe-o com o molho do fundo da assadeira a cada meia hora. Retire do forno e deixe descansar 10 minutos antes de servir.

Sirva com brócolis cozidos no vapor.

Jerry Seinfeld:
“Newman, você não comeria brócolis nem se fosse frito em calda de chocolate.”

Notas pessoais: ha muito tempo eu estava atrás de uma receita que imitasse o efeito do frango de padaria, aquele assado na “televisão de cachorro”. Esta receita rende um frango tão grudento quanto os dos almoços de domingo mas mais úmido e saboroso, com a carne a se desmanchar soltando dos ossos. O segredo é o cozimento lento. Tem um grau de dificuldade fácil e rende seis porções. Se não tiver um saco do tamanho necessário, pode embrulhar em filme plástico.

E desperdiçar não podemos! Aproveite o pescoço e os miúdos para fazer caldo de galinha ou junte ao que escorreu do frango para preparar um molho para acompanhar [veja como fazer na coluna do peru de natal da família Walsh].

Newman:
“Por que temos de manter segredo pro Jerry?”

Cosmo Kramer:
“Se Jerry descobrir que estou viciado no frango do Kenny terei de voltar pro pesadelo vermelho.”

Esquentando o Natal com um eggnog em Two and a Half Men

Data/Hora 25/12/2011, 11:19. Autor
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Bertha:
“Ei, estou fazendo o eggnog. Você quer a todo vapor ou apenas cintilante?”

Charlie Harper:
“Bom, vamos ver. Estamos celebrando paz na Terra e boa vontade para toda a humanidade. Vamos meter o pé na jaca.”

Bertha:
“Aleluia!”

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Em ‘Os Pioneiros’ agarrava-se um homem pelo estômago

Data/Hora 18/12/2011, 13:25. Autor
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A série de TV Os Pioneiros [Little House on the Prairie, no original] era adaptada de uma série de livros homônima escritos por Laura Ingalls Wilder. Laura escrevia sobre a família, os amigos e a vida em 1870 no oeste norte-americano: temas como a conquista dos primeiros colonizadores do oeste selvagem atraíam o público, mas Os Pioneiros não abordava apenas esse aspecto. No episódio Back to School, que abriu a sexta temporada e estreou em duas partes nos dias 17 e 24 de setembro de 1979, os Ingalls têm de lidar com o fato de que Laura cresceu e está apaixonada.

Mais do que isso, Laura está determinada a conquistar Almanzo Wilder e a afastar Nellie Oleson, arquiinimiga de Laura que também se interessa pelo rapaz. Nellie acaba de ganhar um hotel & retaurante da mãe, que tem esperanças de conseguir um marido adequado para a filha com esses dotes. Um bom plano, se pelo menos mãe e filha dispusessem também dos dotes culinários.

Não julgue, era outra época, outros valores. Clique aqui para continuar a leitura »

Enquanto tiver spoonbread, Dr. Luka Kovac fica em ER

Data/Hora 11/12/2011, 17:29. Autor
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Caro Sr. Vernon,

Aceitamos o fato de que nós tivemos que sacrificar um sábado inteiro na detenção por tudo o fizemos de errado – e o que fizemos foi errado – mas achamos que você é louco por nos fazer escrever este texto dizendo-lhe o que pensamos de nós mesmos. Que lhe importa? Você nos enxerga como deseja nos enxergar: em termos mais simples e nas definições mais convenientes. Você nos enxerga como um cérebro, um atleta, um caso perdido, uma princesa e um criminoso. Correto? Essa é a maneira que nós víamos, às sete horas desta manhã. Passamos por uma lavagem cerebral.

A citação inicial deste post não pertence a uma série de TV, e sim a um filme: O Clube dos Cinco [The Breakfast Club, 1985] com direção e roteiro do cineasta John Hughes. No filme, cinco adolescentes são obrigados a cumprir detenção no colégio e acabam formando laços de amizade improváveis ao exporem suas personalidades complexas.

Este modelo foi utilizado no décimo-sexto episódio da oitava temporada da série ER (Plantão Médico) [Secrets and Lies, exibido originalmente nos EUA em 7 de março de 2002], quando os doutores Carter, Luka e Susan, o estudante de medicina Gallant e a enfermeira Abby são flagrados pela supervisora mexendo nos pertences de uma paciente do pronto-socorro, uma dominatrix.

Os cinco são obrigados a comparecer a uma palestra sobre assédio sexual, porém o instrutor se atrasa e eles começam então a conversar para passar o tempo. Assim como acontece no filme, a interação entre os personagens passa por diversas fases – das acusações mútuas aos joguinhos adolescentes, até o estabelecimento de um laço de cumplicidade entre eles.

Neste episódio são feitas muitas revelações, algumas relevantes para o desenvolvimento do caráter do personagem ou para o desenvolvimento de relacionamentos afetivos ou profissionas, e outras sem relevância prática alguma. Dentre as irrelevantes constam os motivos pelos quais o Doutor Luka Kovac permanece nos EUA em vez de voltar para o seu país natal, a Croácia.

Dr. Luka Kovac:

“Churrasco. Você não consegue achar uma boa costela em Zagreb, sabe. Sem mencionar spoon bread e torta de batata doce.”

Claro que isso é uma manobra para desviar a atenção dos outros quanto aos reais motivos, mas o que chamou minha atenção não foi isso – afinal, conforme Hercule Poirot costuma dizer, as mentiras também revelam verdades. Não, o que me intrigou foi a menção ao “spoon bread”, que na tradução em português europeu virou “pão de milho” mas na verdade se parece mais com um misto de broa e o cuscuz feito nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

O “pão de colher”, numa tradução mais literal, é uma iguaria típica do sul dos EUA feita com fubá grosso, leite, ovos e manteiga. Suas origens são incertas; acredita-se que seja resultado das tentativas dos colonizadores de fazer pudding com os ingredientes de que dispunham no Novo Mundo, sendo o milho o mais abundante.

A receita – Spoonbread

Ingredientes:
3 xícaras [chá] de leite
1 xícara [chá] de fubá
1 colher [sopa] bem cheia de manteiga
1 colher [chá] de açúcar
1 colher [chá] de sal
1 colher [chá] de fermento químico em pó
3 gemas batidas
3 claras em neve

Modo de preparo:
Preaqueça o forno a 180° C. Unte com bastante manteiga uma fôrma refratária quadrada com 20cm de lado.

Em uma panela, aqueça o leite até ferver e ajuste o fogo em 80° C. Acrescente o fubá mexendo bem para desfazer as pelotas. Baixe o fogo e deixe cozinhando por cinco minutos, misturando sempre.

Retire do fogo e adicione a manteiga, o açúcar, o sal e o fermento, misturando muito bem. Em uma tigela grande, coloque as gemas batidas e vá despejando pequenas porções da mistura quente, mexendo bem para que não coalhem com o calor. Incorpore gentilmente as claras em neve.

Despeje a massa na fôrma untada e leve para assar durante 40 a 45 minutos. Ele deve crescer igual suflê. Coma com uma colher.

Notas pessoais: receita com grau de dificuldade médio, serve seis pessoas e é indicado para quem não pode comer glúten. O sabor é bem neutro, o que torna o spoonbread um acompanhamento versátil que tanto pode acompanhar sopas e guisados [e churrasco] quanto virar um lanchinho doce para o café da manhã, servido com calda ou mel e uma dose farta de manteiga enquanto está quente.

Este post atende a sugestão de Anderson Narciso e Flávia Varsano Ribeiro.

De volta aos anos 80 com ‘One Tree Hill’: Vaca Preta

Data/Hora 04/12/2011, 13:25. Autor
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Alex:
“Quem é o seu diretor favorito?”

Julian:
“John Hughes. Você conhece… ‘Curtindo A Vida Adoidado’, ‘O Clube dos Cinco’, ‘Gatinhas e Gatões’. Não eram apenas filmes sobre adolescentes, era sobre a luta que todos enfrentam para encontrar a si mesmos. Um diretor com uma visão clara.”

O cineasta norte-americano John Hughes marcou a adolescência de uma geração inteira nos anos 1980. Além dos três filmes citados acima, ele também foi responsável como diretor ou roteirista por Mulher Nota 1000, A Garota de Rosa Choque, Antes Só do Que Mal-Acompanhado e Esqueceram de Mim, apenas para citar os que foram referência no episódio Don’t You Forget About Me da série One Tree Hill.

Hughes faleceu em agosto de 2009 e esse episódio-tributo foi ao ar nos EUA em 1º de fevereiro do ano seguinte, mas não foi a única homenagem póstuma que recebeu.Também em 2010, atores que tornaram-se reconhecidos graças a seus filmes – membros da chamada Brat Pack – apresentaram um segmento da premiação da Academia de Artes de Hollywood, o Oscar: Matthew Broderick, Macaulay Culkin, Ally Sheedy, Molly Ringwald, Judd Nelson, Jon Cryer e Anthony Michael Hall.

Em One Tree Hill a homenagem deu-se em todos os níveis, do figurino à trilha sonora. O próprio título do episódio é uma referência a Hughes: a canção Don’t You Forget About Me, da banda escocesa Simple Minds, fazia parte da trilha sonora do filme Clube dos Cinco. A cena inicial é idêntica na série e no filme.

De Curtindo A Vida Adoidado as únicas referências que percebi foram duas: o figurino da personagem Alex, que usou um casaco de couro branco com franjas muito parecido com o que a atriz Mia Sara usou no filme, e a música 4 Ferris na trilha sonora. Se você percebeu outras referências deste ou de outros filmes deixe-nos saber nos comentários, por favor!

De A Garota de Rosa Choque tivemos também o figurino e eu fiquei abismada com a semelhança entre o personagem Julian, caracterizado para a festa temática dos Anos 80, e o personagem interpretado por Jon Cryer no filme. Outro personagem da série, o australiano Alexander, disse que tirou sua inspiração fashionista de Miami Vice, mas a cena em que ele está recostado no carro me lembrou do personagem de James Spader no filme. E, é claro, Brooke emulou a personagem de Molly Ringwald ao criar e costurar o vestido do baile aproveitando vestidos antigos. O próprio baile beneficente é outra referência ao filme.

De Mulher Nota 1000 vem a trama dos nerds Fergie, Junk e Mouth em busca da mulher perfeita. A diferença é que ela não precisou ser criada, ela existe: é Kylie, que até usa o figurino do filme. De “Antes Só do Que Mal-Acompanhado” veio a viagem dos personagens Nate e Clay [que também poderia ser referência a Nate and Hayes, filme de pirata co-roteirizado por Hughes, mas a história da road trip em que tudo dá errado é definitivamente de Antes Só…]. A reclamação de Nate quando Clay não pára de falar é uma pista bem forte.

A personagem Haley passa o episódio inteiro esperando que alguém se lembre que é aniversário dela, mas apenas no fim seu marido consegue chegar à cidade para comemorar a data – e de quebra presenteá-la com um Porsche. Antes disso, Quinn despejara vitamina de frutas na cabeça de Kylie. Haley e Nate celebram o aniversário dela sentados em cima da mesa de jantar com o bolo, numa homenagem a Gatinhas e Gatões. Até o vestido, se não é o mesmo, é bem semelhante.

A armação de Jamie para ficar sozinho em casa é um tributo à trilogia Esqueceram de Mim com pitadas de Denis, o Pimentinha, outro legado de Hughes – o garoto é um pestinha! Inteligente, esperto e muito fofo, mas um pestinha. No meio da bagunça toda ele faz uma pausa para o lanche: uma panqueca gigante e vaca preta.

Esta será a receita de hoje, porque poucas coisas são mais Anos 80 do que vaca preta. Criado em 1874 na Filadélfia, o ice cream soda é uma mistura de sorvete com refrigerante gaseificado também conhecido como ice cream float – porque o sorvete flutua – ou coke float – porque é feito com refrigerante de noz de cola.

A receita – Vaca Preta

Ingredientes:
1 lata de refrigerante de cola [Coca, Pepsi, à sua escolha]
2 ou 3 bolas de sorvete de creme
2 colheres [sopa] de calda de chocolate [opcional]

Você também precisará de:
1 copo grande [350 mL ou maior]
1 colher de cabo longo
1 canudo largo
toalhas de papel, um monte

Modo de preparo:
Coloque o sorvete no copo e regue com a calda de chocolate. Devagar e com cuidado, despeje o refrigerante sobre o sorvete. Use a colher para afundar o sorvete e comê-lo e o canudo para beber o refrigerante.

Limpe a sujeira com toalhas de papel.

Notas pessoais: uma receita ridiculamente fácil para compensar a complicada da semana passada. A vaca preta é uma bebida refrescante que provoca o efeito brain freeze [cérebro congelado] sem a necessidade de tomar raspadinhas na cara como acontece na série Glee.

Você pode substituir o sabor do sorvete por outro de sua preferência, apenas evite os que contêm pedaços sólidos para não bloquear o canudo.

Também pode substituir o refrigerante por guaraná [Vaca Dourada] ou outro sabor. A cerveja amanteigada servida no parque temático Harry Potter é uma variação da Vaca Preta.

É uma boa pedida para os dias de calor com as crianças de férias – neste caso, multiplique a quantidade de toalhas de papel pelo número de crianças envolvidas.

Trilha sonora do episódio:
Don’t You (Forget About Me)” – Simple Minds
Know That I Would” – Right the Stars
Cool Fool” – Joel Bogen
The Love Cats” – OK Go
4 Ferris” – Geoff Grace
If You Were Here” – Cary Brothers
I Want You to Want Me” – Cheap Trick
Surrender” – Cheap Trick
Everybody Knows” – Cheap Trick
Bizarre Love Triangle” – versão de Sennen para a canção do New Order
Smile” – Cheap Trick

Este post atende à sugestão do leitor Anderson Narciso. Quem quiser conferir a homenagem, Dont You Forget About Me foi ao ar no décimo quinto episódio na sétima temporada.

O sanduíche de turducken que deixou Dean Winchester chapado em Supernatural

Data/Hora 27/11/2011, 19:51. Autor
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Brandon:
“Sopa de cobra e salada dupla para o Garibaldo, TDK Slammer para o Boneco Ken, e um coração saudável para o tio esquisitão.”

Eu não acompanho Supernatural com frequência, mas de tanto conviver com pessoas que vêem e discutem os episódios acabo meio por dentro dos temas principais. Foi por isso que assisti ao episódio How To Win Friends and Influence Monsters [o nono da sétima temporada, exibido nos EUA em 18/11/2011 – veja a review de Juliana Baptista publicada aqui].

O que me atraiu de cara, antes mesmo do episódio começar, foi a referência literária ao clássico de autoajuda “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas” de Dale Carnegie, publicado em 1937. O livro apresenta dicas para melhorar a comunicação interpessoal no dia-a-dia e no ambiente de trabalho, melhorando suas perspectivas profissionais.

Tudo a ver com o atual momento do personagem Dean Winchester, portanto.

Estou bincando, na verdade a referência do título tem a ver com o Dick Roman.

Dean Winchester:
“Oh, isso é um sanduíche ótimo!”

Bobby:
“O que você pediu?”

Dean Winchester:
“Novo Pepperjack Turducken Slammer – por tempo limitado.”

Bobby:
“Um monte de pássaros enfiados uns dentro dos outros. Não deviam brincar de Deus desse jeito.”

Dean Winchester:
“Aí, não me olha torto ao lado dessa salada de galinha chinesa, tá? Isso tá incrível, é a perfeita combinação das melhores três aves comestíveis.”

Depois que o episódio começou, outra coisa prendeu minha atenção: o sanduíche do Big Gerson’s. Eles comiam com uma expressão tão satisfeita que não deu pra evitar a vontade de provar a mesma coisa! Trata-se de um sanduíche de turducken, um peru recheado com pato recheado com galinha [de turkey + duck + chicken]. Não encontrei tradução em português, então chamei de perupatolinha, com a sílaba TÓ aberta.

Aves dentro de aves assadas podem ser rastreadas até o Império Romano, milênios atrás – e isso não é um exagero. Há descrições de assados com até dezessete espécies diferentes umas dentro das outras. O perupatolinha popularizou-se nos EUA graças ao futebol americano, quando o comentarista esportivo John Madden levou um para a cabine de TV e destrinchou-o ao vivo durante a transmissão de um jogo. Depois ele ofereceu um perupatolinha para o time que vencesse o tradicional jogo do Thanksgiving e a partir daí a população norte-americana associa o perupatolinha ao feriado de Ação de Graças.

No episódio de Supernatural a carne do sanduíche recebeu um ingrediente secreto que bloqueava a capacidade do ser humano de sentir empatia ou importar-se com o próximo. Atendendo à solicitação da Juliana Baptista e da leitora Bianca Mafra, eu não utilizarei tal ingrediente na receita de hoje.

Bobby:
“Tem uma galinha estranha no TDK Slammer, não tem?”

Sam Winchester:
“É.”


A receita – Turducken

Ingredientes:
1 peru de 7 a 8 kg
1 pato de 3 a 4 kg
1 galinha de 1,5 a 2 kg
1 xícara [chá] de açúcar mascavo
1 xícara [chá] de sal
3 litros de água gelada mais 7,5 litros de água
3 cenouras
3 talos de salsão
um punhado de salsa
1 colher [chá] de alecrim
2 folhas de louro
4 grãos de pimenta do reino
4 dentes de alho
1 cebola grande cortada ao meio
450 g de farinha de rosca, temperada
225 g de manteiga
2 xícaras [chá] de caldo de turducken
óleo vegetal

Modo de preparo:
Retire os pacotes de miúdos das aves e lave-as sob água corrente. Enxugue com um pano de prato.

Desossando:

Coloque a ave na tábua com o lafo do peito para baixo.
Faça uma incisão ao longo da espinha, pelo lado direito ou esquerdo do osso.
Com a ponta da faca, vá cortando a carne para separá-la dos ossos até alcançar as asas e as coxas.
Ao chegar às asas e coxas, puxe-os e corte pelas juntas, seguindo o corte pelo peito.
Repita o procedimento do outro lado.
Ao chegar ao osso de quilha [o “externo” da ave], separe a pele do osso com cuidado para mantê-la intacta.

As etapas a seguir devem ser executada na galinha e no pato, mas não no peru [que deverá manter os ossos das asas e coxas intactos].

Vá cortando a carne ao redor do osso da coxa como se estivesse descascando. Como a galinha e o pato ficarão por dentro, não vejo necessidade de manter coxas e asas com o formato original, pode abrir como fez com as costas.

Encontrei um vídeo demonstrativo excelente no YouTube em http://www.youtube.com/watch?v=m0gSAyFjl0E.

Apenas no caso do peru acho melhor ter um pouco mais de capricho, se pretende servi-lo inteiro… Se vai logo fatiá-lo antes de servir então a aparência não será problema.

Não descarte as carcaças e miúdos.

Temperando a carne

Dissolva o açúcar e o sal em água gelada. Mergulhe as aves e acondicione tudo em um recipiente tampado na geladeira até o dia seguinte. Certifique-se de que estejam completamente cobertas pela água temperada, acrescentando mais se necessário.

Caldo de turducken

Em uma panela grande coloque 7,5 litros de água, as carcaças, cenouras, salsão, o maço de salsa, alecrim, louro, pimenta, alho e cebola. Ponha um escorredor de macarrão ou a parte furada de um cuscuzeiro ou panela de vapor sobre a panela, para manter os ingredientes mergulhados, não boiando. Ponha um peso, se necessário.

Leve ao fogo alto até ferver e então reduza para fogo baixo por seis horas, mexendo de vez em quando. Retire a espuma que se forma com uma escumadeira. Coe e reserve o caldo resultante em um recipiente tampado. Espere esfriar e guarde na geladeira até o dia seguinte. Retire a camada sólida de gordura que se formou, antes de utilizar o caldo.

Retire as aves da geladeira e deixe alcançarem a temperatura ambiente.

Prepare o recheio

Aqueça a manteiga com 2 xícaras [chá] do caldo de turducken até que esteja quase fervendo. Desligue e acrescente a farinha de rosca, misturando bem. Deixe esfriar.

Montando o turducken

Coloque o peru na tábua com o lado da pele virado para baixo. Salpique pimenta do reino moída e alho em pó e cubra com uma camada de 1 a 2 cm da farofa.

Posicione o pato sobre o peru com o lado da pele para baixo. Salpique pimenta do reino moída e alho em pó e cubra com uma camada de 1 a 2 cm da farofa.

Posicione a galinha sobre o pato com o lado da pele para baixo. Salpique pimenta do reino moída e alho em pó e cubra com uma camada de 1 a 2 cm da farofa.

Puxe as laterais da galinha para fechá-la ao meio, repita a operação com o pato e o peru. Use espetos longos para mantê-los fechados, se necessário, com o cuidado de deixar a ponta acessível para retirá-los depois de amarrar o peru, ou peça ajuda para um par de mãos extras.

Agora vem uma operação médica: com a ajuda de espetos, feche todas as cavidades do peru. Amarre com barbante de algodão em intervalos de 5 cm, apertando bem.

Assando o turducken [ufa!]

Preaqueça o forno em 260º C. Unte uma assadeira e posicione o turducken com o peito para cima. Unte o peru com óleo e leve ao forno. Após 20 minutos, baixe a temperatura para 110º C e deixe assando por nove a dez horas, banhando-o a cada hora no molho que se solta.

Deixe-o repousar pelo menos meia hora antes de servir; uma hora, se quiser fatias firmes. Retire todos os espetos e o barbante, separe asas e coxas e fatie o turducken.

O sanduíche de turducken

Você tem duas opções: a primeira é fazer um sanduíche com fatias de turducken, alface, tomate e cebola e acompanhamento de molho [gravy].

A segunda é fazer um bolo de carne: moa as carnes [cruas] das três aves separadamente [a proporção é 1:1:1], tempere com sal e pimenta e misture farinha de rosca e um ovo cru a cada uma. Em uma assadeira untada, monte camadas na seguinte sequência: peru por baixo, pato no meio e galinha por cima. Enrole igual a um rocambole de 10 a 12 cm de diâmetro, embale em filme plástico e refrigere por uma hora, até ficar firme. Corte fatias de 2 cm de largura e grelhe na chapa.

Sirva em pão de hambúrguer com fatias de tomate e cebola, folhas de alface e molho [gravy].

Notas pessoais: quem diria que um sanduíche seria a primeira receita com grau de dificuldade mais alto desta coluna? Eu geralmente sou a favor do produto 100% caseiro, mas nesse caso acho que vale a pena entregar as aves para o açougueiro desossar. Isso elimina mais da metade do trabalho.

Ao lidar com as aves, não as mantenha todas fora da geladeira enquanto desossa, se for fazê-lo em casa. Guarde as que não estão sendo desossadas e use facas bem afiadas. Comece pela galinha e deixe o peru para o fim, assim eventuais erros de iniciante ficarão ocultos.

O pato costuma ter muita gordura, você pode remover um pouco se quiser – mas não toda. Mantenha os rabinhos das aves.

Programe bem as etapas em relação ao horário do jantar, em alguns casos é necessário começar os preparativos dois dias antes. A farofa de farinha de rosca pode ser substituída por farofa de farinha de mandioca temperada, tem umas ótimas no mercado brasileiro – coisa que não se encontra no comércio ianque.

Se possível, use termômetros culinários para conferir a temperatura interna durante o cozimento: é recomendável que alcance 72° C.

Se achar que está tostando por fora antes de cozinhar por dentro, cubra com papel alumínio mas sem fechar completamente.

A galinha e o peru têm carne branca, enquanto o pato tem carne escura. Ao fatiar, o efeito lembra o dos bolos mármore, com círculos concêntricos brancos e escuro e o anel de recheio.

Talvez seja necessário retirar o caldo que se forma na assadeira se for em muita quantidade e interferir no processo de assar o perupatolinha. Reserve o excesso para preparar um molho de acompanhamento com os miúdos das aves [veja a receita no post do Natal da família Walsh publicada aqui].

Guarde o caldo feito com as carcaças das aves e os vegetais para fazer sopas ou guisados.

O turducken serve 25 pessoas e é uma boa ideia para variar a ceia natalina.

Acompanha fritas.

O pão de banana de Sons of Anarchy

Data/Hora 20/11/2011, 18:19. Autor
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Na pequena cidade fictícia de Charming, Califórnia, um grupo de motoqueiros durões reúne-se no clube Sons of Anarchy, cuja sede fica no terreno da oficina de carros Teller & Morrow. Nesse ambiente predominantemente masculino, o grupo planeja a negociação clandestina de armas do IRA para traficantes de drogas enquanto tenta manter a cidade fora da rota desses mesmos traficantes, num equilíbrio delicado com a polícia local.

A trama tem um pano de fundo que mistura O Poderoso Chefão [Mario Puzo] e Hamlet [William Shakespeare] com suas tramas cheias de conspirações, tragédias e traições. Por trás de toda aquela testosterona, portanto, SoA é uma série sobre os dramas humanos [mas não conte que eu disse isso pro Kurt Sutter, criador da série, ou ele vai me xingar muito no Twitter].

O clube SAMCRO [de Sons of Anarchy Motorcycle Club Redwood Original] tem na presidência Clay Morrow [o HellBoy Ron Perlman] e Jax Teller como vice – ou VP; o sargento-de-armas Tig; o irlandês e médico militar Chibbs; o veterano da Guerra do Vietnã Piney; Opie, especialista em explosivos e filho de Piney; Juice, responsável pela vigilância; Happy, que tatua um smiley a cada assassinato cometido; Otto [o próprio Kurt Sutter] e Pimp, interpretado por um dos fundadores na vida real do Hell’s Angels e amigo pessoal de Sutter. Além deles, há Bobby Munson, que atua como secretário e tesoureiro do clube.

Bobby é o único membro a pilotar uma “chopper” [moto customizada], que às vezes o deixa na mão. Também é o único da diretoria a ter um segundo emprego: ele apresenta-se fazendo imitações do Elvis Presley para pagar a pensão alimentícia do filho. Bobby é o mais sensato da diretoria, sempre pesando prós e contras em cada ação; age como um tio para os mais jovens e Clay o respeita, tornando-o uma espécie de Conselheiro do Presidente.

Sons of Anarchy - Fa Guan

É por isso que no episódio Fa Guan [o nono da segunda temporada, exibido nos EUA em 3/11/2009] Clay chama Bobby em seu escritório:

Clay:
“Entre aqui.”

Bobby:
“Fiz pão de banana, quer um pouco? Ainda está quente.”

Ah, eu esqueci de mencionar que ele cozinha.

O pão de banana é feito em fôrma de bolo inglês ou pão de fôrma e se popularizou com o uso de fermentos químicos como o bicarbonato, em contraposição ao fermento biológico. A receita a seguir foi popular entre as donas-de-casa da década de 1950, época que, imagino, a Sra. Munson mamãe do Bobby tenha assado muitos pães.

A receita – Pão de banana

Ingredientes:
4 bananas nanicas grandes maduras
1 xícara [chá] de farinha de trigo
1 xícara [chá] de aveia em flocos
1 1/2 colher [sopa] de fermento em pó
1/2 xícara [chá] de açúcar refinado ou cristal
1/2 xícara [chá] de açúcar mascavo
1 xícara [chá] de manteiga sem sal em temperatura ambiente ou amolecida
2 ovos
1 colher [sopa] de extrato de baunilha
1/2 xícara [chá] de castanhas ou nozes picadas grosseiramente
1 colher [sopa] de mel

Sons of Anarchy - Fa Guan

Modo de preparo:
Preaqueça o forno em 180° C. Unte e enfarinhe uma fôrma alta de 23x18cm. Bata duas das bananas com os dois tipos de açúcar até que vire um creme [cerca de três minutos]. Acrescente a manteiga, os ovos e a baunilha e bata até misturar bem. Adicione todos os ingredientes secos até que estejam bem incorporados e então acrescente as castanhas, misturando por mais um minuto.

Fatie duas bananas e misture com mel até que estejam bem besuntadas. Despeje a massa do pão na fôrma e disponha as fatias de banana com mel por cima. Asse por uma hora e deixe esfriar durante cinco minutos antes de desenformar.

Notas pessoais: receita de fácil execução, rápida e econômica que até um motoqueiro pode fazer na cozinha de uma oficina. A cozinha da sede de SoA só aparece na quarta temporada e é do tamanho de uma cozinha de apartamento, com equipamentos e utensílios simples e práticos [a imagem de Opie e Jax abaixo é do episódio With an X]. Esta receita rende oito porções.

Sons of Anarchy - With a X

A receita – Chá de gengibre, canela e erva-doce

Ingredientes:
1 litro de água filtrada
1 colher [sopa] de sementes de erva-doce
1 pau de canela
2 cm de gengibre fresco em rodelas de 2mm

Modo de preparo:
Ferva a água e acrescente a erva-doce, a canela e o gengibre. Abafe o bule e deixe em infusão por cinco minutos. Coe e adoce com mel ou açúcar cristal.

Notas pessoais: O pão de banana pede um chá forte. Os chás preto e verde combinam bem, mas eu gosto bastante dessa mistura também, que tem a vantagem de não conter cafeína e é boa para tirar as tensões e dores do dia a dia do corpo. Essa receita rende quatro xícaras, é fácil de fazer e você pode substituir a erva-doce por aniz-estrelado. Neste caso sirva o chá com um aniz em cada xícara, dá um efeito bonito. Aposto que até aqueles motoqueiros durões gostariam.

Sons of Anarchy - With an X

Este post atende ao pedido de Flávia Varsano Ribeiro.

Para comprar Walter Bishop em Fringe basta um pão doce

Data/Hora 13/11/2011, 20:42. Autor
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Dr. Walter Bishop:
“Deixe-me falar a respeito deles. São criaturas horríveis. Vis. São como tudo o que existe lá. Parte tecido orgânico, parte máquina. São repuslivos, detestáveis, abjetos…”

Astrid:
“’Abjetos’? Ele está fazendo o lance do dicionário de novo?”

Dr. Walter Bishop:
“Imorais, diabólicos…”

Fringe é uma série com muitos fãs no Brasil e, por consequência, aqui no TeleSéries também. Uma delas é a leitora Cleide Pereira, que comentou que o personagem interpretado pelo ator John Noble mencionara um “pão brasileiro” no episódio One Night In October [o segundo da quarta temporada, exibido nos EUA no dia 30/9/11 e no Brasil em 1/11/11 – leia a review da Mariela Assmann publicada aqui] nas legendas da exibição pelo canal Warner brasileiro.

Ficamos curiosas, ela e eu, e fui atrás do episódio: no original em inglês Walter diz “Portuguese sweet bread”. Na minha tradução amadora ficaria assim:

Dr. Walter Bishop:
“Durante semanas, aquela mulher terrível desfilou pelo meu laboratório. Comprou minha ignorância com quitutes enquanto executava seu plano de roubar peças da máquina com o… aquele maldito pão doce.”

Poderia dizer “pão doce português”, mas o pão doce que comemos no Brasil é o mesmo pão doce de Portugal, com a massa sovada de manteiga e açúcar. Eles usam esse termo lá nos EUA para distinguir do pão de forma, mais habitual por aqueles lados. O pão doce ou rosca de origem portuguesa costuma ser consumido no Natal e na Páscoa. A versão com frutas secas, parecida com o panetone, consome-se no Dia de Reis [seis de janeiro].

O pão doce tornou-se iguaria comum no Havaí e na Nova Inglaterra por causa dos imigrantes portugueses que estabeleceram colônias nesses Estados. A versão da receita adaptada no Havaí leva leite evaporado e batatas para obter o efeito doce e fofinho; o pão doce da Costa Leste leva leite, raspas de limão e noz moscada. As diferenças existem porque os imigrantes tinham de se adaptar aos ingredientes locais. Como Fringe se passa em Boston, a receita de hoje é a versão da Costa Leste.

A receita – Pão doce português

Ingredientes:
120 mL de leite integral
1/2 xícara [chá] de açúcar
60 g de manteiga
1 e 1/2 colher [sopa] de raspas de casca de limão
1/4 colher [chá] de noz moscada ralada

6~8 g de fermento biológico seco [1 envelope]
60 mL de água morna
1 colher [chá] de açúcar

2 ovos
450 g de farinha de trigo
1/2 colher [chá] de sal

farinha de trigo para sovar
óleo para untar
gema de ovo para pincelar

Forma redonda com 23 cm de diâmetro ou para pão de fôrma com 23 cm no lado mais comprido

Modo de fazer:
Leve o leite para ferver em uma panela pequena e desligue o fogo assim que surgirem bolhas na lateral. Misture o açúcar, a manteiga, a raspa de limão ao leite até o açúcar dissolver e a manteiga derreter. Acrescente a noz moscada e deixe esfriar.

Em uma tigela pequena, misture o fermento, a colher de açúcar e a água. Deixe descansando por cinco minutos até que comece a borbulhar.

Bata os ovos em uma tigela grande e adicione as misturas de leite e fermento, mexendo até que fique homogêneo. Peneire a farinha com o sal e acrescente aos poucos à tigela, misturando para formar a massa, que ficará um pouco grudenta.

Espalhe farinha sobre a superfície limpa e seca em que trabalhará a massa, sovando-a por cinco minutos até que ela esteja elástica e menos grudenta. Unte uma tigela grande com óleo e coloque ali a massa. Cubra com filme plástico e deixe crescendo por duas horas até a massa dobrar de tamanho.

Tire a massa da tigela e dê-lhe forma: se vai assar na forma redonda, modele-a como uma meia bola; se sua forma é de pão retangular modele um quadrado e enrole igual rocambole. Cubra a forma com filme plástico e deixe a massa crescer por mais uma hora.

Preaqueça o forno a 180° C. Pincele a massa com a gema de ovo batida e coloque para assar por 35 minutos. O pão fica com uma cor marrom escura brilhante. Retire do forno e deixe esfriando numa grelha antes de desenformar.

Curiosidade: Existe uma comunidade no Facebook chamada Fringe Party [www.facebook.com/fringeparty] que se dedica a assistir aos novos episódios da série comendo o que Walter comeu no episódio anterior – excetuando-se insetos, pessoas e drogas. A receita do pão doce que disponibilizaram na página é da versão havaiana [Recipe Source, em inglês].

Notas pessoais: Esta receita tem grau de dificuldade médio e rende uma unidade de pão grande. Você pode acrescentar duas gemas extras à massa pra ela ficar mais amarelinha; pode adicionar uma colher [sopa] de essência de baunilha à mistura de leite; pode adicionar uma colher [chá] de açúcar à gema batida para pincelar. E obviamente pode incorporar pedaços de frutas cristalizadas ou goiabada.

Se o clima estiver muito frio, ponha a massa para crescer dentro do forno desligado. Eu costumava untar a superfície de trabalho e as mãos com óleo ou manteiga na hora de sovar, em vez de enfarinhar. O pão ficava mais leve, só que isso quando eu fazia pão salgado, nunca tentei fazer isso com o pão doce.

Fazer pão manualmente ainda assusta muitas pessoas, mas poucas atividades domésticas são tão relaxantes quanto esta. Desconfio que tem a ver com o ato de sovar a massa, quando a pessoa desconta o estresse do dia a dia dando socos em uma coisa que não vai sofrer com isso – ao contrário, vai se beneficiar! Não importa se as primeiras tentativas falharem, vale a pena persistir.

Além disso, sempre existe a alternativa das máquinas elétricas de fazer pão. 😉

E pronto, você terá uma poderosa moeda para comprar o Dr. Walter Bishop. Cá entre nós, eu acho que ele se vende por muito pouco. Pra me comprar tem que pelo menos passar manteiga no pão ainda quente ou fazer rabanadas do pão velho – aliás, este pão doce dá uma ótima rabanada, que lá nos EUA chamam de french toast [torradas francesas] e os franceses, de pain perdu [pão perdido].

Kedgeree para passar o tempo em Downton Abbey

Data/Hora 06/11/2011, 18:46. Autor
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Daisy:
“Parece comida demais, já que estão todos de luto.”

Mrs. Potmore:
“Nada deixa mais faminto ou cansado do que tristeza. Quando minha irmã morreu, que Deus abençoe sua alma, eu comia quatro pratos de sanduíches de uma vez e dormia o dia todo.”

Daisy:
“Aí sentia-se melhor?”

Mrs. Potmore:
“Não muito, mas passava o tempo. Oh, meu Senhor, este ovo picado devia ter sido polvilhado por cima da galinha.”

No primeiro episódio da série inglesa Downton Abbey [exibido originalmente em 26/9/10] os personagens acordam com a notícia do naufrágio do navio Titanic. Além da consternação geral que esse tipo de notícia provoca, a fração aristocrata dos habitantes da propriedade condói-se pelos amigos e conhecidos que se aventuraram a cruzar o oceano Atlântico rumo à América e perderam a vida no acidente, mas logo um telegrama traz um caráter mais pessoal ao evento: o herdeiro de Lorde Crawley estava entre as vítimas.

Robert e Cora Crawley tiveram três filhas e, de acordo com o estatuto, seu herdeiro deveria ser de linhagem masculina. O filho de um primo de Lorde Crawley herdaria a propriedade e estava noivo de Mary, a filha mais velha do casal e favorita do mordomo, Mr. Carson. A família providenciou um memorial já que não era possível fazer o funeral dos primos. Os funerais eram verdadeiros eventos sociais na Era Vitoriana e mantiveram tal status mesmo durante a Era Eduardiana [ou Belle Époque] cujo período final é retratado nessa primeira temporada da série.

Downton Abbey - Episode 1

Mesmo a fração não-aristocrata dos residentes de Downton Abbey sentiu-se afetada pela reviravolta de acontecimentos, com os criados inseguros com a mudança de herdeiro: um outro parente distante, advogado. Para as pessoas da época, um verdadeiro aristocrata não tem emprego – a Condessa Viúva, Lady Violet [Maggie Smith, vencedora do Emmy por este papel], nunca ouviu falar em finais de semana!

O noivado de Mary não fora anunciado à sociedade e era de conhecimento exclusivo da família, o que significava que toda a criadagem sabia, é claro. Portanto, a cozinha – que já é um lugar normalmente animado no dia a dia – encontra-se fervilhando de atividade e fofocas neste episódio.

Mrs. Patmore:
“William, quer parar de conversar e levar este kedgeree para cima? E tome cuidado, o fogareiro está aceso.”

Downton Abbey - Episode 1

O kedgeree é um prato inspirado nas culinárias hindu [arroz e especiarias] e inglesa [peixe e ovo]; seu nome deriva de kichiri, um prato de arroz e feijão ou lentilhas que remonta ao século 14. Alguns historiadores creditam a popularidade deste prato entre os colonizadores britânicos à sua consistência de papa, que era agradável para os que sofriam com doenças tropicais, enjoos ou ressaca de bebedeira. Quando voltaram para casa trouxeram a receita do kichiri, acrescentando o peixe defumado e os ovos cozidos típicos da culinária local.

A receita – Kedgeree

Ingredientes:
450 g de arroz basmati
500 g de peixe defumado
120 g de manteiga
1 cebola grande, picadinha,
1 pimenta dedo-de-moça sem sementes, fatiada fininho
2 colheres [sopa] de cardamomo em pó
1 colher [sopa] de curry em pó
2 ovos cozidos duros, descascados e cortados em quatro partes
um punhado de cebolinha, picado
meio limão, cortado em quatro partes
um punhado de coentro, picado

Downton Abbey - Episode 1

Modo de fazer:
Lave o arroz e deixe-o numa tigela grande coberto de água fria por meia hora. Escorra, transfira para uma panela grande e leve ao fogo médio com 600 ml de água. Assim que ferver dê uma boa misturada com um garfo, tampe bem a panela e diminua o fogo para baixo.

Cozinhe durante 25 minutos e apague o fogo. Não destampe a panela! Enrole uma toalha úmida nela e deixe descansando por cinco minutos. Depois desse tempo, misture o arroz com um garfo para soltar os grãos.

Em uma frigideira alta, coloque o peixe com o lado da pele para cima e cubra com água fervendo. Deixe-o em fogo médio quieto por dez minutos [ele não vai a lugar nenhum] e então retire a pele. Desmanche a carne em pedaços grandes com os dedos.

Derreta a manteiga em uma frigideira grande no fogo baixo até borbulhar e refogue a cebola até ficar macia. Acrescente a pimenta, o cardamomo e o curry, misturando bem por uns dois minutos. Junte o arroz e misture até que os grãos estejam soltos e embebidos nas especiarias. Acrescente os pedaços de peixe. Prove e acerte o sal, se necessário.

Coloque os ovos por cima, salpique com a cebolinha e o coentro. Sirva com o limão, que deve ser espremido por cima na hora de comer.

Notas pessoais: esta receita rende quatro porções e tem nível de dificuldade médio. O peixe defumado não é tão fácil de encontrar no Brasil, mas pode-se substituir pelo bacalhau [que deve ser dessalgado primeiro, claro]. Idem para o arroz basmati – Jamie Oliver usa arroz comum e o cozinha igual macarrão: com muita água, que depois escorre. O kedgeree era consumido no café da manhã, numa época em que as pessoas faziam seis refeições diárias. Hoje em dia é uma boa opção de almoço em casa ou mesmo pra levar na marmita, ideal para o verão que se aproxima por ser leve, fresco, de fácil digestão.

O kedgeree do Jamie Oliver http://www.youtube.com/watch?v=4wPgabUBAuQ

Nota muito pessoal: eu não gosto de coentro, sempre substituo por salsinha. A água em que o peixe foi cozido pode ser aproveitada para cozinhar o arroz, depois de fria. Mas, errr… Não precisa contar pra Lady Violet que eu disse isso.

Os brownies da bruxa em Buffy, A Caça-Vampiros

Data/Hora 30/10/2011, 14:17. Autor
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Buffy Summers:
“Então Mamãezinha Querida é realmente… Mamãezinha Querida.”

Willow Rosenberg:
“Existe mesmo uma tendência amarga – mas Amy é legal. Nós costumávamos ser amigas no ginasial. Quando a mãe dela entrava na dieta da sopa Amy ia até minha casa e nós nos empanturrávamos de brownie.”

O terceiro episódio da primeira temporada da série Buffy, A Caça-Vampiros estreou nos EUA no dia 17/3/1997 e seu título é Witch – razão pela qual figura na coluna de hoje, véspera do Dia das Bruxas. Buffy e sua mãe são novas na cidade de Sunnydale, localizada numa interseção sobrenatural em que todos os tipos de seres sobre-humanos acabam dando uma passadinha uma hora ou outra. Nos dois primeiros episódios foram demônios e vampiros; desta vez a futura Scooby Gang deverá lidar com uma bruxa.

A mãe de Buffy mudou-se para Sunnydale depois que a filha foi expulsa do último colégio. Buffy é a Caçadora de Vampiros de sua geração e, dentro das suas atribuições profissionais, por assim dizer, acabou pondo o ginásio da antiga escola abaixo. Para segurança da família e dos amigos, Buffy não pode revelar a sua condição, mas em sua nova escola conhece o bibliotecário e Vigilante Mr. Giles, que tem a missão de treiná-la e instruí-la. A adolescente reluta em dedicar sua vida a caçar e matar vampiros e demônios, ansiando por uma vida normal – por isso decide tornar-se lider de torcida.

Buffy A Caça Vampiros - Witch

Buffy Summers:
“Pelo menos terminou. Sabe o que eu acho que devíamos fazer? Estourar de comer brownies. Minha casa, agora.”

Além de Mr. Giles e do misterioso e elusivo Angel, ela também tem o apoio de Willow Rosenberg e Xander Harris, estudantes do segundo colegial que acidentalmente descobriram seu segredo e se dispuseram a ajudá-la desde então. Eles foram torcer por Buffy nos testes para líder de torcida e acabam testemunhando os estranhos eventos que foram eliminando garota atrás de garota, até que Buffy torna-se o próximo alvo da bruxa até então inominada.

Rupert Giles:
“Precisamos de uma prova conclusiva, de qualquer forma. Deve existir um – sim! O teste de mergulho. Nós a jogamos na lagoa, se ela flutuar é uma bruxa; se se afogar, inocente. [Fecha o livro] Algumas das minhas fontes estão um pouco ultrapassadas. [Olha outro livro] Ah, sim, isto deve funcionar. Precisarão de um pouco de cabelo dela, prata viva e aguaforte.”

Willow Rosenberg:
“Isso é só mercúrio e ácido nítrico, podemos conseguir no laboratório de ciências.”

Rupert Giles: [Lendo]
“’Aqueça os ingredientes e aplique na bruxa; se um feitiço foi lançado nas últimas quarenta e oito horas a pele da bruxa ficará azul.’ Oh, e vocês vão precisar de um pouco de olho de salamandra.”

Buffy A Caça Vampiros - Witch

Calma, a receita de hoje não é o revelador de bruxa e não leva olho de salamandra, nem orelha de morcego, pó de fada, nada disso. É uma receita até prosaica, na verdade, e que foi citada pelo menos três vezes neste episódio – o que evidentemente me deixou com desejo de comer no final. O brownie é um quitute que nasceu nos EUA muito provavelmente no Estado da Nova Inglaterra, quase certamente em Boston, no final do século 19. Embora tenha o formato de bolo, é considerado um “biscoito em barra”. O nome deriva da sua cor marrom e existe uma versão sem chocolate que batizaram de blondie.

O famoso brownie do catálogo da Sears [1897] na verdade é uma referência aos brownies folclóricos, uma espécie de duende doméstico das lendas escocesas e do norte da Inglaterra. O brownie ianque tem duas versões, uma mais sequinha e outra cremosa. A receita de hoje é da versão fudgey, como eles dizem.

A receita – Brownie

Ingredientes:
225 g de manteiga derretida
500 g de açúcar
1 colher [sopa] de essência de baunilha
4 ovos
200 g de farinha de trigo
100 g de cacau em pó
1 colher [chá] de sal
1 xícara [chá] de gotas de chocolate meio amargo
1/2 xícara [chá] de nozes picadas

Buffy A Caça Vampiros - Witch

Modo de preparo:
Preaqueça o forno a 180 ° C. Unte e enfarinhe uma assadeira retangular de 23×33 cm.

Em uma tigela grande misture a manteiga derretida, a baunilha e o açúcar. Em uma tigela menor, bata um ovo e misture à massa, incorporando bem. Repita a operação ovo a ovo até que a massa esteja uniforme.

Em uma tigela bem seca misture a farinha, o cacau e o sal. Adicione essa mistura à massa aos poucos, até que tudo esteja incorporado. Acrescente as gotas de chocoate. Espalhe a massa homogeneamente na assadeira e salpique as nozes por cima.

Asse no forno preaquecido por 35 a 40 minutos, até que você espete um palito de madeira e ele saia limpo. Coloque a assadeira numa grade para esfriar completamente antes de cortar em quadrados.

Notas pessoais: Esta receita tem grau de dificuldade médio e rende 24 unidades. Pode-se substituir as gotas por chocolate meio-amargo picado sem problema [=uma barra de 180 g], e as nozes por pecãs, amêndoas, castanhas etc. Quem não curte um lanchinho excessivamente doce pode substituir metade da porção de açúcar branco pelo mascavo.

O brownie fica achatado mesmo, como se fosse um bolo em que o fermento não funcionou, então não se preocupe quando ele não crescer. Pra quem comentou antes dos bolos solados, é uma alternativa ótima!

Amy Madison:
“Na próxima noite de sábado ele quer ficar em casa e fazer brownies. Bem, os brownies foram ideia minha.”

Este post atende à sugestão da Mica. Leia também a coluna Minha Primeira Série: Buffy, A Caça-Vampiros, de Mirele Ribeiro, publicada aqui.

O gumbo e a glória em Hart of Dixie

Data/Hora 23/10/2011, 18:36. Autor
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George Tucker:
“Eu só queria te avisar que alguém, de brincadeira, inscreveu você no concurso de cozinheiros da cidade, amanhã.”

Zoe Hart:
“Ocorreu a você que eu mesma tenha me inscrito? Eu adoro cozinhar. Cozinho feito louca a toda hora, assisto programas de culinária no Cooking Food Channel. Você devia solicitar à sua operadora de TV local, é um ótimo canal de culinária para quem adora cozinhar, e eu adoro cozinhar.”

George Tucker:
“Não sei se sabe, mas Brick Breeland sempre ganha o concurso.”

Zoe Hart:
“Foi o que ouvi, mas não ligo. Sério, não comecei bem ao sabotar o desfile de Bluebell, fazendo da sua noiva minha arquiinimiga, mas você sabe melhor do que ninguém que preciso 30% dos pacientes pra manter minha parte da clínica.”

George Tucker:
“Tá, mas como o gumbo vai fazer isso?”

No episódio Gumbo and Glory, o terceiro da primeira temporada de Hart of Dixie, a doutora Zoe Hart decide participar de um concurso de gumbo na tentativa de ser melhor apreciada na comunidade da cidade onde é sócia numa clínica e assim finalmente conseguir pacientes, disputando posição contra o outro médico.

Acontece que seu oponente leva duas grandes vantagens competitivas: ele é da cidade e conhece seus habitantes, e faz um gumbo realmente gostoso. O gumbo é um guisado grosso de carne criado na Louisianna no século 18 dentro da comunidade cajun, isto é, de origem francesa. O nome gumbo deriva de especiarias usadas no prato cujos nomes nos idiomas bantu [afrricano] e choktaw [indígena] soam como “gâmbo”.

Hart of Dixie - Gumbo and Glory

Brick Breeland:
“Pessoal, sinto muito, vocês podem esperar mais um pouco ou voltar depois, mas Doris Culp acha que Albert está tendo um infarto… de novo. Acho que todos nós sabemos que ela está tentando me deixar em desvantagem com meu gumbo. Mal sabe ela que coloquei minha panela para ferver na noite passada.”

Eu achei uma escolha muito feliz dos roteiristas porque este é um prato que reflete a mistura de etnias em seus ingredientes e origens e a série lida com diversos tipos de misturas e combinações: étnicas, de geração, de sexo, de formação, de origem, de interesses e objetivos. Além disso, é um prato com um ritmo mais calmo: não existem atalhos ou correria na confecção do gumbo e isso combina perfeitamente com a trama da transição da médica da agitada Nova Iorque para a tranquila Alabama.

Por fim, um terceiro ponto de identificação entre o prato e o momento da série é justamente o ponto do gumbo: ele tem de ter um ingrediente que vai torná-lo consistente, encorpado após o longo cozimento [geralmente é o quiabo, que na série, metaforicamente falando, seria a doutora Hart].

Hart of Dixie - Gumbo and Glory

Zoe Hart:
“Você acredita que ele disse isso? Bom, isso só vai tornar tudo ainda mais delicioso quando eu o destruir no concurso de gumbo.”

Lavon Hayes:
“Oh, sinto muito, eu estava procurando pela coisa errada. Você quer a panela mágica de gumbo. Ah, aqui está! Eu sabia que tinha uma, bati nela uma vez pra espantar um gambá. Ahn, ele não vem com gumbo dentro, sabe. O evento é amanhã, espero que saiba que demora algumas horas pro gumbo ficar pronto.”

Existem duas versões para gumbo, uma com frutos do mar e outra com aves. A usada na série é a versão creole com frutos do mar e tomates, que George Tucker compra para Zoe Hart numa farm market contrariando o ultimato da noiva, Lemon Breeland, que lhe pedira para não falar mais com a médica.

Não se preocupe, na receita de hoje não pedirei para operar os camarões e retirar suas veias!

A receita – Gumbo de frutos do mar

Ingredientes:
1 xícara [chá] de manteiga
2 xícaras [chá] de farinha de trigo
2 litros de água quente
1 litro de molho de tomate
1 pimenta dedo-de-moça picada
2 talos de salsão picados
3 cebolas picadas
1 dente de alho picado
1 kg de camarões médios limpos
1 kg de mexilhões
1 dúzia de ostras
1/2 kg de lulas limpas em anéis
1 kg de quiabo limpo e seco
1 colher [chá] de pimenta-caiena
1/2 xícara [chá] de salsinha picada
1/2 xícara [chá] de cebolinha picada
Sal a gosto

Hart of Dixie - Gumbo and Glory

Modo de preparo:
Derreta a manteiga, acrescente a farinha e faça um roux escuro [“frite” a farinha na manteiga, mexendo sempre com uma espátula ou colher de pau, até que a farinha fique com uma cor moreno escuro]. Acrescente aos poucos a água até dissolver completamente o roux, deixando-o bem liso, sem pelotas..

Você pode fazer o roux numa panela ou frigideira média e acrescentar uma parte da água até que ele fique liso e depois passar para uma panela grande que comporte no mínimo cinco litros; isso facilita.

Abaixe o fogo e adicione o molho de tomate, a pimenta dedo-de-moça, o salsão, a cebola e o alho. Triture 200g de camarão e acrescente ao caldo. Deixe cozinhar em fogo baixo por 3 horas.

Depois, junte o restante dos camarões, a lula, o mexilhão, as ostras e o quiabo e tempere com sal e pimenta-caiena. Cozinhe por mais 10 minutos e acrescente a salsinha e a cebolinha. Sirva em cumbucas com arroz branco à parte.

Hart of Dixie - Gumbo and Glory

Notas pessoais: O grau de dificuldade médio desta receita deve-se em grande parte ao preparo do roux, que muitos consideram a prova de fogo do chef. Como uma imagem vale mil palavras e um vídeo explica bem melhor o processo, indico a master class em roux do chef Jean Phillipe Lafond disponível no Youtube [em português] que demonstra desde o momento em que se deve adicionar a farinha até como acrescentar o caldo.

Se não fosse pelo roux, o resto é baba. Trabalhoso, mas fácil. [Nota muito pessoal: na receita pede ostras, mas nunca encontrei pra comprar na região. Achei melhor deixar como estava, caso tenha na sua cidade.] Ah, uma dica extra: eu costumo aferventar caudas, cabeças e a casca do camarão na água que vai dissolver o roux, aproveitando seu sabor ao máximo. É só coar antes de usar. Garanto que não vai sobrar nada pro café da manhã do Burt Reynolds.

Wade Kinsella:
“Ei, meu tio Mo tem uma receita muito boa de gumbo, se quiser a minha ajuda…”

Este post homenageia os médicos, cujo dia comemoramos na terça-feira passada [18/out]. Que todos sejam uma combinação da capacidade técnica da Dra. Hart com a experiência humana do Dr. Brickland: um gumbo perfeito.

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