TeleSéries
Doctor Who – Dark Water/Death in Heaven
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Série: Doctor Who
Episódios: Dark Water/Death in Heaven
Número dos episódios: 8×11 e 8×12
Exibição no Reino Unido: 1°/11 e 08/11/2014
Passados alguns dias desde a exibição do final desta temporada de Doctor Who eu esperava ter uma opinião um pouco mais consistente sobre os episódios, mas a verdade é que ainda não sei muito bem se gostei ou não do que vi. Para ser sincera, o mesmo pode ser dito para a temporada como um todo. Doze episódios se passaram e, embora eu tenha vibrado a cada sábado e tenha amado o novo Doctor, faltou alguma coisa que me fizesse me importar com o que estava sendo desenvolvido. Doze semanas é um tempo longo demais para não se criar vínculos e esse foi o meu maior problema com a temporada: tirando o Doctor, que simplesmente não sei não amar, todo o restante para mim não importou. Gostei muitíssimo de alguns episódios, nem tanto de outros, mas faltou vínculo entre a temporada e eu.
E Dark Water e Death in Heaven nada fizeram para mudar a minha impressão desta jornada. Tiveram alguns momentos emocionantes e meus olhos até se encheram de lágrimas em algumas ocasiões, mas ainda assim não terminei os episódios com aquela sensação de dever cumprido e de tristeza porque só teríamos mais no Natal (a propósito, viram o especial que saiu no Children in Need? Ansiosíssima pelo Natal).
Dark Water começou com uma declaração de amor e uma morte que me deixou chocada. Não porque eu tenha grandes paixões pelo personagem, mas porque foi tão repentina que meu inconsciente se sentiu obrigado a sentir. A morte é sempre um choque e não há como evitar a dor que as pessoas que ficam vivas irão sentir. Por isso dá para entender um pouco a forma como Clara manipula o Doctor para conseguir voltar no tempo e reviver Danny. Quero dizer, eu consigo compreender a dor que ela estava sentindo (principalmente porque todo o tempo em que esteve com Danny Clara mentiu e o excluiu tanto de uma parte tão importante de sua vida, que ela com certeza estava sendo corroída pelo remorso e sentimento de culpa) e o fato de ter uma nave que viaja no tempo é uma tentação grande demais (é só lembrarmos de Rose e do seu esforço para manter o pai vivo). Mas ainda assim não consigo simpatizar com a traição de Clara, principalmente porque a série não conseguiu vender para mim o amor da garota pelo ex-soldado. Os episódios tentavam me dizer que eles eram um casal, mas as cenas não passavam nem uma gota de sentimento entre os dois, o que tornou o desespero de Clara e a sua capacidade de destruir a vida do Doctor muito mais difícil de aceitar e perdoar. Sorte dela que o amor e respeito do Doctor pela companion é muito maior do que o dela por ele…
E já que toquei no assunto, ao mesmo tempo em que fiquei feliz do Doctor ser um amigo leal e tentar o impossível para trazer a felicidade à Clara, mesmo após o que ela fez, eu também fiquei muito irritada por ele ter cogitado a ideia de trazer Danny de volta à vida fazendo uma visita ao ‘inferno’. Tudo bem que a Nethersphere (como ficou a tradução em português? Esfera Inferior?) acabou se mostrando uma criação Gallifreyana e aquela não era a alma verdadeira das pessoas, apenas uma cópia de suas personalidades guardadas em um grande banco de dados, mas isso não muda o fato de que o Doctor cogitou ir até o inferno para trazer Danny de volta.
Tirando este detalhe (que não é pequeno e estragou boa parte da diversão para mim), eu gostei da maior parte de Dark Water, principalmente a revelação de que Missy era o Mestre. Não chegou a ser um choque, muita gente já vinha cantando a pedra, mas ainda assim foi muito legal perceber que o Mestre não apenas está vivo, mas regenerou em uma Time Lady e, mais importante do que qualquer outra coisa: continua a mesma pessoa – bom, tanto quanto uma regeneração permita.
Michelle Gomez fez um trabalho fabuloso como Mestre, captando toda a essência dos seus predecessores e adaptando ao Décimo Segundo Doctor, tornando ainda mais crível o laço que une os dois Time Lords (bom, Time Lord e Time Lady agora).
Ao término de Dark Water eu não havia aceitado muito bem a utilização de mortos na construção de Cybermen, já que há uma quantidade gigantesca de humanos vivos para serem convertidos e, para mim, é muito mais complicado trazer de volta mortos e reanimá-los, principalmente os que já viraram pó há muito tempo, do que converter os bilhões que andam sobre esta Terra. Mas após a chuva que fecundou a terra e a explicação de que Missy voltou no tempo – por toda a história da humanidade – para capturar a personalidade de todos os que já morreram até hoje, eu acabei aquiescendo. Ainda acho absurda a ideia, mas um pouco menos ridícula.
Death in Heaven teve um clima um pouco diferente. Alguns momentos mais interessantes e empolgantes e outros quase tolos.
Uma das melhores cenas do episódio foi a forma como Clara enfrentou os Cyberman assumindo a identidade do Doctor. E não há como dizer que ela não o conhece bem. Clara e o Doctor podem ter seus problemas, mas que ela foi a companion que mais esteve integrada no todo da vida do Doctor não dá para negar. Então, quem melhor do que ela para se passar por ele? Uma pena que a frase de efeito mostrada no trailer (“Clara Oswald não existe”) era apenas isso, uma frase de efeito. Tanto potencial… Mas foi uma boa sacada terem colocado o nome de Jenna Coleman por primeiro nos créditos e serem os olhos dela e não os de Peter Capaldi a aparecerem na abertura.
Se achei chocante a morte de Danny, a conversão do professor em um Cyberman foi ainda mais impactante. É bem verdade que a produção deve achar os fãs meio incapacitados, já que precisaram mostrar o prontuário onde estava escrito Danny Pink a todo o momento, como se precisássemos da folhinha para entender que aquele Cyberman agindo diferente de todos os outros e salvando Clara era Danny, mas tentarei relevar a situação num ato de boa vontade com a série.
Eu não gosto do Danny. Quando conheci o personagem eu o achei bem simpático e estava cheia de expectativas, esperando grandes coisas para ele. Mas com o tempo ele se tornou alguém bem cansativo, com sua falta de curiosidade pelo universo, sua acomodação com o lugar-comum e a forma autoritária com a qual tratava Clara, embora disfarçado em preocupação e carinho. Mas nada me desiludiu mais com o personagem do que as suas atitudes em relação ao Doctor e como se recusou a conhecer de verdade o Time Lord, preferindo manter a sua visão preconceituosa com o alienígena.
Certo, o Doctor também não foi muito melhor no seu relacionamento com Danny, mas ele tinha a vantagem de eu conhecê-lo já de longa data, o que não era o caso de Danny. O professor sofreu gravemente de falta de desenvolvimento. Outra história de potencial mal desenvolvido… E, para piorar, tinha química zero com a personagem que, supostamente, era o grande amor da sua vida.
Mas Danny teve a sua quase-redenção neste final de temporada ao se manter fiel às suas emoções (ainda que tenha acontecido sem querer, em uma falha na hora da conversão), salvar Clara e, principalmente, pelo modo como abre o seu coração e expõe o seu desespero pedindo para que ela desligue as suas emoções. Nesse momento eu sofri com Danny. Fico imaginando a dor que ele sentia, preso em um corpo morto e convertido em uma máquina, enquanto sofria as dores físicas e os traumas emocionais deste procedimento.
É claro que eu também entendo Clara e a sua dificuldade em desligar as emoções de Danny. Eu também teria a sensação de estar matando-o pela segunda vez. Era uma situação de escolhas impossíveis e toda a cena entre os dois (e depois com o Doctor) foi muito bonita e emocional. O que estragou foi a forma como Danny tratou o Doctor com preconceito mais uma vez. E não importa que ele estivesse conduzindo o Time Lord à desligar as suas emoções, o desprezo pelo alienígena estava tão vivo em sua voz quanto sempre esteve e isso matou um pouco o carinho que eu vinha sentindo pelo personagem em decorrência das cenas anteriores.
E por falar em carinho e emoções, confesso que a aparição do Brigadeiro em sua cyber forma me deixou com lágrimas nos olhos. Fiquei muito tocada com a cena. Vê-lo salvando a filha (bom, ouvindo sobre a possibilidade e conjecturando que fora isso o que acontecera), recebendo o reconhecimento do Doctor e mostrando que mesmo morto ele continua amando esta Terra e protegendo-a foi o bastante para despertar vários sentimentos. Por outro lado, é um pouco triste (para não dizer desrespeitoso) que o Brigadeiro, um personagem tão amado por tantos anos, termine os seus dias como um Cyberman, sofrendo as dores da conversão e sendo transformado em um dos maiores inimigos da humanidade. Sem falar que não deram qualquer explicação para ele não ter uma conversão completa. Danny teve o procedimento de supressão de emoções interrompido ao ver o reflexo do garoto que matou e que marcou a sua vida de forma tão profunda, mas e o Brigadeiro? Ele já estava morto há tempos, seu corpo nem mais existia, então o que manteve as suas emoções a despeito do corpo cibernético?
Mas fico feliz que pelo menos Kate tenha sido salva, embora a cena em que o Doctor está caindo e chama a TARDIS para si eu dispensaria.
E mais uma vez quem brilhou no episódio foi Missy, fugindo da aeronave, aparecendo no cemitério como uma Mary Poppins do mal e entregando o exército de cybermen para o Doctor como um presente. Resta saber como ela sobrevive ao raio do Cyber-Brigadeiro, porque, afinal, o Mestre sempre sobrevive.
Só não consigo perdoá-la por ter matado Osgood. Eu sonhava em termos Osgood em vários episódios e eles matam a garota assim, sem mais nem menos, quando eu menos esperava… É para compensar por todos os outros que Moffat não permitiu que ficassem mortos no decorrer da temporada?
O final do episódio foi agridoce, com o Doctor e Clara mentindo um para o outro mais uma vez. Não entendo que melhores amigos são esses (mesmo entendendo os motivos de cada um). Fico feliz por saber que Clara voltará para o especial de Natal, pois eu ficaria inconsolável se os dois se separassem sem abrirem completamente o coração um para o outro.
É triste saber que Danny não voltará. Saber que o garoto que ele matou reviveu é um conforto – como Clara explicará para os pais do garoto que o filho que estava morto há anos está na verdade vivo, só ela sabe! – mas ainda assim ele desperdiçou a sua única chance de voltar para Clara. Outra decisão impossível. Trazer um garoto inocente de volta à vida (de onde saiu o corpo que ele está usando é uma coisa que nem tento explicar) motivado por um remorso pessoal, ou voltar para a mulher que o ama e que sofreu tanto com sua morte que chegou a trair o seu melhor amigo para que o tivesse de volta? Em favor de Danny está o fato dele não saber o que Clara aprontou para que ele revivesse (ele só lembra dela dizendo que confia no Doctor mais do que em qualquer outra pessoa) e tampouco que ela provavelmente está grávida (bom, o descendente tem que vir de algum lugar, não é? Mas eu não coloco minha mão no fogo por teoria alguma).
E onde estará Gallifrey? O Mestre mentiu? Algo aconteceu? Teremos Gallifrey de volta em breve? Por ora, tudo o que eu sei, é que o Papai Noel apareceu para ajudar o Doctor a ter o que ele quer para o Natal.
…e que ninguém gosta de Tangerinas.
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Observações:
1) Nem comentei sobre o Doctor ser eleito o Presidente do Mundo, não é? É que eu achei a ideia tão ridícula que tinha até apagado da memória.
2) Outra coisa não tão interessante foi a conclusão do caso Missy e os Cybermen. Ainda não consegui aceitar muito bem o Mestre entregar todo um exército para o Doctor, e menos ainda todo o drama da temporada ser resolvido com o Doctor tendo uma epifania e descobrindo que não é um homem bom ou mau, é apenas um idiota em uma caixa, viajando pelo universo e ajudando como pode (o que todo mundo, ele inclusive, sempre soube).
3) Só quando fui selecionar as imagens para o texto é que eu percebi o quanto esses dois episódios foram azulados. Tudo é frio e cinzento, bastante deprimente até.
4) Esta é a minha última review de Doctor Who para o TeleSéries. Bom, pelo menos review regular…sempre há espaço para algum especial de quando em quando. Mas cheguei em um ponto onde não sei mais o que dizer sobre a série. Ainda amo Doctor Who, a série tem um lugar cativo e especial no meu coração, fico empolgada e emocionada para assistir, discutir, ler, ouvir audio dramas e todo o restante, mas não me anima mais a escrever resenhas e todo autor de resenhas precisa saber o seu momento de parar.
Foi um prazer dividir minhas emoções e pensamentos com todos até aqui. Sentirei falta dos textos semanais, mas ao mesmo tempo tenho certeza que olharei para a série com novos olhos, o que, talvez, seja uma ótima ideia afinal de contas.
Doctor Who – In the Forest of the Night
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Série: Doctor Who
Episódio: In the Forest of the Night
Número do episódio: 8×10
Exibição no Reino Unido: 25/10/2014
O que dizer desse episódio?
Depois de dois episódios muito bons, com um roteirista estreante, mas que, pelo visto, conhece mais de Doctor Who do que todo o povo que está na casa nos últimos anos, a série nos presenteou com um episódio no mínimo bastante falho. O que é estranho, pois o roteirista de In the Forest of the Night é um renomado autor de livros infantis e conhece o seu público.
Eu esperava bem mais coerência em um episódio feito obviamente com as crianças em mente. Pelo menos o ‘jeitão’ de história infantil permeou o episodio inteiro e, talvez, o público infantil tenha apreciado mais, já que tínhamos várias crianças em cena e o episódio todo foi em clima de aventura com baboseira científica impossível e trapalhadas correndo soltas sem muitas explicações. Em minha opinião faltou bom senso e coerência, mas eu não sou criança há muito tempo e nunca um episódio deixou mais claro do que esse de que eu não era o público alvo. Mas não posso deixar de lembrar que The Sarah Jane Adventures tinha uma porção de absurdos científicos e todo o jeito de programa infanto-juvenil e mesmo assim eu adorava a série. A minha opinião é que qualidade se vê quando uma história para crianças atinge o público adulto e consegue divertir, ainda que não da mesma forma que aos pequeninos.
Mas vamos lá. Como não consegui me colocar no lugar dos pequeninos espectadores, resta-me olhar o episódio sob a ótica da adulta exigente que sou na maior parte do tempo. Para mim os problemas foram muitos:
– Uma floresta gigantesca tomou conta do planeta e todas as pessoas que víamos agiam como se estivessem dando um passeio no parque. Cadê o terror? O medo? Ou pelo menos a surpresa e as expressões maravilhadas? Um pouco de reação emocional de verdade não mataria, não é?
Eu tinha achado tão legal o início com Maebh correndo e as primeiras impressões das árvores por toda a cidade. Foi bem decepcionante ver o quanto as pessoas reagiram com tranqüilidade ao fenômeno.
– A ação ocorre no coração Londrino e não vemos viva alma! De quando em vez aparecia a mãe de Maebh e os funcionários da COBR tentando criar um caminho em meio às árvores (sem sucesso), mas, fora eles, é como se Londres fosse habitada apenas por aquele grupo de estudantes e árvores. E, é claro, um grupo providencial de animais fugidos do zoológico.
– A reação de Danny Pink foi a mais sem graça de toda a história da série (não conheço a série clássica inteira, mas duvido que alguém tenha reagido com um ar de desdém tão grande diante de um fato tão estranho quanto Danny nesse episodio). Não basta ele não ter o mínimo interesse em viajar uma vez sequer na TARDIS, ele ainda age como se uma floresta surgindo do nada e cobrindo o planeta inteiro fosse comum e apenas mais uma forma de passar uma tarde feliz com meus alunos problemáticos. Não houve uma única expressão de maravilha ou de terror no rosto dele. Que homem mais sem graça!! E o pior é que eu super simpatizo com o ator, mas não estou conseguindo mais aguentar a personalidade de Danny Pink. Ele destoa demais de tudo.
– Se mais alguém disser que a Srta. Oswald e o Sr. Pink estão apaixonados eu terei um ataque de nervos. Todos os alunos ficam repetindo isso à exaustão sempre que aparecem em algum episódio. Só pode ser uma tentativa dos roteiristas nos fazerem comprar esse casal que não tem nem sequer um dedinho de química quando estão juntos.
– De quem foi a idéia de fazer a irmã de Maebh voltar para casa miraculosamente no final do episódio? Essas coisas providenciais dos roteiros ultimamente – e o medo de consequências drásticas e definitivas – têm me tirado do sério.
– E por falar em Maebh, quem é que coloca uma criança a dar um recado a todas as pessoas da Terra via celular para impedir a desfolhagem das árvores? De tantas idéias que o Doctor já teve nesta vida, esta com certeza foi uma das piores.
– Por que Clara ainda não contou a Danny que continua viajando com o Doctor? Está com vergonha por ter feito todo aquele discurso, rompido com ele e depois voltado atrás? Não consigo entender esses dois, não consigo mesmo. Tenho a sensação de que Danny tenta colocar um cabresto em Clara e ela, por algum motivo inexplicável (porque não pode ser amor) permite.
– Desculpa esfarrapada de Clara para salvar apenas o Doctor e não aceitar que ela, Danny e as crianças fossem salvas pela TARDIS. Sim, toda criança quer sua mãe, mas melhor uma criança viva para contar a história do que uma criança torrada por explosões solares. Sem falar que, se pensarmos friamente, uma floresta nascer do nada e cobrir o globo terrestre implicaria em destruição de boa parte das ruas, casas, prédios…todo aquele concreto rachando, pessoas morrendo ou se machucando. Mas como em Doctor Who ultimamente a ordem é ser ‘leve e inconsequente’, é claro que nada ocorreu e as árvores desapareceram tão rápida e indolor quanto como apareceram.
Mas apesar dos pesares as crianças tiveram umas tiradas legais em alguns momentos e Maebh era uma gracinha. Uma pena que tenham tratado os problemas psicológicos da garota com tamanha leviandade. Era uma oportunidade de ouro para discutir o excesso (ou não) de medicação de mudanças de comportamento em crianças, mas a forma como trataram, com o desdém do Doctor e só um comentário aqui e outro ali dos colegas e de Clara acabou sendo um desserviço aos jovens que realmente sofrem com distúrbios psicológicos.
E agora faltam apenas dois episódios. O mistério da Terra Prometida ficou realmente para o final e o trailer do próximo episódio promete. Quanto a mim, estou aqui na torcida para que a temporada termine com chave de ouro.
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OBS: Eu peço desculpas por ter falhado nos reviews por duas semanas consecutivas. Devido a uma tempestade o roteador aqui de casa queimou, compramos outro e veio com defeito e o resultado foi que ficamos vários dias sem internet. Uma pena, pois Mummy on the Orient Express e Flatline (ambos do James Mathieson) foram episódios deliciosos e com mais ‘cara de Doctor Who’ do que todo o restante da temporada.
Doctor Who – The Caretaker e Kill the Moon
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Série: Doctor Who
Episódios: The Caretaker / Kill the Moon
Número dos Episódios: 8×06 / 8×07
Exibição no Reino Unido: 27/09 e 04/10/2014
Esta semana o texto é duplo porque a minha rotina mudou nas últimas duas semanas e o tempo para escrever sumiu. E, admito, nenhum dos dois episódios inspirou em mim aquele desejo insano de colocar no papel tudo o que senti enquanto assistia. Gostei dos episódios, porém algumas coisas em ambos me deixaram irritada e sem muita disposição para discussão, o que é fatal quando a pessoa precisa escrever um texto sobre série.
Com The Caretaker eu tive sentimentos conflitantes, entre o gostar muito e querer dar uma surra nos roteiristas. A cena antes dos créditos de abertura foi a parte mais interessante de todo o episódio. É incrível como poucos minutos fizeram mais por Clara como personagem do que uma temporada e meia. Vê-la ao lado do Doctor em aventuras que nós não presenciamos e como ela se empenhava para continuar se desdobrando entre suas duas vidas (embora eu ainda preferisse que ela fosse companion em tempo integral), deu mais realismo a pessoa que ela é. Ficou mais crível todo o seu envolvimento com o Doctor e como ela o conhece tão bem e ainda mostrou porque ele em geral anseia pela companhia da garota.
Eu gosto da forma como Clara sempre faz o que o Doctor manda. É instintivo e bem diferente de outras companions. E não é por falta de personalidade, e sim porque ela confia nele e no julgamento que ele faz das situações, mesmo quando não concorda muito. Eu sinceramente acredito que em uma situação como a que eles vivem, indo para lugares e tempos estranhos, dos quais ela nada conhece, o melhor negócio é confiar na pessoa mais experiente. Isso não quer dizer que Clara não tenha voz ativa ou que não imponha sua vontade quando preciso, mas ela sabe ouvir e obedecer nas horas certas e isso é uma característica que eu prezo muito. E particularmente gostei de ouvi-la dizendo que confiava no Doctor e que por isso ela não tinha medo e sempre agia com segurança. De certa forma, explica muito das atitudes da personagem.
Por outro lado, fiquei desconfortável com a forma como Clara agiu ao descobrir que o Doctor se disfarçou de zelador. Ela vigiando-o a todo instante era irritante ao extremo e dava tanta bandeira que o conhecia e não o achava saudável para o ambiente escolar que eu me pergunto como ninguém a questionou sobre a integridade moral do zelador. Não que o Doctor tenha ajudado muito com suas esquisitices. Mas afinal, por que ele não a informou logo de início quais eram os seus planos? Por que trabalhar sozinho? Não fazia o menor sentido!
Todo o motivo do disfarce e a missão eram tão despropositados que fica difícil levar o episódio a sério. E para piorar tivemos que aguentar o preconceito absurdo do Doctor em relação a Danny. Não há qualquer desculpa para as atitudes do Doctor. Não há porque ele ter tanta ojeriza ao exército – nenhuma regeneração anterior tinha. Talvez um ou outro tenha demonstrado um descontentamento com os militares e suas atitudes, mas esta rejeição total? Esse desprezo tamanho que chegou a humilhar um ex-soldado sem qualquer motivo além de ter sido um soldado em um momento da vida? Alguém que cumpriu seu dever com a pátria, mas voltou a vida civil quando percebeu que estavam cobrando um preço alto demais, e que, mais importante de tudo, tenha decidido dedicar a vida a ensinar jovens a serem pessoas melhores e mais instruídas? Inaceitável. Se há alguma característica dessa regeneração que eu não consigo engolir (e até agora é a única mesmo) é este preconceito desmedido com os militares a ponto de humilhá-los ou menosprezá-los.
Tudo bem que o Doctor precisou lutar na guerra do seu próprio planeta e, depois, enquanto agia como protetor de Trenzalore era basicamente um guerreiro, mas seja qual for o trauma que carregue ou mesmo o desprezo por suas próprias atitudes passadas, não justifica o preconceito descarado desta regeneração.
Em contrapartida, Danny caiu muitíssimo em meu conceito pela forma como reagiu ao Doctor. A cena em que ele fala com o Doctor pela primeira vez dentro da TARDIS e o provoca até que este resposta com o autoritarismo ao qual estava sendo forçado a externar, embora tenha sido forte e impactante de se ver, foi de um mau gosto sem tamanho. Tão preconceituoso quanto o próprio Doctor. O que Danny sabe de ser um alienígena? Um Senhor do Tempo? Até então ele nem ao menos acreditava direito em vida fora da Terra! O que ele sabe das coisas que o Doctor já enfrentou, ou mesmo o que Clara vivencia ao lado dele? Ele julgou o Doctor por suas próprias experiências e, pior, semeou a dúvida no coração de Clara.
E por falar em Danny e Clara, este é sem dúvida alguma o casal mais sem sal de toda a história de Doctor Who. Eles não têm química! Chega a ser cansativo vê-los juntos. E o que ele tem na cabeça para perguntar o motivo de Clara viajar com o Doctor!? Quem, em sã consciência, deixaria a oportunidade de conhecer o universo passar em branco? Certa foi a aluna (Courtney) que deu um jeito de ser levada em uma voltinha na TARDIS. Reação mais normal impossível, inclusive o enjôo (acho que eu também ficaria mareada). Inclusive, mesmo que eu esteja me adiantando, a atitude de Courtney no episódio seguinte, Kill the Moon, também foi perfeita para uma adolescente diante de uma viagem para a Lua que está se desintegrando.
Enfim, esse foi um episódio atípico e, talvez, um pouco infantil, mas ainda assim divertido. Levantou pontos interessantes sobre a forma como Clara age quando está com o Doctor, o motivo pelo qual ela o segue e como Danny transfere para Clara a preocupação advinda de sua própria experiência no exército, mas para um episódio que se esforçou tanto em desenvolver os personagens e dar alguma vida à Clara, ele falhou miseravelmente quando precisou colocar em foco a interação entre o Doctor e Danny e o relacionamento Doctor x Clara x Danny.
Sem falar que o vilão foi mais uma vez um robô…
E quase esqueci! Tivemos uma nova aparição da Terra Prometida, com inclusive a adição de um novo personagem na administração do lugar. Eu sei que tem muita gente torcendo o nariz para este mistério, mas eu estou adorando. Tenho particular predileção por este tipo de ideia que vai se desenvolvendo aos pouquinhos, com apenas migalhas espalhadas aqui e ali. Instiga a minha curiosidade, mas sem me cansar.
Já Kill the Moon conseguiu ser ainda mais estranho que The Caretaker. Já começou mal com Clara exigindo que o Doctor dissesse à Courtney que ela é especial. Ora, o Doctor sempre achou que toda vida – humana ou não – é especial e que mesmo os pequenos gestos valem a pena. Mas isso não significa que ele não acha os humanos inferiores de vez em quando. Nem sempre, mas as vezes ele acha sim. E mesmo que não fosse esse o caso com Courtney – eu tenho a sensação de que ele sabia quem Courtney seria e faria no futuro desde o princípio –passar a mão na cabeça de uma garota rebelde não faz o tipo do Doctor.
Ainda assim ele levou Courtney para mais uma viagem e, não creio que o ato fosse para fazer dela alguém especial – porque ninguém precisa de outra pessoa, mesmo que seja o Doctor, para ser especial – e sim uma forma de se livrar da reclamação de Clara.
A trama na Lua teve seus altos e baixos. Não aceitei muito bem a história da Lua ser um ovo e de todos aqueles germes por lá, e o fracasso das viagens espaciais em 2049, ainda mais que a população tomou conhecimento da existência de aliens e outros mundos ainda no início do século. Só se a humanidade fosse estúpida para abandonar todos os seus programas espaciais bem quando descobrem que há vida lá fora.
Mas às vezes é preciso lembrar que Doctor Who é um programa primariamente para um público infantil/infanto-juvenil, então algumas coisas terão que ser relevadas para o bom desenrolar da história.
Eu gosto de Hermione Norris e ela estava muito bem no episódio. Achei super plausível os seus argumentos para destruir o ovo. Sim, ela estaria destruindo uma vida, mas o que era uma vida em troca de toda a humanidade? E interessante ela mencionar que Clara não tem filhos, caso contrário a garota não conseguiria suportar a ideia de seus filhos na Terra sendo ameaçados pela ruptura do ovo/lua.
Ainda assim, eles estavam prestes a destruir uma vida que esteve sendo chocada durante milhões de anos e que agora está plenamente desenvolvida para vir ao mundo e já deixando sua casca. Uma criatura que pode ser maligna ou benigna. Qual é a atitude correta a tomar?
Achei corretíssima a atitude do Doctor, embora a sua habitual falta de tato pegou Clara desprevenida. Ela – e a humanidade de forma geral – está acostumada a deixar que o Doctor solucione os problemas que não são dele, e sim de outros povos. Dessa vez não foi a intervenção do Doctor que principiou o caos, o que justificaria a sua intervenção, mas era apenas um acontecimento natural. É a nossa Lua. É a nossa Terra. É nossa escolha. O Doctor não é um déspota. Ele já caiu no erro de tomar para si a decisão sobre a vida e morte de quem não lhe pertencia em outra ocasião e não quer incorrer no mesmo erro de novo. Deixar para Clara, Lundvik e Courtney a oportunidade de escolha foi a maior forma de respeito à Terra e seus habitantes que ele poderia demonstrar. O problema é que Clara não viu dessa forma.
Clara não sabe sobre todo o passado do Doctor. Ela tem vagas lembranças de seus encontros anteriores, então não tem ideia do preço que o Décimo pagou por seus atos de intromissão. Para Clara, o que aconteceu foi que a pessoa que ela mais confiava no mundo a traiu. Deixou-a na mão no momento que ela mais precisava. Clara é apenas uma jovem, não tem como recair sobre ela a responsabilidade do destino da humanidade. Da vida da Terra ou da morte de uma criatura que pode muito bem ser a última do universo, sem falar na vida de sua aluna, que nem sequer deveria estar ali. E o Doctor foi embora sem maiores informações, simplesmente saiu e a deixou com o problema nas mãos justamente na hora que para ela mais importava, pois se tratava do destino do seu próprio planeta.
É compreensível a explosão de Clara ao final, mas igualmente é a expressão de confusão do Doctor, que não entende o motivo da garota o acusar de traição justamente na hora em que ele mais se colocou vulnerável, lutando contra o próprio instinto de intromissão para dar a ela e aos humanos a honra de decidir o próprio futuro.
Foi de partir o coração.
Mas gostei da criatura ter nascido e eliminado seus detritos, permitindo que uma nova lua nascesse e, ainda melhor, que a humanidade olhasse novamente para o céu e passasse a explorar o universo.
Por algum motivo lembrei da voz do Capitão Jack Harkness na abertura de Torchwood: “O Século XXI é quando tudo muda”.
Doctor Who – Time Heist
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Série: Doctor Who
Episódio: Time Heist
Número do Episódio: 8×05
Exibição no Reino Unido: 20/09/2014
Time Heist foi, sem dúvida alguma o melhor episódio da temporada até agora. Em minha opinião, é claro, sintam-se à vontade para discordar. Mas assisti ao episódio duas vezes e o prazer foi o mesmo, não é sempre que isso acontece.
O quinto episódio dessa temporada foi o episódio menos conexo com os demais e, talvez por isso, tenha se assemelhado tanto com uma outra época de Doctor Who, na qual os fãs apenas esperavam uma aventura empolgante, personagens interessantes e saber o que estava acontecendo na tela, sem ficar teorizando para o futuro ou esperando ansiosos para que os roteiristas saibam o que estão fazendo e em algum episódio expliquem os ganchos deixados em aberto e façam tudo ficar coerente.
Praticamente tudo funcionou em Time Heist. É incrível como a adição de companheiros certos dá uma renovada positiva na série. Até agora nenhum dos personagens adicionais apresentados tinham me cativado e eu fico muito feliz se nenhum reaparecer. Porém, isso não aconteceu dessa vez. Psi e Saibra tinham carisma, conteúdo e funcionaram muito bem com Clara e o Doctor. Arrisco-me a dizer que Psi tem muito mais química com Clara do que Danny. E aqui não estou falando de relacionamento amoroso, porque não foi isso o que o episódio quis implicar, e sim de se encaixarem em cena, amizade pura e simples. Seria ótimo se Psi e Saibra pudessem estender sua temporada na TARDIS, eu creio que a série teria muito a ganhar com uma tripulação de quatro e não apenas de um (o Doctor) e uma companheira eventual (Clara) que trata as aventuras no tempo/espaço como um estorvo à sua vida de verdade.
Inclusive, isso é algo que já comentei outras vezes. Eu sinto falta de companheiros que fiquem em tempo integral na TARDIS. Não gosto desta sensação de que o Doctor precisa mendigar migalhas do tempo de Clara e que ela o trata como um hobby, quase um incômodo. Sem falar que o Décimo Segundo parece ser bem mais preciso quando se trata de levar a TARDIS para algum lugar ou tempo específico. Seria muito mais producente se Clara o acompanhasse por um tempo e depois ele a deixasse exatamente em um ponto X da vida dela para que continuasse como se nunca tivesse saído. A menos que ela ficasse viajando com o Doctor por mais de, sei lá, sete anos (o que não é comum nos acompanhantes, principalmente nos que estão noite e dia com o Doctor), acho pouco provável que as pessoas notassem uma diferença tão grande na aparência física dela. Esse vai e volta para a vida e a TARDIS me enlouquece.
Apesar disso, gostei da cena inicial. É incrível como não tem uma única peça de roupa que não fique linda em Jenna Coleman. Esta garota não é real!!! E a forma como o Doctor se fazia de desentendido para o encontro que Clara teria era simplesmente hilária. O que me traz ao último comentário que o Doctor faz no episódio, de que seria difícil alguém superar um assalto a banco em um mero encontro romântico. Não creio que isso signifique que o Décimo Segundo ainda se enxergue como namorado de Clara, muito pelo contrário. Porém, ele com certeza briga por um espaço na vida da garota, por importância no dia a dia dela e não gosta de ser deixado de lado. O Doctor, apesar dos pesares, sempre foi bastante orgulhoso e centrado em si mesmo e ter que aceitar que alguém preferiria a vida comum a passar tempo com ele desvendando o espaço não é uma coisa que ele aceite muito bem.
Seja como for, mesmo um pouco forçada, Clara embarcou na história do assalto. E o episódio foi perfeito em nos esconder como eles chegaram até o banco, pois se fosse uma história linear ela não teria a menor graça.
Achei ótimo que eles apagassem suas memórias quando já estivessem no planeta e como o Doctor assumiu a liderança naturalmente. Os questionamentos de Saibra e Psi também eram muito apropriados, e as desculpas que o Doctor dava para manter-se no comando eram as melhores. E a verdade é que ele está tão acostumado à posição que ela vem naturalmente, pois ele não tem a menor dúvida de que ninguém ao redor é mais adequado ao papel e isso acaba contagiando as pessoas. No fundo acho que esse é o motivo de todos o seguirem, e não exatamente o seu intelecto.
Gostei bastante da interação da equipe durante o assalto e criei um vínculo muito rápido com Psi e Saibra. Fiquei incrivelmente angustiada quando Saibra foi capturada pelo Teller e quando decidiu acabar com a própria vida para não virar ‘sopa’. Ainda que a série tenha ‘revivido’ a personagem, é de uma força sem tamanho a cena em que o Doctor dá a ela a possibilidade de escolher o suicídio para não sofrer um destino muito pior. E não foi com menos emoção que eu senti a morte de Psi. Pensar que ele deu a vida por Clara, alguém que ele tinha acabado de conhecer, e o quanto doía nele não ter lembrança de pessoa alguma que possa ter amado algum dia. Foi uma cena impactante e descobrirmos que os dois estavam vivos não diminuiu a força do sacrifício.
E quando temos a confirmação que o Arquiteto é o próprio Doctor percebemos que não faria o menor sentido que ele tivesse enviado aqueles dois para a própria morte. Aceitar o fim da vida durante o percurso é algo natural e necessário em algumas ocasiões, mas forçar alguém à morte conscientemente nunca encaixaria na personalidade do Doctor, mesmo o Décimo Segundo, que não se esforça para ganhar o amor e a aprovação dos que o cercam.
Desde o início eu imaginei que o Teller não fosse mau. As correntes, a caixa onde ficava hibernando, tudo indicava que o alienígena era manipulado por Delphox. E é interessante pensar que a própria Delphox não era uma vilã. Ela apenas era uma funcionária fazendo o seu trabalho. Karabraxos sim era uma pessoa sem muito caráter e amor à vida alheia, mas ainda assim é difícil classificá-la como vilã.
Sinto por Delphox/Karabraxos ter uma participação tão pequena. Keeley Hawes é uma grande atriz e esteve ótimo no papel, mas ela pode muito mais e foi, de certa forma, desperdiçada, ainda que tenha sido Karabraxos a responsável por toda a trama, afinal.
Observações:
1) Só tenho uma perguntinha: o Doctor sempre teve um telefone dentro da TARDIS, para onde alguns ligavam e pediam ajuda, então por que ele instalou (ou ativou) o telefone de fora da TARDIS (que até agora apenas a tal mulher de The Bells of Saint John e Clara tinham o número)?
2) Achei legal que o Doctor falou para Clara trocar os sapatos quando iam assaltar o banco.
3) O banco de dados acessado por Psi para chamar o Teller para si trouxe imagens de vários criminosos que já passaram pelo universo de Doctor Who, seja na própria série, seja nos seus spin off (como John Hart, de Torchwood e O Trickster, de The Sarah Jane Adventures).
Doctor Who – Listen
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Série: Doctor Who
Episódio: Listen
Número do Episódio: 8×04
Exibição no Reino Unido: 13/09/2014
Terminei Listen sem ter muita certeza se foi um bom episódio ou apenas um episódio mediano, feito com as características certas para impressionar. Toda a experiência de assistir a Listen foi bem interessante, e senti na pele o clima de suspense que Moffat criou, tanto na incerteza do monstro sob a cama, quanto na trilha sonora pesada e tensa. Mas eu só me senti emocionalmente conectada à história ao final, porque a cena entre a Clara e o garoto foi pensada exclusivamente para mexer com o fã.
Listen foi mais um dos episódios aterrorizantes de Moffat, para fazer parceria com Blink, The Empty Child/The Doctor Dances e Silence in the Library/Forest of the Dead, porém, ao contrário dos demais episódios, eu tenho a impressão que Listen ficará marcado pela intromissão gigantesca de Clara na linha do tempo do Doctor e não tanto pela qualidade narrativa da história. Confesso que não reassisti ao episódio, então não tenho muita certeza de quanto do mistério e ‘frio na barriga’ (e a qualidade da coisa como um todo) se sustenta diante de uma segunda experiência.
O episódio começa com um Doctor transtornado fazendo um monólogo sobre evolução, não estarmos sozinhos, o perfeito ser capaz de se esconder de outros e por aí vai, entrando em uma obsessão tentando descobrir o tal ser que vive a espiar os demais seres do universo, nunca sendo encontrado. Não sei se entendi corretamente a cena, mas o Doctor teve um desses famigerados sonhos com alguém embaixo da cama e por isso entrou nessa súbita caça ao “monstro que ninguém vê ou acredita na existência”, foi isso?
Bom, seja qual for o motivo que o levou à obsessão, o fato é que o Doctor retirou Clara do seu primeiro (e mal sucedido) encontro com Danny para ir à caça da tal criatura que poderia ou não existir.
Aqui eu preciso abrir um parêntese para falar de Clara e Danny. Que casal mais sem noção! Eles simplesmente não têm química juntos. E Clara agiu tão mal com o colega que me pergunto como ela pode ter tanto tato para lidar com crianças e ser tão preconceituosa ao lidar com um adulto. Sim, porque a forma como falava com Danny e sua experiência na guerra foi, no mínimo, vergonhosa. Ela não consegue enxergar que ele claramente sofre de stress pós-traumático? (Cá entre nós eu creio que o próprio Doctor tem sofrido do mesmo mal) E tenho até vergonha de lembrar o quão ela foi infantil (e petulante) ao sair do restaurante daquele jeito, quando a errada era ela.
Mas é claro que o episódio tratou de consertar esse começo ruim entre os dois ao levar a TARDIS para o passado de Danny, de forma que a garota conseguiu compreender um pouco mais o colega.
E antes de falar sobre a experiência de Clara e do Doctor no passado, abrirei um novo parêntese para falar sobre a teoria do Doctor de que as pessoas não falam sozinhas, mas sim com alguém que está ali escondido. Isso não faz muito sentido. Quero dizer, ter sempre alguém por ali não é o problema da coisa toda (embora, admito, quando ele começou a falar sobre uma criatura que ninguém percebe e não sabe que está ali, eu pensei nos Silents), pois as pessoas falam sozinhas por vários motivos: gostam do som da própria voz, organizam melhor os pensamentos em voz alta, algumas têm esquizofrenia, as crianças têm seus amigos imaginários… Todo esse discurso do Doctor me soou tão estranho e o desejo de impactar a audiência com uma ideia assustadora ficou muito evidente.
Mas, de volta à viagem, a interface telepática da TARDIS é coisa do Décimo Segundo, não? Foi ele quem arrumou a nave para permitir esses agrados aos que normalmente não saberiam como pilotá-la. Eu achei legal, mas tira um pouco toda a grandiosidade que era apenas o Doctor saber pilotá-la (e River) e a dificuldade que ele tinha para ensinar a outros. Mas a TARDIS continua levando o povo para onde ela quer levar, ainda que a mente de Clara tenha ajudado um pouquinho na escolha.
As cenas no passado de Danny foram as mais assustadoras e também as mais divertidas. Como não rir com o Doctor perguntando ao vigia noturno se o café não desaparecia, apenas para sumir logo em seguida levando o café do pobre homem? E depois tentando achar Wally em um livro onde não tem o Wally?
De toda a interação no quarto de Danny três coisas se destacaram:
1) Foi Clara (e o Doctor, de certa forma) a responsável por Danny ingressar no exército;
2) O discurso do Doctor sobre o medo ser um superpoder (e fez todo o sentido);
3) A criatura embaixo da colcha. Eu tenho quase certeza de que era uma criança, pois a tal criatura que é perfeita na arte de se esconder não apareceria assim de repente, sentaria na cama (e faria um peso perceptível) e ainda seria visível sob a colcha. Por outro lado, o Doctor estava sentado naquela cadeira no canto do quarto quando a tal criatura apareceu. Ainda que estivesse escuro ele teria percebido se fosse uma criança, não? Ou agiu daquela forma para dar coragem a Danny e também para não desmascarar o amigo que estava pregando uma peça? (nunca dá para ter certeza com o Doctor, em especial este aqui)
Já a segunda interação de Clara com Danny, pós-visita ao passado, foi um pouco melhor da parte dela, mas em contrapartida a reação dele ao perceber que ela sabia o verdadeiro nome dele foi meio exagerada. E mais exagerado ainda foi Orson aparecendo em pleno restaurante vestido com a roupa de astronauta, com escafandro e tudo.
Não gostei de toda esta conexão de Clara com Orson. Não é apenas por ele ser um descendente dela e de Danny – spoilers! – mas toda a história dele, a confusão de Clara, a recusa em falar ao Doctor toda a situação, e, principalmente, a viagem para o fim dos tempos. Achei tão desnecessária. Sem falar que deixa uma certa confusão em relação a Utopia, quando o Décimo Doctor viajou para o fim do universo. Este planeta é outro, depois da destruição que houve em Utopia? Não sei se é um erro de continuidade, se Moffat simplesmente ignorou a trinca de episódios da era Davies e nem pensou no planeta de Utopia, ou se é possível a coexistência pacífica entre os dois planetas: um habitado e morrendo e outro ainda inteiro, mas já sem qualquer forma de vida no universo em si.
Toda a confusão neste planeta, os sons, o medo, o possível inimigo, ganha uma nova perspectiva após a visita da TARDIS ao próximo local. Nada menos que Gallifrey – possivelmente a Casa de Lungbarrow.
Como a TARDIS conseguiu ir a Gallifrey, que supostamente está em uma bolha temporal, eu não sei, mas imagino que em algum momento da temporada isso será explicado (ou foi um grande furo de roteiro, o que também é possível. Mas nesse caso, após todo mundo se perguntar o óbvio, acredito que Moffat dará um jeito de criar uma explicação, mesmo que tenha que tirar um coelho da cartola, como tem feito de quando em vez ao longo das temporadas).
E se antes o episódio estava interessante e assustador (pelo menos na primeira vez que se assiste), em Gallifrey ele se tornou belo e reconfortante. Tivemos o prazer de revisitar a infância do Doctor (óbvio que era o Doctor, afinal, era o mesmo celeiro que o War Doctor escolheu para por fim à Guerra do Tempo) e descobrirmos que ele já foi um garotinho assustado, o qual ninguém acreditava que seria capaz de ingressar (e permanecer) na Academia e se tornar um Time Lord, e, por isso, estava destinado a ingressar no Exército.
A cena em que Clara segura o tornozelo do garoto, saída debaixo da cama, criando assim um medo que se posterga no tempo e no espaço já há mais de 2000 anos (como o medo dele passou para outros eu não sei), foi surpreendentemente bonita e se encaixou muito bem na história. Clara tem inúmeros defeitos – o maior deles é ser tão vazia de personalidade e carente de desenvolvimento real – mas se tem uma qualidade que persiste ao longo dos episódios é sua capacidade de falar com crianças e compreendê-las. E, assim como influenciou o jovem Rupert Pink, foi Clara a responsável por toda a filosofia de vida do Doctor.
“Escute. Isto é só um sonho. Mas pessoas muito inteligentes podem ouvir sonhos. Então, por favor, apenas escute. Sei que você está com medo, mas tudo bem sentir medo. Nunca te disseram? Medo é um superpoder. O medo pode te fazer mais veloz, inteligente e forte. E um dia você irá voltar para este celeiro e naquele dia você estará com muito medo. Mas tudo bem. Porque, se você é muito sábio e muito forte, o medo não tem que fazê-lo cruel ou covarde. O medo pode fazê-lo gentil.
…
Não importa se não há algo embaixo da cama, ou no escuro, desde que você saiba que está tudo bem sentir medo. Então escute. Se não escutar mais nada, pelo menos escute isso. Você sempre terá medo, mesmo que aprenda a esconder o medo é como um companheiro, um companheiro constante, que está sempre ali. Mas tudo bem, porque o medo pode nos aproximar, o medo pode levá-lo para casa. Vou deixar uma coisa para você para que sempre possa lembrar: o medo faz companhia a todos nós. ”
Foi muito legal ouvir as palavras do próprio Doctor saindo da boca de Clara. E ao deixar o pequeno soldado sem arma que um dia pertenceu a Danny Pink, ela deu ao pequeno Doctor a inspiração para a pessoa que ele seria dali para frente e que mudaria os rumos do universo e da própria vida dela.
A cena foi linda – o abraço que ela depois dá no Doctor já dentro da TARDIS também foi especial – mas ainda assim é um pouco incômodo ver o quanto Moffat transformou Clara em alguém essencial na vida do Doctor. Ela era a garota impossível e que esteve presente em toda a timeline do Time Lord, influenciando-o e corrigindo os erros introduzidos pela Grande Inteligência, e agora ela mesclou-se na timeline do Doctor de tal forma que se tornou a responsável por toda a existência dele como nós a conhecemos, ou seja, mais do que a garota impossível, ela se tornou o pilar de toda a série. Para uma personagem que sofre de falta de caracterização e que vem sendo tratada como um plot twist desde o início, esse tipo de coisa, embora bonita e emocionante, não é saudável. Sem falar que Clara transita perigosamente no limiar de se tornar uma Mary Sue, ou seja, uma personagem que, de tão perfeita, torna-se irritante e irreal.
Agora resta-nos saber qual o papel de Danny no futuro de Clara. Porque os dois se acertaram (apesar da química zero entre eles) e os boatos dizem que Jenna Louise Coleman deixa a série no final da temporada. É quase certo que Danny terá algum envolvimento no motivo da saída de Clara. E eu fico me remoendo para saber como ele se tornará um viajante da TARDIS também.
E só para finalizar… eu perdi ou realmente não teve nenhuma referência à Terra Prometida neste episódio?
Doctor Who – Robot of Sherwood
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Série: Doctor Who
Episódio: Robot of Sherwood
Número do Episódio: 8×03
Exibição no Reino Unido: 06/09/2014
Quando vi o trailer de Robot of Sherwood eu não esperava muita coisa, por isso foi com uma agradável surpresa que eu percebi que me diverti horrores assistindo a esse episódio. Ele foi leve, divertido e eu me encantei pelas atuações. Nunca pensei que fosse gostar tanto assim de um episódio escrito pelo Mark Gatiss (sempre fico com o pé atrás quando é ele o roteirista). É bem verdade que o episódio tem alguns defeitos, mas a maior parte deles eu só percebi quando comecei a ver os comentários alheios que me forçaram a pensar um pouco mais no que foi apresentado em tela, mas a verdade é que, enquanto eu assistia, a única coisa que eu fazia era me divertir.
O clima do início do episódio, com o Doctor e Clara na TARDIS teve todo um ar de fantasia que eu gostei muitíssimo. A forma como eles conversavam, a música de fundo, tudo contribuiu para dar um toque de conto de fadas. Eu só gostaria de saber o que tanto o Doctor tem escrito aqui e acolá desde a premiere. Está tentando achar Gallifrey? Ou é algo que ele faz inconscientemente? Será que tem a ver com a tal Terra Prometida? Ou nada tem a ver com nada e todos esses cálculos com giz só estão ali para distraírem o espectador?
Toda a interação do Doctor com Robin Hood foi hilária. Sim, eram situações tolas e até infantis, mas nem por isso menos divertidas. Eu entendia perfeitamente a incredulidade do Doctor em relação a Robin Hood. Eu confesso que passei o episódio inteiro esperando alguém desmascarar Robin e seu bando, e fiquei um pouco desapontada por tudo ser real. Não sei explicar, mas eu sempre espero que, quando o Doctor se aventura no passado da Terra, ele se atenha à verdade. Bom, o mais próximo da verdade possível. Algumas alterações são necessárias pelo bem do desenrolar dos episódios, mas tornar uma lenda e todos os seus pormenores em algo real me incomodou. Tudo bem que teve todo o diálogo no final falando sobre os mitos (que foi muito pertinente e, talvez, o diálogo mais bem escrito e emocionante do episódio inteiro), mas ainda assim tudo foi perfeito demais para encaixar com o que é conhecido como a lenda de Robin Hood, o que me deixou ainda mais irritada com isso.
Mas foi ótimo ver um outro lado do Doctor, após todo o drama pelo qual ele passou nos dois primeiros episódios. A rabugice dele foi ótima, ao mesmo tempo em que eu me divertia ao vê-lo testando todo o bando de Robin. E, não dá para negar, Robin ri demais para ser real, quem é que consegue acreditar naquela alegria toda!?
Eu preciso aproveitar o momento para elogiar a atuação de Peter Capaldi, que trouxe uma leveza muito própria para a comédia do Doctor e me lembrou tanto de alguns Doctors antigos que eu só conseguia sorrir.
Sim, eu sei que estou me repetindo ao falar do quanto me diverti com o episódio, mas é que fazia muito tempo que eu não assistia a um episódio e me sentia tão bem durante o processo. E eles escolheram atores perfeitos para darem vida a Robin Hood e o Xerife de Nottingham. Tom Riley tem todo esse ar de anti-herói sorridente e safado em quem você quer confiar. Já Ben Miller é o avesso. Ele sempre parece o vilão, mas ainda assim é difícil odiá-lo (ou levá-lo muito a sério), porque algo nas suas expressões facial e corporal o faz carismático.
A única decepção foi Marian que, a meu ver, não fez muito coisa. Certo, ela ajudou na rebelião que libertou o Doctor e se impunha contra os desmandos loucos do Xerife, mas tenho a sensação de que ela não tinha uma função real além de simplesmente existir e ser a Marian de Robin.
Uma coisa que me impressionou foi como o Doctor não foi exclusivamente o salvador da humanidade, solucionador de todos os problemas e detentor de todas as respostas como ele vinha sendo há um bom tempo. Ele reclamou e aproveitou a situação, pensou um pouco, analisou as coisas e chegou a conclusões, mas Clara e o próprio Robin tiveram participações bem mais ativas. De certa forma me lembrou um pouco o Primeiro Doctor, que sempre deixava os companions se virarem, pois se achava superior demais para se intrometer em pequenas querelas, e quando se intrometia sempre acabava arrumando mais confusão (embora fosse sim o responsável final pela solução). Eu vi muito disso no Doctor nesse episódio, apesar de que o sentimento nessa situação em particular era que ele não acreditava na veracidade do que vivenciava, o que o levou a agir como um maluco meio perdido o episódio inteiro.
Quanto a Clara eu tenho sentimentos conflitantes. Ela foi um pouco contraditória e em algumas situações eu tinha a sensação de que faltava realismo à personagem. Eu entendo a sua felicidade por conhecer Robin Hood e perceber que tudo era exatamente igual às lendas, mas o que eles estavam vivendo era real e eu esperava dela uma reação à altura do perigo que enfrentaram, do Xerife e dos robôs (saídos do nada, mas, na verdade, eles eram o menos importante, o que se destacava no episódio era justamente a jornada que levaria o Doctor a perceber que ele era sim um herói, mesmo que não visse a si mesmo desta forma. E não é interessante que ele passou os últimos encontros com Clara perguntando se era um homem bom só para descobrir que no fundo ele é o herói dela? Ela passou a acreditar no impossível por causa dele?). Durante todo o tempo Clara agiu como se fosse tudo uma peça de teatro, uma brincadeira, um livro de histórias, o que, devo admitir, aumentava em mim a sensação de que nada daquilo fosse real e, por fim, me deixasse tão injuriada ao mostrarem que era tudo verdade.
Eu sei que Clara é forte, destemida, inteligente e muito capaz. Foram ótimas as atitudes dela ao longo do episódio, como colocou o Doctor e Robin nos seus devidos lugares e como lidou com toda a situação com o Xerife, mas ainda assim faltou a ela um toque de realidade. Isso me incomodou um pouco.
Já a respeito da história em si, não há muito o que falar. Era claro que o objetivo de Gatiss nunca foi fazer um roteiro brilhante e extremamente inteligente, com um caso difícil de ser solucionado e com situações complicadas e plausíveis. Os acontecimentos pouco importavam e muito menos o Xerife e os robôs (caso contrário não teria contado sobre o que era a história logo no título), o que estava sendo mostrado era a interação daqueles personagens, era a outra faceta deste novo Doctor que ainda está se descobrindo e que continua a surpreender com suas atitudes e comentários quase sempre inesperados. Como não adorar um episódio desses?
Robot of Sherwood provou que é possível fazer um episódio descontraído e ainda assim cheio de reflexões e profundidade.
Observações:
– Que coisa mais linda aquele vestido da Clara! Mas poderiam ter maneirado no cabelo, que estava lindo, mas era impossível arrumá-lo daquele jeito nos segundos que ficou dentro da TARDIS.
– Excelente a luta de espada x colher entre Robin e o Doctor. Sorte do Doctor que estava comendo iogurte um pouco antes de desembarcarem.
– Eu lembrei muito do Primeiro Doctor porque foi o que eu mais conheci da era clássica, mas vi muita gente lembrando do Segundo e do Quarto com esse episódio.
– Sentido nenhum alguém que está atrás de ouro para fazer a nave funcionar oferecer como prêmio uma flecha de ouro, mas tudo bem.
– Ao que parece o Xerife era um humano que ficou ferido na ocasião da queda da nave espacial e foi reconstruído como um cyborg, mas a cena, que envolvia decapitação, foi deletada em respeito às mortes ocorridas no Reino Unido recentemente.
– Uma das imagens do banco de dados de Robin Hood era ninguém menos que Patrick Troughton, o Segundo Doctor, que interpretou Hood em 1953.
Doctor Who – Into the Dalek
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Série: Doctor Who
Episódio: Into the Dalek
Número do Episódio: 8×02
Exibição no Reino Unido: 30/08/2014
O segundo episódio da temporada chegou com uma cara de coisa requentada, embora tenha agradado uma boa fatia do público. Eu, particularmente, lembro do episódio Dalek (6° episódio do 9° Doctor) onde o Doctor também encontra um dalek defeituoso e solitário, aprisionado entre os humanos. E não tem como não colocar ambos na balança e perceber o quanto Into the Dalek sai perdendo, seja em questão de roteiro, seja em execução ou mesmo em tensão provocada com as cenas.
Não é de hoje que a ideia de um dalek ‘bom’ permeia o imaginário de Doctor Who e tampouco a obstinação do Doctor em não acreditar na transformação do inimigo, principalmente porque a essência de um dalek é não ter piedade, compaixão ou mesmo remorso. Se ele é capaz de sentir algo além da noção de que é um ser supremo e, como tal, deve dominar o universo, não é um dalek, é um organismo defeituoso.
Nesse ponto até faz sentido a ação deste episódio, já que Rusty era de fato um dalek defeituoso e apenas por esse motivo poderia ser considerado ‘bom’. O inadmissível foi o Doctor, sabendo disso, consertar o inimigo e ficar surpreso de Rusty voltar a sua diretriz básica. Ora essa, se o que o fazia enxergar a beleza do mundo era o vazamento radioativo dentro dele, não era lógico que, consertando-o, esta beleza seria suprimida novamente?
O lado positivo foi termos a oportunidade de conhecer um pouco mais de perto a anatomia de um dalek. Bom, mais ou menos, já que o grupo somente caminhou entre a estrutura cibernética que recobre o corpo físico de um dalek e não adentrou o organismo biológico propriamente dito, mas dou um desconto, porque não acredito que eles seriam capazes de respirar sem algum tipo de equipamento apropriado se estivessem circulando pelas veias e neurônios do dalek de verdade, e não da carapaça. Na verdade, passei boa parte do episódio lembrando daquele filme com o Dennis Quaid, Viagem Insólita (que passava à exaustão na Sessão da Tarde quando eu era criança) e pensando que era muito mais legal a forma como o filme retratava a viagem para dentro de um corpo (no caso, humano).
Mas o melhor do episódio foi termos daleks engajados em exterminar, vencer guerras e eliminar ameaças. Eu gosto dos daleks, eles são os inimigos mais antigos do Doctor e um dos motivos do sucesso original da série. Acho legal quando eles não são ridicularizados ou enfraquecidos. É sempre interessante vê-los destruindo sem dó nem piedade qualquer um que se coloque em seu caminho, e as cenas de batalha no espaço foram surpreendentemente bem feitas para Doctor Who. Uma pena que os roteiristas (a dupla Steven Moffat e Phil Ford) não tenham se dado ao trabalho de localizar a história em algum ponto no tempo. Para mim, pareceu um pouco como preguiça dos roteiristas de pensarem em que ponto da história do universo os daleks estavam massacrando a humanidade daquele jeito e por isso deixaram tudo vago.
Quanto à humanidade rebelde eu não tenho muito a dizer. Achei esse elenco de apoio incrivelmente sem sal. Eu não conseguia me importar com o destino de nenhum deles. Tentei até o fim gostar de Journey Blue, afinal, a garota tinha acabado de perder o irmão, mas não consegui. Ela me soava como uma personagem fraca e bem pouco útil ao desenrolar da história. Confesso que fiquei feliz do Doctor ter rejeitado seu pedido de acompanhá-lo na TARDIS, pois eu não sei se conseguiria aguentar a falta de carisma da garota. Embora, admito, o motivo pelo qual o Doctor a rejeitou me soou muito estranho. Não é como se ele não tivesse lutado/viajado ao lado de soldados em outras oportunidades e ela pelo menos parecia ter o coração no lugar certo, por mais insípida que fosse em cena.
Por outro lado, uma ótima adição foi o ex-soldado Danny Pink. O rapaz não se encontrou com o Doctor e tampouco viajou na TARDIS, mas transbordou simpatia. Foi um personagem que foi bem trabalhado pelo roteiro, mostrando sua dificuldade em lidar com os horrores que viu e o que fez na guerra (e talvez até mesmo fora dela), ao mesmo tempo em que evidenciava sua timidez e reserva. Gostei bastante de suas cenas com os alunos e até mesmo sua interação com Clara.
O único porém que destaco é a tentativa de iniciar um relacionamento amoroso entre Clara e Danny. Achei desnecessário e apressado. A garota o conhece e cinco minutos depois está com olhares e sorrisos apaixonados? Um pouco de realismo, por favor! Eu creio que teria sido muito mais crível e interessante se a série estabelecesse os parâmetros para uma amizade entre os dois personagens. Talvez esta amizade pudesse evoluir para algo mais ao longo dos episódios, mas a forma como fizeram deixou tudo muito falso e difícil de aceitar.
Uma coisa que eu não gosto nestas últimas temporadas de Doctor Who é como os companions parecem ser coisas avulsas. Rory e Amy tinham suas vidas fora da TARDIS depois de um tempo e foi até interessante como experiência, mas eu não aprovo. Não gosto de Clara usando o Doctor como hobby. Não consigo tirar da cabeça a idéia de que se eu fosse um Time Lord que tem todo o tempo do mundo para viajar para onde eu quiser, eu não ficaria voltando a cada três semanas (um mês, uma vez ao ano, quem é que está contando?) para uma garota que obviamente não tem tanto interesse assim em viajar comigo, principalmente se eu já tivesse conhecido várias outras pessoas, talvez até mais interessantes, nesse meio tempo.
Não sei explicar muito bem, mas eu gosto da ideia lúdica de um companion que larga a sua vida para correr atrás de aventuras e faz desta nova vida período integral, pelo menos durante um tempo, quando então volta à realidade e sente-se pronto para enfrentar o dia a dia aqui na Terra. Eu sinto falta disso. A sensação que eu tenho é de que Clara nunca se entregou de verdade. No episódio passado eu reclamei quando o Doctor a chama de controladora, mas de certa forma ela é. Desde o início ela mantém o Doctor sob o seu regime. Ela o segue quando quer seguir, contando que ele vai aparecer mais cedo ou mais tarde para levá-la dar uma volta e ver algumas coisas interessantes, desde que isso não prejudique o seu aqui e agora. Falta a ela a coragem de se jogar, de se lançar na aventura e viver o sonho. Para mim é um pouco deprimente pensar em um dia a dia dando aulas e entremeando com viagens para o espaço ou o futuro, sem um compromisso real com o que está sendo oferecido a ela. Eu sei que é justamente isso o que muita gente gosta em Clara, mas para mim não funciona. Era um dos motivos que mais me incomodavam na personagem na temporada passada e, percebi, continua me incomodando nesta.
Quanto ao Doctor em si, cada dia eu gosto mais desta sua Décima Segunda regeneração. Algo nele me lembra demais o Primeiro Doctor e sua falta de interesse no indivíduo sozinho e apenas no resultado como um todo. Adorei quando ele diz que Clara é que se preocupa por ele para que ele não tenha que se preocupar.
Sim, é um pouco chocante quando o vemos aceitar tranquilamente a morte do soldado pelos anticorpos do dalek, mas é totalmente condizente com o que o Doctor sempre foi. As suas últimas regenerações é que se preocupavam demais com a forma como as pessoas o enxergavam, ele não queria decepcioná-los e vivia sob uma máscara constante. Agora ele está simplesmente sendo ele mesmo, embora ainda não tenha bem certeza de quem seja na verdade. Descobriremos juntos ao longo da temporada.
Acho válido o seu questionamento se é um homem bom. É uma coisa difícil de se dizer. O Doctor já passou por tanta coisa, influenciou tanta gente e foi responsável por inúmeras mortes e destinos alterados que depende muito do ponto de vista de quem responderá a pergunta, mas se tem uma coisa que não há como negar é que ele sempre tenta fazer o que é melhor para os envolvidos e isso importa no final das contas.
Não sei se eu concordo com a afirmação do dalek de que o Doctor é um bom dalek. Há de se pensar que, embora Rusty tenha enxergado no mais profundo do Time Lord, ele captou todo o ódio que o Doctor mantém pelos daleks ao longo da vida. Embora algumas vezes haja de formas extremas, e teria eliminado toda a própria raça e os daleks para trazer paz ao universo se não tivesse encontrado uma forma melhor, a raiva e o desprezo que o Doctor sente pelos daleks não têm como ser comparada à arrogância e falta de reciprocidade dos próprios daleks. Rusty viu no interior do Doctor o eco do sofrimento pelo qual o Time Lord e todo o universo passaram por conta dos daleks, e foi isso que o levou a alterar a sua programação básica em busca da destruição da própria raça. Rusty não se tornou um dalek bom, ele apenas mudou o foco de sua sede por dominação, fazendo uso do desejo sincero do Doctor de que os daleks sejam erradicados da existência.
Já o Doctor, mesmo sendo capaz de atrocidades, sempre tenta a melhor opção, a que salvará mais vidas e trará o equilíbrio a longo prazo. Nem sempre ele consegue, é verdade, mas é justamente esta consciência da beleza do universo e de todos os seres que nele habitam que o faz tolerar tantas coisas e até mesmo tentar encontrar a bondade dentro de um dalek.
– Missy fez mais uma aparição no pós-vida. O mistério continua.
– Como é que o Doctor saiu da mira das armas dos soldados rebeldes lá no início e conseguiu entrar na TARDIS para buscar Clara? Ou eles deram permissão para ele voltar para sua nave, desaparecer, ir sabe-se lá onde, e voltar com uma jovenzinha para o meio da guerra? Achei muito mal explicado isso, principalmente porque eles o viam como um possível espião dalek.
– Adorei a forma como o Doctor trata Journey Blue quando ela acorda dentro da TARDIS. Ele não está nem aí para a arma dela apontada. Aquela é a sua TARDIS e ninguém o intimida ali dentro.
Doctor Who – Deep Breath
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O Doctor: Um Doctor novo em folha. Bom, nem tão novo assim, já que Peter Capaldi é o ator com mais idade a encarnar o personagem. Ainda assim, tudo o que tivemos foi revigorante. Como já é tradicional, o Doctor enfrentou a confusão pós-regeneração e a maluquice habitual. Eram visíveis os trejeitos do Décimo Primeiro nas cenas iniciais e depois uma mescla de vários outros Doctors que precederam o Décimo Segundo. E esta regeneração em especial é bem diferente das demais. A energia que o Doctor recebeu foi emprestada pelos demais Time Lords (um segundo empréstimo, pois ele já vivia com a energia que River Song lhe deu lá em Let’s Kill Hitler) e antes de regenerar ele viveu por centenas de anos em um mesmo lugar, usando o mesmo rosto. De certa forma dá para entender as suas reações estranhas durante boa parte do episódio e mesmo a sua dificuldade em se aceitar. Não era apenas Clara que não o enxergava, o próprio Doctor olhava para si e não se reconhecia. A cena em que discursa para o homem mecânico é praticamente a confissão do que ele sentia. O quanto ainda há de si mesmo nesta nova regeneração? Ele ainda é o mesmo homem de 2000 anos atrás? Ou, 13 vidas depois ele já é outra pessoa, totalmente irreconhecível? E por que ele teria escolhido este rosto para si?
Muito inteligente esta preocupação com o rosto. Não apenas mostra que a série não ignorou a presença de Capaldi no episódio The Fires of Pompeii, como abre a discussão sobre o Doctor ter ou não a possibilidade de escolher quem será a seguir e se os rostos são totalmente novos ou são lembranças de outros seres que já encontrou ao longo da vida.
O web episódio pré-especial de 50 anos (The Night of the Doctor) nos diz que os Time Lords costumavam fazer uso da Irmandade de Karn para escolher qual seria sua próxima regeneração (inclusive é sabido que a regeneração do Segundo para o Terceiro Doctor foi induzida pelos Time Lords e dado a chance de escolher qual rosto iria ‘renascer’, a qual ele rejeitou). Pelo que eu entendo, sem a presença da poção feita pela Irmandade, a regeneração é aleatória, porém, a nível de subconsciente os Time Lords manipulam esta alteração dos seus corpo de modo a se adequarem a alguma necessidade que estejam enfrentando. Eles não sabem qual será o resultado, mas não é totalmente aleatório como parecia até então. Vendo por este ângulo dá para entender o porquê desde o Oitavo as regenerações vinham sempre rejuvenescendo o Doctor e fazendo-o mais e mais humano e atraente aos que o cercam. O Décimo Primeiro e sua alegria infantil, sempre flertando com alguém é resposta imediata aos sentimentos do Décimo e o seu medo de partir. Já o Décimo Segundo é a antítese. O Doctor passou por todas aquelas fases, viveu uma vida plena, recebeu um novo ciclo de regenerações e está pronto para um novo momento em sua história, por isso esta personalidade mais obscura, maluca, de aparência mais velha e imponente faz tanto sentido.
E que maravilhoso Doctor é o Décimo Segundo! Eu já gostava muito do Peter Capaldi de outros trabalhos, mas neste longo ano que precedeu a estreia da nova temporada, tive a oportunidade de passar a enxergá-lo como Doctor pouco a pouco por meio das entrevistas, imagens e toda esta comoção mundial que até hoje nunca tinha visto com Doctor Who. Quando ele abriu a porta da TARDIS e loucamente confundiu Strax com os sete anões, ele já era o Doctor para mim. Não houve um segundo de estranheza. Eu o aceitei de imediato. Mas foi ótimo vê-lo se encontrando ao longo do episódio, passando por vários momentos, reencontrando aos poucos suas memórias e sentimentos, colocando em ordem aquela abundância de conhecimentos que estão armazenados no seu cérebro. Ótima a cena inicial e o flerte característico do Décimo Primeiro, para depois perceber que não ele não é mais desse jeito. Também gostei da falta de sentido e indignação com o quarto na casa de Madame Vastra, e o seu reencontro com Clara no restaurante. O interessante de você ter um novo Doctor é que realmente não dá para saber o que sairá do forno. Ele sempre será uma surpresa. Fiquei de certa forma assustada quando ele deixou Clara para trás na nave dos homens mecânicos, nunca passou pela minha cabeça que ele faria aquilo, por isso tive medo de verdade que ele não aparecesse no momento que ela o mencionou ao ser interrogada. A luta com o homem mecânico (android, cyborgue…é um clockwork android, por isso fico com homem mecânico) no balão também foi angustiante, porque nós sabemos que o Doctor é capaz de matar, ele já o fez em outras vezes, mas não deixa de ser uma cena forte e deixada propositalmente na ambiguidade.
Mas creio que nenhuma outra cena foi tão poderosa quanto a que o Décimo Segundo vai até Clara após ouvi-la falando com ele mesmo ao telefone. Eu achei linda esta oportunidade que tivemos de dizer adeus ao Décimo Primeiro e de Clara poder assentar seu coração e aceitar que este que está ali diante dela, tão diferente na aparência, nada mais é do que o mesmo homem, com as mesmas lembranças, e com o mesmo carinho que sempre sentiu. A forma como ele a olhava pedindo que ela compreendesse e o aceitasse cortou meu coração, porque na verdade, tudo mudou para o Doctor, mas no fundo ele continua sendo quem sempre foi.
A Companion: Toda regeneração traz estranheza, seja para o novo Doctor, seja para os fãs, mas acho que ninguém sente mais esta alteração do que uma companion que está presente durante o processo. Não importa se elas são surpreendidas, como Rose, ou se sabem o que irá acontecer, como Clara, a transformação em si sempre é difícil. Simplesmente não dá para olhar para um rosto totalmente estranho e aceitar plenamente que é a pessoa que conhecemos, pelo menos não facilmente. Sim, Clara tinha um conhecimento prévio invejável, já que ela teve a oportunidade de ver – e talvez até interagir, embora eu acho pouco provável, caso contrário o Doctor lembraria – todas as regenerações do Doctor, mas essa foi a primeira vez que ela precisou lidar com o seu Doctor partindo e um ser totalmente novo e meio amalucado ficando no lugar. E, para Clara, é ainda mais estranho pensar que alguém que está se renovando fique de repente mais velho. Sim, é fato que toda a celeuma sobre a aparência do novo Doctor tem exclusivamente o objetivo de fazer os fãs aceitarem que não importa qual o rosto está diante de nós, ele é a mesma pessoa. E, ao contrário do que algumas pessoas dizem, não creio que estas questões de Clara sejam para “acalmar o coração das fangirls”, mas sim para mostrar para a jovem audiência (especialmente a infantil) que um rosto antigo não é necessariamente uma coisa ruim.
Clara precisou lidar não apenas com a mudança na aparência do Doctor, mas principalmente com a mudança de atitude e por isso foi tão difícil enxergar naquele rosto estranho a mesma pessoa com quem vinha convivendo por tanto tempo. Por outro lado, tão logo o Doctor colocou a cabeça no lugar e a regeneração assentou melhor, os dois interagiram muito bem. Eu tenho cá comigo que a parceria dos dois será ótima. Desde o princípio senti uma química em tela muito maior entre Clara e o Décimo Segundo do que havia entre Clara e o Décimo Primeiro. Talvez, justamente pelo motivo que o próprio Doctor mencionou: o Décimo Primeiro vivia flertando com Clara, mesmo que o relacionamento dos dois nunca tenha sido amoroso. Não será esta a atitude do Décimo Segundo e por isso a dinâmica entre os dois será completamente outra.
Nesse episódio Clara esteve mais interessante do que praticamente toda a temporada passada. E eu acho um absurdo tentarem rotulá-la como mandona, egocêntrica, controladora etc. Clara não é assim, nunca deu qualquer demonstração de ser assim, muito pelo contrário, ela é uma das poucas companions que ouve o Doctor e faz o que ele manda. Ela tem opinião, por certo, e é inteligente, tem vontade própria e gosta de estabilidade, não é chegada a mudanças, mas mandona e centrada em si mesma? Acho que Stephen Moffat não tem muita ideia de como é a mulher que ele mesmo criou. Ou, talvez, o problema é que antes víamos Clara pelos olhos do Décimo Primeiro Doctor e para ele Clara era apenas a Garota Impossível, o seu quebra-cabeças pessoal. Pouquíssimo da personalidade de Clara transpareceu durante a temporada 7B. Quem sabe agora teremos a oportunidade de ver Clara pelo que ela realmente é.
A Paternoster Gang: O que falta para criarem um spin-off com Madame Vastra, Jenny e Strax? Com o fim de Torchwood e The Sarah Jane Adventures, o público está mais do que receptivo para um novo spin-off, e este trio é bastante divertido e, bem desenvolvido, pode dar excelentes histórias. Por enquanto vamos aproveitando os personagens em Doctor Who, mas que seria legal uma série só deles, ah, isso seria.
Foi um pouco providencial que o Doctor e seu espécime feminino de dinossauro tenham acabado justamente na Londres Vitoriana, mas o público deixa passar essas “coincidências” em prol de uma boa história. E, como tudo que é estranho na cidade neste período da história londrina, a Paternoster Gang logo se envolve. Inclusive, gostei muitíssimo de como a polícia e eles são conhecidos e constantemente trabalham juntos.
Strax continua sendo o alívio cômico do grupo (como alguém pode um dia tê-lo levado a sério?), mas suas cenas foram ótimas neste episódio, embora eu tenha achado meio nojento aquele esfregão todo melado ‘limpando’ a cozinha da casa.
Muito apropriado o que Jenny disse para Clara sobre amar alguém diferente. Ela, mais do que ninguém sabe o que é isso. Por outro lado, Jenny já conheceu Vastra com aquela aparência, então ela só entende parte do que Clara está passando.
Também muito pontual o seu questionamento sobre o seu papel naquele casamento. Eu não duvido do amor de Vastra por ela, mas fica bem evidente quem ali dá as ordens. Acho bom Vastra começar a repensar a forma como age com Jenny, caso contrário daqui a pouco terá uma insurreição em seu lar.
Uma coisa que me incomodou foi a forma como Madame Vastra agia com Clara quando falava sobre o Doctor. Não é como se Vastra fosse uma especialista em regeneração, ela mesma só conheceu o Décimo Primeiro. Uma coisa é você ouvir falar, outra é você vivenciar a situação. A forma como ela agia dava a impressão de que já passou por isso muitas vezes e isso não é verdade. Não sei, mas para mim foi mais incômoda a atitude de Vastra do que as próprias dúvidas de Clara.
Deep Breath: Se deixarmos de lado os personagens em si – que foram o grande diferencial de Deep Breath – o episódio não teve muita coisa. Logo após a regeneração do Doctor a TARDIS perde o controle, para aqui e acolá e numa dessas paradas é perseguida por um dinossauro, engolida e então viaja novamente para a Inglaterra Vitoriana, onde é cuspida. Cá entre nós, toda a cena com o dinossauro não teve nenhum propósito que não o de ser grandioso em tela. Embora eu tenha gostado, não posso deixar de dizer que este é um dos defeitos de Moffat, para ele tudo tem que ser grandioso, exuberante, parecido com trailer de filme e Doctor Who não precisa disso para ser bom.
Logo após a liberação da TARDIS, somos apresentados ao novo Doctor, que está confuso e ainda em processo de regeneração, sem lembrar muito bem quem é, quem conhece, o que gosta e essas coisas que já vimos em outras oportunidades. Entre uma coisa e outra, o dinossauro morre de combustão expontânea e o Doctor vai investigar. Na verdade era um assassinato realizado pelos homens mecânicos que precisavam do nervo óptico do dinossauro para instalar na nave que estava sem funcionar há anos (milênios? milhões de anos?). Esses homens mecânicos encalharam naquele parte do mundo e estavam há muito tempo tentando se reconstruir para chegarem ao Paraíso e têm usado partes humanas para esta reconstrução.
Separado de Clara durante a investigação da morte do dinossauro, o Doctor a reencontra em um restaurante após seguir uma mensagem no jornal. Ela não colocou a mensagem, ele tampouco e nem mesmo o Controlador dos homens mecânicos. Quem teria colocado a mensagem? Quem tem interesse na união do Doctor e de Clara? Quem é que deu o telefone do Doctor para que Clara ligasse lá em The Bells of Saint John?
Com os dois capturados pelos homens mecânicos, em meio a lutas, abandonos (posso repetir que eu fiquei realmente abismada com o atitude do Doctor?), reafirmações (e feliz quando ele deu a mão à Clara?), cavalaria (a Paternoster Gang chegando com estilo), o Doctor acaba na cápsula de fuga do Controlador dos homens mecânicos (construída nada mais nada menos do que com pele humana). Interessantíssimo que ele consegue ver que o homem mecânico e partes do restaurante pertenceram ao SS Marie Antoniette, a nave irmã do SS Madame de Pompadour (The Girl in the Fireplace), mas o seu cérebro ainda sofrendo os efeitos da regeneração não consegue fazer a conexão com o que já vivenciou.
O Doctor e o Controlador lutam, cada um afirmando que, enquanto um não poderia se auto destruir, o outro não poderia matar. Porém, o Controlador acaba transpassado no alto do Big Ben. A cena é extremamente forte, mesmo que nada mostre. O chapéu do Controlador caindo, os homens mecânicos tombando um a um, e por fim o corpo do Controlador transpassado com a música diminuindo lentamente, deixando no ar a sensação de perda e de tragédia.
É claro que isso significa que o grupo (a Paternoster Gang e Clara) que lutava fervorosamente pela vida lá na nave sob o restaurante acabou salvo no último minuto, mas ainda assim dá para sentir a tristeza do momento.
Como tudo resolvido, Clara se despede de Madame Vastra e retorna à TARDIS com o Doctor, mas ainda não tem certeza se será capaz de prosseguir com um Doctor tão diferente do que ela conhecia. Mas uma ligação providencial do Décimo Primeiro momentos antes de regenerar (eu sinceramente adorei a cena e como ela encaixou à perfeição com a cena da regeneração em The Time of The Doctor) acalmou o coração de Clara e ela finalmente aceitou que o rosto pode ser diferente, mas o Doctor é o Doctor e ambos precisam um do outro, ainda mais neste momento.
E por fim, o Controlador acorda em um jardim onde também está Missy, uma mulher desconhecida, mas que alega ser a namorada do Doctor (mais um mistério!) e que agora eles alcançaram a Terra Prometida.
Observações:
* Este episódio foi escrito por Steven Moffat, que também escreveu The Girl in the Fireplace, então a correlação fez todo o sentido.
* O Doctor agora é escocês!! Ri muito dele dizendo que o sotaque das meninas estava todo errado.
* Maravilhosa a nova abertura. Totalmente diferente, mas perfeita para o novo Doctor.
* Achei a história de prender a respiração meio tola. Na primeira vez, quando Clara precisa passar por uma pessoa mecânica até que fazia sentido (mais alguém prendeu a respiração junto com ela? Eu prendi….mas soltei bem antes dela, o que me faz pensar que eu morreria bem mais cedo ou que o desespero nos faz conseguir coisas que jamais conseguiríamos em situações normais), mas depois, com eles no meio da luta e simplesmente prendem a respiração e os homens mecânicos param de atacar? Foi ridículo!
* Eu só posso imaginar o que a Clara sentiu quando o Doctor viajou com a TARDIS sem a levar com ele. Sim, ela acreditava que ele voltaria, mas ainda assim não deve ter sido fácil saber que ele partiu, porque acreditar que alguém vai voltar não é o mesmo que não ter a menor dúvida de que este alguém voltará. E o Doctor tem um certo histórico de deixar suas companions para trás.
* TARDIS foi redecorada. Toda nova, mas retornaram os círculos nas paredes. E aquela cadeira sempre esteve ali? Não lembro.
Impressões sobre ‘Veronica Mars – O Filme’
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Algumas séries marcam os fãs para a vida. Veronica Mars é uma dessas. Durou apenas três temporadas e terminou bruscamente, forçando os fãs a preencherem por si só as lacunas do futuro das personagens. Mas Rob Thomas, o criador, nunca desistiu da menina dos seus olhos. Tampouco Kristen Bell, a mais fervorosa fã de Veronica Mars. E é por isso que após sete (longos) anos fomos presenteados com um filme em um feito até então inédito: os fãs doaram mais de 5 milhões por meio do kickstarter (em um tempo recorde), possibilitando assim que o filme finalmente se tornasse realidade.
Menos de um ano após o sucesso do kickstarter o filme chegou aos cinemas e à mídia digital. E não há a menor dúvida em cada cena que víamos de que todos se empenharam em fazer uma declaração de amor à Veronica Mars e aos seus fãs.
Eu, particularmente, resolvi fazer maratona da série para poder me preparar. Tudo bem, comecei meio tarde (na semana que o filme seria lançado) e tive que fazer ‘das tripas coração’ para conseguir reassistir a todos os episódios. Foram oito dias puxados, mas finalizei os 64 episódios com a mesma emoção de quando assisti pela primeira vez. Que série deliciosa!
“Eu saí quando tinha 19 anos deixando um rastro de destruição. Mas eu cresci. Aquela era a ‘antiga eu’. Brava, vingativa. A nova eu? As pessoas dizem que eu sou um marshmallow”.
Veronica Mars, a série, termina deixando os fãs com aquela sensação de vazio. Nada foi concluído e os fãs precisaram preencher as lacunas das personagens por si só. Logan e Veronica separados, sabe-se lá se com alguma chance de recomeço. A vida sexual de Veronica exposta a qualquer um que tivesse acesso à internet e Keith Mars vendo a sua chance de voltar a ser delegado ruindo como um castelo de cartas (nunca irei me acostumar com esse sistema de eleição para cargos públicos que não o legislativo e executivo).
O filme começa situando aos novos fãs sobre quem foi Veronica Mars no passado e deixa claro quem é ela no presente. Após o fiasco do 1° ano em Hearst, Veronica finalmente deixa Neptune para trás e vai para Stanford estudar psicologia e depois Direito. Uma guinada total nas suas pretensões, em um tentativa clara de deixar para trás tudo o que ela foi um dia.
Uma coisa interessante sobre Veronica é que ela sempre foi viciada na emoção que a profissão de detetive lhe proporcionava. Quando adolescente poucas vezes titubeou diante de uma decisão que fosse moralmente duvidosa se isso a levasse a alcançar o objetivo que pretendia. Não havia local que Veronica não arrombasse, segredo que não descobrisse e intimidade que estivesse segura quando ela estava envolvida. Não é a toa que tenha se apaixonado de forma tão intensa por Logan, já que ele tinha uma personalidade tão vibrante e adepta ao perigo quanto ela. E por mais que se amassem e fossem o pilar um do outro, os dois se auto destruíam sempre que estavam juntos.
É compreensível que Keith quisesse ver a filha o mais longe de Neptune possível. Aquele lugar instigava em Veronica um estilo de vida que o pai não conseguia aceitar de verdade para ela. Talvez porque ele visse em Veronica um reflexo dele mesmo. Um homem inteligente e inquieto, que não suportava ficar parado enquanto as coisas aconteciam, mesmo que isso significasse a destruição de tudo o que ele tinha como certo em sua vida: a profissão, o casamento, o bom nome.
Keith enxergava em Veronica exatamente os mesmos traços da sua personalidade. A garota mentia e enganava quase como uma segunda natureza, e não tinha o menor escrúpulo em fazer cair quem quer que fosse em nome da justiça (ou da vingança, algumas vezes). E isso a levou a perder muita coisa ao longo do caminho e quase a si mesma. Por isso Keith se esforçou tanto para levar a filha para longe, proporcionar um outro futuro que não a mesma vida que ele levava e na qual ela se espelhava.
Stanford, o Direito, e o conceituado escritório de advocacia em Nova Iorque eram claramente a expressão do que Keith considerava o melhor futuro para a filha. E ela tentou com todas as suas forças fazer funcionar, principalmente porque já tinha visto ruir tudo à sua volta em Neptune. Mas o que realmente importa aqui, é que o papel de advogada bem sucedida nunca foi talhado para Veronica. Um relacionamento tranquilo com Piz – a quem eu adoro, só para constar – jamais seria capaz de satisfazê-la de verdade. Claro que ela o amava (e quem não amaria Piz!?), mas pouco mais do que alguém ama um grande amigo. Ele simplesmente era a melhor escolha para aquela vida que ela tinha decidido levar: um cara legal, um relacionamento sem altos e baixos, um emprego de classe e que usaria a sua mente afiada.
Mas todos os sinais de que ela não era feliz estavam estampados para quem quisesse ver, tanto que bastou um único telefonema de Logan para que Veronica abandonasse tudo e voltasse para Neptune. Tudo bem, ele estava sendo acusado de assassinato (de novo!), mas ela não precisava realmente voltar, precisava? Claro que não! Veronica voltou porque no fundo ela ansiava a sua antiga vida de volta, tanto quanto ansiava rever Logan.
Rob Thomas disse que sua intenção era fazer um filme voltado para a investigação do crime – assim como eram os episódios da série – mas que não havia como fazer isso neste filme em particular, pois este é um presente para os fãs e ele queria que todo mundo pudesse reconhecer as pessoas, as situações, deixar ‘o povo em casa’.
E realmente quase todo mundo está ali: Veronica (claro!), Keith Mars, Logan, Dick, Mac, Wallace (de quem eu senti bastante falta na última temporada da série. Ele apareceu bem pouco), Weevil, Piz (que poderia ter aparecido um pouquinho mais, eu não me importaria), Leo (ótima surpresa! Cena muito legal dos dois juntos), Sacks (que não mereceu o destino que lhe deram), Vinnie Van Lowe (ele não ganhou como Delegado na eleição que concorreu com Mars? Ou durou tão pouco assim no cargo?), Cliff, Gia, Madison, Celeste Kane e até mesmo Mr. Clemmons.
Pode parecer um pouco estranho que Veronica tenha lutado tanto para sair de Neptune, fugir de si mesma e da vida que levava para terminar exatamente como começou. A primeira vista parece apenas que ela andou, andou, andou e não saiu do lugar. Eu mesma fiquei um pouco incomodada por ela ter chegado tão longe e voltado como se nada tivesse acontecido. Quero dizer, ele já era uma detetive licenciada aos 19 anos e voltar ao mesmo ponto após fazer Psicologia e Direito foi quase como jogar no lixo 9 anos de sua vida. Claro que ela acabará por usar as duas graduações na sua profissão, mas não era realmente necessário para o seu futuro profissional. Por que não continuar em Nova Iorque? Por que abandonou a ideia de ir ao FBI? Tudo faria muito mais sentido se outros fossem os rumos de sua vida.
Terminei o filme um pouco irritada por conta disso. Preferia que ela nunca tivesse abandonado a investigação, senti-me traída. Mas a minha indignação se abrandou um pouco quando percebi (e li um milhão de comentários aqui e ali sobre o assunto, o que me ajudou a compreender melhor as decisões de Veronica) que tudo o que Veronica fez ao longo desses 9 anos longe foi justamente para tentar enterrar a pessoa que ela um dia foi, porque no fundo envergonhava-se por sentir tanto prazer no que fazia (mentir, enganar, passar por cima dos sentimentos dos outros). Sim, ela sempre sonhou em largar Neptune, mas no fundo queria continuar com a mesma vida que levava ali, só que em outro lugar. O problema é que ver o resultado do que ela fazia refletindo nas pessoas que ela amava (culminando na destruição da última oportunidade que o pai tinha de voltar ao cargo de Delegado), acabou por ser fundamental em sua decisão de enterrar o que ela realmente ansiava. E por isso o que para muitos seria considerado um avanço (Psicologia, Direito, escritório de advocacia de renome), para ela era na verdade uma fuga do que realmente a fazia feliz, quase uma punição. E isso fica bem claro quando ela diz ao final que precisa de coragem para mudar o que pode, mesmo que isso signifique desapontar a única pessoa que ela não suporta desapontar.
Para Keith não foi fácil aceitar que ela tenha escolhido voltar e ficar em Neptune. Como todo pai, ele queria o melhor para a filha e seguir os seus passos, inclusive caindo nos mesmos erros não era o melhor na visão dele. Mas quando ele vê as reportagens na tv falando do crime que ela elucidou (mais uma vez), não há como não perceber que ele acatou a decisão da filha e, mais importante, entendeu. Veronica estivera fugindo, e, assim como acontecia com ele, Neptune, a investigação, a adrenalina, a vida tortuosa de uma detetive particular eram o que a faziam feliz e completa. Eu creio que naquele momento Keith não apenas entendeu e aceitou a decisão da filha, como entendeu e aceitou a si mesmo e à sua personalidade, afinal, Keith sempre foi o modelo de Veronica e não por acaso. Os dois são iguais.
De resto, o caso.
Logan foi acusado do assassinato da namorada e ligou para Veronica pedindo ajuda. Curioso que, após 9 anos de silêncio, ela ainda o mantivesse registrado no seu celular e com a mesma foto de quando era adolescente.
Claro que Veronica, sendo quem ela é, não conseguiu resistir e correu para Neptune. E lá, entre reencontro com os antigos amigos – ótimo rever Mac e Wallace – e experiências nada agradáveis na festa de 10 anos de graduados de Neptune Hight – entre tantos, tinha que ser Madison a anfitriã – ela cavocou até descobrir quem realmente matou Carrie (gostei dela ter escolhido inadvertidamente a frequência de uma nova emissora de rádio. No final das contas, a sorte trabalhou a seu favor).
E por falar em Carrie, eu teria preferido que Rob tivesse escolhido outra personagem para ser a namorada assassinada de Logan. Carrie Bishop foi colega de classe de Veronica e era interpretada na série por Leighton Meester. Como não conseguiram trazer Meester de volta (algo a ver com conflito de agenda e tal), escalaram a cantora Andrea Estella para o papel. Para mim isso não funcionou por dois motivos: 1) usaram o mínimo possível da personagem (creio que tinham maiores planos para ela se Meester tivesse participado); 2) não houve identificação imeditada com quem era Carrie na série. Eu mesma tive que pesquisar a personagem e só ao ver o nome de Leighton Meester é que lembrei quem era Carrie Bishop. Para mim teria funcionado melhor se tivessem usado alguma outra personagem, mesmo que desconhecida para nós.
O crime em si foi apenas pano de fundo no filme. O que importava eram os reencontros e a reflexão do que estava acontecendo na vida de todos eles, e, mais do que tudo, vermos como o relacionamento especial entre Veronica e Keith continua o mesmo. Acho fantástica a cumplicidade entre esses dois e foi ótimo ver o quanto ela amadureceu e aprendeu a se abrir para o pai, apesar de todos os pesares.
Também achei muito legal que mesmo após tanto tempo Logan e Dick continuavam grandes amigos. Não é interessante que Dick, mesmo sendo aquele ser totalmente sem noção, sempre tenha sido um amigo leal? Foi particularmente especial ver Wallace como professor e Veronica continuar ‘abusando’ de seus privilégios de amiga. E quem não se encantou com Mac toda envergonhada por ter aceitado um cargo – que paga muito, muito bem – na Kane Software?
Outro que gostei demais de rever foi Leo. Sempre tive uma paixão por Leo e nunca me conformei muito bem com o término da relação dele com Veronica. Fiquei muito feliz na série quando Keith o traz de volta à polícia no final da 3ª temporada. E foi com muito carinho que eu o vi ainda na força policial depois de todos aqueles anos. Assim como Sacks. Se teve um policial que sempre esteve presente foi Sacks e, mesmo sendo um personagem bem secundário eu sempre gostei muitíssimo dele. Fiquei de coração partido com a sua morte no filme.
Mas a maior dor foi o destino de Weevil. Enquanto Veronica fugiu de quem era por 9 anos e voltou às suas raízes por perceber que ali estava a sua felicidade, Weevil sempre foi um cara legal que fora obrigado a experimentar coisas que no fundo não o faziam feliz. Ele finalmente encontrou o seu espaço, casou com uma mulher linda, tinha uma filha adorável, um negócio próprio, uma vida respeitável e foi obrigado a voltar ao exato ponto do qual tanto lutou para sair, não por ser ali a sua felicidade, mas porque as circunstâncias o obrigaram. Como doeu em mim vê-lo montando naquela moto ao final, sabendo que foram as artimanhas de uma polícia corrupta que o empurrou de volta a uma vida que ele batalhou com unhas e dentes para abandonar. Trágico e não merecido.
Por outro lado, tivemos Logan, que foi a personagem que mais amadureceu, na minha opinião. Continuou sendo ele mesmo, sempre pronto a perder a calma quando o assunto era defender alguém com quem se importava – no caso, Veronica – mas ainda assim com uma outra atitude diante da vida. Foi uma surpresa vê-lo na Marinha, mas uma surpresa adorável e que faz muito sentido. Logan sofreu durante toda a sua infância e adolescência, tinha uma raiva muito grande dentro de si, perdeu a mãe, a namorada, o pai. Tudo o que tocava parecia apodrecer e fazê-lo sofrer, então a raiva que ele tinha dentro de si era muito grande, e a rebeldia era o maior traço da sua personalidade. Por isso foi tão legal vê-lo na Marinha, o que, com certeza, o ajudou a centrar, arrumar foco, descontar essa raiva interna em algo que fosse produtivo. E isso o mudou como pessoa, fez com que amadurecesse e se tornasse alguém muito mais confiável. Nunca deixará de ser a pessoa que é, mas agora ele encontrou o seu ponto de equilíbrio e talvez por isso o relacionamento com Veronica finalmente poderá dar certo. Os dois encontraram a si mesmos e aceitaram quem são. A paixão vibrante que ambos tem pelo perigo ainda existe, mas está mais focada, melhor canalizada e por isso mesmo agora os dois fucionarão juntos.
Tudo bem, ele ficar fora por 180 dias de quando em quando também ajuda. Amor épico é muito bom, mas em doses homeopáticas é muito melhor. E foi deles a cena mais linda do filme ao se despedirem.
“Come back to me”
“Always”
Doctor Who – The Name of the Doctor
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“Eu não sei quem eu sou. É como se eu estivesse sendo despedaçada em um milhão de partes e há só uma coisa que eu lembro: Eu tenho que salvar o Doutor.
Ele sempre está diferente, mas eu sempre sei que é ele. Algumas vezes eu penso que estou em todos os lugares ao mesmo tempo, correndo a cada segundo apenas para encontrá-lo, apenas para salvá-lo, mas ele nunca me ouve. Quase nunca. Eu voei para este mundo em uma folha. E ainda estou voando. Não acho que eu vá pousar algum dia.
Eu sou Clara Oswald. Eu sou a Garota Impossível. Eu nasci para salvar o Doutor.”
(minha tradução mequetrefe)
****
E assim começou The Name of the Doctor. O primeiro minuto do episódio já explodiu o meu raciocínio e eu virei geleinha pelos quarenta e tantos minutos restantes. Chorei, gritei (de nervoso, de emoção, de alegria, de raiva) e ri como uma louca o episódio inteiro. Esse final de temporada mexeu de tal forma comigo que não sei o que falar. O impacto foi absurdamente grande e faz três dias que tenho tentado traduzir em palavras a balbúrdia que está o meu pensamento. Sem muito sucesso, devo acrescentar.
Enfim, terminou o mistério de Clara Oswin Oswald. Não poderia ser mais simples, e por isso mesmo tão forte. Clara é realmente nada mais do que uma garota humana normal, e ainda assim, é aquela que aceitou morrer inúmeras vezes, em inúmeros corpos, sempre um eco dela mesma, para que o Doutor não fosse apagado da existência.
O Doutor influenciou muita gente, salvou e destruiu mais povos do que é possível contar, mas acho interessante que seus companions nunca estão ali à toa, sempre tem um papel determinante em sua vida.
Foi de um carinho sem tamanho de toda a produção de Doctor Who ao dar aos fãs a oportunidade de terem um vislumbre das demais regenerações do Doutor. Essa conexão que estão fazendo com as antigas temporadas torna a série mais homogênea e inevitavelmente desperta a curiosidade pelos episódios clássicos.
O difícil, pelo menos para mim, é conseguir entender exatamente como esta dispersão de Clara pela timeline do Doutor funciona. Ela viveu vidas completas, creio eu, algumas nascidas na Terra, outras em planetas diversos e até mesmo uma vez em Gallyfrey (uma Time Lady ou apenas uma gallifreyana que por acaso era técnica de TARDISes). Talvez tenha influenciado o Doutor em silêncio algumas vezes (várias vezes, provavelmente, caso contrário A Grande Inteligência teria vencido), houve ocasiões que sua influência foi mais palpável, como a que sugeriu que ele furtasse a TARDIS correta (a TARDIS que o queria com ela e o aceitaria em seu interior) e por duas vezes conseguiu que o próprio Doutor tomasse conhecimento de sua existência. O que inevitavelmente acabou levando ao seu encontro real com o Doutor e a acompanhá-lo em suas aventuras.
O que me tira o sono são duas coisas distintas:
1) Nas duas vezes que o Doutor a incluiu em sua vida, ela não lembrava quem era ele e qual era a sua missão. Por que nas demais vezes ela sabia exatamente para o que nascera independente de ter contato ou não com o Doutor?
2) Clara diz que tudo aquilo já aconteceu e ele lembrar-se dela por duas vezes é a prova disso. No passado do Doutor ela já corrigiu a devastação provocada pela Grande Inteligência, portanto Clara deve ser a pessoa a entrar na timeline do Doutor e corrigi-la. Sendo assim, por que o Doutor recorda das duas últimas vezes, mas não do dedinho de Clara em sua primeira aventura, furtando a TARDIS? A menos que a escolha da TARDIS tenha sido a última alteração feita tanto pela Grande Inteligência quanto por Clara, e por isso por todo esse tempo o Doutor não havia conhecido ainda a garota, mas agora já se lembre do seu primeiro encontro.
Outro ponto alto do episódio foi a despedida de River Song. Como eu gosto desta personagem e de sua interação com o Doutor! Não é todo mundo que entra na história do Doutor dando a própria vida para salvá-lo. E os dois já passaram por tanta coisa juntos. Centenas de anos se encontrando e reencontrando, brigando e se amando criando um vínculo que é muito difícil romper. A hora que ele reconhece a existência de River e confessa o quanto o faria sofrer falar com ela, quebrou o meu pobre coração. O Doutor precisa viver todos os dias sabendo que ele foi o responsável pela morte de River há mais de 300 anos, e por todo esse tempo ela esteve presa a um mundo virtual, simplesmente porque quando ele a ‘salvou’ não tinha a menor ideia da importância que ela teria para ele no futuro ou mesmo imaginou que River permaneceria naquele mundo virtual por tantos séculos.
Eu gostei da forma como trouxeram a River pós-biblioteca para a vida do Doutor. Não é como se a Biblioteca tivesse sido invalidada, muito pelo contrário. Ela esteve mais presente do que nunca e por isso foi tão mais dolorido. Juro que não entendo as pessoas que não gostam da Professor Song.
O beijo foi um toque especial. Apaixonado, sofrido, real. Mas a frase do Doutor logo após o beijo foi ainda melhor: “Since nobody else in this room can see you, God knows how that looked”. (minha tradução mequetrefe: “como ninguém mais nesta sala consegue ver você, sabe Deus o que isso pareceu”). Impossível não rir…especialmente porque era exatamente o que eu estava pensando naquele momento.
O que eu não consegui engolir muito bem foi o motivo da ida para Trenzalore. Tudo bem, eu entendi que Madame Vastra achou que seria necessário fazer a mesa redonda com as pessoas mais próximas ao Doutor para falar do suposto mistério que o prisioneiro avisou (por que ela chamou a River pós-biblioteca e não uma versão qualquer da River ainda viva!?), mas não podia fazer um chamado para o próprio Doutor e esperar ele dar as caras e avisá-lo? Teria impedido alguns problemas….Jenny não teria morrido (fico feliz dela ter sido revivida ao final, pois adoro a Jenny, mas seria ainda mais emocionante se ela tivesse morrido definitivamente) e ninguém seria levádo a Trenzalore como chamariz para o Doutor. E sem o Doutor aparecer no planeta, não teria Grande Inteligência interferindo com a timeline dele e por aí vai.
Mas como esse foi o plot que arrumaram para levar o Doutor e Cia para o planeta cemitério, não vou criar muito caso, mesmo porque os motivos para ele ir à Trenzalore no final das contas foram irrelevantes, o que importava mesmo era o que aconteceria lá.
Duas coisas na TARDIS morrendo em Trenzalore me deixaram levemente preocupada: o vidro rachado (que é justamente o que acontece quando o Doutor pousa no planeta…era de se imaginar que se a morte fosse muito tempo depois a TARDIS já tivesse se consertado, não?), e o interior (que é o atualmente usado pelo Doutor, não tem jeito). E agora, José!? Isso quer dizer que o Doutor vai morrer de vez nesta regeneração!? Ou eles simplesmente vão ignorar Trenzalore no futuro do Doutor? Ou ainda, puro erro de continuidade?
E por que ao morrer a tumba do Doutor guardava as cicatrizes das passagens do Doutor ao longo dos universos? Certo, ele disse que corpos eram ‘chatos’, mas a verdade é que em outras ocasiões ele teve um corpo ao morrer (como em Turn Left, por exemplo). A menos que, após morto há algum tempo, o corpo de um Senhor do Tempo se transforma em energia, marcando a timeline de cada um. É difícil seguir o que é oficial e o que é mutável na história de Doctor Who…
E o grande final, aquele que tirou o sono de todo fã ao redor do mundo: John Hurt. O Doutor diz que essa é a parte dele que fez coisas que ele não faria usando o nome de Doutor. As teorias já começam a pipocar.
1) Esta é uma versão entre o 8° e o 9°, que fez coisas horríveis na Guerra do Tempo e por isso o Doutor o apagou de sua existência. Eu acho que é a mais provável (“O que eu fiz, eu não tive escolha. Eu fiz em nome da paz e da sanidade”), mas também seria a opção que mais me desagradaria. Primeiro porque isso diminuiria o papel do Oitavo na Guerra do Tempo (e já tivemos tão pouco dele…deixem-no ao menos ser o responsável por acabar com a guerra), e depois porque isso invalidaria todas as vezes que o Doutor falou sobre o que fez, a destruição, a culpa… Tudo o que ele fez foi uma escolha consciente, ele o fez como Doutor.
2) John Hurt é uma versão anterior à primeira regeneração. Ele é o motivo pelo qual o Doutor abandonou o próprio nome e se tornou O Doutor. É a minha teoria preferida (embora o próprio Doutor diz que ‘esse é aquele que quebrou a promessa’, o que dá a entender que já fosse chamado de Doutor antes de cometer as atrocidades que cometeu).
3) É o Valeyard (a amálgama das regenerações anteriores, que aparece entre a Décima Segunda e a última regeneração….ainda não vi o episódio que o Valeyard aparece, por isso não posso falar muito sobre o assunto). Não gosto muito desta teoria também, mas ainda acho mais interessante que a teoria 01.
4) Bom, ele também pode ser The Storm ou The Beast (conforme mencionado pela Grande Inteligência), duas formas pela qual o Doutor é conhecido, mas como eu não sei lhufas sobre elas, não me atreverei a falar besteira por aqui. Se alguém tiver alguma contribuição a respeito, sinta-se à vontade para compartilhar.
E é isso…resta-nos esperar até dia 23 de novembro para o aniversário de 50 anos de Doctor Who, onde o mistério será revelado. Até lá, há tempo de sobra para fundir a cuca tentando descobrir quem é John Hurt no passado do Doutor (e ainda continuar surtando com a maravilha que foi The Name of the Doctor).
“I don’t know where I am. I just know I’m running.
Sometimes it’s like I lived a thousand lives in a thousand places.
I’m Born, I live, I die. And always there’s the Doctor.
Always I’m running to save the Doctor. Again, and again, and again.
And he hardly ever hears me. But I’ve always been there.
Right from the very beginning. Right from the day he started running.
…
I don’t know where I am. I don’t know where I’m going or where I’ve been.
I was born to save the Doctor, but the Doctor is safe now.
I’m the Impossible Girl and my story is done.”
Doctor Who – Journey to the centre of the TARDIS, The Crimson Horror e Nightmare in Silver
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Próximo sábado é o último episódio da temporada. Não sei se gosto muito deste negócio de temporadas divididas ao meio, fica tudo tão curto. Quando penso que vai engatar a marcha, acaba. E, pior, consegui me enrolar completamente e não escrevi por duas semanas seguidas (desculpem, as coisas estavam realmente corridas por aqui), o que significa dizer que esta será uma resenha tripla. Se um texto duplo já é problemático (porque não dá para encaixar metade das coisas a serem ditas), imaginem um texto de três episódios.
Só me resta pedir desculpas mais uma vez, de coração.
Então, só para manter a ordem, farei breves comentários, apenas apontando o que mais me chamou atenção de cada episódio e abrir o microfone para discussão, porque nestas horas a voz do povo é o melhor incentivo para o debate.
Journey to the centre of the TARDIS
Esse era um episódio muito esperado por todo mundo já que a TARDIS tem o seu próprio mistério e há algo nela que simplesmente atrai. Desde sempre a nave chama a atenção dos fãs, mas eu creio que quando tivemos a oportunidade de vê-la fornecer o seu poder à Rose surgiu aquela vontade natural de conhecer o que realmente acontecia ali no seu interior. O episódio escrito por Neil Gaiman (The Doctor’s Wife) aguçou ainda mais o desejo dos fãs, pois tornou a TARDIS mais palpável ao transformá-la em uma figura de carne e osso, mesmo que fosse apenas por alguns breves momentos. E não há a menor dúvida de que a nave vem mostrando seus caprichos desde que Clara deu às caras na vida do Doutor. Então era mais do que natural toda a expectativa em torno desse episódio.
Eu achei bem interessante como tivemos a oportunidade de conhecer um pouquinho mais do que acontece dentro da nave (e foi bem pouco mesmo, porque pelo visto a TARDIS é praticamente infinita e se rearranja a seu bel-prazer). Um dos momentos mais emocionantes foi quando pudemos finalmente ver a biblioteca (belíssima!) e a piscina (fica ali dando sopa e ninguém para usufruir), sem falar das lembranças dos antigos ocupantes da TARDIS. Eu sempre fico feliz quando conectam as coisas em Doctor Who, mesmo que sejam apenas pequeninos detalhes.
Mas o que realmente bagunçou a cabeça de todo mundo foi A História da Guerra do Tempo. Como Clara conseguiu ler o que estava escrito? Supostamente o livro foi escrito em gallifreyano e a TARDIS não traduz o idioma de Gallifrey. E como ter a sorte grande de achar o nome do Doutor no meio de um livro daquele tamanho? A propósito, quem escreveu o livro, já que o Doutor é o último sobrevivente? Bom, tem também todos os Daleks que vivem aparecendo por aí, mas não imagino um Dalek escrevendo um livro contando sobre a grande guerra que eles perderam.
O episódio em si foi um presente a todo fã de Doctor Who, com lembranças de acontecimentos passados, cenas escorregando pelo tempo por meio de uma fenda causada no interior da TARDIS, e nós nos emocionando com diálogos que já ouvimos vezes sem conta e ainda assim sempre nos trazem uma alegria meio sem explicação.
Para os que não prestaram muita atenção ou até ouviram, mas não conseguiram captar tudo (afinal, umas foram apenas murmúrios ao fundo), o site da BBC fez uma listinha (pode ter mais, essas foram as que eu anotei antes da página sumir) das vozes ouvidas no interior da TARDIS durante a confusão que os irmãos Van Baalen criaram:
- Susan, a neta do Doutor, em An Unearthly Child, explicando o significado da TARDIS, e também chamando por Ian Chesterton;
- O Terceiro Doutor explicando para Jo Grant em Colony in Space sobre como a TARDIS é dimensionalmente transcendental;
- O Quarto Doutor discutindo engenharia transdimensional com Leela em The Robots of Death;
- A própria TARDIS perguntando se ‘sexy’ é o seu nome em The Doctor’s Wife;
- O Nono Doutor reafirmando para Rose que nem as hordas de Genghis Khan conseguiram atravessar as portas da TARDIS;
- Amy Pond refletindo sobre estar no espaço, em The Beast Below; e, por fim,
- Martha Jones tentando entender a TARDIS em Smith and Jones.
O episódio em si foi bem simples, quase infantil, a novidade estava mesmo em desbravar a nave. É claro que foi muito legal vermos como Tricky não era um andróide e foi enganado pelos irmãos por todo aquele tempo e como no final ele era o mais humano dos três, e também descobrirmos que as criaturas monstruosas que os perseguiam era na verdade uma versão de todos eles no futuro (a hora que o Doutor percebe que mais uma vez deixou Clara morrer deu um aperto no coração), mas no final das contas o que realmente chamava a atenção eram os corredores e salas da TARDIS. Era poder ver cada sala, o seu centro, o coração, a sala de controle, como ela se consertaria…o que realmente era possível acessar e o que ela manteve guardadinho apesar de tudo.
Não foi nem de longe um dos melhores episódios da série (nem mesmo da temporada), mas valeu a pena pelos pequenos prazeres que nos proporcionou.
The Crimson Horror
Já The Crimson Horror foi o episódio mais Sarah Jane Adventures que Doctor Who já fez. Se não fosse a falta de Sarah Jane (saudades da Elisabeth Sladen) eu poderia dizer que estávamos vendo o spin off the Doctor Who. Com a diferença de que SJA tinha um público alvo declaradamente infantil e era uma série deliciosa de assistir quando a pessoa tinha isso em mente.
Eu adoro Madame Vastra, Jenny e Strax e é sempre bom vê-los, embora a presença dos três ultimamente tenha servido principalmente para infantilizar os episódios. Isso não é uma crítica, é apenas uma constatação. Os três são ótimos juntos, mas definitivamente fazem o estilo diversão para crianças. Seria interessante um spin off com eles agora que o povo ficou órfão da Sarah Jane.
A trama foi bem rocambolesca, recheada de clichês, e aquele final…o foguete em plena era vitoriana não me desceu bem.
A verdade é que não sei muito o que falar desse episódio. Foi um episódio na média, divertido em alguns pontos, ótimo rever Vastra, Jenny e Strax, melhor ainda ver o quanto Jenny é boa no que faz e como tem carisma, mas fora isso não há nada que me cativou particularmente. Foi apenas mais um episódio. Mais um vilão tentando dominar o mundo com a história do apocalipse.
O mistério de Clara continua sendo jogado em nossas caras a todo instante e não estamos mais próximos de descobrir quem é ela, já que nada novo aconteceu com a garota. De novidade só as crianças de quem ela cuida descobrindo que Clara é uma viajante do tempo.
Se eu pudesse apagar toda esta cena da história de Doctor Who eu faria. Tenho até raiva de lembrar…uma lástima.
Nightmare in Silver
Eis um episódio que provocou reações bem distintas nos fãs. Nunca há um consenso quando o assunto é Doctor Who, mas um episódio do Neil Gaiman traz discussões ainda mais palpitantes, já que ele por si só é um autor do gênero ‘ame ou odeie’.
Eu confesso que gosto muitíssimo de Neil Gaiman, acho a sua escrita incrivelmente competente e ele é muito inteligente, sempre jogando paralelos no texto, puxando temas interessantes e fazendo menções a assuntos dos mais variados. Alguns facilmente reconhecíveis pela massa que o lê e outros nem tanto (é preciso ter um conhecimento um pouquinho mais especializado…e uma certa dose de boa memória, coisa que me falta). Mas os seus textos são puros contos de fadas, ou melhor, uma ode à criatividade, à imaginação e ao lirismo. Nada do que ele escreve está ali por acaso, tudo tem uma conexão ou, na pior das hipóteses, é alguma homenagem a alguma coisa interessante seja do mundo ficcional ou real.
Eu, embora adore o autor Neil Gaiman (e a pessoa pública também), tenho grandes problemas com os seus textos, já que não sou muito chegada em histórias tão esdrúxulas e com um apelo tão infantil (mesmo quando são bem adultas e até macabras). Pois é, difícil de entender essa relação de amor-indiferença que eu tenho por ele, mesmo assim, sempre fico empolgada com algo novo de Gaiman e a simples ideia dele escrever para Doctor Who já me tira o ar (e é claro que se ele for roteirizar novamente eu ficarei tão ansiosa quanto fiquei das últimas duas vezes).
Nightmare in Silver foi um episódio tipicamente ‘estilo Gaiman’ de ser. E me atrevo a dizer que talvez ele seja o escritor que mais compreenda e saiba roteirizar esse ideal “mundo da fantasia” criado pelo Moffat e que vem permeando todas as temporadas desde que ele assumiu, em especial a sétima.
Não vou nem tentar falar sobre as inúmeras referências que Gaiman fez durante o episódio (como o “see you next Wednesday”, uma referência a 2001: Uma Odisseia no Espaço), porque eu provavelmente perdi a maioria delas e qualquer coisa que eu escreva será uma cópia barata de algum outro texto qualquer e, se for para copiar, melhor nem começar. Mas vale informar que ele fez várias citações e referências (O Turco, O Guia do Mochileiro das Galáxias e por aí afora), com alusões aos autômatos dos séculos XVIII e XIX e é claro que aqueles que conseguiram captá-las sentiram um algo ainda mais especial pelo episódio.
Gaiman também usou e abusou de conhecimento antigo de Doctor Who, de várias regenerações diferentes, em especial no tocante aos Cybermen. A ideia aqui era fazer dos Cybermen um vilão novamente aterrorizante. Para alguns ele conseguiu, já outros acham que toda a história do Cyber-Planner meio maluco foi a coisa mais sem pé nem cabeça já criada. Isso sem falar de algumas coisas como os Cybermen matando os humanos ao invés de convertê-los, ou ainda deixando-os lá em stand-by sem fazer uma conversão real (como no caso das crianças e do próprio Webley.
Quanto ao Cyber-Planner eu não tenho reclamações. Sim, eu sei que o diferencial dos Cybermen é justamente o seu perfil lógico e desprovido de emoções, e o Cyber-Planner, como o responsável por criar e digirir os planos e estratégias dos Cybermen deveria ser o mais racional de todos eles, mas aqui eu abro uma exceção porque ele estava sendo construindo justamente dentro do Doutor, a mente mais maluca que o(s) universo(s) poderia conceber. Como o Doutor ainda não tinha sido completamente absorvido, nada mais natural que o Cyber-Planner ainda estivesse contaminado pela forma do Doutor pensar e agir.
E cá entre nós, as cenas entre o Doutor e o seu alterego mau foram as melhores do episódio. Matt Smith esteve brilhante. Aliás, ele é um grande ator e às vezes esquecemos disso porque o seu Doutor é tão maluco e excêntrico. Eu olho para o seu Doutor e sempre penso nele como uma versão mais jovem (embora seja bem mais velho) do Primeiro Doutor.
Minha única reclamação destas cenas duplas de Matt Smith foi a forma como decidiram fazer a troca entre um e outro no nosso plano. Enquanto a disputa era dentro da mente do Doutor, estava tudo perfeito, com os lados bem definidos (os pensamentos gallifreyanos x a rigidez lógica do cyber-planner…que visual lindo!) , as memórias de todas as regenerações surgindo (é sempre um deleite, e a cena foi muito legal) e o Doutor no controle do seu cérebro. O problema eram as cenas aqui fora, onde o corpo do Doutor ficava pulando de lado em lado, deixando a situação com uma comicidade irritante.
Outro problema grave do episódio para mim foram as crianças. Não é nem mesmo o fato delas viajarem com o Doutor (não foram as primeiras, não serão as últimas…embora a forma como introduziram os dois na história para que acompanhassem o Doutor e Clara foi a coisa mais sem noção já criada na série…alguém lembra de todo o drama que Rose enfrentou para encontrar o Doutor perdido nas páginas da História!?), o grande mal aqui é que aquelas crianças eram muito chatas. Angie subiu rapidamente para o posto de personagem mais irritante já criada em Doctor Who. Artie, coitado, ficou apagadinho ao lado da irmã chata e até poderia ser melhor explorado, mas se limitou a ser peso morto. Nem para fonte de preocupação real esses dois serviram! Por mim o episódio poderia facilmente ter excluído a presença dos dois que não faria a menor diferença para o desenvolvimento da história.
Um personagem que foi muito mais interessante para os acontecimentos foi Porridge, o Imperador covarde. Que ator carismático que é Warwick Davis. Era impossível não gostar do seu Porridge. Algumas vezes eu pensei na possibilidade dele ser o Imperador, mas não tinha bem certeza (apesar de todas as pistas, em especial a forma como a Capitã o tratava). Só poderia ter passado sem a cena em que Angie salva o dia com o seu ‘ninguém está prestando atenção em nada, só eu? Ele é o Imperador’ (bom, quase isso). A garota irritante não merecia a honra de ser a única a perceber quem era Porridge na verdade, aliás, ela não merecia nem estar na série!
Mais uma vez o paralelo entre as atitudes do Doutor (na Guerra do Tempo e também nas escolhas que foi fazendo ao longo da vida) e algum outro personagem foi jogado na nossa cara. Não foi nada sutil, mas funcionou sem parecer que foi empurrado garganta abaixo só para um efeito dramático. Palmas para o roteirista.
E por falar em roteirista, Gaiman comentou sobre várias cenas que foram cortadas na hora da edição (algumas chegaram inclusive a deixar alguns pontos meio ‘no ar’, sem explicação), enquanto outras não chegaram nem a ser filmadas (uma pena), o que é normal em qualquer coisa feita para a TV ou cinema, mas sempre fico encasquetando sobre o que o roteirista realmente queria dizer e que não foi possível. E é claro que tem as adições por parte do Head Writer (o Moffat), como a famigerada cena em que o Doutor comenta sobre a saia muito justa de Clara ao final, a qual obviamente não foi escrita por Gaiman.
Inclusive, esse episódio deu uma mexida com os ânimos dos fãs na questão do relacionamento entre o Doutor e Clara. Há uma atração entre esses dois como quis colocar o Cyber-Planner ou o interesse tão presente do Doutor é apenas pelo mistério que Clara representa? E esse prequel do Season Finale que foi liberado logo após o episódio? Qual a natureza real do relacionamento desses dois?
As apostas são altas. Povo surgindo com mil e uma teoria…algumas relacionadas com Rose, outras com River pré-primeiro encontro com o Doutor, outras com River pós Biblioteca, e outras ainda falando sobre uma amálgama de companions…isso vai longe.
Eu só sei que o próximo sábado será o último e depois só no especial de 50 anos. A ansiedade aqui é grande.
Continuum – Split Second e Second Thoughts
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O segundo e o terceiro episódio de Continuum se mostraram bem diferentes um do outro. Enquanto um primou pela ação, o outro deu enfoque no desenvolvimento dos personagens, mas ambos, assim como o episódio de estreia, seguiram um caminho diferente do esquema mais procedural da primeira temporada. Os casos para investigar ainda estão lá, mas a conexão com a trama real da série é muito maior e mais evidente e, por conseqüência, a história tem fluído bem melhor.
E só esses dias me dei conta que, enquanto na primeira temporada todo episódio tinha “time” no título, na segunda a palavra da vez é “second”. Não deve ser lá muito fácil arrumar títulos convincentes para esta série.
Pois bem, ambos os episódios trataram de uma situação inevitável, tendo em vista que Travis escapou da morte. Mas fiquei um pouco incomodada com a forma como Sonya lidou com a situação. Eu sou pró-Sonya, mas acho que ela deveria ter aberto o jogo para Garza e Lucas logo de cara, isso impediria Garza de virar a casaca e tentar salvar Travis. Bom, virar a casaca em termos, porque até onde ela sabe, Sonya é quem resolveu ascender ao poder e derrubar o segundo em comando.
Mas gosto muito mais do ponto de vista de Sonya nesta história toda, assim como eu simpatizava com a visão de Kagame. Travis tem o seu lugar na luta deles, mas não pode estar no comando, caso contrário o Liber8 não será outra coisa além de um grupo terrorista. Não que eles não o sejam (não é a toa que todos estavam presos no futuro), mas os ideais são válidos e merecem serem ouvidos.
Ainda quero saber como Julian irá se encaixar na história toda. Por enquanto ele tem sido um coringa (mais uma incógnita) nas mãos tanto de Sonya quanto de Travis, que querem garantir a lealdade e confiança de Teseu, mas quando ele começará a mostrar o seu real potencial? Como se dará a mudança que o levará a ser tão importante para as pessoas a ponto dos membros do Liber8 o seguirem cegamente?
Acho interessante que a explosão tenha exposto uma conspiração (farmacêutica!?) e que com isso Julian ganhou certa importância para os descontentes com a situação atual do país. A visita da madrasta na prisão me pegou um pouco de surpresa. E não deixa de ser curioso que ela se aproxime do enteado no exato momento que o filho a coloca de lado em sua vida.
Alec também tem passado por mudanças. É muito delicada a posição na qual ele se encontra e posso entender a sua incerteza sobre qual caminho seguir. Só não tenho muito certeza se unir-se a Kellog seja o melhor para ele. Ou talvez os dois estivessem unidos desde o início, porém o nome de Kellog nunca apareceu oficialmente. Mais uma vez, o único que sabe a verdade é o Sadler do futuro. Porque com certeza esse grupo específico do Liber8 não foi escolhido à toa. Por que Sadler uniria Kellog, Garza, Lucas, Sonya e Travis a Kagame no passado? Eles são completamente diferentes e todos uma bomba relógio por si só. Se quisesse operar uma alteração do passado de modo a alcançar um determinado futuro melhor do que aquele que Sadler construiu para si, seria muito menos arriscado fazer uma missão controlada, com alguém que tivesse conhecimento do que estaria fazendo e do por quê.
E os tais freelancers? De onde surgiram os viajantes do tempo de que ninguém tinha conhecimento até agora. Quando começaram essas viagens e qual o envolvimento de Jason com esse povo?
Sem falar na surpresa que foi saber que Jason é, afinal, o pai biológico de Alec. A trama toda se complica e faz de Jason alguém muito mais importante do que aparentava a princípio.
Uma coisa que achei interessante foi Jason falando que Kiera não será a mesma pessoa ao voltar para o futuro que era antes de partir. Ela mesma percebe o quanto o passado a está mudando e como a sua vida real tem se afastado cada vez mais. Eu gostaria que o seu futuro ainda existisse, eu torço de verdade pelo retorno de Kiera à sua vida, seu marido e seu filho, mas tudo está atrelado a duas hipóteses desde o início: se o que ela vivencia agora já aconteceu, a despeito da mensagem que Alec recebeu do seu eu no futuro, ou se o simples envio de toda essa gente para o passado já alterou o futuro no qual eles viveram.
Outra coisa que me incomodou um pouco (para não dizer muito) foi Alec fazendo uso da droga para lembrar-se do seu pai. É bem verdade que a lembrança foi o grande twist do episódio e dá uma visão completamente nova para o garoto, mas eu espero que tenha sido uma única ‘usada’ por parte de Alec. Tramas com drogas me deixam aflita, e pelo jeito também desestabilizam Kiera. Era visível o seu abalo emocional durante todo o episódio. Kiera nunca é assim tão emotiva (é uma das reclamações de alguns fãs, inclusive).
Era de se imaginar que o envolvimento de sua irmã com o Retrievanol não fosse acabar bem, mas eu não esperava por aquele final. Foi uma das cenas mais verdadeiras e tristes da série. A música de fundo, a expressão de Kiera…cortou meu coração. Nenhuma cena dela com o marido e o filho (por mais que eu seja fã dessa família unida) foi tão impactante e emocional quanto aqueles momentos com a irmã.
Que final de episódio brilhante!
********
PS:
* Quem mais se lembrou de Andromeda ao ver a droga sendo pingada no olho? Até o nome era o mesmo: Flash. Saudades de Beka Valentine… (Também lembrei de Dredd, mas aí já são outros quinhentos)
* Tinha mais um monte de coisas para comentar (a fuga de Travis da prisão, a desconfiança do agente Gardiner – e a minha alegria por ainda ter Nicholas Lea na série, o traidor dentro da polícia, a luta absurda de Carlos e Travis na traseira da Van, e por aí vai), mas essas duas últimas semanas foram um pouco insanas para mim, o que me obrigou a escrever um texto duplo e simplesmente não consegui encaixar tudo em um texto coerente. Mas sintam-se à vontade para comentar, que é sempre bom desenvolver além do que está escrito.
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