Revenge – Repercussions

Data/Hora 31/10/2014, 14:29. Autor
Categorias Reviews


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Série: Revenge
Episódios: Repercussions
Número dos Episódios: 4×05
Exibição nos EUA: 26/10/2014
Nota dos Episódios: 8

Ok, voltamos aos trilhos. É isso que Repercussions, quinto episódio da quarta temporada de Revenge parece indicar. Depois dos episódios fracos do início de temporada, semana passada a série iniciou uma ascensão na qualidade que se manteve em Repercussions, que contou com a clássica guerra de shades entre Victoria e Emily, em uma cena que nos fez lembrar porque nos apaixonamos pelo programa de início.

Desde a primeira temporada, o que polariza a série é o embate entre as duas, e o resto são consequências. Victoria é a única que permanece de pé, mesmo após alguns tropeços, e ainda ameaça Emily. E isso fica claro na cena em que as duas se encontram.

Sem poder se aproximar de seu pai, isolado em um hotel após sofrer uma tentativa de atropelamento por um misterioso motorista com tatuagem de lua na mão (o quanto Revenge pode ser cafona algumas vezes, não é mesmo) Emily precisa pedir a ajuda de Charlotte para marcar um encontro com ele. Esperava mais de Ems, porque é claro que a garota não iria ajudar. Por que não pedir para que Jack, quem David acredita ser seu genro, marcar esse encontro? De qualquer forma, Charlotte arma e quem espera Emily na verdade é Victoria, pronta pra guerra de shades com direito ao já clássico lábio levantado de botox. Depois de esfregar na cara da rival que ela passou três temporadas vingando um morto  que agora está vivo (um bom argumento), Victoria ainda põe em cheque o amor incondicional de Emily e David, perguntando se a relação poderia ser retomada depois dele saber quantas pessoas ficaram pelo caminho desde que o plano começou. Bom, ignorando o fato de que todo mundo que morreu foi por culpa de Conrad, Emily cai no jogo e fica abalada. Não por muito tempo, já que assim que parece a dúvida, ela começa a fazer o que sabe de melhor: armar.

E o incrível é a armação de Emily para começar a se reaproximar de seu pai comprova que todos que cercam a loira e a ex-sogra são apenas peças em um tabuleiro, facilmente manipuladas e sempre servindo a propósitos que desconhecem. É assim com Margeaux e Daniel, interceptores no esquema que Emily arma para passar a sua antiga casa da praia para seu pai. É ali, no alcance da sua varanda que ela o quer. Além de poder vigiá-lo, Emily espera que as memórias do pai aflorem no ambiente onde viveu antes de ser preso, e assim ele volte a ser quem ele era. É válido lembrar que a crise de identidade não é só de David: Emily não é mais Amanda, não só nos documentos falsos mas também em sua personalidade. Querer que seu pai volte a ser quem era é irônico quando ela própria não o pode fazer. Amanda agora é Emily, alguém com propósitos bem diferentes dos da inocente menina que falava sobre infinitos. E nem esses desenhos, talhados no balcão de sua antiga casa, sobreviveram ao que ela se tornou.

Além do encontro de Emily e Victoria, outros dois mereceram nossa atenção nesse episódio. Um deles é o de Jack e Charlotte, em que o policial decide questionar o que a levou a apresentar seu filho como neto de David, quando a menina sabe que ele não é. A garota deixa claro que gosta da diversão do climão, e Jack a confronta dizendo que o que vê em sua frente é uma projeção de Conrad. A conversa deixa marcas, porque Charlotte sabe que mesmo sendo filha de David, não pode escapar da maldição de ser uma Greyson.

O segundo encontro, que aliás esperávamos desde o primeiro episódio dessa temporada, é entre Nolan e David. Finalmente o hacker se encontra com seu antigo financiador, que mal espera o abraço afrouxar para perguntar se ele entregou o dinheiro e os diários para Amanda, como ele havia pedido antes de sumir. Nolan enrola David mais do que aluno que falta dia de prova dando desculpa pra professor, mas deixa claro que há fatos desconhecidos por David nessa história.

Cinco episódios e nada de encontro entre Emily e o pai. Gostamos da tensão, estão fazendo certo, os roteiristas. Resta torcer para que esse encontro seja digno da nossa espera, e que a série segure o bom ritmo em que finalmente entrou no episódio passado, claro, distribuindo mais shades.

PS.: Amamos Louise, que só trocou de roupa em todas as cenas desde que apareceu na série, mas que nos deixou ansiosos por seus planos em relação a Daniel depois de sair  de seu quarto socando o painel do elevador.

PS2.: Achei que Ben fosse ser o novo Aiden mas na verdade vai ser o novo Jack, investigando um caso em que está mais sem rumo do que a vida da Charlotte.

Revenge – Ashes e Meteor

Data/Hora 24/10/2014, 19:46. Autor
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Série: Revenge
Episódios: Ashes e Meteor
Número dos Episódios: 4×03 e 4×04
Exibição nos EUA: 11/10 e 18/10/2014
Nota dos Episódios: 8

Os dois últimos episódios da atual temporada de Revenge provam uma das características mais marcantes da série: sua oscilação. Enquanto Ashes foi bem mediano (e isso eu percebo também pela quantidade de vezes em que eu checo meu celular enquanto assisto) Meteor foi um dos mais bem construídos episódios da série.

Como é recorrente em Revenge, há muitos episódios escada, que só servem para elevar a tensão para o seguinte. Foi assim em Ashes. Nele, Victoria continua seu plano, assim como continua usando o mesmo vestido desde a season premiere, e como se não bastasse, ainda colocou uma jaqueta jeans por cima. Acho que só por ser obrigada a usar jeans Victoria já justifica sua vingança. A agenda da Greyson consistia em monopolizar David Clarke, mas ela logo percebe que inevitavelmente tem que somar Charlotte à equação da nova família. Ao apresentar Charlotte para seu verdadeiro pai, Victoria mente dizendo como foi a adolescente que conseguiu a confissão de Conrad que inocentou o amante, tirando, claro, a participação de Emily nisso tudo. O quanto ir6onico é ela se orgulhar dessa ação de Emily?

Já a própria Emily resolveu não denunciar Charlotte pela tentativa de homicídio e ainda convenceu Jack a deixar pra lá o incêndio criminoso que a garota provocou. Tudo bem, é só o lugar em que o cara passou toda a sua vida e a única herança de seu pai, então, pra que ligar pra coisas bobas como incêndios criminosos. Não é como se ele fosse um policial.

Nolan e seu novo penteado conseguem rastrear o celular de Charlotte e descobrem a cabana da nova família Clarke. E Emily resolve ir lá bater um papo, e é aí que nossa tensão começa. Será que ela vai encontrar o pai vivo? Bom, não dessa vez, porque o que a recebe é Victoria com uma espingarda. Emily desafia a rival a atirar, e Victoria praticamente responde “not today” #arya #GoT. Segundo Vic, morte é algo muito fácil para se dar a alguém que destruiu sua família, e temos certeza de que Emily não só entende o sentimento quanto pensa o mesmo. Mas será que a loira realmente falava sério quando pedia pra Victoria puxar o gatilho ou só estava blefando? Emily parece cansada nessa temporada, mesmo reafirmando em episódios passados que a vingança é o que a motiva. Aparecer na cabana assim, de cara lavada, sem plano algum, é um indício de que ela não é mais uma jogadora tão ávida quanto nas temporadas anteriores. Sua falta de planejamento também fica evidente em Meteor.

O episódio do último domingo foi um alívio pros fãs de Revenge. Estávamos já achando que não tinha mais suco pra espremer dessa laranja, quando os realizadores nos dão um episódio tão refrescante como os da primeira temporada. k inicia com os desdobramentos do acontecimento que fechou o episódio anterior: David Clarke, manipulado para crer que Emily é uma ameaça à vida de Charlotte, faz uma visita noturna à antiga casa de Victoria com o intuito de matar a moça que nem imagina ser a sua filha. David quase realiza seu plano, mas algo em Emily lhe parece familiar, e enquanto encara a filha dormindo, Nolan já chega atirando no invasor.

No dia seguinte, Emily, pensando que o atentado se trata de outra investida da irmã Charlotte, não quer denunciar a invasão, e mesmo sob seus protestos, Nolan o faz. O hacker, além de ter sido obrigado a usar um penteado ridículo nessa temporada, ainda não tem storyline própria e parece um pouco perdido, mas ao menos já vemos nele um poder maior sobre Emily, ao ignorar seus protestos e agir com suas próprias convicções. Ora, a verdadeira Amanda Clarke age, desde que chegou nos Hampstons, segundo sua própria ética, fazendo-se de acusadora, juíza e executora. É compreensível que a polícia nunca será uma opção em sua microrrealidade construída baseada na perda do pai. Por isso ela precisa tanto de Nolan, um visitante que a trás de volta pra realidade em alguns momentos, lembrando que pessoas normais, quando sofrem invasões, chamam a polícia.

Avisado de que há um criminoso provavelmente mancando a solta, Ben acaba identificando David Clarke já na delegacia. Porém, sua prisão, que roubou na cara dos policiais em uma loja de conveniência, era planejada: David se chicoteou e se fingiu de desorientado para cometer o roubo, ser preso e alegar que passara os últimos vinte anos sendo torturado por Conrad, ainda fazendo uma cara dissimuladíssima de surpresa quando informado que seu algoz já estava morto. Parece que a capacidade de bolar planos é de família.

O acerto dos roteiristas foi adiar o encontro de Emily e David, produzindo uma tensão que dura todo o episódio. É claro que, desde que sabemos que Clarke está vivo,   esperamos esse encontro, e é claro também que é um argumento para os produtores nos deixarem ansiosos. Preso, David vai para a fila de reconhecimento, e é aí, atrás do falso espelho, que Emily vê o pai pela primeira vez. Totalmente desarmada, ela só quer falar com ele, mas é impedida pelos policiais federais que iniciam sua investigação. A constatação de que o pai ainda está nas mãos dos Greyson vem no estilo Revenge: durante uma coletiva de imprensa, David convoca Victoria e Charlotte ao seu lado e as presenta como sua família. Emily, no ódio ao ver a cena, deixa de lado a emoção de rever o pai e toma seu sentimento preferido desde que a série começou: o propósito de reagir.

 

PS1.: Não é engraçado ver no arco de Daniel que o rapaz, seduzido por Louise, é sempre uma peça de manipulação para os inimigos de Victoria?

PS2.: Daniel é tão sedutor que consegue fingir que está trabalhando na beira da piscina com o Macbook desligado e ainda assim conseguir o emprego.

Revenge – Disclosure

Data/Hora 08/10/2014, 22:32. Autor
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Série: Revenge
Episódio: Disclosure
Número do Episódio: 4×02
Exibição nos EUA: 05/10/2014
Nota do Episódio: 6

Quando você acompanha uma série há muito tempo, você iminentemente acaba virando um roteirista colaborador imaginário. Eu até espero depósitos imaginários da ABC na minha conta, porque sou um escritor muito ativo na história de Revenge. Porém, nesse início de temporada há um conflito criativo muito grande entre mim e a equipe assalariada de verdade.

Já disse na semana passada que achei uma virada muito boa que o plano de vingança pertença a Victoria nesse quarto ano da série. Até pensei que seria legal também que as narrativas de início do episódio  fossem dela, mas escolheram simplesmente retirá-las. O problema é que depois do plano de fuga da season premiere, Victoria não fez nada além de bater na porta de Emily e ser sequestrada por David.

Já Emily preferiu apagar todos os registros da passagem de Victoria na clínica, por motivos que para mim não ficaram claros. Ela não havia internado a ex-sogra legalmente? E essa passagem pelo hospício não poderia ser uma ponta solta a ser desenvolvida em situações posteriores, como para desacreditar a palavra da megera publicamente em um eventual confronto?

Outro ponto que me incomodou bastante é o fato de seus filhos não procurarem saber sobre ela. Engolir cartões postais enviados sem questionar selos ou ao mesmo onde foi que a mãe conseguiu orçamento para viagens me parece ser muito desinteressado. O fato é que Revenge é uma série madura demais, no que toca seu tempo no ar, para deixar o roteiro tão solto assim. Uma série cujo maior triunfo são os twists, tem justamente que se preocupar em fazer um roteiro amarrado e extremamente pensado, a prova de questionamentos como esses. Senão, vira tudo canastrice com cenas em câmera lenta.

E voltando ao plano de Victoria, este parece ser colocar David contra Emily. O assassino de Conrad passou anos escondido e, contrariando o mais lógico, não endureceu. Volta para os braços de Victoria como um adolescente que passou um verão longe da namorada. Aceita tudo o que ela diz, sem questionar. Espero que esse David passivo seja somente mais um twist que veremos desenvolvido mais a frente. Mesmo porque todo esse plano de Vic seria derrubado por uma simples visita de David à pessoa que ele mais confia: Nolan.

O acontecimento mais interessante do episódio foi mesmo Emily expor sua verdadeira identidade para Charlotte. Depois de salvar a sua insuportável irmã de uma tentativa de suicídio que provavelmente só resultaria em uma perna quebrada, Emily conta a verdade para Charlotte, com direito até a caixa da vingança. É claro que Charlotte age como Charlotte nesse momento: faz o drama de “você me trocou pela vingança”, joga caixa no chão e sai batendo porta.

Daí resolveram transformar o vestiário da delegacia em cenário regular da série e ninguém está reclamando. Ben, o parceiro de Jack, continua a mandar indiretas pro amigo botar ele na fita de Ems, algo tão cafona quanto essa expressão que acabo de usar. Esquecendo-se que eles devem ter mais de trinta, Jack sente ciúmes e diz pro parceiro ficar longe de tolha de Emily, ou pro parceiro de toalha ficar longe de Emily, ou outra coisa qualquer nesse diálogo inútil de cena de vestiário gratuita.

Margeaux e seu cabelo continuam seu plot da temporada e armam para Gideon com a ajuda de Daniel. O plano é executado em três cenas e é tão ridículo que nem Charlotte cairia, ou somente Charlotte cairia. O fato é que os dois assumem o papel de casal Greyson da temporada.

E já que eu reclamo da falta de atividade e de tudo mais que envolve Charlotte, a garota resolve mostrar que o sequestro da última temporada realmente mexeu com a sua cabeça e simplesmente tenta matar sua recém descoberta irmã. Atrai Emily para o bar de Jack (que é uma área pública da cidade, acessível mesmo quando fechada, aparentemente), a desmaia com um golpe e bota fogo no lugar. Ah, e claro sai em câmera lenta. Ah, os cliffhangers de Revenge! Prontos para odiar Charlotte na semana que vem?

Revenge – Renaissence

Data/Hora 01/10/2014, 10:38. Autor
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Série: Revenge
Episódio: Renaissence
Número do Episódio: 4×01
Exibição nos EUA: 28/09/2014

A terceira temporada de Revenge, que terminou há quase cinco meses, nos deu um encerramento nunca antes visto na história da série: Emily finalmente consegue se livrar dos seus dois maiores algozes: enquanto Conrad é esfaqueado por um ressuscitado David Clarke, Victoria é internada em um hospício. Ah, e perdemos Pascal e Aiden como efeito colateral desse desfecho também. R.I.P. Depois de prolongar a vingança por três temporadas, o que mesmo com a agilidade do roteiro por vezes resultou num tom arrastado, a fórmula de Revenge parecia esgotada. Não havia muito mais rostos para serem marcados na foto que servia como checklist para a vingança, e o principal mistério da série, a identidade de Emily, já não era segredo para as pessoas mais importantes na vida da loira: seu antigo amor e sua maior inimiga.

Como dar um frescor, então, para o início da quarta temporada? Iniciar uma nova vingança, é claro! A estratégia já usada em outros momentos da série – como quando a falsa Amanda Clarke morreu no barco e deu mais um motivo para odiar os Greyson -, dessa vez foi mais radical: a vingança da vez é de Victoria. A personagem até ganhou a narração do início do episódio (aquela que muitas vezes a gente não presta atenção porque está checando se a legenda tá sincronizada, e muitas outras vezes também não fazem sentido). Destruída depois de ter sido internada, ficado viúva, perdido seu dinheiro pro governo (em um processo muito mal explicado) e sido afastada de seus filhos, que também não andam em seus melhores dias, Victoria tem motivos de sobra pra traçar sua agenda de vingança. E o alvo, é claro, Emily.

Depois de seis meses dos acontecimentos da última temporada, as duas personagens principais parecem não ter mudado muito. Victoria fez do hospício um novo lugar para suas manipulações. Convenhamos que manipular gente desequilibrada deve ser muito mais fácil. Eu até pensei que esse núcleo seria mais explorado, até senti uma vibe Orange Is The New  Black, mas não deu metade do episódio e Vic já conseguiu fugir, claro, com a ajuda das amigas.

Já Emily, que agora é dona da antiga mansão Greyson, tenta seguir sua vida dando festas sem climão, mas é claro que não consegue. Em sua festa de Memorial Day, coloca na mesma lista de convidados uma viúva e o assassino de seu marido, faz com que a verdade seja revelada no meio do discurso (essas festas sempre tem discursos) e tudo termina em closes e gritos.

Parece não haver outro caminho para as duas personagens. Ainda no hospício, quando Victoria consegue ligar para a sua antiga casa e é Emily quem atende, a Greyson propõe uma trégua, um fim ao ciclo de ódio que as une. Porém, o que cada uma quer em troca é impossível: Emily nunca terá sua infância de volta (e nesse momento a personagem fala da infância e de Aiden, e não de seu pai, que já sabemos que está vivo) e Victoria nunca terá Pascal. A vida das duas depende desse ódio, e elas não sabem viver sem manipular as pessoas. Nolan até acusa Emily de ser viciada no jogo da vingança, o que ela realmente é. Por isso a alegria da loira ao ver Victoria em sua porta depois da fuga. De volta ao jogo.

Como season premiere o episódio foi fraco. A baixa audiência mostra que o público não se empolgou muito. As storylines de Jack, que decidiu virar policial (e realmente ficou parecendo um stripper no uniforme, como Nolan diz), Daniel, que assume cada vez mais a personalidade agressiva e arrogante do pai, e cuja falência iminente o faz vender seus bens  (mas ainda paga o aluguel absurdo de sete mil dólares de sua irmã), e de Charlotte, que parece ter passado os seis meses de hiato se drogando, não empolgaram muito. Apesar do ator não colaborar muito, Daniel parece ser o mais promissor em sua ascensão à vilania sem competição depois que seu pai saiu do páreo. E é impressionante como Charlotte continua sendo umas das personagens mais insuportáveis da televisão atual.

Mas se há algo que Revenge sabe fazer são cliffhangers. Na última cena do episódio, depois de fugir e ir bater na porta da casa da inimiga (o que faz pouco sentido, já que é uma fugitiva, mas depois da cena carnavalesca da fuga, as definições de verossimilhança foram atualizadas), Victoria é capturada por David. Eu não achei que o pai de Emily fosse se revelar logo no primeiro episódio da temporada, mas isso muda muita coisa. Agora resta saber se ele continuará sua própria agenda de vingança após sequestrar tão facilmente sua ex-amante e delatora. Mas como sabemos, nada em Revenge é fácil.

P.S.1: O novo cabelo da Margeaux. Não!

P.S.2: O novo penteado do Nolan. Não!

Spoiler: [Polêmica Alert]

Data/Hora 08/06/2014, 17:25. Autor
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Desde abril desse ano – mais precisamente sete de abril, dia seguinte à estreia nos Estados Unidos e na HBO Brasil da quarta temporada de Game of Thrones -, um assunto entrou em evidência como nunca antes nas redes sociais: o spoiler.

A palavra da língua inglesa, derivada do verbo spoil, que significa estragar, causar dano, já tem até uma entrada específica no dicionário relacionado a séries televisivas:  spoiler, segundo o dictionary.com, são comentários que revelam elementos importantes da trama de livros, filmes ou séries, negando ao telespectador ou leitor o suspense próprio que a obra deveria proporcionar. Mas contar o final ou revelar partes importantes de histórias publicamente não é novidade, e acontece antes mesmo do surgimento do Facebook. No caso das novelas brasileiras, há uma tradição de periódicos especializados em revelar o destino dos personagens e em qualquer prateleira de supermercado podemos ficar sabendo sobre casamentos e paternidades futuros nos folhetins. Mas porque agora o assunto está em foco? O que há em Game of Thrones que estimula tanto os spoilers?

É inegável o sucesso da série baseada nos livros de George R. R. Martin. Game of Thrones é a série mais assistida, mais pirateada e com mais repercussão midiática da HBO. E todo esse buzz inclui, claro, os comentários de quem assiste. A particularidade de GoT é que se trata de um show baseado em livros, o que faz multiplicar por dois as fontes de spoilers: há quem assiste os episódios “ao vivo” com a exibição da HBO e conta pros retardatários, e há quem já leu as Crônicas de Gelo e Fogo e salpica informações pra quem é apenas telespectador da série. E mesmo Game of Thrones sendo um produto diferente dos livro da saga, é uma adaptação que segue bem de perto os destinos dos personagens escritos por Martin, não divergindo muito da história original, como é o caso de outros seriados baseados em livros como Dexter, True Blood ou no HQ The Walking Dead, em que a história muita vezes é apenas uma inspiração e há plots completamente diferentes. Soma-se às dupla fonte de spoilers o fato de Thrones ser uma série repleta de twists, que constrói suas tramas para logo depois destruí-las na nossa cara, o que causa entre os telespectadores sentimentos de tristeza, revolta e êxtase, que têm muitas das vezes sua catarse no comentário de spoiler.

A equação maior série da HBO + leitores e telespectadores apaixonados + twists irresistíveis explica o grande fluxo de spoiler sobre a trama. Pensamos que a internet destruiu a ideia de programação fixa, mas segunda-feira é religiosamente o dia de comentários sobre a série na internet, uma mesa redonda de críticos revoltados e surpresos, o que em si é maravilhoso porque mostra o quanto a obra é instigante e inspiradora, senão fosse pelas pessoas que não conseguem se segurar e estragam a surpresa dos que não estão em dia, ou muitas das vezes não estão “em hora” com o episódio (eu já recebei spoiler no Twitter de quem tinha minutos de vantagem de exibição!).

Mas o spoiler é realmente tão negativo assim? Há quem diga que com a internet o fluxo de informação é tão rápido que ficar sabendo de spoiler é a coisa mais natural a se esperar. Há quem diga também que com os serviços de streaming, como o Netflix e o próprio HBO GO, onde a exibição é controlada pelo usuário, é impossível estabelecer uma temporariedade dos comentários. Eu não penso dessa forma. Primeiramente, falar que a internet mudou tudo é um dos clichês mais comuns de quem não sabe analisar muito bem os fenômenos. A questão da compressão de tempo é uma consequência do capitalismo e é muito mais antiga do que a internet. A própria internet não é nova: grande parte dos fãs de Game of Thrones é de uma geração que cresceu com internet, então não é algo com o que lidamos agora. Outro ponto a se considerar é que esse contexto não pode ser justificativa direta para o comportamento das pessoas. Não saímos por aí contando quem morre nos seriados por conta do fluxo acelerado da internet; quem conta é porque quer contar, da mesma maneira que ter uma vida acelerada em que temos que conjugar trabalho, estudo e vida pessoal não nos dá o direito de sair por aí empurrando as pessoas nas ruas ou furando filas. Tem muito mais a ver com o respeito ao próximo do que com questões de modernidade. Ora, respeito é um conceito tão antigo quanto um mandamento católico.

Há quem diga que se preocupar com spoiler é besteira, que a obra é mais importante do que o seu desfecho, e aproveitar o episódio como um todo torna insignificante o conhecimento de informações prévias específicas. Bom, há dois pontos a se pensar aí. O primeiro é que ditar como se deve consumir produtos culturais é só mais uma maneira de ser pedante, o que leva ao segundo ponto: quem decide o aspecto mais importante na obra é o próprio consumidor! É inegável que Game of Thrones tem um roteiro construído para quebrar expectativas constantemente. Há arranjos enormes na trama só para serem desconstruídos depois, como se moldassem enormes castelos de neve somente para pisoteá-los. Adiantar a desconstrução é negar que o próximo percorra por si próprio esse caminho.

A surpresa é um elemento vital em Thrones. Estar em uma guerra aberta ou velada, como é o caso de todos os personagens da série, é estar vulnerável a qualquer destino. Não há ninguém seguro, e Martin parece ser claro nesse ponto, e assim como acontecia em Breaking Bad, toda ação tem consequências, boas ou ruins. Bom, em Westeros a maioria é ruim.

O caso dos programas em streaming também não parece ter algum aspecto diferente a se considerar. O fato de escolher quando assistir o programa não muda a lógica dos comentários, já que a surpresa é sempre relativa ao expectador. Tudo depende do respeito. No Brasil os canais abertos sempre passaram as séries com um atraso bem grande em relação aos canais pagos, e mais ainda em relação à TV americana. Cada grupo de telespectador precisa ter seus próprios debates, como muitas comunidades virtuais fazem, ou dividir tópicos de discussão para quem assiste pela TV, quem baixa, e por quem já leu os livros. O bom senso é sempre simples.

Não há tempo específico para que obras “caduquem” e façam com o que spoiler seja liberado. É diferente na literatura, em que há os casos de domínio público, de histórias como Romeu e Julieta, em que a morte dos protagonistas não é novidade pra ninguém. Bom, não podemos falar em spoiler nesses casos, já que crescemos em uma cultura em que esse plot é inesgotavelmente explorado em vários produtos. E nessas obras a surpresa realmente não é elemento vital, diferente de enredos como o de Harry Potter, em que o final é algo valorizado e sobre o qual criam-se expectativas para o consumidor. Da mesma maneira como acontece com a pergunta sobre quem sentará no trono de ferro (se é que haverá um no final da história).

A resposta para essa nova polêmica, não tem nada de nova: é o sempre necessário bom senso. Clichês modernos não vão mudar o fato de spoiler ser desagradável. Ele até é usado como castigo, como no caso do professor francês, leitor das obras de Martin,  que punia os aluno bagunceiros de sua classe passando os nomes dos personagens que ainda iriam morrer em Game of Thrones. Participar de fóruns específicos e avisar quando for publicar algo que contenha spoiler é simples, eficiente e não impede ninguém de curtir a obra em seu tempo e na totalidade de aspectos que os roteiristas planejavam. Respeito é bom e necessário, até nos Sete Reinos.

Revenge – Balanço de temporada

Data/Hora 15/05/2014, 10:21. Autor
Categorias Notícias


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Revenge é uma série conhecida por seus twists, e talvez só podemos comparará-la nesse quesito com Scandal. Porém, da mesma forma como o destino dos personagens oscila com uma velocidade impressionante, oscila também a sua qualidade. Prova disso é a segunda temporada, que teve sua parte pré-hiato mais parecendo uma paródia de série de ação, pra depois voltar ao normal na segunda. A terceira temporada veio com uma promessa de renovação total, com a mudança de roteirista chefe e o abandono quase total dos plots da temporada anterior (prisão de Nolan durou menos do que de político brasileiro, a Iniciativa sumiu mais rápido que camisa básica da Forever 21), e conseguiu manter o ritmo acelerado dos acontecimentos, mesmo que isso signifique forçar a barra. E me aproveitando ao máximo do coloquialismo, algo que já nos acostumamos é que muitas vezes Revenge força a barra. Dissertarei sobre.

O twist é um ótimo recurso em séries televisivas, que por sua duração e periodicidade podem acabar sendo repetitivas se muito constantes. Por conta disso, dar uma mexida na trama e ir contra às expectativas sempre dá um ânimo novo para quem assiste. O problema é quando um recurso torna-se mais importante que o produto, como se a sobremesa fosse mais importante do que toda a refeição. É isso que acontece com Revenge: as surpresas são supervalorizadas e a trama parece se desenrolar simplesmente para gerar twists. E muito deles são desnecessários, como a descoberta nessa temporada de que a ex esposa de Conrad é mãe de Jack. A personagem gerou a revelação pra sumir dois episódios depois. Isso levou a história pra algum lugar?

Mesmo com toda a forçação e parentescos que nos fazem pensar que se trata de uma novela das oito em que todo mundo é relacionado e filho do Antônio Fagundes, a terceira temporada teve vários pontos altos. O primeiro deles é a volta da listinha de Emily, que não víamos regularmente desde a primeira temporada. Foi legal vê-la marcando mais uns X’s nas fotos, não foi? Outro ponto alto foram os questionamentos em torno do plano da vingança. Questões morais foram adicionadas a trama, com o plot do padre que fez Emily se arrepender e pensar em perdão, e toda a pressão que Jack fez para que a ex-namorada terminasse logo sua vendeta. Outro ponto positivo dessa temporada foram os novos personagens, e aqui incluímos, mesmo que não seja unanimidade entre quem assistie, a família LeMarchal. Ainda que Margaux seja uma chata na maioria das vezes com seu sotaque francês forçado e  lançando palavras em francês para afirmar sua nacionalidade o tempo todo, foi interessante ver como Daniel conseguiu manipulá-la para quase transformá-la em uma Grayson. Já Pascal movimentou a já tensa relação entre Conrad e Victoria, e protagonizou uma das mortes mais bizarras da TV.

E como falamos de Daniel lá em cima, se desejávamos sua morte por conta da apatia e da falta de talento de Josh Bowman, nessa temporada desejamos sua morte por motivos mais concretos. Na minha opinião Daniel está mais para vilão de Malhação, e também não me convenceu nessa sua virada pro lado do mal, mas é fato que ele gerou revolta entre os fãs depois de ter atirado em Emily em seu próprio casamento, e seguiu a humilhando ao colocar a amante (aleijada na primeira temporada, mas milagrosamente recuperada na terceira) para viver dentro de casa. A vilania de Daniel ao menos rendeu boas cenas , como a épica conversa entre ele, Emily e Victoria, em que eles decidem como será o casamento de aparências depois da loira ter recuperado a memória e poder mandar o marido pra cadeia.

Agora, não era óbvio que alguém iria perder a memória nessa série? Depois de gente caindo de escada, filhos bastardos, traições e tapas na cara, faltava alguém perdendo a memória, e a terceira temporada preencheu essa lacuna novelesca. Um bom gancho após hiato, também gerou cenas muito boas como a de Emily revelando pra estúpida Charlotte que seu pai se chamava David Clarke , e também a volta de Jack sendo o estopim para o retorno das lembranças.

O que não podemos negar é que Revenge sabe fazer seasons finales. Aliás, não somente finales, como pré-seasons finales, já que os últimos episódios da temporada contrariam a máxima da calmaria antes da tempestade, e se piscar o olho, perde um twist. E não foi diferente na terceira. Alegiance, Revolution, Impetus e o gran finale Execution foram episódios excelentes, com uma tensão crescente e muito bem encaixadinhos. É como se quando já estivéssemos chateados com a enrolação e a forçação de barra, nos dessem uma surra de enredo. Mas falemos então do final.

Todos sabíamos, por conta dos anúncios da ABC, que algum personagem fixo morreria. Porém, só pra fazer a gente de bobo, tivemos duas “mortes”: Aiden e Conrad. Explico as aspas, mas começo por Aiden. A cena da morte do aliado e amado de Emily foi uma das mais fortes, senão a mais, da série. Ali, a vingança foi pro outro lado, e Victoria vingou-se da morte de Pascal, que atribui a sua ex nora, pagando na mesma moeda. O asfixiamento de Aiden deixou claro a total falta de compaixão e moral de Victoria, da qual já tivemos uma amostra com a omissão de socorro ao pai de seu filho bastardo Patrick em um episódio anterior. Madeleine Stowe foi perfeita na atuação nos mostrando, enquanto pressionava a almofada sobre o rosto de Aiden, que junto com os últimos suspiros da vítima, se esvaía também o último fio de humanidade de sua personagem. Se Victoria deixou claro que não se importa em matar, tal qual Conrad, declarou com todas as letras guerra aberta a Emily ao enviar o corpo de Aiden para a rival. Em um momento de total fragilidade, vimos talvez pela primeira vez na série a Amanda Clarke que Emily disse alguns episódios atrás que não conhecia mais.

O interessante é que a morte de Aiden parece ter sido construída para não só impulsionar a vingança de Emily, como também para levá-la  para outro nível. Amanda Clarke conheceu a dor da perda, ainda criança, mas agora é Emily, já adulta que experencia a dor de perder o homem que mais ama. A isso ainda soma-se  uma fala posterior de Victoria, que diz que Emily não conhecia realmente David Clarke. E assim vamos pro segundo homicídio desse episódio,  que gerou não um twist, mas O TWIST da temporada. Isso porque Conrad é atacado por alguém quando escapa da prisão, e esse alguém é DAVID CLARKE. Eu confesso que voltei essa cena gritando que não, os roteiristas não iriam fazer isso com a gente, mas fizeram. O fato do personagem mais falado dessa série (já brincaram de tomar um shot toda vez que seu nome é mencionado?) estar vivo traz a tona várias questões. A vingança de Emily não faz mais sentido? David, no fim das contas, é culpado, e é por isso que só aparece depois que inocentado pela filha? Conrad realmente morreu? Bom, eu ainda não estou certo da morte do patriarca Grayson, o que explica a minha resistência com as aspas lá em cima. Só me toca que com tantas mortes explícitas como gente sendo cortada por asa de helicóptero e cadáveres sentados no sofá, achei o esfaqueamento um pouco leve (usei as palavras esfaqueamento e leve na mesma frase e fiquei achando que estou assistindo muito GoT ou muito noticiário do Rio). Respostas que ficam pra já confirmada quarta temporada

E se Emily apanhou quase toda a temporada, ao menos fechou o ano com uma Victória (trocadilho maroto): com um plano de bater palmas, conseguiu fazer a ex-sogra parecer uma louca obcecada por uma teoria da conspiração, isso tudo com a ajuda da terapeuta lá da primeira temporada (trazer personagens antigos de volta sempre dá a impressão de que o roteiro era amarradinho e super planejado, não é?). Victoria gritando “SHE’S AMANDA CLARKE, SHE’S AMANDA CLARKE” amarrada em uma cama de hospital, com um beijo de despedida e desejos de melhoras mais cínico da história foi não menos do que incrível. Mesmo eu não acreditando que ela ficará lá por muito tempo, temos todo um hiato para imaginar Vic louca e histérica.

Como todo bom season finale, Execution nos deixou plots e personagens novos para a próxima temporada. Tem novo LeMarchal, tem Jack preso, tem Daniel chantageado, e tem Charlotte virando um vegetal na cama (não tem, são somente desejos de quem vos escreve). Além disso, temos uma nova vingança a ser construída. Eu já imagino flashbacks de Aiden como o melhor homem do mundo pra justificar mais planos rocambolescos. A gente  resiste a isso só pra ver a guerra aberta entre Victoria e Emily?

Looking – Looking for $220/hour e Looking for the Future

Data/Hora 20/02/2014, 21:05. Autor
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Já brincaram com os amigos de “quem é você em Looking”? Acho que a maioria dos telespectadores da série da HBO já fez isso, e já devem ter percebido que, diferentemente de outras séries como Girls ou Sex and The City (só pra citar produções famosas da mesma emissora), os personagens de Looking não são tão marcados e exagerados em suas características. Talvez pela escolha da abordagem naturalista dos realizadores, ou da estreia recente, descobrir quem é você em Looking é um pouco mais difícil do que se classificar como uma Hanna ou Carrie.

Por ser o personagem mais explorado e até agora o mais carismático, é mais fácil nos identificarmos com Patrick. Nesses três primeiros episódios vimos que o designer de games é uma pessoa que além de estar procurando, está tentando. Mesmo passando sinais trocados é impossível não dar um crédito pro cara, e impossível também não torcer para que ele se dê bem em algum episódio.

Mas na verdade, mais do que truques do acaso, o que joga contra Patrick é ele mesmo. Esse parece ser o ponto de Looking for $220/hour.

O episódio começa com Patrick e seu chefe Kevin trabalhando sozinhos em um domingo no escritório, enquanto a Folson Fair Street, famosa feira americana de contracultura sadomasoquista, rola nos arredores. O contexto dos dois estarem sozinhos no escritório em cima de uma feira de temática sexual, somada à premissa do interesse declarado de Patrick, é muito favorável para um flerte. E é exatamente isso que acontece em algumas da cenas mais sexies de Looking (e olha que até agora já tivemos uma cena de sexo casual de Dom e um início de ménage). Mas nesse episódio, a sensualidade é vestida, e está nas linhas soltinhas do diálogo e nos closes generosos. Kevin provoca Patrick o tempo todo, partindo sempre para o assunto sexual, tomando a feira de pretexto. Patrick se deixa levar, entre o seu desconforto que parece projetadamente fofo e sua vontade de parecer mais ousado. O chefe parece deixar claro em vários momentos que não está contente com alguns aspectos de seu relacionamento. Sugere que seria mais feliz com alguém que entendesse seu trabalho – olhando para Patrick que trabalha no mesmíssimo setor que ele -, reclama que não pode comer fritura em casa e ainda esquece de buscar o namorado no aeroporto – uma deixa de que o dia de trabalho que mais parece um date estava muito interessante para que ele pensasse em outras coisas.

Enquanto Patrick tem uma reunião de trabalho que parece date, Dom chama Lynn, o florista que conheceu na sauna, para um date que na verdade é uma reunião de trabalho. O garçom quer dicas para abrir seu negócio, e quando torna claro sua intenção, Lynn pergunta “ah, então isso aqui não é um date?”. Não, Lynn, não é, porque Dom ainda vai demorar alguns episódios pra entender que ao invés de buscar novinhos no Grindr, deveria investir em você.

Quando Kevin sai pra buscar seu namorado, Patrick acaba descendo pra feira. Não vemos muito a Folson Fair no episódio, mas vemos Patrick  se mostrar incomodado em usar um colete de couro e nenhuma camisa por baixo. Os momentos em que ele tenta fechar a todo custo o colete é a metáfora perfeita de seu personagem: quer se mostrar ousado, mas não supera a própria insegurança. Seria bem mais fácil ele não usar o colete, ou usar uma camisa por baixo para se sentir confortável, mas frente às provocações dos amigos, ele não quer se sentir o certinho – mas no fundo ele é.

Quando Kevin volta pro escritório, retoma o flerte com Patrick e é nesse momento que o protagonista acerta, acho que pela primeira vez na série. Ao convidá-lo pra pedir comida, Kevin deixa ainda mais claro que o real motivo de estar ali não é o trabalho. Podendo escolher continuar com o joguinho com alguém que claramente não está disponível e é de difícil acesso, Patrick decide ir embora e voltar pros seus amigos. A decisão o leva a encontrar Richie em uma boate, e impulsionado pela mesma retidão que o fez cortar o flerte de Kevin, se aproxima do latino e pede desculpas.

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As desculpas dão certo, e é isso que vemos em Looking for the Future, episódio que acompanha um date inteiro de Patrick e Richie. Quem já assistiu ao filme Weekend, do Andrew Haigh, percebeu que o episódio segue a mesma fórmula: mostra um date, e nada mais. Se formos resumir a trama, seria: Patrick e Richie andam, conversam e fazem sexo. A monotonia em relação à ação não quer dizer que o episódio seja ruim. Na verdade, Looking for the Future é um dos melhores episódios da série até agora.

O que é interessante notarmos em Looking é que a série ganha muito pela identificação que causa em quem assiste, principalmente nos fãs gays da série.  Grande parte do motivo desse triunfo deve-se ao fato da produção ter gays escrevendo sobre gays e gays interpretando gays. Recentemente, Jared Letto, que fez uma incrível interpretação de um transexual no filme Clube de Compras Dallas, foi perguntado por uma moça, em um evento, sobre o fato de ele ser hétero interpretando um transsex não mostra que ainda somos preconceituosos. A moça não foi compreendida, e ainda chamada de preconceituosa pelo ator e por sites que noticiaram o ocorrido. O que nem Jared nem a maioria dos sites notou é que a moça tem razão. É claro que personagens gays não devem ser somente interpretados por gays, mas quando pensamos que a maioria desses papéis ainda são dados a atores héteros nos mostra, no mínimo, que ainda há uma grande falta de atores assumidos, o que indica, de quebra, que ainda há muito preconceito no meio.

Fazendo um paralelo mais radical, é como pensarmos nos menestréis da década de 20, atores brancos que pintavam a face para interpretar negros. Dessa maneira, é inegável a importância de uma produção cuja temática seja gay ser assumida. Politicamente falando, é um avanço na representação do homossexual, e em termos do produto em si, o torna mais real. Looking for the Future é um episódio que através da sensibilidade dos closes nas cenas de sexo, e nos detalhes como o banho após o ato e a discussão do “ativo/ passivo” nos traz uma realidade muito fácil de se identificar. Os caras sabem de quem estão falando, sabem a diferença do sexo gay para o hétero, e sem intenções de romantizar, criaram uma das cenas mais delicadas de sexo da HBO, mesmo com certa nudez.

Um date comum, realista – e que mesmo assim causou inveja na maioria que assistiu -, tomou todo o episódio e nos fez pensar que por agora Patrick pode parar de procurar. Podem trazer Dom a Augustín de volta (e Doris claro), mas que nunca levem embora a direção cuidadosa de Andrew Haigh.

 

PS.: Eu não esperava pela referência de Friends. Talvez de Sex and the City, ou Queer as Folk, mas Friends?

Girls – Only Child

Data/Hora 04/02/2014, 19:59. Autor
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É possível que haja algum texto meu defendendo a segunda temporada de Girls como a melhor. Como não estamos nem na metade da terceira, ainda mantenho minha opinião. Algo que justifica essa minha opinião é a construção tão perfeita da personagem de Hanna, que foi destrinchada nos episódios do ano passado, nos permitindo olhar bem fundo para a personagem principal. Sabemos que Hanna é boa escritora, e entendemos seu modo de pensar e de trabalhar graças a segunda temporada. A protagonista de Girls cria situações que julga serem relevantes para a sua escrita, fazendo de si mesma sua cobaia, e com isso justifica ações como fazer sexo com um estranho em sua casa e usar cocaína em uma festa. Tudo vale a pena a fim de criar novas experiências e emoções, que são transformadas em páginas de seu livro.

Se na segunda temporada descobrimos que Hanna realmente tem a alma de escritora, na terceira estamos entendendo o motivo pelo qual ela não faz sucesso. É inegável, nesses cinco primeiros episódios, que o egoísmo da personagem às vezes supera o seu talento. Hanna parece só pensar em si mesma e viver em um mundo que ela mesmo criou, considerando as únicas experiências importantes aquelas que ela provoca em si mesma, em um tipo de egoísmo documental. O que falta em Hanna é empatia, pois ela acha tudo que foge ao seu controle desinteressante. Esse egoísmo faz com que o talento dela seja puramente autobiográfico e, dessa forma, limitado.

Em Only Child, Hanna vai com Adam ao funeral de David, e como vimos no episódio anterior, a morte de seu editor ainda não parece significar nada para ela. Numa situação que poderia ser altamente produtiva para um escritor – um enterro com personagens como um hipster ninfeto e uma viúva que aceitava o marido que “era gay de vez em quando” -, Hanna só se preocupa com a publicação de seu livro. A situação social torna injustificável seu egoísmo artístico, e aqui ela soa apenas como uma babaca.

Em outro momento do episódio, Hanna tenta mediar uma conversa entre Adam e sua irmã, Caroline. Nesse momento, ela claramente está criando uma situação sobre a qual quer escrever. Quando inicia a conversa, pede que Caroline diga que a ama, e depois pede o mesmo para Adam, que responde “por que temos todos que dizer que amamos você?”. Durante o debate, Marnie liga para Hanna para contar que adotou um gatinho na rua que ela precisa ver, e a escritora ignora dizendo que está ocupada. Qualquer um pode ver que Marnie é uma pessoa em crise a ponto de explodir, e Hanna, supostamente sua melhor amiga, ignora a situação, talvez por pensar que Marnie não é um personagem interessante. Ou simplesmente por não prestar atenção mesmo.

A falta de empatia de Hanna a limita como artista. A única pessoa que ela quer alcançar parece ser ela mesma, seu único tema, seu único personagem. Quando Caroline sai do seu controle, na conversa em que Hanna conta não poder mais publicar o livro por conta de ter vendido os direitos para a editora em que David trabalhava, Hanna a expulsa do apartamento. Diz que “no começo a achava engraçada, mas agora ela é irritante”. Na briga, antes de ir embora, Caroline diz que Hanna nunca terá sucesso por conta de não entender o sofrimento das outras pessoas. É esse exatamente o ponto, gritado por uma personagem que tem claros problemas psicológicos, mas que foi a única até agora a conseguir falar a verdade para Hanna.

PS1.: Veremos Caroline outra vez? Espero que sim!

PS2.: Soshanna está voltando ao normal, é isso mesmo?

PS3.: Alguém por favor dê um toque na Marnie, que na busca de atenção se humilha mais em cada episódio.

PS4 (desculpem).: A entrevista da Hanna com a nova editora não foi a cena mais engraçada da temporada até agora? Sou só eu ou essa temporada está mais Judd Apatow do que Lena Dunhan?

Looking – Looking for Uncut e Looking at your Browser History

Data/Hora 04/02/2014, 09:00. Autor
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O segundo episódio de uma série estreante é sempre decisivo. Depois da euforia do piloto, é no seguinte que conhecemos o seu verdadeiro ritmo (já que pilotos tem acontecimentos geralmente mais acelerados), confirmamos as características dos personagens e da direção. No caso de Looking for Uncut, nenhuma surpresa: continuamos com os diálogos soltinhos, a preferência do diretor de arte por verde e Patrick continua com os piores dates do mundo.

No episódio dirigido por Andrew Haigh, Augustín faz a mudança anunciada no episódio anterior, com a ajuda de Patrick e Dom, o que rende um ótimo momento para nos aprofundarmos mais em cada um dos personagens. Há uma clara relação de oposição entre Patrick e Augustín. Amigos de longa data, enquanto o loiro se coloca como mais conservador quando se trata de sexo, o latino o confronta com um pensamento muito liberal. Isso nos faz pensar até que ponto Paddy realmente tem esses tipo de pensamento, ou só o faz para parecer fofo, porque eu consegui ouvir da minha casa vários “ooowns” no momento em que – com uma entonação que faz muito vídeo de gato no Youtube parecer programa de venda de joia – diz que sexo e intimidade são intrínsecos. Ele sabe que pareceu a pessoa mais fofa do mundo falando isso, certo?

Quando Augustín revela sobre sua experiência a três, Paddy fica surpreso, enquanto o amigo discorre sobre a impossibilidade da monogamia. Que atire o primeiro DVD de Sex and the City quem nunca teve esse tipo de conversa com amigos, ou mesmo que nunca pensou sobre.

Já que o tema da conversa é sexo, os amigos perguntam para Patrick se ele já pegou Richie, seu pretendente que conhecemos no piloto. Ele diz que não, já que só se encontraram na boate em que Richie é hostess e que não daria pra fazer nada lá. É claro que Augustín pergunta se o banheiro do lugar não foi uma opção para Patrick, e claro que a resposta dele é não. Patrick vai fazer pegação no mato, mas banheirão já é demais. O próximo tópico é o hipotético prepúcio de Richie. Segundo Augustín, latinos não são circuncidados e, no debate sobre a nacionalidade de Richie, os amigos beiram o racismo ao chamar o cara de cholo. É uma abordagem interessante para a série que, pelo o que vemos até agora, pretende tratar os rapazes gays como rapazes comuns. Piadas que poderiam ser racistas, o que nem foi o caso, também podem surgir em conversas gays, assim como em qualquer tipo de conversa. O humor nem sempre correto dos personagens mostra que o objetivo aqui é mostrar pessoas, não exemplos. Em um dos momentos, Augustín diz: “eu não posso ser racista, eu sou latino”, quando poderíamos esperar por “eu não posso ser racista, eu sou gay”.

Isso nos leva para um ponto polêmico quando se trata de uma série com personagens gays: as pessoas acharem que precisa ser panfletário. Muitos dos comentários negativos em relação a Looking giram em torno do fato dos personagens falarem muito sobre sexo, ou fazerem muito sexo, ou irem a locais em que o sexo é o objetivo. Ora, grande parte da vida adulta é dedicada ao sexo, e não haveria porquê fugir disso ao se retratar personagens homossexuais. Uma ótima qualidade de Andrew Heigh, parte considerável na realização da série, é mostrar os personagens de uma maneira quase documental, soltinha, e bem real. Não é intenção dele, e parece não ser a de Looking, mostrar algum modelo a se seguir, mas sim apresentar personagens que vivem seu próprio estilo de vida e defendem suas próprias visões. Isso quer dizer que veremos gente fumando, bebendo, usando drogas, fazendo sexo, trabalhando, traindo, sendo traído, pegando o metrô (aliás acho ótimo o interesse de Heigh pelo momento do transporte público).

Enquanto Patrick planeja seu encontro com Richie, vemos Dom confrontando Ethan, seu ex, o que levou oito mil dólares dele e que foi um babaca. Na conversa, Ethan se desculpa com Dom, não dá muita oportunidade do cara falar e ainda o faz, mesmo que involuntariamente, pagar pela sua comida que inclui um refresh da Starbucks (que em Looking é sinônimo de frescura mesmo). Dom sai mal do encontro e vai procurar consolo em uma transa de Grindr. O parceiro instantâneo chega no apartamento falando muito, enquanto Dom só quer finalizar seu objetivo sexual. Enquanto a encomenda canta no chuveiro, após o ato, Dom conversa com Doris com uma impessoalidade total sobre o garoto, o que contrasta com o fato dele estar tomando banho em seu apartamento, sinal de intimidade.

Dom não se dá por satisfeito, não em relação ao sexo, mas em relação ao encontro com Ethan. O garçom volta a encontrar o ex e, dessa vez, pede seu dinheiro de volta. Ethan é completamente babaca quanto a isso, o que faz com que Dom perca a cabeça e o chame de drogado na frente dos clientes.  A reação nervosa diz muito sobre o tipo de abordagem de Looking: ao invés de muita articulação, temos respostas imediatas, dinâmicas e cruas.

Em seu date, Patrick claramente tenta embebedar Richie e chegar aos finalmentes (alguém ainda usa essa expressão?). Richie quer ir para outo lugar após o bar, e Patrick logo se apronta a oferecer a sua casa, mas ainda não. O cara leva Paddy para uma boate onde toca Cazwell, e a questão do banheirão soa como desafio para o loiro. Patrick diz que apesar do que os amigos pensam sobre, ele faria sexo no banheiro. Finalmente, consegue levar Richie para a cama e, quando tira sua roupa, fica desapontado em ver que o cara é circuncidado (Patrick, em um momento Hanna de Girls, havia pesquisado na internet sobre pênis circuncidados). A decepção é notada por Richie, e Patrick só piora, tornando evidente a objetificação do amante latino. O hostess pede desculpas, diz que vai embora e que não está procurando a mesma coisa que Patrick. Bom, ao menos Patrick sabe o que ele mesmo está procurando?

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No terceiro episódio, Looking at your Browser History, confirmamos que Patrick tem sérios problemas em dar e perceber sinais. O cara vai a uma festa em um navio para o lançamento de um jogo de seu estúdio com tema naval. Em uma roda, é apresentado a algumas pessoas e revela seu descontentamento com o fato do jogo não disponibilizar personagens femininos, os quais afirma serem os seus preferidos. Ao ser questionado, diz que mulheres são outsiders nos games, assim como os gays são na vida. Se fosse outro seriado, talvez a explicação fosse mais detalhada, mas como já percebemos, Looking aposta mais na identificação do que na argumentação. Certamente, muitos gays que escolhiam a Kitana ao invés do Scorpion, ou a Chun Li ao invés do Ryu, se reconheceram na afirmação de Patrick. O designer bebe demais na festa (o que não é novidade) e coloca sua mira no britânico Kevin. Ao segui-lo, o  vê jogando  videogame sentado em um torpedo e se junta a ele. Dando em cima de um jeito Patrick de fazer – reclamando  do torpedo frio ao sentar e tentando descaradamente perguntar se o cara é gay, mas jurando que está sendo discreto – descobre que sim, Kevin é gay, mas que ele tem namorado. Descobre também que ele é seu novo chefe.

Aconselhado por Owen, seu colega de trabalho, Patrick vai se desculpar com Kevin. O chefe diz estar tudo bem, mas que está mesmo preocupado com o desempenho profissional do funcionário. Kevin viu o histórico de navegação de Patrick e, numa das cenas mais embaraçosas do personagem (vamos fazer um ranking, qualquer dia?), lê sites como Ok Cupid e Manhunt. Pronto, para Kevin, Patrick é um solteiro desesperado que dá em cima de chefes sentados em torpedos e que entra em site de pegação no trabalho.

Continuando a explorar os personagens no trabalho, Dom conta para Doris, em uma estranha aula aeróbica na qual ele é o único homem, que vai abrir um restaurante português. Porém, ao procurar apoio de uma chefe amiga, vê que as coisas não serão fáceis.

Augustín revela também seu descontentamento com o trabalho, não só para seu namorado como para a própria chefe. A artista o questiona sobre a sua própria produção e o demite. Augustín vai comer, porque comer é o que nos resta em um dia ruim, e lá flerta com um loiro que parece um integrante do Kings of Leon. O hispter descobre que o loiro é michê, que se orgulha de seu trabalho e talento, e inclusive pega o cartão dele. Veremos o loiro novamente na série, claro ou com certeza?

Descobrimos que a relação de Patrick e Augustín é realmente forte. Ao invés de ir pra nova casa, o artista demitido vai pro seu antigo apartamento se consolar com o ex roommate. Lá, fumam maconha, pedem comida e Augustín diz que sentiu inveja do orgulho com o qual o michê que conheceu fala de seu trabalho. Reclama que estava preso trabalhando com a antiga chefe, o que para um criativo nunca é bom. É legal ver que a série talvez explore o mercado de trabalho de São Francisco, que atualmente é inspirador para qualquer criativo, com muitas startups bombando e coletivos que atraem todo tipo de gente, desde designers a músicos, que trabalham juntos em projetos em um sistema bem longe do ortodoxo esquema escritório oito horas por dia.

Patrick trabalha em casa enquanto vê o Facebook de Richie. Dom vai relaxar da maneira que parece ser usual: procurando sexo. Dessa vez, o cenário é uma sauna, e é claro que teríamos uma sauna em algum momento em Looking. Dom socializa com um florista um pouco mais velho, que diz que no tempo dele as pessoas conversavam mais. Corroborando a sua teoria, Dom troca algumas frases com ele, mas vai atrás de um pretendente mais novo que se insinuava pra ele. A situação diz mais do que precisaríamos explicar, certo? Veremos o florista novamente, claro ou com certeza?

Looking mostrou nos episódios seguintes ao piloto que é uma série crua, beirando naturalista, com pouca edição, iluminação quase que natural e com diálogos não muito articulados, tudo para ajudar a contar uma história que pretende, antes de ser panfletária, soar casual. Não sei você, mas essas pretensões me agradam mais do que se fosse o contrário.

Girls – Dead Inside

Data/Hora 27/01/2014, 22:37. Autor
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Essa semana tivemos um episódio temático em Girls: Dead Inside foi sobre morte. Na verdade, o episódio escrito a quatro mãos por Lena Dunham e Judd Apatow foi sobre como as personagens lidam com a morte. O estopim da discussão é a morte repentina de David, editor de Hanna. Como a própria diz, “um dia você está num bar usando um app gay e no outro está boiando morto em um lago”. Hanna descobre o fato após esperar o editor para uma reunião que ele nunca aparece por motivos óbvios. O fato é que, como poderíamos esperar da escritora, ela não sente nada. A primeira preocupação de Hanna, para o espanto de Adam, é quem substituirá  David em sua função, e se tudo isso atrapalhará a publicação de seu livro.

Hanna conta o ocorrido para Jessa, que se também se incomoda com a insensibilidade da amiga. A neo hippie acaba lembrando-se de uma amiga que perdeu na época de escola, e quando decide ligar para conhecidos a fim de visitar o túmulo pela primeira vez, acontece um daqueles fatos bizarros de Girls: a menina, na verdade, não está morta. Jessa vai atrás da Walking Dead e descobre a garota bem, com um filho e um marido hipster. Outro momento de confronto com a realidade para a personagem, de conflito entre o que se acredita ser e o que os outros pensam. A amiga explica que fingiu sua morte para Jessa porque queria se afastar de quem considerava ser a culpada por sua vida de vício. É, a amizade tinha das versões nessa história. Jessa fica irritada, é claro, e percebemos que ela não mudou muito depois da rehab: sai da casa da ex-amiga gritando que aquela vida dela, com marido, filho e casa bonita, não iria durar muito. Mas depois de sair, parece ao menos ficar feliz em saber que a amiga está viva.

Quem compartilha com Hanna a mesma apatia em relação a morte é Shoshanna. Em uma conversa com Jessa, diz que também perdeu uma amiga no high school, mas que logo a substituiu no grupo. O que aconteceu com Shosh? A personagem não está fazendo sentido nessa temporada, e começo a achar que ela sofre de problemas cognitivos ou psiquiátricos. Espero que não, que em algum momento a gente descubra que ela passou os esses episódios sob efeito de medicamentos pesados que não serão mais necessários. A personalidade de Soshanna era girly, não idiota.

Uma cena dispensável do episódio é a corrida pelo cemitério de Hanna, Laird e Caroline. Antes de criticar, temos que dar o parabéns para os realizadores por conseguirem reunir um grupo tão bizarro e engraçado. Mas nem toda a bizarrice justifica a infantilidade de brincar de corrida entre  túmulos. Pelo menos a brincadeira rendeu uma ótima interação entre os três, no momento em que Caroline tenta explicar a razão de Adam cobrar uma reação mais sensível de Hanna em relação a morte. Caroline conta uma história sobre uma prima que sofria de uma doença grave, e cujos últimos desejos Adam se empenhou em realizar, e perante ao choro de Laird e a indiferença de Hanna,  confessa ser uma mentira inventada apenas pra testar a reação da cunhada. Mais tarde, quando se encontra com Adam, Hanna conta a mesma história, dessa vez se colocando como prima da enferma imaginária, para justificar sua reação perante a morte de David. É, em Girls um namoro exige que se finja alguns sentimentos, até mesmo quando eles não dizem respeito ao companheiro. O episódio, apesar de fraco, reforçou o processo de autoconhecimento das personagens nessa temporada. Por ser escrito por Judd Apatow, confesso que esperava diálogos mais ágeis e um pouco mais de humor. Valeu pela novamente ótima Gaby Hoffman e pela sempre bem vinda participação de John Glaiser.

PS.: A demissão de Marnie não foi maravilhosa? A personagem está conseguido representar muito bem o desacerto sobre o qual Lena Dunham adora escrever. Ponto para Allison Williams.

Girls – Females only/ Truth or Dare e She Said Ok

Data/Hora 27/01/2014, 09:55. Autor
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Girls me pegou desde o primeiro episódio por identificação. O pulo do gato de Lena Dunhan é conseguir fazer com que situações como consumir crack em um beco de uma festa estranha ou entrar em uma caixa com televisões passando imagens aleatórias em um date com um artista pareçam familiares. É como se tudo isso não só fosse possível, mas que se encaixasse em nossas vidas, mesmo que na verdade nossa semana se resuma em entregar textos nos prazos pra não perder o emprego.

A atriz, produtora, roteirista e diretora de alguns episódios de Girls consegue captar a nossa geração tão bem que mesmo em situações esdrúxulas a gente se vê ali. Lena conhece a geração de que fala: uma geração de perfeccionistas, mas que busca a perfeição imediata. E é exatamente na crítica dessa geração que são construídos os personagens e a terceira temporada, até agora, parece ser  a corroboração disso. Ninguém consegue ser perfeito em Girls, e toda vez que chega perto de algum sucesso, leva uma rasteira. Isso porque estão sempre tentando chegar rápido demais, se cobrando demais, e pensando de menos no que fazem. Estão justamente naquela fase da vida em que só aprendem com os próprios erros, e continuam assim, errando. Dunham construiu antiexemplos e continua insistindo em que nenhum personagem de sua série deva ser admirável.

Na estreia, que contou com episódio duplo, o foco não caiu sobre Hanna, ao contrário da grande totalidade dos episódios da segunda temporada. Tivemos muito de Adam e Jessa, pra começar. O namorado de Hanna tem ganhado muito destaque desde a última temporada e ninguém tem o que reclamar sobre isso. Addam Sackler entrega muito bem o papel e seu personagem é um dos mais interessantes da série, e sem dúvida o personagem masculino mais complexo.

Na primeira cena de Females Only, Adam conversa com Hanna na cafeteria quando é abordado por uma ressentida Natalia, sua ex, acompanhada da amiga loira. A ex abandonada descarrega, sob os incentivos de sua amiga, tudo o que queria falar sobre o cara, como insultos que incluem “seu Neanderthal sociopata viciado em sexo”, e não poupa Hanna ao falar que ela terá um filho com ele, não saberá cuidar e cometerá infanticídio. Na maravilhosa sequência de discussão, que tem o tom típico das brigas das produções de Judd Apatow, excluindo as previsões sobre a maternidade de Hanna, Natalia tem toda a razão. Tudo o que ela fala sobre Adam, apesar do tom de humor devido a ênfase da discussão, é verdade. Esse é um dos pontos dos dois episódios de estreia: personagens são confrontados com a realidade a partir da visão que os outros tem deles. Isso é muito comum em Girls, e muito comum na vida de todo mundo que assiste a produção da HBO. É o nosso famoso choque de realidade.

Adam não gosta dos amigos de Hanna, e descobrimos isso enquanto ela prepara uma social em sua casa. Na verdade, Adam não gosta mesmo é de socializar e isso o torna um namorado perfeito para a egocêntrica personagem de Lena Dunham, que precisa de muita atenção o tempo todo. Na road trip que fazem para buscar Jessa na rehab (da qual Hanna reclama de ser muito comum, de não proporcionar nada para que ela escreva sobre), Shoshanna diz para Adam que é bom para o seu namoro que ele não seja uma pessoa normal, e que só tenha que se ocupar com uma atividade sociável, que é o seu relacionamento. É como se para atender Hanna, fosse necessário não ter mais nenhum problema. E Adam parece não ter, ou melhor, não se preocupar, o que faz o personagem ocupar o papel que cabia a Marnie na primeira temporada: equilibrar o caos emocional apresentado pelos personagens de Girls.

Já Jessa, outro foco dos episódios, encontra-se internada em uma reabilitação da qual é expulsa, após hostilizar vários pacientes, ironizar os problemas de todo mundo, e chegar no ápice de fazer sexo com a personagem lésbica da ótima Danielle Brooks, de Orange is The New Black (que, aliás, foi mal aproveitada nessa curta participação). O problema de Jessa na rehab, e talvez em sua vida em geral, é achar que é muito benevolente ao sempre falar a verdade. Mais agressiva do que empática, a hippie sai “resolvendo” os issues de todo mundo de seu grupo de apoio, disparando coisas como “dizer que seu tio te abusou não e desculpa para se ferrar na vida”. E o que temos é novamente um confronto do que ela acha que é, sincera, com o que as pessoas pensam que ela é, maldosa. A diretora da clínica chega a perguntar para Jessa se ela é uma sociopata. A passagem pela rehab parece fazer com que a personagem pense sobre o que ela considera verdade, e aponta para mudanças em seu comportamento nessa terceira temporada.

Falando em mudanças, é impossível não notar que Soshanna parece outra personagem nessa temporada. Sosh agora divide a semana com dias em que intercala estudos e boate, e acaba dormindo na biblioteca nos dias em que não sai pra dançar. A garota tá pegando todo mundo, pensa que uma mulher não pode ser presidente por conta da TPM e se diverte com sitcoms. Onde está Soshanna que conhecemos e aprendemos a amar? Devolvam o cérebro dela, por favor!

Marnie passa por uma fase pós término com Charlie, que sabemos ser um plotline que não estava nos planos dos roteiristas, mas virou a solução após o pedido de demissão de Christopher Abott (que ainda vive em nossos corações). A personagem interpretada pela linda Allison Williams passou por muitas mudanças que destruíram a sua imagem segura que víamos na primeira temporada. Mais uma vez, Lena Dunham destruindo vidas no seriado. Marnie chora pelos cantos pelo término, está morando com sua mãe e chega atrasada em seu novo trabalho, como barista no café de Ray. Só descidas para ela. Confesso que eu torço muito pela Marnie, que em algum momento da série se tornou tão dependente de seus relacionamentos que dá realmente vontade de passar uns conselhos pra ela, que só pode ter daddy issues pra justificar esse comportamento.

she said

Hanna volta pro foco no segundo episódio (na verdade o terceiro, contando que o primeiro é duplo), She Said Ok. Em seu aniversário estão presentes seu editor (que descobrimos ser gay e cafona), um muito mais bem sucedido Ray – já gerente da rede de café – ,Shoshanna de vestido de couro e nem ligando pro ex, Jessa, Marnie querendo cantar, os pais de Hanna, Adam, e sua irmã, personagem que nos é apresentada nesse episódio, interpretada por Gaby Hoffman. A ótima atriz faz o mesmíssimo papel que ela interpretou em Crystal Fairy and the Magical Cactus, produção encabeçada por Michael Cera, mas funcionou na série tão bem quanto funcionou no filme. A personagem é a deixa pra conhecermos um pouco mais de Adam, que finalmente apresentou um issue familiar: odeia a inconsequente irmã.

Girls voltou com muito mais fôlego do que apresentava na segunda temporada. A série, nos três primeiros episódios, explorou de maneira mais equilibrada os personagens sem parecer que tudo se trata de Hanna. A desconstrução da identidade e a crítica ao perfeccionismo e ao imediatismo está mais direta, mais ácida, mostrando que Lena Dunham ainda conhece a geração para quem ela fala e ainda sabe muito bem como fazê-lo.

Primeiras Impressões – Looking

Data/Hora 21/01/2014, 21:07. Autor
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Eu consegui prever algumas críticas em relação à primeira cena do episódio piloto de Looking, nova série da HBO (que, mantendo a recente e bem sucedida estratégia da emissora, estreou por aqui no mesmo dia que foi ao ar nos EUA). Li alguns comentários no Facebook que questionavam a escolha dos realizadores de nos apresentar o primeiro personagem da série procurando sexo no parque, com aquela velha questão de “todo personagem gay deve ser ligado à busca por sexo?”. Na verdade, a superficialidade e promiscuidade que a cena poderia associar aos gays é uma grande metáfora do tema da série. Em meio a arbustos, Patrick (interpretado pelo ator assumidamente gay Jonathan Groff) encontra um possível parceiro sexual, que não perde tempo perguntando seu nome e já inicia os trabalhos abrindo seu zíper. Ignorando reclamações como “que mãos geladas” e o anseio por apresentações ou qualquer tipo de informação, o barbudo só quer sexo fácil, enquanto Patrick parece tão desconfortável como um sapato da Lady Gaga. Quando seu telefone toca, ele desculpas e se afasta rapidamente do barbudo sem nome pra atender, quando derruba seu celular em um monte de camisinhas usadas. A inospitalidade do parque, o tratamento fast food do barbudo sem nome, o celular associado a sexo derrubado na camisinha, tudo parece ambientar o que esperamos ver no mundo gay construído por Michael Lannan para Looking.

A temática não é desconhecida para o showrunner, que já esteve envolvido na produção Interior: Leather Bar, com James Franco, atuando e produzindo. No crew do seriado, roteiristas como Andrew Haigh, responsável pelo romance gay Weekend, mostram que a universo homossexual não é novidade para os realizadores de Looking.

Quando Patrick se encontra com Dom (Murray Bartlett) e Augustín (Frankie Alvarez) percebemos um pouco mais qual será o tom da série. O loiro reclama que o barbudo nem era do tipo hispter, e revela que a busca no parque foi motivada por uma brincadeira após ter ido comprar maconha com amigos. Só vamos lembrar que os próprios realizadores do seriado são barbudos hipsters, então saberemos onde estamos pisando.

Na cena da socialização percebemos que se trata de um grupo de amigos bem típico, hermético, com piadas internas e  referências nem sempre fáceis de compreender pra quem está de fora. Os diálogos são mais soltinhos do que bem construídos, se parecendo com improvisos, que em conjunto com a handcam criam uma descontração na série.  Essa descontração é quebrada pela fotografia sóbria , que utiliza tons verdes e pastéis e uma edição bem leve, sem cortes bruscos.

Como é característico em pilotos, vamos sendo apresentados aos demais personagens e suas storylines. Dom é o mais velho do grupo, e mostra que já não ostenta tanta energia para a pegação. Depois do toco que leva de um garçom mais jovem, contrariando os conselhos de sua roommate, liga pro seu ex, aparentemente um canalha que está se dando bem no ramo imobiliário, informação que Dom tem após stalkear seu Facebook.

Augustín, roommate de Patrick, está prestes a se mudar com seu namorado. Trabalhando como assistente de artista, acaba envolvendo seu novo e hispter colega de trabalho em um ménage, o que o leva a perguntar pro namorado “somos agora esse tipo de casal?”.

Entre os personagens de Looking o sarcasmo é muito bem vindo, ao contrário do politicamente correto. Em uma conversa entre Dom e Doris, sua roommate que descobrimos ser enfermeira, eles divagam sobre como evoluíram desde que eram rednecks, aquele tipo caipira que todo mundo que gosta da Honey Boo Boo conhece muito bem. Fazem piada com um bebê que está sob os cuidados de Doris e que tem uma doença cardíaca, com comentários que poderiam ser ditos pelo Dr. House.

Outro ponto alto do episódio foi o date entre Patrick e o médico que ele conhece no Ok Cupid. Aqui ficamos sabendo que apesar de procurar sexo no parque, o personagem de Jonathan Groff não é um tipo que caça no Grindr ou no Manhunt, mas que faz perfil no Ok Cupid, ou seja, quer coisa séria. O date de Patrick é um oncologista que faz perguntas como se fosse um funcionário de RH se dirigindo a um candidato de emprego. O desconforto de Patrick é afogado em taças de drink (e aqui eu descubro uma identificação). Em poucos minutos vemos o cara afundando cada vez mais no encontro, até mencionando que saiu pra caçar no parque, e paramos por um instante pra pensar em que tipo de gente menciona isso em um encontro. O médico dispensa Patrick dizendo que são incompatíveis e joga a última pá sobre o date com esse processo que é o bem-me-quer-mal-me-quer dos tempos modernos: a divisão da conta. Quem presta atenção em quantos drinks o parceiro bebeu pra dividir certinho a conta não merece o segundo encontro, e assim o faz o oncologista.

A noite de Patrick é mais bookada do que a Cara deLevingne e ele ainda tem a despedida de solteiro do seu ex. Novamente: que tipo de pessoa vai na despedida de solteiro do seu ex? Na verdade na metade da pergunta eu já tinha a resposta: eu iria, quase todo mundo iria. É daquelas situações que sabemos ser mais programa de índio do que ir ao Rock in Rio mas a falta remete ao recalque, então a presença é obrigatória. No metrô, recebe flertes bem diretos de um desconhecido, para o qual se apresenta utilizando o cartão de visitas do oncologista. Patrick claramente não acha Richie, o saidinho do metrô que é hostess e cabelereiro, interessante. Ignora cantadas e segue.

Já na despedida, descobrimos que Dom já pegou Patrick, e olha só, isso é muito comum em grupos de amigos gays, mais do que em héteros (por motivos óbvios que não tem a ver com promiscuidade).

Depois de dois programas nada interessantes, a noite não termina por aí. Patrick resolve ir até a boate em que Richie trabalha, e os sorrisinhos trocados entre os dois mostra que ainda há esperança de não passar a madrugada sozinho.

Looking parece ser uma série de diálogos rápidos, referências nem sempre claras, e que diz muito mais do que aparenta. Na verdade, essa superficialidade aparente pode ser vista como uma grande crítica a visão que o senso comum tem do mundo homossexual. Vimos no piloto sexo, drogas e piadas politicamente incorretas, elementos que enumerados fora do contexto podem parecer simplesmente depreciativos, mas que na série são mostrados de maneira tão natural e significativa que não chega a gerar polêmica. Esperamos que Michael Lannan siga com esse tom delicado e ao mesmo tempo cru, que construiu um mundo gay bem longe do estereotipado que estamos acostumados a ver.

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