Revenge – Endurence

Data/Hora 16/01/2014, 14:41. Autor
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Quando Revenge começou, há três anos atrás, os realizadores deixaram bem claro pra gente que se tratava de uma história de vingança, não de perdão. No decorrer da série entendemos que era uma trama movida pelo ódio, e que não havia espaço para demagogias nem heroísmos. Emily não é uma vigilante justiceira, é uma pessoa em busca de vingança pessoal. É claro que destruir os Grayson também pode ser um bem maior, já que eles passam por cima de qualquer um que estiver em seu caminho e já prejudicaram mais gente do que os Clarke, mas essa não seria a causa, mas sim a consequência da vendeta.

Escrever uma história baseada em ódio quando a base mais comum dos arcos narrativos é o amor pode ser arriscado, e precisa ser constantemente justificado. E a série cuidou disso ao longo das temporadas, mostrando que mesmo com motivações opostas, uma história de ódio e amor são muito parecidas. Para chegar a realização do sentimento, o protagonista enfrenta barreiras externas, antagonistas, e indecisões e fraquezas internas. É necessário um preparo para se viver o sentimento, pra aprender a domá-lo e usá-lo ao seu favor, que que prevê um crescimento do personagem. Tudo isso vimos em Revenge. Emily cresceu com a vingança, amadureceu seu ódio, que passou de uma revolta adolescente para um sentimento determinado, com disciplina japonesa.

Da mesma maneira, todos os relacionamentos em Revenge são baseados no ódio. A amizade mais sincera da série, entre Nolan e Emily, tem o seu ponto comum justamente na vingança. Ninguém pode negar que Emily ame o amigo hacker, mas ela já deixou claro inúmeras vezes que passaria por cima desse sentimento por conta de seu objetivo final. O mesmo acontece com seu amor velado por Jack. A loira abriu mão dele pra melhor amiga em nome da vingança, e continua deixando ele longe enquanto não terminar o serviço. Mesmo um suposto final feliz entre eles continuará significando que Jack vem depois dos Grayson. E exatamente por isso é explicável a forte – pelo menos até esse episódio – relação de Emily e Aiden, seu único amor que poderia fazer parte da consumação de seu ódio. Mas nem ele, como vimos, está acima da vingança: quando a situação aperta e é preciso foco, Aiden é dispensado.

Endurence é um episódio de afirmação de que Revenge é uma história sobre o ódio. Em um dos diálogos, Emily deixa bem claro: ela diz que o ódio é como o amor, não se pode fugir dele, deve aceitá-lo, realizá-lo. Os motivos que nutrem esse sentimento são tão justificáveis como os que nutrem uma paixão, e envolve tantas pessoas e relações como uma grande história de amor faria.

No episódio, a protagonista enfrenta fortes barreiras em seu plano. Emily foi baleada por Daniel, desapareceu no mar, perdeu a memória, recuperou a memória, foi internada e depois posta como uma refém na mansão de quem responde agora por sua família. É aquele momento da história pra todo protagonista onde tudo parece perdido, e é assim que Emily se sente: derrotada.

A situação a faz decidir desistir de tudo. Mesmo quando a agente Niko, infiltrada na mansão como sua enfermeira, descobre que Victoria sabe sobre a caixa que guarda os segredos sobre sua identidade, Emily pede que a deixe roubar. O que ela quer é abortar o plano e terminar sua estadia nos Hamptons. Assim, quem decide tomar a frente do roubo da caixa é Patrick, que seduz Nolan para que o milionário o leve para sua casa. Ao tentar embebedá-lo e descobrir que Nolan só bebera água já pressentindo a armação, Patrick desmaia o ex-namorado com um golpe e rouba a caixa.

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Vamos parar um pouco aqui e analisar Patrick. O cara chegou em Hamptons e já cometeu três crimes, que incluem tentativa de assassinato, estelionato e agora agressão seguida de roubo. Tudo isso pra quê? Por um suposto amor que sente pela mãe que o abandonou em um orfanato, e para saber a real história de seu nascimento. Ora, o que tem mais pra se contar nessa história, senão que Vic decidiu ir estudar na França ao invés de ser uma teenage mom? As motivações de Patrick são muito fracas, assim como todo o personagem e seu intérprete, o que me faz pensar que ele só foi incluído na série pra tapar um buraco da segunda temporada, que introduziu a história do bastardo, e agora serve como capanga de Victoria e pra aparecer sem camisa aleatoriamente.

Paralelo ao que vemos na mansão de Nolan, na residência dos Grayson, Victoria dá a notícia de que Emily não poderá mais ter filhos depois de ter sido baleada por Daniel. Aqui temos uma jogada inteligente dos roteiristas: Emily precisava de um estímulo depois da derrota, e com esse fato seu ódio é reacendido. Em um ataque de fúria, quebra pratos e bandeja, e vemos ali a personagem encontrando sua razão novamente. Eu gosto da Emily Vancamp, mas tenho que admitir que seu trabalho em Revenge, em termos de atuação, nunca foi difícil. A personagem cínica que troca sorrisos com cantos de maldição está presente desde o primeiro episódio, sem muita variação. Nessa temporada, porém, a atriz está tendo espaço pra crescer, já que a Emily, a Thorne, foi surpreendida, humilhada, sentiu raiva, mais ódio, sofreu e se desesperou. Ponto pra Vancamp, que tem mostrado que segura, assim como fez na cena da descoberta de sua condição médica. O fato de Emily não poder mais ser mãe, além de colocar a personagem de volta ao jogo, também serviu para incluir o único Grayson que ainda passeava entre a vilania e o bom-caratismo, Daniel, que pra mim nunca foi mais do que um sonso. Agora Emily já pode incluí-lo também em sua agenda, já que o cara dissimula e mata, assim como seus pais.

Descobrimos então que o roubo da caixa estava previsto por Nolan e Emily. O amigo trocou as informações relativas ao seu passado por outras que a faziam passar como uma golpista em busca de um sobrenome privilegiado, e para Victoria e Daniel, é o que ela é agora. Para selar que o plano segue em frente, Emily convoca a imprensa e diz que quem atirou nela foi Lydia. Afirma para a sogra e o marido que o fez por amor, e que quer continuar esposa de Daniel. Em uma das cenas mais cínicas da série, os três personagens decidem que o casamento se manterá, e sob os protestos de Daniel, Victoria diz que se ela aguentou mais de vinte anos de um casamento sem amor, ele também aguentará. É como se falasse para o filho “você não quer cometer crimes como um Grayson, então também terá que manter uma vida privada como um Grayson”.

Endurence foi um dos episódios mais bem amarrados da série, e está com certeza entre os melhores. A essência da série, como podemos ver, ainda está intacta, apesar das mudanças do caminho.

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  1. BrunoGama - 16/01/2014

    Excelente! Arrasando como sempre!!

  2. Martin - 17/01/2014

    Um detalhe… o sobrenome é Grayson e não Greyson

  3. Itachi Uchiha - 18/06/2014

    Verdade Jovem

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