TeleSéries
Review: Californication – The Whore of Babylon
27/11/2007, 09:30. Osório Coelho
Reviews
Californication
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Série: Californication
Episódio: The Whore of Babylon
Temporada: 1ª
Número do episódio: 3
Data de exibição nos EUA: 27/8/2006
Data de exibição no Brasil: 20/11/2007
Emissora no Brasil: Warner
Johnny Cash, perto de sua morte, apropriou-se da música Hurt, de Trent Reznor e, ao subvertê-la, acabou criando um manifesto a favor do amor, onde expiando todos os seus demônios, sente terrivelmente a falta de sua esposa, por quem nutria um amor e respeito imensos e que tinha morrido há pouco tempo. Logo em seguida, dilacerado pela saudade, Cash também morreu. Perdão, misericórdia, compaixão, todas estas palavras podem igualmente trazer uma certa esperança a Hank que, ao final do episódio, experimenta sensações tão divergentes quanto conforto e desespero.
No final do episódio, ao contrário do que muitos podem ter inferido, me trouxe uma sensação incômoda, amplificada pelo fato de que as tomadas ao pôr-do-sol sugeriram uma possível redenção de Hank, ou uma esperança de reconciliação com sua ex-companheira. O aspecto onírico dessa última seqüência remeteu-me às viagens Lynchnianas, mais especificamente a filmes como Cidade dos Sonhos e A Estrada Perdida ou Twin Peaks. Nada era da forma como aparentava ser. Sonho e realidade se confundiam, assim como a expiação de Hank, que está longe de se consumar.
Remissão foi um assunto recorrente no episódio: a mulher que foi desprezada no início da série, a nova conexão com sua família e as pazes com Bill, bem ao seu estilo adolescente de ser.
Cat Stevens foi um cantor que, de acordo com suas crenças, resolveu se redimir abraçando o islamismo após quase morrer afogado. Sua remissão, portanto, envolve uma situação na qual ele abriu mão de tudo o que havia conquistado em prol de uma religião que, a seus olhos, o salvou da morte certa. Com isso, Yusuf Islam – seu novo nome -, ao contrário de Hank, se torna um homem com novos valores. O paralelo está estabelecido, já que seus valores corrompidos precisam ser trabalhados em sua vida, seja na forma do ciúme que corrói seu organismo, seja na forma do desprezo que sente pela adaptação cinematográfica de seu livro, seja pela inveja que ele sente de Bill, por ter dado a Karen algo que ele nunca conseguiu: tranqüilidade, mesmo que a tênue linha entre o que é proibido e excitante continue a assombrá-la. Hank precisa encontrar a sua própria “Peace Train”, música de Cat Stevens citada no episódio. Ele precisa abrir mão de seu passado para vislumbrar algum futuro, e reencontrar sua prosa. Ele é a própria definição dos novos tempos em que vivemos. Uma sociedade que olha apenas para o seu umbigo, e depois, arrependida, tenta encontrar formas de se readaptar no sistema que o consumiu. A autofagia dos novos tempos. Hank é o próprio de Zeitgeist – Espírito do Tempo.
É sintomática a frase-símbolo utilizada por Hank no episódio:
Should I Stay or Should I Rock the Casbah?
Ele cita duas músicas de uma das melhores bandas de todos os tempos, o The Clash. Ele, à menor tentativa de iniciar um relacionamento, tenta redimir-se e descobre que sua nova namorada (?) pode significar um alento e uma nova esperança, contornando o mosaico de sentimentos em que sua vida tinha sido jogada.
Hank deve ficar? Deve continuar se enganando? Ou ele finalmente vai “rock the casbah?”.
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Osório,
Adoro review assim, analítica, opinativa. Acho que é muito mais difícil de fazer do que aquelas do tipo resumão, pois o autor corre mais risco. Mas também dá mais chance de interação com o leitor/fã da série. Como não vi o episódio em questão, não posso opinar. Mas no todo, pelo o que vi da série até agora, é uma análise muito válida. Além do mais, com este tipo de review, por causa das citações, se aprende muito mais .
Também adorei a review. Era mesmo necessário alguém “desentranhar” a complexidade da história e as referências não muito explícitas para o público brasileiro (tenho ouvido opiniões tão pobres a respeito da série… por exemplo, “é muito apelativa”, e coisas do gênero). Osório transpos a série para um patamar mais elevado, no qual ela merece estar.
Osório,
Parabéns pelo review. Não assisto o seriado, mas ao passar os olho se ver menção ao meu amado Cash não pude fugir da leitura.
Si
Quer review ducacete velho!
Que review ducacete velho!
Parabéns!
Si,
se vc ler a review do osorio vai perceber o erro que esta cometendo.
ahh, e antes q vc diga, eus ei, sou chato pra caramba.rsrs
mas c sabe q t adoro. bjaum
ahh, Osorio, sua review está otima, eu n sei se Paulo vai gostar q eu diga isso aqui, mas vou dizer mesmo assim, quando ele tava procurando alguem pra escrever pra série, eu insisti que ele pegasse alguém q entendesse o espirito de californication, ele ate mostrou para o grupo duas reviews, e eu pelo menos achei q eles nao tinham captado a série. e vc conseguiu, vc definiu Hank como eu defino, Hank é a pessoa dos mundos atuais, eu me assusto ao ver que os erros que Hank comete, eu cometo ou posso vir a cometer, e depois como vc mesmo disse, procuro a redenção, a melhora como pessoa, enfim, procuro algum lugar que me pertença
Por insisto pra Si assistir a série, um retrato da atualidade, um homem perdido, que no fundo quer se encontrar, Paulo falou na review passada que a série é careta, mas na verdade Paulo, todos somos, acho que menos os politicos e quem trabalha na policia, de A a Z conheço inumeras pessoas que fazem coisas iguais a Hank, ou pior, mas no fundo quer ter uma familia, alguem q ame, um emprego estabilizado, é estranho, mas é bem isso q acontece
por fim, lembrando da polemica do Red Hot, Osorio deixou claro que a Californication faz mais referências do que qualquer série do Josh Scwharts, a questão aqui é que essas referências serve para entender o personagem, ou o momento que ele passa ou passou, por isso acho ridiculo o RCHP pensar que a série quis ir no sucesso deles, porque nao tem nada a ver, e o lance de chamar de Dani California, é apenas mais uma referência entre tantas.
bom, é isso, abraços!
Pessoal, brigadão. A série tem um apelo pop muito grande, e uma abordagem que explicite esses elementos acaba trazendo uma nova visão. Nunca gostei mesmo do review resumão que você citou, Rô. Coloco a cara no ringue, mas o debate, em compensação, fica mais aberto.
Puxa, Californication está rendendo reflexões da mais alta qualidade! Não só a review do Osório está excelente como também o comentário do Paulo Fiaes acrescenta muito. Que continuem assim!
E por falar em redenção, reviews como a do Osório redimem séries como Californication!
realmente ótimo review pra um ótimo episódio!!!
e o Fiaes falou bem quando rolaram os textos no grupo, todos eram mto bons, mas faltava um algo mais…e acho que vc encontrou esse algo mais da série mto bem osório 😉
parabens
Parabéns pelo review – uma série que cita Clash jamais sequer olharia para RHCP. Infelizmente o seu texto não chama a atenção para a série: como a Bianca disse, alguns comentários continuam simplórios. Que fiquem com Babylon 5!
Espero que entendam que eu gostaria de falar o que eu acho da série, mesmo que seja diferente da opinião do resto do povo que comentou no review.
Eu acho Californication superestimada demais, não que ela seja ruim ou coisa parecida, eu assisto e gosto, mas só não acho tudo isso. Ela é mais novelão que Ugly Betty, mas consegue disfarçar bem na maioria do tempo. O próximo tem uma das cenas mais constrangedoras que vi em seriados esse ano.
Fiaes,
interessante o seu ponto de vista. Vejo o Hank como um cara que até certo ponto careta mesmo, como vc falou depois, que fica perplexo em como o mundo está, mas vai levando a vida e aproveitando as oportunidades. Fica perplexo com as pessoas, com as garotas da California, mas se uma delas der mole ele aproveita a chance. E vai seguindo a vida.
Temos em Hank um personagem muito interessante e só.
Anderson,
não é uma questão de aclamar isso ou aquilo, eu diria que é apenas um ponto de vista. Achar Heroes mediana demais para tanta vangloria de seus assíduos
fãs, e ainda vibrar com alguns bons episódios, é perceber que não se mantêm uma família unida a vida inteira.
Ahh,
Osório /o\
eu gostaria de saber sua opinião Olga, o que acha da série, qual a sensação que o episódio te dá? e Anderson, nisso concordo com vc, de longe, Hank é o personagem mais desenvolvido da série, os outros são bons coadjuvantes, mas poderiam ser melhores. ahh. a filha de Hank também é um excelente personagem. e como ja disse outras vezes, californication é pra mim nessa temporada o que Dexter foi na passada.
Tô prá dizer que a análise do Osório tá 1 ou 2 níveis acima do que a série é. São poucos os momentos em que Californication permite tais reflexões. Lembro que teve uns 2 ou 3 episódios (pois já assisti essa 1a. temporada) que eu disse: Uau! Os caras (criadores) são fodões! Quem é esse coitado que ainda tenta se enxaixar em padrões pré-fixados. A própria idéia de família perfeita do Hank parece que não é possível nos dias de hoje, principalmente na Califa. É claro que a culpa de dar errado parece ser dele. Mas será? Mas aí a série se perde. Ficaram na superficialidade. As transas de Hank é retrato bizarro da vidinha burra que ele leva. Chega a ser deprê. Até a noção de amor dele é distorcida. Se esse era o objetivo, mostrar um “outsider” então os caras são demais. Hank não tem o talento de House, de fazer todos ao seu redor ceder aos seus caprichos, mas é tão infeliz quanto. Tomara que Hank amadureça, e a série também. E que nós possamos tirar algum proveito disso.
Estou adorando esta série.E na verdade eu sinto uma certa pena do Hank pega todas e no final das contas é um solitário.E concordo com o Paulo. O Hank é um cara perdido que quer se encontrar.
E gente achei hilária aquela cena do Hank pegando o cachorro.O dog olhando o casal transando foi demais.E Osório execelente review.
“As transas de Hank é retrato bizarro da vidinha burra que ele leva. Chega a ser deprê. Até a noção de amor dele é distorcida. Se esse era o objetivo, mostrar um “outsider” então os caras são demais”
sempre achei que fosse esse o objetivo da série, tanto que as transas no começo eram ‘legais’ depois até o mais tarado começa a ver o lado deprê e que elas eram mais uma fuga do qq qualquer coisa já que ele não conseguia ser feliz do jeito que ele queria…
Vc escreve muito bem, Osório!!!Parabéns mesmo!!!
Quanto ao Hank, é uma pessoa extremamente humana que assim como cada um de nós está procurando o seu lugar no mundo.É uma pessoa que tem os mesmos desejos que a maioria de nós temos.E apesar da vida desregrada, o cara só quer uma família no modelo mais tradicional possível.E o interessante é justamente o fato de ele não ter se dado conta disso até que a perdeu.Mais um clichê enorme…Mas a nossa vida não é um amontoado de clichês???
E eu acho que é essa simplicidade da personagem que me encantou.Ele é só um cara que perdeu tudo e que ao se dar conta disso se desespera e chuta o pau da barraca.E não vejo nada de mal no fato da série ser simples.Pois o interessante é como ela é desenvolvida e o que ela desperta na gente. E definitivamente, o Hank desperta algo e mim. Eu compreendo o desespero dele e torço por ele.Isso é o bastante pra eu gostar de Californication.
O problema é que a série foi vendida como sendo polêmica e é jutamente o que ela não é(apenas a cena inicial foi, na minha opinião).Mas a verdade é que é uma série comum e se as pessoas assistirem tendo isso em mente não se decepcionarão, com certeza.
E eu gosto do fato de ele ser escritor,pois as histórias ganham uma dimensão dramática infinitamente maior do que se ele fosse sei lá…um contador, por exemplo.Pois o grande lance do escritor é o sentimento, a criatividade,a experienciação…e isso torna a personagem do Duchovny muito rico.
Will,
entendo totalmente o que fala, nem reclamo das pessoas que gostam, conheço muitas que adoram a série, um deles é o Fiaes que é um dos mais intusiastas da sseriado. Mas como disse, nem todos gostam de tudo igualmente. Só tenho essa opinião sobre a série e achei legal o debate aqui e resolvi por meu ponto e gostei de ninguém a ter enxergado de um modo errado.
E ano que vem, estarei eu assistindo a segunda temporada da série, mesmo com tantas reclamações que fiz.
A discussão está boa, mas gostaria que todos atentassem para o fato de que Hank é uma pessoa completamente desapegada dos bens materiais. Eu vou desenvolver um pouco mais este assunto no próximo texto, mas os sinais estão todos nos episódios. E, por favor, escutem Johnny Cash e sua série “American Recordings”. Abraços a todos.
Eu não gosto de Californication, Paulo mas gostei muito da review do Osório e também da sua análise. Sei do que trata a série e vejo as chamadas dos episódios mas a premissa não me atraiu em nenhum momento. Mas bons textos valem a pena ser lidos por si só e o review do Osório independe de Californication.
Olga
lembrei agora que vc e Si e foram contra a ideia do seriado, eu entendo e respeito seu ponto de vista. eu só insisto para vocês duas assistirem porque debaixo dessa premissa suja, até nojenta para alguns, existe uma das mais belas historias de auto conhecimento que eu ja vi recentemente. como Anderson Vidoni disse, eu sou um dos mais entusiasmado pela série, e se você conseguir vê-la da forma que eu vejo, você vai adorar tb.
Anderson,
eu ja estava gostando de Californication, quando descobri que era de Tom Kapinos(acho que é assim que escreve), o mesmo que colaborou com Dawson’s, eu meio que entendi um dos motivos de gostar tanto da série, tem alguns dialogos na série que é Dawson’s creek, eu falei até com Eric, a filha de Kank tem umas falas que são geniais e nunca que uma guria de 13 anos falaria daquela maneira. enfim, realmente me tornei fã da série.
Osório,
tira uma duvida minha, são 4 cd’s dessa série “american recordings” ? se eu nao estiver trocando os nomes, eu tenho 2 cd’s, incluindo o que tem a musica Hurt, que é sensacional.
Paulo, na verdade são 5. Um foi lançado após sua morte. Mas, se você quiser entrar de cabeça mesmo, tem que ter a box-set “Unhearted”, com 5(!!) discos. Covers, hinos evangélicos e a SENSACIONAL versão de “Redemption Song” junto com Joe Strummer (The Clash). Eu tenho e recomendo.