TeleSéries
Review: Californication – Hell-a Woman
24/11/2007, 10:00. Osório Coelho
Reviews
Californication
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Série: Californication
Episódio: Hell-a Woman
Temporada: 1ª
Número do episódio: 2
Data de exibição nos EUA: 20/8/2006
Data de exibição no Brasil: 13/11/2007
Emissora no Brasil: Warner
Uma das grandes vantagens de Californication é não tratar a cidade de Los Angeles como uma parte essencial da série, já que a estatura mítica da cidade, que abrange sua conhecida vocação democrata e libertária, poderia tirar o foco dos relacionamentos destrutivos e niilistas de Hank, já captados por sua filha, que, em uma surpreendente visão acerca da obra literária de seu pai, estabelece toda a conexão que perpassa a série: enquanto o exterior mostra um adulto que parece não ter crescido, sua personalidade se mostra muito mais complexa do que realmente aparenta. Vamos contextualizar.
Quando foi revelado que ele conheceu sua ex-companheira no lendário CBGB, palco do nascimento do punk, com os Ramones, do art-rock , com o Television e o Talking Heads, e de toda visão de cidade-símbolo do rock underground, simbolizada pelas sessões de leituras de poemas com a musa proto-punk Patti Smith, podemos remeter a história ao final dos anos 80 e início dos 90, visto que Rebecca, a filha dos dois, não deve ter mais que uns 14 anos de idade. Foi uma época esquisita, regada a quilos de cocaína e ectasy, certamente inspirados na crescente cena “Madchester” da Inglaterra, que não contribuiu em nada para o fortalecimento da relação entre Hank e Karen, filhos desse cenário hedonista.
Podemos definir, portanto, o resultado dessa – presumível – loucura, como um relacionamento que poderia dar certo se as metas comuns fossem estabelecidas como uma parceria, afinal a vida de um escritor de talento, mas com uma visão particularmente egoísta em relação à vida, não é das mais estáveis. Ainda mais com uma filha nova.
O interessante relacionamento entre pai e filha é assentado em uma admiração mútua, onde o pai, longe de fazer proselitismos, tenta se inserir na vida da filha de uma maneira torta: assombrando a vida da mãe e trazendo o caos à nova família, seja na forma de demonstrações atrapalhadas do seu amor pela mãe, ou se esforçando em arruinar seu novo relacionamento com Bill, que, diferentemente de Hank, traz estabilidade e monotonia na mesma proporção. Não me parece ser isso o que Karen procura, ficando explícito quando confrontada pela namorada do agente de Hank e pelas lembranças nada sutis de Chris Cornell, ex-vocalista do Soundgarden e do Audioslave e das ligações de Steven Soderbergh, diretor de Traffic, Onze Homens e Um Segredo e Gray’s Anatomy (??).
As referências pop vão se acumulando, trazendo à tona algo de metalinguagem, quando a sensacional banda Eagles of Death Metal é citada, e “confundida” no nome com os Eagles, aqueles do Hotel California, e na citação a “Dani California”, música dos Red Hot Chilli Peppers, compositores da própria “Californication”.
O sexo é tratado de uma forma esquisita já que, ao exemplo de Paul Auster nos seus livros “Leviatã” e “O Livro das Ilusões”, sempre redunda em confusões, ou seja, há um preço a ser pago. Uma criança que chora, uma rodada de vômitos, a filha que quase se perde em uma festa e o olho roxo. O sexo, ao contrário do que muita gente imaginava, acaba sendo mostrado de uma forma conservadora, o que me surpreendeu. Nas entrelinhas, a série acaba se mostrando familiar e careta. De uma forma estranha, mas quem disse que a vida de Hank é normal?
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Gostei da interpretação e do texto Osório. Californication realmente é uma série estranha. Acho difícil captar todas as mensagens que ela passa, principalmente porquê ela tem referências que são completamente fora do meu universo.
Osório, tocaste no ponto. A verdade é que mesmo com os melões da Paula Marshall, piadinhas com vômito e tal, Californication está se saindo bem moralista. Na verdade a maioria destes dramas adultos acabam sendo – o exemplo clássico é Sex and the City, que terminou com todas as mulheres bem casadas.
Eu estou achando Californication divertida, mas frustrante.
Não há nada de transgressora nela. Weeds é muito mais autêntica neste ponto.
Osório,
Adoro a série, mas seus textos conseguem ser ainda melhores – falar do nascimento da New Wave americana e da Madchester é para poucos, até deu vontade de escutar Stones Roses e Happy Mondays, rs… Ah, ao falar do CBGB, Blondie é obrigatório!
Discordo do Paulo, para variar. Weeds é pretensamente transgressora, no final das contas é muito hype para uma série apenas mediana.
Weeds parei no piloto
e foi isso q eu tanto tentei insistir para alguns assistir a série, quem ver Californication pensa logo que é baixaria e bla bla bla, mas na verdade, a série é sobre um homem tentando se encontrar
abraços
Bom, legal e talz.. mas muito “acadêmico.” Simplificar seria uma boa.
CARA, finalmente alguém pensa como eu!!! A série até tem seu charme, mas é BASTANTE CARETA. É até meio moralista. Só não vou me explicar mais porque tem gente assistindo pela primeira vez. E eu não quero estragar. Insisto, o que salva é aquele “corpinho” do Duchovny.
Osório, teu texto não é pra iniciados. Ótimo. Tem que conhecer um pouquinho mais das coisas. Até da vida. Mas adorei saber que tu trata o Hank como um adultescente. Ele é mesmo.
A única esperança que tenho com Californication é que Hank é realmente um “loser” (ou um cara normal), mas a sociedade americana não perdoa isso. Parabéns pelo texto.
Muito o seu texto.Eu adoro a relação de pai e filha do Hank com a filha.Ah! e eu me amarro nela.
“… quando a sensacional banda Eagles of Death Metal é citada”
Não preciso falar mais nada.
É uma pena que vou perder o show deles na quarta!
Corrigindo:Eu adoro a relação do Hank com a filha.
Muito especial.
Marco, sim Blondie é uma banda obrigatória, mas eu acho que o rótulo da New Wave (não em relação ao próprio Blondie) é meio limitador, concorda?
Sobre os textos…bem, a idéia que eu tive quando surgiu a oportunidade de escrever sobre a série (na verdade eu queria escrever sobre qualquer coisa) incluía uma outra “visão” de review, não se limitando apenas a contar o episódio, mas estabelecer alguns paralelos que toda obra possui. E vejo isso como uma forma até mais completa de ver/ouvir/ler qualquer coisa relacionada à arte. Temos que entender que os roteiristas, atores, produtores, via de regra, nos oferecem muito mais do que apenas a experiência de assistir a uma mera série ou escutar um disco sem atenção.
“Não há nada de transgressora nela”
Isso diz muito. O Hank é um cara torto que sente falta da família. É praticamente o oposto de grande parte das séries e filmes com temáticas similares.
Osório… Não sei, era uma cena, poderíamos chamar de pós-punk. Mas New Wave tem a ver, foi uma época de tentativas, descobertas… precisava de um rótulo – mesmo que limitador. De qualquer forma, foi o último grande movimento… depois vieram a Cold Wave, New Romantics , Class 86, Shoegazers , Britpop e tantos outros mas nada foi tão significativo quanto.
Hank é alguém que está perdido e quer se encontrar mas ainda não conseguiu as forças necessárias. Eu gosto muitíssimo desse personagem. E diga o que disserem, a série é simplesmente sobre isso.
E diga o que disserem, a série é simplesmente sobre isso.(2)
Raquel, o teu SIMPLESMENTE já diz tudo. Também curto a série, mas é o lance de não esperar muita coisa.
o Antunes falou bem, a série é a busca de certos coisas perdidos, a busca pela familia, pelo grande amor perdido, a volta de inspiração pra escrever e etc…e nesse ponto acaba sendo super careta, apesar de que no inicio a série ter se mostrado mais transgressora com o passar do tempo ela faz exatamente o inverso!
e concordo nesse ponto Weeds é mto mais autentica…afinal uma traficante de drogas dona de casa não teria como não ser trangressora!hehehe
Nunca me identifiquei tanto com um personagem. As situações do dia-a-dia de Hank são o resumo da minha vida. A não ser pela profissão dele de escritor que difere da minha. O resto sou eu: bebida, mulheres e confusões em excesso. Além da filha e o relacionamento com a ex, e a forma com que lida com o trabalho.
Parece minha biografia…
De novo o estereótipo do transgressor aceito, do sedutor rebelde, do bandido com cara de mocinho que come todas (aliás, é comido por todas) e acaba sozinho. Hank encarna a fantasia de poder continuar eternamente irresponsável, aprontando sem consequências (fuma, briga, dirige um carro batido e sujo, tem que ser convencido a trabalhar, fala o que lhe vem à cabeça etc)e o que acontece? Mulheres gostosas pulam na sua cama. Bom de ver, parece que Mulder finalmente tomou sua poção e agora ataca de Mister Hyde.