07/02/2008, 09:32. Anderson Vidoni
Reviews
House

Série: House
Episódio: Feio (Ugly)
Temporada: 4ª
Número do Episódio: 77 (4×07)
Data de Exibição nos EUA: 13/11/2007
Data de Exibição no Brasil: 27/12/2007
Emissora no Brasil: Universal

Sei que estou absurdamente atrasado com os reviews, fiquei pensando no que fazer: continuo fazendo normalmente mesmo com todo esse atraso? Faço um review duplo? Um triplo? Mais eis que eu pensei nesse episódio, na quantidade de diálogos ótimos que ele possui e que não poderiam ficar sem registro. Então decidi fazer os reviews normalmente, às vezes não tão grandes e completos como seriam e deveriam, mas colocando tudo o que eu acho que tem que ter nos textos.

O episódio em questão aqui é Ugly, que passou por aqui há exatamente cinco semanas atrás (nossa, vendo agora até me assustei com a minha demora). O interessante é que antes eu me lembrava dele como sendo apenas legalzinho, porém ao rever ele cresceu absurdamente em meu conceito e já jogo entre os melhores até aqui.

O episódio foi absurdamente bem feito, eu me pergunto até se roteiristas, atores, diretor, se eles se esforçam para conseguir fazer um episódio como esse. Tudo foi tão natural, quase como se tivesse sido feito em um take apenas. Laurie e Spencer têm uma química tal, que exatamente todas as cenas, todos os segundos que vemos os dois em tela são maravilhosos. Cada detalhe. Um olhar, um gesto, tudo soa perfeito nesses instantes. E nem preciso dizer que com relação a House e Cuddy tudo o que falei também vale.

Algumas séries já estão envelhecidas em seu segundo ano, perdem o frescor, seguem o lugar comum e ficam naquilo que todos já vimos. House escolheu sempre seguir adiante, inovar mesmo em alguns aspectos. É claro que não estou falando de mudanças radicais, tudo sempre foi feito de maneira lenta e precisa, aos pouquinhos. Alguns fãs foram perdidos pelo caminho, afinal, sempre terão os que querem sempre ver as mesmas situações sempre e sempre. Mas isso é um preço pequeno a se pagar se o resultado final for o que temos aqui. Algo ainda com frescor, ainda divertido, onde as coisas soam naturais e não mecânicas, sendo repetidas há quatro anos e sim como se tudo fosse uma novidade de alguém que conhecemos faz um tempão.

Resumo e resumo em quotes

O episódio começa acompanhando pai e filho enquanto se dirigem para o hospital, onde o filho fará uma operação que retirará um grande caroço que possui bem acima de seu olho direito. O nome certo do que ele tem é: encefalocele frontonasal ou hérnia do cérebro. Chase realizará a cirurgia e como o próprio garoto diz:

São 36 horas até eu ser mais um rosto na multidão.

As coisas não dão muito certo e eles têm que recorrer ao mestre do crime, Dr. House. E o diagnóstico não foi dos mais fáceis e nem dos mais tranqüilos. No meio dele tivemos uma disputa entre o doutor e o cirurgião plástico e nem preciso dizer quem saiu perdendo nisso. E também tivemos a número 13 se destacando e dando o diagnóstico certo, devido a toda a sua persistência.

Outro ponto foi a chegada da médica da CIA, que se mostrou ser nada mais que medíocre, longe do que o doutor procura para sua equipe. O melhor é que ele, por achar ela bonita, não percebia o quão ruim eram suas sugestões. Wilson não deixou essa passar batido.

E eu já falei que em meio a tudo isso havia uma equipe de TV, filmando tudo como se fosse um documentário? Juntando tudo isso, havia chance de dar errado?

Agora vou abrir espaço para os roteiristas da série e falar de cenas mais específicas.

Quando House aparece pela primeira vez, ele está olhando para o nada em meio a uma conversa forçada entre Cuddy e Chase sobre o garoto. Imagine a cara dele quando descobre que terá uma equipe de filmagem o seguindo durante todo o processo para descobrir o que o garoto tem? Numa de suas brincadeiras, ele solta uma piada que trará conseqüências mais tarde:

Veja, eu me tornei médico por causa do filme Patch Adams.

Provocações entre House e Cuddy sempre dão certo:

Acha que gosto das câmeras? Acha que quero o mundo inteiro vendo você olhando minha bunda e questionando meu guarda-roupa?

Seria melhor se eu ficasse olhando seu guarda-roupa e questionando sua bunda?

Durante a discussão, House trancou a equipe de filmagem para fora da sala. A desculpa para isso é ótima, com ele culpando a Cuddy. Mas o melhor e a câmera dando um zoom na Cuddy depois:

Ela depila o bigode com cera uma vez por mês e… às vezes alguns pêlos ficam encravados.

A bitch nº 24 estava irritada e irritando a todos com sua reclamação da contratação da médica da CIA. Essa resposta do House para ela merece ser destacada. Ela diz que não é justo e ele diz:

Ei, ei, se quer justiça, escolheu o emprego errado. Profissão errada. Espécie errada.

House está no meio de uma cirurgia discutindo diagnósticos com o indiano e chamando o cirurgião plástico de idiota. E esse não foi o primeiro lugar que ele usou para fugir das câmeras. O pessoal das filmagens vai até a Cuddy perguntar se isso é normal. A surpresa, raiva e toda a forma com que ela reage é absolutamente hilária, terminando com ela saindo correndo depois da frase a seguir:

A sala de cirurgia? Sim. O Dr. House freqüentemente faz diagnósticos em lugares diferentes. Ele acha que uma mudança de cenário leva a uma mudança no processo de pensamento. Preciso cuidar de algo.

House está ficando constrangido na presença da médica da CIA, ele não consegue pensar direito, identificar se ela diz algo idiota ou não. Então vai falar com seu amigo Wilson, que diz que isso não acontece com a nº 13 e também diz:

A bitch é bonita.

A bitch é uma bitch.

A convide para sair.

A bitch? Ela é uma bitch.

Não, a que te faz um idiota.

Cameron é procurada pela equipe de filmagem que quer saber mais sobre House. O pessoal pergunta se ela saiu da equipe porque não agüentava mais ele. Porém a antiga pupila se embaralha na resposta e a partir daí tudo fica muito engraçado:

Não. Não. Eu… Amo o Dr. House. Digo… O que me perguntou mesmo?

Por que saiu?

Eu amei estar perto dele… Profissionalmente, sabe. Sempre foi… Estimulante. Não no sentido erótico da palavra.

Mais uma discussão entre o cirurgião plástico e o doutor acontece e aqui parece que foi o ponto em que tudo desandou. O candidato engoliu, mas após isso tudo ficou maior:

Realmente quer perder essa discussão na frente da câmera?

O cirurgião plástico se rebela, House fica indignado e buscará vingança. Mas Taub está apenas querendo curar o garoto e deixá-lo como um garoto normal. Nessa conversa que ele tem com o Foreman, ele deixa isso bem claro:

Olho para nosso paciente… Assim como vejo sua face, vejo um garoto normal. Uma coisa em ser cirurgião plástico, é que não vê o que é, sim o que poderia ser.

Descobrimos que o doutor Taub traiu sua esposa, transando com uma enfermeira. Ele diz que sua traição é como um vício de que ele não consegue parar. Seus sócios descobriram tudo e ele fez um acordo.

House vai ver o paciente pela primeira vez e diz o nome do episódio:

Uau! Você é feio.

O doutor tenta argumentar com o garoto para que faça o tratamento. Porém, se ele o fizer terá que adiar a cirurgia ou mesmo não poderá fazê-la mais. O garoto então diz que ele tem que fazê-la, diz:

Eu preciso disso. Não posso ter relações reais. Não posso nem mesmo ter uma conversa real… Eu quero ser normal.

Tome os esteróides. Você viverá. Depois pode fazer sua cirurgia. Mas isso só mudará seu rosto. Não mudará o que seu rosto te tornou.

House chega a sala e Taub fala uma coisa seria para ele. Essa aqui nem precisa de muita explicação, só é absurdamente hilária:

Há uma grande lesão no lobo temporal anterior esquerdo cercado por edema.

Acabou de me insultar na língua do P?

Taub percebe que tem que jogar o jogo do doutor, então da uma sugestão irresistível para ele, que concorda na hora:

Ótimo. Testemos sua teoria. Remova o marca-passo dele. Se ele estiver melhor, seu coração irá bater por contra própria e então poderá ter sua operação.

Se eu estiver certo, seu coração parará. Kutner, prepare o desfibrilador.

A cena do House apresentando o desfilibrilista é ótima e o cumprimento do Kutner para as câmeras é perfeito.

O garoto acaba ficando bem. Seu pai agradece a alguém que House não gosta tanto:

Como assim graças a Deus? Deus foi o cara que fez isso com ele.

Será o Wilson o novo Big Love?

Você contrata belas garotas, as escraviza, as forçam a ficar a seu lado, porque não sabe como ter uma relação de verdade. Se forem qualificadas, fique com elas. Se não, as demita e convide para sair.

Ao som de Joseph Arthur “My Home Is In Your Head”, se inicia o procedimento da cirurgia. Número 13 presente, pois acredita que House está certo. Mas algo acontece, ela vê alguma coisa que passou despercebido de todos… O paciente tem a Doença de Lyme. Um dos sintomas da doença é uma erupção, a pele fica avermelha no local da infecção, da mordida. E como a candidata fala:

A erupção-alvo está escondida. Ninguém nunca o olhou de perto o bastante.

A segunda cena mais engraçada do episódio:

Podemos fingir que estamos acima disso, podemos tentar intelectualizar um modo, mas na verdade coisas brilhantes e bonitinhas são boas e adolescentes feios e deformados são repulsivos.

A pergunta foi, “Você se sente mal com a interferência da Dra. Cuddy no seu trabalho?”

Então acho que minha resposta não ajudou muito, ajudou?

A demitida do dia é a médica da CIA, que não fica muito contente. Mesmo assim, House segue a dica do novo Big Love:

Dra. Terzi, faria o favor de se levantar? Maravilha. Tenho te tratado injustamente. Prejulgado você. E para eu ser uma pessoa melhor, preciso retificar essa situação. Está demitida. Quer… Ir jantar? Talvez um filme? Sério.

E para finalizar, a cena mais engraçada do episódio. Com o doutor horrorizado com o que fizeram na edição final do documentário, nos deliciamos com as cenas a seguir:

Há alguns dias, com a condição do Kenny piorando, foi o Dr. Gregory House que estava tranqüilizando Kenny e seu pai.

– Eu me importo com o seu filho.

O encantador House, que se mostrou ser atencioso, com um lugar macio em seu coração para crianças, nos disse como começou.

– Veja, me tornei um médico por causa do filme Patch Adams.

No final, lá estava Dr. Gregory House que serviu não só como um médico, mas como apoio para Kenny e seu pai.

– Está confiando em alguém que acha que cirurgia é importante.

House, um dos raros médicos que usa seu coração em seus punhos.

Sabe quando alguém quer escrever algo para parecer importante, pra mostrar o quão bom é? Fica tentando deixar o texto cada vez mais complicado, usando cada vez mais palavras difíceis, usando diversas referências e tudo o que puder para parecer que o que escreveu é algo bom, ótimo. Sabe isso? Então, o mais difícil é ser genial com algo simples, algo que muita gente poderia pensar, só não pensou da maneira certa. Aqui aconteceu isso, a última fala que colocarei aqui é ultra simples, genial e falada de forma natural, como se alguém a tivesse criado no último segundo e o Laurie o dito de primeira. Não, não é nada original e etc., nada que já não foi dito, mas perfeito para a situação:

De repente, sinto que não posso confiar nos filmes do Michael Moore.