Review: Roma – A Necessary Fiction

Data/Hora 10/06/2007, 08:00. Autor
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Cena de A Necessary FictionSérie: Roma
Episódio: A Necessary Fiction
Temporada:
Número do Episódio: 20
Data de Exibição nos EUA: 11/3/2007
Data de Exibição no Brasil: 3/6/2007
Emissora no Brasil: HBO

Em tempos incertos a ficção é muito importante, não porque nos afasta da realidade (ledo engano daqueles que pensam desse modo), mas, exatamente, porque nos obriga a refletir sobre ela ou sobre alguns de seus aspectos. O título do presente episódio é, portanto, uma pequena charada, ou se preferirem, uma provocação. Ele resume bem o que pode ser um dos muitos significados possíveis desta série magnífica que se encerra daqui a dois episódios: uma história sobre nós mesmos.

Sob esse viés, Roma seria uma metáfora da própria civilização ocidental, um trailer de seus melhores e piores momentos, suas piores e melhores qualidades, seu bem e seu mal. Deixo ao encargo dos leitores decidirem o que consideram melhor ou pior, ficção ou realidade nesse grande painel mostrado em Roma. De todo o modo, é interessante observar que o anagrama de Roma é Amor, um dos sentimentos mais invocados, talvez uma das noções mais caras ao mundo ocidental e em nome do qual ele tornou-se tudo o que é, para o bem e para o mal.

No presente episódio, Roma é ainda oficialmente uma República sob o governo de um triunvirato formado por Otávio, Marco Antônio e Lépidus. Entretanto o que vemos a nossa frente é Otávio agindo e já exercendo de fato seus poderes imperiais. Com seus antagonistas devidamente aniquilados (Cícero e Brutus) ou sob o devido controle (Marco Antônio), Otávio parece não ter mais nenhum obstáculo à sua frente na direção do poder total e absoluto. Ficção e realidade se misturam, porque ao mesmo tempo em que age como Imperador, Otávio não se apresenta ainda como tal. O que o impede?

O episódio mostra que não são os escrúpulos que impedem Otávio. A esta altura, ele não precisa mais deles. A questão é mais complexa, se levarmos em conta a inteligência do jovem. No íntimo, Otávio sabe que sua trajetória como Imperador depende da existência de um mito que dê suporte às suas aspirações como tal. Talvez César tivesse sido poupado, se tivesse tido tempo de criar uma mitologia em torno de si.

A cena que abre o episódio é, assim, bastante sugestiva. Não só nos oferece uma pincelada sobre o futuro de Otávio, sobre as premissas que fundarão a moralidade de seu governo, como assinala as bases sobre as quais ele tentará construir o grande mito de Roma, reinventando a sua história, começando pelos seus mitos de origem. Não por acaso, um pouco mais adiante, Otávio encomendará a um escritor chamado Virgílio a confecção de um poema épico, a Eneida, sobre as origens de Roma.

Mas ser um moralista em matéria de sexo e casamento, não faz de Otávio uma pessoa menos ambiciosa. No episódio anterior vimos que o suborno de Herodes transformou-se em um ponto de discórdia entre ele e Marco Antônio. Foi preciso Mecenas apaziguar os ânimos e fazê-los retomarem o acordo. Neste episódio temos o desdobramento da questão. Ironia ou não da história, será a riqueza do oriente (o ouro da Galiléia) que botará tudo a perder novamente em Roma (Ocidente).

Mas antes que tudo isso aconteça é importante destacar os acontecimentos que culminam com a partida de Marco Antônio para o Egito. Comecemos pelo encontro de Otávio com Lívia, mãe de Tiberius e sua futura esposa. Temos ainda a estranha associação entre Mecenas e Posca com o objetivo de tirarem sua pequena vantagem do suborno de Herodes. Tudo isso nos leva direto ao Aventino onde Pullo e Vorenus se preparam para pegarem o ouro pessoalmente, em absoluto segredo.

Pullo é o chefe de toda a operação. É ele quem irá até Óstia aguardar o barco carregado de ouro. Mas o destino lhe reserva uma surpresa. Gaia apaixonada por ele, Pullo, decide matar Irene por envenenamento, mesmo sabendo que ela está grávida. O efeito do veneno é rápido, Irene perde a criança e após fazer Pullo prometer que não irá cremá-la, mas enterrá-la em campo aberto, morre em seus braços. A despedida é pungente e marca também o início da separação de nossos heróis.

Por conta do luto de Pullo, Mascius é enviado em seu lugar a Óstia para receber o ouro. Embora Vorenus tenha tomado todas as precauções, Mascius e seus homens são atacados. De volta ao Aventino, ferido, Mascius não sabe informar quem os atacou.

Vorenus tenta explicar a Otavio, Marco Antonio, Lépidus, Mecenas e Posca o que aconteceu e se compromete a reaver o ouro roubado. Decide fazer uma visita a Mêmio e lá chegando percebe algo diferente no ar.

Mecenas sentindo-se traído por Marco Antônio e Posca denuncia os encontros de Marco Antônio com Átia para Otávio, afirmando que o casamento dele com a irmã é uma fraude. Otávio convoca uma reunião familiar.

Com a família reunida temos um novo embate entre Otávio e Marco Antônio. Sob as acusações de adultério e diante da confissão do amor de Agripa por Otávia, Marco Antônio é banido de Roma. A cena é o desfecho de uma sucessão de conflitos entre os dois. Otávia e Átia também se retiram acompanhadas de Mecenas, devidamente desmascarado por Átia.

Mascius é novamente interrogado por Vorenus e Pullo, que está disposto a matá-lo, convencido de sua traição. Mas Vorenus não está. Observando o brinquedo de seu filho, lembra-se de ter visto outro igual nas mãos de um dos homens de Mêmio. A verdade cai então como um raio sobre sua cabeça, juntamente com a lembrança das palavras do próprio Mêmio avisando-lhe que alguém muito próximo o teria traído: sua própria filha. Vorenus fica desolado. Para ele também é hora de partir.

Cena de A Necessary FictionO arauto anuncia a viagem de Marco Antônio para o Egito. Segue-se a cena tocante de despedida dos amantes, Marco Antônio e Átia. Enquanto correm os preparativos para a viagem, Vorenus vai ao encontro de Marco Antônio avisar-lhe que o ouro já foi localizado e será entregue. Vorenus aproveita e se oferece para acompanhar Marco Antônio ao Egito. Outra cena emocionante. Marco Antônio hesita, mas diante do desespero contido de Vorenus, acaba aceitando. Pullo aguarda o amigo. Vorenus confirma que partirá no dia seguinte. Outra cena pungente. Os amigos se abraçam e se afastam, após Pullo prometer cuidar dos filhos de Vorenus.

O confronto entre Pullo e Mêmio é agora inevitável. Armados, os dois bandos se enfrentam. Gaia também marca sua presença ao lado de Pullo. A carnificina se instaura. Finalmente, temos a chegada de Marco Antônio e sua comitiva ao Egito. Cleópatra o aguarda.

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  1. Cristiano (Highlander_Master) - 10/06/2007

    Esse episodio foi perfeito. Tanto que eu vi na reprise na quinta de novo, e raramente eu vejo reprises, ainda mas tão perto assim. O que me surpreendeu foi que eu me empolguei na reprise!! Isso é rarissimo. O episódio tava ótimo, mas ficou mas ainda quando apareceu aquela Aguia (Ou seria um Falcão?) comendo um bicho. Dali em diante ficou perfeito. A carnificina foi bem feita, e colocada na hora certa. E colocarem a música tema da série, no ultimo momento, e em que Cleopatra e Marco Antonio se apresentam, foi de arrepiar. Episodio pra la de emocionante!!

  2. Laura Gomes - 10/06/2007

    Vc tem razão, Cristiano. A cena da águia (eu acho que é aguia) porque a águia já era o símbolo de Cesar e continuará a ser do Império. Atualmente é o símbolo dos EUA também, certo? Então ela comendo aquele bicho faz todo o sentido do mundo!

  3. Lucas Leal - 10/06/2007

    “O confronto entre Pullo e Mêmio é agora inevitável. Armados, os dois bandos se enfrentam. Gaia também marca sua presença ao lado de Pullo. A carnificina se instaura. Finalmente, temos a chegada de Marco Antônio e sua comitiva ao Egito. Cleópatra o aguarda. ”

    essa luta foi uma das mais memoraveis, o Memio foi humilhado, a cena do Pullo mordendo a linguá dele foi demais, Gaia matando vários, cravando a arma nos genitais do adversário, de resto nada a comentar, toda a abordagem politica do episódio foi devidamente traçada por vc brilhantemente como sempre!
    😉
    e gente não sei se era uma águia ou um falcão mas tenho quase ctz que era uma águia, que como disse a Laura é o simbolo de Cesár, por sinal tem até aquele episódio na primeira temporada que roubam a águia do estandarte dele!

  4. Silvia - 10/06/2007

    vou começar ver a 2a. temp. agora, com um certo atraso. mas uma coisa já posso dizer : é a coisa mais interessante que eu vi na tv nos últimos anos. a riqueza de detalhes, as interpretações, a crueza dos sentimentos, bons e maus. até a sangüeira que é bem dosada, o sexo que não é gratuito, tudo é perfeito. gostaria de me esclarecer quantos aos episódios históricos, pois parece que fizeram alterações, não sei. de qualquer maneira, fica aqui a minha esperança de que a série tenha fôlego para um bom tempo.

  5. Cristiano Vieira - 11/06/2007

    Faço das minhas palavras iniciais da Silvia.
    E a segunda temporada até agora cumpriu todas as minhas expectativas. Memorável.

  6. Darth Cesar - 11/06/2007

    Só que a segunda temporada é a ultima, domingo (17/06) é o dia do adeus a alguns personagens que jamais esquecerei.
    Roma não tem um episodio ruim.

  7. Marcos - 18/06/2007

    Acabei de ver a 1ª temporada, fiquei fã de Pullo e Voreno, principalmente de pullo pela sua simplicidade, mas quando leio a sinopse e deparo com com o envenenamento de irene. Não vejo a hora de assistir e entender a que ponto pullo chegou.

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