Review: Veronica Mars – Debasement Tapes e I Know What You’ll Do Next Summer

Data/Hora 03/07/2007, 12:47. Autor
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Cena de Veronica Mars
Série: Veronica Mars
Episódio: Debasement Tapes e I Know What You’ll Do Next Summer
Temporada:
Número do Episódio: 61 e 62
Data de Exibição nos EUA: 8 e 15/5/2007
Data de Exibição no Brasil: 23 e 30/6/2007
Emissora no Brasil: TNT

E a contagem regressiva continua. Nesses dois últimos sábados, tivemos os episódios 16 e 17 da terceira temporada. E não sei se é impressão minha, mas noto que Rob Thomas está consertando todos os erros que cometeu neste ano. Desde os crimes da semana até a motivação de cada personagem. E fora alguns xiitas que encontro por ai, a série finalmente chegou a seu ápice e o que resta para nós é sentarmos em frente da TV e aprendermos tudo que podemos com este programa.

O caso do ex-astro de rock

Quem aqui já teve a sensação de que a melhor coisa que já nos aconteceu, ocorreu no passado? Eu não sei vocês, mas eu vivo com esta sensação constantemente. Não sei aproveitar meu presente e muitas vezes percebo que tive oportunidades depois de perdê-las. O mais curioso disso é que um novo futuro está a nossa frente, bastando apenas termos coragem de tentar o novo, ou tentar novamente.

Era justamente isso que acontecia com Desmond Fellows, ele estava preso ao passado. No caso dele, ainda era pior do que o meu, porque havia inúmeras pessoas que apenas queriam o Desmond do passado. O mais estranho, que aqui no Brasil é bem assim que as coisas funcionam. A maioria das pessoas vão ao show de Roberto Carlos, Titãs, Raimundos, querendo ouvir as músicas antigas deles. E eu me pergunto. A vida deles acabaram? Eu que tenho vontade de ter uma banda de rock, penso logo que deve ser decepcionante você fazer músicas novas a cada dia, e quando for a hora de mostrá-las, as pessoas quererem ouvir seu último (ou único) sucesso de 10 anos atrás. Eu já me sinto ferido atualmente, por achar que poucas pessoas querem ou realmente entendem quem eu sou e o que eu faço. Imagine Fellows como se sentia?

A propósito, ótima interpretação de Paul Rudd. Ele conseguiu nos passar a imagem de uma pessoa que está cansada de se importar com o que as outras pessoas acham. É meio como “se é isso que as pessoas pensam da gente, então vamos ser como elas querem que seja”. E a melhor coisa da vida, é que temos a chance de fazermos acontecer e temos a vida nos dando o que sempre queríamos. E nesse caso foi Piz que deu para Desmond o que ele sempre quis. A chance de mostrar que ele também não morreu no acidente. E que por mais que Desmond sinta falta de seu parceiro, Johnny Scopes, ele ainda tem toda uma vida pela frente e muita coisa pra dizer. E assim é a vida, em um show que deveria ser igual a qualquer outro, Desmond Fellows renasce das cinzas e percebe que seu futuro não está tão definido quanto ele imagina.

O quadrado amoroso Parker, Logan, Veronica e Piz

Um problema que eu tenho notado com relação a Veronica é que por mais que Rob Thomas tente, ele não consegue encontrar um par ideal para a nossa detetive que não seja Logan. Analisando desde a primeira temporada. Todo mundo gostava do Duncan nos primeiros episódios e eu, particularmente, gostava do affair que Veronica e Leo tinham. Mas aí teve o início da relação conturbada de Logan e Veronica, e com isso Duncan passou a ser odiado e Leo passou a ser carta fora do baralho.

Acontece um pouco disso com Piz, e parte do público que não gosta dele é porque ainda quer ver Logan com Veronica junto. E, na verdade, sinto que até Rob Thomas parou de tentar um novo par romântico para esses dois. Então temos esse genial quadrado amoroso. Onde Logan e Veronica sabem que não podem ficar juntos – não por falta de amor entre eles e sim que o amor não é suficiente.

Cena de Veronica MarsLogan então começou a sair com Parker, mas tudo que ele tem feito pra ela, tem sido meio forçado. É como se ele estivesse tentando provar que pode ser o namorado perfeito. Foi assim com a festa de aniversário e foi assim a chamando pra viajar. É doloroso quando temos uma imagem sobre nós e acreditarmos que por mais que tentamos ser uma pessoa diferente, dificilmente conseguiremos ser esta pessoa. Logan é esse personagem sofrido, que se esforçou o máximo que ele podia, mas mesmo assim acabou magoando Veronica. E sem ele perceber, ele magoa Parker também. Aqueles abraços com olhar vazio dizem muita coisa, enquanto Parker pensa que encontrou alguém que realmente a ama, Logan tenta provar que pode realmente amar alguém, sem desapontá-la.

E Piz se apaixonou pela loirinha cool que ajudou ele a recuperar a suas coisas, foi quase que amor a primeira vista. Eu tenho em mente que se não houvesse Logan, o público (principalmente feminino) estaria dando mais apoio a esse relacionamento. Quer dizer, ainda existe o fato que está na moda gostar dos anti-heróis – como o Paulo Antunes citou na sua review de Friday Night Lights. E Veronica, da mesma forma que Logan, tenta fazer com que dê certo. Porém Veronica tem sido extremamente egoísta em não pensar nos sentimentos de Piz e, ao contrário de Logan, ela não se esforça por essa relação, ela simplesmente curte, meio que já sabendo que não tem futuro, pelo menos por parte dela.

E no final, temos a ligação do FBI a chamando para o estágio, e ela nem por um minuto percebendo que Piz estava tentando ficar com ela no verão. Acabaram por dar um fim nesse relacionamento e agora resta saber qual dos dois terá coragem para encarar de frente o que está acontecendo. E aqui também teve abraços com olhar vazio, que dizem muita coisa, mas que apenas Veronica pensa que não entende.

A volta de Mac e Wallace

E quem diria que a Mac estaria tão bem? Ela que sofre mais do que os outros com as dificuldades de ser adolescente. Ela não tem características para viver em uma tribo, ela mal tem amigos. Notem uma coisa interessante, Mac e Wallace têm Veronica como amiga em comum, mas eles não são amigos. Mac se sentia solitária, feia, desajustada, isso geralmente ocorre com pessoas espetaculares que eu conheço, mas que simplesmente por serem “diferentes” acabam sendo excluídas. Porém, esses dias para Mac acabaram – nada como a faculdade, ou a vida adulta. Aí percebemos que a maioria das pessoas no fundo são idiotas, fazem o que fazem para não serem julgados ou não ficarem sozinhos. E acabamos conhecendo pessoas novas, que não se importam com o que pensam de você.

E foi assim que a tímida Mac se tornou a garota desinibida viciada em sexo e, acreditem, isso é um elogio. Mac está aproveitando a vida, ao ponto de chegar a gostar de dois caras ao mesmo tempo. Mas, como uma pessoa de princípios, ela percebeu que era por Max que ela estava apaixonada e graças a essa paixão entre os dois, tivemos o que Logan disse ser a melhor cena quente entre nerds em ação.

E temos Wallace. É verdade que ele ainda está tendo pouco tempo em tela, mas como é bom ver ele e Veronica juntos novamente. Um dos motivos dessa última fase está sendo tão boa é o ressurgimento de Wallace. O pouco que ele aparece já é o suficiente. Como nesse último episódio, onde ele muda de lugar com Veronica – ele se torna o cínico e ela na pessoa que acredita em milagres. Na verdade, Wallace tem aparecido como uma espécie de consciência de Veronica. Por isso, ele tenta tanto fazer com que ela pare de brincar com os sentimentos de Piz. E, além disso, da para notar que Wallace está tentando se encontrar, primeiro com aquele lance da engenharia mecânica e agora com trabalho voluntário na Uganda. É impressão minha, ou todos os personagens estão ganhando o seu fim?

O desabafo de Dick

Finalmente escutei falarem de Cassidy. Como disse acima, Rob Thomas está corrigindo todos os erros que cometeu nessa temporada, que foram poucos. Tanto os coadjuvantes estão tendo mais espaço, como alguns erros de continuidade estão sendo resolvidos. E Cassady Casablanca era um desses erros. Tirando o primeiro episódio dessa temporada, ocorreram pouquíssimos momentos onde mostravam que o suicídio de Beaver ainda mexia com os envolvidos. E lógico que para Dick aquilo deveria machucar, como ele disse a seu pai. Os dois competiam para ver quem iria conseguir fazer Beaver chorar mais. Parte do trauma de Beaver era por causa de sua família e a morte dele deixou seqüelas, tanto para Dick como para Mac, infelizmente isto não foi bem trabalhado, mas antes tarde do que nunca.

O caso das crianças em Uganda

E quem diria que sem um grande crime poderíamos ter episódios com temáticas bastante adultas? Isso com certeza é mais um diferencial da série. Aliás, com o enorme sucesso que Friday Night Lights está fazendo entre os críticos, fico pensando se não vai ser injusto ver essa série sendo indicada a um dos principais prêmios, enquanto Veronica Mars, que já havia dado um ritmo novo a séries teens, terminará sem reconhecimento algum.

O segundo episódio gira em torno de um adolescente que ficou famoso por contar sua juventude em Uganda. Aqui no Brasil, temos muitos problemas, violência, pobreza, fome. Tudo isso acontece no nosso país, então é fácil se identificar com alguém que passou por essas coisas mais de perto. Tenho amigos que tem como objetivo de vida irem para África para tentar fazer a diferença, e independente de Uganda ou Rio de Janeiro, mais do que nunca precisamos ouvir os gritos do mundo. É difícil perceber que nesse exato momento em que estou aqui no micro, digitando esse texto, existem crianças morrendo, garotas sendo violentadas, pais sendo afastados dos filhos, e tudo isso sem um motivo racional.

Eu não lembro direito como era a frase, mas lembro em um episódio de Barrados no baile, onde David afirma não se importar com os problemas que o povo judeu sofreu. Então Andréa Zuckerman conta para ele uma história de uma pessoa que não se importa com os problemas dos outros, por não ter nada a ver com a vida dele, e um dia acontece um problema com essa pessoa e então ele se pergunta, porque as pessoas não se importam? O que Andréa Zuckerman disse, tem mais haver comigo, com você, e mesmo assim, corremos o risco de não nos importar, porque Uganda é longe demais, e porque somos egoístas demais para nos importarmos com alguma coisa. E se continuarmos sem fazer nada é assim que podemos ser lembrados na história.

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  1. cris - 03/07/2007

    Tô muito triste… E nem sinal de lançamento em DVD por aqui!

  2. Renata - 03/07/2007

    Paulo, fantástico seu review. Eu consigo me identificar com todas as situações que vc escreveu e acho que isso é parte do porquê eu gosto tanto de Veronica Mars.

  3. Cristiano - 03/07/2007

    Muito bom texto.

  4. Lourdes - 03/07/2007

    Nossa, estou de queixo caído com o seu review, muito bom mesmo!! E encerrar citando Barrados no Baile em momento inteligente foi realmente o auge do texto (bom, adorava Barrados no Baile mas não me ocorre grandes citações e vc realmente conseguiu)! Adorei estes dois episódios e não consigo achar a terceira a pior temporada, aliás em VM não tem temporada ruim, tudo é muito bom, a séria consegue prender a atenção por uma hora e se durasse mais eu não iria me importar. Infelizmente está acabando mas estou encantada ainda com os episódios e agora ainda mais com o seu review. Parabéns!!

  5. Paulo Fiaes - 03/07/2007

    Cris,

    eu também não sei informar se teremos DVD por aqui, agora é possível encontrar as temporadas na internet. sei que não é a mesma coisa, mas pior são séries q nem na internet encontramos.

    Renata e Cristiano

    obrigado pelo elógio. e Veronica Mars tem esses personagens um tanto quanto diferente, mas se olharmos de perto, poderemos nos identificar com eles e com as situações que eles passam.

    Lourdes,

    Obrigado pelo elógio. já fui muito fã de barrados no baile, apesa de não lembrar muita coisa, mas sei que a série teve momentos inteligentes. e esse episodio com David e Andrea sempre me chamou a atenção. faltam 02 episódos, e realmente, é incrível, a série não teve uma temporada ruim, todas acima da média. tava falando com minha irmã, está começando a incomodar essa questão de séries boas serem canceladas sem um fim.

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