‘Dr. Ken’: a série é ruim, mas o ator é genial


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Em primeiro lugar, preciso afirmar que sou suspeito para resenhar Dr. Ken. Motivo: despeito. Foi a boa recepção do episódio piloto desta sitcom pelos executivos da rede ABC que acabou decretando o cancelamento de Cristela. Dr. Ken estreou no dia 2 de outubro nos Estados Unidos, numa sexta-feira, às 20h30, ou seja, no exato lugar da grade do canal que na temporada passada era exibida a sitcom latina de Cristela Alonzo.

Mas é difícil também não compreender a decisão da rede ABC. Cristela Alonzo era uma new face, uma roteirista e comediante pouco conhecida. Já Dr. Ken é a plataforma de lançamento de Ken Jeong como roteirista e protagonista de uma série de TV. E Ken Jeong absolutamente todo mundo conhece: é o insano professor Ben Chang da série cult Community e o Mr. Chow da franquia cinematográfica Se Beber não Case, possivelmente a trilogia de humor mais popular da última década.

Outra coisa que aprendi nestes anos no papel de crítico de séries de TV é que episódios pilotos de comédias de TV geralmente enganam: é raro você assistir um piloto de sitcom ruim. Dramas podem decepcionar na estreia, comédias dificilmente. Imagine que este primeiro episódio de Dr. Ken, escrito a oito mãos por John Fox, Jared Stern, Ken Jeong e Mike O’Connell possivelmente foi escrito e reescrito muitas vezes e ter recebido diversas sugestões dos executivos da ABC Studios e da Sony Pictures Television antes mesmo de ser gravado. Depois o roteiro foi ensaiado muitas vezes pelo elenco, tempo que não existirá nos episódios seguintes, quando a série entrar no seu ritmo de produção industrial e semanal. E até pode ter tido suas cenas gravadas múltiplas vezes até ficar ao gosto do diretor Scott Ellis.

E o piloto de Dr. Ken é realmente funcional: muitas e boas piadas criadas para apresentar o doutor Ken, um médico competente mas arrogante, impaciente e cabeça dura, que lida com pacientes excêntricos no hospital e uma família ligeiramente disfuncional em casa. Tudo foi pensado para fazer Jeong brilhar e entregar o que sabe fazer de melhor, muito humor físico, com mímicas e imitações. O resto do elenco é bom, formado por atores veteranos em comédias como Tisha Campbell-Martin (My Wife and Kids) e Dave Foley (Newsradio), além do garoto prodígio Albert Tsai (Trophy Wife). Mas não se engane: todos estão em cena com apenas uma função, servir de escada para Jeong.

Dr. Ken - Piloto

O problema do piloto de Dr. Ken, que se confirma no segundo episódio, The Seminar, é que a série não tem nenhum elemento novo, nenhuma novidade que a diferencia entre tantas outras comédias de situação familiares que temos por aí. Sequer podemos dizer que é uma grata novidade termos uma comédia com protagonistas asiáticos – a família coreana do doutor Ken já é bem ocidentalizada (se você quer ver um pouco mais de diferenças culturais, assista aos chineses de Fresh off the Boat).

Se nenhuma novidade, Dr. Ken acaba fixando esta impressão de ser mais do menos, mediana, insossa. Mas, claro, temos Ken Jeong na tela, o que é uma garantia de performance e boas risadas.

Dá até pra fazer um paralelo com as célebre declaração de Paulo Francis criada para comentar todos os filmes do Cinema Novo: “o filme é uma merda, mas o diretor é genial”. Eis que aqui a série é ruim, mas o ator é genial.

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