TeleSéries
Terceira temporada é a melhor de “House of Cards”
03/03/2015, 00:01. Thiago Sampaio
Opinião
House of Cards
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Dividindo as atenções com as cores de um vestido (sou daltônico e pra mim o dito cujo é verde e cinza) e o lamentável falecimento do Sr. Spock, o agora saudoso Leonard Nimoy, tivemos o lançamento da terceira temporada de House of Cards. Todos os 13 episódios do novo ano do seriado estrelado por Kevin Spacey já estão disponíveis no Netflix, que tem nesse aclamado drama político a maior prova da qualidade dessa plataforma on-line de filmes e séries.
Se você está lendo esse artigo, provavelmente está interessado para saber como foi o desempenho da terceira leva de HoC, mas não quer dizer, necessariamente, que já assistiu toda a temporada que foi lançada na última sexta-feira, 27 de fevereiro. Sendo assim, como muitos são normais e, diferente de mim, não fizeram uma maratona insana e queimaram todos os inéditos, vou utilizar o mínimo possível de spoilers. Apesar disso, inegavelmente, vamos falar sim de um ou outro evento dessa temporada, então esteja avisado.
Como House of Cards não é um seriado “episódico”, é bom salientar que a avaliação não pode ser necessariamente feita de forma individual. A temporada deve ser analisada como uma coisa só, como um livro ou um filme de 12 horas de duração. Diante disso, afirmo categoricamente que tivemos o melhor ano da série. Sou daqueles que acha House of Cards é valorizada de forma exagerada e que seus dois primeiros anos tiveram um apreço desproporcional por parte da crítica e público. Mas finalmente entendi o porque disso tudo neste terceiro ano e nestes primeiros meses de Francis Underwood (Kevin Spacey) como presidente dos Estados Unidos.
Quem assistiu as duas primeiras temporadas não está surpreso com a escalada do então deputado Underwood, que com graus incontáveis de manipulação psicótica se tornou o líder do mundo livre. Como não podia deixar de ser, a história seguiu exatamente de onde parou, mas com uma grata surpresa: seu braço direito Doug Stamper (Michael Kelly) não morreu, como fomos levados a acreditar no finale do ano passado, e boa parte da nova premiere foi com a árdua recuperação dele, enquanto tínhamos apenas flashes sobre a Casa Branca. Entre um noticiário e outro, víamos o quanto esse alcoólatra em recuperação fez falta ao lado do presidente. Cada vez mais isolado, Underwood tinha como soldados apenas Remy Danton (Mahershala Ali) e Seth Grayson (Derek Cecil), que apesar de fiéis, não chegavam nem perto do incansável Doug. Esse, mesmo afastado, praticamente não parou de trabalhar para o presidente.
Depois do impeachment de seu antecessor, o personagem de Kevin Spacey viu que suas tramoias e manipulações teriam que ser melhoradas, pois sua vida não está nenhum pouco mais fácil. Sem apoio popular, com dificuldades na política externa, nenhum avanço com os congressistas republicanos e nada de apoio dos colegas democratas, Underwood luta durante toda a temporada para não entrar na história como um presidente temporário, com legado pobre e que ocupou o cargo por apenas 18 meses. E olha que mesmo por vias tortas (ego é a principal motivação para uma boa atuação), ele não tem tarefa fácil. Seja na implementação de sua principal plataforma de governo, o America Works (mais no final desse texto), a paz no Oriente Médio ou mesmo a bendita da reeleição. E ainda há seu casamento, em completo frangalhos.
Sua esposa, Claire Underwood (Robin Wright), que compartilha com ele em certo ponto o ego profissional, foi aos poucos se afastando dele. Ambiciosa, se esforçou o máximo para ser levada a sério como embaixadora americana na ONU (colocada lá por seu marido, apesar do Senado ter negado), mas viu que o fardo de ser vista apenas como um rosto bonito, uma primeira-dama popular, era demais pra ela. Ao menos suas desventuras no conselho de segurança da ONU e uma declaração intempestiva na Rússia resultaram em histórias melhores para Robin Wright do que as inconstâncias que ela ganhou nos anos anteriores.
Mulheres mais fortes tivemos em Jackie Sharp (Molly Parker) e Heather Dunbar (Elizabeth Marvel). A primeira trilhou um grande arco, de sucessora de Underwood no congresso para alguém que conseguiu entrar na chapa dele na reeleição, mas sem estômago para aturar as ordens presidenciais, que a fizeram chegar no limite. A outra, promotora e principal escolha como nova juíza do Supremo, batalha de maneira impecável contra Underwood (e Sharp) nas primárias para ser candidata do partido democrático à reeleição americana.
Manipulações, compras de informações, tentativa de convencer senadores e deputados a mudarem de votos, debates na televisão. Como pode imaginar, a luta pela reeleição teve forte foco nesse ano, mas é bom lembrar, entre outros, da Rússia. No universo de House of Cards tivemos uma ótima versão/paródia/homenagem de Vladimir Putin na figura de Victor Petrov (Lars Mikkelsen). O presidente russo roubou as atenções em todas as suas cenas, seja por sua tirania, pelo discurso que trafega entre confortante e o ameaçador, além de um inesperado beijo. A produção da série, que misturou ficção e realidade ao utilizar jornalistas de verdade em vários episódios (viva Stephen Colbert), extrapolou de maneira maravilhosa ao desenhar Putin. Não se esqueceram nem mesmo de convidar alguns integrantes da banda Pussy Riot, que na nossa realidade tem voz ativa contra diversas ações políticas russas.
Por outro lado, felizmente, a produção deixou de lado o foco em jornalistas paladinos da verdade e justiça. Esqueçam Zoe Barnes (Kate Mara) e seu namorado Lucas Goodwin (Sebastian Arcelus). Apesar do hacker Gavin Orsay (Jimmi Simpson) ter participação vital nesse ano, ela não envolveu mexer nos esqueletos do passado de Underwood. Quero dizer, apenas uma coisa: a pedidos de Doug, ele precisa encontrar com urgência Rachel (Rachel Brosnahan). Pelo menos, do núcleo jornalístico, nada de repórteres pentelhando demais a vida de Underwood, que estava era preocupado demais com a reeleição, acordos de paz e Putin. Quero dizer, Petrov. Os que enchiam demais, aliás, eram sumariamente barrados da Casa Branca.
Pra ser justo, temos a competente Kate Baldwin (Kim Dickens) que, ao contrário de Zoe, não é alpinista profissional. Porém, apesar de ter vários prêmios como jornalista no currículo, ela não afeta em praticamente nada a presidência e passa é mais tempo dormindo com Tom Yates (Paul Sparks). Este é o escritor contratado pelo presidente para escrever um livro/propaganda do projeto American Works, mas que invariavelmente é atraído pela narrativa do casamento arranhado dos Underwood.
Eu poderia me estender mais, exaltar algumas das frases poderosas que ficaram em minha mente enquanto assistia, mas seria demais falar dos 13 episódios disponíveis em apenas um texto. Aliás, até em respeito aos que não viram tudo ainda, não entrarei em detalhes sobre aquela cena do mijo, a outra com um cuspe perturbador, aquela morte cruel ou mesmo cada carta derrubada desse castelo de cartas, seja por um furacão ou uma simples ventania. O que posso dizer é que, em minha opinião, essa temporada justificou as expectativas e conseguiu superar as anteriores. Colocar Frank Underwood na presidência gerou ótimos episódios, embora esses tenham perdido fôlego na reta final. Foi uma temporada impressionante, sem dúvidas, mas ao tentar humanizar em alguns momentos Francis a coisa ficou meio falsa, arrastada. Algumas das reações dele não pareceram coerentes com o que vimos até agora, mas talvez eu esteja falando isso apenas pra ser chato, pra poder falar algo contra.
O legal de acompanhar uma série como essa é poder discutir alguns temas, cenas chocantes, especular o que pode acontecer futuramente… Mas isso não será possível com House of Cards. Muitos de vocês não tem data certa de quando começar a ver esse ano, enquanto que alguns afobados como eu já viram tudo. Discutir individualmente cada episódio, especular como será “o da próximo semana” não rola. Sendo assim, resolvi pegar um trecho particular do final do segundo episódio, uma fala desse presidente sacana, imoral, psicopata e que faz os nossos piores políticos parecerem cordeiros, só para ilustrar o quão seria legal debater sobre cada um dos episódios. Bem, pelo o que eu sei, vou fazer isso por um tempo até a chegada do quarto ano. No mais, o que acharam desse trecho e, principalmente, dessa temporada? *knock!*knock!*
“Por muito tempo, nós temos mentido para vocês. Nós dizemos que os servimos, quando na verdade servimos a nós mesmos. E por quê? Somos levados pelo nosso desejo de reeleição. Nossa necessidade de continuar no poder ofusca o nosso dever de governar. Isso acabará hoje. Hoje, eu falarei a verdade”.
“Trabalhar duro? Seguir as regras? Não garantem sucesso. Seus filhos não terão uma vida melhor do que você teve. Dez milhões de vocês nem sequer têm emprego, mesmo querendo muito. Fomos quebrados por Previdência Social, por programas de assistência social, por bolsas do governo. E esta é a raiz dos problemas: programas de governo..”
“Deixe-me ser claro. Vocês não têm direito a nada. Vocês não têm direito a nada. Você constrói o seu futuro. Não é dado a você. E o problema é que não temos dado a vocês as ferramentas para construí-lo. A única maneira de servirmos vocês é dar as ferramentas para vocês fazerem”.
“Bem, é exatamente isso que quero fazer. Não dar esmolas. Dar empregos. Empregos de verdade. Para pagar por isso, vamos precisar repensar na Previdência Social, saúde e benefícios do começo ao fim. Não podemos manter o Estado do bem-estar social da maneira como está”.
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eu me incluo nos anormais, igual ao Jimmi Simpson que só faz papel de doidão…..Vi todos .
Review impecável, valeu Thiago. A temporada foi sensacional mesmo. Apenas acrescentaria que Heather – a opositora honesta, sincera, escrupulosa – também começou a entrar no jogo (sujo) dos demais. Ela disse (ao juiz com Alzheimer) que percebeu que o quer mesmo é a presidência (foi para isso que teria nascido), e voltou atrás, aceitando o diário de Claire, que Doug havia oferecido.