09/10/2008, 11:26. Paulo Serpa Antunes
Opinião, Reviews
O Poderoso Chefão, The Sopranos

Série: Família Soprano (The Sopranos)
Episódio: Denial, Anger, Acceptance
Temporada: 1ª
Número do episódio: 3
Data de exibição nos EUA: 24/1/1999
Data da reprise na Warner: 8/10/2008

Sinopse: Um hassid dono de um hotel pede a Tony que convença seu genro a assinar os papéis de divórcio. Meadow pede a Christopher que lhe consiga drogas. Depois de conversar com Livia, Junior decide se vingar de Christopher e Brendan. Charmaine, a esposa de Artie, conta a Carmela que teve um caso com Tony no passado. Em meio a tudo isto, Tony tenta lidar com a doença de seu amigo e chefe, Jackie Aprile.

Opinião: Na primeira coluna sobre a série, a leitora Silvia_05 comentou que Família Soprano foi a primeia série que teve um bad guy como protagonista. Certamente. Mas eu também acho curioso observar que de todos os anti-heróis dos seriados, como Alan Shore, Greg House, Sebastian Stark, Dexter, e até mesmo Vic Mackey, são muito inteligentes. Da turma, Tony é o que me parece o mais limitado intelectuamente. Denial, Anger, Acceptance mostra Tony Soprano lidando primeiro de forma inconsciente e por fim conscientemente com o câncer do amigo e sua culpa por fazer o que faz. O genial do episódio é que qualquer roteirista meia boca colocaria Tony sonhando pra contextualizar isto. Mas aqui não – vemos o inconsciente do Tony se manifestando através da forma que ele interpreta obras de arte. Genial.

Uma cena: A montagem final, com Meadow cantando no coro da escola, a quase-execução de Christopher, a execução de Brendan e Tony reencontrando seu lado humano é belíssima. No TV.com se faz alusão que a cena é uma homenagem a seqüência de O Poderoso Chefão, onde Michael Corleone está na (Al Pacino) está na Igreja e os cinco chefões da máfia são assassinados. Eu jamais teria feito esta relação, mas é curioso ver que o bandido que ataca o Christopher faz o sinal da cruz, como um padre… A cena do filme é esta. A de Sopranos é esta. O que vocês acham?

MVP: James Gandolfini.

Curiosidades:
• A Drea de Matteo finalmente ganha falas e um nome, Adriana. O Emmy viria cinco anos depois.
• Não é só seriado chinelo que muda de atores no meio da temporada. Sopranos também passou por um recast do piloto para as gravações da primeira temporada. No primeiro episódio, a amante de Tony é interpretada por Siberia Federico. Neste terceiro episódio a atriz é outra. Irina passa a ser interpretada por Oksana Lada.
• Contagem de corpos: no primeiro episódio Christopher matou um mafioso checo. No segundo, um caminhoneiro morre no “fogo amigo”. No terceiro episódio a vítima é Brendan. Uma morte por episódio. Viram? Jack Bauer mata mais do que a máfia!
• A enfermeira/stripper/prostituta peituda que aparece no episódio se chama Bernadette Penotti. E eu encontrei o perfil dela no Facebook!
• Este foi o primeiro roteiro da série não assinado por David Chase. Foi o primeiro e único roteiro de Mark Saraceni, que foi editor de roteiros do primeiro ano da série.

Um diálogo:

No início da sessão, Tony pergunta para Melfi:

O quadro lá fora, é uma cilada?

Qual?

O do celeiro… Com a árvore velha apodrecida por dentro.

É só um quadro que eu comprei… se não me engano, numa galeria em Provincetown.

Ah, é uma tela psicológica feita sob encomenda, como aquele… como é que vocês chamam o teste… o Korshack (sic).

Você acha que eu quero enganá-lo?

Tony acena que não com a cabeça. Melfi pergunta:

O que o quadro lhe diz?

Diz, ei cuzão, somos de Harvard e o que acha do celeiro deprimente e da árvore podre?

O quadro lhe parece deprimente?

Não pra mim… mas foi feito com este propósito.

Um música: Vale a pena ouvir as músicas quando sobem os créditos dos episódios da série. Mas não tenho certeza se a Warner está deixando a música rolar ou se está cortando pra exibir suas vinhetas. Neste aqui, toca “Complicated Shadows”, de Elvis Costello & the Attractions.